Sangue dos Fundadores



Draco não se moveu enquanto Slytherin dava um outro passo para trás, para longe do lugar onde Harry estava deitado no chão, do lado dele, sua cabeça no seu braço. Ele parecia como se estivesse dormindo. Seu óculos ainda estava nele. Draco achou que isto não parecia muito confortável, e teria se ajoelhado e o tirado dele, mas isto era impossível já que ele se via impedido pelo fato de que ele não conseguia se mover. Ele ficou em pé, parado onde ele estava enquanto a espada ensangüentada se desprendia de seus dedos frouxos e fez um barulho contra o chão claro de adamantio. Draco não escutou isto. Ele estava olhando para Harry.



Slytherin deu um passo para frente, sobre Harry onde ele estava deitado no chão, e se aproximou de Draco. Ele o pegou pelos braços e parecia estar lhe dizendo alguma coisa. Seja o que for que estava sendo dito, ele estava dizendo em voz muito alta. Draco olhou para ele sem expressão; ele se sentiu cair dentro do centro de um redemoinho estático, sem movimento, não existia lugar para qualquer palavra. Ele não escutou parte alguma do que estava sendo dito por ele, nem se importava. Isto não era importante.



Slytherin o sacudiu, duramente, as mãos nos ombros dele, e palavras próximas que ele falava interrompendo seu pensamento, a confusão inundando a mente de Draco como pedras batendo contra a água.



“Criança mal-agradecida,” disse o Lorde das Cobras. Draco sentiu a contenção de Slytherin nos braços dele se desprender enquanto ele dava um passo para trás e olhava para do seu Herdeiro, para Harry, e de volta novamente, e sorriu um sorriso encordoado com veneno. “Para qualquer lugar que ele tenha ido agora,” ele disse, indicando Harry com uma sacudida de queixo, seus olhos em Draco, “lembre-se que foi a sua mão que o mandou para lá”.

E tendo libertado a sua contenção, ele virou suas costas para Draco e caminhou em direção à parede. A abertura secreta apareceu, e ele desapareceu através dela.

Agora Draco se moveu. Não tanto por escolha mas pelo fato de que suas pernas se enfraqueceram. Ele atingiu o chão da cela com suas mãos e joelhos, e se engatinhou de joelhos até próximo de Harry. Ele levantou sua mão para tocar o ombro de Harry, para arrumar a cabeça morena, virando o rosto de Harry para ele. Quando ele fez isto, ele viu que suas próprias mãos estavam respingadas com manchas bem pequenas de sangue e o sangue caiu em Harry onde ele o tocou.

“Harry,” ele disse. Era reflexivo. Não totalmente tendo conseguido aceitar isto, ele acabou assumindo que Harry estava mesmo morto. E mesmo assim, isto era impossível. Seguramente se Harry estivesse morto, ele poderia sentir isto, certamente a parte de Harry que ele carregou dentro dele desde a poção Polisuco, que os tinha ligado para sempre, deveria morrer, deveria irromper e se extinguir, e, tendo ficado por um tempo como duas almas em um corpo, nestes meses anteriores, certamente ele sentiria este corte com uma dor afiada de uma ferida física. Em vez disto, tudo o que ele sentia era um modelo desta falta de sensação mortífera que parecia continuar e continua e continuar sem parar.

Não me diga que você nunca desejou que ele morresse.

Ele se lembrou firmemente do lance de Quadribol, há cinco anos, e a multidão gritando na arquibancada enquanto Harry aterrizava, a luz do sol batendo como faíscas no Pomo na sua mão levantada, e Harry sorrindo, olhando em direção a Ron e Hermione nas arquibancadas, orgulhoso de sua vitória. Ele se lembrou de Dex Flint dizendo “Você é um excepcional Apanhador, Malfoy, o melhor que nós podíamos esperar, mas Potter sempre será simplesmente um pouco melhor do que você”. E ele se lembrou de odiar Harry por isto, e talvez ele o quisesse morto, e por causa de uma tal coisa estúpida, uma tal coisinha estúpida como Quadribol.

Uma frieza parecia estar se espalhando pelo seu estômago, juntamente com náusea, e ele contra isto, não pensando sobre ele assistindo Hermione correr em direção a Harry atravessando o gramado em frente do castelo de Slytherin e atirando seus braços em torno dele, mesmo que Draco fosse o único que a tivesse resgatado, Harry não tinha feito muita coisa mas ficou ali, e mesmo com a poção do amor em sua veia, isto ainda não era o suficiente, nunca seria o suficiente, e ele o tinha odiado então, ele o queria morto, ele desejou isto?

Ele percebeu sua própria voz borbulhar de sua garganta como se ele não tivesse controle sobre ela. “Harry”.

E Harry se moveu. Suas pálpebras tremeluziram e se levantaram, seus olhos se arregalaram, e ele olhou em volta dele, como se ele tivesse apenas acordado de um sonho.

Draco sentiu sua mão de forma convulsiva se fechar no ombro de Harry, os dedos cravando nele. Os olhos de Harry se voltaram rapidamente para ele. Eles estavam arregalados, as íris verdes de forma esquisita brilhantes, como água longe e inalcançável. “Eu não sinto nada,” Harry disse, e o sangue correu para fora de seu corpo através do chão, mais escarlate do que o leão da Gryffindor, pedras preciosas vermelhas contra o adamantio azul. “Ela...ela me errou, errou o alvo?”.

Draco se lembrou da sensação do seu golpe contra o peito de Harry quando a espada se enterrou até o punho lá. Ele disse, quase selvagemente, “Sim. Sim, ela deve ter”.
Os olhos de Harry se estreitaram. “Você esta mentindo”. Sua voz estava bizarramente firme. “Eu senti que ela passou pelo meu peito”. Ele tossiu. “Suas mãos estão totalmente ensangüentadas”.

Draco olhou para baixo, para suas mãos, então de volta para Harry. Pressionado por um som agudo de angústia pulsando atrás de seus olhos. De certo modo parecia muito importante para ele ficar tão calmo quanto possível e não amedrontar ou assustar Harry, que talvez estivesse indo para um lugar onde a dor não podia alcançá-lo. Parecia a ele quase como se ele pudesse manter Harry longe do conhecimento ruim de que ele tinha sido ferido de fato, então o ferimento, sendo ignorado, talvez fosse embora. Ele se lembrou repentinamente da voz de Helga, que era como a de Ginny, falando para ele no campo de sombras cinzas nebulosas, Seja bom para ele. Ele é apenas uma criança, e ele tem sua ferida de morte.

“Está tudo bem,” ele disse para Harry. Suas mãos foram para sua própria garganta, e desabotoou o fecho de bronze que estava segurando sua capa. Ele a tirou, a dobrou horizontalmente, e a deslizou para debaixo da cabeça de Harry. Harry não disse nada. Nem fez um movimento, apenas seus olhos, passando sobre Draco, sobre a sala em si, como se existissem coisas que ele nunca tinha visto antes. Ele estava muito branco.

“Apenas fique calmo,” Draco disse. Ele desejou desesperadamente que tivesse alguém mais ali com ele. Sirius, ou Hermione, ou alguém, como ele tinha quando deu de cara com as sombras dos pais de Harry. Sabendo que apesar de ter palavras para quase todas as ocasiões - palavras sensíveis e palavras espertas e palavras que cortavam como aço - ele não tinha palavras de conforto ou de consolo, ele nunca tinha sido ensinado a confortar ou consolar ou a falar mentiras necessárias. Você ficará bem, ele deveria dizer. Se agarre a isto, Potter. Mas ele não pode.

“Eu estou morrendo. Esta espada pode matar qualquer coisa,” Harry disse então, e seus olhos inquietos pararam de perambular e se fixaram em Draco. “Eu devo estar morrendo. Mas eu não sinto como se estivesse morrendo. Eu apenas sinto frio”.

“Eu posso pegar alguma coisa para você--um cobertor -".

A mão de Harry se fechou no braço de Draco, acima de seu pulso, exatamente onde debaixo estava queimada a Marca Negra como um sol negro em seu antebraço. “Não. Fique aqui”. Ele semi-serrou seus olhos. “Alguma coisa está acontecendo comigo”.

De forma perplexa, e com uma certeza curiosa, Draco pensou, mas isto não pode acontecer agora, não comigo assistindo. Como se a vigilância ansiosa pudesse evitar o inevitável, como se a sua própria contemplação fosse tudo o que estivesse entre Harry e a morte. Ele podia sentir um pulso batendo fraco na mão dele que segurava o seu pulso, e se perguntou de modo turvo se ele iria sentir o momento em que ele ira parar. Ele queria se livrar da contenção de Harry nele, pegá-lo pelos ombros e sacudí-lo, sacudi-lo como se ele fosse apenas adormecer e pudesse ser assustado para acordar, sacudir a vida de volta nele. Mas você não podia mudar de um lugar para outro sacudindo pessoas que tinham sido exatamente esfaqueadas no coração. Ele ouviu sua própria respiração presa, como se ele não pudesse quase que pegar ar suficiente, e tinha uma sensação de queimação atrás de seus olhos, como se eles tivessem sido esfregados com lixa, e um pulso fraco na mão que segurava seu braço batia e batia e batia constantemente e então não tão firme quando de repente aumentou a velocidade como um martelo perfurador e ele quase saltou para trás, chocado, quando os olhos de Harry saltaram abertos e ele respirou de repente, sua mão apertando de forma convulsiva e com inacreditável força o pulso de Draco, unhas serrando sua pela.

Draco encarou. Ao invés de abandonar o rosto de Harry, a cor parecia que estava inundando todo ele, um excitado vermelho como uma febre, as sobras de vida retornando, os olhos vividos, e o claro-escuro da pele. Seu rosto estava como se tinha sido minutos antes da espada passar rapidamente sobre ele - ansioso, corado, vivo. Um tremor passou por ele, seus ombros se levantando do chão -- ele saltou como se alguma coisa o tivesse ferroado, e com uma arfada capturada - se sentou.

Draco agarrou com força os ombros dele, tentando mantê-lo firme. Mas Harry não precisava de ajuda para se manter firme. Draco sentiu a umidade do tecido sobre os próprios dedos onde o sangue tinha ensopado a parte de trás da camisa de Harry. E mesmo assim, Harry estava sentado ereto, de olhos abertos, arfando um pouco. Eles não tiraram os olhos um do outro, ambos deslumbrados com a coisa impossível que estava acontecendo. Harry não podia estar sentando, ele não podia, era uma coisa completamente impossível. Diante de tudo o que aconteceu, ele deveria estar morto, e pela a aparência de seu rosto, ele sabia disto.

Harry não tirou os olhos de Draco. “Ela me atravessou-“ ele disse. “Ela me atravessou exatamente-“.

Draco apertou seu aperto na camisa de Harry, o material ensopado de sangue criando saliências entre seus dedos. “Você consegue respirar? Você consegue respirar?”.

Harry parecia confuso. “Eu consigo respirar perfeitamente”. Ele pestanejou para Draco. A aparência fantasmagórica tinha ido embora dos olhos dele. Ele não mais parecia como se observasse algum país invisível que ninguém mais pudesse ver. Havia uma cor vívida e grande cor em seu rosto, como se ele tivesse jogado Quadribol no tempo frio, mas havia alguma coisa faltando em sua expressão e Draco percebeu com um solavanco que ele não mais parecia como se estivesse sentindo alguma dor.

“Harry,” ele se ouviu dizer, “O que está acontecendo?”.

Harry balançou sua cabeça, então soltou o braço de Draco, e os seus dedos foram para a sua camisa, pegando os botões, quase rasgando o material. Ela se soltou e ele tinha uma camiseta por baixo dela. Havia um rasgo na camisa onde a lâmina atravessou, exatamente em cima do seu coração, e o rasgo estava marcado com sangue. Com mãos tremulas, Harry pegou a beirada da camisa com um aperto e a puxou para cima, para o seu queixo. E olhou para baixo, para si mesmo, os olhos arregalados e brilhantes em descrença.

O Encantamento Epicyclical cintilava em seu peito, a ponta da corrente dele, exatamente sobre seu coração, onde a linha vermelha escura era todas as evidências necessárias para mostrar que uma lâmina tinha sido fincada lá com força suficiente para perfurar a caixa de suas costelas e sair pelas suas costas.

E enquanto ele olhava, e Draco olhava, com uma total surpresa insuperável, a marca começou a desaparecer. Agora era uma linha vermelha fraca.

Harry girou em torno de si, levantando sua cabeça por cima de seu ombro. “Minhas costas. Olhe as minhas costas”.

Draco olhou. A parte de trás da camisa de Harry estava cortada e ensangüentada, mas -- "Nada”. Sua voz soou fraca e metálica para os seus próprios ouvidos. “Nem mesmo uma marca”.

Harry se virou, puxando a parte de trás de sua camisa para baixo. Seu rosto estava infantil de descrença. “Não faz nenhum sentindo”. Ele olhou para baixo, para sua camiseta, e tocou seus dedos no rasgo da roupa ensangüentado. Ele começou a se colocar de pé, e balançou. Draco ficou de pé, e segurou o braço de Harry. Harry o deixou, aparentemente tão confuso e preocupado para até reparar o contato.

“Harry, talvez você não devesse-“.

“Eu estou bem”. Harry fez um barulho asfixiado entre um riso e uma arfada. “Eu estou bem, você me viu. O que aconteceu?” Ele se virou para Draco, como se o visse pela primeira vez. “Foi alguma espécie de truque?”.

Draco olhou para ele com uma preocupação cautelosa e surpresa. “Você não se lembra?”.

“Eu lembro. Este é o problema”. Seus olhos repentinamente se arregalaram, olhando por sobre o ombro de Draco. Draco se afastou dele e o observou enquanto ele dava alguns passos para longe e se ajoelhou próximo a espada de Slytherin, que estava deitada onde Draco a tinha soltado, ainda escarlate com o seu sangue. Harry estendeu uma mão, tocou a lâmina, e então retirou seus dedos, olhando. Quando ele se colocou de pé e ser virou para olhar para Draco, seus olhos estavam queimando com um intenso fogo verde. “Eu senti isto atravessar meu coração,” ele disse. “Ela atravessou meu coração diretamente, mas ela não me matou. O que isto significa?”.

Draco balançou sua cabeça negativamente. Ele não conseguia afastar a sensação de que isto era algum tipo peculiar de sonho que ele estava tendo e que Harry estava de verdade morto. As mentes das pessoas faziam rupturas quando eventos se tornavam muito maiores do que elas podiam se confrontar, não é? Talvez eles o deixassem na antiga cela do seu pai no St. Mungo’s. “Eu não sei,” ele disse, com completa honestidade. “Você é o Garoto que Sobreviveu. Não é a sua primeira vez....sobreviver a alguma coisa”.

“Isto é diferente,” disse Harry, e uma surpresa ofuscada fez os olhos dele parecerem nublados. “Eu a senti me atravessando. Como fogo branco”. De repende, ele esticou sua mão para baixo e pegou a espada pelo punho. Ele se levantou, e a estendeu, segurada em sua mão, em direção a Draco, a ponta virada para Harry.

“Faça de novo,” ele disse.

Draco não tirou os olhos dele, honestamente confuso. “Fazer o que de novo?”.

Harry parecia determinado. Seus olhos queimando com uma intensidade verde e estelar. “Eu quero ver o que acontece”.

“O que acontece se...” A voz de Draco se esgotou enquanto ele encarava Harry. “Você não está falando sério”.

“Eu estou. Me atravesse com isto de novo”.

“Não,” disse Draco, se afastando. Ele não podia fugir para muito longe de qualquer forma, porque tinha uma parede atrás dele. Ele a sentiu contra suas costas, o segurando, com um certo alívio.

“Vamos. Se ela não me matou uma vez...”.

“Não. Você perdeu muito sangue, você não está raciocinando”. Draco se lembrou de estar na enfermaria de Hogsmeade depois que Bicuço o cortou com suas garras, a manga de sua veste ensopada, úmida de sangue e Madam Pomfrey olhando para ele com uma preocupação aborrecida. Você se sente cansado? Fraco? Você está vendo borrões em frente dos seus olhos? Alucinações? “Harry...você devia se sentar”.

O peito de Harry estava se levantando e descendo como se ele tivesse correndo. “Eu não quero me sentar. Eu me sinto como se pudesse correr vinte milhas sem parar. Eu não me sinto fraco de maneira nenhuma”. Ele levantou sua cabeça, e olhou para Draco com o mesmo olhar ofuscante e um pouco ébrio. “Nada pode me ferir”.

“Você não sabe disto,” disse Draco, meio desesperadamente, e levantou sua mão para frente e bateu na espada, a tirando da mão de Harry, Harry não fez nenhum esforço para segurá-la, e ela fez um barulho caindo no chão entre eles.

“Olhe, ela não me matou da primeira vez”.

“E isto faz com que você fique ansioso para experimentar tudo de novo?”.

“Eu quero saber,” disse Harry. “O que há de errado comigo? Eu deveria estar morto. Isto deveria ter me matado. Ela não fez. Eu quero ver o que acontece se você fizer isto de novo”.

“Você já disse isto uma vez,” disse Draco. “Olhe, me desculpe se você se atrapalhou e perdeu isto. Uma vez foi o suficiente para mim. Nada de perfórmaces repetidas”.

Harry simplesmente olhou para ele. Sua camisa ainda não tinha se secado e rastros de sangue como fios vermelhos descosturados escorriam pelo seu braço direito. E mesmo assim, seu rosto estava cheio de cor e vida, seus olhos brilhavam - brilhavam demais. Ele parecia alguém com febre. Este não era Harry, não o Harry calmo e sensível que estava longe de ter um desejo de morte como qualquer um que Draco já tivesse encontrado.

Seu próximo pensamento irrompeu dele sem nenhum esforço de sua parte para controlá-lo ou contê-lo. Pense no que você está me pedindo para fazer.
Isso exigiu um instante para Harry reagir. Ele pestanejou, e parecia reprimir alguma coisa - raiva ou decepção ou medo ou até mesmo lágrimas, era impossível dizer. “Eu preciso saber,” ele disse, sua voz áspera raspando através de sua garganta. “Se eu posso morrer”.

“Eu posso respondeu isto para você sem qualquer tipo de empalação suja,” disse uma voz, macia mas espinhosa como aço, vinda de um canto do quarto. “A resposta é sim”.

Draco girou e encarou. E sentiu sua boca cair aberta.

Apoiadas contra a parede mais longínqua estavam seis figuras altas em vestes cintadas. Elas tinham cabeças, braços, e pernas, mas não eram humanos. A pele delas era dégradée, cinza escuro e desigual em alguns lugares, os olhos delas eram vermelhos e redondos, as cabeças delas eram recobertas de saliências e grumosas. A mais alta delas parada na frente, e segurava em sua mão uma única chama em um copo, que tremeluzia como um fogo esmeralda. Ela parecia estar rindo, coisa que era difícil para ele ou para Harry dizer. Ele sabia sem nenhuma experiência que esta era quem havia falado, e sua crença foi confirmada quando ela falou de novo, sua voz como aço agora. “Você pode morrer, Harry Potter. E se você deixar seu amigo te esfaquear de novo, você irá morrer”.


* * * * *


“Me desculpe,” Bem disse de novo.

Ginny dificilmente o ouviu. Ela tinha suas mãos sobre seu rosto e estava fitando a escuridão atrás de suas pálpebras, o nada. Como eu pude ser tão estúpida? ela pensou.

“Eu posso te dar alguma coisa para você levar de volta,” ela o ouviu dizer, a voz dele tingida de piedade e ansiedade. “Armas...?”.

“Armas não tem nenhuma utilidade sem alguém para usá-las,” disse Ginny, e tirou suas mãos de seu rosto. “Não importa. Não é sua culpa”. Ela deu um profundo suspiro e o rosto de Ben flutuou, entrando em foco. Ela não podia absolutamente ler a expressão dele. O que não era de se surpreender, considerando que ela não o conhecia totalmente, de fato. Seu exterior que se assemelhava ao de Harry era tão forte que ela de alguma forma sentiu que ele poderia resolver coisas para ela, como Harry sempre resolvia coisas para todos eles. Mas ele não era Harry; ele não era até mesmo alguém que ela conhecia. Ela se colocou de pé, se sentindo repentinamente miserável e desesperada para ir embora. “Não há nada que você possa fazer, então. Eu devo voltar”.

“Espere”. Ben pegou o braço dela quando ela ficou de pé frente a mesa. “Não me diga que não há nada que eu possa fazer. Isto soa como se você estivesse lutando um batalha perdida e -".

“Não é sua batalha”. Decepção palpitava atrás dos olhos dela como uma batida de tambor.

“É, de qualquer forma. Slytherin matou meu pai, lembra”.
Ben falou muito rapidamente, e Ginny olhou para cima, para ele. Ele tinha um pouco da expressão que Harry tinha quando estava falando de seus pais. Uma expressão fechada.

“Existe um motivo para eu estar aqui,” ele disse. “Esperando aqui. Em frente deste castelo”.

“Eu sei...me desculpe. Como...e quanto a sua mãe?”.

“Eu era muito jovem quando ela morreu, eu apenas sei o que as pessoas me contam,” disse Ben. “Foi exatamente antes do inicio da guerra. O Lorde das Cobras tinha neste momento chegado ao poder e estava derramando caos no mundo bruxo. Recrutando gigante e dragões para serví-lo, destruindo exércitos inteiros, os fazendo desaparecer -".

Desaparecer.

Ginny repentinamente se sentou tão depressa que ela se chocou contra a cadeira dela. Isto fez um barulho no chão atrás dela. Ela estava escutando a voz de Fleur em sua cabeça.

“Ben,” ela disse roucamente.

Ele olhou para cima, para ela.

Ela estava segurando a borda da mesa tão duramente que suas mãos estavam se ferindo. “Fleur - uma amiga minha uma vez me disse que Slytherin fez um exército inteiro desaparecer no ar,” ela disse. “Isto é verdade? Isto aconteceu mais de uma vez?”.

Ben respondeu devagar, como que escolhendo suas palavras cuidadosamente. “Isto aconteceu apenas uma vez,” ele disse. “Foi quando eu tinha dez anos. Um exército que foi mandado por Raverclaw, uma companhia de aproximadamente duzentas e cinqüenta homens e guerreiros e bestas. Eles nunca chegaram a seu destino”.

“Ben,” disse Ginny de novo. “O que acontece se o motivo deles nunca terem chegado não foi porque Slytherin os fez desaparecer. O que acontece se foi por que nós os levamos para frente no futuro?”.

Ben arregalou os olhos para ela. Realmente arregalou os olhos. Seus olhos se arregalaram e sua boca caiu aberta e ela percebeu que tinha, verdadeiramente, o surpreendido. No meio do caos que girava em seus pensamentos, ela sentiu um pouco de orgulho disto.

“Mas...” ele começou, ainda a fitando. “Nós não podemos...voltar...eu quero dizer...e...isto pode mudar a história”.

“Não, isto não pode,” disse Ginny com firmeza. “Isto já aconteceu”.

Houve um outro longo silêncio enquanto Ben olhava para ele através da mesa. Particularmente como Harry fazia, seu cabelo em pé ao redor de sua cabeça como se espelhasse sua surpresa, como uma coroa de folhas negras incontroláveis. Isto era especialmente fofinho, da mesma forma que era fofinho em Harry.
“Quantos anos você tem?” ela disse repentinamente.

Ben encontrou sua voz. “Isto pode funcionar,” ele disse, soando impressionado. “Sua idéia. É totalmente insana. Mas também, brilhante. E eu tenho vinte e dois”.

“É um tanto velho,” ela disse, sem pensar.

Ben olhou para ela com um olhar examinador. “Velho para o quê?”.

“Eu estava simplesmente pensando...” ela gaguejou. “é que eu realmente errei a minha destinação em alguns anos quando eu tentei voltar para cá. Pelo menos dez anos. Eu vou ter que ser mais cuidadosa quando nós voltarmos para pegar o exército”.

“Quando?” Ben estava sorrindo. “Confiante você, não?”.

“Eu tenho que ser,” disse Ginny. “Esta é realmente minha única esperança. E se eu não puder ser exata o suficiente com o Vira Tempo, isto nunca funcionará”.

“Aumentar a exatidão de um Vira Tempo não é tão difícil se você tem as ferramentas certas. Tudo o que você tem que fazer é acentuar a metamorfose do sincronismo entre infra-estruturas temporais”.

Agora foi a vez de Ginny arregalar os olhos.

“Como você sabe tanto sobre viagens no tempo?” perguntou Ginny.

“Com Helga,” ele disse, descansando seu queixo na sua mão. “Ela e Rowena realmente ajudaram a me educar, a me criar. Minha própria mãe morreu quando eu era um bebe. E Helga nunca teve nenhum filho, apenas filhas, então eu acho que ela sentia um pouco como se eu fosse o filho dela. De fato, eu devo mostrar algo para você”.

Ginny olhou depois para ele quando ele se colocou de pé e entrou em outro cômodo da tenta. Quando ele retornou, estava carregando uma pilha de livros. Ela observava curiosamente enquanto ele se sentou, e abriu o livro que estava no topo da pilha. Era mais largo do que quase qualquer livro que Ginny tivesse visto antes, exceto aqueles poucos que estavam guardados na seção de Antiguidades da livraria e dos quais os estudantes eram impedidos de tocar com um poderoso Encantamento de Segurança. A capa era de couro dourado escuro, encadernada com uma longa lombada dourada. “Você sabe sobre as profecias, não é?” ele perguntou.

“Eu sei que existe uma profecia de que o Herdeiro de Slytherin se levantará e derramará caos sobre o mundo bruxo,” disse Ginny relutantemente.

“Sim, existe,” disse Ben. “Existe também uma profecia de que o Herdeiro de Gryffindor levará o mundo dos bruxos para destruição, e que o Herdeiro de Slytherin ajudará”.

“Aquela não entra em conflito com a outra?”.

Ben concordou. “Isto freqüentemente quer dizer que há algum evento, algum tipo de ponto de virada, que pode chegar em um ou outro caminho. A conseqüência deste momento determina qual profecia estará correta em detrimento da sua realidade. Talvez já tenha acontecido, e talvez não tenha. Você não poderia saber”.

“E talvez o Herdeiro de Gryffindor que levará o mundo bruxo para a destruição não seja Harry,” disse Ginny. “Talvez seja você”.

Ben pestanejou, como se não isto não tivesse lhe ocorrido. “Quando meu pai morreu,” ele disse devagar, “ele amaldiçoou seu assassino. A maldição de morte de um bruxo com o sangue Slytherin é a coisa poderosa e elas freqüentemente acontecem”.

“Qual era a maldição?”.

Ben balançou sua cabeça negativamente. Ele tinha esta aparência fechada de novo. Era quase como se fosse a expressão de Draco no rosto de Harry. “Eu não sei - eu não achei ninguém que estivesse certo de qual foram as palavras dele”.

Ginny pensou que era melhor mudar de assunto. Durante os anos, ela certamente aprendeu que Herdeiros de Gryffindor tendiam ser muito fechados, calados quando discutiam como seus pais tinham sido assassinados por bruxos vindos da casa de Slytherin. “Então você pode me mostrar como modificar o Vira Tempo, ou seja o que for que você tenha dito antes?”.

“Isto,” ele disse, olhando para mesa, “não é provavelmente a melhor aproximação,” o coração de Ginny afundou de novo. O plano, que ela tinha formado em sua cabeça desde que Ben mencionou pela primeira o que era necessário ser feito com o Vira Tempo, foi por terra enquanto ela o observava e então ele se levantou, ergueu sua mão e estalou seus dedos uma vez, duramente. Houve um ruído de asas, e uma pequena coruja chifruda cor de damasco deixou seu poleiro perto da porta com um suave whoo, e veio descansar no braço dele. Ele pegou um rolo de pergaminho da perna da coruja, o alisou, ergueu uma pena de cima da mesa, e escreveu algumas linhas curtas. Terminado, ele enrolou sua carta de volta, a amarrando na perna de sua coruja, e despachou o pássaro com outro estalo de seus dedos. Ele a observou ir, parecendo perdido em pensamentos.

Depois de um instante, Ginny limpou sua garganta. “O que você está fazendo?” ela perguntou.

“Bem,” disse Ben, “você não pode esperar que eu simplesmente vá para doze anos no passado com você sem deixar para alguém um bilhete dizendo onde eu estou indo, não é?”.

Ginny sentiu um gigantesco sorriso começar a se espalhar pelo seu rosto.


* * * * *


“Os mesmos lápis da Zonko’s? Aqueles que vocês usaram para desenhar o Mapa do Maroto?”. Havia um tom dolorosamente ansioso na voz de Ron que quase fez Sirius sorrir. “Eu não posso acreditar”.

“Aqui,” ele disse. “Você pode vê-los se quiser”.

Ele empurrou a pequena caixa de lápis através da lacuna na parede, e viu a pequena mão de Hermione se apresentar para recebê-la. Enquanto ele puxava sua mão de volta, um flash de luz capturou a ponta do seu bracelete prateado e o encantamento Vivicus pareceu se obscurecer por um instante.

Ele segurou seu pulso com sua outra mão, se colocando de pé e encarando. Não havia sido um truque da luz - a pedra Vivicus tinha tremeluzido. Ele estava certo disto. Ele sentiu seu coração apertado contra seu peito enquanto ele não tirava os olhos da luz brilhante no coração da pedra. Certamente, não estava tremeluzindo mais, era como se alguma coisa tivesse crescido em intensidade e estabilidade, a pedra vermelha estava brilhando como um pequeno sol. Harry.

A voz de Hermione o arrastou parcialmente dos seus devaneios. “Sirius,” ela chamou, sua voz abafada pela parede de pedra entre eles. “Você desenhou o Mapa?”.

“Não,” Sirius respondeu com distração. “Remus fez, e Peter ajudou. Eles eram melhores desenhistas do que James e eu éramos”.

“Então você não sabe como eles conseguiram fazer isto...ganhar vida?”.

Sirius largou seu pulso e olhou pela lacuna na parede através da qual a voz de Hermione vinha. Uma idéia voltou a martelar o parte de trás de seu cérebro. “Bem, eles roubaram as plantas baixa da escola, e as copiaram utilizando os lápis da Zonko’s. Eles pararam de fazer estes lápis, você sabe. Eles destinavam-se a fazer desenhos ganhar vida, mas tendiam a funcionar um pouco bem demais”.

“Bem demais?” A voz de Ron agora, soando curiosa.

“Bem, eles faziam coisas ganhar vida mas elas funcionavam de maneira estranha. Então você podia desenhar uma tigela de mingau que podia de fato comer, se você se concentrasse suficientemente com esforço. Mas isto poderia dar a você uma horrível dor de estômago. Eu podia te contar uma história de James e um bolinho de amora, mas eu não irei. Ou você podia desenhar uma vassoura na qual você pudesse voar, mas elas freqüentemente tendiam a perder poder no meio do vôo. Tinham alguns acidentes sujos, indecentes. Por quê?” ele acrescentou, e enquanto a palavra deixava seus lábios, houve um som rangido e de atrito e uma parte da parede entre a cela dele e aquele que mantinham presos Hermione e Ron de repente sumiu. De fato, ela nem tanto tinha desaparecido, mas apenas tinha girado para fora com um rangido como se tivesse se curvado. O que, Sirius percebeu um instante depois, tinha acontecido. Uma parte quadrada da parede tinha se transformado em uma porta, e do outro lado da porta estava em pé Ron, e próximo a ele, Hermione, um lápis de Realidade Mágica na mão dela e um olhar de surpresa em seu rosto.

“Eu realmente não pensei que fosse funcionar...” ela murmurou, observando para o alto.

“Você desenhou uma porta,” disse Sirius, balançando sua cabeça com espanto, ainda que ele tivesse, há muito tempo atrás, aceitado que Hermione tinha uma percepção mais hábil e esperta do que qualquer um certamente teria.

“Está um pouco torto,” disse Ron de forma avaliadora, passando pela porta de forma que agora ele estava na cela de Sirius. Hermione parecia suavemente ofendida. “Não que isto importe - funcionou,” ele acrescentou rapidamente.

“De qualquer forma, isto realmente não nos ajuda, não é,” disse Hermione, um pouco triste. “Eu quero dizer, nós não podemos desenhar nas barras. Elas estão muito separadas”.

Sirius olhou para eles com ponderação. “Qual de vocês dois é melhor artista?” ele disse.

Os dois olharam para ele considerando por um instante; então Hermione disse, “Ron é”.

“Dê a ele os lápis, então,” disse Sirius.

Hermione obedeceu e Ron parou de pé segurando a caixa de lápis e olhando para Sirius como se ele fosse simplesmente um pouco louco. “Você quer que eu desenhe para você um bolinho de amora?” ele disse.

“Não,” disse Sirius. “Eu quero que você desenhe para mim a cela onde Harry e Draco estão. De memória. Você acha que consegue?”.

Ron encarou Sirius e então Hermione, que não tirava os olhos dele esperançosamente. “Eu posso tentar,” ele disse. “Você tem algum pergaminho?”.

Sirius balançou sua cabeça negativamente. “Eu quero que você desenhe isto o mais próximo do tamanho natural que você puder. Na parede, lá. E...”.

Ron olhou para ele. “O quê?”.

“Tente se apressar”.

Isto exigiu quase toda a caixa de lápis de Ron para completar o esboço. A ponta dos lápis era muito macia, e a parede era muito dura, áspera. Ron trabalhou lentamente, afiando cada lápis até o final, até seu toco, esfregando as pontas dos seus dedos contra a pedra até elas se ferirem. Sirius e Hermione assistiam tão silenciosamente quanto eles podiam enquanto um rascunho da imagem da cela tomava forma: paredes altas, a coleção desordenada de moveis, as tapeçarias com seus dragões e seu provérbio In Hoc Signo Vinces adornados.

Finalmente, Ron deu um passo para trás, agarrando com força em sua mão o toco do último lápis. “Isto é tudo o que eu posso fazer,” ele disse.

“Tudo bem. A energia está lá. Eu posso sentir”. Serius foi golpeado pela sensação que emanava do rascunho de Ron, quase como se o garoto tivesse colocado um pouco de sua própria mágica dentro do desenho. Isto rememorava a sensação que ele teve quando Rabicho o entregou pela primeira vez o Mapa do Maroto, a sensação de que coisas grandes e terríveis podiam acontecer simplesmente pelo uso dele. Ele olhou de relance para o esboço e sorriu enquanto dois pontos rotulados “Harry Potter” e “Draco Malfoy” entravam em vista, mas se sentiu inundado pela preocupação quando mais seis pontos rotulados Udrovad e Fenudeel apareceram na parede.

“O que são aqueles?” Hermione perguntou nervosamente.

“Eu não sei, mas eles não estão se movendo,” Sirius respondeu. Ele tinha esperado encontrar Harry sozinho na cela, talvez com Draco, mas certamente não com um contingente de servos de Slytherin. E eles não tinham suas varinhas, mas se o seu plano funcionasse, ele teriam o elemento surpresa. Ele se virou para Ron e Hermione, um após o outro, e perguntou, “Vocês estão prontos para atravessar? Vocês terão que se concentrar na cela deles, suas memórias disto, o modo como se sentem estando lá e olhando para as paredes e para o teto. Não pense nesta masmorra de maneira nenhuma”.

“E quanto a você? Você não esteve lá, então no que você pode se concentrar?”. Ron perguntou.

“Peguem minhas mãos,” Sirius insistiu, colocando no bolso o último dos lápis. “Meu foco será em Draco e Harry, e eu acho que a combinação disto com o esforço de vocês nos transferirá”. Os três se moveram silenciosamente parando em frente ao desenho, e eles se concentraram na cela, e em Draco e Harry, e se lembraram deles. Sirius podia quase sentiu a pulsação do seu encantamento no seu pulso enquanto ele se concentrava no desenho e nos garotos. A mágica dos lápis ainda estava lá, pois, enquanto ele encarava as linhas do desenho na parede, elas pareciam saltar em três dimensões, unindo a realidade a eles. Sirius escutou passos que ele sabia que não eram seus, e viu uma luz azul fraca brotar do desenho na parede.

Um a um, eles deram um passo para frente, fechando seus olhos.


* * * * *


“Isto simplesmente nunca para, não é?” disse Draco com resignação, não tirando os olhos dos demônios. “O que vocês todos estão fazendo aqui?”.

“Nós fomos convidados,” disse o líder dos demônios de forma especulativa.

“Eu não convidei vocês,” disse Draco positivamente. Ele se virou para Harry, que ainda continuava parecendo confuso e um pouco bêbedo. Draco suspirou internamente. Aliviado como ele estava pelo fato de que Harry não estava morto, ele podia abrir mão por agora do estado de animo embriagado de Harry. “Você os convidou?”.

Harry balançou sua cabeça negativamente. Draco se voltou para trás, para os demônios. “Eu suponho que não faria nenhuma diferença se eu lhes dizer que a veste de festa estava lá embaixo no hall?”.

“Garotinho mortal engraçado,” disse o líder dos demônios, e Draco julgou que ele realmente não gostou da ênfase que foi colocada na palavra mortal. “Você não nos chamou, ou exigiu nossa presença. A espada fez”.

Draco olhou para a espada. E então Harry também. Ela estava colocada, deitada como se tivesse estupidamente brilhando no chão ensangüentado da cela.

“Diz de novo?” disse Draco fracamente.

Talvez nós devêssemos simplesmente pular neles, disse a voz de Harry na cabeça de Draco.

Draco girou sua cabeça em volta e olhou para Harry com um temor aumentado. Ele estava completamente certo agora que alguma coisa muito peculiar estava acontecendo com o garoto de cabelos negros. Ele apenas não estava certo do que. Nós devemos fazer o quê?

Atacá-los. Nós temos a espada. Ela pode matar qualquer coisa. Eles não estarão esperando por isto.

Nós não podemos simplesmente atacá-los. Até mesmo a voz mental de Draco gotejava frieza. Eles são demônios vindos do Inferno.

Harry não parecia impressionado. E daí?

E daí? E daí que eles são demônios vindos do Inferno!

Você diz isto como se significasse alguma coisa.

Okay, Potter. Não entenda isto de maneira errada, mas a melhor coisa que você poderia fazer por nós dois neste momento é se sentar no chão e colocar sua cabeça em um saco. Respire profundamente e pense em um lugar tranqüilo e agradável onde absolutamente nada acontece. O quarto de dormir do Weasley, por exemplo.

Eu aposto que eles acreditam ser tão incríveis simplesmente porque são demônios, Harry disse, parecendo com raiva, cruzando o quarto. Bem, eles não são tão incríveis.

Não zombe dos demônios, Potter.

Por quê não? Você acha que eles podem nos escutar?

Não. É que apenas...não é muito elegante.

“Você já finalizou o intento de convencer o seu amigo a não tentar nos picar em pedacinhos?” perguntou o líder dos demônios, sua voz como fogueira cortando os pensamentos de Draco. “Eu posso lhe assegurar que isto seria um desperdício de tempo. Nós somos espíritos, não carne”.

“Vagabundo,” disse Draco, com emoção. “Você pode nos ouvir”.

“Sua telepatia? Não, não podemos. Foi uma dedução lógica, dado ao efeito da cura mágica em um humano, especialmente em um tipo particularmente pequeno como o seu amigo aqui”.

“Harry não é pequeno,” disse Draco de forma indignada, de uma certa forma em defesa de Harry e de uma certa forma porque, apesar de tudo, ele e Harry eram do mesmo tamanho. Se eles não fossem, eles não poderiam ser efetivamente Apanhadores de times contrários. Um instante mais tarde, os pensamentos de Quadribol desapareceram enquanto a importância das palavras do Demônio o atingiu. “Cura mágica? Que cura mágica?”.

Ele deu uma olhada de relance para Harry, e teve que admitir que ele parecia como se algum tipo de mágica tivesse jogado seu encanto sobre ele - como se uma luz tivesse sido acessa dentro dele e estivesse brilhando através da magra e justa carne brilhante que cobria os ossos dele, através dos seus olhos esmeralda translúcida, através das manchas brilhantes, vermelhas escurecidas de suas bochechas bronzeadas.

“A carne de uma manticore cura ferimentos,” disse o líder demônio. “Seu sangue, quando bebido, pode reviver aqueles que estão próximos da morte. Quando um humano é banhado nele, como seu amigo aqui foi, se transmite uma propriedade especial de ser capaz de sobreviver a um golpe letal. Apenas pouquíssimos tipos de magia fazem isto”.

“Então eu não sou imortal,” disse Harry devagar, como se as palavras estivessem neste momento entrando na sua cabeça.

“Longe disto,” disse o demônio. “Você é uma criança mortal comum. Bem, existem algumas coisas sobre você que se sobressaem. Esta cicatriz que te conecta ao Domínio das Trevas é muito interessante e se nós tivéssemos mais tempo eu adoraria examiná-la, mas nós não temos. Talvez nós teremos tempo mais tarde. Não, pequeno Harry Potter, você é mortal, e se fosse esfaqueado de novo, você iria se ferir, e iria morrer, conforme o Lorde das Cobras sabe disto. Esta euforia que você está sentindo logo passará. É um efeito colateral do poder de cura da manticore, trabalhando em você”.

“Mas a manticore é uma criatura má,” disse Draco, ainda se sentindo confuso. “Como seu sangue pode curar?”.

“A manticore é apenas um animal,” disse o demônio, e tinha uma sutileza em sua voz. “É apenas um ser vivente. Mal e bom são as palavras que vocês, humanos, usam para colocar um nome afim de um propósito, intento. Mas um animal é simplesmente um animal, um brinquedo é simplesmente um brinquedo, uma espada simplesmente uma espada. É o uso que você faz dela que determina sua natureza. Pode ser dito isto, que a manticore salvou a vida de seu amigo com o próprio sangue dela, e como vocês pagaram por isto? Com aço e veneno.”

“Ela teria nos matado,” disse Draco fracamente, ainda que em seus ouvidos ele tenha escutado a voz da manticore enquanto ela morria, Por que você me matou, Mestre? Foi você quem fez o que eu sou.

“Provavelmente,” concordou o demônio. “Este era o propósito pelo qual ela foi colocada lá. Para proteger a Esfera dentro de seu corpo. Porque com a Esfera removida, o Lorde das Cobras tem acesso de novo aos seus poderes. Se vocês tivessem morrido, ao invés da manticore, a Esfera não estaria agora sob posse dele. De uma certa maneira, pode ser dito que vocês a entregaram para ele”.

Draco sentiu que isto estava distorcendo muito as coisas. Por outro lado, ninguém, alguma vez, disse que os demônios jogavam limpo. “Eu não entendo por que a espada chamou vocês aqui,” ele disse de modo irritante.

“O sangue de Slytherin,” disse o demônio, e olhou sutilmente para a espada, ainda escarlate no punho. “Nós deveríamos ser pagos com o sangue do descendente Magid de Slytherin, se não com o do próprio Slytherin em pessoa. A espada nos alertou que ela tirou a vida de um dos dois. Mas ela estava errada,” o demônio acrescentou, voltando um olhar azulado, furioso para o muito vivo Harry. “Você está vivo”.

“Eu certamente estou,” disse Harry animadamente. “Você sabe, você parece muito com o demônio que me atacou no quarto de Draco não há muito tempo. Ele é um de vocês? Alto, particularmente do mesmo tipo impressionante, sem orelhas?”.

“Você quer dizer Strygalldwir,” disse o demônio, parecendo nada divertido. “Ele não está entre nós. Ele foi enviado para te prevenir do plano de Slytherin contra você, mas foi malsucedido”.

Draco ficou totalmente frio. “E daí, vocês estão aqui para terminar do serviço?” ele perguntou.

“Não exatamente,” disse o demônio. “Nós deveríamos tirar a vida do herdeiro de Gryffindor, certamente. Mas a troca perde bastante de seu poder se a vida não for oferecida livremente. Diante deste contexto, eu gostaria de te oferecer uma barganha”.

“Uma barganha? Isto é divertido,” Draco disse, no meio de sua respiração.

Harry falou na cabeça dele, soando como um inseto. Divertido tipo há-há ou estranhamente divertido?

Cale a boca, Potter, ou eu juro que baterei em você como se faz com um tambor africano.

Harry soou irritado. Relaxe, Malfoy.

Draco julgou que a lição de moral de Harry para quer ele relaxasse era imprópria quando ele viu Harry encarando o demônio exigindo um sacrifício de sangue. Era totalmente novo ser forçado a ser o sério enquanto Harry sorria como ele, Draco fazia, diante do perigo. Novo, mas por outro lado ter suas pernas arrancadas de seus joelhos também seria algo novo. Ele queria desesperadamente o velho Harry de volta, como uma calma influência. Este Harry era tão calmo quanto um pequeno papagaio que tinha acabado de consumir meia lata de grãos de café.

A mente de Draco se agitou febrilmente, procurando possíveis caminhos de fuga. Ele aprendeu com seu pai que era uma idéia muito ruim fazer barganhas com demônios, ou barganhas com qualquer um. Na realidade, Malfoys não barganham era uma das regras da família Malfoy, desde que um de seus ancestrais por volta de 1630 vendeu sua alma ao diabo em troca de ser feito Chefe Bruxo, com conseqüências inesperadas. E não foi por isto que seu pai morreu? Estraçalhado em pedacinhos por um feitiço de Banir-demônio que dera errado; ele viu isto no Profeta.

Vamos, Malfoy. Harry de novo. É melhor viver por uma hora como um tigre do que por toda uma vida como um verme. Este é um antigo ditado de Gryffindor.

Ah sim? Bem, existe um velho ditado dos Malfoy também. Ele é “Quem alguma vez já deu ouvidos a um tapete de pele de verme?”.

Faça alguma coisa, disse Harry, soando determinado. Ou eu irei.

Draco deu uma olhada em Harry, determinado ferozmente e sangue-respingado, seus olhos verdes queimando como sois. Este era o Harry que tinha estado cara à cara com Voldemort em um duelo, o Harry que tinha matado um basilisco com uma espada quando tinha doze anos, o Harry que sempre vencia o Quadribol porque era simplesmente aquele que era um pouco menos medroso. Aquele Harry somente encarava o perigo porque tinha que fazê-lo; este Harry parecia...querer fazê-lo.

Draco se virou novamente para os demônios. “Que tipo de barganha?”.

O demônio explicou a barganha original entre as forças do Inferno e o Lorde das Cobras. A explicação envolveu uma certa soma de conjurações de contratos antigos com uma letra impressa tão pequena que Draco imaginou que as formigas teriam dificuldade para ler o texto. A assinatura do demônio no final do documento estava inflamada, e próxima dela estava o próprio selo negro de Slytherin, a mesma caveira com a serpente saindo da boca dela que Draco podia sentir em seu próprio braço esquerdo.

“Veja, aqui diz claramente que se nós tivermos feito mais do que dois enganos para recolher a espada, mais penalidades irão se acumular,” o demônio pontuou enquanto Draco tentava ler algumas das cláusulas. “Então, existem pagamentos de juros, termos de uso, uma muito especifica clausula de privacidade que tem nos impedido de publicar os termos do acordo no Profeta Diário, e você entende isto?”.

Draco entortou os olhos para o texto. “A garantia da carta de renúncia? Por que alguém assinaria uma barganha com o Inferno sem ao menos uma garantia de que o que eles estavam barganhando seria quebrado na primeira vez que ele a usou?”.

“Ele fez ter no contrato um período de tentativa de trinta dias, e existe uma cláusula de indenização muito boa nele,” o demônio insistiu, soando agressivo. Draco balançou sua cabeça em descrença. “Mas tudo isto se refere a tempos que já se passaram, garoto mortal. O término da barganha é o que está agora em debate”.

“Slytherin me contou que até a Esfera ser aberta e sua centelha de vida libertada, vocês não podem encontrá-lo, e não podem nem pegar a espada para receber a barganha original, nem a vida dele, para cobrir o juro e as penalidades”.

“Ele estava correto,” o demônio disse friamente.

“Ele também disse,” Draco disse devagar, “que se ele livremente selecionar e oferecer a vocês a vida de um Herdeiro Magid que tenha o sangue de Slytherin, então ele pode retomar os poderes dele da Esfera e manter a espada. Isto está correto também?”. O demônio acenou positivamente com a cabeça, e Draco tomou consciência da importância dos termos do contrato. “Eu sei que posso morrer, eu fiz isto semana passada. E você diz que Harry pode ser morto também?”.

O demônio confirmou com a cabeça de novo.

“Então, nós temos que abrir a Esfera,” disse Draco devagar.

“Se você não fizer isto, nós não podemos pegar o Lorde das Cobras, e se nós não pudermos pegá-lo, nós não poderemos pegar a espada,” disse o demônio. “Nós não podemos nem ao mesmo pegá-la de você agora, ou acredite em nós, do contrário, nós já teríamos feito isto”. Sua voz era amarga. “Nós queremos a espada. É nosso direito possuí-la e nossa obrigação reivindicá-la. Não tem utilidade para nós Magids, e não queremos você ou seu amigo. Em troca da vantagem que sua mãe concedeu ao nosso amigo, nós concordamos em conceder a você um momento de oportunidade para completar esta barganha da maneira que você escolher”.

Draco olhou para Harry, examinando-o. Harry estava encostado contra a parede, os braços cruzados, parecendo irritado, e sendo comumente de nenhuma ajuda. Draco se voltou novamente para os demônios. “Se não tem utilidade para vocês os Magids, então por que você quer Slytherin?” ele perguntou.

O demônio forçou um sorriso, mostrando que na realidade ele não tinha dois, mas três fileiras de dentes afiados como navalha. “Vingança,” ele disse. “Ele nos enganou. No Inferno, seus sofrimentos serão excruciantes e muito...extensivos”.

“Bom,” disse Draco, acenando com a cabeça em concordância. “Se nós abrirmos a Esfera, vocês serão chamados para pegá-lo?” ele disse.

“Imediatamente,” disse o demônio. “Se você abrir a Esfera, nós seremos chamados. Nós nos revelaremos a você, então como você, se você puder induzir Slytherin a devolver a espada para nós pelas próprias mãos dele, então a barganha será completada, e nós aceitaremos o sacrifico do modo que você escolher. Nós preferiríamos que você nos deixasse pegar o Lorde das Cobras. É claro, se ele alcançar a Esfera antes de você um tal retorno acontecerá...nós seremos forçados a receber nosso sacrifico do modo que ele oferecer -- ou o seu sangue, ou o de Gryffindor”.

As palavras do demônio eram frias, precisas e exatas. Draco as girou novamente em sua mente. Demônios, ele sabia, não mentiam; pelo menos, não quando conduziam barganhas, mas tinham freqüentemente várias sombras de segundas intenções em suas falas. Nesse caso, entretanto, parecia não existir outra escolha a não ser confiar neles.

“Temos um acordo,” ele disse.

Atrás dele, Harry estava murmurando alguma coisa sobre pessoas que mudavam de lado ao fazer negócios com demônios por uma razão nada boa. Ele estava murmurando calmamente, entretanto. Mais cedo, ele tinha feito um pouco uma tentativa de correr para frente e Draco tinha firmemente o amarrado na parede, censurando a arrogância dele.

“Nós fizemos você perceber a quase impossibilidade de sua tarefa,” disse o demônio, forçando um sorriso com todas as séries de dentes a mostra. “Mas mesmo assim, uma fatia de uma chance é melhor do que nenhuma”.

Draco deu de ombros. A espada estava um peso confortável em sua mão. Ele podia sentir a contemplação voraz do demônio sobre ela. “Meu pai costumava dizer, ‘Se você cai de um penhasco, é possível também que você tente aprender, por si mesmo, a voar o caminho para baixo’.”.

“O que isto quer dizer?” o demônio perguntou, pestanejando.

“Não faço nenhuma idéia,” disse Draco. “Eu estava esperando que você pudesse me dizer”.

O demônio sorriu de novo. “Você faz uma imagem de você mesmo como esperto, e você de fato é,” ele disse. “Se nós tivermos um Herdeiro no final, eu espero que seja você,” ele acrescentou, olhando para Draco diretamente. “Eu de alguma forma imagino que você conseguiria manter o Mestre bem entretido. As cores do Inferno satisfariam você, também. Tudo preto e escarlate, com sua clareza e cabelos prateados. Esplendido”.

Draco se perguntou por um fugaz momento se o demônio estaria fazendo hora com a cara dele. Então, ele decidiu que isto não era muito razoável. Ele estava meramente tentando assustá-lo, e teve sucesso, com uma particularmente vivida e desagradável imagem mental de uma terra do outro lado de um portão negro, onde o céu era sempre colorido de sangue, um lugar muito pior do que aquele onde ele tinha encontrado Lily e James Potter.

“Eu duvido muito que o Inferno dê boas vindas a alguém,” ele disse de modo pensado. Atrás dele, Harry olhava para ele, e ele viu uma luz tremula de alguma coisa passar cruzando os olhos verdes.

O demônio levantou sua mão, e gesticulou em direção à parede. A abertura misteriosa apareceu lá de novo como ela tinha feito para Slytherin. “Quando vocês nos chamarem de novo, nós seremos pagos,” disse o demônio. “Se não com a espada, então com sangue”.

Eles desapareceram, sem ao menos a decência do *pop* de Desaparatação para diminuir a surpresa.
“Bem, isto foi instrutivo,” ele disse, se virando para olhar para Harry. E pulou quando uma repentina luz colorida como arco-íris refratado pintou a parede do lado oposto do quarto. Ela manchou, e sem nenhum aviso, Sirius, Ron e Hermione apareceram saindo da parede, se adiantando como se eles estivesse atravessando uma porta.

Draco pestanejou, mas a visão permanecia firme. Era Sirius, Ron e Hermione. Eles estavam sujos, mas pareciam intactos. Ele pouco teve chance de dar uma olhada neles, de qualquer forma, antes de Harry escapulir de perto dele e correr em direção a eles. Sirius, sorrindo muito, jogou seus braços em torno de Harry e o abraçou tão duramente que os pés de Harry se levantaram do chão. Quando Sirius o colocou no chão, Hermione e Ron o atacaram, e eles todos se abraçaram, um ao outro, em uma confusão de braços e tagarelice excitada.

Draco ficou parado onde ele estava, se sentindo estranho. Ele olhou para baixo, para o chão e viu a espada aos seus pés. E pestanejou para ela. Seu punho estava destituído de qualquer mancha, como se ela tivesse bebido, engolido o sangue derramado nela. Ele reprimiu um involuntário calafrio, se curvou para baixo, e pegou o punho da espada com sua mão. Quando ele se endireitou, ele viu que os outros ainda estavam de pé juntos. Sirius tinha sua mão no ombro de Harry, e Harry estava falando com uma voz excitada e aguda, audível até mesmo do lado de fora do quarto. “A capa? Eles pegaram a capa do meu pai? Nós temos que pegá-la de volta-“.

“O que nós temos que fazer é sair daqui antes que servos dele voltem,” disse Sirius, tentando virar Harry para encará-lo, mas Harry se livrou da pressão dele.

“É a única coisa que eu tinha que pertenceu ao meu pai-“.

Sirius parecia surpreso. “Harry, este não é você”.

Draco cruzou o quarto em direção a eles antes que tivesse total consciência do que estava fazendo. “Ele não está exatamente racional,” ele disse, encontrando os olhos de Sirius, que estavam escuros de dúvida.

“Eu estou bem,” disse Harry, ruborizando de raiva.

“Você sabe que você não está”.

Sirius estendeu sua mão e a colocou novamente no ombro de Harry, e desta vez Harry não a afastou. “Harry, me desculpe quanto a capa de James. Existem outras coisas que eu poderia dar a você que pertenciam ao seu pai, de qualquer forma”. Agora Harry se virou e olhou para Sirius enquanto seu padrinho colocava a mão no bolso de sua calça e tirava de lá com sua mão alguma coisa comprida, que parecia um pequeno dedal de prata complexamente decorado, circundado por uma correia.

Harry olhou para ele. “Isto é um dedal?”.

Sirius sorriu, as rugas nos cantos dos seus olhos se aprofundando, então entregou o objeto para seu afilhado. No momento em que ele tocou a mão de Harry pareceu ganhar vida, e de repente começou a se expandir em tamanho. Harry pulou enquanto o objeto crescia e crescia e se tornou a bainha de uma longa espada, toda esculpida para cima e para baixo com um intricado e belo desenho colorido de folhas, pássaros e animais.

Draco realmente não estava olhando para o objeto; ele esta olhando para o rosto de Harry, que tinha ficado primeiro muito vermelho, então branco, e agora a cor estava voltando novamente, e ele simplesmente parecia surpreso. Alguma coisa mais mudou em sua expressão, também, alguma coisa de feroz parecia ter morrido, abandonado seus olhos.

Hermione estava sorrindo nervosamente. “É sua Chave, Harry,” ela disse.

Harry não disse nada. Ele olhava para o objeto em silêncio, e depois para Sirius. “É uma bainha de uma espada?” ele disse.

Sirius confirmou com a cabeça. “Da espada de Gryffindor”.

“Mas a espada está quebrada,” disse Harry. Ele caminhou um pouco para um lugar mais afastado, se curvou, levantou a espada quebrada, e voltou para o grupo. Ele a mostrou em silêncio para Sirius, que não tirou os olhos da lâmina, quebrada quase no meio exatamente acima da cruz protetora. “Não tem muita utilidade,” disse Harry sem rodeios, “uma bainha sem uma espada”.

“A espada é simplesmente uma espada,” disse Hermione, “não uma Lâmina Viva. Nós podemos pegar para você uma outra espada”.

Sirius ainda estava olhando para a lâmina estilhaçada. “Harry, o que aconteceu? Como você a quebrou?”.

Harry hesitou. Ele olhou de relance para Draco, que olhou de volta para ele firmemente. “Conte a eles o que aconteceu”.

“Qual parte do que aconteceu?” perguntou Harry, empurrando a espada quebrada para dentro da bainha e a afivelando ao redor de sua cintura.

“Tudo,” disse Draco. “Continue, conte a eles. Não deixe nada de fora”.

Harry parecia um pouco chocado, mas concordou acenando com a cabeça, uma vez, devagar. Então, Draco se virou em volta e caminhou para longe, não realmente olhando para onde ele estava indo, encontrou a parede oposta e se encostou novamente nela. Ele escorregou por ela devagar, gradualmente, até que estivesse sentando no chão com suas mãos em volta de seus joelhos, tendo colocado a espada no chão, ao lado dele. Ele não podia escutar o que Harry estava dizendo aos outros mas podia assistir e imaginar. Ele os viu, todos, olhando para Harry atentamente enquanto ele falava, pregado e abalando. Em um certo ponto, Sirius empalideceu, Ron xingou, e Hermione deu um pequeno grito e lançou com rapidez suas mãos sobre sua boca. Draco escutou Ron dizer em voz alta, “Mas, isto é impossível!” e viu Harry dar de ombros, e depois Hermione veio colocar os braços dela ao redor de Harry e Draco abaixou sua cabeça em direção aos joelhos e flutuou para um tempo de escuridão pacífica atrás de suas pálpebras.

Ele vagamente desejou que Ginny estivesse por ali. Havia alguma coisa de cansativo em Harry, Ron e Hermione quando eles estavam todos juntos. A comunicação automática e sem palavras entre eles era quase tão rápida quanto a telepatia que ele compartilhava com Harry, e ele estava tão acostumado a ver isto preparado e desdobrado contra ele que se sentiu automaticamente na defensiva e esgotado assim que ele se deparou com isto. Sirius estava lá não para ajudá-lo tampouco. Geralmente, ele teria estado, mas não depois do que Draco fizera.

“Draco”.

A voz de Sirius. Draco levantou sua cabeça. Sirius estava ajoelhado em frente a ele, seus olhos escuros muito nebulosos. Atrás dele, Draco podia ver Harry, Hermione e Ron, ainda agrupados em um pequeno grupo, como eles tão freqüentemente estavam na escola, as cabeças curvadas juntas: vermelha, marrom, e preta. Ele disse, “O quê?”.

“Está tudo bem com você?”.

Ele olhou. “Você não deveria perguntar se Harry está bem?”.

“Harry está obviamente bem. Você, entretanto, já esteve melhor”.

Com uma voz baixa, “eu calculei que você tivesse cortado relações comigo”.

“Cortado relações?” Sirius sentou-se com os braços cruzados em cima de seus calcanhares. Seus olhos estavam no mesmo nível dos de Draco. “Me ocorreu que você teve que tomar decisões muito difíceis nestes últimos dias. Decisões que ninguém deveria ter que tomar, especialmente não um garoto que está crescendo com dificuldades. Eu me perguntei se teria feito o que você fez, se tivesse que lidar com estas decisões quando tinha a sua idade”.

“E?”.

“E eu acho que teria. Eu tenho esperanças de que teria feito. Você fez melhor do que qualquer um teria esperado ou exigido de você. Eu estou orgulhoso de você”.

Draco não tirou os olhos de Sirius por um instante. Ninguém já tinha dito isto para ele antes. Nem mesmo uma vez, em tempo algum. “Eu não tive escolha,” ele disse.

“Sempre há escolha,” disse Sirius. “Quando nós dissemos que não há escolha, nós estamos simplesmente nos conformando com a decisão que nós já tomamos”. Sua voz estava, por um instante, amarga. “Até mesmo sob perigo ou tortura, há sempre uma escolha. E você fez a coisa certa. Draco...”. Ele descansou sua mão no ombro do garoto. “Ser uma boa pessoa...não quer dizer aderir a algumas regras colocadas aleatoriamente que você tenha imaginado, ou as impor a você. Quer dizer fazer cada coisa certa porque é a coisa certa; porque isto protege as pessoas com as quais você se preocupa. Se há uma coisa que eu aprendi na minha vida é não ter medo da responsabilidade que vem quando nos importamos com as outras pessoas. O que nós fazemos por amor: estas coisas permanecem, duram”. E seus olhos se escureceram. “Até mesmo se as pessoas que você ama não te amam”.

A compaixão arrancou de Draco aquilo que a raiva e a condenação não teria feito. Sua garganta se apertou, e ele exclamou, “eu contei a Harry sobre os pais dele - isto foi errado de minha parte--".

Sirius o silenciou com um gesto. “Eu sei que você teria preferido cortar sua própria mão a ferí-lo. Você fez a coisa errada mas pelas razões certas. Talvez você tenha salvado a vida dele. Eu fiz a coisa errada; eu mesmo deveria ter contado a ele, antes”.

“Então, você me perdoa?” disse Draco, levantando queixo e olhando com sinceridade para Sirius. Por razões que ele não podia entender, o perdão de Sirius ao acontecimento dele ter ferido, magoado Harry significava muito mais para ele do que o perdão de Harry tinha significado.

“Eu perdoaria você se meu perdão fosse necessário neste caso,” disse Sirius. “Mas não é”.

Draco olhou para ele. Ele sentiu um calor no fundo dos seus olhos, e sentiu sua garganta muito apertada. Ele se lembrou de Sirius o abraçando mais cedo, na biblioteca de Slytherin, e quão estranho isto tinha sido; as únicas pessoas em toda a sua vida que já o tinham abraçado com compaixão tinham sido Sirius e Hermione, e em nenhuma das duas vezes ele soube de verdade como reagir. Em silêncio, enquanto ele tentava calcular como reagir, Draco escutou Ron de novo, falando claramente.

“Sangue de manticore? Esta é a coisa mais bizarra que eu já ouvi”.

“Isto não é tão bizarro”. A voz de Hermione. “Eu me lembro de ter visto em Animais Fantásticos e onde habitam que o sangue e a pele da manticore têm propriedades curativas”.

“Sim, bem, nem todos memorizam seus livros texto,” disse Ron.

“Sim alguns de nós simplesmente os rabiscam,” disse Hermione, e o desdém arrogante na voz dela foi tão evidente que Draco olhou para cima e de fato se percebeu sorrindo, e Sirius sorriu de volta.


* * * * *


Ben, Ginny concluiu, era um tipo de pessoa amável e angelical e era realmente uma pena que ele fosse mais velho, e também, não fosse do tempo dela. Draco poderia aprender muito com ele. Ben estava, de maneira interminável, preocupado com o bem-estar dela, garantindo que ela comesse o suficiente, bebesse o suficiente, e não se entediasse, enquanto ele corria pelo acampamento, empacotando e organizando vários preparativos. Ele até mesmo trouxe para ela vestes extras quando percebeu que o exército, que eles estariam viajando de volta no tempo para interceptar, tinha desaparecido no meio do inverno. “Eu apenas tenho vestes de homens,” ele disse se desculpando, entregando a ela uma pilha de roupas. “Me desculpe”.

Ginny pegou as roupas cuidadosamente, e bufou. “Calças de couro?” ela perguntou.

“Elas são calças curtas,” disse Bem. “Elas talvez fiquem um pouco grandes em você, mas...o que é tão engraçado?”.

“Nada,” Ginny balbuciou, e o enxotou com um “xô” para fora da tenda para que então ela pudesse se trocar.

Ela tinha acabado de despir as suas roupas de baixo quando houve um leve *pop* e um olhar muito raivoso de alguém Aparatou dentro d a tenta.

Ginny gritou, pulou para trás, e em seguida se cobriu com um dos pesados cortinados que drapejavam ao redor da cama como uma capa. Então ela gritou de novo, desta vez por ajuda. “Benjamin! Ben!”.

O jovem homem intruso olhava furiosamente para ele como se ela, e não ele, fosse o intruso no quarto de Ben. Ele era um jovem homem, da mesma idade de Ben. “Maldito seja, quem é você?” ele disse rudemente, parecendo de modo algum satisfeito em encontrar uma garota adolescente semivestida onde ele presumivelmente esperava encontrar Ben. Ginny estava pronta para responder no mesmo tom sem educação, quando a aba da tenda se abriu e Bem entrou correndo. Ele parou repentinamente quando viu o intruso, o olhar de preocupação em seu rosto desbotando para um de resignação, de surpresa.

“Gareth,” ele disse. “O que você está fazendo aqui?”.

Ginny olhou para o intruso com um renovado interesse. Então, este era o primo de Ben, o Herdeiro de Slytherin. O Filho de Salazar. Ela supunha. Ele era alto, da altura de Bem, mas tão claro quanto Ben era moreno, e parecia alguns anos mais jovem. Ele tinha o cabelo grosso e claro que caíam sobre seus olhos, a pele era tão clara quanto a de Draco ou a de Narcissa, os olhos tão verdes quanto os de Harry. Sua arrogância e a beleza de seu rosto estavam agora deformadas pela fúria. Ele certamente não parecia quase tanto com Draco quanto Bem parecia com Harry, mas fazia parecer alguém que tinha um primo distante ou parente. Especialmente quando ele tinha um olhar com uma expressão de raiva como estava fazendo agora.

“Ben,” ele disse furiosamente, agitando a mão em direção do Herdeiro de Gryffindor. Ginny viu que em sua mão, ele segurava com força um pedaço de pergaminho meio dobrado. Em volta de seu pulso estava uma fita grossa que parecia ser feita de vidro vermelho. Ela cintilava contra a luz. “O que maldito seja isto?”.

Ben avançou lentamente atrás de Ginny, parecendo martirizado. “Gareth, você não tinha que Aparatar deste jeito -".

“Eu fiz muito bem de ter Aparatado!”.

“Ginny, este é o meu primo Gareth,” Ben acrescentou, meio que tardiamente, empurrando Ginny em direção a Gareth, que olhava vigorosamente com expressão de raiva para ela. “Gareth, esta é Ginny”.

“Meus cumprimentos,” ele falou entre os dentes.
“Eu sou a Herdeira de Hufflepuff,” ela lhe contou, com o objetivo de se apresentar, ainda abraçando em volta dela o cortinado da cama.

“Sim, eu teria suposto isto. Você é exatamente tão vermelha e sardenta quanto todo o resto deles. Agora, saía daqui, sim? Eu preciso falar com Ben".

“Vermelha?” Ginny bravejou com raiva. “Sardenta?”.

Ben se colocou entre Gareth e Ginny, se para proteger Ginny da raiva do Herdeiro de Slytherin ou outra coisa próxima disto, era difícil dizer. “Gareth, não seja burro,” ele disse.

Dois pontos vermelhos brilhantes de raiva apareceram nas maças do rosto de Gareth. “Oh, eu sou o úncio a se comportar como um burro? O que é isto, então? Que tipo de carta é esta?” Ele olhou para baixo, para o pergaminho, o desenrolou, e começou a lê-lo em voz alta. “E então eu irei para o futuro, para lutar uma batalha de qualquer forma improvável, que nós lutamos antes. Se eu morrer lá e não retornar, eu confio que você pegará meu filho e o educará como se ele fosse seu, e como um irmão para a sua própria criança –“.

Ginny arregalou os olhos para Bem. “Você tem filhos?”.

“Apenas uma,” disse Ben com distração.

“Ah,” disse Ginny, quase sem fala.

“Com exceção do fato de que você soa como um pavão inflado nesta brilhante epístola, parece que você está planejando se matar?”, falou entre os dentes Gareth, ainda olhando furiosamente para o seu primo. “Seu idiota”.

“Eu não sou um idiota”.

“Eu peço a permissão para discordar”.

“Tudo bem, é isto,” disse Ben, agarrando com força Gareth pelas costas de sua capa, e começou a arrastá-lo para uma outra parte no interior da tenda. Ele olhou para trás, sobre o seu ombro, para Ginny, e chamou. “Apenas nos dê um minuto, sim?” antes deles desaparecerem, e a aba da tenta se fechar atrás deles.

Totalmente sem arrependimento, Ginny correu e colocou seu ouvido na aba. Ele apenas podia decifrar palavras abafadas da conversa que estava acontecendo lá dentro – “se manda”, “se matar porque você não”, “eu sempre fui obrigado a vigiar você”, e “não fazer nada simplesmente porque você não permite, não autoriza”.

Ginny suspirou. Se eles fossem realmente alguma coisa de parecidos com Draco e Harry, isto poderia continuar por horas sem em algum tempo chegar a nenhum bom momento. Ela chegou para frente e puxou a aba da tenda para trás, e meteu sua cabeça para dentro.

Ben e Gareth estavam parados a cinco passos de distância entre um e outro, ambos gritando. Ben estava com o rosto vermelho; Gareth, um pouco como Draco, evidenciava sua raiva apenas pelo olhar mais frio do que nunca. Ele estava parecendo tão frio, de fato, que Ginny não teria ficado surpresa se o braço que ele estava apontando com rigor para Ben tivesse se desligado do cotovelo e se partido no chão como uma massa de gelo. Ele balançou, girando e olhou furiosamente para Ginny. “O que você quer?”.

“E oi para você também,” ela replicou. “Olhe, você não acha que é uma decisão do Bem o que ele quer fazer? Eu avalio que ele seja seu primo -".

“Primo de segundo grau,” disse Gareth e Ben, em uma só voz.

“Tanto faz. O ponto é, isto é assunto dele. E eu acho que isto é muito corajoso da parte dele. Ninguém mais em meu tempo sabe o que ele sabe, está tão equipado para lutar esta batalha como ele está. Ele pode ser o instrumento para destruir o Lorde das Cobras de uma vez por todas, o que seria uma coisa maravilhosa--" ela se interrompeu, percebendo com um abalo repentino que ela estava falando sobre o pai de Gareth.

“Isto não tem nada a ver com o fato dele ser meu pai,” disse Gareth, cuspindo as palavras como se elas fossem projéteis venenosos. “Eu o odeio. De manhã, quando eu acordo, eu amaldiçôo sua memória. Se a lembrança dele puder ser apagada da face do mundo bruxo, somente isto poderia me satisfazer”.

Ginny ficou boquiaberta para ele. “Então o que é? Eu não entendo”.

“Você não pode vencê-lo,” disse Gareth de forma simples. “Ele é muito poderoso. Isto exigiu os poderes das casas de Ravenclaw, Gryffindor e Hufflepuff combinados para matá-lo, pois até então, ele não podia ser morto. O que você pode fazer? Você é apenas uma criança. Ele destruirá você totalmente, massacrará seu exército onde ele estiver, e irá esculpir flautas para crianças veelas a partir dos seus ossos brancos”.

“Gareth,” disse Ben, com uma exasperação de advertência.

“Nós temos algo que eles não tinham,” disse Ginny, com confiança.

“O quê?”.

“O Herdeiro de Slytherin do nosso lado”.

Gareth olhou para ela estreitamente. “Você tem certeza?”.

“Sim,” disse Ginny, com uma certeza que ela não sentia.

Gareth olhou de relance para Ben, seus olhos arregalados e inquisidores. Ben parecia exasperado. “Eu estava tentando te dizer isto, Gareth. A profecia, você entende agora? Eu tenho que ir”.

“A profecia,” disse Gareth, soando desgostoso. “É apenas uma profecia, apenas um maço de palavras. Não é nada vindo do céu”.

“Na verdade, foi,” Ben pontuou gentilmente. “Isto é o que uma profecia é”.

O Herdeiro de Slytherin, parecendo agora levemente desinflado, olhou para trás, para Ginny. “Ele ainda pode se matar,” ele disse, indicando Bem com um aceno de sua mão.

“Eu estarei lá para protegê-lo,” disse Ginny com firmeza, e ela viu Ben dando um sorriso atrás de sua mão.

“Você,” disse Gareth com desdém, “é uma garota”.

Ginny sentiu suas orelhas se tornarem vermelha. Ela estava a ponto de entender Gareth pela obrigação de seu ponto de vista medieval, quando ela percebeu que enquanto seu ponto de vista era certamente medieval, haveria uma boa razão para isto. Na realidade, até que ponto a história medieval estava preocupada, para Gareth, em ser progressiva.

“Ela é uma Herdeira,” disse Ben, resumidamente.

Gareth parecia rebelde. “Então, eu quero ir com você”.

“Você não pode. Você não tem um herdeiro,” pontuou Ben, parecendo esgotado. “Se você morrer, isto seria o fim da linhagem de Slytherin. E isto mudaria a história”.

“Então, eu estou sendo deixado de lado porque não procriei?” Gareth falou entre os dentes.

“Sim,” disse Bem, com determinação.

“Isto não parece justo”.

“Este é um mundo imperfeito,” disse Ben. “Se habitue a isto. Agora, você irá ajudar, ou não? Nós estamos lidando com muitas mágicas instáveis aqui, e francamente eu acho que nós não deveríamos perder tempo. Nós temos que convencer um exército a nos seguir em um futuro incerto para uma batalha contra o mais diabólico bruxo que já viveu. E nós nem ao menos almoçamos ainda”.

Gareth deu um sorriso falso. “Bem, desde que você queira a minha ajuda...”.

Os olhos negros de Ben repentinamente se estreitaram. “Eu não disse que nós não queríamos a sua ajuda, de maneira nenhuma. Uma questão prática....nós podemos tomar emprestado um de seus dragões?”.

Gareth parecia indignado. “Um de meus dragões? Você sabe o quão cara os dragões são!”.

Ben parecia rebelde. Ginny suspirou. Era uma boa coisa, ela pensou, se ajeitando na cama, que eles tivessem todo o tempo que a magia pudesse lhes proporcionar. Parecia que eles iam precisar disto.


* * * * *


Hermione estava surpresa em ver o quão infeliz Draco parecia estar. Seus cabelos pairavam sobres os olhos dele em mechas confusas, prateadas, lisas e frouxas, seus olhos estavam obscurecidos de exaustão, a sombras roxas de contusão sob eles, e ele parecia como se não tivesse dormido corretamente por semanas. Ela teria achado que ele tinha sido o único mortalmente ferido, não Harry. Harry parecia um inseto de tão falante e ativo e seus olhos brilhavam saudavelmente em comparação a Draco, ainda que isto não fosse dizer muito.

Ela se ajoelhou do lado de Sirius e levantou sua mão para tocar Draco levemente no ombro. Ela queria fazer mais, mas estava cautelosa em ser tão expansiva com ele perto de Harry, até mesmo agora. “Você está bem?” ela disse.

Ele acenou positivamente com a cabeça, olhou para cima, para Harry e Ron com os olhos cansados, e disse, “Nós devemos ir. Nós não temos muito tempo para pegar a Esfera”.

“Harry nos contou,” ela disse. Ela mordeu o lábio dela. “É realmente muito ruim nós não termos mais a Capa -".

“Meu entendimento é que vocês não podem abri a Esfera sem a Ginny,” disse Sirius. “E ela, pelo que parece, não pode ser encontrada”.

“Eu estava pensando sobre isto,” disse Hermione. “Se o Lycanthe não pode localizá-la, ou ela está fora do castelo, ou fora deste tempo. Eu digo para nós pegarmos a Esfera, sairmos do castelo, e tentarmos um feitiço Localizador. Se ela voltou através do tempo, provavelmente ela fez isto para escapar, e ela não ainda aprendeu a usar o Vira-Tempo corretamente. Nós erramos por algumas horas quando viemos de volta para cá vindos do passado. Ele experimentou provavelmente a mesma coisa outra vez. Ela estará de volta em algum momento, e o feitiço Localizador a encontrará”.

Ela falou com mais confiança do que sentia. Ela estava bastante certa de que Ginny tinha usado o Vira-Tempo com alguma habilidade, e não era totalmente verdadeiro, seguro de que isto não terminaria em desastre. Mas, não havia porque em dizer isto. Se eles não pudessem encontrar Ginny a tempo, talvez existisse algum modo de destruir a Esfera. A magia tinha avançado muito desde o feitiço original que tinha sido evocado e jogado pelos quatro Herdeiros. Ela falou muito, e Draco olhou para ela, os olhos dele envergonhados. “Os demônios disseram que nós precisaríamos de uma força igual a força contida na Esfera para destruí-la,” ele disse.

“O que significa isto em termos leigos?” Ron perguntou nervosamente.

“Eu acho que isto significa que é muito, extremamente não razoável que nós consigamos reunir este tipo de poder de fogo,” disse.

“Eu acho que isto significa que se Darth Vader nos emprestar a Estrela da Morte, talvez nós tenhamos uma chance,” disse Harry.

Hermione sorriu; ninguém mais sorriu. Draco olhou para Harry como se tivesse crescido nele uma segunda cabeça. “Continua bêbado, é?”.

Harry parecia suavemente envergonhado. “Me desculpe por antes. Eu estava...”.

“Uma enorme peste,” sugeriu Draco.

“Eu não era eu mesmo, era o que eu estava a ponto de dizer”.

“Quem era você, então?” Draco perguntou, se colocando de pé com um leve recuo. “Por favor, me informe, então eu poderei evitá-lo no futuro”.

“Eu já disse me desculpa,” disse Harry, parecendo suavemente irritado, mas Hermione reparou que completamente sem pensar, ele se adiantou e colocou uma mão no braço de Draco, ajudando-o a se colocar de pé. Ele fez isto como se fosse a coisa mais natural do mundo para ele fazer; apenas o rosto de Ron refletia um pouco da surpresa que Hermione estava sentindo, ainda que não fosse de forma alguma um reflexo de satisfação, agrado. Por favor, permita que eles sejam amigos de novo, ela pensou intensamente. Eu sei o quanto eles precisam disto, então, por favor, permita que isto aconteça.

Harry soltou o cotovelo de Draco, e recuou, fez uma careta levemente. “O meu outro eu foi embora, foi para longe no segundo em que toquei isto,” ele disse, tocando com uma mão a bainha em sua cintura. “Eu me sinto realmente estúpido”.

“Bem,” disse Draco sem alteração. “Eu sei como você se sente. Quando isto passa, a única coisa que permanece depois de quatro drinks é uma vontade bem consciente de urinar. Eu teria esperado ter uma resistência maior”.

Harry levantou uma sobrancelha. “Você ficou bêbado?”.

“Um drink a mais e eu teria dançado só com roupas de baixo”.

“Obbrigado por esta parte detalhada de tormenta metal,” disse Ron.

“Nenhum problema, Weasley”.

“Cuecas boxers ou tipo sunga?” se perguntou Hermione inocentemente.

“Hermione,” disse Harry.

Draco forçou um sorriso.
“Eu estava apenas perguntando,” ela disse.

“Boxers,” disse Ron com distração.

Todos eles olharam para ele. Ele olhou de volta, supreso, então ficou vermelho beterraba e olhou de maneira suplicante para Harry. “Eu fiquei sabendo disto naquele dia na Mansão - quando você destruiu o quarto dele e todas suas roupas voaram pelo quarto - lembra?”.

“Não totalmente,” disse Harry, parecendo inquieto.

“Você destruiu meu quarto?” disse Draco, olhando para Harry em choque.

“Ele precisava de uma redecoração,” replicou Harry levemente.

“Eu acredito que nós estejamos fugindo do assunto,” disse Sirius, calmamente. “O assunto da fuga. Tudo o que nós restou dos lápis são estes pequenos tocos aqui, e eu não estou tão certo assim que eles irão funcionar completamente neste adamantio”.

“O que nós temos a perder?” perguntou Hermione, arrancando o lápis dos dedos de Sirius e o entregando a Ron. Draco e Harry trocaram um olhar e Hermione estava certa que pela expressão de Harry, ele ainda estava defendendo Ron para Draco outra vez. Para protelar um argumento, ela deixou Ron desenhar uma simples porta, e explicou a Harry e Draco sobre os lápis da Zonko e o mapa.

Sirius se juntou a eles quando ela estava terminando, e disse, “Harry, eu quero que vocês quatro saiam do castelo tão logo seja possível. Eu encontrarei Remus e nós pegaremos a Esfera e a levaremos para vocês fora das paredes do castelo”.

“Mas eu sou o único que sabe onde a Esfera está,” Draco interrompeu.

“E eu tenho o Lycanthe, e esta é a única coisa que pode nos guiar até Ginny,” Hermione acrescentou.

“Bem, e eu não permito que você se vá sozinha, por conta própria, de novo,” Harry disse para ela.

“Eu não estava sozinha, por conta própria,” ela reagiu.

“Você nunca está sozinha com Ron Weasley, mas talvez também seja, de tudo, o melhor que ele faça,” Draco disse de maneira fulminante.

Ron disse alguma coisa que soou muito como “saque mais rápido”, e fez um movimento em direção a Draco. Harry agarrou com força a parte de trás da camisa dele.

Sirius suspirou. “Então, nos levando de volta ao assunto do momento, quando nós sairmos daqui, para onde vocês estão pensando em ir?”

“Draco, Hermione e Eu devemos pegar a Esfera,” Harry sugeriu. “Sirius, você levará Ron e irá encontrar Lupin? Então, quando Ginny voltar, nós poderemos tratar do assunto da abertura”.

“Eu quero ficar com vocês,” Ron protestou, olhando para trás, por sobre o ombro. “Enquanto vocês, todos os herdeiros, estiverem abrindo esta Esfera, vocês precisarão de alguém vigiar a retaguarda de vocês, proteger vocês do mal. Coisa Importante. Além disto - eu posso não ser um Herdeiro, mas tenho sangue Hufflepuff”.

Draco zombou. Hermione o cutucou com o seu cotovelo, para fazê-lo ficar quieto.

“Certo, vocês todos vão juntos,” Sirius disse. “Com o Herdeiro de Slytherin é provavelmente o lugar mais seguro para se estar, e eu provavelmente terei um tempo mais fácil me esquivando pelo castelo se eu for sozinho, seu eu fizer isto por conta própria”. Ele olhou para Draco. “E quando você tiver a Esfera, a guarde com sua vida”.

“Certamente que não,” disse Draco, com o espectro de um sorriso de zombaria. “Eu planejo guardá-la com a minha verdadeira grande espada”.

“Certo, então,” disse Harry. “Vamos”.


* * * * *

Era pôr-do-sol, e o céu estava listrado de dourado com fios de prata como os fios de uma tapeçaria. Ginny estava sentada perto do fogo que Ben tinha feito esta tarde, tremeluzindo pouquíssimo. Era outono no tempo em que eles estavam atualmente. Ao longe, ela podia ver algumas pequenas fogueias queimando ao redor de um sortimento de tendas. Nuvens como rosas vermelhas escuras movimentavam-se rapidamente lá no alto cruzando o céu âmbar. O ar cheirava ao frio que se aproximava, e especialmente ao cheiro forte dos dragões. De fato, dragão, como aquele que Gareth os tinha emprestado mais cedo neste dia, ou daquele que ela se lembrava do outro dia, embora tenha sido de fato um dia de uma década anterior do que aquela em que ela estava agora alcançando o fim. O nome dele era Feroluce, ele era um Comum Verde-Galês, e ele cheirava penosamente a carneiro, e o seu cheiro chegava até ela mesmo quando ele estava amarrado a algumas jardas de distância como estava agora.

Ela deu uma olhada ligeiramente, e viu uma figura vindo do campo em direção a ela. Ele esperava que ela fosse Ben. Ele estava sumido a maior parte do dia, falando com o exército, e aqui eles tinham topado com um obstáculo que ela não esperara: ela não podia falar com os soldados, e eles não podiam falar com ela. Parecia que seu dom para comunicação, no passado, estava restringido ao falar com os Herdeiros, visto que ambos, Ben e Gareth, a tinham entendido perfeitamente, e quando eles falavam, ela escutava perfeitamente a língua Inglesa. Mas quando ela tentava conversar com qualquer outra pessoa, ela escutava uma tagarelice com uma palavra, aqui e ali, compreensível ocasionalmente em Inglês. No final das contas, ela tinha desistido no auge da raiva, e, ela tinha certeza, no auge do divertimento de Ben. Ele estava se preparando para esperar por Ben e ler o livro de Herlga sobre o Vira-Tempo, quando Ben usou todo o seu charme e o seu status de Herdeiro de Gryffindor para tentar convencer o exército de seu objetivo, e assegurá-los de que se eles não fossem para o futuro, eles seriam certamente, de qualquer forma, vaporizados por Slytherin.

“É o destino,” ele falou para eles, parecendo muito sério e importante em toda sua veste de gala de Gryffindor: capa vermelha com linhas douradas, uma túnica escarlate costurada com o emblema de um dragão, e, é claro, a espada e a bainha que era toda entrelaçada com flores e folhas. Ginny pensava que isto era especialmente fofinho. Ela se perguntou se esta era a aparência que Harry teria quando crescesse. Então, ela se lembrou porque ela tinha dito um tal choque tremendo com ele, em primeiro lugar.

A figura vindo em direção a ela, definindo sua forma enquanto se aproximava. Era Ben. Ele acenou, parecendo exausto, e desmoronou do outro lado do fogo. “Sucesso,” ele anunciou. Então, ele fez uma careta. “Este cheiro de dragão,” ele observou com tristeza.

“Eu percebi,” concordou Ginny.

“Você este aqui todo este tempo?”.

“E não tinha muita coisa para fazer. E eu não achei que era uma boa idéia deturpar o tempo para inventar o Quadribol ou alguma coisa do tipo”. Bem olhou para ela inexpressivamente. “Depois do seu tempo,” ela acrescentou, sorrindo.

“Não, eu acho que eu conheço esta palavra. Me faz lembrar de seu irmão, de alguma forma”. Ben tremeu, provavelmente de frio, e se moveu para mais perto do fogo.

Ginny de repente percebeu que não sabia nada sobre a família de Bem. A aula do professor Binns era inteiramente sobre batalhas e datas, e se alguma vez ele falou sobre os Fundadores, ela devia estar dormindo durante a aula. “Você tem algum irmão, ou por ser o Herdeiro, isto quer dizer que você é o único garoto, ou como no meu caso, garota, de sua geração? Harry, Hermione e Draco - todos eles são filhos únicos, e eu sou a única garota em minha família. É assim que funcionam estas coisas de Herdeiro?”.

“Bem, Helga teve muitas filhas, e a mais velha é a Herdeira. Existe apenas uma criança que carrega o sangue de Rowena, e eu tenho alguns meio irmãos e uma irmã, mas...”.

“E quanto a Gareth?”.

“Eu não acredito que mesmo ele saiba quantas crianças Slytherin criou. O Lorde das Cobras o selecionou como o Herdeiro quando ele tinha cinco anos, eu acho. Gareth não fala sobre como isto aconteceu. Nós costumávamos brincar juntos quando éramos crianças,” ele disse. “Eu acho que ele ainda se sente bem sobrecarregado pelo fato de seu pai ser o responsável por tantas mortes. Ainda que não seja como seu eles realmente soubessem um do outro”.

“Eu estou surpresa que vocês todos o tenham deixado vivo,” disse Ginny, e Ben se virou para ela, com uma expressão de extrema surpresa.

“Matar Gareth? Eu confessarei a você que ele é chato, mas...”.
“Não é isto, é simplesmente que ele é o Herdeiro de Slytherin, não é? Mate-o, e você poderia terminar a linhagem. Slytherin talvez nunca ressurgisse. Eu não estou dizendo para você fazer isto, obviamente,” ela acrescentou apressadamente, “visto que isto pudesse desordenar a história, de qualquer modo, eu estou simplesmente supressa pelo fato disto nunca ter acontecido. De fato, por que o feitiço para abrir a Esfera exige a presença de todos os quatro Herdeiros? Por que o Herdeiro de Slytherin? Não existe a profecia de que o último Herdeiro de Slytherin seria mal?”.

“Você faz um monte de perguntas,” disse Ben, sua voz fraca de cansaço. “Por que disto?”.

“Eu sou uma garota com seis irmãos mais velhos. Eu sempre fiz um monte de perguntas, simplesmente para obter pelo menos uma resposta honesta”.

Ela escutou Ben se curvar sobre o estômago dele e suspirar. Quando ela espiou, ela o viu olhando para ela, descansando seu queixo nas mãos cruzadas dele. “Meu pai foi ver Slytherin para lhe pedir que desistisse da batalha que ele estava travando,” ele disse, em um tipo distante de tom. “Slytherin o convidou para entrar em sua biblioteca, e quando meu pai se virou para fechar a porta, ele o esfaqueou pelas costas com a espada dele. Tinham servos lá que testemunharam um pouco do que aconteceu a seguir. Slytherin se ajoelhou sobre ele, onde ele esta deitando no chão, o observando morrer, mas, enquanto meu pai morria, ele lançou sua maldição-. A maldição de morte de alguém com sangue de Gryffindor é sempre potente. A maldição era que um dia ele seria destruído pelo seu próprio sangue e carne, pois Salazar, seu próprio primo e uma vez melhor amigo, o tinha assassinado, então ele amaldiçoou Slytherin”. Ele suspirou de novo, e colocou suas mãos sobre seu rosto. Suas próximas palavras estavam abafadas. “Rowena estava ciente disto quando criou o feitiço da Esfera. Eu acho que ela também estava sendo um pouco protetora de Gareth. Ele tinha apenas oito anos na época, e ela queria procurar um caminho para garantir que ele fosse protegido depois que seu pai fosse...eliminado”.

“Isto parece tão complexo, e como se dependesse de muitas coisinhas minúsculas,” disse Ginny com desconfiança. “Como vocês podem estar presos a todo um feitiço, a toda uma profecia, às escolhas de alguém que nem ao menos tinha nascido?”

“Se parece complexo é porque é. E mesmo tornando isto mais simples não criaria tempo e o correr do destino não seria mais fácil de manipular. Uma vez, Helga me disse, ‘O tempo dá à lua ao destino em direção a sua invisível realização. Você não pode nem erguer sua mão para coloca-lo de lado, nem erguer sua espada para contê-lo. Até mesmo o homem inteligente não consegue entender o que a trágica falha é possível no fim prover de essencial para a totalidade’”.

“Uma falha trágica?” Ginny deixou sua cabeça pender para trás enquanto ela olhava para cima, para o céu, que tinha escurecido para um tom de carvão. Ela lembrou de Draco. Se alguém era tragicamente falho, era ele. Ai meu Deus, como ele era falho. Bem, não fisicamente.

Ela forçou um sorriso para ela mesma no escuro, e se curvou sobre seu estômago. “Ben?” ela disse, e estava para perguntar a ele se eles iriam sair agora mesmo ou esperar até a primeira hora da manha, quando ela percebeu, pelo leve som de ronco que vinha dele, que ele já tinha adormecido.
* * * * *

Por um longo tempo, Hermione ficou preocupada que eles pudessem se deparar com guardas no caminho para a Esfera; ela ficou preocupada que os monstros habitantes do castelo pudessem atrasá-los, ou pior ainda, que eles dessem de cara com Slytherin em pessoa. O maior obstáculo para o progresso, entretanto, tornou-se o fato de que Ron e Darco de maneira direta se recusava a se entender. A cada poucos passos, eles paravam e retrucavam um com o outro. Ron pisou nos dedos do pé de Draco de propósito; Draco colocou seu pé para frente e Ron tropeçou. E assim por diante. Hermione espiou Harry quando eles viraram uma esquina, e ele girou os seus olhos. “Eu achei que Draco deveria estar andando a frente de nós, fazendo parecer que nós somos os dependentes aqui?” ela assobiou para Harry, que suspirou e girou para trás.

“Okay, Draco restabeleça-se – o que você dois estão fazendo? Olhe, não tem necessidade de colocá-lo em headlock (tipo de posicionamento em lutas em que se imobiliza a cabeça do adversário) - ai, isto parece doloroso. Para com isto”.

Draco e Ron se separaram, olhando furiosamente um para o outro. Hermione suspirou. Eles estavam em um corredor estreito, escuro lineado com vestes de armadura. O teto desaparecia na penumbra e nas teias de aranha. Draco tinha estado certo; esta parte do castelo parecia completa e profundamente abandonado. Suas vozes ecoavam suavemente nas paredes de pedra.

“Sobre o que vocês estão discutindo?” Harry perguntou, os braços cruzados sobre o seu peito.

“O Weasley implicou que eu não estava sendo verdadeiro,” disse Draco suavemente, olhando para Harry. “Então, ele pisou no meu pé”.

“Você me fez tropeça,” Ron falou entre os dentes.

“Depois que você pisou no meu pé”.

Ron mudou de tática. “Para onde, maldito seja, você está nos levando, de qualquer forma, Malfoy? Para uma armadilha?”.

Draco bufou em aversão. Os dois garotos tinham parado em uma entrada sombreada, resmungando um para o outro. Hermione foi para ficar do lado de Harry, rezando para que eles não pudessem ser visto. “Sim, esta certo, Weasley, é uma armadilha,” Draco falou entre os dentes, o sarcasmo em sua voz tão denso que você poderia cortá-lo com uma faca. “É uma armadilha e você entendeu isto. Porque, você sabe, não é como se eu tivesse tido muitas oportunidades para matar você todo, eu estava tão propenso a isto. Não é como se Harry não tivesse tido os meios para me matar, andando por aí comigo, se ele quisesse se aproveitar disto-“.

Ron espiou Harry. “Se aproveite disto,” ele disse. “Por favor, se aproveite disto”.

Draco olhou para Harry e piscou seus cílios. “Esta certo, Harry,” ele disse em uma imitação falseada da voz de Ron. “Por que você não me salva deste homem asqueroso?”.

Harry olhou para Draco de mau-humor. “Você não está ajudando com isto,” ele disse, com um corte em sua voz.

Draco deu de ombros. “Alguma vez eu ajudo?”.

“Eu desejo nunca ter salvo sua vida,” disse Ron, abruptamente. Então, ele pareceu assustado, como se não pudesse acreditar que ele tinha dito algo exatamente terrível. Hermione ficou boquiaberta para ele, embora ela pudesse dizer pela expressão dele, que ele não tinha pretendido dizer aquilo.

Draco fez algo diferente. Ele deu a Ron o sorriso mais angelical que tencionava dar quando ele estava muito irritado de fato. “Que encantador, Weasley,” ele disse. “Você sabe, tudo isto realmente me faz lembrar de algo que eu pensei ontem enquanto estava beijando sua irmã--".

Ron se arremessou sobre ele, e foi contido por Harry e Hermione, cada um de um lado eficientemente agarrando um braço. Eles não conseguiam fazer com que ele parasse de lançar sobre Draco um olhar de morte, entretanto. “Mantenha suas mãos longe de minha irmã,” ele falou entre os dentes com fúria.

Draco girou seus olhos. “Mantenha suas mãos longe de minha irmã? Quem diz isto?”.

“Vocês dois, parem com isto,” Hermione falou entre os dentes, segurando o braço de Ron. “O que vocês estão fazendo neste momento é mais importante do que ista - briga".

“Eu não vou a qualquer lugar sem uma garantia de que nós podemos confiar nele,” disse Ron, se arrastando para longe de Harry e Hermione e sacudindo seu queixo para Draco.

“Claro, você pode ter uma garantia,” Draco sorriu. Não era uma sorriso agradável. “A mesma garantia que eu dei quando prometi que nunca me esquivaria para dentro do seu quarto de dormir, no meio da noite, e abriria uma fenda na sua garganta”.

“Você nunca prometeu isto,” Ron pontuou.

“Você está com a razão, Waeasley. Durma bem”.

“Tudo bem, já chega,” anunciou Harry. Ele estava se apresentando em toda sua altura e seus olhos verdes estavam em chamas. Ensangüentado e arranhado e contundido como ele estava, ele continha a habilidade de apresentar um tipo de dignidade de si mesmo, igual a uma capa de adamantio que nada podia penetrar. Para um magro garoto de dezesseis anos, ele tinha perfeita presença de comando quando ele queria exercer isto. Assim fazia Draco, assim pensava Hermione, mas era de um tipo diferente. Draco era um tipo de pessoa que as pessoas podiam seguir e obedecer em uma mistura de medo e respeito pelo seu inato brilho e carisma brutal. Harry, as pessoas podiam seguir porque elas o amavam. Era muito difícil não amar Harry, até mesmo quando ele estava exercendo o seu eu severo, como ele estava fazendo agora. Ambos, Ron e Draco se mexeram desconfortavelmente sob o olhar dele. Ron começou revoltosamente a se afastar, e Draco olhou para o chão.

“Vocês dois querem,” disse Harry friamente, “deste ponto em diante, calar a boca e deixar um ao outro em paz”.

“Mas, Harry...” Ron protestou, embora fracamente.

“Eu disse para calar a boca!” disse Harry firmemente, agarrou Draco com força pelo braço, e o puxou alguns passos para longe, ele protestando, onde ele se virou e olhou furiosamente para ele com tal intensidade que Hermione sabia perfeitamente bem o que ele estava dizendo a Draco telepaticamente. Harry nunca tinha dito a ela exatamente que eles se comunicavam desta forma, mas não era difícil compreender isto, especialmente desde o dia em que ele os escutou na cozinha dos Weasleys. A mão dela escorregou, especialmente culpada, para o Lycanthe na garganta dela, e quando os seus dedos se fecharam ao redor dele, as vozes deles saltaram audíveis em sua consciência como se ela tivesse ajustado um radio na estação Harry-e-Draco.

...não há razão para agir assim, Harry estava dizendo com severidade. Você não tem mais onze anos de idade.

Draco parecia zangado. Ele começou com isto.

Você começou com isto.

Eu não comecei.

De qualquer forma, Harry acrescentou, Ron tem uma certa razão. .

O que? Draco perguntou, parecendo como se estivesse resistindo a urgência de tirar o óculos de Harry e o espancar na cabeça com ele. Você está tentando dizer que não confia em mim? Ainda?

Harry pareceu surpreso. É claro que não.

Draco continuou olhando furiosamente para ele com suspeita.

Olhe, Draco, eu te disse que eu cofiava em você, e eu confio.

Draco deu a ele um olhar descrente, e então irrompeu de felicidade.

Harry ficou rosa. O que é isto?

Você.Dizendo meu nome desse jeito. Olhe, não dê a si mesmo um aneurisma. Soa engraçado quando você diz isto, de qualquer forma. Você pode ir em frente e me chamar de Malfoy.

Harry parecia embaraçado. Você me chamou de Harry.

Apenas quando eu acreditei que você estivesse morrendo, disse Draco, com completa franqueza. Ele se inclinou para trás, contra a parede e meio encobriu seus olhos cinzas para Harry. O que você quer dizer como o Weasley ter uma certa razão? Eu concordaria que ele tem muitas idéias, todas elas ruins, mas de alguma forma eu não acho que é isto o que você quer dizer.

Não. Eu estava me lembrando disto. Harry olhou de relance para a Marca Negra no braço de Draco. Eu confio em suas intenções, mas existem algumas coisas sobre as quais você não tem controle. Slytherin é quem tem. Esta Marca liga você a ele. O que acontece se ele de repente decidir usar isto para te controlar?

Então você está preocupado que eu possa virar casaca e ferir um de vocês?

Não tanto quanto isto pode ferir você. Sirius me disse que o Lorde das Trevas usava isto para ser capaz de controlar os Comensais da Morte a distância com a Marca. Se eles se opusessem a ele, ele podia queimá-los vivo. Os olhos verdes de Harry se tornaram tristes. Ele poderia queimar você.

Draco deu de ombros, encarando firmemente. Então, deixe-o me queimar.

Harry abriu sua boca, a fechou novamente, e inclinou sua cabeça para trás, contra a parece, de modo cansado. Existe alguma coisa que eu possa dizer que iria-

Não.

Harry suspirou. Tudo bem, então. Faça o que você deseja, Malfoy, você sempre faz.

“Eles estão fazendo isto de novo,” disse Ron, de repente, assustando Hermione, a tirando de sua escuta sorrateira através do pensamento. “Parados de pé, lá, um não tirando os olhos do outro. É bizarro”.

“Eles estão conversando,” disse Hermione serenamente. Ela largou o Lycanthe enquanto falava. “É como se eles conversassem”.

Ron olhou para ela com suspeita. “Você consegue ouví-los?”.

Ela sorriu. “Talvez,” ela disse, um pouco distraída. Harry e Draco tinham terminado sua conversa e andaram de novo em direção a eles.

Ron ainda estava nervoso. “Isto me dá nos nervos. Harry não deveria estar escondendo coisas de mim deste jeito”.

“Ron, nem tudo é sobre você,” Hermione disse, caminhando para frente e parando a um passo junto de Harry. Draco se soltou de novo, se colocando quase entre eles e Ron, e eles se moveram mais adiante através dos corredores sinuosos. Ela deu uma olhada e tentou ver o fim do corredor, mas a mão de Harry no seu braço a induziu a parar e a se virar e a olhar diretamente para próprio rosto dela.

Não era um espelho, ela sabia que pelos olhos azuis que estavam olhando de volta para ela vindos da parede. Não, ela já tinha visto este rosto antes, emoldurado por cabelos que eram como os dela, ainda que de alguma forma diferentes, vestindo uma veste azul escura que era quase idêntica a aquela que ela estava vestindo agora, aquela que Rowena Ravenclaw tinha arrumado para ela há mil anos atrás -- ou no dia anterior. Ela escutou Draco xingar atrás dela, e percebeu que nenhum dos outros tinha visto isto antes. Ela mesma apenas tinha visto isto quando ela foi raptada, no dia em que ela tomou a poção do amor, quando ele estava dependurado em um quarto redondo, cheio de tapetes. Ela se perguntou vagamente por que Slytherin o tinha removido para este corredor, e sentiu Harry do seu lado, estendeu a mão para o braço dele, como se para tocar o rosto do ancestral dele. Harry, que tinha tão pouca experiência com ancestrais, era claramente transfigurado pelo rosto de Godric Gryffindor; ela duvidou que ele já tivesse visto a descrição dos outros fundadores. Ela pegou a outra mão dele com a dela, para oferecer um pouco de conforto, enquanto as pontas dos dedos dele roçavam os fios da tapeçaria, e então...

Ela escutou Ron dizer de repente, e de forma muito severa, “Não toque nisto! É uma armadilha!” mas já era tarde demais; com um grande barulho alto e de afiação, o chão parecia se abrir sob os pés de Hermione. Ela escutou Harry próxima a ele gritar de surpresa; então, a terra se moveu de novo e ela estava caindo na escuridão com Harry ao seu lado.


* * * * *


Sirius caminhou para baixo no corredor exsudando muito mais confiança do que ele sentia. Parecia estar funcionando, também. Servos vestidos de cinza passaram depressa por ele em um grande número, mas nenhum deles parou para dar uma olhada nele. Parecia para ele, de falto, que eles estavam todos andando depressa para a mesma direção com algum tipo de propósito, ainda que ele não pudesse supor o que talvez fosse isto. Nada de bom, ele supunha.

Ele tinha confiantemente alegado a Harry e ao resto que ele sabia exatamente para onde ele estava indo. Na verdade, este não era o caso. Ele acreditou que reconheceria o corredor no qual ele estava, com suas muitas portas escurecidas, como aquele em que ele tinha estado com Lupin e mulher demônio, Raven. Sim, certamente era o corredor certo. O ladrilho do chão parecia familiar, suportes para tochas com a forma de uma serpente enrolada e a abóbada, as portas de madeira quase ovais dispostas na parede em intervalos. E ali - certamente era a porta que Raven mostrou para Lupin, esculpida em carvalho escuro, combinada com latão. Ele parou na frente dela e então, antes que ele tivesse uma chance de se mover, a maçaneta da porta repentinamente deslizou, e ela rangeu, se abrindo de dentro. Sirius se apoiou junto ao corredor, e encarou.

Atravessando a porta veio um trio de jovens mulheres, cobertas com uma película branca e transparente, duas carregando lanternas brilhantes com uma suave e pálida luz, a mais alta tocando uma pequena harpa que ecoava uma musica estranha e doce. Quando elas se aproximaram, Sirius as reconheceu como veelas. De perto, à semelhança delas com Narcissa o fez perder seu sangue frio, como se, ao estar diante delas, ele estivesse diante dela, refratando algum tipo de espelho distorcido. Como ela, todas elas eram altas e pálidas e magras, com cabelos brancos-prateados lisos como queda-d’água e olhos azuis acinzentados bem expressivos. Elas pararam, suas vestes prateadas serpeando em volta dos seus corpos magros, e deram um sorriso de uma para outra.

“Que homem atraente. O que nós deveríamos fazer com ele?” a primeira sorriu de modo afetado.

“Eu penso que nós deveríamos comê-lo,” ronronou a segunda.

Elas avançaram em direção a ele, em massa, sorrindo, e Sirius começou a se afastar. Ele não gostou dos olhares em seus rostos, nem dos cruéis e frios sorrisos nas bocas vermelhas delas, nem do modo como a que estava à esquerda, estava lambendo os lábios dela de forma esfomeada enquanto olhava para ele. Ele não fazia absolutamente idéia do que elas tinham acabado de dizer, mas estava absolutamente certo de que não era nada bom. (nota da “tradutora”: as veelas falaram em francês).

De repente, uma outra voz feminina entrou em cena, desta vez era uma voz estranhamente familiar. “Xô! Xô! Se afastem dele! Deixem-no em paz, seus bandos de prostitutas!”.

Sirius se virou, e encarou. Parada em frente a ele, descalça e vestindo uma camisola branca, estava Fleur Delacour. As mãos dela estavam comprimindo firmemente seus quadris e ela parecia furiosa. Ela tinha esticado uma mão, a esticado imperiosamente, e para a surpresa de Sirius, as veelas se encolheram de medo, para trás, para longe dela.

Então ele se lembrou. Não era de se admirar que elas estivessem com medo dela. Ela era a Fonte de Slytherin.

A mais alta veela expôs seus dentes, e disse com uma voz adocicada. “Fleur...por que você não nos deixa em paz e nos deixa ter nosso divertimento?”.

“Porque eu quero assim!” gritou Fleur, imperiosamente batendo seu pé. “Porque eu quero assim! Agora vão!”.

Com algumas despedidas assobiadas e algumas exposições de dentes, as veelas se viraram e desapareceram para baixo no corredor como se perseguidas pelas Fúrias. Fleur as observava ir, parecendo ela mesma um pouco como a Fúria. Seus cabelos prateados estavam crepitados ao redor de sua cabeça como um enfeite escandaloso encantador, e Sirius se lembrou que ela era uma Magid, e que sua raiva era de fato uma poderosa arma de fogo.

Ele deu um passo para trás, e o olhar dela recaiu rapidamente sobre ele. “Está tudo bem com você?” ela perguntou, seu tom misturado com compaixão. “Minhas primas, elas...se excitaram um pouco”.

Sirius concordou com a cabeça, a mente dando voltas.

As sobrancelhas dela se franziram. “Eu já vi você antes,” ela disse. “Eu conheço você. Você é um amigo do Professor Lupin. Eu vi você no escritório dele, você estava na lareira”.

Sirius concordou com a cabeça. “Eu sou Sirius Black”.

“O Professor...está tudo bem com ele?” disse Fleur, arregalando seus olhos azuis escuros. “Ele está aqui?”.

“Ele está aqui...eu quero dizer, aqui...ele está com os outros lobisomens,” disse Sirius, de nenhum modo desistindo de uma oportunidade para uma informação extra. Ele soube por Harry o que Fleur tinha feito, mas também soube por Draco que existia mais nesta história. Ele tendia a acreditar que ela desejava sinceramente arrumar o erro dela. Também, ela parecia tão fraca que dificilmente representaria um perigo. “Você pode me levar para lá?”.

Ela concordou com a cabeça lentamente. “Eu posso. É para baixo, na verdade. Você não estava longe”. Ela olhou para cima e para baixo no corredor com um temor cansado. “Se ele me pegar...”.

“Eu direi que eu ameacei você,” disse Sirius, com mais segurança do que ele sentia. “Eles acreditam que eu sou um grande e mau vampiro, rondando por aqui”.

Fleur concordou com a cabeça lentamente, como se estivesse muito cansada para perguntar mais, e liderou o caminho para baixo no corredor. Acabou sendo uma distância mais curta para a porta de ferro fechada do que ele se lembrava; Fleur bateu nela uma vez, então a empurrou, abrindo-a, deixando Sirius entrar na frente dela. Ela entrou depois dele, fechando a porta firmemente atrás dela.


* * * * *



* * * * *


Draco, com Ron do seu lado direito, correu para a ponta do buraco negro no chão de ladrilho no qual Harry e Hermione tinham desaparecido, e espreitaram para baixo, para dentro dele.

Ele viu um vazio de escuridão se estreitando para baixo e para baixo no nada, com um fraco vislumbre de luz que no final das contas talvez fosse luz do dia, ou talvez fosse um reflexo de água. “Harry!” ele gritou, sua voz ricocheteando nas laterais do buraco. “Hermione!”.

Ron acrescentou sua voz a de Draco. “Hermione! Harry!”.

Um eco muito fraco gritou em resposta a eles. Draco prestou a atenção com toda a sua força, mas não estava certo se era de fato uma resposta, ou meramente um eco de suas próprias vozes. Ele deu uma olhada para o lado, para Ron, que estava tão branco quanto sua camisa. “Como você sabia?” ele sibilou. “Que isto era uma armadilha?”.

Ron balançou sua cabeça. “Eu simplesmente sabia,” ele disse, sua voz insípida e seca.

Draco sentiu uma dor repentina e cortante na cicatriz em sua palma. Ele deu uma olhada para baixo, para sua mão exatamente no momento em que a voz de Harry falou dentro de sua cabeça. Hey, Malfoy. Você está aí em cima?

Sim. Os ombros de Draco se descontraíram em alivio. Hermione e você, os dois, estão bem?

Nós estamos bem. Afundados até a cintura na água, mas bem. Ron...?

Ele não perdeu até mesmo nenhuma sarda.

Diz a ele que nós estamos ok.
Draco espiou Ron, e indicou com a cabeça de forma curta, uma vez. “Eles estão bem”.

Ron olhou para ele estreitamente. “Como você sabe?” Então ele balançou sua cabeça. “Não importa. Eu acho que posso adivinhar”.

Como ele sabia que era uma armadilha? veio voz de Harry de novo, confusa e surpresa. Ron, eu quero dizer.

Draco deu de ombros. Eu não sei. Ele disse que simplesmente sabia.

Houve um curto silêncio, então Harry falou de novo. Hermione disse que ele é um Adivinho.

“Você é um Adivinho?” disse Draco para Ron, com cepticismo. Ele aprendeu com seu pai o quão muito raro sempre era em se encontrar Adivinhos, e o quão perseguidos eram os seus dons. Aquela Professora Trelawney, que tinha apenas uma alusão do poder de Adivinhação, tinha conseguido assegurar e manter a posição de professora em Hogwarts pela força de seu pequeno talento, evidenciando o quão raro o dom era.

A cabeça ruiva do garoto parecia na defensiva. “Eu suponho que sim”.

“Apesar de tudo, parece que você tem uma trombeta para encher, Weasley,” disse Draco com uma soma invejosa de respeito. “E você me salvou de cair neste buraco. Agarrando com força meu braço. Particularmente um gesto misterioso de sua parte”.

“Eu estava tentando alcançar Harry,” disse Ron, parecendo profundamente enojado. “Eu estava tentando alcançar Harry, e eu peguei você. Agora, como nós vamos tirá-los de lá?”.

“Cordas,” disse Draco, “nós precisamos de cordas, ou cordões, ou alguma coisa-“

“Hermione disse para não fazer mágica, de jeito nenhum,” disse Ron com preocupação. “Não dentro do castelo”.

“Eu sei. Miséria”. Draco procurava por uma idéia, e seus olhos caíram sobre as tapeçarias pesadas que adornavam as paredes. “E quanto aquelas,” ele disse devagar, apontando um dedo em direção a elas. “Nós poderíamos cortá-las em pedaços finos e amarrá-los juntos. Fazer uma corda deste modo”.

Ron concordou com a cabeça, um pouco relutante. “Muito prático, útil. Você tem certeza de que não é um Trouxa?”.

“Muito engraçado”. Draco se colocou de pé. Agüente aí, Potter. Nós estamos tentando abaixar uma corda para vocês”.

Ok.

Draco agarrou com força a lateral de uma tapeçaria que descrevia um rebanho de unicórnios cavalgando com ostentação em um prado de verão, cheio de flores perfumadas, desenhadas com cores claras e limpas. Estava de forma espantosa incompatível no meio dos retratos e cenas de batalhas que estavam dependurados no corredor, mas apesar de tudo, ele o puxou; Ron se juntou a ele do outro lado da tapeçaria e puxou, rasgando ali também. Uma nuvem asfixiante de poeira rosa veio da tapeçaria enquanto eles a puxavam com força, e Draco se virou para o outro lado, tossindo. Quando se endireitou de novo, ele piscou os olhos para tirar a poeira de seus olhos. Então congelou, encarando.

Avançando em direção a eles, vindos do fim longínquo do corredor, estavam três altas, levemente inclinadas, figuras vestidas de cinza cujas mãos podres e cheia de crostas se projetavam das mangas de suas vestes. Na frente deles se espalhava, se estendia uma onda de intenso e glacial frio.

Dementadores, ele pensou selvagemente.

E Harry o escutou. Dê o fora daí, ele disse. Corra.

Mas vocês-

CORRA! gritou Harry, com tal foca que quase abriu uma fenda na cabeça de Draco.

Eles correram.


* * * * *



“Dementadores”. Harry xingou. “Eles estão sendo caçados lá fora por dementadores. Nós estamos por conta própria, Hermione”.

Houve um longo silêncio enquanto Hermione absorvia esta informação. “Então, por que nós caímos aqui dentro exatamente?” ela disse com a voz baixa, depois do que pareceu ser muito tempo enlameado de silêncio na escuridão, mas provavelmente tinha sido menos de um minuto.

“Água,” disse Harry, e o som de sua voz era muito confortante. “Simplesmente...água comum”.

“Está tão escuro,” ela disse, tentando manter sua voz firme.

Ela sentiu a mão de Harry enrolar a sua debaixo da água, e ele a apertou com força. “Lumos,” ela o escutou dizer, e o espaço que eles estavam foi de repente inundado com uma luz fosca.

“Harry! Não faça mágica!” ela gritou, tentando encontrar um modo de reverter o feitiço de luz dele. “Slytherin saberá!”.

“Nós não estamos no castelo neste momento. E como ele poderia vir atrás de nós, aqui embaixo, de qualquer jeito?”.

Neste momento, com a água esfriando o corpo dela, Hermione se perguntou se ser descoberta por Slytherin seria a pior coisa para eles. Por quanto tempo eles poderiam sobreviver ali embaixo de qualquer jeito? E onde, exatamente, era ‘ali’, ela se perguntou, se virando para olhar em volta. Ela, Hermione, apenas podia perceber que eles estavam em algum tipo de espaço rochoso e turvo, flutuando mo meio de piscina escura e com ondas que se estendia de parede a parede, com um muito grande buraco negro circular no meio da parede mais ou menos umas cinco jardas de distância.

“Eu me pergunto se isto é uma saída,” disse Harry de modo pensado.

“Ou uma entrada,” disse Hermione, antes que ela pudesse se interromper.

“Uma entrada? Para o quê?”.

Houve um silêncio. Hermione estava bastante certa de que as paredes estavam, ambas, pintadas com algum tipo de monstro marinho que babava.

“Você sabe,” disse Harry. “Eu estou bastante certo de que existe algum modo de nós podermos sair daqui, se nós pensarmos um pouco sobre isto”.

Hermione estava tentando não pensar sobre o que talvez estivesse sob a água neste momento, se contorcendo em seu caminho, em direção a eles. Ela olhou para cima, tentando ver de onde eles tinham caído. “Se eu pudesse alcançar esta construção de tijolos lá no alto, parece que ela talvez servisse de apoio,” ela disse. “Se eu subir em você, talvez--".

“Eu seria empurrado para baixo e me afogaria,” disse Harry com tristeza. “Mais tarde, você pode subir em mim”.

Hermione estava a ponto de responder quando percebeu que o buraco na parede estava agora soltando um tipo de luz, brilho prateado que ela estava muito certa de que isto não estava acontecendo a um momento atrás. Ou talvez, ela estava imaginando isto. Ela examinou Harry, que parecia estar ocupado examinando a parede para apoio. “Eu estou surpresa que você ainda consiga fazer piadas,” ela disse, tentando soar descontraída.

“Aprendi isto com Draco. Especial dois em um, lições de piadas e sorrisos falsos. Isto realmente funciona como ajuda,” ele disse, se mostrando perto do rosto dela. A luz estava totalmente clara agora. Ela fluía do buraco e fazia uma película prateada sob a água. Harry tinha sua mão fora da água e estava agarrando a parede de pedra irregular.

“Talvez se nós fizéssemos algum tipo de feitiço, então você não iria se afogar,” Hermione disse desesperadamente, e então alguma coisa saiu do buraco e deslizou em direção a eles.

Foi um momento de coração-apertado antes que ela fosse capaz de ver claramente o que tinha emergido na piscina. Sereias. Três muito bonitas sereias com longos e bonitos cabelos verdes, delicadas guelras de peixes palpitando exatamente abaixo dos seus queixos, e caudas de peixe verde-douradas cintilando debaixo da água. Uma delas ficou perto do buraco de onde tinha saído e fez uma cara de zangada, mas as outras duas nadaram para mais perto, até que elas estivessem a apenas alguns poucos passos de Harry e Hermione. A luz prateada vinha de um globo esbranquiçado que a mais próxima deles tinha em uma corrente fina amarrada em torno do pescoço dela. Elas olharam para Harry e Hermione, e riram dissimuladamente. “Olá,” disse a que se encontrava mais à esquerda, e a outra se desfez em uma convulsão de risos falsos.

Hermione se lembrou, de modo especialmente bizarro, de Parvati e Lavender, elas que tinham uma parte hadoque (tipo de peixe), ainda que a sereia rabugenta perto do buraco parecesse estranhamente com Pansy Parkinson.

“Quem são vocês?” Harry perguntou, soando mais surpreso do que qualquer outra coisa. “E como é que nós conseguimos entender vocês?”.

“Nós somos serveelas (metade sereia, metade veela),” disse a que estava à direita, parecendo afrontada, “e, é claro, que nós falamos inglês. Não que isto importe, visto que nós iremos comer vocês, de qualquer jeito”.

Harry pestanejou para elas, e depois para Hermione. Ela se mexeu nervosamente na água. De perto, ela podia ver que as serveelas tinham especialmente dentes afiados e longas unhas verdes. “De preferência, eu acho que vocês não iriam nos comer de verdade,” Harry disse.

“Oh, querido, eu receio que nós precisemos,”disse a serveela. “Terrível inconveniência, é claro --especialmente de sua perspectiva -- mas nós fomos colocadas aqui para guardar o castelo, e guardá-lo nós devemos. Nós não pretendemos deixar ninguém passar, a menos que seja o Herdeiro de Gryffindor, mas não é como se ele estivesse vindo”.

“Mas eu sou o Herdeiro de Gryffindor,” Harry protestou, espirando água.

A serveela não parecia convencida. “Todos dizem isto, mas ninguém nunca é”.

“Ele realmente é,” Hermione disse. “Mostre a elas a bainha, Harry”.

Apoiando na pedra atrás dele com uma mão, Harry tateou a espada e a tirou de sua bainha e a segurou na frente dele.

Todas as Serveelas ficaram boquiabertas. A primeira delas agarrou a que estava no meio e a balançou com excitação. “Ele é o escolhido! O escolhido da profecia, sobre o Herdeiro! Nós podemos contar a ele o Segredo!”.

“Espere, e quanto a ela?” a segunda perguntou, olhando com desconfiança para Hermione.

“Ela é ninguém”.

“Eu não sou ninguém,” Hermione falou entre os dentes. “Eu sou a Herdeira de Ravenclaw”.

“Bem, a profecia não menciona você,” disse a primeira sereia em um tom superior.

“Ela é um pedaço de besteirol preconceituoso,” disse Hermione firmemente.
“Qualquer segredo que possa ser dito a mim,” disse Harry em voz alta, “pode ser dito a Hermione”.

As sereias levantaram suas delicadas sobrancelhas verdes. “Bem, certo,” disse a primeira, pegou o pequeno globo brilhante dependurado em torno do seu pescoço, e o ofereceu a Harry. “Isto é para você,” ela disse.

“O que é isto?” ele perguntou incerto.

“Não estou certa exatamente,” disse a sereia alegremente. “Eu sei que isto é muito poderoso, e que é muito antigo. Eu tenho tido a custódia disto por quase cem anos, e minha mãe antes de mim. Isto veio do corpo de um bruxo que tinha sido derrotado aqui há cem anos atrás. Ele já estava morto, então nós não o comemos. Os anciões o enterraram, e pegaram isto. Isto está destinado a ser dado ao Herdeiro de Gryffindor”. Ela o levantou para Harry.

Harry balançou sua cabeça negativamente. “Eu não posso pegá-lo,” ele disse.

A serveela pareceu irritada. “Por quê não?”.

“Porque eu estou a ponto de me afogar,” ele disse.

“Oh”. A serveela teve a boa-vontade de ruborizar. “Olhe, nos siga -- nós levaremos vocês para em torno de uma saída. Não está longe,” ela disse, e se soltou da rocha, com outra serveela em companhia. Harry olhou de relance para Hermione, deu de ombros, e as seguiu. Eles logo perceberam que a água era muito rasa, rasa o suficiente para caminhar, e eles tinham cometido um erro estúpido, depois que as serveelas atravessaram a água, sentindo frio e se sentindo também miseráveis, infelizes, mas não mais estavam em perigo de se afogar.

Finalmente eles chegaram a uma pequena plataforma de pedra fixada na parede. Sobre a plataforma, uma escada de pedra conduzia para o alto na escuridão. Harry se ergueu sobre a plataforma e puxou Hermione para cima depois dele. Eles pisavam completamente molhados sobre as pedras enquanto a serveela localizava seu globo, e o levantava de novo para Harry. Ele o pegou, e para o grande descontentamento das serveelas, o entregou imediatamente a Hermione, que o examinou com curiosidade. Sua luz tinha se apagado, mas uma pequena chama viva ainda dançava dentro dele. De fato, quando ela olhou mais de perto, pode ver que eram três pequenas chamas separadas, flutuando, tremeluzindo separadas e então juntas. Uma faixa de prata corria ao redor do Globo exatamente no meio, e ela estava gravada em relevo com uma inscrição em Latim pouco visível. Hermione pode decifrar apenas uma palavra: Adunatio.

“O que isto quer dizer?” Harry perguntou, os cabelos dele fizeram cócegas na bochecha dela quando ele se inclinou sobre o ombro dela. “Isto quer dizer uma unidade, ou uma ligação,” disse Hermione, entregando o pequeno globo de volta para ele. “Isto poderia ser um amuleto de amor, ou...”.

“Tome cuidado com isto,” a primeira serveela interrompeu severamente. “É perigoso. Não o quebre. Não é para ser quebrado. Coisas terríveis podem acontecer”.

“Talvez nós não o queiramos, então,” disse Harry.

As serveelas pareciam indignadas. “Hrrmph,” a que se encontrava mais à esquerda disse, e apontou para a escada. “Ela levará vocês de volta ao castelo,” ela disse, torcendo o nariz arrogantemente. “E boa sorte para vocês dois - vocês irão precisar”.

Com isto, ela desapareceu debaixo d’água, rapidamente seguida pelas suas companheiras. Com uma olhada preocupada para trás, Hermione pegou a mão de Harry, e juntos eles subiram a escada, que desaparecia mais acima, na escuridão.


* * * * *


“Ok, mas, mais ou menos, quantos têm de vocês?” Lupin perguntou, levantando sua mão com distração para um Hipogrifo Crunchie, e depois estremecendo e a baixando. “Eu quero dizer, quantos estão no total no exército do Lorde das Cobras? Realmente ajudaria no planejamento da estratégia ter uma idéia dos números”.

“Bem,” o chefe dos lobisomens (cujo nome era algo como Peter Whistone, e que era em sua vida normal um contador que atualmente vivia em Ipswich e que tinha sido mordido por um lobisomem quando tinha dezesseis anos) replicou, mascando uma goma de mascar, “têm nós os lobisomens, e também têm uns duzentos dementadores, as veelas, talvez uns cem trolls, uns poucos demônios, os cavalheiros, alguns Oggrings e alguns Skolks”.

“Oggrings?” Lupin estava estupefato. “Skolks? Mas eles não existem! Eles são mitos!”.

Peter olhou para ele surpreso. “Eles não são”.

O professor de Defesa contra as Artes das Trevas que existia em Lupin estava extremamente interessado. O combatente de oposição à guerra contra Slytherin estava suavemente horrorizado. “Oggrings são metámorfos,” ele disse, com ponderação. “Eu nunca tinha ouvido falar de um Skolk...”.

“Eles são esqueletos vivos,” disse uma bonita lobisomem do seu lado direito que se apresentado mais cedo como Isabel. “Eles são muito difíceis de matar”.

A maioria dos lobisomens tinham tido um interesse momentâneo por Lupin depois de sua chegada e semi-adoção por Peter, e tinham se aproximado para dizer olá e para pegar uma goma de mascar. Isabel era a única além de Peter que tinha permanecido ali. Os outros estavam agora ocupados com um complexo jogo do saco (você entra no saco e pula para chegar ao final do caminho determinado : nota da tradutora) em um canto. Lupin não podia acreditar o quão inofensivos eles todos pareciam. Então, este é o bando mau, cruel de bestas do qual eu me mantive afastado durante toda a minha vida. Eu estou profundamente envergonhado.

“Não existe tal coisa,” Lupin falou entre os dentes.

“Você parece tenso, meu amigo. Eu acho que é hora,” Peter anunciou, “para um pequeno relaxamento”.

Lupin levantou sua sobrancelha. “Relaxamento? Tudo o que nós fazemos é relaxar”.

Mas Peter e Isabel não foram dissuadidos. A bonita garota lobisomem bateu suas mãos. “Traga flautas, traga tambores, traga instrumentos musicais feitos a partir do osso do omoplata de um porco e do bucho do estômago de uma arganaz aquática, nós nos colocaríamos a fazer uns sons realmente maus!”.

Os outros lobisomens se apressaram para aceitar o convite dela. Lupin que estava familiarizado com rock de lobisomem da série Tempo-Bruxo que Sirius tinha arrumado para o último aniversário dele, e sabia que isto envolvia muitos uivos barulhentos, e então lamentou e organizou sua cabeça. “Olha, nós temos trabalho a fazer, nós temos-“.

A porta se abriu então, e Sirius passou por ela, seguido por uma muito pálida, muito magra Fleur Delacour em um longo vestido branco. Lupin estava tão chocado que por um instante ele apenas não reagiu. Então, ele viu Peter se colocar de pé, estendendo sua mão para a varinha que ele tinha atirado para Lupin, quando ele entrou antes e ele estendeu sua mão e a pegou da mão de Peter. “Permita-me,” ele disse rudemente, e andou rapidamente para o outro lado, onde Sirius e Fleur estavam de pé. Bloqueando o casal da visão do resto do cômodo, ele murmurou “Fleur, pegue isto,” e atirou a varinha em direção a eles. Fleur a pegou no ar, e Lupin recuou. “Eles passaram,” ele gritou por sobre o seu ombro, e viu Peter, que não tinha realmente prestado à atenção, fez uma saudação com a cabeça e acenou.

Lupin se virou de volta para Sirius, estendeu sua mão, e o agarrou com sua mão duramente. “Vocês todos estão bem? E Harry?”.

Sirius o encheu rapidamente com os eventos do dia, enquanto Lupin encarava espantado. Ele olhou de novo e brevemente para Fleur quando a parte dela nos eventos foi mencionada, mas ela estava encarando firmemente outro lugar, seus olhos cheios de lágrimas. Ele decidiu não perguntar a ela nada.

“Então, nós vamos encontrá-los do lado de fora,” disse Sirius finalmente. “Eu só voltei para levar você. Embora pareça que você esteja dando conta de tudo sozinho. E eu acho que aquele lobisomem lá gosta de você”.

Lupin estava embaraçado. “O quê? Peter?”

Sirius deu uma risada. “Não, aquela bonita de azul”.

Lupin girou seus olhos. “E até mesmo no meio de uma situação verdadeiramente fria e sombria, você está tentando me arranjar um encontro. É tocante”.

Sirius deu uma risada de novo; Fleur olhou de cara feia. Então, ela disse, “Talvez isto não seja tão fácil quanto você pensa”.

“Conseguir um encontro para o Lupin?” disse Sirius. “Você está sendo um pouco dura com o pobre homem, não está? Ele não é tão pouco atrativo assim”.

“Não, sair do castelo,” disse Fleur, ruborizando um pouco de lado a lado no topo das maças do rosto pálidas como marfim. “Existem pouquíssimas saídas e todas estão protegidas. Nós precisamos é de um mapa”.

“Nós?” disse Sirius ligeiramente, tentando não dar a palavra muita ênfase.

Fleur olhou para baixo. “Eu gostaria de ir com vocês, se vocês me permitissem”.

“É claro que você pode; nós podemos usar seu auxílio para sair do castelo,” disse Lupin, tocado pelo o quanto infeliz ela parecia estar. Havia também uma leve ponta de ansiedade em seu coração quando ele lembrou de repreendê-la a respeito do desejo dela de manter em suas mãos uma fonte de poder. Talvez, se ele tivesse sido um pouco mais cuidadoso, ela não teria feito isto tudo até aqui. Mas, esta linha de raciocínio era inútil... “Nós temos mapas aqui,” ele acrescentou rapidamente, gesticulando para trás, em direção à mesa na qual Peter e Isabel estavam sentados, olhando para algum tipo de mapa.

“Como você sabe que os outros lobisomens não irão se voltar contra nós?” Sirius sibilou em um sussurro enquanto eles faziam o caminho deles de volta, em direção à mesa. “Eles não são escravos do Lorde das Trevas?”.

“Eu coloquei uma Poção de Força-de-Vontade em cada Feijão de Todos os Sabores,” disse Lupin, falando abaixo de sua respiração. “Eles não sabem disto, ainda”.

Sirius forçou um sorriso. Lupin foi visitado por uma idéia repentina. Ele olhou de novo rapidamente para seu amigo. “Você ainda tem aqueles Lápis da Zonko’s, Sirius?”.

“Apenas um”. Sirius o tirou do seu bolso e o entregou a Lupin. Era estranho ter um destes lápis de volta ao seu alcance depois de vinte anos. Ele se lembrou do sentimento disto, a sensação da mágica que corria deles enquanto ele traçava como eles, sobre o mapa de Hogwarts que Peter tinha arrancado de uma cópia de Hogwarts: Uma História. O primeiro Mapa do Maroto. Agora, ele dirigia o frágil toco do lápis para o mapa do castelo de Slytherin, embora pela sugestão de Fleur, ele tenha traçado apenas o andar térreo onde as saídas estavam. Ele sentiu o lápis produzir fagulhas com energia em sua mão enquanto ele seguia as linhas que indicavam corredores, portas, escadas e saídas, e observou os pontinhos que testemunhavam a localização dos ocupantes do castelo que se mostravam em existência e movimento. Foi apenas quando ele traçou os jardins e os muros que os cercavam que ele reparou em algo de estranho.

“Sirius,” ele disse, acenando para seu amigo de novo, “olhe para isto”.

Sirius olhou sobre seu ombro, encarou e xingou. Lupin não o culpava. Fora dos muros do castelo estava uma verdadeira massa de pontos projetadas, indicando umas cem, talvez umas mil pessoas reunidas do lado de fora das paredes. E se isto já não era o suficientemente estranho, existiam três pontos reunidos na frente da massa de pessoas que levavam os nomes de Ginevra Weasley, Draco Malfoy, e...Benjamin Gryffindor.
“O que o...?” Sirius murmurou, mas Fleur neste momento o interrompeu, atravessando rapidamente o cômodo, e puxando com força para o lado uma das pesadas cortinas de veludo que cobriam a janela. Os lobisomens uivaram indignados enquanto a luz prateada da luz da lua atravessava com rapidez o interior do cômodo, mas Fleus os ignorou, gesticulando loucamente para que Lupin e Sirius se juntassem a ela. Eles se apressaram, cruzando o cômodo em direção a janela, e Lupin segurou para o lado a pesada cortina enquanto ele espreitava o lado de fora, em direção ao jardim.

E quase caiu. Do outro lado dos muros, ele pode ver uma massa projetada de figuras que corriam de um lado para o outro mais ou menos em - dúzia, centena - a luz da lua brilhando sob o brilho das armaduras e armas prateadas e bandeiras de brilho coloridos que continham sua própria leveza enquanto irrompiam ao vento, cada uma decorada com uma bandeira vermelha escura que sustentava um leão dourado. Gryffindor.

“É um exército,” Sirius murmurou, surpreso. “Ginny voltou no tempo e buscou um exército. Como ela fez sito? Que garota incrível”.

Lupin balançou sua cabeça negativamente. “Eles estão simplesmente correndo de um lado para o outro, apesar de tudo. Pelo que eles esperando? Por que eles não atacam?”.

“Eles não podem entrar,” disse Fleur positivamente. “Existem proteções erguidas em torno de todo o castelo que impendem um ataque de força vindo da entrada. Eles nunca serão capazes de entrar. O Lorde das Cobras sabe disto; ele provavelmente nem ao menos está preocupado”.

Lupin olhou de relance para ela. “Existe alguma maneira de tirar as proteções?”.

Fleur indicou com a cabeça lentamente. “Apenas Slytherin pode tirá-las. Ou...”.

“Ou o quê?” perguntou Sirius, se virando para olhá-la. “Ou você pode?”.

Ela balançou sua cabeça negativamente, toda trêmula. “Eu posso tentar, mas quando eu tento desobedecer uma ordem expressa...você não sabe a dor que arde, que queima, é ofuscante”. Ela olhou para baixo, para o chão. “Eu desejo que pudesse ajudar vocês. Eu tenho muito a reparar”.

Sirius olhou para a cabeça curvada de Fleur, então novamente para Lupin, que estava exibindo uma expressão pensativa. “Remus,” ele disse lentamente. “Você tem mais daqueles Feijões de Todos os Sabores roxos?”.



* * * * *


Draco fez o que Harry tinha sugerido, e correu. Ele estava perfeitamente consciente de que Ron correu atrás dele; o cabelo vermelho do garoto muito longo se movimentava e Draco estava impressionado com a rapidez com que ele se movia descendo os corredores, produzindo até um barulho de assovio. Ou teria estado, se ele tivesse fôlego e energia para estar impressionado com alguma coisa.

Eles correram dobrando uma esquina e Draco se lançou para o lado e em direção a uma longa escadaria da cor de osso polido. Então, ele sentiu a mão de Ron agarrar com força a sua manga. “Você sabe para onde está indo?” o outro garoto ofegou.

“É claro que eu sei,” disse Draco, e correu para as escadas. Ron o seguiu. Por causa do frio que aumentava atrás deles, Draco podia dizer que os dementadores não estavam tão longe deles. Eles subiram as escadas com um relativo barulho, dobraram uma esquina, outro lance de escadas e correram e deram de cara com uma porta fechada.

Ron xingou, com uma resignação desesperada, e resmungou, “eu pensei que você tinha dito que sabia para onde nós estávamos indo!”.

“Cale a boca um minuto”. Draco não tirou os olhos da porta, que não era exatamente como nenhuma porta que ele já tinha visto antes. Parecia ser feita de marfim negro, e estava fechada sete vezes e trancada sete vezes para o lado dele. Com dedos frenéticos, ele arranhou as travas, mas isto não foi útil, elas estavam firmemente presas. Não ajudou também o fato de que os seus dedos estavam suados e de que o seu cabelo estava entrando nos seus olhos. Havia um vento congelante soprando através do corredor e ele tinha o pressentimento de que sabia porquê.

“Use sua espada, débil mental,” disse Ron, andando pesadamente para trás, se jogando contra a parede e olhando furiosamente para ele.

“O quê?”.

“Use sua espada! Ela pode cortar qualquer coisa. Pense!”.

Draco puxou a espada do estojo que estava dependurado em suas costas. Ele olhou para ela, e então para a muito bem fechada e sólida porta, e então deu de ombros, e balançou a lâmina contra ela duramente.

Como ela tinha cortado as correntes de adamantio de Harry, a lâmina dirigida contra a porta, a retalhou em grandes pedaços como se ela estivesse cortando manteiga. Ele a puxou para trás e golpeou as travas com ela. A espada as retalhou e elas caíram aos pés dele com um barulho. Ron agarrou com força a maçaneta da porta e a puxou com violência; a porta balançou totalmente e eles se lançaram através dela. Draco tentou batê-la atrás deles, mas ela estava tão destruída para fechar corretamente que simplesmente balançou em suas dobradiças.

“Deixe isto,” gritou Ron, e Draco se virou para ver onde eles tinham ido parar.

Eles estavam em pé em um balcão de pedras largas que pareciam correr em círculo em torno de uma torre alta cor de osso. O balcão era cercado, ainda que os muros chegassem a mais do que a altura do peito, e estavam perfurados com ameias. Draco correu até a ponta do balcão e olhou para baixo. Lá embaixo e tudo ao redor, ele podia ver o topo da floresta de árvores, se estendendo para longe, em direção ao horizonte. No alto, acima dele, estrelas e uma lua minguante o encaravam de volta e lavavam os lados claros da torre com uma fria luz leitosa. Draco olhou em volta e se deu conta de que ele não tinha estado do lado de fora fazia dias.

Pelo o que ele podia ver, não existia um modo de descer, e nenhuma outra saída do que aquela pela qual eles tinham passado.

Até mesmo Ron xingou desta vez. Ele estava muito pálido a luz da lua, suas sardas sobressaiam como manchas de tinta. “Nós estamos em uma cilada”. Ele olhou para Draco. “Você pode fazer alguma coisa? Eles tomaram a minha varinha”.

Foi um evidente esforço para ele pedir isto, mas Draco não disse nada. Ele estava pensando que estava tudo muito bem e esta coisa maldita de ser um Magid era boa, mas não tão útil de fato em situações de crise. Tudo o que ele podia fazer eram encantamentos sem uma varinha, e ele não conseguia lembrar de nenhum encantamento que chegasse a ser útil, até mesmo se ele tivesse uma varinha. Se apenas ele tivesse aprendido como Aparatar. Experimentalmente, ele levantou uma mão, lançou sua mente para trás, para a aula de Encantamentos. “Catedra,” ele disse.

Houve um flash brilhante de luz e um grande sofá muito estofado apareceu em uma pequena passagem longe deles, descansando contra as ameias. Parecia muito confortável e tinha um tipo adequado de tecido delicado, turco.

Ron olhou para ele com nojo. “Malfoy...”.

Draco olhou furioso e tentou de novo. “Cerrucha,” ele entoou e desta vez cordas finas brotaram de seus dedos e caíam como um espiral de cobra ao redor de seus pés. Ele agarrou com força uma ponta da corda. “Nós podemos descer -" ele começou, atirando uma ponta da corda para Ron.

Ron olhava para a ela de maneira duvidosa. “Pelo menos não é de um tipo de tecido delicado”.

“Você está testando a última gota do meu sangue-frio, Weasley,” disse Draco, se virando para ver se ele podia enfiar a espada entre as fendas, fissuras do balcão. Se ele pudesse amarrar uma ponta da corada nela, então talvez eles pudessem-“.

“Malfoy,” disse Ron, com uma voz estrangulada.

Draco se virou e viu Ron olhando para trás deles, ao longe com os olhos arregalados. Ele se virou em volta, sentindo o sangue ser drenado de seu coração.

Os três dementadores estavam parados na entrada da torre, alta e distante e aterrorizante. A luz da lua os cobria com uma cor prateada, lançando terríveis sombras alongadas sobre os ladrilhos, os fazendo parecer dez vezes mais altos do que eram. Eles pararam onde eles estavam, o escuro espaço vazio sob suas capas indicando o nada.

Então, lentamente, eles começaram a se mover para frente, e uma lança brilhante de frio foi traçada até Draco, congelando seus nervos, transformando seu sangue em água gelada. Não, não isto, não agora.

Ele sentiu que Ron, do lado dele, não estava tão afetado como ele estava. Xingando, Ron se curvou para baixo, agarrou com força a poltrona perto dos seus pés, e a jogou contra os dementadores que avançavam. O mais alto deles a pegou no ar de modo elegante, a amassando com uma mão gigantesca e sepulcral, e arremessando para o outro lado do balcão.

“Eu acho que ele não gostou da sua poltrona, Malfoy,” disse Ron com uma voz estrangulada.

Draco estava longe de ser capaz de pensar em alguma coisa esperta para dizer de volta. “Saia daqui,” ele disse em lugar disto, e empurrou Ron para longe dele, duramente. A cabeça vermelha do garoto balançou em recusa e olhou para ele surpreso. “Eles querem a mim. Saia daqui”.

Ele teve uma vaga sensação de Ron olhando para ele surpreso, dizendo “Malfoy--" e então suas palavras borbulharam para longe como discurso escutado debaixo d’água, enquanto os dementadores começaram a se mover para frente, deslizando ou invés de andar, e chegando na frente deles o frio. Frio tão intenso que retalhava em fatias sua carne como faca, como o frio na floresta, e como na floresta, o frio trazia consigo o peso agonizante das memórias que não eram suas, uma crescente maré de gritos e pedidos estridentes que tampavam suas orelhas e cegavam seus olhos. As memórias de sangue banhando suas mãos viajavam dentro do seu cérebro. E desta vez, não havia Harry para conduzí-los para longe.

Ele acertou a parede com suas costas, duramente, as rochas irregulares compelidas contra seus ombros. Por um instante, a dor clareou sua visão. De pé ao longe, os dementadores estavam se movendo em direção a ele. Ele podia ver Ron em pé perto da entrada da torre, olhando novamente na direção dele. Tudo parecia estar acontecendo ambos, muito rápido e muito vagarosamente, e ele percebeu de repente que ele tinha deixando sua espada lá no balcão, ele podia ver a luz da lua reluzindo sobre seu punho prateado, exatamente atrás de onde Ron estava em pé. Ele esticou uma mão, querendo que a espada saltasse em direção ao seu alcance como uma vez ela fez.

Nada aconteceu.

Ele tentou de novo, sem ao menos alguma certeza de como tentar, tinha sido sempre tão sem esforço antes. Ele esticou sua mão, estendendo seus dedos, e querendo que a espada viesse até ele.

Nada aconteceu. Ele escutou sua própria exclamação desesperante soar nos seus ouvidos, e então mesmo que estivesse sendo conduzido para outro lugar pela neblina congelante que estava rapidamente caindo sobre sua visão. Ele podia tentar um feitiço Patronus, ele pensou, mas então ele nunca tinha tentado isto antes tendo ao redor um dementador real, nunca enfrentando a força glacial deles que parecia chupar toda a vontade e energia e esperança e -.

A voz de Ron cortou caminho pela neblina. Ele estava gritando alguma coisa, roucamente. O nome de Draco. Draco olhou para cima lentamente, e viu Ron correndo em direção ao balcão. Ele pegou a espada de onde ela estava colocada e a fez girar em volta em sua mão. Seu rosto se contorceu de dor, ele balançou seu braço para trás e jogou a espada duramente no ar. Houve um flash brilhante de luz, e pelo seu brilho, Draco viu a espada voando em direção a ele, cortando o ar; ele a alcançou e a pegou pelo punho. Ele a balançou para baixo e para frente, o peso e a intenção atrás dela como seu pai o tinha ensinado, e a introduziu com força no corpo do dementador parado a sua frente, exatamente onde seu coração estaria se ele tivesse um.

Houve um outro flash de luz, ainda mais brilhante e em tom mais esverdeado. Draco cambaleou para trás, meio cego, enquanto o dementador gritava. E gritava. Foi a primeira vez que ele ouviu uma destas criaturas notórias e silenciosas fazer algum tipo de som. E que som: um longo, sem coração, fragmentado grito de dor e raiva. Segurando-se pelo punho da espada enterrada nos seu corpo, o dementador balançou para trás e tombou no chão, retorcendo-se, enquanto Draco o encarava com um horror fascinado.

Imediatamente os outros dois dementadores deram meia volta. Eles não faziam nenhum som, mas começaram rapidamente a se mover em direção a ele, e ele viu enquanto eles se moviam uma figura imóvel deitada no chão atrás deles.

Ron.

Ele se lançou para frente pegando a espada enterrada no corpo do dementador morto, mas os dementadores eram criaturas muito rápidas. Eles se desviaram do cadáver de seu companheiro, cortando o acesso dele, e enquanto eles deslizavam em direção a ele, silenciosos e terríveis como uma onda se aproximando. Ele deu um passo para trás, e outro passo, e se apoiou contra a parede de novo com sua respiração chegando ruidosa aos seus ouvidos e suas mãos tremendo. Ele deu meia volta e pulou para cima do topo do muro. Ele estava olhando para baixo, para os dementadores que avançavm agora, e debaixo dele, o muro descia de forma escarpada como um penhasco, uma rocha em direção às copas das árvores. As estrelas e a lua golpeavam tudo abaixo delas com uma luz prateada que cegava, e todo o tempo parecia ir mais devagar sob esta fenda de um segundo, confinado entre a terra e o céu.

Ele fechou seus olhos, e pensou desesperadamente de novo na curta lição de Patronus que Harry o tinha dado na floresta. Umas memória feliz. Ele não tinha nenhuma então, e se torturaria para ter uma, ele pensou amargamente. Ele escutou a voz de Harry em sua cabeça. Então faça alguma coisa, Malfoy. Ele tentou forçar sua mente para recuperar o sonho que ele tinha criado para si na floresta, mas os rostos que ele tentou conjurar - os de Harry, Hermione, Sirius - pareciam há muito tempo terem tomado forma e se consolidado e o frio estava ficando mais e mais intenso. Ele levantou sua mão. Expecto Patronum,ele murmurou, e então, mais alto, “Expecto Patronum!”.

Ele abriu os seus olhos, e a primeira coisa que ele viu foram asas. Gigantescas asas verdes-douradas que tapavam todo mais. Por um instante, ele pensou que seu feitiço tinha funcionado, e então ele se lembrou que o Patronus que ele tinha conjurado tinha sido prateado, e então as asas se movimentaram para trás e desceram, e ele viu a inteireza da criatura que ele estava olhando.

E ele quase caiu do muro.

Um dragão estava pairando no meio do ar exatamente no nível dos olhos, em frente a ele, suas asas batendo com uma força firme. Era da cor verde escuro, com olhos dourados redondos, e vestia enfeites verdes e prateados. E sentada em suas costas estava Ginny. Ele quase não a reconheceu, ela parecia tão feroz, bárbara e decidida. O poderoso vento vindo das asas do dragão sopravam os cabelos cor de fogo dela para trás como uma bandeira escarlate. Na mão esquerda dela estava um par de rédeas douradas, e ela as segurava como se soubesse exatamente o que estava fazendo.

Ela estendeu uma mão. “Suba!” ela chamou, o vento rasgando as palavras vindas da boca dela. “Draco!”.

Ele saltou sem hesitação, e, agarrando a mão dela, jogou os pés para cima sentando em cima das costas do dragão. Ele deslizou seus braços em volta dela, que teria sido totalmente agradável em qualquer outra situação, e gritou dentro de sua orelha, “Seu irmão! Nós temos que voltar para pegar seu irmão!”

Ginny meio que se virou, seu rosto branco. “Eu apenas vi você! Ron? Onde ele está?”.

Em resposta, Draco deu a volta com seus braços em torno dela e agarrou com força as mãos dela que seguravam firmemente as rédeas. Ele esperava ardentemente que montar um dragão fosse como montar um cavalo, que ele sabia como fazer. Ele puxou com força as rédeas duramente para a direita, e o dragão, para o seu deleite, respondeu com um desvio abrupto, voando com um mergulho.

Ginny gritou mas permaneceu reta enquanto eles voavam baixo sobre a torre, o dragão rugindo -- de raiva ou de dor, Draco não sabia dizer -- enquanto suas asas arranhavam os moinhos das ameias. Ele estava inclinado para frente, em volta de Ginny agora, olhando para baixo, scaneando o topo plano da torre em busca de Ron.

Ele o achou, e ele não estava mais deitado, fraco, sobre o ladrilho. Ele estava de pé, cruzando os seus braços contra o seu peito, e se afastando lentamente dos dois dementadores que avançavam. Ele olhou para cima e ficou de boca aberta enquanto a sombra do dragão caia sobre ele.

Ginny estava olhando para baixo, para seu irmão, em horror. “Ron!” ela gritou.

Draco se jogou para o lado, e esticou sua mão. “Wingardium Leviosa!” ele gritou, e os pés de Ron deixaram o chão. Draco não foi nada melhor no feitiço do que ele tinha sido quando o usou em Hermione anteriormente na mansão – Ron disparou no ar como uma flecha vinda de um arco, e Draco quase caiu do dragão quando pegou a parte de trás da jaqueta de Ron e o reboucou pessoalmente no ar. Ele embarcou sem jeito no dragão, entre Draco e Ginny, e deu um grito asfixiado de dor. A manga direita de sua camisa estava ensopada de sangue.

Enquanto ele embarcava, o dragão rugiu em protesto por esta nova adição de carga, o que deu a Draco uma idéia. “Ginny!” ele gritou. “Você pode fazê-lo cuspir fogo?”.

“Sim!” ela gritou de volta, mão esquerda nas rédeas, sua mão direita atrás dela, agarrando com força o seu irmão. “Eu acho que sim!”.

“Bem, então faça!” ele gritou, e Ginny, chicoteando as rédeas para o lado, puxando o dragão para uma impetuosa volta para trás de forma que eles estavam de fronte para torre, e então gritou alguma coisa ininteligível na orelha dele.
Ele se elevou novamente, e Draco tinha agarrado com força a jaqueta de Ron para evitar que ele escorregasse. Chama, da cor de lava fundida, explodiu vinda da boca do dragão, um jato em forma de cascata de fogo que queimava ao redor o telhado da torre, uma rajada que destruía e purificava. Ela era insondável e feroz e quase instantânea. Como uma onda, ela foi de encontro à superfície do telhado, obscurecendo tudo no seu campo de visão - e da mesma forma que rapidamente desaparecia.

Draco encarou, e no silêncio mortífero seguido pela rajada de fogo, um terrível silêncio pareceu descer, como conseqüência de uma explosão muito violenta. Lentamente, ele conscientizou-se do ritmo da batida das asas do dragão, escutou a arfada rápida de Ginny, e a respiração áspera de Ron. Eles estavam, ambos, olhando para baixo deles, e isto não era de se estranhar. O telhado da torre estava desnudo; queimado e limpo pelo fogo do dragão. O feio sofá tinha desaparecido, os dementadores tinham desaparecido; era como se o topo da torre tivesse sido varrida, desnudada e limpa por algum evento cósmico. Tudo o que permaneceu foi a espada, que reluzia, não queimada e não danificada, no meio do espaço vazio e desnudo de ladrilhos queimados.



* * * * *



“E quanto Slytherin?” Sirius perguntou enquanto eles se apressavam atrás de Fleur, descendo por um caminho estreito, um corredor escuro e tortuoso. Corredores compridos conduziam a todas as direções, passagem arcada após passagem arcada desaparecendo em uma névoa tingida de verde. Criaturas se apressavam atrás deles - trolls brandiam machados pesados, demônios emitiam um lamento baixo e sepulcral enquanto eles caçavam espreitando, veelas pareciam predadores e produziam um som seco com os seus bicos de expectativa. Sirius agora percebeu que muitas criaturas das Trevas que ele tinha visto correr até ele mais cedo, tinham corrido para fora, Chamadas para a batalha. Apenas os lobisomens, libertados do Chamado pela poção que Lupin tinha administrado as escondidas, permaneceram nos seus quartos, com uma felicidade, sem ter ciência do que estava acontecendo do lado de fora do Castelo. Quando ele, Lupin e Fleur deixaram o quarto, eles deixaram uma cesta de tecelagem e colocaram lá uma seção de pintura de dedo.

“Onde ele está?” murmurou Lupin no ouvido de Fleur enquanto eles seguiam de forma decidida para baixo no corredor. Fleur liderava o caminho, uma luz de determinação nos seus olhos. “Onde está Slytherin?”.

“Eu não sei,” ela respondeu firmemente. “Ninguém sabe. Ele deixou instruções para que ele não fosse perturbado, e ninguém ousaria desobedecê-lo, até mesmo se eles pudessem”.

“Você está dando a entender que ele não está preocupado com o exército que está ponto de atacá-lo do lado de fora dos muros?”

Fleur balançou sua cabeça negativamente. “Não. Não importa o que ele esteja fazendo, ele não está preocupado com isto”.
“Meu palpite é de que ele esteja fazendo a última oferta para recuperar os seus poderes,” Lupin disse, enquanto eles viraram uma esquina e saíram em um cômodo largo e circular. “Ele sabe perfeitamente bem que com seus plenos poderes, ele conseguiria achatar tal exército com um pensamento...o que é isto?”.

Sirius parou do lado do seu amigo e encarou. No lugar de um telhado, este cômodo estava aberto para o céu, exceto onde estava coberto por quatro correntes de metal unidas, ligadas no meio. E do meio, vinha uma quinta corrente de latão, cada argola tão larga quanto uma roda de ginástica, pendurada para baixo no cômodo, conectada por uma argola em formato de S a uma peça no centro do cômodo: uma serpente gigantesca, tão grande quanto uma casa, feita de placas cobertas de cobre e vidro. Ela estava enrola ao redor e ao redor de um poste alto de mármore, até o topo esculpido com um crânio de mármore com uma serpente saindo de sua boca: uma escultura da Marca Negra. Sirius conseguia ver através das partes transparentes do corpo de metal da serpente um sistema intrínseco de dentes de engrenagem de latão e um sistema de roldanas dentro dela, rodando em um ritmo regular. Um vapor negro soprado de sua narina feita de bronze e fogo tremeluzindo atrás de seus olhos vazios e gigantescos.

Com um olhar determinado, Fleur caminhou para o meio do cômodo, andando muito depressa. Enquanto ela se movia em direção ao monstro, a serpente começou a se desenrolar lentamente. Vagarosamente sua cauda se moveu, se estendendo para fora, em direção a ela, tomando conta de todo o chão. Fleur caminhou sobre ela, arregaçando sua manga enquanto foi - Sirius viu emergir do braço delgado dela revelado pela manga branca arregaçada, a pele pálida marcada pela Marca Negra queimada exatamente antes do seu cotovelo - e então ela levantou seu braço e o apontou para a serpente, seu rosto contorcido com intensa concentração.

“Delenda!” ela gritou, e um raio de luz verde disparou da Marca Negra no seu braço, indo acerta diretamente a cobra mecânica e desaparecendo debaixo da garganta da criatura.

Enquanto Sirius olhava, silenciado pelo espanto, a luz verde vinda da Marca Negra de Fleur desapareceu, e ela desmoronou silenciosamente no chão como uma pilha de roupas amarrotadas. Ele olhou para o lado, para Lupin, mas seu amigo já tinha se lançado para frente, saltando por cima da cauda enrolada da serpente em sua confusão para chegar a Fleur. A serpente não fez nenhum movimento para pará-lo enquanto ele erguia a garota inconsciente em seus braços; de fato, o monstro parecia congelado no lugar. Sirius podia até mesmo ter dito que a cobra estava com uma expressão de surpresa. De repente, sua cabeça se inclinou, e houve um ruído alto vindo de dentro dela , como se alguma coisa tivesse explodindo. Uma boa quantidade de fumaça branca transbordou de suas juntas, e flashes brilhantes explodiam por detrás de seus olhos. Com um barulho rasgado, ela desmoronou, espalhando pedaços de vidro e cobre por todo o chão como confeites brilhantes.

Os olhos de Fleur estavam abertos agora, e quando Lupin alcançou a porta e Sirius, ela disse com uma voz pequena mas firme, “Coloque-me no chão agora, por favor”. Sirius ajudou Lupina a colocá-la de pé (e podia jurar que ela tinha ruborizado levemente); em pé, ela olhou por cima deles, em silencio, para a máquina destruída do dragão. Então, com a voz baixa e calma, ela disse, “Escutem”.

Eles escutaram. Sirius imaginou que Lupin, com sua audição extra sensitiva, provavelmente tinha captado o barulho antes dele, mas no final das contas.

“As proteções foram destruídas,” disse Fleur. “Os muros foram derrubados, e o castelo está aberto ao ataque”.



* * * * *



“Eu posso vê-lo? Apenas um minuto?” Ginny implorou.

Ben indicou com a cabeça afirmativamente. “Se você quer, mas ele não está acordado; o médico-bruxo deu a ele uma Poção de Verbena Vermelha (um tipo de planta) para a dor. Ele ficará desacordado por algum tempo. Seu irmão está fora desta guerra, por hora, de qualquer jeito”. Ben tocou o ombro dela levemente. “Vá; eu estarei esperando aqui”.

Ginny acenou com a cabeça e empurrou a aba da tenta para o lado, e entrou. Dentro era um quarto pequeno, claro e bem iluminado com paredes brancas, com um chão de madeira escuro e no centro do quarto, havia uma cama. E na cama estava deitado Ron.

Ela andou para o outro lado, em direção ao lado da cama e ficou de pé ali olhando para baixo, para o irmão dela por um instante. Ele estava deitado de costas, sua mão esquerda fortemente enfaixada e estendida ao seu lado. Ela mordeu o lábio dela. No momento em que eles aterrissaram o dragão na clareira em frente do acampamento do exército, Ron tinha escorregado das costas do dragão, aterrissado na terra, e imediatamente desmaiou devido à dor no seu braço. Ginny arfou quando viu a extensão do ferimento dele, e começou a gritar por Ben.

Se ela alguma vez se perguntou o que aconteceria com uma pessoa comum que tocasse a Lâmina Viva, agora ela sabia. Foi como se o irmão dela tivesse agarrado com sua mão um carvão em brasa: sua palma e seu pulso tinham sido marcados por uma queimadura cor de chumbo e que sangrava no formato do punho da espada, e a impressão do metal esculpido de serpentes tinha queimado sua pele, quase chegando ao osso. Ele ficou sacudindo de dor e se contraindo até que o médico-bruxo deu a ele algum suco para relaxar. Agora ele estava deitado quieto, corado pelo sono e pela febre, seus cabelos vermelhos colados na sua testa encharcada de suor.

Ginny se inclinou sobre ele e rapidamente o beijou na têmpora, exatamente onde a marca prateada que Rowena tinha deixado ainda brilhava. Então, ela se endireitou e saiu da tenta.

Os olhos dela estavam embaçados pelas lágrimas, e foi por alguns instantes antes que ela fosse capaz de focar no fato de que a pessoa que estava esperando por ela, do lado de fora da tenda, não era Ben, mas Draco. Ele estava apoiado contra um dos suportes de madeira da tenda, parecendo vagamente nervoso, do mesmo modo que os gatos algumas vezes parecem estar, quando estão totalmente desconfortáveis com o lugar onde estão, mas ainda assim se recusam a se mover. Seu rosto estava listado de suor e sujeira, e seus olhos cinza-claros se sobressaiam com um nítido contraste. Um pequeno calafrio correu a espinha dela pela recordação de estar sentada no dragão na frente dele, sentindo seus braços em torno dela e os músculos de seu peito duramente encostados contra sua espinha, as mãos dele sobre as dela nas correntes.

“Está tudo bem com Ron,” ela disse e esfregou duramente os seus olhos com a parte de trás de sua mão. “Se você estava se perguntando”.

“Eu estava me perguntando”. Os olhos de Draco estavam frios e distantes. “Eu estou em dívida com ele agora. De novo”.

“Você salvou a vida dele, também,” ela disse.

“Está dois a um para ele,” disse Draco.

“Sim, sim, e nenhum Malfoy pode ficar em dívida com um Weasley independente do que seja, honra de família, bla, bla, bla,” disse Ginny irritada. “Onde está Ben? Eu quero falar com ele”.

Draco descruzou seu braço e apontou o dedo longo, elegante e desdenhoso na direção da tenda próxima. “Ele foi por ali,” ele disse. “Ele disse que voltava logo”.

“Logo? O que significa este logo?”.

Draco levantou uma sobrancelha, que era algo que ela sempre desejou poder fazer. “Mais tarde do que agora mesmo, mais cedo do que nunca”.

“Obrigado. Quanta ajuda”.

O vento levantou e soprou o cabelo louro de Draco para dentro dos olhos dele; ele o empurrou para o lado com uma mão impaciente. “Eu só tenho a intenção de agradar”.

“Talvez você devesse ter a intenção de ser um pouco mais humilde, e tentar ser um tanto mais tolerável”.

“Aí,” Draco se endireitou, os olhos soltando faíscas. “Nós não somos estranhos, Weasley. E depois do nosso interlúdio emocionante na noite passada, eu particularmente pensei que você tivesse sentimentos por mim”.

“Eu tenho sentimentos por você,” disse Ginny firmemente. “Sentimentos de asco e grande irritação”.

“Então você decidiu preencher o vazio com o Senhor Poncy Git vestido em calças justas de couro?”

“Elas são calções,” corrigiu Ginny. “E Ben não é um poncy git, ele é o Herdeiro de Gryffindor”.

“Harry é o Herdeiro de Gryffindor,” Draco falou entre os dentes. O vento frio soprou cor nas suas bochechas. Ou isto, ou ele estava com mais raiva do que estava exibindo. “Nós precisamos de mais de um? Eles vêm em pacotes de seis?”.

“Estes são os soldados de Ben!” disse Ginny iradamente, gesticulando para todo o campo ao redor deles. “Eu não poderia ter feito nada disto sem ele”.

“Bem, se eu soubesse que o que você estava procurando era por um homem com um realmente grande...”

“Não precisa ser indecente”.

“...contingente de forças armadas, eu quis dizer”. Draco forçou um sorriso, um gracejo que mudou de ar de repente. “Deixe-me entender isto corretamente. Você voltou no tempo para encontrar o Senhor Poncy Git e seu exército, e então você os trouxe de volta para cá?”.

Ginny concordou com a cabeça.

“Você deve ter passado meses com este cara no passado. Se conhecendo. Se conhecendo muito bem. Como nós sabemos que você não fez isto?”.

“Você não sabe”. Ginny falou serenamente.

“E você está indo providenciar algum esclarecimento para além deste?”

“Não!”.

“E agora você está simplesmente tentando me enfurecer,” Draco observou.

“Sim, eu estou,” disse Ginny. “E a propósito, contemple meu sucesso”.

“Eu pensei que todos vocês Weasleys fossem necessariamente pessoas legais,” disse Draco, parecendo um tanto desolado.

Ginny conteve outro sorriso. “Existe mais coisas sobre mim que você não sabe,” ela disse.

Draco deu a ela um longo olhar. “Aparentemente,” ele disse, e ela teve a sensação de que ele não estava, apesar de tudo, verdadeiramente com raiva, e que ele estava jogando com ela como freqüentemente fazia. Geralmente, entretanto, ele vencia. Desta vez, ela teve a sensação de que havia um empate. Ela sentiu o olhar penetrante dele no dela e percebeu que ela estava tremendo sob o frio da noite que se aproximava.

“Você está com frio,” ele observou, e tirou o suéter preto que estava vestindo. A eletricidade estática resultante deste movimento fez uma auréola em volta de sua cabeça com os seus cabelos prateados. Ele tinha uma outra camisa preta por baixo, cuja manga estava rasgada. Sempre preto, ela pensou. “Pegue,” ele disse.

“Eu realmente estou bem, Draco”.

“Vamos. Você me deu o seu suéter uma vez”.

Ela pestanejou. Isto a levou a um momento passado no qual ela se lembrou de ter dado a ele o pequeno casaco de lã dela para secar os cabelos dele com a parte de trás da blusa, na Mansão na semana anterior. Com uma pequena raiva, ela estendeu a mão e pegou o suéter. Ela estava a ponto de agradecê-lo quando uma voz falou atrás deles. “De acordo com Feroluce, ele se divertiu com vocês dois”. Era Ben, as mãos nos bolsos, parecendo vagamente entretido. “Vocês o deixaram cuspir fogo”.

Ginny sentiu-se corar. “Apenas uma vez”.

Ben sorriu. “Está tudo bem”. Ginny notou algo que ela já tinha notado antes, que era que ele parecia estar evitando olhara para Draco. Quando ele o viu pela primeira vez, ajoelhado sobre Ron, ele fez uma dupla cara de surpreso, e quase deixou cair a maca que ele estava segurando com a ponta da varinha. Quanto a Draco, ele reagiu muito pouco a Ben. Ele olhou para ele uma vez, rudemente, e Ginny quase o viu pensar, Este não é Harry. Até o ponto em que ela podia perceber, ele respondia mais a prerrogativa de Herdeiro de Gryffindor - capa, espada e bainha - do que o Ben atual ser parecido fisicamente com Harry. Ela teve a sensação de que Draco fez um tipo de identificação com Harry mais pelo modo de sua aparência física do que pelo modo como ele estava. Ele provavelmente conseguia reconhecer Harry pelo cabelo muito escuro.

Ela já tinha apresentado o Ben atual o que tinha acontecido no topo da torre enquanto eles esperavam do lado de fora da tenda do médico-bruxo; agora ele prosseguia em reuní-los em um esforço armado para entrar no castelo de Slytherin. Eles caminhavam enquanto falavam, desde a parte posterior das tendas até os muros do castelo, onde o exército estava agrupado. Eles eram uma massa de figuras aconchegadas no escuro, pontuadas pelas explosões de luz vindas das varinhas. Um descontente cochicho se erguia vindo deles, como se viesse de uma colméia de vespas.

“Eles não parecem felizes,” Draco observou secamente.

Ben balançou sua cabeça negativamente. “Isto não é bom,” ele disse, parecendo frustrado. “Existem proteções ao redor de todo castelo que impedem a entrada deste número de pessoas. Nós poderíamos tentar escalar o muro um por um, mas isto é como pedir para ser destruído um a um pelo exército de criaturas das Trevas de Slytherin. Vocês já viram alguma veela quando elas ficam com raiva? Eu não quero sujeitar os meus homens a isto até que eu mesmo seja sujeitado. Se nós vamos atacar, nós precisamos atacar em massa, nós precisamos atacar com vigor-“.

“Nós precisamos atacar com calças justas de couro,” acrescentou Draco.

“Você gostaria de pegar emprestado um par?” Ben perguntou a ele, na mesma hora.

“Draco, cale a boca,” disse Ginny.

“Não existe um jeito mágico para destruir as proteções?” Draco perguntou.
“Nós acabamos de tentar, é claro,” disse Ben. “Eu achei que talvez você pudesse ter algum conhecimento, sendo o Herdeiro de Slytherin. E eu vejo que ele marcou você com a signa serpens”.

Ben falou superficialmente, mas seus olhos nos de Draco eram duros e inquisidores.

Draco olhou para baixo, para a Marca Negra no seu braço delgado, revelado pela sua manga que estava dobrada para cima, exatamente até um pouco abaixo de seu cotovelo. “Sim,” ele disse com força.

“Isto não assusta você?” disse Ben.

“Eu não me assusto facilmente”.

“Você quer lutar,” disse Bem, soando incrédulo. “Você quer usar esta sua Lâmina Viva para derrubar a escuridão? Sabendo o que você é?”.

Ginny encontrou os olhos de Draco com os dela mesma. Ela podia ver as estrelas refletidas nos olhos dele, um iluminador prateado contra as íris prateadas escuras. Ele parecia concentrado e hesitou por um longo instante antes de falar. “Talvez eu não saiba mais quem seja o inimigo,” ele disse lentamente. “Talvez seja eu. Eu não sei. Mas eu sei quem são os meus amigos. Eu quero lutar com eles. Se você me deixar lutar, eu lutarei ao seu lado. Se você não me deixar lutar-“.

“Então o quê?”.

“Eu lutarei ao seu lado de qualquer jeito”. Draco apontou um dedo em direção ao castelo, aparecendo nublado, gigante e escuro em contraste com o céu escuro. “Ali está tudo o que há de mais significativo para mim em toda minha vida. Eu quero minha vida de volta”.

Ginny sentiu um breve flash de irritação inexplicável, mas o conteve. Ela sabia que Draco estava falando de modo figurado, apesar de tudo, de sua mãe que não estava no castelo, e ela certamente era muito significativa para ele. Ainda, era bastante verdade que ele era totalmente irracional quando ambos, Harry e Hermione, estavam envolvidos, e ainda mais quando apenas eles estavam envolvidos. Na realidade, ela tinha ficado surpresa com a audácia feroz dele em voltar para pegar Ron - e tinha então sentindo culpa por isto. Que tipo de pessoa ele seria, se não tivesse querido salvar a vida do irmão dela? E que tipo de pessoa ela tinha pensado que ele era, e como ela podia estar apaixonada por uma pessoa assim, e ela estava apaixonada por ele? Era tudo muito confuso. Ela varreu estes pensamentos para longe firmemente, e olhou para Ben.

“Ele tinha estas proteções em volta do castelo dele em seu tempo? Você sabe?”.

Ben balançou sua cabeça negativamente. “Os exércitos nunca foram capazes de atacar o Castelo de Slytherin diretamente; ele sempre os atacava primeiro. A única força alguma vez mandada contra ele desapareceu”.

“Bem, eles chegaram,” disse Draco. “Eles só demoraram uns mil anos para chegar até aqui”.

“Deve haver algum jeito de derrubar as proteções,” Ginny insistiu. “Se eu tivesse poder de Magid, excelente. Draco é um Magid, mesmo que ele não saiba todos estes feitiços diferentes-“.

“Obrigado pela parte que me toca,” disse Draco.

Ben ignorou esta disputa. Ele estava olhando para cima, para o céu, os dedos apertando com força a bainha de seu cinto. “Algum tipo grande de mágica esta em ação aqui,” ele disse, parecendo deprimido. “Estranhos sinais e presságios - luzes estranhas no céu. Sem mencionar que um de meus melhores arqueiros foi vencido por otomano caído. Alguma coisa,” ele disse, firmemente, “está de pé,” e mal ele terminou de falar quando uma gigante cacofonia rasgada aconteceu, os soldados todos em volta deles gritaram e pularam para trás enquanto os muros em torno do castelo desmoronavam com um barulho ensurdecedor.



* * * * *



“Harry, no que você está pensando?”.

“Você sabe”. Harry olhou para o lado, para Hermione e deu a ela um sorriso amargo. Os dois estavam um pouco sem ar devido a subida que parecia uma escada em caracol com mais de mil degraus. As paredes da escadaria estreita tinham se tornado progressivamente secas enquanto eles subiam vindos da água, e eles estavam surpresos com a forma especialmente bonita de líquen e musgo multicoloridos, no tom de cinza, verde e violeta. Ambos, Harry e Hermione ainda estavam ensopados e molhados; Harry quis usar um Feitiço Secador nas roupas deles; mas Hermione vetou esta idéia: “Nenhuma mágica enquanto nós estivermos no castelo”. E então, eles gotejavam, e faziam um barulho de sphash a cada passo. As roupas molhadas de Harry estavam coladas no seu corpo, a bainha parecia pesar uma tonelada, e o tufo de cabelos negros úmidos continuava caindo em cima dos seus olhos. O desconforto não era tanto assim, de qualquer forma, comparado à preocupação perturbante em seu cérebro.

“Ron e Draco?” Hermione disse. “Eu acho que o maior perigo que existe, é deles se matarem um ou outro”.

Harry olhou para o lado, para ela. Ele podia perceber perfeitamente bem que ela estava tentando soar divertida para o benefício dele. Ele sempre soube o que ela estava pensando quando ele estava preocupado. O que ela estava pensando quando Draco estava preocupado era, é claro, outro assunto. Neste caso, ela era um livro fechado. Ele nunca teria realmente segurança sobre o que ela sentia pelo cabelo-prateado e ex-inimigo deles, e não estava certo se queria saber. Ele sabia que ele a amava; ele sabia que ela o amava. E Draco - Draco era muito como uma parte dele, como sua própria mão direita. Algumas vezes uma mão com artrite e dolorosa, mas ainda uma parte dele. Alguns pensamentos eram melhor serem simplesmente enterrados.

“Tudo bem,” veio a voz levemente ofegante de Hermione, cortando os seus devaneios. “O que é?”.
“O que é o quê?” ecoou Harry, caindo para trás na terra com uma pancada.

“Você. Você está se sentindo culpado por alguma coisa, Harry Potter. Eu conheço você. Não havia nada que você pudesse ter feito, a propósito. O chão desmoronou abaixo de nós, se você se lembra”.

“Eu sei. Eu não estava me sentindo culpado com isto”.

“Bem, você parece que tem um ônibus de culpa correndo atrás de você”. Ela o empurrou com um dedo molhado. “Sobre quem você está tendo sensações ruins? Ron ou Draco ou ambos?”.

“Ambos,” Harry admitiu, fazendo um outro barulho de sphash ao virar na escadaria. “Eu não devia ter retrucado com Ron - ele estava simplesmente tomando conta de mim. Eu posso tipo que ver o que Draco está pensando - Ron não pode. Eu tenho razões para confiar nele que Ron não as tem. Eu não devia ter feito ele se sentir como se eu não entendesse. E Draco - tudo bem. Ele é meu amigo-“.

Hermione deu uma risada. “Ai! Isto doeu?”.

“Quieta, garota. Eu é que estou falando aqui. Eu disse que ele é meu amigo, e supondo que ele seja um Malfoy, ele está tendo um bom momento. E ele realmente se importaria se eu morresse, eu percebo isto”.

“Oh, Harry, pelo amor de Deus. Se você morrer...” Ela estremeceu. “Ele morreria,” ela disse, de maneira silenciosa -- tão silenciosamente que ela não teve certeza se Harry a tinha escutado.

Ele não parecia ter escutado. “Eu não posso mudar a sensação de que se eu tivesse sido um melhor amigo para ele no começo, se eu tivesse dado a ele uma razão para confiar em mim no que diz respeito a tudo isto, ele não teria saído correndo e nada disto teria acontecido”.

Hermione suspirou. “Ele afastou-se de você, você sabe. De todos nós. Foi escolha dele”.

“Eu não sei. Algumas vezes, as pessoas se afastam porque elas querem que você as deixe sozinhas; outras vezes, elas se afastam para ver se você se importa o suficiente para ir atrás delas até no inferno. Eu acho que fui pelo caminho errado”.

“Não diga isto. Você é um bom amigo, Harry. O melhor que alguém poderia ter”.

“Sim”. Harry sabia que não estava soando convincente. “Talvez”.

Ele provavelmente tinha mais a dizer, mas eles tinham alcançado o fim da escadaria agora. Ela terminava em uma porta de mogno de aparência pesada, grossa e ornada com latão. A maçaneta da porta era esculpida na forma de uma rã. Harry a pegou e a puxou, e a porta deslizou abrindo-se sem nem ao mesmo um rangido de dobradiças enferrujadas.

Ele caminhou atravessando a porta de entrada e Hermione o seguiu, sua mão no Lycanthe em volta de sua garganta. Eles se encontravam em um cômodo gigantesco, vazio de qualquer morador. O chão era de ladrilhos polidos, alternando formas escuras e claras como o do modelo de um tabuleiro de xadrez. No alto, acima deles, estava o teto, que assim como o teto do Grande Salão na escola parecia encantado para refletir o céu do lado de fora. No momento, ele estava um campo negro brilhante cintilando com estrelas salpicadas como diamantes. Imensas tapeçarias estavam dependuras junto das paredes, descrevendo cenas tiradas de sonhos: em um, um castelo de osso rosa em uma desolação gélida, em outro uma carruagem prateada na forma de uma flor era conduzida atravessando o céu por imensos cavalos alados de fogo que lembrou Harry dos cavalos que puxavam a carruagem das Beauxbatons.

“É lindo,” disse Hermione, olhando em volta. “E horrível”.

Mas Harry não tirava os olhos de alguma coisa no chão. “Hermione...o que é isto?”.

Ela olhou para onde ele indicava. Marcado com tinta no chão, o que parecia de modo perturbador – mas certamente não podia de fato ser – sangue, estava um círculo dentro do que era uma estrela de cinco pontas traçada. Entre as pontas da estrela estavam desenhados vários símbolos: um ponto, uma cruz, um quadrado, um retângulo e alguma coisa que parecia um pouco com a letra “H”.

“É um Draxagrama,” disse Hermione, parecendo um pouco infeliz. “É um Círculo Mágico - só que este tem um pentagrama nele, então ele foi feito para fazer alguma coisa com evocação das forças das trevas. Bruxos o usam para evocar criaturas mágicas, especialmente poderosas que você não quer perder o controle. Elas não podem sair do círculo quando aparecem”.

“O que acontece se você seguir as instruções do círculo?” Harry perguntou, morbidamente fascinado.

Hermione estremeceu. “Não pergunte”.

Ela se afastou do pentagrama, e então Harry também. Ele a seguiu em direção a um balcão construído no centro do cômodo, que continha a única mobília do cômodo, se uma tal coleção estranha de objetos podia ser chamada de mobília.

No centro do cômodo estavam quatro estreitas pilastras, colocadas em linha reta. Harry não conseguia imaginar o que elas provavelmente estavam fazendo ali. Elas pareciam com os suportes para alguma tenda sólida, cada uma com dois braços longos para fora. A poucos passos em frente às quatro pilastras estava uma bola de cristal, erguida sob uma base espiralada de um translúcido verde na forma de uma serpente. No coração do globo queimava uma chama silenciosa, viva, amimada com uma vida tão estranha que Harry a encarava com fascinado horror. Era uma coisa que ele sentia estar viva, mesmo se ela não pudesse estar viva. A chama no interior do globo transparente projetava tempestuosas sombras sobre as paredes, sobre as tapeçarias, sobre o chão de ladrilho desnudo.

“Isto é,” disse Hermione, atrás dele, sua voz frágil. “A Esfera”.

Ele a revistou e colocou sua mão sobre ela, a envolvendo. Alguma coisa nela era estranhamente fascinante. Ele se percebeu vencido por uma urgência peculiar de tocar a coisa. Hermione surgiu ao seu lado então e colocou sua própria mão sobre a Esfera, a envolvendo também. Ele se percebeu super consciente da presença dela do lado dele, a manga úmida dela pressionada contra o braço desnudo dele, os longos caracóis do cabelo dela fazendo cócegas na garganta dele. Ele se virou e olhou para ela, para a linha do contorno do rosto dela, pálida como mármore e séria sob a luz pulsante e turva da Esfera. As bochechas dela estavam ruborizadas de excitação com um tom de rosa silvestre; ela estava como freqüentemente ficava quando tinha resolvido um problema particularmente difícil de Aratimacia.

“O que é que é?” ele perguntou, sua levemente rouca, por causa da umidade ou talvez por causa de outra coisa.

“Eu acho que nós deveríamos tentar abrí-la,” ela disse. “Eu quero dizer, eu sou a Herdeira de Ravenclaw, você tem sangue de Gryffindor e Slytherin - nos está faltando somente a Ginny, mas talvez se nós conseguíssemos pegá-la e abrí-la um pouco, é melhor do que nada. E não existia nada que dizia que todos nós tínhamos que tocá-la ao mesmo tempo”.

Harry indicou com a cabeça e colocou a sua mão sobre a dela na superfície da Esfera. “Alohomora,” eles disseram juntos, a voz suave dela quase inundada pela dele.

Houve um flash de luz vinda do interior mais profundo da Esfera: um flash radiante de vermelho profundo, seguido por uma pulsação azul profundo. Alguma coisa dentro dele se retesou quase dolorosamente, ele esperou--.

Nada aconteceu.

Hermione parecia desapontada. “Isto não funcionou,” ela disse, tirando a mão dela de cima da Esfera, mas mantendo os seus dedos entrelaçados com os de Harry.

Ele se virou e olhou para ela. O cabelo úmido dela se enrolado em grossos cachos em volta do seu rosto, frisando um pouco nas pontas, e sua veste molhada colante delineando seu corpo. A Esfera projetava manchas de luz escarlate sobre o vestido dela, sobre a sua pele; ela parecia como se estivesse salpicada com sangue, e ele sentiu sua mente ser arremessada para trás, como se ele estivesse se lembrando, ainda que as memórias que chegavam até ele não fossem nada com o que ele já tivesse experienciado. Ele viu o mesmo cômodo em que estava agora, e uma mulher em um vestido azul todo manchado com sangue, fazendo deitar em sua capa um homem de cabelos negros e chorando inconsolavelmente.

Era Hermione que ele escutava chorar, e mesmo assim não era Hermione de todo. O rosto familiar dela perdeu toda a familiaridade enquanto ele se inclinava para trás, contra uma das pilastras douradas, de repente se sentindo muito fraco. Pela segunda vez neste dia, ele teve a sensação de aço entrando no seu peito, desta vez o golpe que o atravessou veio por trás antes do seu assassino o virar e o abaixar até o chão, e se inclinar sobre ele, e sorrir de sua morte ao mesmo tempo em que se curvava e beijava o sangue vindo de sua boca. Primo. Melhor amigo. Inimigo. Assassino.

“Harry?” A voz de Hermione veio de um lugar muito distante. Ele continuou encostado contra a parede, perdido em um nevoeiro escuro de memória, até que ele sentiu as mãos pequenas dela na sua cintura, desamarrando a bainha dali, e ela caiu no chão fazendo um barulho, com a espada ainda nela e a névoa erguida sob seus olhos foi-se embora como se soprada pelo vento. Ele se escutou respirando profundamente, arfando, e levantou seus olhos.

O rosto de Hermione flutuou lentamente entrando em foco. Ela parecia muito ansiosa. “Harry?”.

“Eu estou bem”. Ele se empurrou da parede, sentindo sua camisa aderida a suas costas por causa do suor e da água. “Eu estava exatamente...”.

“É a Chave,” disse Hermione, a ansiedade nos olhos dela se transformando em compreensão. “Ela faz você...lembrar de coisas”. Diante do olhar ansioso dele, ela se precipitou a tranqüilizá-lo. “Não o tempo todo. Nos sonhos, e em certas situações”.

“Que tipo de situações?” Harry perguntou, ainda que tivesse a sensação de que sabia. Ele olhou ao redor do cômodo, e depois novamente para Hermione. “Eu acho que Godric morreu aqui,” ele disse.

Ela concordou com a cabeça sem falar, e o puxou em direção a ela. Ela descansou suas mãos levemente nos ombros dele, levantando seu rosto para ele. “Eu sei,” ela disse. “Eu senti isto. Alguma coisa terrível aconteceu aqui; alguma coisa dolorosa”.

Ele não disse nada. Havia uma dor violenta dentro dele, feito de um pesadelo residual, os efeitos colaterais de tanto stress e tormento, o constante medo por sua própria vida e pela vida daqueles que ele amava. Ele olhou para baixo, para ela, meio cegamente, e viu o rosto dela, muito branco sob a luz brilhante e pálida da Esfera. “Harry,” ela disse. Os olhos dela procuravam os dele. “Eu amo você, você sabe,” ela disse serenamente. “Eu sempre amarei”.

Ele concordou com a cabeça, um nó enrolado de emoções dentro de seu peito o apertando quase dolorosamente enquanto ele olhava para ela, os olhos escuros e ardentes dela, ornados pelos cílios cheios de água. Ele se lembrou da primeira vez que a beijou, ambos molhados pela chuva, e um golpe de saudade inflamado e doloroso assolou seu coração. Sem pensar, ele se curvou e a beijou, como ele não vinha sendo capaz de fazer em dias, até mesmo em semanas: duro e ferozmente, como se estivesse faminto por alguma coisa que nem mesmo ele tinha percebido que estava tão desejoso.

Ela respondeu instantaneamente, suas mãos se fechando em volta das costas dele, lábios abertos sob os dele. Ela ficou nas pontas dos pés, as contas dela contra a pilastra, empurrando o corpo dela contra o dele, sua cabeça arqueada para trás, murmurando de encontro com a boca dele, repetindo o seu nome, Harry, Harry, Harry. Os olhos dela estavam fechados, e ele podia ver a pulsação saltando na garganta dela, batendo enquanto ele a tocava, as mãos dele encontrando o seu caminho através das pregas das roupas úmidas dela como se ele estivesse prosseguindo por entre folhas úmidas, as descascando para longe. Ele sentiu o corpo dela estremecer enquanto ele a tocava e sua boca na dela tremia e ele se viu em outro cômodo e outro homem, com o cabelo escuro desarrumado e vestido de vermelho, e uma mulher vestida de azul, e a luz de velhas marrom-amareladas produzindo luz e então atrás deles uma porta se abriu, e outro homem entrou, e este estava vestido de preto e prateado...

Hermione arfou.

Harry se virou para longe dela, sua mão indo para a bainha em sua cintura, seus dedos úmidos escorregando sobre o punho da sua espada. Mas já era muito tarde. Salazar Slytherin estava de pé ali, em frente à Esfera brilhante, e na sua mão esquerda ele segurava alguma coisa cinza prateada e membranosa que Harry reconheceu com um grande choque que quase o fez desabar sob seus pés.

A Capa de Invisibilidade de James Potter.



* * * * *


O castelo estava em caos; Sirius nunca tinha visto nada assim. Ele tinha insistido que Lupin removesse a imóvel e extremamente enfraquecida Fleur para segurança relativa do esconderijo dos lobisomens, onde ela poderia estar protegida. Lupin permitiu que Sirius tomasse emprestado a sua varinha de madeira Paw Paw e cauda de unicórnio e Sirius estava avançando lento e cautelosamente em direção aos muros, o mapa na mão, tentando se orientar para chegar mais perto dos pontos que sinalizavam Ginevra Weasley, Benjamin Gryffindor e Draco Malfoy.

Vociferando nos corredores abaixo estavam criaturas de todas as descrições, travando um combate mortal com um regimento de bruxos. A dez passos em um pântano, trolls levantavam seus machados contra uma bruxa vestida com o dourado de Hufflepuff; uma veela com bico gritava e se lançava contra uma bruxa fortemente armada vestida com o vermelho de Gryffindor, que a despachou com agilidade, com um feitiço Combustis. Um bruxo vestido com o azul de Ravenclaw estava sendo caçado em torno da escadaria por Raven, a demônio, que estava gritando e brandindo uma lança muito grande. Por toda à parte, Oggrings estavam sendo mortos depois de serem forçados a se revelarem em todos os seus aspectos e formas, e coisas voadoras negras desagradáveis olhavam furiosas com olhos horríveis e ferozes, mergulhando e mordendo qualquer coisa que se movesse. E onde estava Slytherin? Ele devia estar em algum lugar no andar superior do castelo, já que não estava aparecendo no Mapa abreviado. Isto fez com que Sirius ficasse mais nervoso - o que ele estaria planejando?

Seus pensamentos foram firmemente interrompidos enquanto ele passava por uma séria de portas duplas; elas voaram se abrindo, e como resultado disto fluíram dela mais ou menos vinte esqueletos vestidos com armadura de bronze e carregando grandes machados. Skolks. Eles davam pancadas e faziam retinir através do chão. Sirius mergulhou para trás do muro, mas um eles - o comandante, provavelmente, pois ele tinha uma pena vermelha volante no topo de seu capacete de latão - se virou e olhou furiosamente para Sirius com olhos vermelhos brilhantes e ameaçadores. Com um assobio, ele se arremessou em direção a Sirius, que sacou de repente sua varinha e arremessou uma sucessão veloz de feitiços em direção a criatura, todos eles atingiram a armadura dela. Sirius manteve sua cabeça abaixada para evitar ser atingido por uma maldição Impedimenta em resposta. Ele escutou o assobio de deslocamento do ar enquanto o machado do Skolk passava chicoteando exatamente acima de sua cabeça; ainda abaixado, sabendo que isto era inútil, e então -.
Uma mão agarrou com força a parte de trás de sua veste e o puxou para trás enquanto uma espada brilhante descia, deixando um rastro de fogo escarlate atrás dela no ar. Ela golpeou o esqueleto no ombro, e o Skolk explodiu se separando em uma pilha de ossos caídos. Silenciosamente, os outros esqueletos se afastaram, e depois se viraram e fugiram para baixo no salão. Sirius viu as pedras vermelhas no punho da espada cintilarem enquanto ela era recolocada de volta na bainha, e achou, com uma mistura de choque e alívio, ser Harry?

Ele se virou, e viu, olhando novamente para ele com uma expressão de interesse, James Potter.


* * * * *



Ginny agarrou o braço de Draco com tanta força que ele se sobressaltou. “Sirius,” ela disse, e apontou.

Draco olhou para onde ela indicava, e viu Sirius, inclinado para trás contra uma parede mais adiante, para baixo no corredor, e em pé na frente dele, Ben. A alguns passos deles estava uma pilha de ossos de Skolk – Drco tinha acabado de matar vários deles, e Ginny tinha de modo totalmente impressionante destruído um aos chutes, o despedaçando com seu pé. Sirius estava branco como giz; Draco nunca o tinha visto daquele jeito. Certamente, ele não podia ter sido tão gravemente ferido pelo Skolk; ele era um Auror, apesar de tudo. Então ele entendeu. Ben. Sem protesto, ele deixou Ginny segurar sua mão e juntos eles correram para baixo no corredor em direção a Sirius.

Ginny pegou o braço do padrinho de Harry. “Sirius,” ela ofegou. “Este é Ben – Benjamin Gryffindor. O ancestral de Harry”.

Ben, tendo guardado sua espada, estava estendendo sua mão para Sirius e parecia extremamente confuso. “Alguma coisa está errada?”.

A cor voltou lentamente para o rosto de Sirius. Draco olhou para ele, e sentiu uma dor aguda de empatia triste. Até agora, não lhe tinha ocorrido que aquele homem de vinte anos que parecia mais ou menos com o Harry, só que de olhos escuros e sem cicatriz, seria alguém exatamente parecido com James quando este morrerá.

E atrás da compreensão se aclarando nos olhos de Sirius, havia outra coisa. Decepção.

Cansadamente, Sirius segurou firme com sua própria mão e se levantou. “Nada, eu achei que você era uma outra pessoa. Eu sou Sirius Black”.

Uma outra daquelas coisas voadoras sujas e negras voou baixo sobre as cabeças deles. Draco a matou com sua espada, respingando toda a secreção verde em cima de Ben, que olhou furioso.

“Agora nós podemos continuar em pé aqui trocando amenosidades sem sentido e pegar carona para a morte no processo, ou nós podemos ir atrás da Esfera,” disse Draco. “Idéias?”.
Ginny apontou. “Para cima,” ela disse imediatamente, tocando com os dedos o Vira-Tempo ao redor de seu pulso.

Eles correram para cima em grupo, endurvando-se para baixo. A batalha se encolerizava ao redor deles, mas alguma coisa - provavelmente o fato de que eles estavam com o Herdeiro de Slytherin - mantinha as piores coisas dela afastadas deles. Eles correram rapidamente em volta da escadaria espiralada de mármore, Draco na liderança, virando alguns corredores, e eles se descobriram em pé diante de uma série de portas cravejadas de malaquitas. O entalhe descrevia cenas de batalha e corte viva.

Levemente ofegante, Draco apontou para a porta. “A Esfera está aí dentro”.

“E portanto possivelmente Slytherin e uma dúzia de servos também estejam,” pontuou Ben, tocando com os dedos o punho de sua espada.

Draco olhou para Bem, e depois para Sirius, e depois, com um leve dar de ombros, estendeu sua mão, pegou a maçaneta da porta, e a empurrou abrindo.

Eles todos espreitaram em volta do batente da porta. Eles viram um vasto e vazio cômodo, no centro do qual a Esfera cor de jade estava colocada a mostra em cima do seu pedestal na forma de uma serpente. Não havia sinal de nenhuma outra mobília, exceto uma série de marcas estranhas no chão.

“Eu entrarei e a pegarei,” disse Draco, puxando sua espada e olhando para Sirius. Você, tipo, monte guarda e tenha certeza de que ninguém irá entrar”.

“Eu irei com você,” disse Ginny. Ela balançou sua cabeça negativamente para a expressão rebelde de Draco.

“Talvez nós consigamos pegá-la e abrí-la - eu sou Herdeira de Hufflepuff, e você tem sangue de Slytherin e Gryffindor - se não funcionar, em vez disto, nós simplesmente pegamos a Esfera, mas nós podemos pelo menos tentar. De qualquer jeito, é mais seguro lá dentro do que aqui, do lado de fora,” e ela deu a ele um pequeno meio-sorriso que era especialmente engraçadinho.

Sirius sacou sua varinha e com uma expressão determinada se fixou cruzando seu rosto. “Vocês dois vão - nós impediremos a entrada de qualquer coisa que possivelmente esteja atrás de vocês”.

Draco acenou com a cabeça para ele e para Ben, que estava olhando para baixo, para o corredor escuro, sua espada refletindo na meia luz. Então, ele pegou a mão de Ginny, e abaixou a cabeça atravessando a porta de malaquita aberta. Eles caminharam pela vasta sala circular, e enquanto eles faziam isto, Draco claramente escutou a porta de malaquita se fechar e se trancar atrás deles com um clique audível e agudo.



* * * * *

Hermione sabia para que serviam as pilastras douradas, agora. Ela estava em pé com suas costas apoiada em uma, seus pulsos e tornozelos amarados com força nela com poderosas e finas cordas de aço. Harry, perto dela, estava da mesma forma amarrado, apenas sua mão direita também estava envolvida por uma algema de adamantio que circundava a pilastra. Ambos tinham ficado demasiado impressionados para reagir quando Slytherin se revelou primeiro, e tinham perdido preciosos segundos tentando se recuperar do choque. Harry tinha empurrado Hermione para trás dele e como conseqüência, ela nem ao menos viu Slytherin golpeá-lo com um feitiço Estuporante. Ele desmoronou na frente dela, e ela tentou conseguir algo do seu Lycanthe, mas já era muito tarde - Slytherin lançou um feitiço Impedimenta nela com força para contudí-la, nocauteando-a. Ela teve um blecaute momentâneo, e quando recuperou a consciência, não mais que alguns segundos mais tarde, ela se descobriu magicamente amarrada à pilastra, Harry amarado à pilastra transversal.

Ela mais ou menos podia ver Harry sobre o ombro de Salazar Slytherin. Ele ainda parecia fraco e confuso por causa do feitiço Estuporante, e havia uma contusão espalhada no seu peito onde o feitiço o tinha atingido. O coração dela doeu, olhando para ele. Como se ele já não tivesse passado por coisas suficientes, como se eles já não tivessem passado por coisas suficientes. Mas por que Harry, por que sempre Harry?

Então Slytherin se moveu ficando de frente para ela, cortando a sua visão dele. “Me desculpem por ter interrompido este tenro momento que vocês estavam tendo,” ele disse, olhando para baixo, para ela do alto dos seus olhos negros e preguiçosos de lagarto. “Você iria acreditar se eu te dissesse que uma vez eu interrompi a minha Rowena e o meu primo cafajeste Godric neste mesmo cômodo, nesta mesmíssima...situação?”. Ele ergueu cabeça dele, e seus olhos varreram o rosto dela e depois o seu corpo. Ela queria se esquivar para longe, mas as cordas a seguravam fortemente. “Eu imagino que você acreditaria, não é,” ele murmurou. “Uma traição como esta deixa suas marcas até mesmo depois de mil anos. E você parece ter a mesma particular tendência repugnante que ela tinha. Quão sem sorte você é, uma coisinha bonitinha como você. E eu quase estava planejando deixar você viver, antes. Quanta decepção”.

Hermione fechou seus olhos bem apertados e virou seu rosto para longe dele. Seu coração estava batendo duramente contra o peito dela, tão cheio de ódio e sensação de asco que ela sentiu como talvez fosse explodir. Seu único consolo era que sem Ginny e Draco, ele não podia abrir a Esfera. Ela esperava que eles estivessem longe, bem longe dali.

“O que você vê quando fecha os seus olhos?” ele murmurou, colocando os longos dedos frios na bochecha dela. “Você se lembra, não é,” ele disse. “Como era, conosco. Os quartos no castelo, onde nós ficávamos juntos--".

Os olhos de Hermione se abriram instantaneamente. “Eu não me lembro de nada,” ela cuspiu para ele. “Você é nojento. Não me toque”.

“Eu sou nojento?” ele falou entre os dentes, e seus lábios se enroscaram para trás por cima dos dentes pontiagudos. O estômago dela se revirou. Ele deu um passo para trás, tirando sua mão do rosto dela. “Você. Eu pensei que você fosse como ela. Eu olhei para você através dos olhos dele e eu vi que ele amava você como eu a amei. E então eu capturei você. Eu ia fazer de você a minha Fonte. Mas anos de procriação com Sangues-ruins e Trouxas corromperam a pura linhagem do sangue dela. Você não é como a minha Rowena. Você ficou de pé próxima ao meu Herdeiro nos degraus e eu vi como a espada queimou o seu braço, e eu entendi. Você não era uma Magid. Você não era nada. Uma garota comum, nascida-Trouxa, minha serva me contou. Ninguém digna de ser uma Fonte minha. Ninguém digna de exibir o rosto dela, nem mesmo digna de ter o sangue dela correndo em suas veias. Você não é nada”.

Hermione olhou furiosamente para ele com uma náusea raivosa. “Ela não te amava,” ela sibilou. “Eu tenho as memórias dela, e eu sei. Tudo o que ela foi para você em algum momento, foi algo para possuir e controlar. E ela percebeu isto, e ela não te amava. Ela amava Godric. Tudo o que você foi para ela em algum momento, foi algo de malévolo, algo de feio, imundo, nojento-“.

Ele a golpeou. O seu impacto primeiro golpeou duramente a mandíbula dela e os seus dentes encontraram os seus lábios em uma explosão de agonia. Ela arfou e através do nevoeiro de dor que obscureceu sua visão, ela viu Harry se jogar para frente, as cordas que o mantinham preso amarrado à pilastra estavam sendo puxadas em toda a sua extensão, mas ainda assim não era suficientemente longa para que ele alcançasse Slytherin.

E Slytherin se virou e olhou para ele. E sorriu. Um sorriso tão terrível quanto podia ser figurado. “Herdeirinho de Gryffindor,” ele disse. “Você parece muito com ele, mas ele nunca foi tão pequeno como você, nem tão frágil. Mas, assim como você, eu penso, a parte mais frágil de Godric sempre foi seu coração. Você não iria acreditar nisto olhando para ele, mas era. Agora - me observe,” ele sorriu, e Hermione escutou com medo em seu coração o sorriso afetado e atormentado no tom dele. De maneira estranha, isto a rememorava da voz de Draco, como ele soava anos atrás quando o único objetivo de sua vida parecia ser ferir Harry muito e tão freqüentemente quanto possível. Ela retesou, sentindo instintivamente que Slytherin iria até ela como a mais direta forma de ferir Harry. Mas ele não fez isto.

Ele levantou a Capa de Invisibilidade que ele tinha carregado dobrada em volta do seu punho direito, e do bolso de sua veste puxou uma faca longa, fina e afiada. Ele olhou para Harry. E então ele enterrou a lâmina da faca na Capa, cortando-a em pedaços. A faca a rasgou com o som de um tecido sendo rasgado, mas também possuía um som como o de um grito. Hermione arfou, mas não havia nada que ela pudesse fazer; em segundos a Capa - que tinha sido de James Potter, que tinha acompanhado Harry, Hermione e Ron em tantas aventuras, que tinha salvado a vida dos três, que era a única coisa que Harry tinha que um dia pertencera ao seu pai - estava aos farrapos, em tiras, ao redor dos pés de Slytherin.

E Harry não se moveu, nem falou. Ele abaixou sua cabeça, como se ele fosse incapaz de olhar, mas ela viu os ombros dele sacudirem. E era insuportável, a pior dor do mundo, ver Harry sofrer e vê-lo parecer derrotado. Ela queria gritar e berrar de raiva e desespero, e se ela pudesse se libertar das suas amarras, ela sentiu que certamente mataria Slytherin com as suas mãos nuas. Não havia nenhum som no cômodo, exceto pelo som da respiração irregular de Harry, e a sua própria respiração áspera chegando até as suas orelhas, e o som da porta abrindo.

A porta. Hermione se mexeu mais ou menos por dentro das cordas que a amaravam, e viu com uma mistura de medo e espanto as portas duplas se abrirem com um balanço assim como elas se abriram com um balanço para ela e Harry, e Draco e Ginny caminhando pelo cômodo.

Draco veio primeiro, e Ginny veio atrás dele. Ele estava segurando sua espada em sua mão, e Ginny tinha sacado a varinha dela e estava preparada. Os olhos deles varreram o cômodo, passando pelas paredes, passando pelo pentagrama no chão, passando pela Esfera, e então passando por Harry, Hermione e Slytherin - e foram adiante como se eles não tivessem visto nada.

Uma exclamação incontrolável rasgou saindo da boca de Hermione. “Draco!” ela gritou. “Ginny!”.

Nem Draco nem Ginny se viraram ou reagiram como se eles não tivessem escutado nada. O olhar de Hermione foi até Harry, e o coração dela vacilou diante da expressão no rosto dele. Ele estava olhando Draco fixamente, e com uma expressão de completo choque, como se ele não pudesse absolutamente acreditar no que estava acontecendo. Ela teve a sensação de que ele estava tentando falar com Draco como freqüentemente fazia, mente a mente, e estava conseguindo...nada.

Slytherin, entretando, estava rindo. E não estava tomando cuidado para ocultar o barulho que ele estava fazendo. “Eles não podem ouvir você,” ele disse. “Eles não podem ver vocês. Nós estamos sob o encantamento Obfuscatus - simples, mas útil. Assista”.

Hermione assistiu, indefesa para manter as lagrimas longe de seus olhos. Ela percebeu que não podia ouvir o que Draco e Ginny estavam dizendo. Ginny parou e estava falando seriamente com Draco, uma mão no peito dele, olhando para cima, para ele com olhos sérios e escuros. Ela vestia um par de calças de aparência particularmente arcaica e um suéter preto grande demais que provavelmente era de Draco: ele engolia a sua delicada forma. Hermione conseguia ver a corrente dourada do Vira-Tempo cintilando na frente da garganta dela. E Draco - magro em roupas pretas, com a manga de sua camisa dobrada; ela podia ver o preto da Marca Negra que se erguia na pele branca da parte interna do antebraço dele. Ele levantou uma mão e empurrou para trás o cabelo prateado e sujo o tirando da sua testa, olhando ao redor do cômodo, e ela lhe implorando silenciosamente, me veja, me veja. Mas ele não viu. Ele deu de ombros finalmente, e então estendeu uma mão e a colocou sobre a superfície da Esfera.

“Não,” murmurou Hermione, e depois mais alto, “Não, NÃO!”.

Mas eles não podiam ouví-la. Ela viu Ginny falar, e depois um flash de luz profundo veio do centro da Esfera, a cor de ouro, seguida por uma pulsação verde escura. Draco deu um passo para trás, seus olhos arregalados, e então, ele pegou Ginny e a puxou para trás também quando a Esfera começou a sacudir e tremer. Dentro do globo, a chama viva tremeluziu. Hermione escutou sua própria tomada de fôlego dolorosamente audível no silencio. A chama se agitou de novo. Então, bruscamente, ela se apagou. Um barulho crepitado e agudo irrompeu, e o cristal das laterais da Esfera se partiu e se dividiu e caiu como pequenas gotas quebradas de casca de ovo. Uma fumaça esverdeada e emplumada se ergueu dos resquícios quebrados da Esfera, e flutuou no ar, no qual ela ficou pairando por um momento. Então, como uma flecha arremessada, ela mergulhou em direção a Slytherin e se dirigiu para dentro de seu peito.

Slytherin uivou, como se ele tivesse sido perfurado por uma adaga, e arqueou suas costas enquanto a fumaça verde o penetrava. Todo o seu corpo parecia produzir luz com grande brilho, por um momento com uma aureola cor de esmeralda luminosa. E depois, a fumaça desapareceu.

Ele se endireitou na mesma hora, e começou a rir.

“O que diabos?”. Hermione vagamente escutou a voz de Draco como se ela viesse de muito, muito longe. Ele soava embasbacado. Ela não o culpava. “Como isto funcionou-?”.

Ginny parecia como se estivesse a ponte de lhe responder, levantando sua cabeça - então ela arfou, e olhou diretamente para Hermione e Harry. Hermione precisou de uma fração de segundo para perceber que agora Ginny podia vê-los, quando Slytherin levantou sua mão. Ele a apontou para Ginny, e entoando afetuosamente, "Wingardium everriculum!" e Ginny gritou quando seus pés deixaram o chão e ela voou cruzando o cômodo com uma rapidez feito raio, batendo no poste que estava próximo ao de Harry. As mesmas cordas saltaram e foram amarradas em volta dela, chicoteando rapidamente em torno dos braços e pernas dela, a amarrando com força.

Draco se virou dando uma meia volta. “Ginny--?”.

Ele parou, e encarou. Era óbvio que ele agora podia também ver todos que estavam ali. Seus olhos passaram por Harry e depois por Hermione, e finalmente pararam em Slytherin, onde eles permaneceram com ódio...e medo. Hermione raramente tinha visto Draco receoso. Raiva, sim, reclamão certamente, insolente freqüentemente; mas ele raramente tinha medo.

Ele parecia ter medo agora.

Foi talvez por isto que Slytherin parecia tão diferente agora; foi como se ele tivesse crescido algumas polegadas em estatura. Ele irradiava poder, um poder frio e cintilante. Ela tinha pensado na Toca, quando ele ainda estava drenando mágica de Fleur, que ele parecia muito mais poderoso do que ela se lembrava, mas não era nada disto. Uma luz colorida de forma ameaçadora fluía de seus olhos, e uma auréola de energia intensa e pulsante parecia circundá-lo. Ele estava de pé, impotente, assustador e mordaz, e seus olhos estavam pretos como sois em seu rosto branco-venenoso. Ele estendeu sua mão para Draco. “Venha aqui,” ele disse. “Dei-me esta espada”.

Draco balançou sua cabeça negativamente, mas foi Ginny quem falou. “Não”.

Slytherin levantou sua mão e tocou a base da garganta de Harry, a deslizando para baixo gentilmente até parar exatamente em cima do coração dele. Harry estremeceu, mas não disse uma palavra. Hermione assistia com um horror que quase a tirava de seu corpo. Pelas expressões dos rostos de Draco e Ginny, eles estavam sentindo alguma coisa muito parecida. “Faça como eu te ordenando,” ele disse.

“Você não matará Harry,” disse Ginny finalmente, com uma voz estremecida. “Você precisa dele”.

“Eu não preciso totalmente dele,” disse Slytherin, sua voz muito calma. Ele se curvou para apanhar a bainha de Harry que estava deitada perto dos pés dele, e puxou a espada dela. Harry e Draco, ambos, olharam - era de novo uma única peça - mas eles não tiveram tempo para pensar sobre o porque ou como antes de Slytherin brandir a espada contra Harry. “Eu posso começar cortando em pedaços os dedos dele, um por um. Eu tenho certeza de que ele não sangrará até morrer, pelo menos não agora mesmo”. Então, ele sorriu e deixou cair a espada de novo no chão. “Ou não. Eu não preciso mais de tais métodos de Trouxa agora, para fazê-lo gritar”. Ele virou sua cabeça, e olhou para Harry. “Você já sentiu a Maldição Cruciatus antes,” ele disse. “Mas nunca com um tal poder por detrás dela, como este que eu possuo agora”.

“Não!” Hermione gritou, e se jogou contra as suas correntes tão duramente que elas cortaram os pulsos dela, causando um sangramento. Ela não via Harry, não podia vê-lo por cima das costas de Slytherin, mas em vez disto, olhava para Draco, que estava mortiferamente branco, ainda que seus olhos estivessem quase negros. Ele levantou a espada em sua mão, e a jogou duramente no chão. Ela bateu nos ladrilhos com um som ecoante. Então, ele colocou seu pé sobre ela, e a chutou cruzando o cômodo em direção a Slytherin.

Ela sacudiu cruzando os ladrilhos, produzindo fagulhas brilhantes.

Os olhos de Draco estavam frios de ódio. “Tome-a, então,” ele disse.

“Você não era digno dela,” disse Slytherin, e, tirando sua mão da garganta de Harry, se virou e estendeu sua mão. A espada saltou em direção ao seu alcance e ele sorriu para baixo, para ela, afetuosamente. Então, ele se virou para Draco, e estendeu sua mão esquerda. “Venha aqui,” ele disse, e Draco foi.


* * * * *



Draco sentiu seus pés se moverem contra a sua própria vontade, o carregando para frente como uma peça de madeira flutuante sendo levada por uma correnteza poderosa. Ele lutou contra isto, mordendo os seus lábios, e sentiu gosto de sangue em sua boca. Mas foi inútil. A Esfera tinha sido aberta, e portanto Slytherin tinha seus poderes de volta, e com eles, os poderes que lhe eram providos pela sua barganha com o Inferno. Draco se sentiu sendo conduzido para frente, e então ele tropeçou e caiu de joelhos diante do Lorde das Cobras.

Ele olhou para cima. Harry, Hermione e Ginny olhavam para baixo, para ele de suas prisões de corda. Ginny parecia desesperadamente furiosa, Hermione desesperada e aterrorizada, o rosto de Harry estava branco, imóvel e ilegível. E Draco viu que Harry estava se esforçando, com um tão evidente pequeno esforço quanto possível, para libertar sua mão esquerda das cordas que a amarravam ao seu lado. Draco não conseguia imaginar porque ele estava perturbado, incomodado - a mão esquerda de Harry era tão inútil para fazer mágica quanto a sua própria mão direita era para ele. Mas ele sentiu Harry estender a mão em direção a ele, e sua voz murmurou suavemente no fundo da mente de Draco: Distrai-o.

Os olhos de Draco se voltaram rapidamente para Slytherin, que estava olhando para baixo, para ele com um tipo furioso de apetite. “Nós temos que ir para o final agora,” ele disse, e sua voz era baixa e regular e resignada. “Para o final das coisas, eu os encontrarei de novo, e você, que foi criado para mim. Eu planejei você, há mil anos atrás”. Ele estendeu sua mão para baixo e com um gesto que poderia quase ter sido um convite gentil, deslizou sua mão sob o queixo de Draco e o moveu para cima. Seus olhos escanearam o rosto do garoto, e de alguma forma, Draco sabia o que ele estava vendo: a limpa e até mesmo plana superfície da bochecha, do queixo e da mandíbula, os longos olhos cinza-prateados com os seus contornos levemente inclinados, o cabelo branco-louro, muito fino para embaraçar, e que ele estava reconhecendo tudo isto como provavelmente reconhecia um desenho que ele tinha feito há anos atrás. Não havia amor neste olhar e nem ódio, mas alguma coisa mais fria e até mesmo mais desprendida. O dedo polegar dele correu do queixo de Draco até a sua clavícula, e isto exigiu todas as reservas de controle de Draco para não arrastar para longe, tentando não vomitar de náusea. Ele manteve seus olhos fixos acima do ombro de Slytherin - os manteve fixados, na realidade, em Harry, que tinha conseguido libertar seu pulso de uma das algemas da corda, e estava trabalhando na segunda.

“Um mestre artesão fez você,” disse Slytherin, e sua voz estava distante. “Mais ou menos isto, eu acho. Mas você é defeituoso, quebrável de alguma forma, internamente. Existe uma corrupção no seu sangue. Eu vejo isto como uma mancha que crescerá com o tempo. Eu não acredito que você possa ser recolocado junto comigo de novo”. Ele levantou a cabeça dele para o lado. “Diga-me,” ele disse.

Draco escutou sua própria voz, seca e soando corroída, como se viesse de muito longe. “Dizer-lhe o quê?”.

“O que você vê neles? Aqueles três, que você ama, cada um de forma diferente. Eu amei, uma vez, também, três pessoas como estas. Então, eu deixei isto de lado na medida em que deixei de lado as coisas infantis. Mas você não deixará isto ir. O que eles podem oferecer a você que eu, que lhe ofereço tudo, não posso?”.

Draco fechou os seus olhos. Impressa no fundo de suas pálpebras, ele os viu. Ginny, brilhante de entusiasmo, Hermione, que ele tinha amado, e Harry, que ele sabia ser melhor do que ele próprio.

O que eles podem te dar que eu não posso?

Ele levantou seu queixo e olhou para Slytherin.

“Esperança,” ele disse.


* * * * *



A respiração aguda de Slytherin mascarou a arfada de alívio de Harry e o som da corda caindo no chão quando ele libertou seu pulso esquerdo. Seu pulso direito permanecia acorrentado ao poste atrás dele, a algema cortando sua pele. Mas ele tinha uma das mãos livre. Lentamente ele levantou sua mão em direção a sua boca, e cuspiu nela o que ele estivera contendo desde que assistiu Slytherin amarrar Hermione. O globo muito pequeno, branco e brilhante.
Tinha sido um esforço duro e tortuoso para não falar, e a pior coisa disto foi não poder gritar de fúria quando Slytherin bateu em Hermione. Ele ainda estava tremendo por conta dos efeitos colaterais do esforço de ter ficado sem reagir a isto. Ele apertou sua mão em volta do pequeníssimo globo em sua mão cerrada, e não tirou os olhos do quadro a sua frente. Slytherin estava de pé, olhando Draco aos seus pés, seu rosto uma máscara de raiva muito pouco ocultada, e Draco ajoelhado no chão. Mesmo ajoelhado, não havia nada de submisso nele. Ele fazia Harry se lembrar de um animal selvagem puro sangue, expondo seus dentes para o Lorde das Cobras. Harry dificilmente escutou a última coisa que Draco disse. “Esperança,” como isto soou.

“Levante-se,” Slytherin vociferou, e Draco se levantou, tão lentamente que seu movimento beiro a insolência. De pé, ele era tão alto quanto Slytherin, mas mesmo assim parecia muito menor, talvez porque ele era mais magro, talvez porque a aura de imenso poder que agora parecia pairar sobre Slytherin como uma capa dura e brilhante feito diamante. “Você,” disse Slytherin, “meu Herdeirinho, tem sido a pedra no meu sapato, uma agulha furando meus dedos. Uma coisa irritante. Você não tem feito absolutamente nada do que eu esperei. Mas agora, você fará exatamente o que eu digo, e você verá o quão pequena é na realidade a sua pequena rebelião”.

“Vá até o Herdeiro de Gryffindor. Corte suas amarras e o liberte”.

Harry viu os olhos de Draco se arregalarem, seus lábios entreabertos de surpresa.

Slytherin disse, “Leve-o para o centro do pentagrama e o deixe lá. Os demônios perceberão na mesma hora que ele é a oferenda, o sacrifício”. A boca de Draco se transformou em uma linha pálida de choque, e Slytherin começou a rir. “E então volte, e mate as outras duas. Depois disto, talvez seja possível que eu deixe você viver”.

Draco não se moveu. Ele ficou em pé onde estava, a cabeça arqueada e os cabelos prateados caídos sobre o seu rosto, escondendo sua expressão. Slytherin estendeu a sua mão então, e apontou quase indolentemente para o seu Herdeiro. Harry viu o ar entre eles cintilar, como se tivesse sido deslocado, e Draco se inclinou um pouco para frente, perdendo o seu chão. Foi a segunda coisa mais sem delicadeza, jeito que Harry já tinha visto ele fazer. Ele quase caiu, mas o Lorde das Cobras o pegou, e o segurou rudemente pelos braços. “Eu estou mandando você para lá agora,” ele disse com um assovio murmurado dentro do ouvido de Draco. “Eu planejei um pequeno castigo para os meus seguidores, há mil anos atrás quando eu ainda podia manipular o Tempo e a criação segundo os meus próprios caprichos. Você ficará preso em uma armadilha em sua própria mente, Draco Malfoy, enquanto o seu corpo continuará aqui para me servir. Mementorius!". Slytherin gritou, e houve uma pulsação de luz verde que explodiu entre ele e Draco como um fogo de artifício. Então, o Lorde das Cobras soltou seu Herdeiro e o deixou de pé, pestanejando e parecendo vertiginoso, no centro do cômodo.

Pareceu precisar de um instante para Draco recuperar o seu equilíbrio. Ele se moveu então, se movendo na direção de Harry, lentamente cruzando o cômodo, e quando ele o alcançou e ficou de pé na frente dele e levantou a cabeça dele, Harry viu com o coração mortificado o vazio nos olhos cinzas que tomaram posse dele. Ele tentou chegar até ele com sua mente, mas foi como se tentasse atravessar com o seu braço uma parede de concreto. Não havia nada lá. O corpo de Draco estava de pé diante dele, mas sua mente tinha ido embora para longe, tinha desaparecido.
* * * * *
Ele estava em um lugar cinzento, mas não era o lugar que ele tinha estado quando morreu. Tudo ao redor de Draco era uma planície aberta sem fim, assustadora em sua imensidão. Ele se percebeu de pé em cima do ápice de um imenso modelo, entrelaçado através da terra sob os seus pés e correndo por milhas em todas as direções. Ele percebeu que era o modelo de sua própria vida, se entrelaçando com as vidas de todos que o cercavam. Em algum lugar atrás de onde ele estava de pé estava cada momento da sua infância, e na frente dele estava seu futuro.

Ele deu um passo para trás. Ele estava de modo turvo ciente de que seu corpo estava em algum outro lugar, fazendo alguma outra coisa, sentiu seus dedos nas cordas, as desamarrando, mas isto não importava pois onde ele realmente estava era ali.

Seus pés caíram sobre o modelo. E com um flash de memória, ele estava em um bosque iluminado pelo sol, cavalgando com seu pai. Ele tinha oito anos e seu pai tinha acabado de quebrar o pescoço do seu pássaro de estimação, e ele estava aos prantos diante do animal. E esta foi a última vez que ele chorou em toda a sua vida. Ele foi adiante, movendo seus pés por cima de outras memórias, de outras cenas. Se viu voando, com vestes verdes; eles estavam jogando Quadribol, e ele estava tentando derrubar Harry da vassoura dele. Não importando tanto se Potter morresse quando ele atingesse o chão. Ele se viu insultando a memória de Cedric Diggory, se viu no trem a caminho de casa ridicularizando, insultando Harry e seus amigos, mas principalmente Harry que ele sabia que se culpava pela morte de Cedric, observando o rosto dele enquanto ele falava, cravando uma faca nele, a retorcendo. O gosto destas memórias era amargo em sua boca. Esta era a sua vida, revelada como um cadáver esfolado, sem pele, cada momento de insignificante crueldade, cada fracasso, ruína, cada derrota, cada maldade mais baixa e imensa.

Ele foi adiante. Ele chegou a uma nova parte do modelo agora, onde o fio de sua vida girava ao redor e ao redor de outro fio escuro, e percebeu que este era o lugar no qual o seu fio se entrelaçava com o de Harry. Este deveria ser o momento em que ele tinha tomado a Poção Polisuco. Ele viu duas linhas se entrelaçando, uma de frente para outra, juntas, às vezes mais próximas e às vezes mais afastadas, e com muitas linhas de fora, vindas de longe, se encaracolando nelas, se enroscando no meio delas como fios de uma tapeçaria, ainda que ele não conseguisse ver onde as linhas terminavam, ou antes de tudo, qual era o final. Ele deu um passo para frente, e as vozes se ascenderam de novo em sua cabeça, clamando como um trovão.

Estava chovendo, e a chuva aumentava ao redor dele como as barras prateadas de uma prisão. Hermione dizia, Draco, Me desculpe. Seu pai em uma cela de hospício, sua voz como um chicote. Você nasceu a imagem que ele desenhou, com características exatas: poderes de Magid. Maldade e charme. Falta de simpatia. Competitividade. Crueldade. Fleur sorriu para ele, jogando o cabelo dela. Oh, mal. Não existe tal coisa. E Harry. Eu pensei que você era meu amigo. Viva com suas escolhas, então, pois sua vida significa tanto para você. A voz do Lorde das Trevas: Este é o seu filho, Lucius? Ele balançou sua cabeça negativamente como se pudesse se livrar dos sons que ecoavam lá, escutou a voz de seu pai de novo, Você é, no fim, somente o que eu fiz você ser.

Ele ficou congelado onde estava, esperando que se ele simplesmente não se movesse, as memórias iriam embora, as vozes seriam silenciadas. Mas eles permaneceram, se erguendo de dentro de sua cabeça com uma gritaria dissonante, cortando todos os outros sons.
* * * * *
Hermione olhava com horror. Draco estava ajoelhado de novo, seus dedos desatando as cordas que amarravam os tornozelos de Harry. Ela percebeu, é claro, que ele estava sendo controlado, que de outra forma isto era algo que ele nunca faria, mas isto era um consolo pequeno diante do perigo no qual Harry estava. Os olhos dela passaram rapidamente sobre o pentagrama no centro do cômodo. Ele continuava produzindo luz assustadoramente, e o brilho tinha desenvolvido um pulsar estranho e terrível. Como se fosse uma porta, sacudindo com a vibração de alguém - ou alguma coisa – tentando derrubá-la à pancadas. Ela empurrou a imagem para longe ferozmente, e fixou os olhos dela em Harry. Ele estava olhando para ela também, e enquanto ela olhava, ele deu a ela um dos seus sorrisos doces que ela sempre via, e depois ele olhou novamente para Slytherin, e de volta para ela, desenhando uma linha reta de sentido com os olhos dele. Ela percebeu o que ele estava dizendo - distrai-o - e ela engoliu duramente.

“Você não é tão forte quanto você pensa,” ela disse em voz alta, olhando para as costas de Slytherin. Ele se virou, como se ela sabia que ele faria. Mil anos não o tinham feito menos suscetível a zombarias.

Ele olhou para ela, seus olhos inquiridores, desdenhosos. “É, sério?”.

“Você acha que um pentagraminha pode refrear as forças do Inferno?” Hermione falou entre os dentes. “Olhe. Já está se desgastando. O desenho está desbotando. Eles estarão aqui em segundos, e não ficarão nada satisfeitos que você os tenha tentado impedir sua entrada. Até mesmo todos os seus poderes não conseguiram mandá-los de volta. Eu li sobre o que acontece com bruxos que refreiam demônios-“.

Com um ranger de dentes, Slytherin olhou furiosamente para ela. “Silêncio, sua estupidazinha de Sangue-Ruim,” ele vociferou, virou suas costas para ela, e andou arrogantemente atravessando o cômodo em direção ao pentagrama. Com o coração palpitando, ela observou enquanto ele usava sua mão esquerda para redesenhar o perímetro do desenho mágico, uma correnteza brilhante de luz verde saindo de seus dedos enquanto ele os mexia sobre o chão.

Ela virou sua cabeça novamente para Harry, e o viu levantar sua mão, e jogar alguma coisa duramente no chão. O globo branco muito pequeno. Ele bateu contra os ladrilhos e se quebrou, e de seu despedaçamento explodiu um estouro de luz branca que cegava. A luz saltou, refratou e se dividiu em três flechas brancas. Uma flecha voou em direção a Hermione e golpeou o Lycanthe na sua garganta. Ela o sentiu se tornar muito quente, e frio. A segunda flecha planou em direção a Ginny, e golpeou o pulso dela onde o Vira-Tempo estava amarrado; a terceira flecha voou em direção a Harry, e a bainha do seu lado se incandesceu quando a luz se colidiu com ela. Harry levantou sua cabeça e sorriu para ela de novo, desta vez com exultação.

Funcionou, ele disse, e isto exigiu um momento dela para perceber que ele não tinha falado em voz alta, mas que sua voz estava ecoando na cabeça dela. Ela examinou rapidamente Slytherin, que ainda estava parado, de pé em cima do pentagrama, seus olhos nele; Draco, estando perdido em um mundo de si mesmo, não parecia ter notado nada.

O que foi isso? A voz de Ginny agora, surpresa.

A última peça do quebra-cabeça, disse Harry.
As chaves estão todas conectadas agora, disse Hermione, em um arroubo de espanto. Sem que nós precisássemos tocar uns nos outros. Oh, bom trabalho, Harry!

Eu achei que quando as chaves tivessem conectadas, elas formariam uma arma, observou Ginny.

Elas fazem. Elas fizeram, disse Hermione, uma pequena centelha de confiança crescendo dentro do peito dela. Somos nós. Nós somos a arma. Todos nós juntos temos uma força maior do que nenhum de nós sozinho poderia possuir.

Mas nós não estamos todos juntos, disse Ginny, e os olhos dela estavam em Draco.

Isto, disse Harry, e seus olhos estavam inflamados com um firme, fixo fogo verde, está para mudar. Certo, agora.



* * * * *



Ele estava de pé onde estava com suas mãos sobre seu rosto, a escuridão do semi-esquecimento todo ao seu redor. As memórias e as vozes na sua cabeça tinha parado de fazer algum sentido e se tornaram um canto ininteligível e terrível que ecoava nas cavernas de seu crânio. Ele lembrou da morte. Morrer tinha sido melhor do que isto.

Draco. Uma outra voz na sua cabeça, um pouco mais alta do que as outras, separando-se da dissonância das outras vozes. Onde você está?

Soava como a voz de Ginny. Mas talvez, ele estivesse imaginando coisas. Talvez sua mente tivesse se quebrando. Este era, depois de tudo, o propósito do exercício, não era. Quebrá-lo. Ainda, esta foi a primeira voz que ele escutou neste lugar que não era acusatória ou furiosa ou rememorativa de alguma grande dor, sofrimento ou tristeza. Talvez --.

Draco. Desta vez, ele teve certeza da voz: era de Hermione. Você tem que lutar contra isto, se livre disto. Nós precisamos de vocês. Por favor.

Ele levantou seu queixo e depois, alinhou seus ombros. Olhou ao redor. Ele não viu nada - mas talvez a escuridão tinha começado a desbotar, precisamente um pouquinho. Ele podia ver a linha clara de luz, rompendo o obscurecimento adiante dele. E se não foi sua imaginação, o clamor das vozes em sua cabeça parecia ter se acalmado.

Você está aí? Hermione de novo. Diga alguma coisa, me conte que está tudo bem com você, por favor.

Eu estou aqui. As palavras vieram com dificuldade no inicio, e depois mais facilmente. Mas eu não posso deixar este lugar. Não existe uma subida, nem uma descida, nem uma saída. Faça o que você tem que fazer sem mim.
Nós não podemos, era a voz de Ginny desta vez. Nós precisamos de você e além disto-.

Além disto, o quê? Com cada palavra falada, seus pensamentos estavam se clareando. O que eu estou fazendo agora?

Você está desamarrando Harry, disse Hermione relutantemente. Slytherin fará você levá-lo até o pentagrama e você terá de lutar contra isto, Draco, você terá que romper com isto, não pode ser pior do que resistir a Maldição Imperius-.

Não tem jeito. Um desespero estúpido, tolo e etéreo, leviano tomou conta dele. Me mate que eu paro.

Matar você? os pensamentos de Ginny oscilaram de coque.

Me mate. Vocês são as Chaves, a arma. Me destrua se vocês forem obrigados. A morte será melhor do que onde eu estou agora.

Ah,vamos Malfoy. Você pode fazer melhor do que isto, e desta vez era Harry falando, não que algum deles estivesse realmente falando, mas ele experimentou a forma dos pensamentos de Harry em sua cabeça, irônico e familiar. Você nem ao menos tentará?

Me deixem sozinho, Draco replicou cansadamente. Vão...embora.

Você sabe, Malfoy, disse Harry, soando como se ele não tivesse intenção de ir embora e deixá-lo sozinho, você é muito bom jogador de Quadribol.

O quê? Qual é o seu objetivo, Potter?

Talvez você tenha comprado o seu lugar neste time, mas você é um bom Apanhador, o melhor contra o qual eu já joguei. Você consegue grudar em mim. Ninguém mais já conseguiu isto. Eu até mesmo gosto do modo determinado com que você está sempre me batendo. Eu acreditei que isto significava que você era uma pessoa determinada. Forte. Um adversário digno, valioso. Não o tipo que simplesmente desiste.

Eu não estou desistindo.

Sério? Me desculpe, eu suponho que estava meio confuso na parte em que você disse “eu desisto”.

Draco sentiu seu estômago apertar, e por um momento, o obscurecimento se movimentou loucamente ao redor dele. Simplesmente me mate e ponha fim nisto agora mesmo, ele gemeu, virando seu rosto para outro lugar.

Não. Você sabe o que eles dizem sobre qualquer um derrubá-lo, terá de ser você. Se você não acreditava que podia fazer isto, Malfoy, você devia ter dito antes; se você sabia que estava se preparando para ser tão fraco e assustado e convicto, então você não merece nada melhor do que isto.
Ele escutou a voz de Ginny de novo. Você acha que isto é o que você é, mas não é.

Então, Harry cortou a fala dela. Deixe-me lhe dizer algo, Malfoy, não existe tal coisa de o que você é. Você quer acreditar nisto porque isto significa que você não terá que fazer nenhuma escolha. Mas sempre existem escolhas. Há cada segundo de sua vida, você está escolhendo entre ser uma coisa ou a outra. E isto é o que faz de você, quem você é. Então quem é você, Malfoy?

Draco falou em voz alta, e escutou sua própria voz que veio à tona com um murmúrio. “Eu não sei”.

Hermione soou acusatória, não mais confortável, não mais tranqüila. Você não sabe? Bem, você já calculou melhor.

Você não pode simplesmente desistir. A voz de Harry estava rude de desespero e de raiva. Eu pensava melhor de você do que isto. Até mesmo quando você não era meu amigo, você era pelo menos um inimigo valioso, digno. E agora o quê? Você está simplesmente o deixando controlar você e quebrar você e nem ao mesmo tenta lutar contra isto? O que aconteceu com você? Desde quando você veio a se tornar um covarde?

Os olhos de Draco se abriram rapidamente, e ele olhou para baixo, para o túnel estreito de luz e de escuridão. Alguma coisa dentro dele cresceu de modo insuportável. Ele não podia apontar o dedo para o que era exatamente, mas escutou sua própria respiração em seus ouvidos, áspera de esforço - sentiu seu coração galopando dentro de seu peito-

Eu não sou um covarde, ele disse.

Você não é? Se fosse eu, eu lutaria. Mas eu suponho que isto seja somente eu. Eu sempre tive de lutar por tudo. Eu não sou um certo garoto riquinho mimado que teve tudo de mão beijada. Você nunca teve de conseguir algo por seu próprio mérito. Eu suponho que isto tenha ocorrido por você ser tão fraco.

Isto era tão monstruosamente injusto que de fato avançou atravessando o nevoeiro cinza na mente de Draco. Mimado? Ele podia ouvir a raiva em sua própria voz mental. Você, maldito, é capaz de mais do que isto, Potter. Se você dissesse isto na minha cara, você sabe que eu quebraria seus dedos.

Você quebraria? Havia um riso meio-contido na voz de Harry. Acredite, Harry estava realmente rindo em um momento como este. Você sempre disse que era um bom jogador, Malfoy.

Vá para o Inferno, Potter, ele disse, furioso.

E de maneira bastante engraçada, é exatamente para onde eu estou sendo conduzido em aproximadamente cinco minutos se você não progredir com esta coisa. E você será o único que me mandará para lá. Como isto é irônico, não?

Draco sentiu seu estômago apertar, e ele viu através da escuridão - como que através de uma fenda no espelho - o cômodo que ele tinha justamente deixado, o bruxo em pé sobre o pentagrama, Hermione e Ginny amarradas nos seus postes, e ele mesmo na frente de Harry, desamarrando as últimas cordas que mantinham a mão direita de Harry amarrada ao poste atrás dele. O rosto de Hermione estava cheio de preocupação desesperada enquanto ela olhava para Draco, e algo assim estava nos olhos arregalados e escuros e indagatorios de Ginny, e ele percebeu que elas estavam escutando cada palavra que ele e Harry estavam dizendo. E Harry tinha seu rosto empinado, seus olhos se movendo rapidamente de um lado para o outro como se ele pudesse de alguma forma encontrar Draco, onde quer que ele estivesse, e havia raiva em seu rosto, e um tipo de desespero, e tudo que Draco estava percebendo, era como se ele olhasse dentro de um espelho.

Draco fechou seus olhos, os rostos dos seus amigos impressos de maneira ofuscante no interior de suas pálpebras, e alguma coisa que tinha acabado de crescer dentro dele se incendiou de repente atrás de seus olhos como uma coluna de fogo branca. Era uma emoção grande demais para nomear, nem amor ou ódio ou desespero, nem aversão ou orgulho ou ressentimento, nem nada, mas simplesmente a mais pura raiva. Raiva de si mesmo por sua covardia. Raiva de seu pai por tê-lo vendido a este destino antes mesmo dele nascer. E raiva de Slytherin por imaginar, por pressumir, que ele podia controlá-lo. Ele era Draco Malfoy e ele não podia ser controlado, ele não podia ser propriedade de ninguém, e ele não podia cair em armadilhas contra sua vontade.

Houve um barulho de algo se quebrando, rompendo. O fantoche invisível amarrado que o tinha controlado se quebrou, e ele se sentiu caindo, empurrando realmente, através de um espaço interior grande e vazio. Alguma coisa o golpeou, duramente, e ele abriu seus olhos. Ele percebeu, soube que o que ele tinha sentido era sua alma sendo empurrada de novo para dentro de seu corpo. Ele estava de pé exatamente na frente de Harry, que estava olhando para ele de cima, firme, os olhos verde-escuros. Não havia de jeito nenhum medo neles, e quando Draco retornou para si mesmo, eles se iluminaram com uma satisfação refulgente e bestial. Ele escutou a voz de Harry em sua cabeça, clara e forte:

Bem-vindo de volta, Malfoy. Eu sabia que você conseguiria.

Hermione e Ginny, cada uma do lado de Harry, estavam olhando para ele também, e havia uma idêntica satisfação em seus rostos. Ele sentiu a emoção que se agitou diante de todos os três, amplificada pelo poder das Chaves, todos os quatro juntos, os Herdeiros, como eles tinham sempre sido destinados a ser. E ele entendeu que, emparelhado com sua própria raiva, era o que o tinha libertado do feitiço que o mantinha amarrado, e entendeu também exatamente o que ele agora precisava fazer.

Ele deu meia volta, e estendeu sua mão. Ele sentiu o poder dos outros três fluir para dentro dele, correndo através do conduto das Chaves como eletricidade através dos fios. Ele viu Slytherin olhar assombrado, um olhar de raiva se espalhando pelo seu rosto pálido-venenoso. Draco riu, e enquanto Slytherin dava um passo para frente furioso e descrente, Draco murmurou, “Accio” e viu com prazer os dedos de Slytherin, obviamente contra a vontade dele, se soltarem um por um no punho da espada. Draco abriu sua mão, e a espada, libertada do alcance, do aperto de Slytherin, voou para a sua própria. Exultação correndo através das veias dele, Draco caminhou em direção ao Lorde das Cobras, carregando a espada na frente dele, uma onda de fogo verde brilhante.

No instante em que Slytherin viu o que ele planejava, o terror apagou todas as outras expressões do rosto dele. Foi o primeiro olhar humano que Draco alguma vez viu ali. Um grito inarticulado rasgou vindo de sua garganta e ele começou a se afastar, as mãos e os dedos frenéticos sendo agitados na frente dele. “Não, não!” ele gritou agudamente. “Espere!”.

Draco abaixou a espada, uma onde de fogo verde brilhante. A lâmina golpeou contra o pulso do Lorde das Cobras, primorosamente decepando sua mão. Ele gritou agudamente e alto enquanto o enquanto o fogo fluía de seu braço ferido, um grito agudo indescritível de raiva e horror, e sua mão decepada caiu sob os pés de Draco. Longe de estar nauseado, ou qualquer outra coisa, mas com um tipo de exaltação terrível, Draco agarrou a mão mutilada do Lorde das Cobras, fechando com força os dedos, como pinças, em volta do punho da sua espada, e os arremessando juntos no pentagrama marcado com tinta no chão.

Ele jogou sua cabeça para trás então, e, sua voz furiosa e carregada, gritou para as forças invisíveis do Inferno. “Para lá você vai! Sua metade da barganha! Dada a vocês pela própria mão dele, a mão do Lorde das Cobras em pessoa! Pegue-a, maldito seja, e use-na!”.

Houve um silencio terrível. O Lorde das Cobras caiu de joelhos, agarrando com força o toco de sua mão, do qual pequenas chamas tremeluziam entre seus dedos. Não havia sangue. O seu tomar de fôlego soava como um trovão no absoluto silêncio.

E então.

Um rugido murmurado baixo retumbou quebrando o silencio. Ele foi crescendo mais alto e mais profundo e mais forte até o cômodo parecer vibrar com ele. Acima do rugido, um barulho agudo irrompeu, e as paredes ao redor deles de repente racharam e se dividiram em longas fendas que apareceram na pedra, o céu fluindo pela abertura, prateado pela luz do luar. O castelo mágico de Slytherin estava se dissolvendo.

Draco deu meia volta, e viu que os outros estavam de pé atrás dele, os olhos arregalados, livres das cordas que os amarravam. Seus nós tinham simplesmente se desfeito. Eles estavam todos encarando algo, e por uma boa razão. Do meio do pentagrama marcado por tinta, várias formas negras apareceram, se endurvando, e então levantando. Draco escutou Slytherin gritar de terror furioso, mas apenas com um perímetro muito externo de sua consciência. Ele estava muito ocupado olhando. As formas não eram os demônios que ele esperava, mas criaturas gigantescas, muito pouco visíveis na escuridão agitada, muito mais altos do que os homens humanos, com olhos como carvão em brasa e asas negras entrelaçadas com dourado.

Eles eram, ambos, horríveis e bonitos enquanto eles davam um passo para fora do circulo e se aproximavam cercando Slytherin, que estava encolhido no chão. Draco o viu levantar sua cabeça prateada enquanto eles se aproximavam, e ele mugiu alguma coisa ininteligível....de qualquer forma, parecia ter sido um nome....

Draco nunca soube o que tinha sido. Ele teria gostado de acreditar que nestes últimos momentos dele, o bruxo talvez tivesse tido um flahs momentâneo de humanidade, e gritado por Rowena. Mas provavelmente, ele estava mugindo um feitiço maligno final.

Draco sentiu o chão oscilar debaixo de seus pés. O castelo estava desmoronando. Alguma coisa pegou o seu braço. Harry, provavelmente. A escuridão estava fluindo do centro do pentagrama como nevoeiro não iluminado. Fluía sobre Slytherin, sobre os demônios que estavam de pé sobre ele, exultantes, sobre o chão de ladrilhos, e então, o nevoeiro estava sobre eles. A última coisa que Draco escutou enquanto a cegueira se apoderava dele foi a som do Lorde das Cobras gritando.



* * * * *



Quando retomou a consciência, Draco percebeu que estava deitado de costas com sua cabeça descansando na capa de alguém. Lentamente, ele abriu seus olhos e olhou para cima. Iluminado por detrás da lua, uma figura estava debruçada sobre ele. Ele viu longos cabelos ondulados e um rosto oval pálido, olhos escuros e uma boca preocupada. Hermione. Ela sorriu quando viu que ele tinha acordado.

“Bem-vindo de volta,” ela disse.

Ele começou a se esforçar para tentar sentar. “Harry - Ginny -".

“Shh. Todos estão bem”. Ela tocou o rosto dele levemente, e então virou a cabeça dela. “Harry!” ela gritou. “Ginny!”.

“Não grite,” disse Draco firmemente. “Minha cabeça está estourando”.

Ela sorriu para ele. “Pobre bebê. Aqui”. Ela chegou para trás, e o ajudou a se sentar. Era verdade que sua cabeça estava latejando, mas isto não importava. Ele percebeu a luz, como se um peso gigantesco tivesse tirado de cima dele, como se ele tivesse passado semanas em uma caixa fechada escura, e agora, a tampa tinha sido arrancada e finalmente ele podia olhar para cima e ver as estrelas. Pela primeira vez em muitos dias, ele não estava mais com frio.

Ele se apoiou sobre suas mãos e olhou em volta. Ele estava sentando na grama, e a grama se estendia todo ao redor dele, uma campina verde, desocupada, ampla entre um circulo de arvores. Do castelo que tinha estado de pé aqui, com seus muros e muralhas e torres, não havia mais nenhum sinal. O seu sobre sua cabeça estava listado com cores explosivas: azul, verde, vermelha e dourada, brilhante como a Aurora Boreal, e através dos banhos de cores brilhantes, as estrelas cintilavam como cidades de cristal lá no alto. Ao longe, do lado direito, ele podia ver um reflexo de linhas brilhantes, uma forma elevada: Feroluce, o dragão, e exatamente debaixo de Feroluce, duas figuras pequenas? Uma de vestes vermelho-escuras, a outra com cabelos vermelho-escuros. Ben e Ginny.

“Hey! Malfoy!” Houve uma pancada enquanto Harry se deixava cair sobre os seus joelhos próximo de Draco. Ele estava, se possível, mesmo sujo, coberto de ferrugem e marcas de sangue, mas ele estava sorrindo e o sorriso cobria todo o seu rosto. Ele segurou o ombro de Draco duramente por um segundo, e Draco olhou para trás e lhe deu um meio sorriso surpreso. “Você perdeu a parte mais calma, tranqüila,” Harry anunciou.

“Maldição,” disse Draco suavemente. “Porque eu estava desfrutando tanto da diversão que nós estávamos tendo até aqui que eu desmaie”.

“Não foi legal,” disse Hermione, parecendo um pouco doente. “Slytherin pegou fogo, e ele...tipo que se incendiou sem de falto se incendiar. E os demônios o arrastaram para dentro do pentagrama enquanto ele gritava e então eles todos simplesmente desapareceram no chão com este gigantesco som de algo sendo puxado, e tudo no cômodo começou a deslizar para dentro do buraco, e você desmaia e quase caiu no buraco também, mas Harry te pegou. Todo castelo desmoronou, pedaço por pedaço e todas as Criaturas das Trevas fugiram em direção as árvores, os dementadores também. Eu nunca tinha nada como isto. Lupin disse que foi um colapso retrodimensional do movimento temporal - ele está lá com Fleur. Ela está bem, a propósito”.

“Soa como se eu tivesse perdido alguns bons momentos,” disse Draco.

“Então, eu estou contando isto errado,” disse Hermione positivamente. “Foi muito, totalmente horrível. E Harry pensou que você estivesse morto e fez uma cena”.

“Eu não fiz,” protestou Harry, mas ele não parecia especialmente incomodado, perturbado. Ele levantou seu pescoço e olhou ao redor. “Onde está Sirius?”.

Hermione se colocou de pé. “Eu irei buscá-lo. Ele estava falando com Ben sobre o que fazer com o exército”. Ela sorriu para baixo, para Draco. “Ron contou a ele que você matou um Dementador, então ele quer ouvir tudo sobre isto”.

Draco confirmou com a cabeça, com dificuldade para falar devido a exaustão. Não era uma exaustão ruim, de qualquer forma. Mesmo que, de qualquer forma, fosse uma noite fria, e ele estava sentado na grama úmida, e seu corpo tinha se transformado em uma contusão gigante, todavia ele sentia suas pálpebras se inclinando, como se estivesse mergulhando novamente no primeiro, aconchegante e delicioso sono verdadeiro que ele conseguia se lembrar de ter em semanas.

Malfoy. A voz de Harry falou na cabeça de Draco. Draco estava agradecido ao fato de não precisar abrir os seus olhos ou se mover para responder. Eu achei que já era tempo de te devolver isto.

Agora Draco abriu seus olhos, e viu Harry segurando alguma coisa no alto para ele que cintilava brilhante como a luz do sol na sua mão. O Encantamento Epicyclical.

Ele balançou sua cabeça negativamente de maneira fraca. Eu não quero isto.

Harry parecia surpreso. Mas é a sua vida.

Eu sei. Draco inclinou sua cabeça para trás encostando-a no tronco da árvore. E não quero ter a responsabilidade pela minha vida. Não neste momento. Guarde-o por um pouco mais de tempo.
Tudo bem. Harry amarrou-o novamente em volta de sua garganta, parecendo melancólico. Não triste, de qualquer forma. Obrigado, por isto.

Draco fechou os seus olhos de novo. A exaustão estava o envolvendo como um cobertor. Ele vagamente escutou as outras pessoas chegando, se sentando ao redor dele em um circulo na grama - escutou a voz de Sirius, escutou Harry cumprimentar alegremente Ron (acordado de novo) , escutou Lupin falar com Fleur em Francês, escutou a risada de Hermione, e então escutou a voz suave de Ginny em resposta. Houve um toque suave em seu braço; ele ouviu Lupin perguntar como ele estava, e Harry disse que ele estava bem, apenas cansado, e eles o deixaram dormir; ele escutou Sirius dizer que o Ministério estava vindo ao encontro deles; ele escutou Ginny avisar, com alguma tristeza na sua voz, que Ben tinha ido embora, e seu exército tinha ido embora para o passado junto com ele. As vozes se tornaram mais fracas e mais fracas, como música escutada vinda de outro cômodo, e então uma última voz se curvou próxima e murmurou no seu ouvido.

“Draco”. Era Ginny. Sua voz era apenas um murmúrio. “Há uma coisa que você deveria ver antes de você adormecer”. Ela se inclinou sobre ele, e ele sentiu a mão dela no seu braço esquerdo, puxando a manga dele para cima com grande delicadeza. Ele meio que abriu os seus olhos e olhou para baixo, e foi um momento antes dele perceber que o que ele estava olhando não era um objeto que ela queria que ele visse já que não havia objeto nenhum ali - mas realmente para a pele da parte de dentro do seu antebraço, que outrora sustentava a marca de crânio-e-serpente do Lorde das Cobras, mas agora não havia mais nenhuma marca.



* * * * *





















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