Uma Virada do Destino



Uma Virada do Destino

Hinge of Fate

Autora - Ramos

Tradução - Clau Snape

Beta reader - Bastetazazis

Disclaimer: Estes personagens são de propriedade de J.K. Rowling. Nenhum lucro foi obtido pelo seu uso.



Cap. 6


Apenas alguns momentos depois que Hermione se sentou à mesa da Grifinória na manhã seguinte, uma coruja pequena e marrom da escola chegou. Sacudiu-se em seu prato e se serviu de um pedaço de torrada, que era tudo o que ela estava comendo, então a deixou com uma nota urgente de Madame Pomfrey reivindicando seus serviços na ala hospitalar.

Harry deu-lhe um olhar quando ela fingiu perplexidade com a intimação, mas Rony fez um barulho rude e disse-lhe para não ser estúpida. - É óbvio, não é? Provavelmente ela quer que você prepare alguma poção para dor de cabeça ou algo parecido, e não quer que o Cluny a contamine. Dê-nos aqui, nós faremos com que o Cluny saiba onde você foi.

Seu braço longo atravessou a mesa e apropriou-se da nota, mas antes que ela pudesse agradecer ele tinha retornado ao seu café da manhã e à sua discussão com o Harry sobre o próximo jogo de Quadribol que teriam contra a equipe da Lufa-lufa. Ron tinha entrado no time em seu quinto ano e era, se é que isso fosse possível, um fã ainda mais ardoroso do esporte do que fora antes.

- Bem. Eu devo ir, então - ela disse recebendo um grunhido como resposta no meio de uma descrição tática.

Contente por ter recebido alguma resposta pelo menos, Hermione recolheu seus livros e deixou a mesa, mais uma vez ferida pela perda do que uma vez fora uma amizade próxima com o Rony. Não sentia falta da parte romântica; o que ela realmente queria de volta era a amizade que fora confundida como algo a mais. Desde que terminaram, Ron permanecera agradável e divertido, mas alguma coisa ainda não encaixava corretamente. Como se uma janela de vidro tivesse deslizado entre os dois, Hermione sentia a separação do ruivo alto e, apesar de seus melhores esforços, fora incapaz de voltar à camaradagem que uma vez compartilharam.

Uma vez que alcançou a ala hospitalar, Hermione permaneceu de lado enquanto Madame Pomfrey tratava de uma fila curta de estudantes que diziam estar doentes. Provavelmente estavam, ela refletiu, já que era sexta-feira e uma visita a Hogsmeade estava programada para o dia seguinte. Madame Pomfrey escutou, atendeu, e medicou, dando conselhos e outras ordens, até que a última criança fosse tratada e dispensada ou, em um caso, colocada numa cama com alguns biombos puxados ao redor.

Quando os sinos tocaram sinalizando o começo das aulas do dia, Madame Pomfrey conduziu-a novamente para o pequeno laboratório. Snape e Dumbledore discutiam o feitiço a ser usado.

- Você não vai usar o mesmo feitiço que o professor Lockhart usou no braço do Harry aquela vez, não é? – Ela perguntou para Madame Pomfrey.

- Gilderoy Lockhart, idiota como é, usou um feitiço desenvolvido por cozinheiros para limpar os ossos de peixes, Srta. Granger - Snape falou lentamente, com apenas uma pitada de sarcasmo. - De certa forma, eu confio que Madame Pomfrey realize sua tarefa sem me deixar achatado como um molusco.

- Sim, professor - ela respondeu humildemente, mas foi encorajada quando Madame Pomfrey lhe deu um tapinha nas suas costas. A lista dos materiais a serem pegos da sala de trabalho privada de Snape não estava no mesmo lugar, e Hermione levou um momento para localizá-la. O pedaço de pergaminho estava numa bandeja grande, junto com todos os artigos listados.

- Eu tomei a liberdade de pedir aos elfos domésticos para buscar estas coisas para você, Srta. Granger - Dumbledore disse espontaneamente, antes de retornar a sua conversa com Snape.

Sem desculpas para protelar as coisas, Hermione iniciou a tarefa em suas mãos. O queimador menor ainda estava com bom funcionamento, queimando brilhantemente quando ela testou as várias alturas da chama. Os ingredientes que ela trouxera no dia anterior ainda estavam na cesta e colocou-os para fora, separando os que precisariam ser processados dos que simplesmente precisavam ser medidos. Quando ela terminou e olhou para cima, Madame Pomfrey desaparecera, e Snape e Dumbledore observavam-na com vários graus de interesse.

Uma vez que o mestre de Poções não fizera nenhum comentário sobre seu trabalho, ela entendeu que aquilo significava que suas ações tinham a aprovação dele. Ela endireitou as últimas ferramentas e esperou com as mãos espalmadas à sua frente, tentando aparentar calma apesar do frio na barriga que insistia que isto era um tipo de teste. E era, ela pensou consigo mesma, embora os resultados não seriam uma nota em seu boletim, mas a diferença entre a vida ou a morte de um homem.

Snape levantou-se instavelmente do banco e arrastou-o para mais perto da bancada, inclinando-se pesadamente na superfície de madeira escura. - Se você está pronta, Srta. Granger, por que não nós começamos com a raiz da angélica e a corda de coração de dragão?

Com aquilo, eles começaram.

Duas ou o mais horas se passaram sem que ela notasse enquanto picava, agitava, triturava e lascava sob o olhar pesado, mas ainda afiado de Snape. O bálsamo de limão e a cavalinha transformaram-se numa pasta verde acinzentada sob seu almofariz, e as pequenas tiras transladadas da corda de coração de dragão foram embebidas no vinho tinto até que parecessem como se tivessem sido retiradas do dragão sem sorte apenas momentos atrás. O único desacordo que tiveram foi sobre as flores do espinheiro, cujas cabeças murchas e secas não estavam na sua melhor forma. Hermione recusou-se a esmagá-las até formar o pó, preferindo em vez disso, picá-las.

- Se nós a pulverizarmos no pilão, alguns dos óleos restantes terminarão apenas manchando o mármore e não irão para a poção onde devem fazer parte - insistiu. - Estes são os melhores que tínhamos nos estoques, e eu duvido que consigamos mais nesta época do ano.

- Muito bem - ele permitiu finalmente. - Continue.

Dumbledore deu uma ajuda durante o processo de filtragem, prendendo o coador enquanto Hermione levantava o pequeno e pesado caldeirão de prata com uma toalha grossa retirada dos armários de Madame Pomfrey para isolar suas mãos do metal quente. Ele observou suas ações com leve interesse, sem deixando-a nervosa com a ansiedade que ela sabia que fervia lentamente sob seu exterior calmo. Madame Pomfrey entrou na sala diversas vezes, falando pouco, mas mantendo um olho no progresso que estava sendo feito.

Com grande cuidado Hermione filtrou a poção em desenvolvimento novamente, desta vez de um béquer de boca larga através de gazes de algodão para um frasco grande. Felizmente, ela refletiu enquanto adicionava a medida exata do bálsamo de limão, este elixir em particular, não era do tipo que exigia dias de fervura lenta. Pensando bem, as poções indicadas para pacientes graves provavelmente ficariam sem enfermos para tomá-las se fossem demoradas para preparar.

O elixir terminado finalmente foi depositado num cilindro alto de vidro. Viscoso e vermelho como sangue fresco, mas claro como um fino cristal, incandescia como um rubi na luz que vinha da janela enquanto resfriava numa prateleira de metal.

- Está bem, Severo. Já para a cama - importunou Madame Pomfrey, e se Snape tinha alguma objeção em ser tratado como um de seus pacientes estudantes, não o mencionou. - Srta. Granger, quando você sentir que a poção esfriou suficientemente, traga-a, por favor, ao quarto do professor Snape.

Hermione assentiu enquanto a medibruxa acompanhava seu paciente para fora do laboratório. O professor Dumbledore os seguiu mais lentamente, mas parou na porta.

- Um excelente desempenho, Hermione - disse-lhe, seu rosto enrugado sorrindo delicadamente. - Muito bem.

Animada pela aprovação do Diretor, Hermione limpou a bancada de trabalho e esfregou o caldeirão de prata, secando-o com cuidado para evitar qualquer mancha. Quando terminou a maioria da limpeza, o elixir já estava morno.

Com o elixir à mão, bateu na porta da ala de isolamento antes de abri-la e passar pelo arco até o quarto escondido de Snape, onde o Diretor estava sentado confortavelmente e conversava com Pomfrey. Snape repousava na cama, sustentado por travesseiros. Ainda vestia as calças compridas e a camisa branca que usara pela manhã enquanto inspecionava o preparo da poção, mas a casaca pendurada na cabeceira e seus sapatos ainda amarrados descansavam sob a estrutura enferrujada da sua cama. O decote em V profundo na gola da camisa revelava poucos pelos pretos finos dispersos e uma cicatriz prateada através do seu esterno. A própria pele estava pálida e translúcida, lançando para trás o fulgor da varinha de Pomfrey quando ela moldou um último encanto sobre seu coração para ter certeza do alvo do seu encantamento.

Ela fez sinal para Hermione se aproximar e a fez segurar o frasco do elixir a umas doze polegadas acima do tórax de Snape enquanto começou a entoar. Sua voz era clara e constante; memorizara o encantamento perfeitamente e moldando-o com a voz e a habilidade dos anos de experiência, dirigindo a mágica para destruir o fragmento do osso e incitando as propriedades do elixir para trabalhar rapidamente.

Madame Pomfrey terminou o encanto com um assovio decisivo em sua varinha. Rapidamente pegou o elixir das mãos de Hermione e ia oferecê-lo a Severo se o homem não fosse mais rápido. Snape deu a Hermione um olhar longo e medido enquanto sorvia o líquido rubi, mas afastou-o dos lábios e lançou-o para trás sem uma palavra.

Todos esperaram. Do seu ponto de observação Hermione podia ver os olhos de Snape se estreitarem depois que momentos se passaram sem nenhuma mudança.

De repente o homem entrou em convulsão, forçando a respiração como se estivesse se afogando. Suas costas se arquearam e suas mãos se agitaram para fora tentando agarrar o nada.

- Segure-o! - Madame Pomfrey comandou. Hermione moveu-se rapidamente para frente, alcançando o ombro dele, mas ele agarrou seu pulso num aperto forte, machucando-a. A medibruxa fixou as pernas dele com o braço enquanto ele se torcia na cama. Quase tão rapidamente como começou, o ataque acabou, e o corpo comprido de Snape relaxou lentamente.

Inconsciente agora, seu cabelo preto caía frouxamente através da testa, a umidade crescendo com o suor repentino que brotava acima do seu rosto. Madame Pomfrey correu sua varinha acima e abaixo do torso dele, sua própria face tensa com a concentração.

A respiração dele, embora ainda superficial, recuperou o ritmo, e os nervos levantados na garganta começaram a relaxar, assim como a mão que tinha causado os ferimentos no pulso de Hermione. Hermione inverteu a posição do braço, sentindo que o pulso dele estava rápido e fraco. Após um longo momento, começou a retornar numa cadência mais forte, mas terrivelmente irregular.

- Nós não deveríamos levá-lo ao St. Mungos?- Ela perguntou, preocupada.

- Ele me fez prometer que não - Madame Pomfrey respondeu logo.

- Mesmo se ele morrer? - Hermione insistiu.

- Mesmo se isto significasse sua vida, Srta. Granger - Alvo Dumbledore respondeu. Ela tinha esquecido da presença dele no quarto. - Ele sentiu, ou sente, que seria melhor deixar seu paradeiro um mistério para todos. Especialmente para pessoas como Lucio Malfoy.

O que significa que se ele morresse aqui e agora, provavelmente terminaria enterrado em algum lugar nas terras de Hogwarts como um gato atropelado, apenas para manter Lucio Malfoy sem saber de nada. A imagem de Malfoy explicando a Voldemort o paradeiro de seu companheiro Comensal da Morte, e seu mestre, era um pensamento para manter uma pessoa morna na noite mais fria. Hermione aceitou a decisão, mesmo sem concordar, e manteve sua atenção em Snape. O pulso sob seus dedos continuava lento.

A mão que balançou o pulso que ela monitorava estava assustadoramente frouxa e permanecia dessa maneira pelo o que foi possivelmente a meia hora mais longa da vida de Hermione. Quando o batimento cardíaco dele finalmente se estabilizou e então começou a crescer mais forte, pensou que era sua imaginação até que viu o sorriso crescer na cara de Madame Pomfrey.

- Felicitações, Srta. Granger, você conseguiu. O elixir está trabalhando. O coração dele já está mais forte.

Exaurida mas aliviada, Hermione liberou o punho com seu pulso normal e constante, e levantou o braço de Snape acima da cama ao lado do corpo dele enquanto Pomfrey puxou o cobertor dobrado na parte inferior dos pés e o estendeu sobre o homem inconsciente.

Dumbledore e Pomfrey conversavam calmamente enquanto Hermione se desculpava, com a distinta impressão que havia coisas que eles não desejavam que ela ouvisse aleatoriamente. Sem saber mais o que fazer, Hermione moveu-se para trás no laboratório para terminar a última limpeza. O almoço logo seria servido, e ela teria outra aula diretamente em seguida.

A receita original do Elixir e a carta de Madame Pomfrey foram guardadas; todos os outros pedaços de papel rabiscados foram despejados na lixeira junto com os restos de ingredientes que não foram para o caldeirão. No último segundo viu uma folha dobrada com o nome de Dumbledore escrita com uma letra cheia familiar. Snape deve tê-la escrito enquanto se ocupava com a gramática Latina.

A única folha de pergaminho estava dobrada para dar forma ao seu próprio envelope, e as pontas fizeram os dedos de Hermione formigarem ligeiramente enquanto ela o virou em suas mãos. Não foi necessário muita imaginação para imaginar o que estava dentro; provavelmente começava com “em caso de minha morte,” e ficou por isso mesmo.

Correndo sua mão pela aba, ela podia sentir o declínio do relevo do selo mágico. Qualquer bruxa medíocre poderia tê-lo quebrado, mas ela não tentou. Em vez disso, colocou-o no bolso das suas vestes pretas e terminou a arrumação.

Hermione mal apagara as velas e recolhido suas coisas quando ouviu as vozes de Madame Pomfrey e do Prof. Dumbledore. Remexendo em seu bolso, recuperou a carta e interceptou o par enquanto andavam caminhando vagarosamente através da enfermaria.

- Aqui, professor. Eu encontrei isto no laboratório.

Dumbledore a pegou com um franzir de sobrancelhas. - Obrigado, Srta. Granger. É a cara do Severo se preocupar com coisas incompletas, mas para seu efeito, eu duvido que nós precisemos disso. Eu lhe devolverei isso mais tarde.

- Você deve estar muito orgulhosa de si mesma, minha menina - adicionou Madame Pomfrey. - Eu não posso lhe dizer o alívio que é ver Severo dar a volta por cima, e nós devemos tudo isso a você. Obrigada mais uma vez por sua ajuda.

Pelo resto da sua vida, talvez Hermione jamais tivesse certeza do que a estimulou exatamente a abrir sua boca sem pensar e perguntar: - Você ainda precisa de alguma ajuda?

Pomfrey parou e trocou um olhar com Dumbledore. - De fato, eu acho que preciso. Alvo, você mencionou algo outro dia sobre eu precisar de um assistente, agora que Severo está incapacitado de preparar meus suprimentos. Se a Srta. Granger vai perder uma aula, tenho certeza que nós podemos convencer Minerva a conceder-lhe alguns créditos extras por vir até aqui e fazer isso por mim.

- Sim, isso seria maravilhoso - Hermione respondeu rapidamente. Tinha-se esquecido que estaria forçada a sair das suas aulas de Aparatação. A perda daqueles créditos provavelmente não prejudicaria sua média, mas ainda assim, isso a irritava.

- Certamente, Papoula. Uma sugestão excelente. Eu falarei diretamente com ela. Bom dia, senhoras.

- Você tem noção que será solicitada a trabalhar com o Prof. Snape - Pomfrey explicou depois o Diretor saíra - Pelo menos até que você aprenda a fazer as poções. Eu estou sempre correndo. Se vocês dois puderem ficar no mesmo quarto, melhor. Eu estou miseravelmente fora de prática, e simplesmente não tenho orçamento para requisitar tudo através do correio.

Hermione sorriu e tomou a reprimenda implícita com o melhor bom humor que conseguiu. - Sim, e eu prometo me comportar contanto que ele não se torne demasiadamente horrível. Ele não é mais meu professor de qualquer forma. Não pode retirar pontos da minha Casa se eu lhe responder atravessado.

- Não, querida, ele não pode. Embora ele tenha ficado mais espinhoso quando estava ferido, eu devo dizer que estas últimas semanas foram um inferno absoluto para todos nós.

Hermione franziu as sobrancelhas. - Eu posso lhe perguntar por que demorou tanto tempo assim para curá-lo? Eu já a vi emendar ossos quebrados em poucos minutos.

- Ferimentos de quadribol são uma coisa, minha menina. Nós honestamente pensamos que Severo estava morto quando os policiais o trouxeram aqui para dentro.

Com um olhar carrancudo Pomfrey pensou na noite em que Hermione fora seqüestrada. - Você estava absolutamente histérica naquela noite, e por uma boa razão, eu devo acrescentar. Severo esteve inconsciente por dias, e era muito arriscado tentar qualquer feitiço de cura maior enquanto seus órgãos vitais estavam assim tão lentos.

Hermione assentiu. Enquanto os feitiços menores utilizavam a energia de quem os lançou, os feitiços mais poderosos dependiam também da força vital do paciente. Se Snape fora ferido da forma que ela estava suspeitando, ele levaria semanas para se recuperar.

- E nós somente descobrimos o problema com o coração dele há aproximadamente um mês, quando começamos a tomar outros cuidados e ele continuava a desmaiar em cima de mim todas as vezes que o intimidava para fora da sua cadeira. Eu levei alguns dias apenas para isolar o problema, e então encontrar um especialista com quem pudesse falar e que não me fizesse perguntas demais. Não posso lhe dizer quantas vezes quis dizer a Alvo para esquecer essa besteira de segredo e simplesmente transportar Severo para o St. Mungos.

- Mas ele provavelmente preferia estar morto antes que eles pudessem ajudá-lo - terminou Hermione.

Pomfrey deu uma fungada irritada - Exatamente. Você fala igual ao Alvo.

- Bem - Hermione retornou levemente - Eu suponho que isso seja um elogio. Eu tenho aulas de aparatação nas tardes de segunda-feira e sexta-feira - continuou -, mas eu estou saindo delas, e nas minhas tardes de quarta-feira eu também tenho um período livre. Certamente eu posso estar aqui depois do almoço nestes dias.

- Nós começaremos com segundas e sextas-feiras, minha menina, e vamos adiante. Eu não quero que você exagere Você ainda tem alguém além de você mesma para pensar agora, lembra-se?

Hermione corou com o lembrete. - Não, eu não me esqueci.

*****

Ainda arrastando seus livros inúteis com ela, Hermione conseguiu chegar ao Salão Principal a tempo de chegar para o almoço. Rony e Harry deram-lhe um cumprimento rápido enquanto ela caía do lado oposto, alcançando os pratos de comida com ambas as mãos enquanto percebia de repente o quanto estava faminta.

- Então, o que Pomfrey queira? - Rony perguntou assim que Hermione deu sua primeira mordida. - Nenhuma epidemia está chegando?

- Você estava certo, Hermione - conseguiu responder no meio de uma mordida de sanduíche. - Ela queria ajuda com uma poção.

- Eu disse que ela não deixaria o tolo do Cluny fazer isso. Esse homem horrendo. Hoje, ele realmente disse para o Malfoy que ele se sairia melhor se simplesmente se empenhasse mais. Eu gostaria de empenhar a cara dele.

- Polvilhe levemente em torno das raízes - Harry adicionou em uma imitação fiel da Profª. Sprout. - Não pode ter demasiado adubo em torno das raízes.

Rony riu e continuou com a piada Malfoy-esterco, deixando Hermione revirando os olhos enquanto seus dois melhores amigos degeneravam-se no humor escatológico infantil.

Desde que fora mencionado, Hermione olhou de relance sorrateiramente para a mesa da Sonserina. Com certeza, Draco Malfoy estava lá, ladeado por Crabbe e Goyle, como dois apoios de livros gigantescos guardando um livro diminuto. Assim que ela o viu, o jovem homem loiro olhou para trás e fez um contato visual.

Recusando-se olhar para baixo, Hermione olhou furiosamente audaz para ele para vê-lo afastar o olhar antes. Em vez de intimidá-la, Draco sorriu e murmurou algo, que estava demasiado longe para compreender, mas deveria ser indubitàvelmente lascivo pela maneira lenta que ele lambia seus dentes superiores. Hermione simplesmente o encarou mais uma vez e fez um gesto obsceno que ela aprendera na escola preliminar com o tipo de crianças que sua mãe não tinha aprovado como companheiras. Ele provavelmente não sabia o que o gesto significava, mas era o pensamento que contava.

Hermione jamais se considerara propriamente bonita, jamais desperdiçara realmente mais do que o tempo ocasional que se comparava a suas colegas de sala para se arrumar, ou considerava se os meninos prestavam atenção nela ou se comentavam sobre seu corpo. Seus dois anos de namoro com Rony Weasley consistiram em finais de semana de Hogsmeade, segurando as mãos e alguns amassos ocasionais nos corredores. Sua pressão para aumentar o nível de intimidade entre os dois fora o fim do relacionamento propriamente dito, ao invés de melhorá-lo. Ela não tinha certeza dos sinais sexuais que Draco emitia para ela e suspeitava profundamente das verdadeiras intenções do sonserino.

- Hermione! - Harry chamou. - Está quase na hora da aula. Você vem ou não?

- Realmente, eu vou, mas somente esta vez mais. Eu estou abandonando as aulas de Aparatação.

- Você está o que? - Rony perguntou. - Você estava louca para fazer estas aulas desde a última vez que você caiu da sua vassoura!

- E eu nunca me esqueci disto, obrigada mesmo assim.

As sobrancelhas escuras de Harry franziram e ele deu uma olhada rápida para Rony antes que ele perguntasse por que ela estava desistindo.

- Madame Pomfrey pediu que eu me torne uma espécie de enfermeira. Não é realmente um programa de aprendizagem ou qualquer coisa do tipo, mas é muito interessante. Disse que eu poderia preparar poções para ela e a ajudar com os estudantes e afins. Eu posso ter aulas de Aparatação a qualquer hora, mas desta maneira eu aprenderei tudo sobre poções medicinais e primeiros socorros bruxos…

- Basta, Hermione - interrompeu Rony. - Nós temos um monte de coisas para aprender e todos os livros no mundo para ler. Eu deveria saber que não tinha livros suficientes de Aparatação para você.

*****

O Prof. Flitwick ficou naturalmente decepcionado porque Hermione saiu das aulas. Hermione pensou ter visto uma expressão de vacilo mais tímida e estranha, o que a fez imaginar quantas meninas já tinham abandonado Aparatação antes e pela mesma razão que ela, mas o bruxo minúsculo aceitou sua explanação sem perguntas demais.

O fim de semana passou sem novidades, cheio de deveres de casa e a visita obrigatória a Hogsmeade onde ela se juntou a Rony e Harry enquanto visitaram seus lugares favoritos. Eles a abandonaram quando ela exprimiu sua intenção de visitar a livraria e os incentivou sutilmente a se encontrar com ela mais tarde. Harry tinha planos para encontrar-se com Gina de qualquer maneira para uma cerveja amanteigada, e Rony estava disposto a gastar o tempo com sua irmã, mesmo que se queixasse sobre quanto tempo Harry e Gina gastavam no que ele chamava de comunicação não-verbal.

Isto deu a Hermione a oportunidade de navegar na seção de maternidade e infantil sem preocupar-se em ser vista. Infelizmente, a maioria dos livros parecia ser escrita para tolos absolutos, e ela saiu depois de gastar diversos minutos folheando livros completamente cheios de fotos de bebês felizes e rechonchudos e capítulos que enalteciam todas as alegrias das fraldas, brotoejas e do treinamento no troninho.

Meio aliviada, meio desapontada porque não levaria um livro sobre gravidez para Hogwarts, Hermione se juntou à seus amigos no Três Vassouras e fingiu ter um desagrado repentino à cerveja amanteigada, preferindo em troca uma cidra não fermentada.

A aula de poções de segunda-feira estava mortalmente maçante, como sempre, mas eventualmente acabou e depois do almoço Hermione retornou à ala hospitalar. Madame Pomfrey passou a tarde explicando seus métodos e regulamentos, ensinou Hermione o encanto para adicionar anotações aos registros médicos dos estudantes, onde encontrar as bolsas de gelo, etc. Hermione fez seu melhor para parecer, apenas levemente interessada quando perguntou sobre Snape. Ela informou que Snape estava se recuperando agradavelmente.

Realmente Hermione não estava mesmo certa de como se sentia sobre o alto e escuro bruxo que fizera de tudo para deixar a sua vida e a dos seus amigos tão miserável por muitos anos. De um lado era mau, sarcástico, e odioso em cada oportunidade. Do outro, era um agente duplo que fora atacado barbaramente por aqueles que espiou, e quase pagou com sua vida por isso. O fato de ser o pai da criança que carregava atualmente era uma coisa que ainda se mantinha travada firmemente num canto antisséptico e sem emoção da sua mente.

Ele não fora tão horrível durante os dois dias que eles levaram para preparar o Vie de la Coeur Elixir. De fato, ele tinha tratado dela com a mesma..., para usar um termo melhor falta de hostilidade com que falava com Madame Pomfrey e o Diretor. Arrastada em sua própria confusão, ela se apegou à idéia de que talvez ele estivesse inseguro em como reagir a ela também.

Passou exatamente uma semana antes que Hermione falasse com Snape outra vez. O trabalho com Madame Pomfrey mostrou envolver menos feitiços e mais folhas dobradas do que ela tinha esperado, e na tarde de sexta-feira ela estava de joelhos, emendando uma tela rasgada com sua varinha. Captou um som em seu ouvido, mas quando olhou de relance para cima, não viu nada. Avançando lentamente, espiou a porta para o corredor que estava ligeiramente aberta.

O cabelo em seu pescoço começou a espetar. Hermione trouxe sua varinha para perto e olhou em torno da enfermaria vazia, procurando por qualquer coisa fora do lugar. Começou a se sentir ligeiramente tola, não obstante manteve sua varinha pronta e esperando que algo chamasse sua atenção.

Ela deu um grito agudo quando ouviu uma voz chamar seu nome. Uma forma negra se materializou no ar e então ela estava cara a cara com Severo Snape, o mesmo sobretudo preto sobre a camisa branca sempre presente. Um encanto depilatório recente tinha deixado seu queixo barbeado, e ele ficou facilmente de pé na fina luz do sol de inverno que se derramava através das janelas.

- Acalme-se, Srta. Granger. Você não está em perigo perto de mim.

Abaixando sua varinha Hermione gaguejou. - Boa tarde, professor.

- Boa tarde. Eu não pretendia assustá-la.

- Está certo, professor. É uma mágica sem varinha? Ficar invisível, eu quero dizer?

O canto da boca dele se contraiu num quase-sorriso: - Eu não estava tecnicamente invisível. E não, não é mágica sem varinha. O feitiço requer uma varinha para ser lançado, mas dissipa-se sob um comando. É uma variação do feitiço "para não ser observado", e você me detectaria dentro de alguns momentos.

Hermione refletiu que Severo Snape poderia ser um professor de Defesa Contra as artes das Trevas acima da média.. Antes que se decidisse se aquilo era uma coisa boa de se dizer ou não, ele falou outra vez:

- Eu estou sabendo que você vai ajudar Madame Pomfrey aqui na enfermaria do hospital num futuro próximo. Ela me pediu que eu lhe mostrasse os preparos das poções mais freqüentemente usadas.

- Sim, professor. Já que eu não posso continuar com as aulas de Aparatação, ela sugeriu que eu poderia ganhar alguns créditos de aulas aqui, e realmente ela precisa de ajuda.

- Não pode Aparatar. Eu entendo - ele disse inquieto. - E você está se sentindo bem?

- Eu estou muito bem, professor - disse-lhe, e mudou rapidamente de assunto: - Eu estou contente de aprender algumas poções novas. Seria uma mudança.

A expressão de Snape mudou apenas ligeiramente, mas suas palavras seguintes foram uma desolação de tédio seco. - Você me deu a entender que Geoffrey Cluny pegou as minhas turmas.

- Sim, - Hermione respondeu logo, combinando seu tom.

- Você tem uma opinião a compartilhar sobre o meu sucessor? - desafiou.

- A coisa a mais positiva que eu posso dizer é que pelo menos, Neville não tem que comprar seus caldeirões em grandes lotes, já que ele não é convidado a fazer qualquer coisa que possa ser chamada de desafio. Eu estou certa que o professor Dumbledore teve que pegar qualquer um para preencher a vaga, mas você teria que fazer muito esforço para achar alguém tão ruim.

- Gilderoy Lockhart poderia ser uma escolha pior - ela adicionou pensativamente -, mas seria uma coisa bem próxima.

Snape riu, quase de encontro a sua vontade, e Hermione ficou espantada com o som natural dele. Quem esperaria que o circunspeto mestre de Poções tinha um riso tão agradável.

- Piedade - ele observou secamente. - Eu estava certo que Longbottom quebraria o recorde este ano.

- Que recorde?

- Eu mantive um registro corrido de quem derreteu a maioria dos caldeirões em suas carreiras em Hogwarts, Srta. Granger. Os gêmeos Weasley fizeram uma contagem impressionante, mais por suas experiências deliberadas que por falta de habilidade, mas Longbottom estava perto de alcançar uma marca recorde.

- Que é? - ela perguntou.

- Quarenta e três caldeirões no curso de sete anos. Uma marca conseguida por uma lufa-lufa em meu terceiro ano como professor aqui, e que me inspirou fazer o máximo para manter o controle em minha sala de aula. Meu predecessor tinha começado a manter a trilha quando a menina estava em sua classe, e eu continuei simplesmente a tradição.

- Eu entendo. - Hermione respondeu, dividida entre o divertimento e o espanto puro neste vislumbre de humor negro de Snape.

O homem virou e fez um pequeno gesto, convidando-a a andar com ele. Hermione obedeceu automaticamente enquanto ele caminhou para o pequeno laboratório, mais lentamente que o caminhar usual que fazia suas vestes se alargarem para fora como asas de morcego, responsáveis por seus inúmeros apelidos, mas sua força aparentemente retornara, e ele moveu-se com facilidade.

- A primeira coisa a ser feita é vasculhar os estoques de Madame Pomfrey e dispor de tudo que está vencido. Eu quero as prateleiras limpas, e precisam ser removidas da luz solar. O bico de Bunsen grande é uma desgraça; vai precisar de polimento. Eu também planejo falar com o Diretor para convencê-lo a mudar as paredes um pouco. Não tenho nenhuma intenção de me enfiar no laboratório apenas porque algum estudante tolo teve uma dor de barriga.

Snape alcançou a porta do laboratório mas, não a deixou completamente aberta, obviamente ele estava julgando o que fazer pela energia de sua ação.

- Sim, professor. Quero dizer, não..., professor, - Hermione gaguejou, tentando catalogar lista de tarefas dele enquanto adicionava as suas próprias enquanto o esperava entrar.

Snape deu-lhe um olhar impenetrável. - Depois de você, Srta. Granger - ele indicou.


Nota do autor: Todas as ervas que eu mencionei são usadas na medicina homeopática mas, por favor não façam isto em casa.

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