Uma Virada do Destino



Uma Virada do Destino

Hinge of Fate

Autora - Ramos

Tradução - Clau Snape

Beta reader - Bastetazazis

Disclaimer: Estes personagens são de propriedade de J.K. Rowling. Nenhum lucro foi obtido pelo seu uso.

Cap. 8


Mais de uma semana se passou enquanto Severo se remoía sobre o dilema que era Hermione Granger, ou melhor, sobre o que poderia fazer para reparar parte dos danos que ele causara. O acordo simples de trabalho entre eles continuava sem atritos, e ela desistira das suas tardes livres de quarta-feira para ajudá-lo, começando com o rearranjo do laboratório. Uma outra bancada e um jogo de prateleiras para estocagem foram adicionados à sala principal, enquanto que a pequena escrivaninha fora banida para a ala de isolamento junto com tudo que não era precisamente necessário ao laboratório. Estes arranjos mal deixaram espaço suficiente para que os dois trabalhassem sem tropeçar um no outro, mas era um ambiente produtivo, não obstante.

Agora, finalmente, ele tinha um lugar para espalhar fora seus papéis e diversos livros de poções, cruzando referências e fazendo anotações nas margens de suas escritas anteriores e consultando freqüentemente às publicações mais recentes. Na outra extremidade da mesa, Hermione estava presente moendo vagens do pântano para o remédio favorito de Pomfrey para dor de barriga, enquanto mantinha um olho vigilante em uma massa seca de alguma coisa imersa em água quente.

Severo discretamente a observava de perto enquanto trabalhavam em suas diferentes tarefas. Há apenas alguns poucos anos ela finalmente compreendera que tentar escovar seus cabelos até ficarem lisos não era muito eficaz para controlá-lo. Ela usava a massa ondulada puxada para trás como sempre, com as madeixas unidas desde a têmpora até o alto da cabeça, deixando o resto preso num rabo que seguia até a nuca. Soltos, mechas de cabelos cacheados caíam de encontro a sua bochecha, balançando delicadamente quando ela se movia.

Voltando-se para seus papéis, ele mal prestou atenção quando ela se levantou e seguiu para o depósito. A caixa elevava-se até o teto, e uma escadinha pequena era necessária para que ela alcançasse as prateleiras as mais elevadas.

- Professor, o que é isto? - ela perguntou, e ele ergueu os olhos para vê-la em pé no banco alto e segurando uma pequena vasilha de vidro. Estava sem tampa e enquanto ele a observava, ela inspirou delicadamente a rolha.

- O que você pensa que está fazendo? - ele vociferou, e se lamentou no mesmo instante quando ela perdeu o equilíbrio perigosamente. Movendo-se o mais rápido que achava possível, botou-se a correr e estava ao lado dela em um instante, derrubando seu banco que fez um barulho no assoalho.

- Eu penso que estou procurando pelos pedaços de pata de centauro - ela respondeu com sarcasmo, agarrando a borda da prateleira mais próxima. - E não me assuste desse jeito - eu quase caí.

- Estou completamente ciente disso, Srta. Granger, e eu agradeceria se você viesse aqui para baixo neste instante. - Antes de esperar que ela reclamasse, ele segurou-a pela cintura e ele mesmo a carregou para baixo. Quando os pés dela estavam seguramente plantados no chão, ele pegou a pequena vasilha dela, junto com a tampa, e a fechou com um enfático clique. Um encanto murmurado rapidamente a selou.

- Agora. Quanto você inalou? Alguma vertigem ou problema com seus olhos? - Ele segurou-a pelo queixo e olhou suas pupilas, julgando a serenidade das íris marrons. Numa distância tão próxima, ele podia até mesmo detectar pequenos toques de verde.

- Apenas um minúsculo sopro, e não - ela lhe disse. – Por quê? O que era aquilo?

- O principal ingrediente do, Gravis Expirato. - Ele pegou uma das mãos dela e comprimiu a ponta de um dedo repetidamente até que ficasse satisfeito com a cor rosada retornando rapidamente cada vez que fazia isso.

- Ai! Eu estou bem, professor. Eu sei muito bem que não devo inalar de sopetão alguma coisa se eu não souber o que é.

- Não importa - disse-lhe, examinando a cor no rosto dela criteriosamente. - Eu quero que você se sente aqui por uns poucos minutos. Diga-me se você se sentir fraca, ou experimentar algum espasmo.

- Francamente, eu estou bem - ela insistiu, mas obedeceu ao gesto dele quando ele moveu seu banco para trás da mesa e a empurrou nele. - Eu mal senti o cheiro. Parecia com Orelha de Leão.

-Humm - ele respondeu distraidamente enquanto examinava cuidadosamente as prateleiras recentemente rearranjadas. - Sim, é um parente do Leonurus, mas é um híbrido especial, criado especificamente para um só uso. Alguns remanesceram depois que eu fiz o Expirato. - Os pedaços de pata estavam em uma prateleira na mesma altura que a cabeça de Severo, o que significava que estavam demasiado altos para a linha de visão de Hermione. Pegou o frasco da prateleira e o colocou na frente dela.

- Aqui - disse-lhe. - Quando você terminar com eles, por favor, deixe-os lá. Eu vou precisar deles mais tarde.

- Sim, professor.

Severo levantou seu banco e recuperou sua pena do chão. Tomando seu lugar, arrumou suas vestes e alisou uma mão pelo seu cabelo, mas sua concentração estava relutante em retornar a sua antiga tarefa. Observou Hermione ralando os pedaços da pata por um momento, então limpou a garganta.

- Eu pedirei que Madame Pomfrey encomende um pouco de raiz falsa de Unicórnio. Se você tiver quaisquer problemas, eu quero que você a procure imediatamente.

- Está certo - Hermione concordou, ligeiramente surpreendida com a preocupação dele. Um dos usos mais conhecidos da raiz falsa de Unicórnio era impedir abortos. - Obrigada.

- De nada. - Sufocando o impulso de bater os dedos ou esmagar a pluma da sua pena, Severo finalmente levantou o assunto que vinha ocupando seus pensamentos nos últimos dias.

- Diga-me, Srta. Granger. A última vez nós falamos sobre isso, você indicou que planejava criar sua criança, ao invés de entregá-la para a adoção. Você mudou de idéia?

- Não - ela respondeu após um momento. - Vamos ver como as coisas vão com a guerra, mas eu quero criar este bebê.

- Eu gostaria de saber se seu coração permitiria que eu visse a criança.

Hermione cuidadosamente depositou o ralador e a borda do casco em suas mãos e olhou fixamente para o homem na extremidade oposta da mesa. A expressão austera era tão ilegível como sempre, mas estas últimas semanas trabalhando próxima à Severo Snape tinham-na ensinado a interpretar pequenos indícios em sua linguagem corporal. A pena nos dedos dele ainda estava inteira, mas os dedos longos a rolavam rapidamente de um lado ao outro, indicando a tensão dele enquanto esperava por sua resposta.

- Naturalmente, professor - respondeu após um momento. - Eu apenas ..., não pensei que você estivesse interessado. Eu pensei que o bebê seria apenas um constrangimento para você.

- Nada pode ser mais embaraçoso, Srta. Granger. Basta dizer que eu estou interessado, e deixar como está.

Hermione continuou a olhar fixamente nele, que retornou sua consideração com um levantar ligeiro de sua sobrancelha.

- Posso lhe mostrar algo? - ela perguntou, finalmente. Com um franzir de testa pela seriedade do pedido, ele assentiu. O franzir apenas se aprofundou quando ela se moveu para fechar e travar a porta que conduzia à enfermaria.

- Ninguém mais está interessado, nem remotamente. Quero dizer, Pomfrey já fez isso tudo antes, e, bem, o Prof. Dumbledore dificilmente ficaria interessado. E eu não posso mostrar à Gina ou ao Harry, ou ao Rony. Oh, eu sei que eu estou tagarelando. - Ela se aproximou dele hesitante, a seguir deu um passo para o lado e atravessou a parede encantada da ala de isolamento.

Quando Severo a seguiu, Hermione parou ao lado de um dos leitos estreitos e empoeirados que estavam comprimidos contra a parede para criar espaço. Sem uma palavra, ela desabotoou sua longa e pesada veste da escola. Deixou-a caindo pendurada pelo ombro, mas abriu-se para revelar um suéter tricotado pouco atrativo acima das suas leggings elásticas.

- Dê-me sua mão - comandou, e quando ele o fez, maravilhada, ela puxou sua varinha e murmurou um encanto curto. Uma ondulação estranha correu pela palma da mão dele, mas nenhuma outra mudança se manifestou.

- É um encanto de sensibilidade - ela explicou. - Eu encontrei-o em um dos livros na biblioteca. Você não conseguiria sentir de outra maneira. Eu estou apenas com três meses e ainda é um bocado cedo para isto. Eu mesma só comecei a sentir alguns dias atrás.

- Sentir o que? - ele exigiu, mas ela não respondeu. Sem abandonar a mão dele, ela rapidamente se deitou e levantou o suéter volumoso, tirando-o de vista. Ele vislumbrou a pele pálida exatamente onde a parte lisa da barriga dela erguia-se para encontrar o cós franzido da calça. A ascensão ligeiramente convexa poderia ser considerada como curvas normais em uma bruxa com um corpo mais amplo, mas não em alguém tão magra quanto Hermione.

- Srta.Granger, eu posso perguntar... - Suas palavras foram cortadas assim que ela puxou sua mão para baixo na ligeira protuberância, forçando-o a inclinar-se sobre ela desajeitadamente. Ele abriu a boca para protestar contra sua postura ridícula quando algo se moveu sob sua mão.

Silenciado, ele sentou-se lentamente na borda da cama na altura do quadril dela. Outras contrações vieram.

Uma vez, numa idéia absurda de Rony e Harry, eles pediram para Hermione carregar um rato no bolso da sua veste. Quando tinha se sentado, o rato explorara os confins da sua prisão, farejando e correndo de um canto para o outro do seu bolso. A sensação divertida de cócegas daqueles pés pequeninos correndo sobre sua pele era a comparação mais próxima que poderia fazer a sensação do bebê que se movia dentro de seu útero.

- Aqui. Você o sentiu? - Sem esperar a resposta dele, ela moveu ainda mais a mão dele até que a ponta de dedos roçasse a leve forma do seu umbigo na borda da cintura. Ela ficou quieta por um momento, a seguir ele sentiu outra vez. Uma vibração curiosa, leve como uma borboleta em sua mão. - Pressione mais um pouco - ela o incentivou, pressionando as costas da mão dele, e quando ele o fez, a sensação se repetiu mais uma vez.

Pela primeira vez que tinha notícia, Hermione viu Severo Snape abismado. Seus olhos escuros arregalados assim que sentiu leves pancadinhas dos movimentos do seu filho, e um olhar de surpresa deixaram suas feições menos severas, aliviando algumas das linhas que pareciam gravadas profundamente em sua testa. Ela se sentira da mesma maneira quando detectou os primeiros movimentos, e ficara agoniada por ser incapaz de compartilhar esse segredo com alguém. Agora, vendo outra pessoa passando pelas mesmas emoções fez com que ela sorrisse com um encanto renovado ao milagre que estava acontecendo.

Somente quando ele moveu a mão para uma nova posição, procurando por mais do movimento esquivo, que Hermione se deu conta da posição tão íntima em que estava. Ela estava deitada com as mãos quentes e grandes dele em sua barriga, e em sua posição vulnerável a presença física absoluta dele era mais que um pouco ameaçadora. Snape era magro, mas não era de maneira nenhuma um homem pequeno, um fato que era inegavelmente evidente enquanto ele se inclinava sobre ela.

A mão dele moveu-se sobre ela outra vez, e a sensação da presença dele pareceu explodir. O conhecimento seco e compreensivo de que Snape tivera sua parte na geração da sua criança não era nada, comparado à percepção física que ele era um homem. Alguma parte elementar dela acalmou sob o toque dele, mas seus mamilos contraíram repentinamente com a imagem mental desse ato. Snape abaixado sobre ela, tocando nela. Sua mente transbordou com a comparação; não queria pensar na violência inerente ao ato que a tinha engravidado, mas ele tivera intimidade com seu corpo. Ela carregava a criança dele.

Os livros médicos lhe disseram que seus hormônios estariam em alvoroço, mas isso era ridículo. Com uma mão em seu estômago parcialmente vestido, seu corpo reagia a Severo Snape com uma fúria de excitação muito além de qualquer coisa que Rony alguma vez tivesse conseguido provocar, mesmo com sua própria vontade e participação ativa. Hermione fechou seus olhos e disse firmemente aos seus mais que estimulados hormônios para se controlarem.

- Perdão - Snape desculpou-se quietamente, removendo sua mão do corpo dela. Ela estava quase pesarosa de vê-lo retirar-se outra vez. - Um encanto muito interessante.

Mortificada com o pensamento que Snape pudesse ter percebido seus lamentáveis desejos, Hermione se sentou e puxou suas vestes em torno dela. A cor fraca no rosto normalmente amarelado dele deixou-a certa disso, até que os olhos dele se encontraram com os dela e ela detectou apenas perplexidade, não repugnância. Ela se viu indagando consigo mesma quando fora a última vez que Snape deixara alguém chegar perto dele.

Nesse momento, Hermione desejou ser melhor ao lidar com pessoas. Ela nunca fora muito boa em fazer amigos, e duvidava que Snape fosse melhor. Até onde ela sabia, ele se dava bem com mais ninguém a não ser Dumbledore. Não tinha nenhum amigo entre a equipe de professores e não confiava em nenhum deles, pelo menos não o bastante para que soubessem que ele estava vivo e secretamente escondido na ala hospitalar. Embora ele tivesse cortado todo contato humano restante, raramente baixava a guarda com Madame Pomfrey e tratava Hermione com uma civilidade imparcial em todas às vezes.

Entretanto, se fosse permitir que Snape compartilhasse a guarda desta criança, então seria provavelmente melhor se estivessem pelo menos em termos amigáveis. O que significava que dependia dela começar isso.

- Se você deseja verdadeiramente estar envolvido com o bebê, professor, então eu não tenho nenhuma objeção.

Hermione detectou a tensão na postura de Snape diminuir discretamente e felicitou-se em supor corretamente. Deu-lhe um sorriso ligeiro, e adicionou: - Deixaria coisas mais fáceis para ele, quando ficar mais velho, conhecer um bruxo que possa falar sobre algo mais além de Quadribol.

Uma contração no canto da boca deixou-a saber, que a piada fora apreciada. Rony e Harry eram seus melhores amigos, e certamente fariam parte do seu futuro.

- Então eu vou considerar que é meu dever dar à nossa criança o reconhecimento de algo mais além de vassouras e campos de Quadribol - ele disse suavemente.

Hermione sorriu fazendo uma careta com aquilo e o precedeu de volta ao laboratório, abotoando suas vestes e recomeçando suas tarefas. Jamais lhe ocorrera notar o fato de que ele usara o termo “nosso” para se referir ao bebê que crescia sob seu coração.

*****

Uma vez que os sinos da tarde soaram, Hermione pegou sua mochila e deixou a ala hospitalar para terminar seus deveres das aulas da manhã. Também enterrados em sua mochila, havia diversos esboços de uma carta à seus pais, mas ela estava estranhamente relutante para contar sua situação a qualquer hora em um futuro próximo. Embora o assunto estivesse prestes a se tornar aparente cedo ou tarde, era mais fácil adiar a escrita da notícia que certamente seria devastadora para seus pais. Eles poderiam até mesmo insistir para que ela deixasse Hogwarts, e aquilo era uma coisa que ela não poderia arriscar.

Por mais confortável que pudesse ser a sua decisão de adiar a escrita da carta outra vez, Hermione fez seu caminho até a biblioteca para se concentrar em seus deveres. Tinha diversas coisas para pesquisar para uma redação de Feitiços e o trabalho manteria sua mente longe dos seus pais e a eventual necessidade de contar-lhes que estavam na iminência de se tornarem avós. Entretanto, assim que ocupara uma mesa na biblioteca e espalhara seus trabalhos, Hermione encontrou dificuldade para se concentrar na tarefa em mãos.

Não era a carta inexistente, entretanto, que a distraíra. Os pensamentos em torno de Severo Snape continuavam a se intrometer, junto com o arrepio ocasional da excitação que acompanhava a lembrança da mão dele em sua barriga. Fechar os olhos apenas trazia de volta a visualização do longo torso de Snape ligeiramente inclinado sobre ela, e bloquear essa memória fez apenas com que a voz dele ecoasse na sua memória.

Justificando sua busca pelo fato de que seu filho algum dia faria estas perguntas, Hermione perambulou até a seção dos ex-alunos de Hogwarts. Ela sabia que Snape fora contemporâneo ao pai de Harry, Tiago, e começara com os anais daqueles anos da escola. As informações sobre ele eram escassas, mostrando apenas um menino magro e extremamente orgulhoso, com um nariz a que não ele ainda não estava habituado e uma mecha isolada de cabelo preto que se movia continuamente pelo seu rosto.

Havia poucas fotos do seu último ano na escola; foi listado como membro do Clube de Duelos e do time de Quadribol da Sonserina, que perdera a copa para a Grifinória naquele ano. Ganhou também um prêmio escolar por seu projeto especial de poções naquele ano, e fora feita uma menção sobre seu ingresso à escola de Alquimia de Oxford depois que se formou. Olhando a foto de um Snape magrelo de dezoito anos (que se recusava a acenar como nas outras fotos), ela teve que admitir que os anos seguintes não foram fáceis para ele.


O “quem é quem” da Mestres em Poções Internacional o mostrava como um membro de boa reputação e incluía uma lista respeitavelmente longa das suas patentes, mas ao contrário de muitos de seus colegas, não pertencia a nenhuma subcomissão e não estava envolvido atualmente em nenhuma pesquisa. A pequena foto dele mostrava o mesmo rosto longo e sisudo, moldado pelo cabelo preto liso e frouxo que ela via quase todos os dias, e não deveria ter sido o responsável pela sensação de aperto que percorreu o seu corpo.

Cedendo ao impulso, Hermione reconstruiu inteiramente os quarenta e cinco segundos do tempo que Snape tinha tocado nela, deliberadamente torcendo toda a sensação de prazer até que ela conseguisse rever a cena sem mais nenhuma emoção. O homem tinha duas vezes a sua idade e as coisas eram diferentes, ela nem deveria saberia que ele não esteve no Canadá, ou qualquer outro lugar para o qual ele supostamente fora durante sua licença sabática. Seja sensata, ela disse a si mesma. Ela não era nada se não fosse sensata, e uma opinião sólida na mente sobre seu corpo significava que ela poderia controlar suas tolas explosões hormonais e deixá-las obedientes. Ela podia estar curiosa sobre o homem, mas não ESSE tipo de curiosidade.

Hermione guardou o livro na prateleira e decidiu-se que já cedera o bastante ao seu desejo. Ela tinha que estudar e, em todo caso, ficar obcecada sobre Severo Snape era uma oferta perdida, não importasse o que fosse. Se a atual trégua e falta de hostilidade que eles experimentavam pudessem ser permanentes, eles poderiam se tornar amigos, mas qualquer coisa a mais era uma ilusão que precisava ser desencorajada. Dispensou ao seu corpo fora de controle uma ordem severa e determinada para ignorar a sensualidade perturbadora que o homem evocava.

Apesar da sua incursão ao passado de Snape, Hermione terminou o seu trabalho bem antes do jantar e decidiu se juntar aos desocupados que se dirigiam para a torre da Grifinória. Colin Creevey chamou por ela enquanto ela subia as escadas, e ela parou para esperá-lo. Por um momento, pensou ter visto Draco Malfoy parado ao pé da escada, mas quando olhou outra vez, não havia mais ninguém lá.

Dentro da sala comunal da Grifinória, os estudantes espalhavam-se ao redor, alguns trabalhavam letargicamente em seus deveres de casa, mas a maioria simplesmente estava feliz pelo dia ter acabado e esperavam chegar a hora do jantar. Em uma das mesas pequenas, Rony, Gina e Harry estavam conversando com Parvati Patil, e Hermione deslizou junto a eles e foi rapidamente tomada pela sensação de que a história se repetia.

- Eu não posso acreditar em vocês dois - Parvati dizia, obviamente irada. - O teste é amanhã, por amor à Circe. Como vocês vão fazer isso dar certo?

- Sempre funcionou antes, resmungou Rony.

- Por que motivo você ainda está fazendo Adivinhação, Rony? - Hermione perguntou levemente. - Eu estou surpresa que vocês não tiveram que abater galinhas para ver o que suas entranhas lhe dizem.

- Algumas pessoas não têm nenhum dom - Parvati fungou em uma clara imitação de Madame Trelawney. - Vamos, dê-me a sua mão. - Ela fez uma careta quando a mão levemente suja e calejada por causa da vassoura pousou na mão dela, mas inspecionou-a com cuidado.

- Oh, isso é realmente interessante. Veja aqui, sua linha do amor é muito distinta, mas eventualmente junta à sua linha da vida. Você terá muitas namoradas, mas você não se encontrará com sua alma gêmea por um tempo muito longo.

- Realmente? Quanto tempo?

- Difícil de dizer. É um bocado borrado, o que pode significar que você a conhecerá por um tempo antes de se apaixonar por ela. Mas definitivamente é alguém que você ainda não conhece.

- Vaca sabida - Gina murmurou sobre o ombro para Hermione. As duas se tornaram amigas próximas enquanto Hermione estava namorando Rony, e Gina ficara tão decepcionada quanto qualquer um quando ficou claro que Hermione não se tornaria sua cunhada.

- Mas quando? - Rony exigiu. - Quanto tempo eu tenho?

- Eu diria..., hum..., mais ou menos quando você tiver uns quarenta.

- Quarenta! Isso é brilhante!

- Que? - Gina exigiu quando Harry bufou de rir. - O que é tão brilhante sobre isto?

- Bem - disse Rony razoavelmente -, significa que eu viverei pelo menos até os quarenta, e que eu não tenho que me preocupar sobre começar nada sério com alguém até lá. - Olhou para Hermione e a seguir afastou deliberadamente o olhar, e Hermione sentiu seu rosto enrubescer

- Ai! Ei, essa doeu! - Rony gritou quando sua irmã e seu melhor amigo deram cada um, um chute em sua perna. - Prá que isso?

- Por ser um idiota estúpido - Harry informou-o.

- Exatamente - confirmou Gina. - Está certo, então. Leia a mão do Harry.

- Absolutamente não - Parvati recusou. - Apenas olhar para a mão dele faz a minha cabeça doer. A última vez eu tentei dizer o futuro dele eu tive uma enxaqueca por horas.

- Então leia a da Hermione - Rony disse inesperadamente. - Ela tem um futuro brilhante à frente dela, não é?

Apesar dos seus protestos, Hermione foi projetada para frente e empurrada para a cadeira que Gina desocupou para ela. As mãos morenas claras de Parvati pegaram as dela e ela perscrutou os vincos e as linhas da sua palma.

- E então? - Hermione instigou.

- Você não acreditará nisto - Parvati começou.

- Provavelmente eu não acreditarei de qualquer maneira - Hermione disse.

- Eu diria que sua vida tem, ou logo terá, uma mudança enorme de destino, que você não está esperando.

- Deixe-me adivinhar. Um estranho alto, obscuro e bonito vai me derrubar.

- Acertou na primeira - disse Parvati simplesmente, e soltou sua mão.

Hermione riu. Snape ERA alto, e obscuro, e ele poderia tê-la derrubado do banco quando este cambaleara com ela em cima, mas aquela era somente metade da predição e cinqüenta por cento era o que se esperava quando se falava de uma adivinhação - ou apenas uma suposição descontrolada.

*****

Atravessando a parede encantada do laboratório até a ala de isolamento, Severo Snape pôde ver os fartos cabelos enrolados de Hermione que estavam pendurados ao nível do joelho e parou abruptamente.

- Srta. Granger? - questionou, e ela olhou para cima de repente. Ela estava ajoelhada no chão próximo à mesa, sua cabeça praticamente para baixo. Livros e outros deveres estavam espalhados pela mesa, e diversas folhas de pergaminho se penduravam acidentalmente da prateleira do depósito.

- Deixei cair minha pena - ela explicou, recuperando-a do chão atrás da mesa. Ela se levantou e puxando uma cadeira de volta ao seu assento.

- Eu vi. Hoje é quinta-feira, não é?

- Sim, é.

- Ah. Então eu não tenho nenhuma razão para duvidar da minha sanidade. Diga, por que razão você está aqui? - As palavras eram mais afiadas do que pretendia, mas a aparição repentina dela era preocupante. Ele sonhara com ela ainda na noite passada, nesta mesma sala, e vê-la aqui agora era mais que uma pequena perturbação.

Severo tinha passado toda a tarde de quarta-feira trabalhando no mesmo laboratório com Hermione e estivera no ponto de perguntar à ela uma coisa mais vezes do que poderia contar. No final, ele desejara a ela uma boa tarde e observara sua saída sem exprimir o pedido que começara a dominar seus pensamentos - para ela fizesse o encanto sensitivo mais uma vez.

Para um homem que estava convencido que detestava crianças, especialmente quando isso envolvia ensiná-las uma matéria que elas se importavam muito pouco, Severo ficara relutantemente encantado com a vibração dos movimentos do seu próprio filho. Sua curiosidade crescera rapidamente para um fascínio, e quando ele foi dormir na noite anterior, estava determinado em pedir que ela fizesse aquilo outra vez, não obstante o que custaria à sua dignidade.

E uma vez que adormecera, sonhou que ela concordava. No mesmo leito de antes, um que ficava somente dois metros atrás dele, a Hermione do sonho tinha se deitado e puxado seu suéter para cima. Mas ao invés de colocar a mão dele na sua barriga grávida, ele a agarrou e pressionou-a contra o colchão, ignorando os sons de seus choramingos aterrorizados e a beijando-a selvagemente. O som da risada de Lucio Malfoy o trouxe de volta para sua vigília, com o coração dilacerado, no seu quarto silencioso e vazio, e fora impossível voltar a dormir.

- Sinto muito, professor. Não quis ser intrometida. - Hermione juntou seus papéis, mas seu jeito pensativo e arrasado o incomodava e o fez arrepender-se ainda mais do seu tom ríspido.

- Você não está sendo intrometida. Entretanto, estou curioso para saber por que você está aqui quando não precisa.

- Isso não importa - ela disse-lhe que com o levantar de um ombro cansado. - Eu só estou me escondendo hoje.

- Escondendo? De quê, eu posso saber?

- É de quem. Draco Malfoy.

- Malfoy? Explique - disse secamente, usando a mesma voz que exigia obediência imediata dos alunos, e a que ela já estava condicionada.

- Todos os dias desta semana, Draco ficou me esperando na escadaria da torre da Grifinória quando as aulas da tarde acabam.

- Esperando - Severo repetiu, como que para confirmar.

- Tudo que ele faz é me observar andando perto dele, mas eu não conseguiria tolerar ver a cara dele hoje. Eu pensei em vir aqui então.

Agitado, ele andou lentamente pelo quarto, passando por trás da cadeira dela. - Ele disse alguma coisa pra você?

- Não. Ele não me disse mais nada desde a última vez que tentou me agarrar.

- Quando foi isto? - Severo perguntou.

- Aproximadamente há um mês. Eu ameacei azará-lo com uma mudança de sexo.

- E porque você não o delatou?

- Eu estava preocupada com outras coisas naquele dia.

Snape ficou silencioso por um momento. - Você disse que ele a agarrou? Como?

- Ele agarrou meus pulsos e me empurrou de encontro à parede.

- O que ele disse então?

Quando Hermione não respondeu imediatamente, Severo se virou para olhar para ela. Os olhos estavam no chão, e o rubor da face o fez desejar não ter insistido nisso, mas já era tarde.

- Ele disse..., disse que se eu era boa o bastante para você, então eu seria boa para ele também. Que eu era a sua vagabunda e, então, tentou me beijar. Bem, ele me beijou mesmo.

Horrorizado, Severo não conseguiria deixar de perguntar, mesmo que estivesse sob uma Imperio, embora temesse ouvir a resposta. - E então?

- Então eu o mordi - ela disse com satisfação.

Snape, sem querer, bufou divertidamente.

- Ele sabe o que aconteceu, não sabe? - ela perguntou, desta vez não tão confiante.

- Obviamente o pai dele deve ter contado algumas partes da história.

Recomeçando seu caminhar, Severo não queria falar. Queria encontrar Draco Malfoy e machucá-lo. Gravemente. Em vez disso, deixou seu ritmo agitado e se aproximou ao lado de Hermione, onde deixou-se cair ajoelhado ao lado da cadeira dela, seu rosto no mesmo nível do dela.

- Tenha cuidado, Hermione. Não esteja sozinha com o jovem Malfoy. Não permita que ele se aproxime de você, não importa o que tenha que fazer.

- Eu sou a monitora-chefe, sabe? - Hermione o lembrou. - Se eu não posso lidar com um Sonserino insolente, então eu devo devolver meu distintivo. – Ela lembrou-se de repente com quem estava falando: - Sem ofensa, professor.

- De jeito nenhum - disse seco. – Entretanto, você está vulnerável, em sua condição. Mesmo um feitiço de cócegas pode lhe trazer espasmos musculares incontroláveis e fazer com que você aborte.

Os olhos de Hermione se arregalaram assentindo em compreensão, mas Severo colocou sua mão sobre as dela. - Se você precisar de mim e não puder me encontrar aqui, provavelmente eu estarei na galeria superior.

Ela franziu a testa, e ele lhe mostrou a galeria de quadros no andar acima da ala hospitalar. Era não utilizada e estava empoeirada, mas tinha espaço suficiente para deixá-lo passear quando seus quartos se tornaram demasiado confinantes. - Os retratos começam com os quatro fundadores de Hogwarts e vão adiante; nada além de barbas brancas e bruxas que são ainda mais formidáveis que Papoula, que com certeza olharia feio pela minha saída da ala sem sua permissão.

Hermione sentiu apenas uma leve necessidade de defender a medibruxa; apesar de tudo, ela mantivera Harry escondido muitas vezes, não importava o quão ansiosos seus amigos estavam. - Ela pode ser um pouco exagerada às vezes - ela admitiu.

- Se ela se decidir deixar Hogwarts para sempre, eu certamente emitirei referências brilhantes apontando-a como enfermeira-chefe em Azkaban. Uma vez que agora eu estou à mercê dela, entretanto, eu não tenho outra escolha senão concordar.

- Mas você conseguiu escapar dela - Hermione comentou, pensando do encanto de encobrimento que ele usara para andar através da ala hospitalar.

- Bem, eu sou um bruxo, senhorita Granger. Eu tenho mais coisas na minha manga que meu braço. - Com ar superior puxou uma polegada ou mais do ébano preto da sua manga esquerda. Como muitos bruxos, ele mantinha sua varinha na manga, onde ficava de fácil alcance e não aparecia inesperadamente como o bolso costurado para varinhas nas vestes da escola. Hermione nunca prestara verdadeira atenção à varinha de Snape; ele raramente a usava e já deixara sua opinião sobre os movimentos tolos de varinha perfeitamente claros no primeiro dia de aula.

O longo pedaço de madeira era estranhamente fascinante para ela, que teve um impulso repentino de tirá-la para fora e agarrá-la. Controlou-se, entretanto, uma vez que tal ação seria incrivelmente rude e uma violação das regras mais básicas de etiqueta bruxa. A maioria dos bruxos preferiria compartilhar de sua escova de dentes a deixar alguma outra pessoa segurar sua varinha.

O impulso passou assim que Snape escondeu a varinha sob o punho preto do seu casaco, mas Hermione vislumbrou a leve borda cinzenta da marca negra na altura do pulso, o que iniciou outra série conexões mentais impulsivas a que ela se referia como uma Idéia Brilhante.

- O Prof. Dumbledore está realmente em desvantagem sem você para ficar de olho em Voldemort, não é? - perguntou seriamente.

- Eu não daria tanto valor para minhas atividades precedentes, mas neste estágio, a perda de qualquer espião é demais.

Hermione assentiu e empurrou um fio frouxo de cabelo para trás da orelha. - Eu sei que não é muito, mas há alguns jornais que publicam todo tipo de lixo.

- Sim, é chamado de Profeta Diário - ele falou arrastado.

- Não, não eles, embora sejam tão ruins quanto. Estou falando sobre jornais trouxas. O Sentinela, e semelhantes. Estão sempre cheios de porcarias como a esposa do Primeiro Ministro é um alien e coisas assim. - Ciente da impaciência oculta de Snape, apressou-se. - A coisa é: no último verão, eu estava limpando o consultório dos meus pais e me deparei com um que dizia que uma casa fora explodida por adoradores do diabo. E na foto, eu poderia jurar ter visto a Marca Negra sobre os entulhos.

- No último verão, você disse? Você recorda a data, ou onde estava?

- No início de agosto, talvez, e eu acho que era em Basingstoke.

Snape puxou da memória. - Eu perguntarei ao diretor se ele soube de algum ataque. - Franziu a testa pensativamente para Hermione. - E você acha que estes jornais poderiam nos dar a informação que nós não temos - ele concluiu.

- Cada pequeno pedaço ajuda - ela respondeu.

- Eu falarei com ele hoje à noite - Snape lhe disse. – Enquanto isso, faça uso daqueles dois palhaços que você chama de amigos. Diga-lhes o que quiser, mas não corra mais riscos. Draco Malfoy pode ainda não ter se afundado ao nível do pai, mas está perigosamente inclinado e eu acho que as chances dele escapar do caminho que Lúcio Malfoy planejou são nulas.

*****

Pouco antes da meia-noite, Severo Snape encontrou-se outra vez andando furtivamente pelos longos corredores de Hogwarts enquanto tomava o caminho para o escritório do Diretor. Uma vez lá, ele se serviu do único malte escocês que Dumbledore mantinha trancado no fundo de sua mesa, e como reflexo, ofereceu-se para servir ao Diretor um copo da sua própria bebida.

- Não, obrigado - Dumbledore recusou polidamente, prestando atenção ao seu antigo Mestre em Poções sorvendo o líquido âmbar e movendo-se agitado pelo escritório.

- A Srta.Granger veio com uma idéia interessante esta tarde - Severo começou, dispensando qualquer conversa tola e diretamente colocando a idéia para fora: - Pode ser um desperdício de tempo, vagar através dos jornais trouxas por palpites sobre as atividades dos Comensais da Morte, mas é tudo que tenho em minhas mãos nestes dias.

- Muito bem - Dumbledore concordou. - Eu farei os arranjos para que Hogwarts assine alguns destes jornais mais sensacionalistas. Você pode precisar recorrer à senhorita Granger para explicações de algumas das referências trouxas, mas eu confio na discrição dela.

- Ela é muito discreta - Snape concordou. - Demasiadamente até. Draco Malfoy vem assediando-a.

Alvo Dumbledore inclinou-se para frente, sua preocupação aparecendo no rosto. - Verdade?

- Nada evidente, mas ele está sendo um tanto descarado em suas atenções. Se ele descobrir que a Srta. Granger está grávida, Lucio Malfoy saberá imediatamente.

-Eu não posso fazer nada para expulsar o menino - meditou o Diretor. - A menos que ele cometa um ato grave o bastante para fazer o conselho escolar resistir à pressão que o Malfoy sênior faria para readmiti-lo.

- Se Lucio souber que ela está carregando um filho meu, nem sei o que ele faria com ela para me atingir. Eu farei o que for necessário para manter Hermione fora de suas garras; a última vez foi mais que suficiente.

- Severo - Dumbledore começou seriamente -, apesar de qualquer inimizade pessoal que exista entre você e Lucio Malfoy, o bebê que Hermione está carregando tem pouca importância como um objeto de barganha. A criança foi concebida no Samhain, e pela força. Isso é uma circunstância favorável que tremo em considerar.


- Os Malfoys não acreditam nos velhos hábitos - Severo replicou. - Não têm nenhum respeito pelos rituais antigos, mesmo os mais sombrios.

- Mas Voldemort certamente tem - Dumbledore se opôs. - Olhe o que Lílian Potter fez apenas com a mágica sem varinha do amor de uma mãe pelo seu filho.

- Mágica primitiva - Severo disse com um pigarro. - E custou-lhe a própria vida.

- Não confunda elementar ou primitivo com ineficaz, meu menino. Afinal de contas, um porrete é bem primitivo, mas eu não desejo estar na extremidade final de um deles.

Prestando atenção ao bruxo mais novo encostado contra a moldura da janela, ferozmente zangado, Dumbledore sorriu consigo mesmo. Apenas um mês atrás, o homem mal falava mais que uma frase por vez e se recusara a participar dos esforços mais básicos para salvar sua própria vida. Agora, estava aqui, irritado e esperto, e era mais uma vez mais o aliado que Dumbledore valorizara por tanto tempo.

Bravo, Srta. Granger - pensou consigo mesmo. Bravo.









N/T - Esse capítulo é fofo demais!!!!!!!!! Eles começando a se perceber mais fisicamente, e o cuidado dele com ela, ai meus sais. Novamente agradecer à Carlinha por ser uma beta tão adorável. Espero sinceramente que vocês estejam gostando dessa fic. Beijos Clau.

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