Uma Virada do Destino



Uma Virada do Destino
Hinge of Fate
Autora - Ramos
Tradução - Clau Snape
Beta reader - Bastetazazis
Disclaimer: Estes personagens são de propriedade de J.K. Rowling. Nenhum lucro foi obtido pelo seu uso.
Cap. 15
Chocada, Hermione lutou para sair das chamas verdes, apenas para notar que estava lutando contra os lençóis que Severo tinha puxado sobre eles quando adormeceram. Horas atrás, a julgar pelo fogo morrendo na lareira, mas ela não prestou atenção nisso quando se dirigiu ao banheiro e estava completamente enjoada.

Severo acordou com um sobressalto quando Hermione se livrou do braço que a circundava, e os sons de seus soluços e puxões intermitentes tiraram seu sono imediatamente. Preocupado, ele agarrou o roupão dela ao pé da cama e seu próprio pijama.

- Lux – ele deu um estalo enquanto passava pela arandela na parede, e a luz mostrou o corpo dela nu agachado no assoalho frio de cerâmica, convulsionando na privada. Sem saber o que fazer, ele jogou o tecido grosso sobre os ombros nus e puxou os cabelos dela para trás enquanto vomitava desamparada.

Quando o pior parecia ter terminado, ele encheu um copo de água da garrafa que tinha encantado mais cedo com gosto de hortelã e pressionou-o nas mãos dela. Ela tinha parado de vomitar, mas seus soluços contínuos o deixaram extremamente preocupado. Molhando uma toalha, Severo limpou delicadamente as lágrimas e os outros líquidos do rosto dela. Ela a tirou dele quando sua respiração se acalmou, os suspiros altos foram diminuindo até transformarem em respirações estremecidas. Os braços dela deslizaram nas mangas do roupão e ela o puxou em torno de si, as mãos tremendo.

- Qual o problema? - ele perguntou suavemente, tirando os cachos de cabelo dispersos do rosto dela quando ela se inclinou fracamente contra a pia. - Você teve um pesadelo?

Os olhos de Hermione se arregalaram e focalizaram inteiramente nele pela primeira vez desde que tinha acordado. Antes que ele pudesse formular outra pergunta, ela segurou a lapela do pijama acolchoado dele e o abriu. Tremendo, suas mãos correram sobre a cicatriz no peito dele, então sobre a outra nas costelas. Suas palmas estavam frias quando percorreram o torso e os ombros dele, depois o pescoço e o rosto, como se assegurando que ele estava ajoelhado com ela naquele piso duro.

- Hermione. Hermione! – Ele pegou as mãos dela com as suas. - O que aconteceu?

- Como você pôde? - Hermione exigiu com lágrimas nos olhos. -Como você pôde fazer aquilo?

Consternação e assombro passaram rapidamente através de seus olhos escuros. - Você lembrou - ele perguntou, sem ser realmente uma pergunta. Suas mãos caíram.

- Eu lembro. Eu lembro de tudo. Como você pode apenas… - ela era incapaz de encontrar as palavras. Olhou fixamente nele, as lágrimas se derramando outra vez e correndo pelas suas bochechas.

- Eu vou sair - ele disse pálido, após um momento, e se levantou. Quase negligentemente, ele buscou sua roupa, o sentido de perda assim tão tangível que ele não conseguia nem mesmo falar.

- Sair? NÃO! – ela chorou atrás dele, agarrando-o pelos braços, tentando forçá-lo a olhá-la. - Não até que você me diga por que você os deixou fazer aquilo com você! Você não tentou nem mesmo lutar! Você deixaria que eles o matassem! Por tudo o que é mais sagrado, por quê?!

Severo olhou fixamente para ela chocado. Ocorreu-lhe vagamente que ela não estava repreendendo-o pelo que ele tinha feito a ela, mas pelo que ele não tinha feito para salvar a si mesmo.

- Por quê? – ele murmurou. – Por que não? Eu prometi uma vez ao Alvo que eu não me mataria. Por que eu derrotaria o Malfoy quando ele me ofereceu tal presente?

Hermione deu um tapa nele com todo seu assombro furioso. - UM PRESENTE? – ela gritou. - A VIDA é um presente. Este bebê é um presente! A morte é um ladrão, ela somente pega! Como você pode dizer isto?

As mãos dele agarraram os braços dela e a agitaram. – Por que você se importa? - ele exigiu. - Eu a violentei, eu forcei uma criança em você! Depois de tudo isso tudo, você me quer vivo? Por quê?

- Porque eu estou apaixonada por você! - Hermione se enfureceu, os punhos agarrando punhados do tecido do seu roupão. Seu rosto enrugado como se ela tivesse revelado um segredo horrível.

Sem palavras, Severo fechou seus braços de forma entorpecida em torno de Hermione enquanto ela enterrou a cara no pescoço dele. A umidade das lágrimas dela era como ácido na pele nua do seu peito enquanto ele a acalmava, suas mãos friccionavam delicadamente as costas dela enquanto Hermione continuava a chorar copiosamente. Ele não tinha nenhuma experiência com isso, mas não podia negar que a sensação dela em seus braços era boa; o instinto profundo em protegê-la era um impulso que ele não podia resistir. Mesmo assim, ele ainda estava surpreso com a declaração dela. Certamente ela não podia estar falando sério. Ela não podia amá-lo.

Lentamente, ela se acalmou enquanto ele a segurava, embora ele estivesse ficando incomodamente ciente que nenhum deles estava inteiramente cobertos por suas respectivas vestes, especialmente quando ela tiritou e se pressionou mais próximo de seu corpo, lembrando-o que estava nu da cintura para baixo. A barriga proeminente dela pressionou contra a sua própria, fazendo com que ele também precisasse se inclinar sobre a forma frágil dela.

- Venha - ele lhe disse. Hermione não fez mais que um murmúrio de protesto quando ele a puxou e a guiou para a cama, furtivamente puxando seu pijama junto. Esfregando o rosto molhado nos punhos do seu roupão sem prestar atenção, ela permitiu que ele a colocasse sob os lençóis. Seus pés estavam gelados, alertando Severo para lançar um encanto que aquecesse ligeiramente as roupas de cama enquanto ela se afundava nos travesseiros e o observava monotonamente.

Eu voltarei num minuto - ele lhe disse. Na cozinha, um estalar de dedos conjurou o elfo doméstico que já havia cuidado dos restos e dos pratos do jantar. A criatura sacudiu a cabeça ao pedido dele e, dentro de alguns instantes, tinha uma xícara de chocolate quente pronto.

Ele a levou de volta ao quarto com ele e a colocou nas mãos de Hermione. - Beba isto - ele lhe disse. Obedientemente, ela sorveu o conteúdo, e logo, o aperto e a palidez de seu rosto relaxaram enquanto o chocolate e o calor começaram a fazer efeito. Os olhos dela, entretanto, permaneceram assombrados, enormes e obscuros como a rica bebida em seu copo.

- Você não vai embora, não é? – ela perguntou, quando ele se virou para pegar um par de calças de dormir.

- Somente se você quiser que eu vá.

- Não - ela lhe disse, sua voz tremulando ligeiramente. - Por favor?

Aquiescendo, Severo sentou-se no canto da cama, uma perna longa e magra ainda pendurada sobre a borda. - Beba seu chocolate - ele lhe disse, o tom mais ríspido do que pretendia. Ela assentiu e sorveu outra vez, mas seu olhar caiu sobre a varinha de ébano pendurada no bolso das vestes dele.

- Ela sobreviveu - ela sussurrou.

Antes que ele pudesse pensar melhor nisso, Severo puxou a varinha o bolso e a ofereceu para ela. Hermione pegou-a cuidadosamente. O eixo de madeira parecia resistente e morno em seus dedos, e agora ela compreendeu sua fascinação anterior com ela; ela já tinha usado-a antes.

- Lembra-se que eu a dei a você?

Ela assentiu imediatamente. - Eu lembro de tudo que aconteceu naquela noite. Eu lembro que o Malfoy pos a Império sobre você, e como você lutou duramente. – Silenciosamente, ela entregou de volta a varinha e engoliu mais do seu chocolate. Sob a coberta desbotada, suas pernas se encolheram e ela se ajeitou mais profundamente nos travesseiros.

- Se você deseja retornar a Hogwarts pela manhã - ele sugeriu com a voz rouca -, ou mais tarde ainda hoje, devo dizer, eu a levarei de volta.

Inspecionando sua xícara, Hermione balançou a cabeça. - Eu quero
ficar com você.

Severo não tinha nenhuma resposta para aquilo; não podia imaginar como ela podia até mesmo suportar estar na mesma casa com ele, muito menos na mesma cama. Ela se mexeu sob as cobertas e pôs sua mal-acabada xícara sobre a mesa ao lado da cama.

- Eu vou ao banheiro - ela disse quietamente, e deslizou para fora da cama. Severo assentiu ligeiramente e endureceu para resistir e esperar o inevitável.

No banheiro, Hermione buscou pela escova e a pasta de dente. Sua mente estava gratamente silenciosa enquanto ela limpava os dentes, seguindo mecanicamente o treinamento impregnado desde sua tenra infância. O sabor de hortelã removeu o gosto prolongado do seu jantar e da cobertura açucarada do chocolate, enquanto que a água fria aliviou o restante da queimação em sua garganta. Infelizmente, a água corrente também a lembrou das outras necessidades da sua bexiga.

Uma vez que isso foi providenciado, entretanto, ela foi confrontada com a evidência das atividades precedentes da noite. Seus quadris doíam ligeiramente, e o interior de suas coxas estavam pegajosos com os resíduos combinados da paixão que tinha compartilhado com Severo.

Respirando profundamente, Hermione limpou-se rapidamente e lavou suas mãos. O espelho devolveu uma imagem dos seus olhos avermelhados e bochechas manchadas. Ela afastou-se dele, envolvendo os braços em torno de si mesma e tentando manter-se calma. A lembrança aterrorizante da noite de Halloween agigantou-se, e para lutar contra isso, ela lembrou dos braços fortes em torno dos seus ombros alguns minutos atrás, como uma capa protetora.

Inclinando-se de encontro à porta do banheiro, o assoalho frio puxou o calor dos seus pés mais uma vez; Hermione se concentrou nas últimas poucas horas. A sensação dos ombros de Severo Snape sob suas próprias mãos, o gosto da boca dele quando ela o beijou na cozinha. Tijolo por tijolo e lembrança por lembrança, ela usou estas imagens mais recentes para construir uma parede de encontro ao terrível episódio que sua mente tinha finalmente revelado.

O bebê escolheu este momento para se exercitar, as vibrações minúsculas que tornaram-se mais fortes nas últimas semanas até que Hermione começou a querer saber quantos braços e pés extras sua criança tinha. Ela correu a mão tranquilamente sobre sua barriga, um leve sorriso veio ao rosto quando recordou como Severo tinha ficado tão surpreso pelo movimento na única vez que o sentiu.

Saindo do banheiro, ela ficou um tanto espantada ao ver seu marido ainda sentado no canto da cama. Ele não tinha se movido, e estava tão imóvel que ela não tinha nem mesmo certeza se ele estava respirando.

- Severo? – ela chamou.

Ele olhou para ela, e por apenas um instante, a expressão pensativa no rosto dele vacilou, como se ele esperasse que ela o golpeasse. Ela já o fizera, ela lembrou. A palma da sua mão ardeu ligeiramente com o tapa desferido mais cedo. A mancha avermelhada ao longo da mandíbula dele atraiu sua atenção, e ela moveu-se para frente para tocá-la delicadamente. Ele continuou a olhar fixamente para ela, como se esperando outras palavras saírem de sua boca.

- Me desculpe - ela falou para ele. - Eu não queria feri-lo.

A mão dele capturou a dela num instante de perder o fôlego. - Você está me pedindo desculpas - ele falou incrédulo. - Você é completamente louca? Você me diz que se lembrou de tudo o que eu fiz com você, e agora você se desculpa por ter me dado um tapa? - Um bufo seco de risada escapou do seu peito. - Inacreditável.

Hermione olhou fixamente nos olhos escuros dele, finalmente entendendo que ele esperava que ela o rejeitasse, negando-lhe um lugar em sua vida e na união que eles haviam apenas começado. Seu controle era uma fina cobertura sobre a culpa renovada e a repugnância contra si mesmo que ela vira pela primeira vez na ala escondida de Madame Pomfrey, e ela foi golpeada com a compreensão de que deveria lidar com os momentos seguintes com cuidado, ou arriscaria perder toda a possibilidade que teria com este homem intensamente complicado.

- Severo - disse cuidadosamente, colocando sua outra mão no rosto dele. - Você não me feriu por vontade própria. Nós dois fomos vítimas naquela noite. Por sua causa, eu ainda estou viva.

Ele afastou sua segunda mão também, mas continuou segurando ambas. - Você se salvou, Hermione. Eu apenas forneci as ferramentas.

- Nós nos salvamos - ela lhe disse. - Eu estaria morta se você não me ajudasse. Assim como você ajudou o Harry, e sabe Deus quanto outros. E eu sou muito grata por estar viva, apesar das complicações.

- Mãe aos dezoito e forçada a se casar com o homem que seus colegas mais desprezam. Temo que suas definições precisam de revisão. - O tom profundo da sua voz carecia do seu usual sarcasmo pungente, e Hermione tinha certeza de que ele estava escutando-a verdadeiramente. Um outro pequeno empurrão, e ele acabaria se entregando e levaria suas palavras a sério. A consciência que este era outro daqueles momentos adultos determinantes a sustentou.

- Eu nunca me importei com o que meus colegas pensam. Eu me importo apenas com minha própria opinião. E com a sua.

Ainda cuidadoso, o olhar dele cintilou através do rosto dela enquanto ele procurava sinceridade na expressão. O coração dela doeu por ele, querendo que ele acreditasse que tinha verdadeiramente algum valor em sua estima. Incapaz de pensar em qualquer outra coisa, ela inclinou-se para frente e pressionou sua boca contra a dele.

O choque manteve Severo congelado por longos momentos enquanto Hermione se pressionava contra ele, suas mãos deslizando do aperto dele e se enrolando em torno do pescoço dele. Fazia muito tempo desde que fora pego de surpresa, contudo, aquela jovem mulher continuamente fazia isso. Ergueu-se com uma alavanca nos pés, pegando-a em seus braços e retribuiu o beijo que rapidamente crescia de perdão para o de paixão.

A respiração dele vinha em arfadas trêmulas enquanto ele avançava pela sua boca. Os dedos fortes e delicados mergulhavam em seu cabelo assim como sua língua duelava com a dele, contatos experimentais que cresciam rapidamente numa confrontação confiável. Os braços de Hermione se contraíram antes que ele pudesse refrear o desejo que disparou em seu corpo e se afastasse dela. - Eu odeio esta capa - ela murmurou enquanto a arrancava dos ombros e espalhava suas mãos pela pele abaixo dela.

Uma explosão de fome desesperada o atravessou quando sua boca deixou-o para mordiscar a pele fina de seu pescoço. Severo soltou um gemido e deixou cair sua cabeça para lhe permitir o acesso, intoxicado pela sensação dos lábios de Hermione que passeavam através de seu colarinho. Seu respirar áspero se misturou quando capturou sua boca outra vez, esmagando-a em um beijo tão violento quanto completo, com somente um pequeno ajuste feito para acomodar sua cintura.

De repente a cama estava atrás dela, e Hermione arrastou-o para baixo tanto quanto ele a empurrava, e caíram juntos nas cobertas emboladas. Nenhum deles disse uma palavra enquanto ela arrancava as vestes dele pelos braços e ele lutava cegamente para abrir as dela enquanto empurrava as calças do pijama. Seus corpos se fundiram mais uma vez, desta vez com um fervor que beirava ao desespero.

A mulher nela reconheceu a necessidade que o guiava e a recebeu com uma alegria ardente e mundana. Hermione prendeu-se em torno dele, sentindo as mãos dele cerradas em seu cabelo embaraçado enquanto ele se movia dentro dela, trazendo a mais perto do êxtase que tivera somente uma vez antes, mas almejava outra vez. Sentiu desejo; desejo pelo corpo dele e pelo prazer dele, assim como pelo dela próprio, desejo por algo que ela não podia nomear, mas estava certa que morreria se não o recebesse.

Com um grito, Severo mergulhou nela, seu corpo vibrando, músculos tremendo com a força do seu alívio, e aquilo levou Hermione junto com ele para uma conclusão deliciosa. Momentos mais tarde, ainda ofegante, ele se virou para o lado para tirar seu peso sobre o corpo dela. Os músculos dos seus braços e das costas queimavam com o esforço de evitar esmagá-la, mas tinha valido muito a pena.

O desânimo de Hermione por causa da sua retirada repentina acalmou-se quando Severo a puxou para seu peito quando ele se colocou de lado, suas pernas ainda entrelaçadas, ambos lustrosos com o suor descuidado. Uma mecha de cabelo preto caiu pelo rosto dela e ela o deixou lá.

Diversos minutos se passaram antes que ele pudesse achar a coragem para falar.

- Eu a machuquei? - perguntou numa voz amortecida, sua mão acariciando o quadril dela e a protuberância entre eles.

- Você jamais poderia me machucar - ela respondeu sonolenta. Como numa confirmação, uma batida amorosa veio do centro da sua barriga e ela puxou a mão dele até ela, enlaçando seus dedos com os dele.

Severo tentou pensar numa resposta apropriada; naturalmente que ele poderia machucá-la. Ele a machucara, violentara-a, e acabara de fazer amor com ela como um homem possuído. Em vez disso, ele se esticou até os pés entrelaçados na cama e puxou as cobertas. O frio do quarto havia voltado rapidamente, e ele jogou com cuidado as cobertas sobre os ombros de Hermione. Ela já estava praticamente adormecida e mal abriu um pouco os olhos para vê-lo arranjar as coisas.

Marrom escuro e honestos, os olhos sonolentos dela mal cintilaram com um contentamento tão estranho para ele como um banquete oferecido a um homem se afogando, mas o pensamento que lhe ocorreu foi que ele poderia cair na profundeza deles e se afogar para sempre. Sem mais palavras, inclinou-se e beijou-a suavemente na boca.

Hermione apenas esboçou um pequeno sorriso como resposta. Estava desfalecendo rapidamente, mas em seu coração, aquele minúsculo e desejado impulso foi finalmente alimentado, e ela estava satisfeita.

*****

Um raio de luz solar através da cama finalmente trouxe Hermione ao despertar completo, mas o casulo morno de cobertores em volta dela a deixaram relutante em se mover. Em vez disso, ela se aconchegou mais, até que uma risada a fez finalmente abrir os olhos. O cabelo preto do tórax a saudou, e ela o seguiu até o ombro, pescoço, e finalmente o rosto de Severo Snape. Seu cabelo preto fino estava numa desordem total, e ele tinha um caso sério de barba por fazer, mas o humor preguiçoso nos olhos dela era algo que ela nunca vira antes. O canto da boca se levantou numa aproximação de um sorriso.

- Finalmente você acordou? - ele a provocou, e ela conseguiu assentir, um sorriso bobo aparecendo no seu próprio rosto. - Eu estava começando a me preocupar.

- A noite passada me desgastou demais - ela disse levemente, mas uma sombra cintilou através do seu rosto e a fez se arrepender de não ter sido tão específica.

- Está tudo bem?

- Tudo bem - ela concordou temporariamente. - Deixe-me ir… - ela acenou com a cabeça em direção ao banheiro.

Em resposta, Severo pegou seu roupão dos lençóis emaranhados e lhe entregou.

Hermione o pegou deliberadamente, sem fazer esforço para proteger seu corpo da vista dele. Poucos minutos depois, a pressão em sua bexiga fora aliviada e seus dentes estavam limpos outra vez. No espelho, seu rosto parecia um pouco diferente do que sempre fora, mas uma mancha roxa no pescoço testemunhava que, certamente, ela fizera amor na noite anterior. Duas vezes. Um sorriso fraco se recusou a deixar sua boca e ela decidiu que havia muito para sorrir e que ela deveria deixar.

- Eu vou tomar uma ducha - ela falou. - Bem, banho então - emendou, olhando as torneiras. Serei o mais rápida que puder.

- O café da manhã estará pronto num instante - ele chamou. - Você está bem para comer ovos, ou apenas chá e torrada esta manhã?

- Eu estou faminta - ela respondeu. - Eu comerei qualquer coisa que você puser na minha frente.

Com a promessa de comida, Hermione fez suas abluções o mais rápido que pode, a seguir deu uma escovada cruel em seu cabelo e fez um coque na nuca prendendo-o com um grampo. De volta ao quarto, encontrou a elfa-doméstica, a quem ela não tinha monopolizado o suficiente para chamá-lo pelo nome; ela tinha feito a cama e colocado sua mochila sobre a colcha macia, sua varinha ainda no bolso externo onde a tinha deixado. Um agarrão cego encontrou uma das vestes que Severo tinha comprado para ela no dia que lhe fizera o pedido, e ela fez seu melhor para não ser nostálgica enquanto a desamassava com um encanto rápido.

- Bom dia - ela disse quando entrou na cozinha.

Severo olhou por cima do jornal.

- Bom dia. Chá, ou você prefere café? - ele perguntou enquanto ela se sentava, seus tons formais contra sua aparência revolta. Ele também, ela estava desordenadamente satisfeita em ver, tinha uma marca no pescoço.

- Chá, por favor.

Seu bom humor borbulhante provavelmente era impróprio, ela sabia, e provavelmente o irritaria, então ela cruzou as mãos e fez o que pode para se controlar. Ela observou os ombros dele movendo-se sob a veste de seda preta pesada enquanto ele a servia e lhe entregava uma xícara. A elfa-doméstica apareceu na frente deles, assustando-a com um pequeno “ops”, e ofereceu-lhe um prato que guardava ligeiramente menos comida do que ela esperava que Harry ingerisse após um treino de Quadribol de manhã cedo.

- Obrigada... - Hermione disse, prolongando as palavras na esperança que a elfa dissesse seu nome.

- De nada, senhora - ela rangeu e desaparatou prontamente.

- Seu nome é Noggy, e ela faz parte da equipe de funcionários da cozinha de Hogwarts - Severo ofereceu enquanto comia uma fatia fina de bacon com mordidas rápidas e precisas. - E apesar de por diversas vezes já terem lhe oferecido roupas, ela é completamente leal a Dumbledore e as recusou todas às vezes. Por isso que o Diretor a escolheu para a tarefa de nos servir.

- Ah - Hermione respondeu quietamente. Uma idéia lhe ocorreu. - Como se consegue mais elfos-domésticos, em todo o caso?

- Porque você pergunta?

- Bem, eu nunca vi um elfo-doméstico jovem. E se você pudesse transformar alguém num elfo-doméstico, eu nomearia Lúcio Malfoy num instante. Eu acho que poderia passar diversos séculos sendo criativa, não acha?

Severo não respondeu, mas o olhar que ele lhe deu sob as pálpebras abaixadas concordava com ela. Comeram em silêncio por vários minutos até que outra idéia saiu.

- Lúcio Malfoy realmente não é um idiota quando se trata de estratégia, certo?

Severo serviu mais café em sua xícara.

- Não, não é.

- E ele ainda está procurando por você, não está?

- Sim - ele respondeu logo. Ele esperou para ela juntar tudo, sabendo que a estudante mais brilhante que ele já havia ensinado não levaria muito tempo para fazer as conexões.

- Assim que ele descobrir que nós estamos casados, ele vai supor que eu sei onde você está.

- Muito provavelmente. Mas - ele interrompeu antes que ela pudesse começar com mais perguntas -, esta casa de campo é o refúgio de Dumbledore. É implotável, e somente algumas corujas podem encontrá-la. Além disso, o Diretor não deverá emitir nosso pergaminho de casamento ao Ministério até o último dia dos feriados. Até Malfoy descobrir que nos casamos, você estará em segurança de volta à escola e eu estarei apreciando a companhia duvidosa de Remo Lupin e Sirius Black.

Arrancando uma outra tira de bacon de seu prato, ele adicionou:

- Outra coisa que eu preciso lhe dizer. Se na possibilidade mais remota de qualquer outra pessoa vir aqui exceto Lupin, Black, ou Dumbledore, eu quero que você vá para o quarto e tranque a porta imediatamente.

- Você espera que algo aconteça?

- Não, mas não há mal nenhum em ser cauteloso. Muitos dos funcionários do Diretor conhecem este refúgio, e ele pôs proteções que mesmo Voldemort teria dificuldades em quebrar. Pelas mesmas razões, entretanto, qualquer um que venha aqui pode ser seguido, e eu não quero que você seja exposta a nenhum perigo.

Ele observou sua leve fraqueza quando ela absorveu a notícia, e sentiu-se compelido para adicionar:

- Apesar disso, entretanto, nós estamos simplesmente em nossa lua-de-mel. Com algumas precauções, nós devemos continuar como sempre.

Hermione animou-se imediatamente.

- Então nós podemos sair um pouco?

- Já está sentindo claustrofobia?

- Você não? – ela desafiou. - Você fiçou preso por muito mais tempo que eu. É seguro se nós formos à vila?

- Perfeitamente.

- Então eu gostaria de fazer uma caminhada esta manhã. Preferivelmente após você se barbear e antes que você comece a andar de um lado para o outro.

Severo usou seu guardanapo nos cantos da boca e o largou. – Está bem - ele respondeu, friccionando uma mão sobre os pelos eriçados da barba. Seus olhos caíram até o pescoço dela, e ela sabia que ele olhava para a mordida de amor ao lado da garganta.

- Você ESTÁ bem? – ele perguntou. - Uma pergunta tola, eu garanto, mas você não respondeu precisamente da primeira vez.

- Eu não sei se é possível dar uma resposta precisa - Hermione disse reflexiva. - Você estava certo, estou contente por não ter lembrado antes. Por outro lado, é algo como um alívio finalmente saber de tudo, não importa o quanto seja traumático. Mas respondendo a sua pergunta, eu estou muito bem agora. Mesmo.

Seus olhos escuros sustentaram os dela.

- Bom - ele lhe disse honestamente, enchendo sua voz com um tom acolhedor.

A intimidade daquele momento parecia intensa demais para ser compartilhada sobre ovos e bacon, e a mente ágil de Hermione deslocou rapidamente suas engrenagens.

- Você sabe o que realmente me irrita nos bruxos? - ela perguntou, mastigando sua torrada.

- Reduziu-se para apenas uma coisa, então? - ele perguntou, em voz baixa.

O prazer borbulhante que ela sentira mais cedo retornou com o tipo original de provocação de Severo, embora não permitisse que isto a distraísse.

- Não há nenhuma pesquisa apropriada feita. Vocês fazem o maior barulho, supondo que se um feitiço funcionou durante anos, ele deve ser perfeitamente seguro. Como o Anisthetae do Dumbledore. Ele provavelmente poderia tê-lo retirado minutos após ser lançado; obviamente ele funciona muito rapidamente. Alguns feitiços precisam ser mantidos, obviamente, mas alguns é apenas “puf”, e está feito.

- A maioria dos feitiços que você aprendeu em Hogwarts vêm sendo usado por séculos.

- Alguma vez você examinou uma escama de dragão através de um microscópio? Ou fez uma análise do espectro de uma poção?

- Eu não estou inteiramente certo do que é isto, mas eu duvido que seja necessário - ele respondeu repressivamente, embora um toque de humor se escondia sob o desafio na sua voz. - Se um milênio de precedentes não é suficiente para você, então você está condenada ao desapontamento.”

- E uma sociedade que não evolui está condenada à estagnação e à extinção - ela retornou diretamente. - Se eu tiver que arrastar o mundo bruxo inteiro para o presente chutando e gritando, eu o farei.

- Eu não tenho nenhuma dúvida de que você o fará - ele respondeu. - Você pode até mesmo me convencer a comprar uma roupa de gola verde algum dia.

Hermione inclinou sua cabeça para um lado, dando lhe uma avaliação sincera, revelando-se no direito de fazer justamente isso. - Sabe, eu faria qualquer coisa para vê-lo num par das calças jeans. Eu acho que lhe cairiam bem.

Severo piscou para ela, uma carranca cruel cresceu em seu rosto. - Nem morto.

*****

Uma hora mais tarde, Severo segurou o portão do jardim aberto para Hermione e restaurou as proteções assim que ela passou por ele. Imediatamente ele desceu a rua pavimentada, suas longas pernas cobriam o caminho rapidamente. Heroicamente, Hermione tentava acompanhá-lo, mas rapidamente ficou para trás.

- Você poderia possivelmente ir mais devagar? - ela chamou, arfando ligeiramente. Amavelmente, Severo pausou para permitir que ela o alcançasse.

- Pomfrey está certa, você está começando a andar feito uma pata - ele observou, então, teve a audácia de olhar ofendido quando ela beliscou seu braço. - Ai - exclamou suavemente, embora ele não fosse tão convincente.

- Ah, pare de choramingar.

O canto de sua boca se levantou quase num sorriso forçado.

- Minhas desculpas, Hermione - ele disse sinceramente. - Meu ímpeto excedeu minhas maneiras.

- Então você tem alguma – ela murmurou, vingando-se do comentário anterior, e recebeu outro daqueles leves sorrisos irônicos de volta. Hermione decidiu que adorava mesmo aquilo e resolveu que os faria acontecer tão frequentemente quanto possível.

Ele lhe estendeu o braço e ela aceitou, colocando sua mão na curva morna do cotovelo dele. Num passo mais razoável, eles fizeram seu caminho até o centro do pequeno vilarejo. Seu ritmo lento e a conversa ocasional mal foram percebidos quando se juntaram aos outros compradores que se moviam através da passagem principal.

Pela primeira vez, Hermione não foi arrastada à loja de Quadribol para exclamar sobre as inovações mais atuais nos equipamentos; ao invés disso, eles se moveram sem nenhuma discussão para a livraria. Ambos passearam felizes por algum tempo, mas não encontraram qualquer coisa que não pudessem viver sem. A loja de logros Zonko’s foi negligenciada do mesmo modo sem receios, embora eles tenham se demorado na frente de uma loja mostrando diversas vestes masculinas na vitrine.

- Eu vou queimar aquele seu pijama - Hermione advertiu Severo.

- Sério? - ele murmurou de volta. - Eu terei que pôr um feitiço Ignis Detterrere sobre ele. Eu gosto muito dele, na verdade.

- Eu vou lhe comprar um novo. Verde - ela adicionou travessa.

- Eu acho que não.

Quando continuaram, o aroma de chocolate atravessou o ar e fez Hermione cruzar a avenida pavimentada até a Dedosdemel. Severo cooperou com o puxão em seu braço e, assim que entrou, olhou em torno da loja de doces com uma sobrancelha levantada.

- Eu não entro aqui há anos - ele comentou.

Hermione deixou-o para passear e foi diretamente ao balcão onde os pálidos pedaços redondos de nogado salpicados com nozes descansavam sedutoramente atrás da vitrine. Mentalmente calculando os Sicles e os Nuques em seu porta-níquel, Hermione mandou a menina embrulhar uma quantidade do material pegajoso.

- Mais alguma coisa?

- Sim, na verdade. O que são aqueles? - perguntou, apontando para um escaninho cheio de bastões multicoloridos e cobertos com açúcar

- Terríveis, não são? São um doce trouxa. Nós achamos que os jovens vão ficar loucos por eles. Absolutamente amargos, eles são.

Gargalhando, Hermione pediu para embalar um punhado dos Vermes Gummi de néon também. Um par de mãos descansou em seus ombros, surpreendentemente casual, apesar do número de pessoas em torno deles.

- Sentindo necessidade de um banquete de feijõezinhos? - Severo perguntou.

- Não, eu já providenciei isso - ela respondeu, indicando a sacola que a esperava. - E eu ainda pedi por sardinhas e manteiga de amendoim na ocasião. Eu achei que o professor Dumbledore poderia apreciar estas coisas horrendas.

Severo olhou os vermes coloridos de néon com desgosto. – Ele vai adorar isso. O que você pensa que está fazendo? - ele perguntou enquanto ela pegava o número de moedas necessárias para pagar sua compra. Alcançando-a, ele depositou diversos Sicles na mão do caixa.

- Eu faço isso - ela protestou.

- Hermione, eu posso lhe dar dinheiro para miudezas.

- Você nem mesmo tem um trabalho - ela indicou, freando seu instinto de indignar-se com a atitude antiquada dele. - E eu tenho todo o dinheiro que eu não gastei nas roupas.

Snape fez um ruído reservado, e guardou o dinheiro dela na bolsa.

- Eu tenho mais do que o suficiente para nossa lua-de-mel, Hermione. Mantenha seus Sicles guardados por enquanto, e deixe-me brincar de marido indulgente. - Ele ignorou o pigarro de descrédito. - Eu lhe disse, eu tenho umas economias. Se você insistir, nós podemos ir a Gringotes em Londres um dia na semana que vem e acessar minha conta bancária. Nós precisaremos ir de qualquer maneira, para pegar sua assinatura e autorizar sua varinha a fazer retiradas.

Hermione franziu o cenho pensativamente.

- Eu suponho que nós precisaremos pensar num orçamento para viver. E eu vou precisar me acostumar a ser Hermione Snape.

Uma variedade emoções cintilaram no rosto dele, nenhuma longa o suficiente para ser identificada, antes que ele assentisse mais uma vez.

– Eu espero que sim - ele murmurou.

Uma vez que tinham passado por todo o distrito comercial, Hermione e Severo andaram mais pela vila e seguiram a trilha acidentada do outro lado de Hogsmeade. A estrada, se alguém fosse tanto míope como generoso o bastante para chamá-la assim, levantava-se sobre as colinas que cresciam rapidamente à distância. Depois da primeira vez que Hermione tropeçou, Severo manteve um firme aperto na mão dela, sua cautela era tanto discreta quanto contínua.

Com um olhar sorrateiro, Hermione se surpreendeu agradavelmente ao ver que seu novo marido saboreava este passeio inesperado. Ela nunca pensara realmente que ele seria do tipo de pessoa que apreciaria o ar livre, mas a cara de Severo estava enrugada com um sorriso fraco, um toque de cor crescendo no rosto enquanto eles escalavam a leve inclinação. Ela podia sentir sua própria face corando com o esforço, e o casaco estava tornando-se incomodamente quente. Os músculos em suas costas, curvados mais que o normal já que acomodavam a mudança em seu contrapeso devido ao bebê, começavam a protestar também.

Ela olhou para a grande e quadrada mão que a segurava. Como era estranho segurar as mãos deste homem, num passeio que curiosamente parecia como um primeiro encontro. Nunca tiveram oportunidade de passar algum tempo juntos, exceto as horas passavam trabalhando no laboratório. Uma angústia nostálgica atingiu-a de repente. Ela desejava muito este homem difícil e precavido para considerar seu relacionamento como algo diferente de uma carga ou de uma obrigação.

Resolvendo fazer o que fosse possível para alcançar esse objetivo, Hermione pausou e respirou fundo.

- Posso fazer uma pergunta?

- Você pode me perguntar qualquer coisa, Hermione. - Antes que ela pudesse expressar seu ceticismo, ele adicionou: - Entretanto, eu me reservo ao direito de recusar determinadas respostas.

Ela sorriu, puxando diversas mechas de cabelo levadas pelo vento até sua boca.

- Não se preocupe, eu não vou perguntar por que você se transformou num Comensal da Morte, ou por que você se voltou para a Ordem. Isso não é da minha conta.

- É da sua conta sim – ele respondeu enfaticamente. - Você é minha esposa.

- Então você me dirá quando você estiver pronto - ela respondeu, escolhendo a discrição sobre a curiosidade. Alguns tópicos eram obviamente muito delicados para serem sondados, e seu relacionamento ainda era frágil. - Seus pais. Fale-me sobre eles.

Severo examinou o lado distante do vale, seu cabelo preto ondulando em torno do rosto enquanto os ventos da primavera flertavam com eles. Eles fizeram uma pausa no pico da colina, e Hermione sentou-se num pedregulho próximo com alívio.

- Meu pai era inglês, e eu sou infeliz em dizer que era bastante parecido com Lúcio Malfoy. A única diferença é que, uma vez, eu tive um relacionamento amigável com este cavalheiro. Eu não posso dizer o mesmo sobre meu pai. - Seus olhos se estreitaram, mas sua voz remanesceu macia e destacada. - Há uma porção de coisas que eu PODERIA dizer sobre aquele indivíduo em particular, mas eu fui educado para não falar mal dos mortos.

- Oh - disse Hermione, compreendendo muita coisa de qualquer maneira.

- Minha mãe, entretanto, ainda está viva, e vive atualmente em Nápoles.

- Mesmo? É mesmo verdade o que dizem sobre os Napolitanos? - Hermione tinha lido em algum lugar que essa região particular da Itália era conhecida por ser de espírito livre e vivaz. Pelo comentário a respeito da nacionalidade do pai dele, ela supôs que a mãe era italiana. Esta suposição foi imediatamente refutada com a afirmação seguinte.

- Minha mãe não é uma nativa, mas sendo uma legítima romani, está completamente em casa.

- Uma romani? - Hermione repetiu. - Você quer dizer uma cigana?

Ela ficou boquiaberta, chocada, e de repente viu seu marido sob uma nova luz - o cabelo escuro, o nariz grande, os olhos pretos e a pele pálida já escurecendo na brilhante luz do sol da primavera. Ele sorriu para ela, pela primeira vez, uma expressão de total admiração com a reação dela.

- Bem, eu não digo um maldito Pikey, Hermione. Minha mãe nasceu numa caravana romani em algum lugar do sul da Rússia. Meu pai a descobriu em 1943, eu acho.

A ironia em na voz dele advertiu-a de que o casamento não fora feliz, mas ela já sabia disso.

- Ela não teve escolha? - Hermione perguntou cuidadosamente.

- Considerando que ela estava num vagão a caminho de um campo de concentração e sem uma varinha, eu diria que não. Ele salvou a vida dela, e esperou que ela fosse grata e obediente.

- E eu tenho certeza que isso foi bem recebido.

Aquele sorriso parcialmente forçado apareceu outra vez.

- Não exatamente. Eu herdei meu temperamento dos meus pais, embora Augustus fosse chegado aos silêncios frios e minha mãe jogasse coisas. Ela tinha uma boa pontaria, quebrou o nariz dele uma vez.

- E então você se tornou como ele - Hermione disse, então imediatamente desejou não ter dito. – Me desculpe, eu não quis generalizar.

- Não há o que se desculpar - ele lhe disse. - Eu disse a mim mesmo que eu agi como ele porque pensava que isso faria com que ele me aprovasse. Na verdade, eu estava provavelmente destinado a ser assim independente da aprovação dele ou não. De qualquer forma, é assim que eu sou, e estou velho demais para uma auto análise extensa agora.

- Como ele era? - Hermione pressionou, indiretamente curiosa se Severo se via como os outros o viam.

- Ele era um homem frio, persistente com as regras e o que era ou não aceito na sociedade. Era de se esperar que eu vivesse por aquelas regras, mesmo com aquelas que minha mãe achasse que era um completo absurdo. Se você acha que Percy Weasley é um pé no saco, você deveria ter me visto. Eu vivi o código de conduta de Hogwarts como se fosse um segredo para a vida imortal.

Hermione abafou uma risada. – Parece comigo, em meu primeiro ano. Eu acabara de descobrir que era uma bruxa e eu queria muito me encaixar. Foi apenas horrível, até que eu me tornei amiga de Rony e Harry após o incidente com o trasgo no banheiro feminino. - Deu-lhe um olhar especulativo. - É por isso que o Filch adula tanto você?

- Era só o que faltava - ele advertiu-a. - E eu dificilmente chamaria o Potter e o Weasley de uma boa influência.

- Eles me ensinaram que algumas coisas são mais importantes do que seguir regras. Como amigos em quem você pode contar, não importa o motivo.

Severo não deu nenhuma resposta para isso, e Hermione inclinou sua cabeça para o lado, considerando o perfil dele. – Nós somos amigos? - ela perguntou.

- Nós somos casados, Hermione. Há aqueles que consideram esses dois relacionamentos mutuamente exclusivos.

- Eu acho que o Malfoy é um substituto adequado para um trasgo. – Ela tirou outra mecha de cabelo do rosto. - Eu gostaria de pensar que nós podemos ser amigos.

- Eu me curvarei à sua grande experiência - ele respondeu delicadamente.

Por um momento, Severo se perguntou se Tiago Potter poderia ter se transformado num amigo se as coisas tivessem sido diferentes, mas liberou o pensamento. Não era do tipo que desperdiçava tempo com coisas que poderiam ter sido. Ele tinha o que poderia ser na frente dele, sorrindo fracamente com o prazer da sua companhia e a oferta da sua amizade. Em algum lugar, ele tinha certeza, o Destino estava sorrindo sinceramente com Alvo Dumbledore.

N/T- Após um capítulo tenso,esse capítulo se redime em excesso de fofura. Mais uma vez queria agradecer à minha beta Bastetazazis, e à Fer que sempre me socorre nos momentos onde o meu conhecimento falta. À todos os reviews super carinhosos que venho recebendo. E à Ramos, merecedora de todo o crédito desta história. Beijos Clau.

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Comentários (1)

  • Diênifer Santos Granger

    "Em algum lugar, ele tinha certeza, o Destino estava sorrindo sinceramente com Alvo Dumbledore." Tipo, concordando com a frase!Meu Deus! Essa fic ta uma loucura! #amando 

    2014-04-01
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