Ligações & Convocações



a fronte praecipitium a tergo lupi (a partir do rosto apoderado, a partir do corpo do Lobo)

“Enervate”.

Hermione atravessou a escuridão cega, piscou seus olhos abrindo-os, e viu mais escuridão. Ela gritou com uma voz abafada, e a escuridão desapareceu, substituída por uma luz pálida amarela e um rosto ansioso se curvou sobre ela. Era Sirius, segurando um pano úmido em uma mão. “Hermione,” ele disse. “Você está bem? Você sabe quem sou eu?”.

Ela acenou com a cabeça, sentindo pontadas de dor florir atrás dos olhos dela enquanto ela fazia isto. Devagar, ela começou a registrar a sua viziinhança: ela estava deitada em uma poltrona da sala de estar dos Weasley, e havia um cobertor sobre ela. “Harry,” ela sussurrou. “Draco? Os outros...?”.

“Ron e Ginny ainda estão inconscientes,” disse Sirius, sem olhar para os olhos dela. “Aconteceram golpes com feitiços Estuporantes, como você vê”. Ele hesitou. “Nem Draco nem Harry estão aqui. Hermione, o que aconteceu?”.

Lágrimas explodiram de seus olhos. “Eles não estão aqui? Onde eles estão?”.

“Eu não sei”.

“Sirius, eles estariam-“.

Sirius segurou uma mão dela. “Eles não estão mortos,” ele disse. “Harry, pelo menos, está bem, e eu não posso imaginar que quem quer que seja que os tenha pego, teria matado Draco e deixado Harry vivo”.

“Como você sabe que Harry está bem?”.

Sirius se inclinou mais adiante e estendeu sua mão direita para a capa de um livro. No seu pulso havia um bracelete de prata plano que Hermione vagamente recordou que já o tinha visto antes. Nele havia cravado uma pedra vermelha escura que brilhava como olho de crocodilo, que brilhava quando a luz a atingia diretamente. Chegando mais perto, Hermione pode ver que este efeito vinha de um ponto de luz brilhante de dentro da própria gema. “Eu encantei este bracelete a muito tempo atrás, apenas usando algum cabelo que eu tirei do Harry enquanto ele dormia. É um simples feitiço Vivicus. Enquanto a gema produzir luz constantemente, Harry está vivo e saudável”. Ele sorriu para Hermione - não um sorriso verdadeiro e genuíno, ele percebeu, mas ele tinha em vista reconfortá-la, e ela apreciou isto. “Meu treinamento de Auror não foi inteiramente desperdiçado, parece”.

Hermione fechou seus olhos, tentando pensar através da dor em sua cabeça, que palpitava em pulsações estáveis que dizia lastimosamente: Harry-Draco-Harry. “Onde está Narcissa?” ela sussurrou. “E por que você não acordou Ron e Ginny?”.

“Narcissa Aparatou no Ministério para alertar os Weasleys - eles devem estar aqui em poucos segundos. E eu não acordei Ron e Ginny, Hermione, porque - porque Charlie está morto”.

Isto levou Hermione a se sentar, a despeito da pontada de dor na sua cabeça. “Morto? Charlie?”.
Sirius confirmou com a cabeça, seu rosto tenso e deprimido. “Nós encontramos seu corpo na cozinha. Alguém o atingiu com a Maldição da Morte”. Ele parou. “Hermione - quem foi? O que aconteceu?”.

Hermione sacudiu sua cabeça, desnorteada. Charlie não estava morto, ele não poderia estar morto, isto não fazia nenhum sentindo; havia alguma coisa de errado, alguma coisa muito, muito errada, um pedaço do quebra-cabeça que não estava se encaixando - a mão direita de Hermione levantou automaticamente e se fechou em torno do Lycanthe. Imediatamente, ela se sentiu mais calma, mais capaz de respirar normalmente. Ela olhou para Sirius, viu o sofrimento em seu rosto, o tormento terrível.

“Sirius,” ela disse. “Me diga você o que aconteceu”.

***Quatro horas mais cedo***

Fitando em seguida Ginny enquanto ela corria para fora da cozinha para encontrar Draco, Ron balançou sua cabeça. “eu não sei o que ela vê nele,” ele disse com raiva, olhando furioso para seu leite. “Eu simplesmente não entendo”.

Hermione parecia como se tivesse algum para dizer sobre isto, então retornou hesitante para o seu livro.

“Ron, você não sabe se está acontecendo algo entre eles. Talvez, eles sejam apenas amigos,” disse Harry diplomaticamente.

Ron olhou por sobre Charlie que estava parado perto do fogão. “O que você acha?”.

Charlie deu de ombros. “Isto é assunto da Ginny, não é?”.
Ron bateu seu dedo impacientemente na mesa. “Vamos, Hermione, vocês são garotas. Ela deve ter dito alguma coisa para você sobre Draco”.

Hermione não tirou os olhos de seu livro. “Ela disse que ele é um viking de mochila”.

Ron engasgou com seu leite.

Hermione olhou para ele e deu uma risada. “Eu estou apenas brincando”. Ela retornou para o As vidas dos Fundadores de Hogwarts. “Ginny nunca disse nada para mim sobre Draco. Sim, eu acho que ela gosta dele. Ele gosta dela? Eu não sei. Ele tem estado muito ocupado ultimamente, então, ele tem em sua mente outras coisas além de garotas. Por outro lado,” ela acrescentou, “é de Draco que nós estamos falando, então talvez não”.

Os ombros de Harry sacudiram com uma risada silenciosa. Ron, entretanto, estava olhando furioso para ela. “Volte para sua leitura, Hermione,” ele falou por entre os dentes. “Você não está sendo de nenhuma ajuda”.

“Conhecimento é poder, Ron,” ela disse com exatidão. “Além disto, este material é realmente fascinante”. Ela bateu a página do livro com seu dedo. “Slytherin era chamado de Lord Cobra, não está claro se por causa de sua habilidade de se transformar em serpente ou por sua habilidade de manter cobras como animais de estimação. Outra escola de pensamento sustenta que o apelido data de sua sobrevivência a picada mortífera da cobra Diamante Verde, da qual se sabe que o veneno é fatal”.

“Estou esperando ser fascinado,” disse Ron, se aproximando e parando de pé atrás da cadeira dela e olhando, sem muito interesse, para o livro dela.

Hermione fez uma careta para ele. “Slytherin sobreviveu a mordida de uma cobra,” ela disse com altivez. “E isto deixou uma cicatriz no seu braço que mais tarde se tornaria a inspiração para a Marca Negra. Ele a usava para identificar seus seguidores. Ele devia queimar a marca na pele deles com um feitiço Bruciatura. Vocês não acham isto interessante?”.

“Ao contrário,” Harry forçou um sorriso. “Eu acho que eu falei para nós tudo enquanto eu bocejo e caio no sono”.

Ron forçou um sorriso. “Bem, se eles em algum tempo começarem uma nova classe na escola chamada “Derrotando o Mal através de bastante Leitura”, Mione, você estará no topo de nosso ano”.

“Ron, eu já estou no topo do nosso ano”.

“Eu sei disto,” disse Ron. “Quem é o segundo, de qualquer jeito?”.

Hermione sorriu em silêncio abaixando seu livro. “Draco”.

“Malfoy?” ecoou Ron, e até Harry parecia surpreso.

“Uh-huh,” disse Hermione.

Hermione mexeu com o seu livro, o fechou e sorriu para os garotos. “Vocês dois,” ela disse, “poderiam estar certamente no topo de nossa classe também, se vocês estudassem. E fazendo falsas profecias na Advinhação, isto não conta, como vocês bem sabem”.

“Estudar?” ecoou Harry em um falso tom de horror. “E jogar fora toda a diversão de ser jovem e estúpido?”.

Hermione sorriu para ele. “Vocês não serão sempre jovens, vocês sabem disto,” ela disse.
“Sim, nós sabemos,” concordou Ron. “Mas nós seremos sempre estúpidos”. Ele parou. “Okay, ninguém precisa se apressar em discordar”.

Hermione bocejou. “Eu estou lendo de qualquer maneira”. Ela deixou o livro de lado e apoiou sua cabeça contra o ombro de Harry. “Na verdade, eu deveria tirar uma soneca”.

“Eu também,” Harry concordou, e beijou o topo de sua cabeça.

“O jantar está pronto,” anunciou Charlie, e enquanto ele destampava a panela, a porta de entrada abriu com uma batida e Salazar Slytherin entrou na casa.

***

Sirius olhou para Hermione incredulamente. “O que, assim à toa? Ele simplesmente entrou?”.

Hermione acenou com a cabeça vagarosamente. “Sim. Ele simplesmente entrou”.

Sirius franziu as sombracelhas. “Continue”.

***

A porta se fechou com uma batida. O som ecoou dentro da cabeça de Hermione, que parecia no momento com uma grande e vazia caverna em choque. Foi como se uma faca tivesse descido, separando toda a sua experiência imediata em duas perfeitas metades. Em um momento, ela estava sentada na confortável e surrada mesa da cozinha dos Weasleys, sua mão segurando a de Harry. Ron em pé atrás dela. E um momento depois, este mundo pareceu ceder inteiramente e tudo ao redor dela era um vazio negro iluminado por um relâmpago estalado.

E lá, através de toda a escuridão, estava Slytherin.

Hermione olhou fixamente para ele, dificilmente consciente das reações dos outros no cômodo - Charlie afastar-se do fogão, Harry agarrar o braço dela, Ron congelado, petrificado de assombro. Ela apenas olhou para Slytherin.

Ela dificilmente poderia se lembrar dele como ele tinha sido antes, foi tão difícil remendar em uma memória coesa os fragmentos de medo, náusea e terror. Mas ela se recordou da escuridão, da tristeza e dos olhos vazios dele, se recordou da mistura de piedade com horror e ódio. Ele parecia vazio, uma concha oca. Mas agora. Agora ele estava vivo, carregado de perigos e poder das trevas, e foi inteiramente possível ver exatamente porque toda uma comunidade mágica foi controlada por ele através do terror e do medo de pronunciar seu nome. Até seu rosto estava diferente; ele parecia com aquele que ela havia sonhado, vigoroso com energia das trevas, o olhar brilhante de agitação e malícia. E jovem. Como era possível ele parecer jovem? Ele parecia mais fortemente com Draco agora, nas linhas impetuosas de seu rosto, nas curvas coléricas de seus ossos.

O que aconteceu? ela pensou em pânico. Por que ele mudou?

Ele vestia uma capa negra adornada com estrelas e luas e revestidas de serpentes, mas suas mãos estavam vazias. Ele não carregava nenhuma varinha. Seus olhos encontraram os dela através da sala. “Rowena,” ele disse.

Harry se colocou de pé tão rapidamente que dificilmente Hermione o teria visto se mover; ele a puxou para atrás dele de maneira tão rude que ela bateu as costas na parede. Ele segurou a mão dela com a sua mão que estava virada para trás, a outra, a sua mão direita, estava esticada diante dele. Hermione podia ver sobre o ombro dele o relógio na parede dos Weasleys, seu mostrador um borrão enquanto os ponteiros que eram Ron e Ginny tinham se movido indicando “Perigo Mortal”.

Um frio aterrorizante tomou conta do estômago dela e ela pode sentir seu coração batendo contra as suas costelas como um animal cativo, preso. Ela levantou sua mão direita e segurou o Lycanthe com ela, fechando seus olhos. Eu não posso deixar Slytherin me levar, ela pensou. Antes, eu prefiro que ele me mate.

Como se ele tivesse escutado seus pensamentos, Harry falou. “Você não irá levá-la,” ele disse, sua voz surpreendentemente firme. “Você terá que passar por cima de mim primeiro”.

“E por cima de mim,” disse Ron atrás dela.

Charlie, que estava parado em pé perto do fogão, estava em silêncio. Suas mãos estavam cerradas com força do seu lado e seus olhos verdes seguiam o progresso de Slytherin através da sala como um olhar que Hermione não conseguia decifrar.

Foi como se eles, Ron e Harry, não tivessem falado. Slytherin continuou andando em direção a Harry e Hermione. Ele moveu-se como um Dementador, ela pensou freneticamente. Uma sombra negra silenciou tudo. Sua capa estava mais negra, havia mais tons sombrios do que necessariamente negro. Parecia sugar toda luz do cômodo. Sobre ele, sua pele estava branco-cadáver. Ela sentiu a compressão de Harry apertando as mãos dela de modo insuportável, e então-.

Um grito se espalhou na sala.

A cabeça de Hermione movimentou-se com rapidez procurando pela origem do som

Ginny estava em pé na base da escada, olhos vazios, a mão dela sobre sua boca, olhando fixamente para Slytherin. Havia uma expressão de absoluto terror em seu rosto.

“Ginny-“ Ron começou a se mover em direção a ela, mas um gesto rápido de Charlie, o fez parar no lugar.

Slytherin virou-se e começou a andar em direção a Ginny. “Helga,” ele disse, seus olhos tão frios e escuros quanto seu rosto machucado. “Você era entre todos nós a que tinha melhor coração. E mesmo assim, no final, você me traiu também”.

Ginny estendeu sua mão e segurou uma cadeira, mantendo-a entre ela e o Lorde das Cobras. “Não se aproxime de mim,” ela sibilou, ferozmente.

“Ou o quê? Você irá me golpear com esta peça de aparência barata do mobiliário? Vá em frente. Você não pode me ferir”.

Tão silenciosamente quanto ela pode, Hermione começou a tatear seu bolso a procura de sua varinha. Ela não podia ficar lá, parada, assistindo, sem fazer nada, enquanto Slytherin avançava em direção a Ginny-.

“Ela disse para você não se aproximar dela,” veio uma voz calma atrás de Ginny. “Mas por outro lado, eu suponho que ouvir não é um dos seus pontos fortes”.

Slytherin parou.

As sombras se dividiram, e Draco se adiantou nas escadas, movendo-se devagar e deliberadamente. Ele trocou seu pijama mas seus pés estavam descalços, e em sua mão estava a espada.

Ele ainda está fraco, Hermione pensou. Ele ainda está ferido, e isto explica porque ele se move tão devagar, mas ele continuou descendo as escadas como se nada estivesse errado, como se a lentidão de seu caminhar não fosse nada mais do que uma expressão de insolência. “Eu acredito que obviamente você possa transformar-se em uma grande cobra e tudo mais. Mas realmente, a qualidade de saber ouvir, você sabe, é também importante”. Ele estava em pé agora na base da escada, próximo à Ginny. Ela ainda estava segurando a cadeira. Draco não olhou para ela, embora ele estivesse obviamente muito ciente de que ela estava ali. Mas seus olhos estavam fixos em Slytherin. “Você veio aqui atrás de mim,” ele disse com uma voz clara e tranqüila. “Por que você não deixa os outros em paz?”.

Slytherin sorriu. Era bem pior do que Hermione teria pensado ser possível. “O que faz você pensar que eu viria aqui atrás de você?”.

Draco empalideceu levemente. Seus olhos se voltaram quase imperceptivelmente para Harry e Hermione. E ela quase saltou de sua pele de espanto. Ela podia jurar que Draco não tinha movido seus lábios, mas, apesar disto ela também podia jurar que ele de repente falou, ela podia jurar que o escutou dizer com urgência para Harry, Saía com ela daqui.

E Harry - Harry respondeu. Distraia ele.

Hermione sentiu a mão de Harry deslizar para dentro da sua - a que não estava segurando o Lycanthe -- os dedos dele se entrelaçaram aos dela, ainda que ele não olhasse para ela.

Os olhos pálidos de Draco se arregalaram, então se estreitaram. Ele olhou para Slytherin. “Se eu estou entendendo, então,” ele perguntou friamente, “a oferta que o Rabicho me fez ainda está de pé?”.

Neste ponto, Slytherin pareceu retesar. Hermione não pode evitar não olhar fixamente para as mãos dele. Elas eram tão longas e pálidas e finas, elas pareciam pernas brancas de tarântulas. “Você não parece saber o que faz,” disse o Lorde das Cobras suavemente. “Mas pense nisto. Una-se a mim, e ninguém mais poderá dizer para você o que fazer de novo. Nem seu pai. Nem ninguém”.

“Meu pai está morto,” disse Draco sem rodeios. Ele levantou a espada como uma barreira entre ele mesmo e o Lorde das Cobras. “Como você bem sabe”.

“Então honre a memória de seu pai e se una a mim. É o que ele queria para você. Foi com este propósito que você veio ao mundo. Ou você não tem nenhuma lealdade no sangue?”.

Draco se manteve em silêncio. Ele tinha estado muito branco, e por um momento Hermione pensou que de fato ele fez um olhar muito parecido com o de Lucius, e ainda mais parecido com o homem em seu sonho, que estava inundado de suor e tinha gritado por causa da dor do veneno em suas veias. Mas quando ele falou, sua voz era controlada e cuidadosa. “Eu não tenho nenhuma lealdade para com o limite entre a fraqueza e corrupção,” ele disse. “Eu quero mais que isto. Você pode me oferecer mais do que isto?”.

As sobrancelhas de Slytherin se curvaram juntas. Diferente de Draco, ele não parecia controlado, simplesmente distante. Mas toda a sua atenção estava focada em Draco, isto era muito evidente. A mão de Harry apertou a mão de Hermione, e ela sentiu que ele começou a puxá-la em direção a porta. Eles se moveram tão silenciosamente quanto foi possível, não se olhavam, apenas avançavam devagar, muito devagar, para a porta que conduzia ao jardim.

“Talvez você não tenha entendido o que os seus sonhos estão falando para você,” disse Slytherin para Draco. “Talvez eu precise te contar uma história”.

“Ooh, eu gosto de histórias,” disse Draco. “Especialmente se uma destas histórias for sobre um alojamento escolar de garotas e envolver melado e guerra de traveseiros”.

Desta vez, Slytherin simplesmente parecia que não tinha entendido nada. Seus longos dedos parecidos com aranhas eram apertados e abertos do lado de seu corpo. Hermione queria gritar para Draco para que ele parasse de provocá-lo, mas de qualquer forma ela sabia que ele estava fazendo isto de propósito. Ele falou para Harry sair dali com ela, Harry e Hermione estavam muito próximos da porta agora. Draco não parecia estar olhando para nenhum dos dois, mas mais de uma vez ela ouviu sua voz, como ela tinha ouvido antes, falando para Harry. Apresse-se e saia daqui com ela.

Isto é o que eu estou tentando fazer!

Draco voltou sua atenção para Slytherin. “Você sabe, nós temos sido anfitriões muito rudes,” ele disse. “Nós podemos oferecer alguma coisa para você beber? Café? Chá? Ácido Clorídrico?”.

“Você não pode me matar,” disse Slytherin.

“Existem muitas coisas que eu não posso fazer,” disse Draco sem alterar a voz. “Eu não posso dançar no salão de bailes. Eu não consigo ver o ponto das pregas das calças. Eu não consigo entender por que as pessoas roem unhas. Eu não consigo fazer um chocolate suflê que não dê errado. Eu não consigo –".

“Sua tentativa de ser engraçado está simplesmente irritante,” disse Slytherin friamente. “Mas as suas tentativas de me distrair são de fato perigosas. Não para mim -- mas para você”.

Ele levantou sua mão.

E várias coisas aconteceram de uma só vez. Draco se moveu para trás rapidamente, puxando Ginny para atrás dele. Harry e Hermione alcançaram a porta e Harry estendeu a sua mão para a maçaneta. E Charlie fez um repentino movimento - saindo do estado de atemorizado, talvez, Hermione não estava certa - e deixou cair a panela do fogão no chão com um ressoante estrondo.

Slytherin virou-se e viu Harry e Hermione na porta. Sua mão se movimentou com rapidez a sua frente, e um jato de cor clara, brilhante saiu da palma de sua mão. Foi como ter colidido de frente com uma onda em movimento, os jogando duramente contra a parede. Hermione mais ouviu do que sentiu o som estalado de sua cabeça contra a parede, e ela se curvou sobre si, protegendo sua cabeça com seus braços. Ela estava cega de dor. Finalmente sua visão clareou, e ela pestanejou, com as lágrimas saindo de seus olhos, ela olhou para cima -.

Para ver Slytherin em pé sobre ela. Ele estava olhando para baixo, estava olhando para ela, e para Harry ao lado dela e havia uma expressão muito bizarra em seu rosto, sem dúvida. Não exatamente de satisfação, não exatamente de ódio, não exatamente outra coisa.

“Coloque-se de pé,” ele disse.

Ambos, Harry e Hermione se colocaram de pé. Hermione viu Draco e Ginny paralisados nas escadas, observando. Draco tinha sua mão no braço de Ginny. E Charlie tinha cruzado a sala para ficar em pé perto de Ron. Ele tinha segurado bem apertado o braço de Ron e parecia estar o impedindo de se mover.

Slytherin deu um passo, não em direção a Hermione mas em direção ao Harry, que permanecia muito tranqüilo embora respirasse com dificuldade como se tivesse acabado de correr. Slytherin contorceu uma de suas mãos brancas como se ela fosse uma cobra, e, para o espanto de Hermione, ele correu a ponto de seu dedo sobre a lateral do rosto de Harry. “Eu matei você,” disse o Lorde das Cobras suavemente. “Eu assisti seu sangue correr para fora de você e sobre as minhas mãos. E isto queimava. Meu primo”. Ele deu outro passo em direção a Harry, que parecia muito chocado para se mover. “E com seus pensamentos agonizantes, você me amaldiçoou. Você bem sabia o poder de uma maldição de morte de um de nosso sangue. E eu que sempre tinha pensado que você era um estúpido”.

Harry recuou para longe do toque de Slytherin, seus olhos verdes se tornando escuros, quase negros. “Eu não sou Godric”.

Slytherin deu um suspiro, e deixou seu braço cair. “Eu sabia quem você era,” ele disse. “Harry Potter. Você matou meu basilisco, a primeira de minhas crianças, minha criação. Se você acha que meu ódio por você é um pouco menor do que meu ódio pelo seu antepassado, você está muito enganado. Você morrerá como ele morreu, e irá para o Inferno engolindo maldições”.

Harry levantou seu queixo. E então ele falou, mas Hermione não podia entender o que ele dizia – sua voz saiu na forma de um assobio, soando como o arrastar de mil serpentes. Ele estava falando língua de cobra.

Tudo o que ele disse, fulminou o cinismo de Slytherin. Seus olhos se estreitaram, e por um momento, ele não se moveu. Então, ele levantou sua mão e golpeou o rosto de Harry.

O som foi como se um chicote açoitasse a sala quase em silêncio. Isto reanimou Hermione; ela saltou em direção a Harry, o puxando para o lado, o Lycanthe em sua mão, se atirando, ela mesma, sobre Slytherin - que sorriu para ela, e levantou sua mão de novo. Um brilho de luz azul saiu de seus dedos, a golpeando no tórax e fazendo ela bater as costas contra a parede. Ela ouviu Harry gritar, e sabia, não sabendo como, ela sabia que ele estava falando com Draco como ele tinha feito antes - silenciosamente.

Me dê a espada! Intimou Harry.

E a voz de Draco. Pegue-a.

Um brilho de verde e prata. Harry levantou sua mão, e de repente ele estava segurando a espada, um pouco sem jeito, mas com força, na sua mão direita. Ela viu Slytherin, seu rosto escurecendo, viu Harry levantar sua mão com a espada nela - e pausa.

Porque Charlie Weasley estava de repente em pé no meio da sala, exatamente entre Slytherin e Harry. Seus braços estavam cruzados; ele encarava Harry, quase como se - como se ele tivesse bloqueando o Lorde das Cobras. “Coloque a espada para baixo, Harry,” ele disse.

Ele parecia pasmo. “Mas – Charlie-".

Charlie estava pálido como a morte, seus olhos brilhavam no escuro. “Harry,” ele sussurrou. “Você não sabe o que está fazendo”.

Ele olhou por cima de seu ombro para Slytherin, que ficou imóvel, seus olhos cheios de sombras. “Coloque a espada no chão”.

Harry hesitou. Seus olhos olharam rapidamente para o lado, a espada foi sendo abaixada bem devagar. E mais uma vez, Hermione podia jurar que Draco chamou Harry através da sala, ainda que sua boca não tenha se movido, e ninguém mais parecia ter ouvido. Não faça isto.

E Harry respondeu. Mas é Charlie-.

Você não pode confiar nele.

É claro que eu posso.

A cabeça de Hermione de repente sacudiu, e ela fitou o relógio na parede. Tinham os nove ponteiros indicando cada um os membros da família Weasley - o ponteiro de Percy estava no “trabalho”, o de Bill dizia “viajando” e o de Ron e Ginny estavam agrupados em “perigo mortal”. Mas Charlie -.

O ponteiro de Charlie apenas dizia “casa”.

“Deixe cair a espada antes que você mate a todos nós,” repetiu Charlie, não tirando seus olhos do rosto de Harry. “Não banque o herói, Harry - é este o valor das vidas de Ron, Hermione e Ginny?”.

Harry ficou branco.

“Não!” gritou Hermione, se erguendo sobre os seus joelhos, Não o escute, Harry!”.

Harry estava respirando como se tivesse acabado de correr. Suas mãos estavam pálidas sobre o punho da espada. “Charlie - eu não posso-“.

E Charlie se arremessou sobre Harry, golpeando as costas de Harry contra a parede, sua mão esticada para a espada. Harry, parecendo totalmente abalado, girou para o lado - .

E Charlie saltou para trás, segurando a espada com sua mão direita. Hermione ouviu Ron gritar “Charlie! Não! Não toque nisto!” enquanto ele se lançava em direção ao irmão, fazendo Charlie cair no chão, a espada saindo da compressão de sua mão e indo cair no chão da cozinha. Charlie ergueu seus braços, tirando Ron de cima dele, e se levantando sobre seus joelhos, estendendo a mão para a espada. Mas Charlie, parecendo entrar em pânico, a segurou primeiro - ele ergueu a espada em suas mãos e a balançou na direção de Slytherin, chamando “Mestre! Aqui está!” – então houve um brilho de luz verde mais resplandecente do que nenhuma outra luz que Hermione tenha visto antes, e ela ouviu Ginny gritar, e então houve silêncio.

***

Hermione cobriu seu rosto com as mãos. “Isto é tudo o que eu lembro”.

Sirius balançou-se nos calcanhares, seu rosto estava gélido. “Jesus,” ele disse. “Charlie? Charlie Weasley? Eu nao acredito nisto”. Ele deu uma olhada em direção a cozinha, e ela pode ver através da porta aberta a forma aconchegada e coberta por um cobertor do que deveria ser o corpo de Charlie. “Isto deve ter sido a Maldição Imperius”.

Hermione hesitou. “Eu não sei”.

As mãos de Sirius estavam tremendo. Ele olhou para Charlie, depois de volta para Hermione. “Ele ofereceu a espada a Slytherin? Ele o chamou de “Mestre”?”.

Hermione confirmou balançando a cabeça. “Eu o ouvi. Nós todos o ouvimos. E Sirius - mais cedo, quando Charlie tirou o Lycanthe de mim, ele disse um encantamento muito estranho sobre ele”.

“Você consegue se lembrar do encantamento?”.

Hermione confirmou com a cabeça. "Monitum ex quod audiri nequit.".

Sirius colocou sua cabeça em suas mãos. Quando ele levantou os olhos, seus olhos escuros estavam vazios. “Este é um Encantamento Clairaudience,” ele disse. “Abre uma linha de comunicação entre o locutor e alguém que esteja mais longe”.

Hermione confirmou com a cabeça. “Eu acho que ele estava comunicando alguma coisa a Slytherin,” ela disse.

Ele recuou. “Eu não suporto a idéia de acordá-lo,” e ela sabia que ele estava mencionando Ron e Ginny. “Eu espero para o bem de Molly e Arthur que isto tenha sido a Maldição Imperius”.

Hermione sentou-se devagar, sentindo sua cabeça latejar. “Eu não acredito que tenha sido isto,” ela se ouviu dizer.

Sirius olhou para ela. “Você não acha que Charlie-“.

“Não,” interrompeu Hermione. Ela colocou-se de pé, recusando a oferta de ajuda de Sirius, cruzou a sala e passou pela porta aberta que dava para a cozinha. Ela escutou Sirius levantar-se e seguí-la, parando próximo à soleira da porta para observar enquanto ela inclinava sua cabeça para trás, e olhava o relógio na parede.

Os ponteiros de Ron e Ginny retornaram para a posição “casa”. O ponteiro de Percy dizia “trabalho”, o ponteiro de Fred e George “trabalhando”, e Bill....o ponteiro de Bill dizia “casa”. E próximo ao seu estava o ponteiro de Charlie, também marcando “casa”.

Ela mordeu seu lábio e virou-se devagar para a figura no chão aconchegada e coberta por um cobertor. Então ela ajoelhou perto desta figura, e com um gesto rápido e decidido, ela puxou com força o coberto, a descobrindo.

Sirius saltou de surpresa. “Hermione! O que você está fazendo?”.

Mas ela estava examinando o corpo de Charlie. Estava quieto, muito frio, seu rosto frouxo como se ele estivesse dormindo. Contendo um cala-frio, ela estendeu a mão, pegou a mão direita do cadáver, virando sua palma para cima.

Não havia nenhuma marca ali.

Sirius não tirou os olhos dela. “O que foi?”.

Ela soltou a mão, e colocou-se de pé. “Charlie tocou a espada,” ela disse. “Ele não é um Magid. Ela deveria tê-lo queimado”.

Sirius balançou a cabeça negativamente. “Hermione, eu não-“.

Ela sabia o que fazer agora. Ela atravessou a sala correndo em direção a lareira. Alcançou o topo da prateleira sobre a lareira onde estavam sete jarros idênticos, cada um rotulado com o nome de uma criança Weasley: começando com Bill pela esquerda e terminando em Ginny pela direita. Hermione levantou uma dessas garrafas prateadas, a abriu com uma leve pancada de seu polegar, segurou com a sua mão um pouco de pó, e atirou este punhado brilhante no fogo mágico que sempre queimava na lareira dos Weasleys.

As chamas tornaram-se laranjas, depois azuis, e uma única nota musical aguda ressoou através da sala. Hermione esperou, segurando sua respiração - a chama de repente escureceu, e se solidificou, e então uma cabeça e um ombro emergiram do fogo, um rosto familiar virou-se para ela, pestanejando e parecendo surpreso, tirando os cabelos ruivos de seus olhos enquanto ele a fitava surpreso. “Hermione,” ele disse. “O que está acontecendo? Geralmente apenas minha mãe usa este meio para entrar em contato comigo. Está acontecendo alguma coisa importante?”.

Hermione liberou a respiração que ela tinha segurado.

“Olá, Charlie,” ela disse.

***

A luz veio primeiro, atingindo a parte posterior de suas pálpebras, e então a dor - uma dor bem conhecida nos seus ombros, costas e pernas, como se ele tivesse sido jogado duramente contra a parede. Talvez ele tivesse sido jogado. Harry abriu seus olhos devagar, e o mundo dançou em volta dele em um redemoinho de cores - primeiramente azul, com algumas manchas de verde, preto e vermelho.

Ele apoiou a si mesmo sobre os seus cotovelos e olhou em volta. Ele estava em uma sala, tão silenciosa quanto larga, as paredes e o chão pareciam ser feitas de mármore liso azul. Tapetes pretos de veludo estavam dependurados nas paredes, ornados em motivos de prata. Havia bastante um monte de coisas desnecessárias, pelo cômodo estavam espalhadas mobílias de aparência pesada - cadeiras, mesas, longos bancos, e um gigantesco, pesado armário de carvalho, com duas enormes portas, que estava sustentado pela parede mais distante. O teto era tão alto que ele desaparecia em uma escuridão cavernosa vazia.

Não havia portas que ele pudesse ver, e nem janelas.

“Bom dia,” disse uma voz familiar em seu ouvido. “Ou talvez boa tarde, ou talvez boa noite, é extremamente impossível dizer que horas são neste lugar. Como está sua cabeça?”.

Harry olhou em volta. Isto também doía. Draco estava sentado perto dele, apoiando suas costas contra uma das paredes de mármore azul. Ele não parecia ferido. Ele ainda estava descalço, e Harry viu que havia sangue em sua camisa, assim como uma longa mancha negra tinha marcado sua camisa como se ele tivesse sido arrastado pelo chão. Harry teve curiosidade em saber o que teria acontecido depois que ele desmaiou. A última coisa que ele lembra era um brilho de luz verde -.

Ele tremeu. “Minha cabeça? Está um horror. Onde nós estamos?”.

“Eu não estou certo”.

“Como nós chegamos aqui?”.

Draco respondeu com um dar de ombros.

Harry se arrastou e se sentou, e sentiu alguma coisa pegajosa no seu tórax. Ele deu uma olhada para baixo e viu que a manga de sua camisa branca estava ensangüentada - muito seco, sangue velho, mas também novo. Um de nós não continuará por aqui durante muito tempo, ele calculou, pois eu ainda estou sangrando. Ele puxou sua manga para cima, viu o longo corte em toda a extensão de seu braço, gotejando sangue escuro, e então ele a recolocou no lugar.

Como se despertasse pela visão de seu próprio sangue, a memória começou a voltar para ele, e com isto, o medo. Ele levantou os olhos para Draco. “Hermione,” ele disse. “Ron - e Ginny. Eles estão -".

Draco olhou para longe. “Eu não sei”. Evitando olhar para Harry, ele levantou-se. Seus pés descalços não fizeram barulho no chão de pedra azul quando ele cruzou o cômodo, correndo sua mão ao longo da parede - olhando para o vácuo ou para as fissuras da pedra, Harry imaginou. Ele fazia lembrar um gato, rondando curiosamente os limites do novo território.

Talvez você não saiba, Harry pensou para ele. Mas o que você acha?

Draco não se voltou para Harry, continuou se movendo em direção ao lado oposto do cômodo. Com a Hermione está tudo bem, ele disse. Eu sinto isto. Eu acredito que Ron e Ginny também estejam bem. Draco virou-se para ele e o olhou. Mas eu não posso prometer nada para você.

Eu sei. Harry não sabia dizer por que, mas ele sentia que Draco estava certo. Com a Hermione estava tudo bem. Talvez sua mente estivesse apenas dizendo isto para ele porque do contrário ela não seria capaz de funcionar, mas ele não achava que era isto. Malfoy - e quanto a Charlie?

Draco parou em frente ao armário, seus ombros tensos. Recuando um pouco por causa da dor em suas costas, Harry caminho e ficou em pé próximo a ele. “Foi minha imaginação,” ele disse para a parte de trás da cabeça de Draco, “ou Charlie e Slytherin estavam trabalhando juntos? Como um time?”.

Draco virou-se para Harry e o olhou. “Sim,” ele concordou. Havia finalmente calma nos seus olhos cinzas. “Eu de fato supus que eles estavam trabalhando juntos”.

“Mas isto é simplesmente impossível,” Harry argumentou. “Charlie não poderia fazer isto”.

“Eu concordo”. Draco voltou-se para o armário, abriu a porta com um solavanco, e olhou para dentro. Parecia ter pilhas de roupas escuras lá dentro, assim como alguns objetos brilhantes que pareciam ser pedras preciosas. Draco começou a empurrá-los com um dedo. “Eu não acredito que aquele era Charlie”. Sua voz, um pouco abafada, chegou aos ouvidos de Harry claramente.

Harry pestanejou. “Não era Charlie?”.

“Não era Charlie,” disse Draco firmemente, e depois ele deu um pequeno grito de surpresa ou espanto, e exclamou, “Potter. Você tem que ver isto”. Ele retirou sua cabeça de dentro do armário, forçando um sorriso com um divertimento dissimulado. “Olhe para isto. Alguém deixou para você um presente,” ele disse, e ele segurou alguma coisa que brilhava vermelho e prata na luz azulhada do quarto.

Harry fitou o objeto assombrado. Era uma espada -- a espada de Godric Gryffindor para ser mais preciso, parecendo justamente como ele se lembrava dela - talvez um pouco menor, mas isto era porque ele tinha crescido. Ele esticou as mãos e a pegou das mãos de Draco, correndo seus dedos sobre a lâmina lisa, os rubis no punho da espada que formavam a figura do leão agachado.

“Por que ele teria deixado isto para mim?” ele se perguntou em voz alta.

“Você não faz idéia. Mas eu vou te dizer uma coisa, este lugar é mais agradável do que eu esperava. Geralmente, o padrão de masmorra de Slytherin é muito desagradável. Lodo, vermes, o uivo gritado de algum pobre bastardo sendo torturado na cela próxima a nossa...” Draco deu de ombros. “A pior coisa que nós parecemos enfrentar aqui é a de certa forma cena monocromática. Isto, e a falta de comida”.

Harry, que tinha estado consciente do barulho de seu estômago, se desesperou. “Não tem comida?”.

Draco balançou sua cabeça. “Não que eu tenha visto. E eu tenho estado neste quarto há algum tempo”.

Harry suspirou. “Eu suponho que não iria confiar em alguma comida que ele tenha providenciado para nós, de qualquer maneira”. Segurando a espada cuidadosamente, ele andou para a lateral do quarto e jogou a si mesmo sobre um banco que ele observava. Um momento depois, Draco se juntou a ele, carregando sua própria espada. “Hey, Potter. Eu encontrei uma barra de chocolate Scrumdidilyumptious no meu bolso. Você quer dividir?”.

“Claro,” respondeu Harry de maneira impertinente. “Por quê não”. Ele a partiu no meio, e olhou para o lado em direção a Draco, que estava ocupado comendo sua porção do doce. “Eu queria acreditar que sua mente pequena e ocupada elaborou um plano de fuga por agora”.

Draco engoliu, e fez uma careta. “Urgh. Não tem gosto de nada. Olhe, Potter, não há nenhuma saída deste quarto”.

“Como você pode ter certeza”.

“Bem, não há portas, nem janelas, nenhuma passagem secreta, tampouco nenhuma fratura na pedra, e além disto –“.

“Eu pensava que você era o Garoto do Plano Perspicaz! O que aconteceu com o Garoto do Plano Perspicaz?”.

“Eu não disse que eu não tinha um plano. Eu tenho um plano. Eu apenas acho que você não gostara dele”.

“Eu posso gostar dele,” disse Harry com a boca cheia de chocolate.

“Não,” disse Draco, “você realmente não gostará dele”.

“Apenas porque eu sou um Gryffindor!” disse Harry com repugnância. “Isto não faz com que eu não seja capaz de apreciar planos perspicazes, Malfoy. Eu já não tenho cooperado com pelo menos seis de seus métodos temerários? Eu não tenho estado lá com você, ao seu lado--".

Draco deu um enorme sorriso. “Isto está dando um ar muito poético para a nossa relação, Potter,” ele disse. “Continue. Eu estou me sentido todo latejante”.

Harry concordou de mau-humor. “Isto é provavelmente apenas um aquecimento residual pelo atrito com calças de couro”.

“Estas malditas calças,” disse Draco de modo irritante. “Eu tenho a sensação de que ninguém irá me deixar esquecê-las, mesmo que eu as tenha vestido apenas uma vez, mesmo que isto tenha sido contra a minha vontade --".

Harry bufou. “Agora eu estou imaginando Charlie segurando você de cabeça para baixo e vestindo a força a calça de couro em você”.

“Hey, esta é a sua pequena fantasia pervertida, Potter, não a minha”.

Harry olhou furiosamente para ele. “Você vai me dizer seu maldito plano ou não?”.

“Bem,” Draco disse. “Meu plano era este. Nós esperamos aqui por Slytherin vir nos matar, e quando ele vier, nós morremos horrivelmente, gritando condenações eternas. Eu também estava planejando pingar sangue e talvez babar um pouco enquanto eu morro. O que você acha?”.

Harry estava furioso. “Esta é a sua idéia de um plano vitorioso?”.

“Eu acho que isto foi o que mais me agradou”.

“Eu não acredito que você está apenas desistindo”.

“Eu não estou desistindo; eu estou sendo realista”.

“Você está desisitindo”.
“Eu não estou”.

“Sim, você está”.

“Esta é uma discussão sem sentido”.

“Mas isto faz o tempo passar”.

“Eu posso pensar maneiras melhores de passar o tempo”.

“Eu não sabia que você era chegado nisto, Malfoy”.

“O quê? Oh. Ugh, isto não é o que eu quis dizer. Mesmo que eu fosse chegado nisto, você seria o último da minha lista, você é muito pequeno e franzino”.

“Eu sou da mesma altura que você. Eu não sei...alguém que se veste da maneira como você se veste...toda esta atenção que você dá para o seu cabelo...”.

“Dar atenção para o meu cabelo não faz de mim um gay. Prestar atenção no seu cabelo, isto faria de mim um gay”.

“Eu aposto que você presta atenção no meu cabelo,” disse Harry serenamente.

“Eu não presto. Eu nem mesmo poderia dizer para você qual é a cor do seu cabelo”.

Harry deixou de lado o restante do chocolate em barra que ele estava comendo, e colocou suas mãos sobre os olhos de Draco. Draco se sobressaltou, e Harry sentiu os cílios do garoto roçarem suas palmas. “O que você está fazendo, Potter?”.

“Me diga qual é a cor do meu cabelo,” Harry disse.

“Eu não faço idéia,” disse Draco, pestanejando furiosamente.

“Me diga e eu te darei o resto da minha metade do chocolate em barra. Você está com fome, eu sei que você está”.

“Potter!” disse Draco. “Você é um sádico”.

“Mmm,” disse Harry. “Chocolate. Vamos, Malfoy. Pense nisto como uma experiência de percepção e memória”.

“Oh, certo,” disse Draco de modo irritante. “Seu cabelo é preto, e precisa de um corte”.

“Ele precisa?” perguntou Harry curiosamente.

“É claro que ele precisa!” a voz de Draco estava animada. “Eu só não sei como você consegue andar por aí com seu cabelo parecendo que foi dragado por noves estilos diferentes do Tangling Thornbush. E o seu cabelo não é de fato reto, você sabe, ou ele deveria estar reto se você o cortasse. Ele está muito comprido, e todo este peso o puxa para baixo. Se você o cortasse, isto seria muito legal e provavelmente ele iria se enrolar um pouco e você sabe, eu posso sentir que você não tirou os olhos de mim, Potter. Para com isto”.

“Eu não estou te encarando. Eu estou apenas pensando que meu cabelo não é a única coisa por aqui que está ereta”.

“Bah!” Draco bateu na mão de Harry com um gemido irritado. “Você é um Filisteu. Você não sabe nada”. (Filisteu = pessoa sem cultura, grosseira)

“Pelo menos, eu não estou negando,” disse Harry, e entregou a Draco o último pedaço de chocolate.

Draco o aceitou com um olhar desdenhoso. “Eu, gay? Draco Malfoy? Loucamente amado por todas as mulheres com mais de doze anos? Seis vezes na lista da revista “As Bruxas adolescentes” como “O mais Elegante”? Autor do best-selling autobiográfico “Por que eu gosto de fazer isto com as garotas?. Eu acho que não”.

“Pare. Você está me fazendo rir. E isto está fazendo meu estômago doer. Está fazendo todo o meu corpo doer”.

“E o seu corpo deveria estar doendo,” disse Draco, terminando de comer o chocolate com um ar arrependido. “Slytherin te jogou contra a parede. E você levou um soco no olho. Muito esportivo”.

“Bem, você parece bem ileso,” disse Harry com raiva.

Em resposta, Draco estendeu seu braço direito, e ergueu sua manga. Seu pulso direito estava inchado e marcado por hematomas pretos e azuis. “Deslocado, torcido,” ele disse sem rodeios.

Harry assobiou. “Isto parece estar doendo”.

“Não, nem tanto”.

“Cale a boca, Malfoy. Você quer que eu coloque o pulso no lugar?”.

Harry podia jurar que Draco hesitou por um instante. Então ele suspirou. “Certo. Vá em frente e tente”.

Harry estendeu a mão e colocou a palma de sua mão sobre o pulso de Draco. "Asclepio," ele disse.

Nada aconteceu.

Harry tentou de novo. "Asclepio”.

Continuou nada acontecendo. Harry fechou seus olhos, e colocou cada pitada de energia e força que ele tinha focado nos pensamentos de magia, de magia e cura, focando no desenvolvimento da magia, a sensação dela, o crescimento dela, advinda de sua vontade. "Asclepio," ele persistiu, e abriu seus olhos para ver uma expressão assustada no rosto de Draco. Ele olhou para o pulso de Draco, e viu que a cor azul e preta tinha se desbotado levemente, o inchaço retrocedeu – mas o pulso parecia longe do normal.

Draco mexeu sua mão para trás e olhou curiosamente para o seu pulso. “Isto quase funcionou,” ele disse soando surpreso.

“Deixe-me tentar de novo,” disse Harry.

Draco sacudiu sua cabeça, os olhos divertidos. “Eu não estou certo que isto seja uma boa idéia”.

Harry abriu sua boca para protestar - e parou. Ele podia sentir seu coração batendo no seu tórax como se ele tivesse acabado de correr uma milha e ele se sentiu de repente tremulo e exausto. “Alguma coisa muito estranha está acontecendo aqui,” ele observou, e olhou para Draco, que o observava com um olhar de simpatia, mas não de surpresa, nos seus olhos cinzas. “O que você sabe, Malfoy? Por que isto foi tão difícil?” A ansiedade fez sua voz se tornar mais aguda. “Há alguma coisa errada comigo? Se há, me diga. Eu preciso saber”.

“Se há alguma coisa de errado com você, há alguma coisa de errada comigo também. Eu tentei seis feitiços antes de você acordar. Nada aconteceu. A tentativa apenas me fez me sentir cansado. Foi como se eu tentasse atravessar uma parede de concreto”. Ele deu uma olhada de lado para Harry; a luz do quarto fez a luz de seus olhos parecerem azuis, e estranhamente Harry se lembrou de Ron. “Não somos nós. É o quarto”.

“O quê? Como você sabe?”.

Draco suspirou. “Porque eu sei onde nós estamos. Oh, não no sentido de ter uma idéia clara, geograficamente, onde nós estamos, mas eu posso dizer para você uma coisa - este quarto é uma prisão. Uma prisão construída para manter presos Magids”. Ele olhou para Harry, que ainda parecia confuso. “São as paredes,” ele disse. “Olhe para as paredes”.

Harry estendeu a mão e a passou sobre uma parede, que era fria e lisa e parecia menos com mármore do que ele tinha imaginado. Certamente, isto não era mármore. Ele olhou de volta para Draco, uma evidência foi se desenhando devagar em sua mente.

Draco forçou um sorriso, sem nenhuma felicidade. “Eu sabia que você entenderia no final das contas,” ele disse. “O que Lupin nos contou: a mais dura substância no mundo, repele magia, não pode ser esmagada nem quebrada-“.

Harry fechou seus olhos. “Adamantio,” ele disse. “Nós estamos em uma cela de adamantio”.

***

Ginny nunca tinha visto A Toca tão cheia de tensão. O Senhor e a Senhora Weasley tinham voltado para casa, é claro; na cozinha, um pálido Senhor Weasley estava enérgico, em uma discussão sussurrada com um grande grupo de Aurores. A Senhora Weasley, tendo beijado e abraçado com carinho um revivido Ron e Ginny assim como Hermione, tinha se retirado para o quarto dela para descansar. Narcissa tinha retornado para a Mansão e Sirius tinha ido ao Ministério ajudar a averiguar a identidade do falso Charlie Weasley.

“Eu não posso acreditar que não era realmente Charlie,” disse Ron, ainda parecendo paralisado pelo choque. Ele estava sentado na sala de estar na poltrona próxima a Hermione, que estava pálida mas contida, denunciando sua tensão apenas porque ela estava segurando o pulso de Ron com muita força. Ginny estava sentada próxima a eles. “Eu não posso acreditar que nós não percebemos que não era realmente Charlie”.

“Ele fazia o jantar,” disse Ginny em um tom de náusea. “E nós quase comemos isto. E ele poderia ser qualquer um. Um Comensal da Morte. Rabicho. Qualquer um”. Ela serrou seu pulso. “Eu me sinto tão estúpida”.

“Quando você olha para alguém, você apenas supõem que elas sejam quem elas parecem ser,” disse Hermione com uma voz quase inanimada. “Eu quero dizer, eu acreditava que Harry era a pessoa que eu mais conhecia no mundo, e eu levei dois dias para entender que Draco estava se fazendo passar por ele”.

Ron parecia que ia dizer alguma coisa sobre isto, quando a porta se abriu, e Charlie entrou. Ele parecia cansado - havia sombras sob os seus olhos verdes normalmente carinhosos, e seu cabelo vermelho estava desgrenhado. “Oi, para todos,” ele disse com indecisão.

Ninguém se moveu.

“Olhem, realmente sou eu desta vez,” ele disse, soando um pouco irritado.

Todos eles não tiravam os olhos dele. Ron franziu as sobrancelhas. Ninguém falou.

Charlie fez um barulho exasperado. “Certo então, me perguntem qualquer coisa,” ele disse. “Me perguntem qual é a cor favorita da mamãe, ou qual é o doce preferido de Percy, ou-“.

“Qual é o meu nome?” Ron interrompeu, parecendo um pouco feroz. “Que ano é?”.

Charlie revirou os olhos. “Olhe, nós estamos checando o Charlie aqui, não revivendo seu principal trauma”.

“Qual é o meu nome do meio?” Ron perguntou.

“Aurelius,” disse Charlie prontamente.

Esta foi a mesma reação de Hermione. “Aurelius?” ela perguntou, olhando para Ron.

Ron parecia estar na defensiva. “O que há de errado com Aurelius?”.
“Bem, em primeiro lugar, isto quer dizer que suas iniciais soletram R.A.W”.

(raw em inglês é a palavra para cru, sem experiência, rude, grosso : não é possível traduzir este jogo de palavras que a nossa autora utiliza aqui. Por isto, eu resolvi deixar a palavra como no original e explicar aqui qual a analogia que ela quis fazer).

Ron parecia como se isto não lhe tivesse ocorrido. “Eu suponho que isto seja verdade”.

Charlie estava agora forçando um sorriso, um tipo de sorriso cansado. “Seu nome do meio é Aurelius,” ele disse para Ron. “Sua cor favorita é vermelho mas você odeia marrom, quando você fez 10 anos, você chorou porque mamãe não deixou você se juntar a uma gangue de motociclistas e mudar seu nome para “Assassino Louco” e no último ano você me contou que acreditava que uma bonita garota na escola estava-“.

“Tudo bem,” interrompeu Ron, suas orelhas estavam rosas. Agora, achegue-se”.

Charlie se jogou na poltrona oposta a de Ginny e esticou suas pernas. “Você certamente não quer que eu continue?” ele deu um sorriso, mas sua expressão se tornou de novo séria quando o Senhor Weasley entrou na sala, parecendo sério.

“Eu estou indo ao Ministério,” ele disse para Charlie. “Têm vinte Aurores do lado de fora da casa e a AC está mandando mais vinte. Mas eu quero que você fique aqui”. Seu olhar passou sobre Ron, Hermione e Ginny, e a implicação estava clara: Fique aqui e mantenha os olhos nas crianças. “Vocês estão,” ele disse para os três adolescentes na poltrona, tentando manter a voz tão leve quanto possível. “Com quarenta Aurores do lado de fora, esta deve ser a cada de bruxos mais segura de toda a Inglaterra. Mas eu quero que vocês três fiquem aqui dentro. Vocês não devem ir lá fora por motivo nenhum, nem mesmo devem ir ao jardim. Não até eu voltar para casa e dizer para vocês procederem de outra forma. Entendido?”.

Ron olhou para ele, e falou por todos: “Entendido”.

O Senhor Weasley parecia como se ele tivesse acabado de passar pela sua garganta um bloco sólido, e acenou rapidamente com a cabeça. “Tudo bem, então,” ele disse, e Desaparatou.

Hermione se colocou de pé. “Eu estou cansada,” ela disse. “Eu irei para cama, ler alguma coisa”. Ela olhou para Ron. “Eu poderia pegar emprestada uma camiseta ou qualquer outra coisa para eu vestir?”.

Ron se colocou de pé depois dela. “Eu pegarei alguns pijamas lá em cima”.

Ginny observava enquanto seu irmão e Hermione subiam as escadas, e de repente percebeu em um momento de inveja que ela tinha quase esquecido. Ron, Harry e Hermione tinham sempre formado um pequeno e perfeito círculo; ninguém tinha sido capaz de entrar neste círculo. Então Draco apareceu e parecia ter facilmente encontrado um caminho para entrar dentro do círculo, e se ele não era sempre bem-vindo, era inquestionável que logo ele iria embora. Se nada mais, a absoluta determinação de Hermione queria mantê-lo parte do grupo, e Ron e Harry sempre faziam no fim o que ela queria, seja isto o que fosse. Mas ela, Ginny, apesar de tudo, freqüentemente se sentia como se ela não fizesse completamente parte, como se ela fosse uma completa estranha que aparecia para a festa sem ser convidada.

“Ginny”. Foi Charlie falando, olhando para ela com olhos questionadores. “Você realmente achou que esta pessoa era eu? Que eu poderia fazer alguma coisa como isto?”.

Ginny mordeu seus lábios, tentando focar seus pensamentos. “Bem, no início, você - ele - parecia perfeitamente normal, e então no fim tudo aconteceu tão rápido que nós realmente não tivemos chance de pensar alguma coisa. Então, nós estávamos inconscientes”. Ela levantou os olhos dela para os olhos do irmão, viu a preocupação na sua expressão, as sombras em seus olhos. “Me desculpe, Charlie,” ela disse, com sua voz fraquejando. “Não é nada justo pensar isto de você mesmo que seja só por um minuto”.

Mas Charlie, estudando suas mãos, tirou um momento para replicar. “É muito difícil dizer,” ele disse finalmente, “o que as pessoas são realmente capazes de fazer. Você nunca sabe, algumas pessoas acreditam que elas fazem a coisa certa, e então esta coisa é um engano, mas aí já é muito tarde para mudar as coisas”.

Ginny estava confusa. “Do que você está falando?”.

Charlie sorriu fracamente. “Apenas pensando sem rumo. Me ignore. Vamos, vamos para a cozinha - eu farei para você um pouco de chá”.

***

“De acordo com a sua licença para Aparatar, seu nome é Alexander Taylor,” disse Olho-Tonto Moody para Sirius, que estava em pé próximo ao corpo na maca, suas mãos em seus bolsos e uma expressão decidida em seu rosto. A luz da lua jorrava através da pequena janela fechada acima da cabeça deles, tornando vermelha as pontas do cabelo negro de Sirius. “E de acordo com o registro dele no Ministério, ele é um lobisomem”.

“Um lobisomem?” Sirius olhou para o corpo do homem que estava disfarçado de Charlie Weasley. O encanto que tinha estado nele, estava se desfazendo com a morte; o cabelo vermelho se tornou preto, as diferentes sardas dos Weasley estavam desaparecendo. “De fato, isto faz sentido”.

“Faz?” disse Olho-Tonto de forma neutra.

Sirius confirmou com a cabeça sem responder. Olho-Tonto sabia sobre Lupin - quase todo mundo no mundo bruxo sabia - mas Olho-Tonto também conhecia Lupin. Ele tinha sido um dos instrutores de Sirius durante seus dias de treinamento para Auror, e tinha encontrado com ele freqüentemente. Ele sabia da amizade deles. “O que eu não entendo,” acrescentou o Auror refletindo, coçando a cicatriz na sua cabeça, “é como o agressor” -- (ninguém mencionava Slytherin pelo nome, mas se referia a ele simplismente como “o agressor” - tentando fazer isto não soar tão maluco, Sirius suspeitou) - "conseguiu entrar na casa. Arthur Weasley não é tolo; ele mantinha sua casa bem protegida”.

Sirius deu de ombros. “As defesas reconhecem os membros da família pela aparência, então não é nenhum grande mistério como este falso Charlie entrou. E quanto ao resto, Hermione Granger me disse que “Charlie” passou a tarde “trabalhando no jardim”. Eu suspeito que de fato ele estivesse desarmando as proteções. Isto não deve ser muito difícil de ser feito de dentro da propriedade. E então, quando ele terminou seu trabalho, ele Chamou seu Mestre”. Sirius suspirou, se sentido cansado. Ele levantou seus olhos e olhou ao redor; ele e Olho-Tonto estavam sozinhos em um corredor escuro. “Ele tinha alguma família?”.

“Quem? O lobisomem?”.

Sirius concordou com a cabeça.

“Não que eu possa encontrar em uma lista. Provavelmente a melhor coisa, também, considerando...”.

“Considerando o quê?” perguntou Sirius com severidade.

Olho-Tonto não estava olhando para ele, mas para o corpo do homem na maca. “Ele tem ferimentos,” ele disse. “Em suas mãos. Nenhum ferimento defensivo. Como se ele tivesse se arranhado tentando sair de algum lugar. Uma prisão, algum tipo de cercado. O encanto encobriu estes ferimentos. Eu suspeito que ele estivesse sendo Chamado. Eu suspeito que todos os lobisomens na Inglaterra estivessem sendo Chamados e isto é o que está por detrás desta praga em ser lobisomem. Isto está sendo novidade”.

Sirius retesou. “Esta é uma teoria interessante”. Ele não tinha contado para ninguém sobre Lupin estar sendo Chamado, e não queria mencionar isto agora que ele poderia ter um conhecimento especial sobre o Chamado dos Lobisomens, Slytherin, ou alguma coisa mais. Ele sabia que isto não fazia sentido logicamente, e talvez eticamente também, mas ele não se importava. Ele não estava preparado para responder questões sobre Remus e esta era sua decisão final.

“Este não é um processo agradável, ser Chamado,” disse Olho-Tonto, evitando os olhos de Sirius. “É agonizante e isto continua e continua até que aquele que está sendo Chamado ou responda ao Chamado, ou morra”.

Sirius olhou para baixo, suas mãos apertavam a beirada de metal da maca. A jóia vermelha no seu bracelete cintilava enquanto ele o girava no seu pulso. “Não há nada que se possa fazer nesta situação?”

“Havia-se discutido a criação de uma poção para curar isto, quando o Lorde das Trevas retornou ao poder, mas eu não sei se alguma coisa chegou a ser feita”. Olho-Tonto ainda se recusava a olhar para Sirius, que estava contente. Olho-Tonto coçou sua garganta. “E os Weasleys. Como eles estão se arranjando?”.

“Está tudo bem com eles. Eles estavam loucos, no início, ainda estão provavelmente, mas A Toca está até o pescoço cheia de Aurores neste momento. Eles terão uma constante guarda de pelo menos quarenta Aurores 24 horas por dia, rondando a casa e os territórios em volta. Não há uma casa de bruxos mais bem protegida na Inglaterra”.
“E você será um desses Aurores?” Olho-Tonto perguntou. Sirius suspeitou que Moody gostaria de ser ele mesmo um desses Aurores, mas em consideração a idade dele (103, era o que todo mundo calculava), Olho-Tonto tinha ultimamente sido limitado a exercer obrigações inativas.

Sirius balançou sua cabeça, e olhou de novo para o corpo do homem na maca. Olhando de perto, foi mais fácil ver os intrigantes sinais que o marcavam como lobisomem: as unhas opacas, o dedo indicador levemente alongado. Alexander Taylor não era o primeiro lobisomem morto que Sirius já tinha visto; e, pelo andar da carruagem, não seria o último.

“Não,” disse Sirius. “Eu estou indo para casa. Há uma coisa que eu tenho que fazer”.

***

As horas se passaram. O quarto de Adamantio estava silencioso. Harry estava dormindo em um longo bando de madeira, seu braço sobre seus olhos. Draco estava de pé perto do armário, olhando para si mesmo em um espelho que estava preso no interior da porta do armário.

Normalmente se olhar no espelho era uma das atividades favoritas de Draco, mas no momento ele se encontrava vagamente preocupado com a imagem refletida que ele recebia em sua contemplação. Ele pegou algumas roupas do armário e trocou de roupa, grato por ter se livrado de sua camisa ensangüentada. Ele agora vestia uma camisa feita de um material preto, duro e não-familiar, botas pretas (de um tamanho tão maior que o seu, que os seus pés deslizavam dentro dela) e sobre tudo isto, uma capa longa e preta que estava amarrada sobre o seu tórax com uma corrente de prata cujas argolas eram miniaturas de serpentes entrelaçadas. Uma faixa verde escuro ornava a barra da capa. Não que ele não ficasse bem naquelas roupas (é claro que ele ficava bem nelas! - arrojado e misterioso). O problema era que ele tinha pegado estas roupas instintivamente quando ele abriu o armário; a capa era também a mesma que ele aparecia vestindo nos seus sonhos, em pé no centro de um círculo de demônios e vendendo sua alma. Ele escutou as vozes dos demônios de novo dentro da sua cabeça: Há um equilíbrio natural para todas as coisas. Para cada benefício que se consiga com alguma coisa, há algum outro tipo de pagamento. Ele levantou sua cabeça, viu que a imagem no espelho voltou a tornar-se questionadora, a luz azul da sala dando a sua pele pálida e ao seu cabelo prata um brilho escuro e bronzeado. Quando eu terei que pagar?Ou talvez eu deveria perguntar: o que eu terei que pagar?

Ele afastou-se do espelho, e cruzou o quarto olhando para os tapetes na parede. Eles eram muito bonitos no seu próprio modo estranho - os maiores eram bordados com fios de prata e de ouro que contrastavam contra o fundo de veludo preto; eles mostravam estrelas e luas e constelações e galáxias e universos, girando e brilhando e desenhando nos seu olho até você esquecer o que você estava olhando e se perder nos espaços entre as estrelas. A Mansão dos Malfoys era recheada de coisas que eram grandes, mas a maioria não era bonita, e Draco achou que olhar a tapeçaria o tocou de uma forma estranha. Ele colocou sua mão sobre o tapete e sentiu o material que estava empoeirado e duro e nem de longe era agradável ao toque como parecia ser.

Os outros tapetes mostravam cenas de bruxos vivendo, batalhando e caçando. Existiam vários animais mágicos pintados - dragões e basiliscos, hipogrífos e lobisomens, grupos de veelas cavalgando animais gigantescos com corpo de leão, cabeça de homem, e cauda de escorpião. Draco não sabia o que tais coisas eram, mas não queria encontrar com nenhum deles em uma travessa escura. A última tapeçaria mostrava um brasão: um dragão prateado, exuberante, parecendo sinistro. A bandeira que estava entrelaçada debaixo do seu pé tinha um inscrição em Latim: IN HOC SIGNO VINCES. Draco apalpou o tapete com o seu dedo, e achou que a tapeçaria era tão fria quanto gelo ao toque.

Ele se afastou, olhando para Harry que ainda estava profundamente dormindo, e uma vaga sensação de desconforto passou rapidamente por ele. Ele suspeitou que Harry provavelmente teve uma leve concussão - depois que Slytherin estuporou Hermione, Harry se jogou sobre o Bruxo das Trevas. Slytherin imediatamente o apanhou como se ele não pesasse mais do que um gatinho e o jogou de cabeça contra a parede oposta. Deste ponto em diante, Draco não conseguia se lembrar o que tinha acontecido. Ele tinha a sensação de que ele e Ron tinham atacado Slytherin simultaneamente, mas sua memória dos eventos mais recentes parecia estar destruída e ele não tinha certeza do que havia acontecido.

Nem ele tinha certeza exatamente quais eram os sintomas de uma concussão. Harry parecia bastante lúcido antes, e agora que ele estava dormindo profundamente, seu tórax se elevava e descia com regularidade, em respirações curtas. É claro, talvez dormir profundamente era um sinal de concussão. Repentinamente desconfortável, Draco colocou-se de pé, caminhou até Harry, e enviou um dedo na sua costela.

“Ow!” Harry acordou com um grito indignado e tateou procurando seus óculos. “Malfoy, você enlouqueceu. O que foi isso?” ele se sentou, parecendo injuriado, e esfregou seus olhos.

“Nada. Volte a dormir, Potter”.

“Eu não consigo,” disse Harry de modo irritante. “Eu estou acordado agora”. Ele colocou seus óculos e pestanejou para Draco. “O que que é isto que você está vestindo?”.

Draco deu de ombros. “Eu encontrei estas roupas dentro do armário”.

“Você está permitindo que Salazar Slytherin vista você agora?”.

“Diga o que você quiser sobre ele - ele pode ser horripilante, mal, um zumbi morto-vivo com um bizarro gosto para cobras, mas ele tinha um impecável bom gosto para roupas”.

Qualquer resposta, que Harry pudesse ter experimentado dar, foi cortada por um barulho opressivo vindo da vizinhança na parede em frente. Ambos se viraram para ver uma abertura escura aparecer na parede, e uma mão passar através dela, segurando alguma coisa redonda e lisa. Houve um som estridente quando ela caiu no chão, e antes que os garotos tivessem tido tempo para fazer alguma coisa a mais do que apenas se olharem surpresos, a mão retrocedeu e a abertura escura desapareceu tão rápido como quando tinha aparecido.

Draco se aproximou e se ajoelhou próximo ao objeto abandonado. Harry o seguiu de perto e parecia curioso. “O que é isto? Uma bomba?”.

Draco balançou sua cabeça. “Jantar”. Ele deu uma risada para o que parecia ser uma bandeja muito comum contendo alguns sanduíches e uma garrafa de água. “Sanduíches de queijo, para ser preciso”.

Harry olhava desconfiado para a comida. “Malfoy, eu não acho que você deve-“.

“Ah, cale a boca. Se ele nos quisesse mortos, ele teria nos matado enquanto nós estávamos inconscientes. Você tem trinta segundos, ou então eu irei comer sua metade do sanduíche”.

Resmungando, Harry se jogou no chão próximo a Draco. Pelos próximos minutos, eles comeram em um silêncio semi-sociável. Uma pequena disputa começou para ver quem iria comer o último sanduíche. No final das contas, a disputa foi resolvida por um cabo-de-guerra furioso e silencioso. O resultado disto foi que no final havia mais queijo nas vestes deles do que em suas bocas. Draco estava ocupado tentando fazer de sua última metade o seu último sanduíche quando Harry de repente olhou para ele com os olhos arregalados. “Malfoy, eu acabei de ter uma idéia”.

“Doeu?” disse Draco bem naturalmente.

Harry se ajoelhou, sacudindo os pedaços de sanduíche de queijo de sua blusa. “Me faça ficar com raiva,” ele disse.

Draco sufocou-se com o seu sanduíche. “O quê?”.

“Você me escutou. Como na última vez, no escritório do Lupin. Me faça ficar com raiva, talvez nós possamos quebrar as paredes. Eu aposto que você tem uma carta na manga que poderia realmente me perturbar; você sempre tem”.

Draco balançou sua cabeça. “Isto não iria funcionar. Você está mais esperto para isto agora. Se eu contasse alguma coisa para você agora, você apenas chegaria a conclusão de que eu estaria mentindo”.

Não se você fizer assim. Você não pode mentir telepaticamente.Harry estava rindo agora, seu cabelo mexendo desordenadamente. Ele fazia Draco lembrar de um coelhinho animado ou algum outro animal pequeno e macio que não sabia absolutamente como era vulnerável e frágil. Vamos, é uma idéia brilhante.

“Não,” Draco se escutou dizer.

Não seja burro, Malfoy.

Draco balançou sua cabeça. “Eu não farei isto”.

“Vamos,” insistiu Harry, pegando na manga de Draco. “Eu aposto que isto será divertido para você. Você ama me enrolar”.

“Potter, estas paredes podem ser dez vezes mais grossas do que tudo o que nós conhecemos. Você tem idéia de quanto raivoso você teria que ficar?”.
“Bem, ninguém me perturbar tanto quanto você,” pontuou Harry, apenas meio-brincando.

Draco puxou com força seu braço da mão do Harry e se virou para olhá-lo furiosamente, sua voz saiu como um assobio. “Você não sabe o que você está me pedindo”.

A ferocidade no tom de Draco fez Harry recuar. Um olhar ferido, magoado passou rapidamente pelo rosto dele antes que ele ajustasse seu queixo com teimosia. “Certo. Olhe. Eu estava apenas brincando. Não precisa comer corda”.

Harry se sentou contra a parede próximo a Draco, que estava agora fitando furiosamente a metade do sanduíche que ele colocará em sua capa. Depois de um momento de silêncio, ele o apanhou e, em uma explosão de irritação infantil, ele jogou o sanduíche em Harry.

Harry olhou para baixo surpreso quando o sanduíche bateu em seu braço. “Isto foi bem adulto, Malfoy”.

“E daí?” Draco tinha seus braços cruzados sobre os seu peito e estava encarando a parede mais distante. Ele sabia que tinha sido infantil, mas não se sentia capaz de fazer alguma coisa sobre isto.

“Eu tive outra idéia”.

“Então eu também tenho, e ela diz que você deve ir embora”.

Harry ignorou isto. “Você não quer escutar a minha idéia?”.

“É uma outra idéia campeã como a sua última?”.

“Eu quero que você me ensine como usar esta espada”.

Agora Draco virou-se e olhou para ele. “O quê?”.

Harry apontou para a espada de Godric, que estava apoiada contra uma mesa de madeira baixa. “Nós temos duas espadas, e nada mais para fazer. Eu posso ser capaz de aprender também”.

Draco mordeu seu lábio. “As espadas não têm proteção...”

“Proteção?”

“Elas devem ter proteções nas pontas...para que não fiquem afiadas. Se você for aprender com elas”.

“Você aprendeu em espadas com proteções?”.

“Não,” Draco admitiu.

“Bem, então”. Harry andou, pegou a espada de Godric, e se virou para encarar Draco. Ele compunha um personagem esquisito: vestia jeans, camisa ensangüentada, e tênis gastos, segurando firmemente em sua mão direita a espada brilhante e incrustada de jóia.

Draco suspirou. “Certo, mas nós teremos que fazer isto devagar. Hermione não iria me agradecer se eu destruísse sua aparência, arrancando seu nariz”.

“Hermione iria me amar mesmo que eu não tivesse nariz,” disse Harry, com uma convicção invejável.

“E como será divertido,” disse Draco, ficando de pé e estendendo sua mão para sua própria espada, “descobrir se isto é verdade ou não. Nós iremos?”.

***

Ginny levantou os olhos quando Ron entrou na cozinha, carregando um livro azul costurado em suas mãos.

“Como está Hermione?” ela perguntou.

“Ela deve estar bem. Ela me deu lição de casa”. Ele abanou o livro em sua mão para eles. (Dicionário de Referência Mágica de Tandy, Vol. S). “Eu estou procurando feitiços para fazer dormir. E sonhar”.

“Alguma coisa até agora?” perguntou Charlie, oferecendo um prato de biscoitos.

Ron caiu pesadamente sobre a cadeira. “Nada sobre feitiços para dormir, nem tampouco para sonhar, ou alguma coisa relevante neste sentido. Mas se você quer fazer bolos invisíveis ou Chamar uma tropa de dançarinas de can-can em brilhosas calças colantes, eu estou ficando expert”.

“Charlie?” Era a Senhora Weasly, em pé na porta-de-entrada, vestindo um dos seus mais remendados robes e parecendo cansada. Ela sorriu quando Ginny deu uma olhada para ela.

“Oh, Mãe,” disse Charlie. “Chá?”.

“Não. Tinha apenas uma coisa que eu queria mostrar para vocês. Eu estava limpando o quarto de Percy, vocês sabem, para tirar as coisas da minha cabeça, e eu encontrei isto no bolso do pijama dele”. Ela estendeu a mão com um pedaço de papel branco dobrado. “Está endereçado a Draco Malfoy”.

Com os olhos bem abertos, Charlie pegou o papel. “Obrigado, Mãe”.

A Senhora Weasly sorriu e saiu. Charlie começou a desdobrar o papel. Ron levantou seu pescoço para ver, conseguindo assim um melhor ângulo. “O que isto disse?”.

“Não meta seu nariz onde você não é chamado, Ron,” disse Charlie, não com grosseria, e começou a escanear o papel. Enquanto ele o lia, seu rosto assumia uma expressão estranha.

“Vamos,” Ron disse afobado. “O que Snape diz? Ele está morto? O quê?”.

Ginny bufou. “Sim, Ron, porque se Snape estivesse morto, ele com certeza escreveria para Draco e o contaria sobre isto”.

“Não seja ridícula,” Charlie disse, e deu um sorriso. “Ele estaria muito ocupado com o funeral para escrever”.

“Charlie,” gemeu Ron, mas Charlie, o ignorando, se colocou de pé, foi até a lareira, e se ajoelhou perto das chamas.

"Auditori Casa dos Malfoys,” ele disse, e depois de alguns momentos, a cabeça e os ombros de Narcissa apareceram entre as chamas fracas. “Sim?” ela disse. Ela parecia exausta, seus olhos rodeados por sombras escuras. Quando ela reconheceu Charlie, seus olhos se arregalaram. “Há alguma-“.

“Novidade? Não,” disse Charlie, gentil mas firme. “Me desculpe”.

Ela mordeu o lábio dela. “Está tudo bem, então?”.

“Na medida do possível. Eu achei alguma coisa aqui que imaginei ser do seu interesse e do Sirius também. Ele está por aí?”.

“Ele voltou para casa, mas ele foi direto para as masmorras. Eu acho que ele está checando algo – bem, a situação”.

“Ah,” disse Charlie diplomaticamente, e estendeu a mão que segurava o papel branco corretamente dobrado. Nacissa esticou uma mão pálida e fina para fora do fogo e pegou o papel da mão de Charlie. “Está endereçada a Draco,” disse Charlie. “De Snape”.

Os olhos de Narcissa buscaram os de Charlie, então, eles se voltaram para a carta.

“Aparentemente Snape preparou algum tipo de poção de Força-de-Vontade para Draco,” disse Charlie. “Para ajudá-lo a resistir a influência de Slytherin. Eu achei que Sirius talvez se interessasse --".

Mas Narcissa, agarrando com força o pergaminho, já tinha desaparecido”.

***

Ela sonhou que estava de pé em uma clareira no coração de uma floresta, e no centro da clareira tinha uma árvore. Era a maior árvore que ela poderia já ter imaginado, e mais do que isto. As raízes gigantescas se elevavam como abrigos de um monstruoso corredor. Do outro lado, ela podia ver o tronco gigantesco e deformado da árvore que subia e subia e subia, e muito além disto, tão alto que atingia as nuvens e a altura era tão grande que era difícil ver. Ela apenas podia perceber a grande escuridão negra espalhando-se pelas folhagens e galhos. Uma mancha negra muito pequena flutuou entre os galhos e as folhas. Quando a mancha chegou mais perto, ela viu que isto era uma esplêndida coisa voadora - não um pássaro, mas uma pequena serpente alada com escamas em forma de jóias.

Ela desembarcou na terra há poucos passos dela, deformou-se, ondulou-se, e tornou-se um homem, parado em pé. Ela não ficou surpresa; ela já sabia que a cobra alada poderia ser ele. Ele estava pálido, muito pálido, e ele vestia um manto verde escuro. Alguma coisa estava amarrada em sua cintura - uma espada, ela viu. Ele parecia contido e terrivelmente tenso, a pele de seu rosto apertada contra seus ossos, seus olhos, uma vez prateados, agora pretos, estavam fixos nela.

“Você me chamou aqui,” ele disse, e sua voz estava irredutível. “O que você quer?”.

“Eu queria dar isto para você,” ela disse e estendeu sua mão segurando alguma coisa que brilhava como uma pedra espumosa.

Ele não fez nenhum movimento para pegá-la. “Então isto é definitivo?”.

Ela concordou com a cabeça. “É definitivo. Eu não serei mais sua Fonte”.

“É por causa de Godric,” ele disse furiosamente.

“Godric não tem nada haver com isto”.

“Eu posso obrigar você,” ele disse refletindo. “Existem caminhos”.

“Uma Fonte que se recusa a ser Fonte é imprestável,” ela disse. “Você sabe disto”.

“E não importa para você que eu te ame?”.

Ela levantou seu queixo. Olhou furiosamente para ele. “Você não me ama”.

Ele cruzou a clareira, a agarrando pelos pulsos, a fitando nos olhos. Ela olhou para ele, para seu rosto, tão mudado agora. Ela tinha acreditado que em outro tempo ele tinha sido gentil, nobre, uma pessoa com sentimentos, até mesmo sensível. E havia sensibilidade nos seus olhos, mas apenas de um tipo estreito - sensibilidade que percebia apenas sua própria dor, compreendia apenas suas próprias necessidades, sofria apenas quando seus desejos eram frustrados. “Como você pode dizer isto para mim?” ele sibilou.

“Porque é verdade. Você não me ama. Você simplesmente me quer como você quer mais poder, mais conhecimento, mais criaturas monstruosas para executarem sua ordem. E o fato d’eu amar Godric, apenas faz você me querer mais. Isto não é amor, apenas desejo, avareza-“.

Ele a pegou pelos cabelos e a puxou com severidade de encontro a ele. Ela tentou se afastar, empurrando as mãos dele enquanto ele dava uma risada. “Lute comigo, por que você não o faz,” ele sibilou para ela. “Me morda, me arranhe. Mas não, você não pode você mesma me ferir, mesmo diante disto tudo que você falou”.

“Eu posso te ferir,” ela sibilou de volta. “Eu irei”.

Tinha sido um erro dizer isto. Os olhos dele se estreitaram “Sim, você está planejando alguma coisa, não está?Você e os outros. Godric, e Helga. Eu sei disto. Eu escuto coisas”.

“Nós estamos apenas nos protegendo mutuamente”.

“Então por que vocês estão fazendo Chaves para uma arma?”.

O coração dela parecia que tinha congelado dentro do peito. Ela não tirava os olhos dele, o sangue agitado dela estava palpitando: Como ele sabe? Como ele sabe?

O sorriso dele se alargou. “Eu tenho informantes,” ele disse. “Não pense que você pode fazer alguma coisa sem o meu conhecimento.E não pense que apenas porque eu perdi você como minha Fonte, eu estou fraco”. Ele deu uma risada como uma caveira. “Eu tenho uma outra Fonte de poder agora”.

“Salazar, o que-“.

As palavras dela foram encurtadas quando a boca dele desceu até a dela. No início, ela cerrou seus dentes para mantê-lo afastado, mas ele também tinha cortado sua respiração, e conseqüentemente os lábios dela se separaram para ganhar ar. Ele tinha gosto de metal frio. Um horror a assaltou, mas mesmo que isto fizesse o sangue dela pulsar duramente na suas veias, e ela, com desespero, se surpreendeu: como a única pessoa que você mais amou no mundo poderia de certo modo tornar-se a pessoa que você mais odeia.

Ela virou seu rosto para o lado. “Me deixe ir-".

Mas ele já a tinha soltado, a libertando, rindo quando ela se virou para corre, seu riso foi a última coisa que ela ouviu quando ela --".

O sonho mudou.

Ela estava sentada em uma sala que ela reconhecia: o Grande Salão de Hogwarts. Encarando-a por cima da mesa estava um homem que ela nunca tinha visto em seus sonhos antes, mas ela o reconheceu imediatamente: cabelos pretos, alto, sobrancelhas marron-escuras marcadas por uma expressão de raiva. Um rosto honesto, preocupado. Olhos verde-escuros. Uma quantidade de itens tinha sido deixada espalhada sobre a mesa - livros, pergaminhos, penas, um mortal e um pilão, a bainha de uma espada, o Lycanthe, um objeto que parecia um relógio de areia ou um símbolo de infinidade.

“Nós teremos que matá-lo, você percebe,” ele disse.

Ela balançou sua cabeça veementemente. “Não. Eu não quero fazer isto”.
“Não existe outro jeito, Rowena”.

“Há um outro jeito. Helga e eu temos trabalhado em uma adição para a maldição. Mesmo que ele seja capaz de acordar disto, para livrar-se do feitiço, ele não será capaz de deixar a área que nós delimitarmos para ele ficar. Nós viraremos seus próprios monstros contra ele e fazê-los guardião dele-“.

“Tudo isto,” disse Godric. “Tudo isto apenas para mantê-lo vivo?”.

“Eu não posso matá-lo, Godric. Eu não posso. Há ainda alguma bondade nele, alguma coisa que pode ser salva, e enquanto ele estiver preso, eu descobrirei como isto pode ser efetuado-“.

“Tanto esforço despendido para preservar uma vida que é tão pouco digna,” disse Godric em um tom amargo. A Maldição Dormiens não o manterá preso. Isto amarra a alma de um homem. E eu não estou certo de que ele tenha deixado muita alma para ser amarrada por nós”.

“Há mais uma coisa,” ela ouviu sua própria voz dizer, com hesitação.

Godric olhou para ela. “O quê?”.

Ela recebeu o olhar dele com sinceridade. “Você já ouviu falar em um Encantamento Epicyclical?”.

Hermione sentiu seu próprio corpo domindo saltar de choque, como se isto fosse resultado do choque que apareceu e sumiu do rosto de Godric. Ela tentou se segurar neste fragmento do seu sonho, mas ouviu apenas algumas vozes ecoando na sua cabeça, claras e ao mesmo tempo abafadas, como vozes que se escuta vindas de um outro quarto: a voz da Helga, a sua própria: “Vocês terão que preparar mais rápido, isto tudo. O Lycanthe está pronto, o Vira-Tempo, agora nós apenas precisamos da chave de Godric”. As vozes se elevaram para um grito confuso. “Qual é a fonte que ele está usando, se não sou eu? Onde ele poderia encontrar outro Magid desejoso para ser sua Fonte?” “Talvez não seja um Madig afinal. Poderes Demoníacos. Ele poderia ter chamado alguma coisa...” “Nós precisamos esconder as Chaves”. “Helga pode escondê-las. Ela sabe como colocá-las sob proteção”. “Há pouco tempo-“.

“Hermione”.

Alguém tinha lhe pegado pelo pulso, e estava dizendo um nome, mas não era o nome dela, ou era? Ela piscou seus olhos, os abriu e viu uma massa de sombras negras sem forma, que resolveram se mostrar na forma de um Ron em preto-e-branco, sentado na beirada de sua cama e olhando para ela ansioso. “Hermione”.

Às tontas, ela levantou seu braço e o pegou com a mão livre, o puxando em direção à ela com uma tal força que ele quase se desequilibrou. “Como--" ela se surpreendeu com sua respiração áspera, e fechou seus olhos, seu coração pulando. “Eu estava sonhando,” ela disse, meio que para ele, meio que para ela.

Ron se ajeitou um pouco, sentando mas não tirou as mãos dele do pulso dela. “Eu calculei. Você estava gemendo - de fato, você estava chamando aos berros, um, por Godric. Este seria Godric Gryffindor, e existiria alguma coisa que eu deveria contar para o Harry, porque eu realmente não acredito-“.

Hermione colocou sua cabeça gentilmente sobre o ombro dele. “Cale a boca”. Ron suspirou, mas não se moveu. Ele podia escutar um brando tun-tun soar do coração dele, estável como um metrônomo, confiável como o Ron em si. “Eu escuto todas estas vozes,” ela sussurrou, levantando os olhos para ele. “Rowena e Godric - eles estão falando sobre as Chaves, e onde elas devem ser escondidas. Eu acho que Ginny está certa, eu acho que tem alguma coisa enterrada aqui, talvez no porão-“.

“Hermione,” cortou Ron. “Eles são apenas sonhos”.

“Não”. Hermione falou firmemente. “Eles não são apenas sonhos”. Ela levantou sua mão, pegou o Lycanthe, e o mostrou para Ron. “Isto me conecta a eles. A Harry e especialmente a Draco. Eu devo estar sonhar o que eles estavam sonhando, talvez eu possa até ver o que eles estão vendo. De qualquer maneira, eu estou aprendendo com isto. Eu estou começando a entender como tudo está ligado - como o que aconteceu no passado está afetando o que está acontecendo agora”.

Ela parou. Ron estava olhando para ela firmemente, e ela acreditou ter visto preocupação nos claros olhos azuis dele. “Hermione,” ele disse devagar. “Não tome isto como ofensa, mas - você parece que está um pouco - obcecada por isto. Eu não sei o que está coisa é-“ ele sacudiu seu queixo em direção ao Lycanthe - "mas você está olhando para ele como Draco olhava para a espada dele. Eu não gosto disto”.

“Nem todo poder é ruim, Ron”.

“Talvez não,” ele disse, se afastando dela e se sentando. “Mas como você pode me dizer a diferença?”.

Ela tremeu um pouco, embora o quarto não estivesse frio, e puxou a manga de sua blusa. Ron tinha dado a ela um par dos velhos pijamas de Fred, e sobre ele, ela vestiu o suéter que a Senhora Weasley tinha tricotado como presente de natal para Harry no quarto ano deles. Harry o tinha usado apenas uma vez, no verão passado nA Toca e todos eles tinham rido dele - ele tinha crescido tanto que as mangas do suéter passeavam sobre os pulsos dele e deixavam um bom pedaço de pele à mostra entre a barra do suéter e o cinto do seu jeans. Sorrindo, Harry escondeu o suéter na parte de trás do armário de Ron, onde ele permaneceu até esta noite.

Ela gostava de usá-lo - ele era quente, era familiar, tinha o cheiro do Harry. Ela sempre acreditou que pessoas muito bonitas cheirassem ao sabonete que elas usavam, mas ela veio a perceber que isto não era verdade -- Ron sempre tinha um cheiro que combinava grama cortada e torrada amanteigada, Draco exalava um odor de cravo e pimenta e limão, e o cheiro de Harry misturava sabonete e chocolate e alguma outra coisa que estava apenas, unicamente em Harry e que de alguma forma aliviava a sensação de perdê-lo. Não inteiramente, é claro. Mas um pouco.

“Eu não sei,” ela disse finalmente. “Eu não estou certa se eu posso”. Ela levantou sua cabeça e olhou para Ron, que estava em pé perto da janela agora, olhando para o jardim. “E eu estou com medo”.

Ron olhou de volta para ela. A fraca luz do luar incidiu as sombras sobre seus olhos, marcando seus cílios com prata, tornando seu cabelo preto. “Venha aqui,” disse ele.

Hermione se levantou e foi se juntar a ele na janela.

“Olhe para fora,” ele disse.

Ela seguiu seu olhar. Lá fora, a luz do luar estava tão agudamente branca que o jardim quase parecia como se estivesse encoberto por neve. As árvores estavam tingidas de prata; a luz da lua era tão intensa que apagou as estrelas. Mas isto não era o que Ron tinha apontado; ele estava indicando a sólida linha de silhuetas encapuzadas de preto que estavam de pé em um círculo em volta do jardim, virados de costas para a casa. Aurores. Eles estavam tão imóveis que pareciam pedras.

“Isto não faz você sentir um pouco menos de medo?” perguntou Ron, e Hermione olhou para ele, pensando que ele ainda não tinha entendido que ela não estava com medo do que estava fora, mas sim do que estava dentro - dentro dela, dentro de Draco, dentro de Harry e Ginny, o que estava gravado na história, genética e destino que eles podiam carregar dentro deles, impossível de se escapar, em uma repetição sem fim. Ela olhou para ele, depois para a janela, em direção ao jardim onde a luz da lua brilhava sobre a água na pedreira distante.

De repente ela se virou, e olhou selvagemente para Ron. Ela percebeu que ela estava apertando o Lycanthe na sua mão direita, tão fortemente que ela podia sentir as pontas dos seus dedos penetrando na palma de sua mão. “Ron, A Pedreira”.

“O que que tem A Pedreira?”.

“As proteções”.

“O que que têm as proteções?” perguntou Ron, soando vagamente exasperado. “Ou isto é um dos seus jogos, onde você diz uma palavra e eu tenho que supostamente responder com a primeira coisa que aparecer na minha mente?”.

“Não, isto não é um jogo, Ron, você disse que toda vez que um parente seu tentava esvaziar a pedreira, ela simplesmente se enchia de novo, certo? É porque ela recebeu algum tipo de proteção mágica, realmente poderosa, que nenhum de seus parentes foi capaz de quebrar. Agora, o que aconteceria se estas proteções tivessem sido colocadas para proteger alguma coisa sob a pedreira? Alguma coisa que tivesse sido colocada lá...há mil anos?”.

Ron não tirou os olhos dele por um momento. Então, um flash de sorriso cruzou seu rosto, iluminando seus olhos. “E todo este tempo, eu acreditei que você estava apenas fingindo ser esperta”.

Hermione deu um sorriso. “Você tem uma pá?”.

***

Sirius estava na masmorra, o demônio atrás dele, através das barras de ferro de sua cela, ele encarava o lobisomem que tinha sido Lupin. Ele tinha se arremessado contra as barras por algum tempo e agora se encolheu, os olhos estreitados e choramingando de vez em quando, do outro lado da cela.

Devagar, ele levantou sua mão esquerda, no qual alguma coisa brilhou e cintilou através da água turva que iluminava a masmorra. “Eu achei isto no meu cofre em Gringotts,” ele disse suavemente, não olhando para o lobo, mas para o que ele segurava em sua mão. Era uma chave, feita de latão, com uma cabeça de osso esculpida nela que era ornada com jóias negras brilhantes. “James me deu isto para que eu desse ao Harry. É claro, o problema é que Harry não está por perto para eu dar isto a ele e James não está por perto para eu contar a ele o que é necessário ser contado. E eu não sei o que fazer com esta maldita coisa, eu mesmo. É obviamente mágico, mas uma chave, até mesmo uma chave mágica, não é muito boa sem uma maldita porta, não é mesmo? Agora, eu sei o que você diria, Aluado. “Sirius, você está sendo obvio”. “Às vezes, uma chave não é só uma chave. E às vezes, um garoto não é só um garoto, às vezes ele é também um lobo”. Isto é o que eu aprendi com você. Eu sempre falei para você que isto não era importante. Mas talvez eu estivesse errado”. Sirius parou, ciente de que ele estava errado, e encostou sua cabeça contra as barras frias da cela. “E aí, qual é a sua opinião? Você não entende uma palavra do que eu estou dizendo”.

Ao mesmo tempo em que ele se inclinava em direção ao lobo, o lobo chorava, sacudindo suas costas.

“Ele tem medo de você,” disse o demônio atrás de Sirius. “Ele sabe por que você está aqui”.

“E como você sabe?” resmungou Sirius, sem se virar para trás.

“Eu vejo o que você está segurando na sua mão direita. Você acha que pode destruir um lobisomem com tal lamina? Não é de prata”.

Sirius virou-se devagar e olhou para o demônio com os olhos negros frios. “Você se surpreenderia com as coisas que uma faca no coração pode destruir, matar”.

“A Maldição da Morte é mais limpa,” observou o demônio.

“Ele merece mais do que isto,” disse Sirius. Ele estava ainda olhando para a faca, que ele tinha pegado do arsenal de Lucius porque foi a melhor arma que ele poderia achar, e porque as opalas no seu punho o lembravam de luas, e isto parecia combinar. No fundo de sua mente veio uma coisa que Lupin tinha dito para ele uma vez, olhando para a crescente como ele fazia então, Nós acreditamos que nós inventamos símbolos, mas na realidade eles nos inventam. Nós somos suas criaturas, a mercê de sua severidade, rudeza, nos limitando.

Na verdade, não deveria importar o tipo de arma para ele matar seu amigo. Ele deveria ser morto.
Ele faria isto por mim, Sirius pensou. Mas o pensamento estava desprovido de ressonância como tinha tido antes.

O demônio riu. “Você não é capaz de fazer isto”.

Sirius o ignorou.

“Talvez,” disse o demônio, “não haveria um outro caminho?”.

O demônio deu de ombros. “Muito bem. Eu não vim aqui para barganhar”.

“O que você veio fazer aqui então?” resmungou Sirius. “Você disse que você não tinha vindo aqui matar Harry, mas você tentou-“.

“Eu não estava tentando matá-lo. Eu estava tentando dar um aviso para ele”.

“Você o atacou!”.

“Eu tentei fazê-lo me escutar. Eu tentei dizer a ele que sua vida corria perigo por causa do Lorde das Cobras. Mas ele e o outro, o sétimo filho, eles não quiseram me escutar”.

Sirius ficou abismado, seu coração batendo fortemente. Com certeza, a criatura estava mentindo - mas mesmo assim - "Por quê?” ele perguntou. “O que te importa, o que acontece a Harry?”.

O demônio deu de ombros. “Nós não nos importamos. Você está perguntando as questões erradas”.

Sirius deu um passo em direção ao demônio, os olhos dele fixos nos olhos vermelhos do demônio. “Quem são “nós”? Antes de tudo, qual é o seu nome? Você já teve um?”.

O demônio parecia astuto. “Muito bem. Como um sinal de boa vontade, eu te direi meu nome. É Strygalldvir. Conjure isto e eu comerei seu coração e seu fígado”.

Sirius duvidou que ele pudesse conjurar aquele nome já que não seria capaz de sequer pronunciá-lo. “Então, o que Slytherin quer com Harry?” perguntou Sirius, e olhou para o reflexo do brilho da pedra vermelha no seu bracelete, que pulsava com uma luz estável. “E qual é o interesse do Inferno nestes acontecimentos”.

“Nós temos uma vida relacionada,” disse o demônio. “A barganha feita com o Lorde das Cobras foi a mais amarrada das barganhas: o dom do poder demoníaco em troca de-“.

“Sua vida,” disse Sirus. “Eu sei disto”.

O demônio deu um sorriso falso. “Não sua vida,” ele zombou. “Quem poderia fazer uma barganha como esta?”.

“Então...?”.
“A vida de seu herdeiro. Especificamente, um Magid descendente de seu próprio sangue. Esta foi a barganha. Isto foi por que Slytherin, enquanto vivo, ficou desesperado para produzir seu herdeiro. Uma vez, ele nos deu livremente seu próprio descendente. Nós não tivemos escolha a não ser considerar a dívida cancelada”.

“Draco,” sussurrou Sirius, e então, depois de um momento, entendendo, levantou sua cabeça e fitou o demônio. “Harry?”.

“Por quê não?” Strygalldvir estava dando risadas, mostrando mais do uma carreira de dentes. Não foi uma risada agradável. “Ambos os garotos são Magid descendentes do sangue de Slytherin. Mas o garoto Potter também tem o sangue de Godric nele. O Lorde das Cobras precisa manter um garoto vivo e ao seu lado, mas o outro será sacrificado. O ódio de Slytherin pelo seu primo não conhecia limites. Ele pode estar considerando isto uma agradável ironia: usar o herdeiro de Godric para tal propósito. Será como se o próprio Godric em pessoa o estivesse libertando”.

“O que te importa se ele usar Harry para saldar sua barganha?” Sirius resmungou. “Que diferença isto faz para você?”.

“Porque,” disse o demônio, revirando os olhos vermelhos, “esta barganha foi feita há mil anos atrás, quando nós éramos ricos em itens mágicos verdadeiros e pobres em Magids. A arte de fazer Lâminas Viventes, há muito tempo se perdeu. Esta espada é uma de duas que restaram neste mundo, e é muito mais valiosa para nós do que a vida de uma criança Magid. Têm abundância,” acrescentou Strygalldvir, “de Magids hoje em dia. Mas nós não podemos pegar a espada de volta a menos que Slytherin seja derrotado em sua barganha. E isto não acontecerá até--".

Sirius interrompeu, balançando sua cabeça. “Em outras palavras, você simplesmente prefere a espada a Harry”.

“Eu sou um demônio. Nós não estamos interessados em sermos gentis. De qualquer forma, é muito tarde para o herdeiro de Godric. O Lorde das Cobras o tem agora”.

Sirius estava boiando. Por que Slytherin precisava de um garoto vivo e ao seu lado? ele pensou, e então ele se lembrou da voz de Remus, dizendo as palavras da profecia, Quando a espada for mais uma vez empunhada em um batalha por um descendente de Slytherin, Slytherin em pessoa retornará, e ele e o seu descendente se juntarão para descarregar destruição e terror no mundo bruxo.

Remus. Ele virou-se para outra cela, na qual o lobisomem estava deitado. Ele expôs seus dentes para Sirius quando ele se aproximou, seus olhos pretos vazios com ferocidade ou dor ou alguma combinação dos dois.

“Você irá matá-lo finalmente?” falou lentamente o demônio para as costas de Sirius.

“Não,” respondeu Sirius, enviando a faca, que ele estava segurando, no cós da sua calça. “Eu o deixarei ir. Se ele correr para Slytherin, que assim seja”.

“Ele rasgará você em dois,” disse o demônio, soando impressionado. Sirius só não tinha certeza ser era pela sua bravura ou pela sua estupidez.

“Talvez sim,” disse Sirius. “Talvez não”.

Ele levantou sua mão para a porta da cela -.

“Sirius!”.

Era Narcissa. Ela estava em pé, na entrada da masmorra, muito pálida em suas vestes brancas.

“Sirius,” ela disse de novo, tomando ar, e ele percebeu, então, que ela tinha corrido. “Eu acho que você deve ler isto-“ e ela lhe estendeu a mão que segurava o pedaço de papel dobrado.

***

“Ron, fique quieto, você irá acordar todo mundo! Pare de andar pesado”.

“Eu não estou andando pesado. Eu estou apenas andando”.

“Bem, então ande em silêncio”.

Ron revirou seus olhos. Hermione, é claro, não podia ver isto, já que a cozinha está muito escura. “Venha, Hermione, todo mundo está dormindo”.

“Exceto nós, é claro,” disse uma voz dentro da escuridão.

Ron e Hermione deram um salto, e olharam. A cozinha tinha sido de repente iluminada com luz, revelando Charlie e Ginny sentados juntos na mesa da cozinha, olhando para eles com um olhar bem desconfiado. Charlie estava segurando sua varinha da qual emanava a luz brilhante produzida.

“O que vocês estão fazendo aqui sentados no escuro?” Ron perguntou com raiva.

“Nós escutamos vocês dois sussurrando enquanto vocês estavam descendo as escadas,” disse Ginny, parecendo superior. “Nós pensamos em dar um justo em vocês. Ron, por que você está carregando uma pá?”.

Charlie levantou suas sobrancelhas, seu semblante se transformou em um tipo de sorriso convencido. “O que vocês dois estão fazendo? Saindo escondidos por aqui para fazer algo ilícito à meia-noite?”

Ron sufocou-se, e ficou com cor de tijolo. Hermione parecia meramente irritada. “É claro que nós estamos,” ela falou sarcasticamente. “Este é o motivo pelo qual nós estamos levando uma pá. Elas são muito úteis durante as nossas sessões”.

Ginny deu uma risada. “O que vocês estavam planejando fazer com esta pá?”.
“Eu estava indo enterrar este morto na terra,” disse Ron, gesticulando, “e então, eu estava indo começar a cavar. Eu contaria mais para vocês, mas depois disto, ficaria um pouco técnico”.

“Tudo bem,” disse Charlie, se levantando. “Vocês tem cinco minutos para explicar para mim o que vocês iam fazer lá fora no meio da noite com uma pá. Começando agora”.

Ron e Hermione olharam um para o outro. Ron deu de ombros. Hermione suspirou, virou-se para Charlie e Ginny, e explicou.

Quando ela acabou de contar, Charlie coçou sua cabeça, parecendo um pouco infeliz. “Você percebeu que não se pode chegar à pedreira? Os Aurores tem instruções estritas para nos manter dentro da casa”.

Houve um silêncio deprimido, que foi quebrado por Ginny. “Talvez haja outro modo,” ela disse devagar.

Ron aprumou seus ouvidos. “O que você quer dizer?”.

“Quando eu estava no porão ontem, eu observei que eu desci por um corredor que o teto era úmido e úmido, e depois de algum tempo, ele começou a pingar água. Eu acho que eu estava debaixo da pedreira”.

Hermione bateu suas mãos. “Gin, você é brilhante. Vamos lá”.

Ron parecia verde. “Descer até o porão?” sua voz ecoou fracamente.

“O que há de errado com o porão?” Hermione perguntou.

Ron gesticulou fracamente. “Aranhas...”.

“Eu irei proteger você, Ron,” disse Charlie, heroicamente. “Além do que,” ele acrescentou, sua voz baixando o volume, “eu estou louco para ver se Fred e George ainda mantêm a coleção de revistas deles lá embaixo”.

***

Por um lado, Draco não era um mau professor. Harry estava surpreso. Ele tinha pensado que Draco seria -bem, como Snape, raivoso e impaciente e exigente. Ele era impaciente, mas ele também era meticuloso e cuidadoso e insistiu que Harry começasse muito do início - como se fica em pé, como se cumprimenta, como segurar sua espada. Ele insistiu que Harry tirasse seus sapatos para que ele pudesse lhe mostrar como ficar em pé, e tirou seus próprios sapatos quando eles foram combater para que eles ficassem na mesma altura.

Ele também, suspeitou Harry, estava trapaceando. Não da maneira que ele pudesse sinalizar com o dedo, mas parecia a Harry que enquanto ele mesmo usava sua espada, a movimentando, que ele nunca tinha aprendido a usar sua mente - menos os nomes do que uma série de impulsos elétricos que seu cérebro queria seguir, e um segundo mais tarde ele descobriu que seu braço tinha se levantando quase que contra sua própria vontade.

Ele supôs que fosse possível que ele fosse simplesmente um aluno rápido e maravilhoso com uma sabedoria inata de técnicas em luta de espadas, mas ele particularmente suspeitou que este não era o caso. Toda vez que isto acontecia, de qualquer forma, ele podia olhar para cima e iria encontrar Draco olhando diretamente e com expectativas para ele como se dissesse, “Sim? O quê? Por que você está arregalando os olhos para mim, Potter?”.

No final das contas, ele decidiu não se aborrecer com isto. Se Draco queria ensiná-lo mais a luta de espadas através de telepatia, mais poder para ele. Mas isto não fazia as coisas se tornarem mais fáceis. Ainda era um trabalho duro. A espada de Godric era pesada, muito pesada, e aprender a se mover deste novo modo dava câimbras em seus músculos. Ele estava encharcado de suor - Draco também estava, de qualquer forma - mas sua camisa estava mais colada ao corpo do que a de Draco.

“Okay,” anunciou Draco de repente, respirando com dificuldades e dando alguns passos para trás. “Uma vez mais. Tente passar por mim”.

Harry suspirou, girou, e encarou Draco, que o cumprimentava. Sentindo-se um imbecil, Harry copiou o gesto, não mais tão sem jeito.

No momento em que Draco se moveu, Harry se moveu também. Ele estava sentido que Draco o estava ajudando de novo, ainda que ele não pudesse ver nada na expressão de Draco para confirmar isto. Draco parecia calmo, concentrado, um pouco entediado, como se qualquer coisa que Harry fizesse com sua arma o levava a escapar. Harry ia atrás dele, escutando o ressoar de metal contra metal com um certo prazer impetuoso. Draco levantou sua lâmina - Harry a empurrou para o lado com a sua própria lâmina, caminhando em direção a Draco, de repente percebendo que seus pés estavam colocados de maneira errada, e os moveu corretamente, então. Antes que ele terminasse isto, a ponta da espada de Draco foi ao encontro de seu ombro. Isto doía também.

“Ow,” disse Harry irritadamente, indo para trás.

Draco jogou uma mecha de cabelo louro-branco suado para longe de seus olhos e franziu as sobrancelhas. “Vamos, Potter, até um hamster que permite ser treinado razoavelmente deveria ser capaz de completar este movimento. Eu deixei para você uma passagem, uma brecha maior do que a Millicent Bulstrode –“.

“Meus pés estavam errados,” Harry falou entre os dentes, ainda mais irritado.

Um sorriso apareceu no canto da boca de Draco. “Sim, eu reparei isto. Bem, é necessário adquirir uma certa soma de graça para aprender a esgrimar”.

“Eu tenho graça,” disse Harry, mordente.

“Lembre-se, Potter - eu vi você dançar. A escola toda te assistiu dançar, no quarto ano. Graça não é o seu nome do meio”.

Indignado, Harry abriu sua boca para contestar - e ele foi cortado por outro barulho de trituração, um barulho que vinha do canto do quarto. Ambos os garotos deram a volta, segurando suas espadas. Neste momento, o espaço escuro surgir maior do que tinha sido antes, grande o suficiente para uma pessoa passar por ele. Harry e Draco pararam congelados, um olhando para o outro.

Draco falou primeiro. O que nós devemos fazer?

Nos proteger. Fique para trás.

Draco colocou suas mãos no seu quadril. E isto serviria precisamente para quê?

Harry deu de ombros. Eu não sei. Isto é o que eles fazem nos filmes.

Houve um lampejo de movimento no espaço escuro, e de repente uma figura emergiu dentro do quarto. Harry e Draco não se moveram. Eles apenas encararam a figura. Ela vestia um longo vestido azul índico, sobre o qual estava colocada uma capa preta que ocultava o rosto do recém-chegado. Foi possível ver que o intruso era pequeno, mas magro demais para ser Rabicho, e as mãos que se estendiam das mangas de sua capa preta eram ambas humanas.

Harry escutou a voz de Draco na sua cabeça. Isto não pode ser bom.

Ele estava inclinado a concordar. De repente, o espaço escuro desapareceu, a parede reapareceu, e o intruso se virou para encarar os dois garotos; pôs as suas duas mãos pálidas na lateral de seu capuz, e puxou o capuz para baixo.

Cabelos, como uma nuvem de prata, escorreram para fora do capuz, emoldurando um familiar rosto de porcelana. Olhos azuis escuros se levantaram arrogantemente, cílios negros piscando. “Eu quis acreditar,” a voz clara era ácida, “que vocês dois iriam trabalhar na mesma hora em um plano hábil para escapar, visto que ambos são Magids, e nem um pouco estúpidos. Mas não, vocês estão aqui, batendo um no outro com grandes espadas imbecis”. A boca vermelha se contraiu em repúdio, aversão. “Garotos”.

Houve um som estridente. Draco, assombrado, tinha deixado cair sua espada. “Fleur?” ele perguntou, o choque tinha despido sua voz da corriqueira lentidão. “O que você está fazendo aqui?”.

***

Eles tinham descido para o porão há trinta minutos até que eles alcançaram a porta. Ginny estava mostrando o caminho, sua varinha levantada e produzia uma luz, Charlie atrás dela. Então vinha Hermione, que tinha descoberto que ela podia usar o Lycanthe um pouco como uma tocha - ele produzia luz quando ela o elevava em sua mão. Então vinha Ron, resmungando um pouco, mas olhando em volta com grande interesse. Na realidade, não era muito um porão, mas parecia mais a toca de um coelho com túneis e passagens. Foi uma boa coisa, pensou Hermione, que Ginny parecesse saber para onde estava indo. Ou ela sabia para onde estavam indo, ou eles estavam todos perdidos.

Hermione também percebeu que o teto parecia estar crescentemente se rebaixando na medida em que eles desciam, e que, como Ginny disse, as paredes estavam pingando água e estavam bem cobertas de musgos, o ar estava frio e cheio de uma névoa branca.

Ron de repente deu um grito de susto, e Hermione se virou para ele. “Ron! Você está bem?”.

Ron parecia esverdeado à luz de seu Lycanthe, estava olhando seus pés com um olhar de horror. “Aranha,” ele disse com um tipo de voz em choque. “Elas estão subindo pela perna da minha calça”.

Hermione revirou seus olhos. “Honestamente, Ron!” ela falou entre os dentes e caiu de joelhos aos pés dele. Ela puxou com força as pernas da calça dele e removeu o aracnídeo ofensivo do tornozelo dele. Era uma bem pequena, cinza pálido e quase fofinha. “Olhe,” ela disse, a acenando para Ron, que pulou para trás. “É apenas uma aranha bem pequenininha! É provável que ela estivesse procurando por um lugar quente”.

Ron olhou furioso para ela. “Você não entende. Não foi você que entrou na Floresta Proibida e quase foi comido por uma aranha do tamanho de uma Mini, apenas porque Harry é um idiota”.

Hermione se levantou e fez uma careta para ele. “Harry não é um idiota”.

Ron apenas olhou para ela.

Ela suspirou. “Oh, tudo bem, ele é. Mas não o tempo todo”.

“Hey!” a voz de Charlie veio mais adiante, lá embaixo, no corredor. “Venham aqui e olhem isto”.

“O que é?” perguntou Hermione, se aproximando de Ginny, e imediatamente viu qual era o problema: a passagem tinha terminado em uma gigantesca porta de pedra. Bem, não em uma útil porta de pedra, já que não tinha maçaneta ou outro modo de abrí-la, mas era, diante de todas as evidências, uma porta. Toda a frente da porta estava entalhada com profundas ranhuras e arranhões, entrelaçando um design impressionante.

“Beco sem saída,” disse Ron atrás dela, soando deprimido.

“Não necessariamente,” disse Hermione. “Eu não acho que este seja um beco sem saída. Eu acho que isto é um obstáculo”.

“E a diferença seria?”.

“Que há um modo de passar por isto”.

“Isto parece escritos,” interrompeu Ginny, chegando mais perto da porta com a sua varinha. Hermione se curvou, seguindo com o seu dedo as ranhuras na pedra, e levando a luz para mais perto do pé da parede. Havia um design lá, entalado no canto da pedra: parecia uma doninha muito pequena ou um texugo, vestindo uma coroa na sua cabeça pequena. Hufflepuff, ela pensou, indo para trás e levantando o Lycanthe na sua mão. Luzes douradas saíram dele, iluminando a escultura do pequeno animal, e junto a isto, vários arranhões se transformaram em uma língua que ela não conhecia.

Hermione baixou o Lycanthe, mordendo seu lábio.

Ginny olhou para cima irritada. “Por que você fez isto? Eu estava lendo”.

“Mas Ginny, isto não faz nenhum sentido! São apenas linhas e rabiscos”.

Ginny olhou para ela, chocada. “Isto faz perfeito sentido. É algum tipo de poema, ou um enigma. Traga a luz de volta para cá”.

Assustada, Hermione se ajoelhou perto de Ginny, e Charlie se amontoou perto delas. “Isto parece grego para mim,” disse Ron, olhando duvidoso, e Charlie concordou.

Ginny balançou sua cabeça, seu cabelo vermelho pegando o movimento da luz da varinha em faixas vermelho-fogo. “Não. É um poema. Aqui --". E ela o leu em voz alta:

Quando há fogo em mim, então eu ainda estou fria.

Quando eu for o rosto do seu verdadeiro amor, então você não me verá mais.

A todas as coisas que eu me dedico não mais então eu estou me dedicando.

Na hora certa, eu poderei ter todas as coisas, e mesmo assim eu não possuirei nada.

Houve um longo silêncio. Hermione liberou sua respiração que ela havia prendido de espanto. “É um enigma,” ela disse.

“Que tipo de enigma é este?” Ginny perguntou, sentando em cima dos sues calcanhares. “Não tem ao menos uma questão”.

“A questão está implícita,” colocou Charlie. “Isto descreve uma coisa, ou uma pessoa que nós temos que identificar”.

Ron forçou um sorriso. “Isto não poderia apenas perguntar “o que é vermelho e verde e anda em círculos?””.

Hermione apertou o braço dele impacientemente. “Shh. Todo mundo está pensando. A todas as coisas que eu me dedico não mais então eu estou me dedicando. Na hora certa, eu poderei ter todas as coisas, e mesmo assim eu não possuirei nada...então, isto não é uma pessoa, então...”.

Ron olhou para ela preocupado. “Herm, se você responder errado, você não sabe o que acontecerá. Pode ser perigoso”.

“Ron está certo,” acrescentou Charlie, olhando nervosamente ao redor, para as paredes frias e úmidas, para as sombras pesadamente suspensas.

Hermione os ignorou. Quando há fogo em mim, então eu ainda estou fria. Quando eu for o rosto do seu verdadeiro amor, então você não me verá mais...Nas palavras “verdadeiro amor”, ela tinha, é claro, lembrado de Harry, e foi pensando nele ainda, olhando para o Espelho de Ojesed e vendo Harry lá, seus braços em torno da imagem refletida dela, olhando para ela, os rostos de ambos voltados para ela...

“Hermione,” disse Ron. “Você está escutando?”.

Hermione levantou sua cabeça. “Um espelho,” ela disse.

Por um momento, nada aconteceu. Então, com um rangido barulhento, a porta balançou, revelando uma passagem comprida, estreita, profundamente-inclinada, trançada na escuridão.

***

O que ela está fazendo aqui? Harry perguntou, seus olhos vidrados.

Draco ainda estava encarando Fleur. Ela parecia muito a mesma que ela tinha sido como na última vez que ele a tinha visto; mas principalmente, ela estava mais bonita agora, e com certeza ela estava com uma aparência mais atraente. Eu não sei, ele pensou de volta. Ela é uma veela, não é? Talvez ela tenha sido Chamada para cá. Ou então, ela esteja aqui porque ela está apaixonada por mim.

Ela está apaixonada por você?

Obcecada por mim me parece ser um pouco mais preciso. Ela não consegue ficar cinco minutos sem tentar colocar as mãos dela em cima de mim-.

Eu entendi, Harry interrompeu Draco apressadamente. Não precisa entrar em detalhes. Você acredita honestamente que ela veio para cá desta maneira apenas para botar as mãos dela em cima do seu corpo esquelético?

Draco pareceu insultado. Isto é tão difícil de acreditar?

“Oh!” com um grito que soava muito mais como indignação, Fleur cruzou o quarto, e, com um grande crack! esbofeteou Draco no rosto. Na realidade tão forte, que ele cambaleou para trás e quase tropeçou.

Ambos, Draco e Harry olharam para ela com assombro, Draco com sua mão colocada sobre a sua bochecha, sobre a marca da bofetada de Fleur que permanecia gravada em vermelho a mão dela na pele de Draco. “O que foi isto?” ele gritou com raiva.
Fleu colocou suas mãos no seu quadril, levantando seu peito (o qual, na opinião de Draco, não poderia ser considerado nada mau), os olhos dela brilhando de raiva. “Você!” ela falou, olhando furiosamente para Draco. “Em primeiro lugar, eu posso ouvir tudo que vocês dois estão dizendo! Eu sou uma Magid, vocês se lembram?”.

“Oh,” disse Draco, trocando olhares estupefatos com Harry. “Nós não sabíamos-“.

“Slytherin não pode nos ouvir,” disse Harry, parecendo atemorizado. “Ele pode?”.

Fleur ignorou isto. Ela tinha desenvolvido uma útil cabeça de vento e ainda olhava furiosamente para Draco, seus olhos azul-ágata emitindo fagulhas. “Mais uma coisa, não é muito gentil dar a alguém um presente que apenas desaparece!”.

Os olhos de Draco faiscaram. “Isto não foi um presente. Você extorquiu isto de mim”.

“Você me deve! E agora você vai me pagar!”.

“Eu não suponho que ninguém queira me esclarecer sobre o que vocês estão falando,” resmungou Harry, mas Draco e Fleur estavam muito ocupados olhando furiosamente de um para o outro para dar atenção a Harry.

“Eu dei para você o que você me pediu!”

De repente, Fleur sorriu. “Não exatamente o que eu tinha pedido para você”.

“Tudo bem. A segunda coisa que você me pediu. Eu dei para você espada. Não é minha culpa se ela voltou para mim”.

“Você sabia que isto iria acontecer”.

“Fleur, você está melhor sem ela”.

“Você não me engana, Draco Malfoy, você é um pessoa horrível. Eu soube no minuto em que vi esta espada que ela era poderosa. Mas você não me disse que estava ligado a ela. Tudo já estava ajeitado para que no momento em que você me desse a espada, ela voltasse para você. Eu tinha ido dormir com ela amarrada no meu braço! E até então, ela tinha permanecido comigo toda a noite. Eu a deixa voltar para você. Mas não antes d’eu tirar isto dela,” e ela segurava alguma coisa em sua mão que brilhava mais verde-escuro do que os olhos de Harry. Draco soube o que era imediatamente; a esmeralda perdida da bainha da espada. “Isto é, ow, eu achei para você,” acrescentou Fleur, soando convencida, e abriu sua mão. A esmeralda voou de sua mão, e com um leve ruído de plonk, se juntou de novo à bainha da espada. Por um momento, parecia como se a esmeralda nunca tivesse saído de lá.

“Isto nos leva à questão de como você conseguiu chegar aqui,” acrescentou Harry, olhando de modo suspeito para Fleur.

“Não foi muito difícil. Eu sou uma veela. O Lorde das Cobras apenas presumiu que eu estava sendo Chamada para cá. Ele não sabe que eu sou uma Magid, e que então eu não posso ser Chamada. Têm muitas, talvez milhares de criaturas das Trevas aqui. Eu não estive observando. Quando eu cheguei aqui esta manhã, a esmeralda tentou voltar para você. Eu seduzi o guarda parado na frente da sua porta, e aqui eu estou. Eu vim,” ela anunciou, “para resgatar você”.

Ela sorriu orgulhosamente. Ambos, Draco e Harry não tiravam os olhos dela, assombrados.

“Fleur,” disse Draco finalmente. “Eu não sei se eu beijo você ou corro para longe de você aterrorizado”.

“Você teve sua chance com o beijo,” ela disse serenamente. “Você a perdeu. Você ainda me deve uma, Draco,” e sua voz estava dura. “Eu não permitirei que você morra aqui antes de pagar o que me deve”.

“Isto tudo é terrivelmente interessante,” disse Harry. “Mas você sabe como nos tirar deste quarto?”.

Fleur confirmou com a cabeça. “Em cinco minutos o guarda abrirá esta porta atrás de mim. Vocês passam por ela, e então eu guiarei vocês para fora daqui. O Lorde das Cobras, ele não virá ver vocês antes da meia-noite. Nós temos algum tempo”.

Harry estava olhando para ela, estreitando seus olhos verdes. “Slytherin viria nos encontrar aqui?”.

Fleur confirmou com a cabeça.

Harry virou-se para Draco. “Talvez nós devemos ficar”.

Draco não tirou os olhos dele. “Ficar aqui?”.

Harry confirmou com a cabeça.

“Ele nos golpeou antes porque nós não estávamos preparados. Agora nós estamos preparados e armados. Eu acho que nós devemos ficar aqui e quando ele chegar, nós o atacamos. Ele também não pode usar mágica aqui. Nós estaremos em igualdade, e nós estamos em maior número. Esta é a última coisa que ele esperará”.

“Não,” Draco falou entre os dentes, “a última coisa que ele esperaria é receber de nós um chapéu de pele redondo e ir celebrar nos salões de sua fortaleza, espalhando o prazer do Natal. E seu plano faz isto ter muito sentido. Mas muito obrigado pela sua colaboração”.

“Arry,” disse Fleur gentilmente. “Isto não faz nenhum sentido. Ele tem milhões de servos aqui. Mesmo se você pudesse bater no Lorde das Cobras, você teria que dar conta deles. A melhor coisa que nós podemos fazer agora é escapar”.

Harry olhou para Draco, e Draco pode ver pela expressão do rosto dele que Harry queria lhe contar alguma coisa, mas ele não podia porque qualquer coisa que ele dissesse, não importando como ele fizesse isto, poderia ser ouvido por Fleur. “Potter-“ Draco começou.

O barulho de trituração o interrompeu. Atrás de Fleur, uma grande e escura abertura estava aparecendo na parede. Ela jogou seus cabelos prateados para trás, e estendeu uma mão para eles, parecendo impaciente. “Venham,” ela encorajou, indo em direção a porta. “Nós devemos ir”.

Com um último olhar para Harry, Draco foi depois dela. E, depois de um momento, Harry fez o mesmo.

***

“Reparo”.

Snape observou como os pedaços estilhaçados de seu disco se juntaram de volta. Em um momento, ele ganhou a forma que tinha antes que Draco Malfoy o tivesse quebrado.

Snape estava sentado na escrivaninha na sua empoeirada sala de estar. As janelas estavam fechadas firmemente contra a atmosfera da noite escura lá fora, e o cômodo estava cheio de uma luz sombria. Ele não tinha estado aqui por vários dias. Não desde que ele encontrou seu estudante favorito sentado no chão, os olhos vazios como espelhos, tocando as Variações de Bach Goldberg através do disco que girava em sua mão.

Ele se perguntou se ele se arrependia de ter falado com o garoto tão duramente que seu pai estava morto. Mas não, ele tinha que ter feito alguma coisa para trazer Draco de volta à realidade. Ele parecia como se estivesse sendo levado pela corrente, sem rumo. Snape tinha visto este olhar nos olhos dos sevos de Voldemort. Algumas vezes se podia sair deste estado. Outras vezes não. Draco saiu, mas por quanto tempo?

Ele sabia que o garoto tinha recebido o pacote no qual ele enviou uma garrafa da nova poção de Força de Vontade que ele tinha desenvolvido, e a nota explicava o que ela fazia - era mais forte, durava mais tempo - porque sua própria coruja tinha retornado. Mas ela não trazia nenhum recado com ela. Ele percebeu com um estranho tipo de dor no coração que ele estava preocupado com o garoto. Fazia muito tempo que ele não se preocupava com alguém.

Bang. Bang.

Um pouco antes, ele percebeu que o insistente barulho abafado estava vindo da porta da frente, e não se sua própria cabeça. Devagar, ele se levantou, puxando seu manto apertado em torno dele. Fazia frio em sua casa. Ele gostava desta maneira.

Ele desceu rapidamente para o hall de entrada em direção à porta da frente, onde o barulho abafado estava se tornando mais alto e mais insistente, por um momento. Ele levantou sua mão para a maçaneta-.

E parou.
Ele nunca tinha amado ninguém tanto para que ele pudesse sentir simplesmente sua presença, ou reconhecê-la instantaneamente na multidão não importando o quão mudada ela pudesse estar. No entanto, ele já tinha escutado coisas deste tipo. Mas ódio, ele conhecia intimamente, e então ele soube quem estava parado em pé na sua varanda antes mesmo de levantar a mão para a maçaneta e destrancar a porta, sabia porque ele muda o ar em torno dele, sabia até mesmo pelo som da batida na porta de seu visitante.

O homem parado na varanda parecia exausto. Mais do que exausto. Seus olhos negros estavam circundados por sombras escuras, seus cabelos negros estavam desgrenhados e tortos, sua boca era uma linha tensa. E, de alguma forma, isto não o fez parecer mais velho, mas sim mais jovem do que ele era, lembrando Snape do garoto que ele conheceu na escola. Então você realmente quer saber onde James e Remus e Peter e eu quando nós nos esquivamos por estes terrenos? Bem, venha então, Severus. Eu mostrarei para você.

Sirius Black levantou sua cabeça, e pela primeira vez em 20 anos, olhou para Snape direto nos olhos, e Snape viu que em sua mão Sirius segurava um pedaço de papel branco dobrado com a própria letra de Snape nele.

“Eu preciso da sua ajuda,” ele disse.














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