O rio



O corredor era de pedra, iluminado com luz de tochas sem fumaça em intervalos irregulares, seus castiçais esculpidos na forma de serpentes. A mulher de olhos azuis não lhes dava atenção enquanto ela se apressava pelo salão, seus passos não faziam nenhum barulho no descoberto chão de pedra.

Ela parou em frente de uma porta, bateu uma vez. Ela foi aberta por uma mulher de cabelos vermelhos com olhos cansados que estavam iluminados com um brilho azul escuro quando ela viu quem tinha batido “Rowena” ela disse “Você veio...ele tem perguntado por você”.

“Ele está morrendo, Helga?”

“Eu não sei. Uma destas cobras com que ele brincava interminavelmente, usando em suas experiências...ela o mordeu no braço. Eu tentei um feitiço ante-veneno, mas nada pareceu funcionar”.

“Eu quero vê-lo”

Helga suspirou “Continue”.

Dentro do quarto, Rowena ficou de pé por um longo tempo, olhando o jovem homem na cama. Seus olhos estavam fechados, sombreados como uma meia-lua sobre os seus olhos, sua cabeça estava apoiada sobre os travesseiros.Ela podia ver a marca negra da picada no interior do seu ante-braço, negra e parecendo venenosa, má. Ela não se moveu, não tinha certeza se ele estava acordado ou não.

Finalmente, ele abriu seus olhos e olhou para ela. “Você pode se aproximar de mim” ele disse “É veneno de cobra, eu não sou contagioso”

“Eu não sei se você quer que eu me aproxime de você” ela disse, e foi sentar-se em um banco próximo a sua cama. Ela olhou para ele pelo canto de seus olhos. Seu cabelo prateado esta emplastado na sua cabeça com o suor, seus olhos cinzas brilhavam com febre. A doença o tinha feito parecer mais jovem, de alguma forma indefeso.

“Quem poderia mandar buscar você, senão eu?” ele perguntou.

“Ninguém me mandou buscar. Eu ouviu que você estava doente”.

“Muito recomendável de você ter pena de mim. O que Godric tem a dizer sobre isto?”.

Ela expeliu um suspiro “Godric não sabe. Como está sua esposa?”

Ele olhou furiosamente para ela “Ela não é minha esposa. Eu disse isto para você”.

“Não, apenas outra destas criaturas que você criou. Como você a chama...”

“Uma veela” , disse o homem na cama impacientemente,”Ela não é minha esposa, mas ela é obediente, ela é amável, ela é todas as coisas que você não é. E ela está me dando um herdeiro”.

“Sim, e quando você tem raiva dela, cresce nela um enorme bico e ela tenta ferir seus olhos”.

“Nenhuma experiência é perfeita”ele disse, quase soando divertido, e tentando ajeitar-se sobre os travesseiros. “O lobisomen, de qualquer forma, eu estou especialmente orgulhos do que eu tinha feito com ele”.

“Você não acha isto cruel? Criando estas raças de criaturas que não são homens, não são animais, mas estão em algum lugar? O que acontecerá com eles, quando você tiver ido?”.

“Em nenhum momento, eu estou planejando em ir”

“Oh, Lord, isto de novo não. Você tem que parar isto, tudo isto, estas experiências terríveis com as artes da trevas.Você não pode convocar os poderes do Inferno e esperar que isto não tenha nenhuma repercussão. Seja sensível”.

“Certo” disse Rowena estendendo sua capa sobre ela, mas ele, de repente, movimentou sua mão rapidamente para a frente e agarrou seu pulso, fazendo ela recuar. “Isto não é justo”, ele disse. “Desde que nós éramos crianças, nós sempre confiávamos um no outro”.

“Mas eu não confio mais em você” ela disse chorosamente, e ele largou seu pulso, deslizando sua mão, unindo os dedos dela aos seus. Sua pele estava queimando ardentemente com febre. “O que você quer de mim, Salazar?”.

“Eu estou morrendo” disse ele. “Mas se você me quiser vivo, eu viverei. Veneno, doença, ferida de alguma batalha - nada será capaz de me ferir. Eu me tornarei imortal por você”.

Ela olhou longe, pestanejando duramente. “As pessoas não tencionam viver para sempre. Por que você não tenta fazer alguma coisa boa com todo o seu poder, seu conhecimento? Você poderia ser um remédio como Helga, você poderia reconstituir as pessoas ao invés de desmonta-las e fazer experiências com as partes...”.

Então, ele sentou, a fitou no olhos, seus olhos cinzas brilhando com uma febre tão intensa que eles pareciam quase azuis. “Eu poderia” disse ele. “Eu poderia, se você me ajudasse. Fique comigo, Rowena, e eu juro, eu prometo, eu abandonarei as artes das trevas, eu queimarei meus livros, destruirei minhas experiências –“ ele parou, a puxou para a frente dele através das mãos unidas. Ela deixou-se ser puxada para a cama junto dele, se inclinou sobre ele, seu rosto contra o côncavo de seu ombro. Através do elo que os amarrou, ela pode sentir que o peso dela contra sua pele estava causando nele uma dor excruciante. Ela também sabia que ele não queria que ela se afastasse.O veneno nele era negro e o estava queimando. Ela achou que estava receosa por ele e então, por um momento, não mais receosa. “Eu irei te dizer uma coisa”ele disse. “Eu deixei que a cobra me picasse”.

“Salazar, por quê?”

“Eu pensei que se eu estivesse morrendo, você poderia vir me ver. Não ria - eu estava certo. Aqui está você”.

“Eu não estava começando a rir”.

“E eu não vou morrer. Não agora que você está aqui. Não me deixe” ele disse, e ela podia sentir seu coração batendo rapidamente através da roupa de cama. Ele estendeu sua mão direita, tocou sua face, correu seu polegar pela maça do rosto dela, desceu para a sua boca. “Você é a coisa mais importante para mim, a única coisa que eu nunca desistiria”.

“Sim, você poderia” disse ela. “Você deveria desistir de mim junto com todo o resto”.

“Não Você. Nunca”.

“Nós veremos”.

***

“Sirius!” gritou Harry. “Sirius, onde você está?”.

Não havia resposta, mas neste momento, ele conscientizou-se do som de passos correndo atrás dele, e virou-se para ver Ron - ainda em seu pijama, descalço, mas correndo tão rápido quanto sua longas pernas podiam carregá-lo. Ele estava segurando sua varinha.

Ele se jogou próximo a Harry na beira da pedreira. “O que está acontecendo?” ele perguntou, ofegante.

“Malfoy desabou, ” disse Harry sinteticamente. “Eu não posso fazer nada – Hermione me mandou aqui como uma Aparição. Ron, você pode-“.

Mas Ron já estava ajoelhado perpendicularmente, apontando sua varinha para baixo na pedreira. “Accio!” ele disse firmemente e a água pareceu irromper, abrindo e se virando de dentro para fora. Harry viu a água brilhar nas cores negra e depois prateada, e então o corpo de Draco voou para fora dela, subiu no ar, e aterrizou entre eles na grama, amarrotado como um brinquedo abandonado.

Ron olhou para Harry. Seu rosto estava muito branco à luz da lua, cada sarda sobressaía como um ponto de tinta separado.”Cheque seu pulso”.

“Eu não posso. Eu não posso tocar nada”.

Ron xingou, e levou sua mão em direção a Draco. O coração de Harry despencou. A pele de Draco estava branco-azulada, uma cor nada encorajadora, e as pálpebras de seus olhos fechados estavam roxas. Contra sua pele pálida, a cicatriz em sua mão esquerda se sobressaiu, negra como se tivesse sido borrada. Malfoy, Harry pensou experimentalmente, mas ele não podia arremessar o pensamento; ele ecoou no vazio, como se ele tivesse jogado uma bola e percebido que não haveria ninguém lá para pega-la.

Ron pressionou seus dedos no pescoço de Draco, ergueu os olhos e sacudiu sua cabeça. “Nenhum pulso”.

“Nenhum pulso” Harry imitou em desgrença. “Mas ele não esteve lá embaixo durante muito tempo-”.

“Nenhum pulso, isto é o que eu disse”. Para a surpresa de Harry, Ron, então, levantou sua varinha e apontou sua ponta para o tórax de Draco. “Suspiro”, ele disse.

O tórax de Draco deu um solavanco, e desceu.

Ron olhou preocupado. “Suspiro!” ele disse de novo, apertando com força a ponta da varinha no pomo-de-adão de Draco. Desta vez, o corpo de Draco não se moveu de maneira nenhuma. Ele continuou deitado lá, seu cabelo jorrando sangue e água, seu tórax imóvel. De repente, Harry lembrou do primeiro corpo morto que ele podeira recordar ter visto - Cedric. Recordou-se olhando para Cedric, e tendo certeza de que ele estava morto, não sabendo como ele sabia, mas sabendo. E era a mesma coisa agora.

De qualquer forma, ele estava insubstancial, ele sentiu o fundo do seu estômago retrair-se. Ele sentiu um estranho, apavorado tipo de sentimento que ele nunca tinha sentido antes. Não - ele tinha sentido isto antes, quando, ele tinha sido amarrado ao túmulo do pai morto de Voldemort, ele tinha visto Rabicho vindo até ele com sua faca, e Harry tinha sentido um momento de pânico primitivo, positivo que ele estava perto de perder uma parte de si mesmo - um braço, uma mão – que poderia nunca ser recolocada, que era um ferimento para ser causado nele do qual ele nunca poderia curar-se.

“Ron”, ele disse, “faça alguma coisa--“.

Olhando desesperado, Ron tentou de novo. “Suspiro vivicus,” ele disse, com ênfase. “Suspiro vivicus totalus!”.

Nada continuou acontecendo. Draco deitado lá, parecendo frio e vulnerável e muito, muito morto.

Ron olhou para Harry, e Harry viu o choque em seus olhos azuis. “Harry...” Ron disse de forma irregular, tremendo com o ar frio da noite. “Ele está morto”.

Harry sacudiu sua cabeça. “Tente de novo”.

“Não há porque. Ele está morto. Se ele não estivesse, ele teria respondido ao feitiço. Seu coração não está batendo –“.

“Deixe cair sua varinha, Ron”.

“O quê?”
“Coloque-a no chão”

Ron fez.

“Agora, faça exatamente o que eu dizer para você”. Ron estava olhando para Harry como se ele fosse louco, e Harry não estava, também, de forma alguma certo que ele não estava. Ele sentiu como se estivesse segurando com muita força alguma coisa muito escorregadia. Sentiu-se, de fato, como se a qualquer momento, ele pudesse se afundar em histerias, mas ele sabia que não podia se permitir a isto. “Tudo certo”, ele disse, enunciando cada palavra com perfeita precisão. “Abra sua boca”.

Ron fez isto, olhando com dúvida na direção de Harry enquanto ele dizia isto. “Eca. Ele está congelado, frio”.

“Encline sua cabeça para trás. Certo. Assim. Agora coloque sua boca na dele e respire dentro de seu pulmão-“.

Ron jogou-se para trás. “O quê?”.

“APENAS FAÇA”.

“Okay, okay”.

***

“Deve ter alguma coisa que eu possa fazer”.

“Você pode sair da cela, Sirius,” disse Lupin, que estava deitado de costas com suas mãos cobrindo seu rosto. Cada vez, no momento em que ele gemia e se enroscava, seus braços se juntavam em torno do meio do seu corpo. Sirius não podia dizer exatamente onde a dor se originava, ele estava sensível por toda parte.

“Olhe, Aluado, eu apenas me transformarei se eu for obrigado”.

“Eu não estou certo se isto ajudará. Maldição,” adicionou Lupin brandamente, demonstrando medo enquanto ele tirava suas mãos de seu rosto e olhava furioso para a ponta de seus dedos, dos quais unhas afiadas como navalha tinham surgido. “O que está acontecendo?”.

“Como é sentir a Transformação?”.

Lupin sacudiu sua cabeça. “Como se alguém comandasse a Transformação e esticasse, esticasse, esticasse. Isto nunca dura por muito tempo, você sabe disto-“ ele parou por causa de uma contração, olhou para o Sirius. “Sirius....até quando eu irei permanecer desta maneira? No meio?”.

“Está tudo certo,” disse Sirius, dando um tapinha desajeitado nas suas costas. “Eu ouvi dizer que dentes e unhas estão sendo usados compridos nesta estação”.
Lupiu riu de verdade, uma breve respiração cortada por outro espasmo de dor. Ele recuou e afastou-se de Sirius para encarar a parede.

“Faça isto”, murmurou Sirius, e tateou seu bolso onde estava sua varinha, lançando seu pensamento de volta a Hogwarts; ele tinha estado antes com Lupin quando ele se Transformava, mas geralmente foi - de qualquer forma doloroso – sem interferência, e nunca tinha sido doloroso por causa de um feitiço.

Sirius parou.

Seu bolso estava vazio.

Sirius xingou. Ele estava se igualando as pragas, blasfêmias de Draco, apesar d’ele fazer menos isto.

Ele ouviu uma gargalhada, e balançou sua cabeça para um lado e para outro para ver o olhar fixo do demônio, seu rosto pressionado contra as barras de sua cela. “Apenas um idiota pode ficar trancado em uma cela com um lobisomen,” ele disse. “Mas apenas o herdeiro para o trono do reino dos idiotas poderia ficar fechado em uma cela com um lobisomen sendo Chamando pelos poderes da escuridão”.

Sirius olhou furioso para ele, esperando nada mais do que um momento, então para atravessar o espaço que os separava e para golpear a face do demônio com seu olhar fixo. “Se você não calar a boca”, ele ameaçou em um tom bem calculado, “eu terminarei o que Harry começou”.

O demônio revelou seus dentes para ele e assobiou. “Você não sabe nada”, ele rangeu entre os dentes para Sirius.

“Eu sei que você tentou matar meu afilhado”.

Os olhos do demônio giraram, círculos centralizados de preto e vermelho. “Eu não estava tentando mata-lo”, ele começou com raiva, e então seus olhos vermelhos se arregalaram e Sirius virou em torno de si para ver o lobo na suas costas.

*** ***

Harry, Draco tentou dizer, mas sua voz parecia sem som. Ele abriu seus olhos, e por um momento ele perguntou a si mesmo se tinha ficado cego. Ele não podia ver nada, apenas escuridão.

Estendendo suas mãos, ele arrastou os pés para dentro da escuridão. Não havia som nenhum, nenhum cheiro, nenhuma sensação de calor ou frio. Ele sempre se perguntou se a morte não era um nada, e achou esta idéia reconfortante. Agora ele percebeu quão terrível o nada podia ser.

“Harry!” ele gritou. Desta vez, ele escutou sua própria voz, um eco frágil. Ele seguiu o som disto até ele escutar um outro som, um frágil gotejar, como água caindo.

Ele projetou suas mãos, e ao mesmo tempo bateu em alguma coisa dura. Uma parede. Apalpando ao longo da parede, ele adiantou-se para perto e perto do som da água. Finalmente ele viu uma estreita faixa de luz e percebeu que era o final de um túnel.

Eles sempre dizem que há luz no fim do túnel, ele pensou com raiva. Mas alguém, isto não é o que eu estava esperando.

Ele se espremeu na sua entrada através de uma estreita lacuna de pedras, e encontrou a si mesmo sentando em um banco de um rio que se move ligeiro. Ele permaneceu no banco que era viscoso e verde, mas do lado oposto do banco era cinza e seco como poeira.

Ele desceu para dentro do rio. A água gelada serpeava em torno do seu tornozelo. Foi como atravessar com dificuldades um melaço. Ele deu uma espiada para baixo, e gritou um ruído de terror – havia rostos na água. Brancos, encarando os rostos com grande olhos de rãs, que o encarava de volta, de maneira acusadora.

Com um grito rouco, ele começou a voltar, mas isto já era tarde. Uma mão úmida agarrou seu tornozelo, dedos brancos compridos o arranhavam segurando suas calças.Uma cabeça, negra e lisa como uma foca, irrompeu da água, e devagar, uma mulher ergueu seu pé antes dele. Seus cabelos eram longos e negros, jorrando água, e seu longo vestido de veludo ensopado aderido no seu corpo.

“Salazar?” ela disse.

Draco congelou. E a fitou nos olhos. Enquanto ela o fitava de volta, seus olhos azuis se enchiam com um tipo terrível, indecifrável de lembranças e medo, ele percebeu que conhecia sua voz. Era a voz que tinha gritado na sua cabeça quando os dementadores se aproximaram dele, gritando, o interrogando o que ele tinha feito. “Rowena”, ele disse, sabendo agora quem ela era. "Rowena Ravenclaw?".

Seus olhos o fitaram com medo. Neste momento, duas outras mãos irromperam da água, e dois outros rostos se ergueram para juntar-se a ela. Ambos estavam molhados como ela estava, e ambos fitaram os olhos dele como ela tinha feito, um homem com cabelos negros, o encarava com raiva e ódio, enquanto a mulher atrás dele, pequena e redonda com um ramo de ervas nos cabelos vermelhos o olhava tristemente. Godric, pensou Draco, e Helga.

O homem de cabelos negros - Godric Gryffindor - colocou-se na frente de Rowena como se para protege-la, seus olhos fixos em Draco. Eles estavam cheios de ódio. “Então, finalmente, você está morto,” ele disse. “Nós temos esperado por mil anos que alguém lhe dê a punição que você merece e que finde a sua inútil e roubada existência--".

Especialmente, Godric o olhou como se ele pretendesse continuar nesta posição por bastante tempo, então Draco o interrompeu. “Eu não sou quem vocês pensam que eu sou,” ele disse “Eu não sou Salazar Slytherin".

Os três o olharam com dúvida.

“Olhe para mim”, insistiu Draco.

Rowena, que tinha estado com sua mão sobre sua boca, a abaixou devagar. “Godric.. .Ele não pode ser Salazar. Ele é apenas uma criança.

Todos os três o fitaram nos olhos. Draco estava revoltado. “Eu tenho dezesseis. Eu terei dezessete em poucas semanas”.

“Eu não apostaria dinheiro nisto”, disse Godric, com bastante maldade.

Draco o encarou. Ele descobriu que não era como Godric. Ele também descobriu que para ser livre do Trágico e Destrutivo ciclo da História que se Repete, ele teria que tentar arranjar uma maneira de ser como Godric.

Mas ele não queria ser como Godric. Godric, ele pensou, era um burro.

“Você está morto, garoto”, disse Godric com imensa satisfação, fortificando o desgosto de Draco em relação a ele. “Encare isto - você nunca terá dezessete”.

Havia alguma coisa sobre o jeito convencido dele falar que fez Draco lembrar-se de Harry. Agora, ele podia começar a ver o quanto Godric é parecido com Harry, um Harry crescido. Um Harry crescido que tinha passado muito tempo trabalhando com objetos pesados. Seus braços eram enormes. Draco estava satisfeito que Godric não parecia ser capaz de cruzar o rio também. Ele não sabia o que poderia experimentar semelhante a ser esmurrado no rosto na vida-após-a-morte, e ele não se importava muito em descobrir.

Rowena continuava olhando para Draco com uma corrente de emoções misturadas cruzando seu rosto. “Você soa com Salazar,” ela disse. “E você parece, neste momento, com ele...”.

“Eu sou seu herdeiro”, disse Draco, parecendo não ter nenhuma razão para não divulgar esta informação.

“Então, você está amaldiçoado”, disse Godric. “E sortudo por ter morrido”.

Draco olhou para ele de modo irritante. “Você já disse alguma coisa agradável?”.

“Godric,” disse Helga, em um tipo de tom de advertência. Godric olhou de Rowena para Helga, e fez um tipo de pequena desordem com o seus pés. “Bem, ele está amaldiçoado,” ele resmungou. “Se ele for realmente um herdeiro de Salazar...”. Ele virou-se para Draco. “Como você sabe que é herdeiro de Slytherin?” ele perguntou.

“Por que Slytherin me disse,” Draco falou entre os dentes.

“Ele te disse?” sussurrou Rowena, com seus olhos arregalados. Assim como com Godric, a intensa emoção parecia fazer sua forma clarear, também. Draco poderia agora ver como ela se parecia muito com Hermione. Isto era muito enervante. Ele tinha freqüentemente jogado com fantasias através de sua cabeça onde por sorte ele dava de cara com a Hermione inexplicavelmente em vários lugares. A vida após a morte, no entanto, não tinha sido nada disto. “Você quer dizer que ele está vivo - ele anda entre vocês, como um homem?”.

“Ele está vivo. Eu o vi. Mas ele não é muito poderoso. Ele não tem uma Fonte”.

O espírito de Rowena começou a caminhar em um círculo estreito. “Ele não quis você por achar que ele era fraco, não queria você para saber como sua eventual derrota estava completa. Helga e eu não poderíamos matá-lo, mas nós interviemos em seus poderes”. Ela levantou seus olhos, olhou Draco. “Conforme você deve, se eu te contar como ele pode ser derrotado, você fará isto?”.

“Olhe, eu teria adorado derrotar Slytherin para você, mas há um leve problema com este plano,” disse Draco resignado. “Eu estou morto”.

“Você não está morto até você ter cruzado este rio,” disse Rowena impetuosamente. “O banco verde é o banco dos com vida, e o banco cinza é o banco onde os espíritos de assassinados e sem-vingança vagam mortos. Você está entre um e outro, criança”.

Ele olhou para ela. “Mas vocês estão mortos,” ele apontou. “E este é o suposto rio para fazer esquecer...”.

“Este não é o rio do Esquecimento Total,” disse Rowena, “mas o rio onde os espíritos destes nem verdadeiramente vivem, nem verdadeiramente vivem a morte. Nós todos não podemos morrer enquanto Salazar não morrer, mas também não podemos viver. É um terrível destino, ele nos tem amaldiçoado com encantos e feitiços”.

Draco estava curioso. “Ele matou todos vocês?”.

“Não exatamente,” disse Rowena. “Salazar, de fato, matou Godric - me desculpe, Godric querido, mas você sabe que é verdade--".

“Bastardo,” resmungou Godric. “Ele esquivou-se para trás de mim”.

Rowena balançou sua cabeça. “Eu suponho que Salazar acredite que sua defesa-própria estava em algum caminho deformado,” ela acrescentou na direção de Draco. “Todos nós acreditávamos que deveríamos conduzir o passo para proteger a nós mesmo contra ele. Juntos, nós forjamos uma arma mágica, cada parte manipulada, criada por um de nós - Salazar deve ter descoberto nossos planos. Ele atacou primeiro Godric. Depois, ele nos atacou - Helga e eu. Nós estávamos prontos para ele. Nós propomos absolutamente uma luta, mas ele era muito poderoso. Ele atacou Helga enquanto eu lutava contra ele, então ele veio sobre mim. Mas, finalmente, ele hesitou -" a voz de Rowena balançou um pouco. “E eu era capaz de trabalhar nosso feitiço sobre ele. Ele estava ficando impotente, mas a drenagem nos meus poderes de Magid foi tão grande que isto me matou. Assim, nós todos estamos aqui”.

“E então você o quer morto,” justificou Draco.

Rowena balançou sua cabeça. “Se ele pode ser assassinado, isto está além dos meus conhecimentos para dizer como. Eu posso dizer a você apenas como prendê-lo e esvaziá-lo de seu poder. E para isto, você precisa dos outros três herdeiros, e suas Chaves. Diga-me, eles ainda estão vivos, os outros Herdeiros dos Fundadores?”.

Draco hesitou, olhando em volta para o banco verde e para o oposto, o banco cinza da morte. “Você não sabe? Certamente, devem haver outros...espíritos aqui que morreu antes de você, que poderia te dizer--"

Rowena balançou sua cabeça. “Sem uma pessoa viva para nos olhar, nós ficamos sem forma, quase sem pensamento. Tempo não significa nada aqui, discurso quase não há”.

“Vocês não podem falar um com o outro?” Draco perguntou, revoltado. “Esta voz me contou que isto não era o Inferno... mas isto soa como Inferno para mim”.

Para a sua surpresa, foi Godric quem respondeu. “Há uma diferença,” ele disse. “O Inferno é para sempre. Nós estamos aqui apenas até nós sermos vingados”.

Helga tinha dado lugar para os outros, e volto agora, seus olhos negros vazios. “Há espíritos sobre o banco que gostariam de falar com o garoto,” ela disse.

Draco deu uma olhada atrás dela com surpresa. O banco parecia vazio para ele, cinza e árido. “Não há ninguém lá”.

“Você não pode vê-los,” disse Rowena. “Eles estão verdadeiramente mortos. Apenas sangue com vida pode fazer com que eles falem”.

“Eles dizem,” disse Helga, “que você é o filho de Lucius Malfoy, e que eles conheceram seu pai”.

Draco deu uma olhada em si mesmo. Sua camisa estava dura com sangue, mas ele tinha secado. Ele olhou para Godric, que exibia uma espada até o seu joelho, a gêmea da do Harry. Um milênio nas águas do rio da morte não pareceu ter a enferrujado. “Corte minha mão,” Draco disse, e com um feroz e asqueroso riso forçado, Godric tirou sua espada e cortou uma linha fina e irregular atrás da articulação dos dedos de Draco. “Você se divertiu muito com isto, não,” disse Draco, colocando sua mão para trás.

Godric meramente forçou um sorriso.

Draco caminhou através da água para juntar-se a Helga no banco. Sua mão estava ferida familiarmente agora. Ele arremessou isto, mandando um salpico de gotas escarlate voando na direção do banco cinza do rio.

Ele ouviu um som, como se mil suspiros fossem dados de uma vez só. O banco do rio parecia surgir para cima, e com isto aparecerão mil, cem mil, um milhão de formas deformadas, cinzentas e translúcidas diante dele. Ele nunca tinha imaginado um tal público, nunca imaginou um número tal de pessoas. Havia uma grande massa reunida até onde seus olhos podiam ver, e mais longe.

“Eu nunca imaginei que a morte tinha desfeito tantos,” ele disse.

“Desfeito,” uma voz de mulher murmurou. Cinza e sombria como todo o resto, ela ajoelhou-se no banco do rio. Onde seu próprio sangue tinha sido respingado no tórax dela, a pigmentação estava se espalhado como se tivesse sido jogada uma aquarela na água. Ele observou seus longos cabelos tornarem-se vermelhos, seus olhos verdes. Ela estendeu sua mão para pegar a mão da figura ajoelhada atrás dela, espalhado a cor para ele também.

Ele era um homem alto com cabelos negros desarrumados e óculos, e seus olhos, também, eram negros. Draco respirou profundamente. Mesmo que Draco não tivesse visto a foto que Sirius mantém em sua mesa, mesmo que ele não tivesse visto seus rostos nos velhos livros do ano de Hogwarts, ele saberia quem eles eram.

Eles pareciam com os pais de Harry.

*** *** *** ***

“Cruze suas mãos. Coloque-as no seu tórax e dê um empurrão, forte”.

“Okay”.

“Forte, sim”.

“Eu quebrarei suas costelas, fazendo isto -".

“Você está tentando fazer seu coração bater, quem importa se para isto você precise quebrar suas costelas? Faça de novo”.

Outra voz. “O que está acontecendo?”.

Harry olhou. “Oh inferno. Ginny -".

“O que está acontecendo com Draco?” sua voz tremendo. “Ele está morto?”.

Ron olhou para cima. “Talvez ela poderia fazer isto?”.

“Não, você é forte,” disse Harry positivamente. “E não pare, Ron, você acredita ter respiração nele, vamos, continue--".

“Você não entende isto, Harry. Ele está morto”.

“Faça” disse Harry e Ginny juntos, e Ron obedeceu.

***

Hermione devorou os corredores que levavam às masmorras, escorregando numa pedra irregular do piso ao fazer a curva com uma impulsividade afobada que a alcançou quando ela circundou uma esquina, ela escorregou em um objeto que tinha sido deixado no chão e ela sentiu precipitadamente seu joelho bater no chão. A dor era aguda e imediata e ela rolou, agarrando sua perna com força, arrastando seu pé com força, e olhando para baixo para ver no que ela havia derrapado -.

Uma varinha. Parecia a varinha de Sirius. Ela a pegou para devolvê-la, e quase caiu de novo quando um uivo de gelar o sangue cindiu a atmosfera subterrânea. Foi como ter sido atingida no rosto com uma onde de vento ou água de gelo frio; noite e frio e solidão fizeram-se audíveis e assustadores.

Lupin.

Esquecendo a varinha, ela começou a correr de novo, avançando com dificuldade um pouco agora, para o som do uivo. Ela contornou outra esquina, tropeçou, e chegou no portão da masmorra que estava fechado. Ela puxou com violência a porta, a abriu e correu para dentro, chamando por Sirius.

“Eu estou aqui,” veio uma voz resumida da cela no fim do corredor.

Hermione correu para lá - repentinamente surgiu.

Sirius estava na cela, apoiado contra a parede oposta - e entre ele a porta da cela estava um lobo.Um lobo do tamanho de um pequeno pônei, listado como um tigre de cinza e prateado, dos lábios saiam dentes que rangiam, orelhas colocadas para trás contra sua cabeça.

Não é,ela se lembrou, Ele. É Lupin.Você o tinha visto transformar antes.

Mas certamente, quando ele tinha se transformado antes, absolutamente ele não estava...tão grande? Ou com uma aparência tão furiosa.

“Sirius,” ela assobiou, “transforme-se para a forma animal – você disse que ele é apenas perigoso para humanos!”.

“Tentei isto,” disse Sirius imediatamente. “Não funciona. Hermione-“.

“Não me fale para sair daqui, eu não sairei daqui e deixarei você aqui ser comido!” ela falou entre os dentes irritadamente.

“Ele não irá me comer-“ Sirius começou, parou enquanto o lobo emitiu um outro resmungo de gelar os ossos. “Bem,” ele emendou, avançando um pouco paternalmente em direção ao lobo, “se ele fizer isto, ele ficará muito arrependido mais tarde”.

“Oh, ele comerá você certamente,” o demônio interrompeu. “Logo que o Chamado tornar-se suficientemente mais forte. Eu te dou.. cinco minutos”.

Hermione ignorou isto. “Sirius - há algo mais-“.

“O Lycanthe,” disse Sirius rapidamente. “Esta coisa do Draco de prata - que foi usada para ser uma Chave de Portal - eu preciso dela. Você pode convocá-la para mim?”.
Hermione já estava com sua varinha na mão. "Accio Lyncanthe!"
Houve um curto silêncio. Ela esperou, o coração esmagado, a briga do lobo nos sues ouvidos, um silêncio mortal e mau se aproximou de Sirius. De repente, um retrato espiritual de Harry chegou até ela, colocado no campo durante a Primeira Tarefa, estendendo sua mão para sua Firebolt, e esperando, esperando...

Clink.

O Lycanthe voou até ela, ricocheteando as barras da cela oposta, e Hermione a alcançou e a pegou. Seus dedos se fecharam em volta dela; ela virou-se para Sirius --.

Uma escuridão tão intensa foi cegando o brilho atrás de seus olhos. Ela abalou-se, apalpou suas costas atingida pela parede de pedra atrás dela, quase foi lançada por terra. A escuridão inundou sua visão.

E então a luz chegou.

Em sucessões rápidas, uma série de imagens correram por detrás de suas pálpebras. Ela viu um castelo cercado por torres, um grande globo de vidro na qual tremia uma chama, uma mesa na qual descansava um copo, uma adaga, e uma bainha, e a superfície de um espelho polida na qual reflete apenas escuridão.

Sua visão clareou e de repente ela estava de volta às masmorras, fitando os olhos de Sirius e do lobisomem através das barras da cela, ainda encerrada na cena chocante e terrível que havia encarado. Sentiu seus joelhos fracos e havia um zunido nos seus ouvidos, mas ela sabia o que tinha acontecido

Ela escutou Sirius berrando seu nome, mas ela ignorou isto. Em vez disto, ela caminhou para a porta não fechada da cela, a achou livre, e caminhou para dentro. Ela não sentiu de jeito nenhum medo, até mesmo quando o lobo virou-se resmungando de Sirius para encará-la, nem quando ele mostrou seus dentes, seus olhos estreitados, músculos tensos -.

“Hermione, saia daqui!” ela ouviu Sirius gritar com desespero, e então ela levantou sua mão com o Lycanthe prateado nela e o segurou no alto em frente do lobisomem.

O lobisomen se contraiu e soltou um uivo sobrenatural e choroso.

Hermione deu um profundo suspiro, e levantou o Lycanthe mais alto. "Tutamen mali intus," ela gritou, dirigindo a luz do Lycanthe para o lobisomen como se fosse uma varinha. "Cum monstrum colloquor, repulsus! Repulsus!"
O lobisomen endureceu-se - suas pálpebras se inclinaram, seus lábios tremeram - e então, ele foi de encontro ao chão amontoado e se deitou silencioso.

Hermione arfou, e a luz da chama desaparecendo da sua mente, como uma luz chicoteada de leve.
Tremendo, ela deixou a sua arma cair ao seu lado e olhou para Sirius.

Ele estava branco como sua camisa, a fitando nos olhos. “O que você fez? E como--?”

“Eu não sei,” ela sussurrou, fitando nos olhos de volta, e então, lembrando porque ela estava lá, estendeu sua mão para agarrar a de Sirius, que estava frio como o gelo, e começou a puxá-lo para a porta. “Sirius - você tem que vir - é sobre Harry e Draco...”.

***

Com o coração esmagado, Draco se virou para encarar os pais de Harry, sentindo de certo modo que estar diante deles diretamente era a última coisa que ele poderia lhe acontecer. Seus olhos fixados nos do pai de Harry - quem dificilmente já pareceu pai de alguém, ele parecia tão jovem, uma versão um pouco mais velha de Harry. É claro, ele tinha apenas cinco anos a mais do que Harry tinha agora, quando morreu.

Draco sentiu um frio passar por ele.

James Potter levantou seus olhos para os de Draco e eles não eram verdes como eram os de Harry, mas sim negros. Ele disse, “Eu me desculpo por interromper sua conversa”.

“Oh,” disse Draco. “Oh. Tudo - tudo bem”.

Cor e vida estava chegando aos rostos dos Potters ao mesmo tempo em que Draco os olhava, a mulher ajeitando-se, sua face corando, seus olhos fixos em Draco. Mas foi o homem quem primeiro falou.

“Você é apenas a segunda pessoa viva que nós já vimos neste lugar,” disse James. “E você ser filho de Lucius Malfoy - isto parece um acaso muito estranho. Eu acredito que eu deveria dizer para você que seu pai e eu éramos velhos inimigos”.

“Está tudo bem,” disse Draco. “Meu pai e eu somos velhos inimigos também”.

O espírito de Lily Potter puxou a manga de seu marido. James olhou para ela, então voltou-se para Draco ligou-se, sabendo sobre o que James estava por dizer.

“Se você é filho de Lucius, você deve estar em Hogwarts. E se você vai para Hogwarts - você deve conhecer nosso filho? Seu nome é –“.

“Harry,” Draco terminou. “Harry Potter”.

Lily prosseguiu à frente. Ele estava agora sentada na frente de James. “Então você o conhece?” Sua voz era clara e cintilante e muito bonita.

“Sim, eu - ele - todo mundo conhece Harry Potter,” disse Draco. O que está acontecendo? disse um pequena voz atrás da sua cabeça. Diga a eles mais; diga a eles que você o conhece bem, que ele é quase seu irmão, que ele é seu amigo - e mais do que isto - que ele é seu inimigo - porque ele é isto também.

Eu não posso, ele disse em resposta. Eu apenas...não posso.

“Todo mundo o conhece,” Draco disse de novo, derrotado. “Ele é famoso”.

“Sim,” disse James. “Isto é o que a última pessoa que conversou conosco disse. Mas ele sabia muito pouco”. Ele pareceu suspirar. “Não há tempo neste lugar. Uma hora pode ser um minuto, um momento, um ano. Eu não pode acreditar quando ele disse que Harry já tinha onze anos”. Ele levantou seus olhos negros para Draco. “Se ele está na escola, ele deve ser ainda uma criança...quantos anos ele tem agora?”.

Draco não pode olhá-lo. “Minha idade. Dezesseis”.

“Por favor,” Lily interrompeu. “Você poderia nos dizer algo sobre ele? Apenas um pouco?”.

Draco olhou para ela, e viu como o seu sangue tinha dado a ela uma aparência de quase vida. Seu rosto tinha clareado, seus cabelos, vermelho flamejante, quase da mesma cor dos da Ginny. Os olhos verdes com os quais Harry olhava para ele, implorando, suplicando por algo que ele não acreditava poder dar.

Ele limpou sua garganta. “O que vocês querem saber?”.

“Tudo,” disse ela rapidamente. “Ele está feliz? O que ele faz em um dia comum? Do que ele gosta?”.

Draco fixou seu olhar para baixo no rio que corria transparente, desejando que ele pudesse apenas desaparecer nele.

“Eu - bem, eu realmente não o conheço tão bem, e-“.

Lily emitiu um eco, chorando desapontada. “Mas você vai a escola com ele - você deve saber pelo menos do que ele gosta?”.

Ele levantou os olhos e olhou para Lily, e depois para James, percebendo que ele lhe enviava um olhar transparente também, um olhar terrível, assustadoramente como o de Harry, e ambos os espíritos tinham olhado para ele com uma expectativa esperançosa.

Oh, Deus, isto é horrível, pensou Draco. O que eu posso dizer? Por que não poderia ser Ron ou Sirius, alguém que de fato o conhecia, alguém que se preocupava com ele, eu sou a última pessoa que ele gostaria que falasse com os seus pais. A ÚLTIMA pessoa.

“Harry é...”. Ele olhou para outro lugar. “Ele joga quadribol pela grifinória,” ele disse “Ele foi o mais jovem Apanhador do século. Ele será capitão no próximo ano, e...”.

Draco esgotou-se. A propósito, ele podia dizer que pelo modo com que os espíritos olhavam para ele que isto não era o tipo de informação que eles queriam.

Ele ficou mudo, o que raramente acontecia. Se fosse eu, ele pensou, o que eu quereria escutar? Mas isto o atrapalhou, ele nunca tinha sido pai (felizmente, ele pensou) ele não poderia até mesmo imaginar. Então, ao invés de tentar chamar Harry em sua mente - nao o modo como ele via o Harry, mas o modo que Harry era, a memória do que ele acreditava ser o modo de ser de Harry, o mais perto possível do que Harry era.

Ele fechou seus olhos. “Meu pai,” ele disse, escutando a sua própria voz ecoar como um sussurro na água que corria, o sussurro impaciente dos espíritos. “Meu pai costumava falar muito sobre honra, a honra de nossa família, a honra de nosso sangue e de nosso nome. Mas na minha vida, eu nunca vi meu pai fazer uma coisa honrável. Eu acreditava que honra era apenas uma palavra, como linhagem e patrimônio, isto significa que você tinha estado por perto, em torno por um tempo, por um momento. Mas é algo genuíno e verdadeiro, ter honra. E Harry tem isto. Harry é a primeira pessoa que eu gostaria de ter ao meu lado em uma luta, e a última pessoa que poderia fazer algo clandestino ou mentiroso. Harry tem mais integridade do que qualquer outra pessoa que eu conheça”.

O espírito de Lily se afastou dele, e interou seu rosto sem substância no peito sem substância do marido. Sentindo como se ele tivesse dito cruelmente a coisa errada, Draco olhou apreensivamente para James, que o olhou de volta, piscando e meio transparente, e colocando seus braços em volta da esposa chorosa. “Você é um amigo dele,” ele disse. “Você não é?”.

“Algumas vezes,” admitiu Draco. “Me desculpe,” ele acrescentou, não exatamente certo se ele estava se desculpando, ou simplesmente expressando tristeza.

“Não se desculpe,” disse James. “Eu entendo”.

E Draco, particularmente, percebeu que James havia entendido.

“Você está pálido,” James continuou, olhando para Draco de mais perto. “Alguém está chamando você de volta”.

“Me desculpe,” disse ele de novo.

“Não. Isto é uma coisa boa. Você pode levar uma mensagem com você?”.

“Eu posso falar para o Harry que vocês-“

“Não. Não diga ao Harry que você nos viu. Isto apenas causaria dor nele. Há um homem chamado Sirius Black; ele é o padrinho de Harry, você deve tê-lo visto buscando Harry na plataforma 9 ¾ no fim do período letivo. Encontre o. Diga a ele para ir na sua caverna no Gringott’s e tirar de lá o que eu dei a ele antes d’eu morrer, e dar isto a Harry. Eu nunca disse a ele que era para Harry, mas é. Harry é o herdeiro de Gryffindor, ele irá precisar disto logo. E diga a Sirius que eu-“ e então o terreno deu um solavanco sob os pés de Draco e uma explosão macia espalhou o mundo, voando no seu rosto como espelho partido. Ele circundou os braços em torno de si para se proteger, mas uma dor dilacerante atravessou rasgando seu tórax, aumentando, e ele estava tossindo, tossindo com grande violência, respirando profundamente, tossindo e cuspindo água sobre toda a grama úmida e escura do jardim dos fundos dos Weasleys.

Ele piscou os olhos e os abriu. Ele estava deitado de costas, na grama, sob o céu escuro. Harry estava ajoelhado perto de seu ombro, Ron perto dele, muito pálido sob suas sardas, com a parte de dentro do seu pulso pressionado contra a sua boca como se ele tivesse tentando evitar gritar ou estando enjoado. E do seu outro lado estava Ginny, com olhos enormes que parecia um grau pior do que seu irmão - não apenas pálida mas com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

Draco perdeu o fôlego. Ele podia ouvir seu tórax rangendo como um radiador furado, e doía respirar, mas fora isso...

“Você está vivo,” disse Ginny, olhando e soando surpresa. Ele virou-se para o irmão. “Ron! Você fez isto!”

“Mmppph,” disse Ron, ainda olhando para Draco como se ele não acreditasse no que via.

O que está acontecendo? Draco tentou dizer, mas descobriu que captar o ar que o permitiria falar, fazia seu tórax doer mais uma vez. Ele concentrou-se em respirar e voltou seus olhos para Harry.

Hey, Potter...

Harry inclinou-se para frente tão rapidamente que uma de suas mão sem-substância atravessou o tórax de Draco. Draco olhou furioso para ele.

Harry o olhou pesaroso. Desculpe.

Não importa. O que aconteceu?

Você se afogou. Ron reviveu você.

Ele fez o que? Como?

Harry forçou um sorriso. Respiração boca-a-boca, Malfoy.

O que? Os olhos de Draco encararam os de Ron, alarmados. “Oh meu Deus, quê repugnante,” ele disse, em voz alta, antes que ele pudesse consertar. Isto produziu um outro espasmo de tosse. Quando ele se recuperou, ele viu o olhar irritado de Ron para ele.

“Bem, não foi nenhum pic-nic para mim, no entanto não serei mau-agradecido com você,” ele disse. “Pelo menos você estava morto nesta experiência. Agora eu desejo verdadeiramente que eu estivesse”.

Draco tossiu de novo. Ele começou a sentir como se estive tossindo seus próprios pulmões. Ele colocou uma mão sobre o seu tórax e sentou-se, o que pareceu liberar a pressão sobre suas costelas quebradas.
“Você pode respirar corretamente?” perguntou Ginny ansiosa, correndo para perto dele, e colocando a mão na sua testa. “Você está congelando”. Ela colocou suas mãos para trás, sujas de água e sangue dos cortes na face de Draco.

“Eu estou congelando,” Draco disse, e tentou tirar sua jaqueta, mas seus dedos não queriam obedecê-lo. Ele aparentava não poder fazer os trabalhos corretamente; os dedos tateavam o couro úmido de dragão e o soltavam.

“Deixe me,” disse Ginny, e o ajudou com a jaqueta. Ela virou-se para o irmão. “Ron, me dê a parte de cima de seu pijama”.

Ron olhou furioso para ela.

“Ótimo,” ela falou entre os dentes. “Ou isto, ou eu irei dar a ele a parte de cima do meu pijama”.

“Eu prefiro a opção número dois,” Draco disse, falou através dos dentes.

Ron suspirou, e retirou a parte de cima de seu pijama. Ele a atirou para Ginny, que a usou para enxugar os cabelos de Draco. “Nós precisamos sair destas roupas úmidas,” ela disse.

Neste ponto, Draco repetiu um espasmo de tosse, e enquanto ele se ajeitava, oportunamente eles deixaram de focalizar o seu olhar por alguns instantes. Por um momento, ele não poderia contar a Ron de Ginny, eles pareciam grandes manchas, com Harry, a sua direita, parecendo um tipo de mancha negra, ele estava perturbado, para falar o mínimo. “Vagabundo,” ele disse, e sua voz soou como uma água fresca borbulhante. “Eu não consigo enxergar corretamente”.

Ele estava vagamente ciente da bolha-Ron olhando com alarme para a bolha-Ginny, e então houve um suave *pop* enquanto alguém Aparatava no jardim.

“Sirius,” Draco escutou Ron murmurar com um suspiro, soando aliviado. “Graças a Deus”.

Houve uma pancada e Sirius ajoelhou-se no gramado próximo a Draco que tinha começado a tremer de novo, e com cada tremor sua visão escurecia mais um pouco. Eu não irei desmaiar, ele pensou de mau-humor. Eu não irei. Ele sentiu os dedos de Sirius no seu pescoço, checando seu pulso, então uma mão contra sua testa, fez lembrá-lo sua mãe checando sua febre.

“Schock hipotérmico,” ele escutou Sirius dizer calmamente, “Ele ficará bem se nós o levarmos para dentro”. Draco viu uma mancha enquanto ele virava. “Harry, eu estou mandando você de volta”.

Draco escutou a voz de Harry distante. “Tudo bem,” então ouve uma respiração mais profunda de Ron. Draco presumiu que isto significava que Harry tinha desaparecido. Um dos dois, ou o feitiço tinha saído horrivelmente incorreto e levado Harry para dentro de uma salamandra. De qualquer modo, Draco não estava certo de que ele também não teria se emocionado. Tudo parecia como se tivesse sido escoado de um longo e longínquo caminho. Ele sentiu a mão de Sirius no seu pulso, e a voz de Ron dizendo alguma coisa sobre um dano pulmonar, e Ginny perguntando se ele ficaria bem.
“Ele ficará bem. Eu posso arrumá-lo se nós o levarmos para dentro”. Sirius curvou-se sobre Draco. “Eu vou levantá-lo agora. Abrace-me, tudo bem?”.

Draco confirmou com a cabeça, e sentiu a mão de Sirius deslizar sobre suas costas, a outra sobre o seu joelho, o levantando. Ele não se lembrou de já ter sido carregado assim antes, não pelo seu pai de qualquer maneira, e foi uma surpresa perceber que ele não se incomodava muito. Ele jogou um braço em torno do pescoço de Sirius, olhando para os lados, viu o rosto branco e preocupado de Ginny, a lua atrás dela, então todas as formas do mundo correram como água colorida e Draco fez algo que ele tinha jurado que nunca faria, desmaiou.

***

Wham. (ruído forte).

Harry abriu seus olhos, sentindo um pouco como se tivesse sido golpeado pelo trem do Expresso de Hogwarts. Ele piscou, focando seus olhos, e viu que ele tinha voltado para poltrona na biblioteca dos Malfoys, fitando o teto, que se achava com o desenho de uma constelação folheado a ouro.

Ele fez várias tentativas até conseguir sentar e flexionar seus dedos. Todo o seu corpo doía com alfinetas e agulhadas. Ele conscientizou-se que estava sendo observado, e virou sua cabeça para os lados para ver Hermione sentando-se no braço de sua cadeira, olhando para ele de olhos arregalados.

“Oi,” ele disse.

“Você está bem,” ela disse, e isto era tanto uma pergunta quanto uma constatação.

Ele confirmou com a cabeça.

“Eu nunca teria enviado você lá,” ela disse sem-cor. “Eu nunca teria. Eu não acredito que eu fiz algo tão estúpido”.

“Hermione-“.

“Eu continuo dizendo que não era realmente eu,” ela continuou com a mesma voz sem-cor. “Eu não tenho sido eu por algumas semanas ou não. Eu nunca teria feito algo tão idiota. É meu trabalho evitar que você faça coisas estúpidas, não ajudá-lo e ser sua cúmplice. Se alguma coisa tivesse acontecido com você, isto seria minha culpa e isto poderia ter matado você, Harry, isto poderia ter matado você”.

Ela estava ainda o fitando com os mesmo olhos arregalados e de repente ele lembrou da maneira como ela olhou para ele depois que ele enfrentou o Rabo-Córneo-Húngaro no seu quarto ano, lembrou como ela segurou seu rosto com tanta força ao sentir medo por ele, tanto que ela tinha deixado marcas de unhas na sua pele. Às vezes, isto o surpreendia; que alguém pudesse se interessar pelo o que lhe aconteceu; isto sempre o surpreendia. “Hermione não,” ele protestou, e em um gesto incoerente, ele estendeu a mão para ela.
Em menos de um segundo, ela estava fora do chão, seus braços enrolados no pescoço dele. Ele enterrou seu rosto contra o dela, na curva de seu pescoço perto do seu obro. O cabelo dela cheirava como sempre foi, um cheiro que lembrava chá de hortelã de Marrocos. Ele sentiu seu peito arfar, e então ela estava chorando de encontro a ele, com um tipo de desespero silencioso e seco que o alarmou. O que se passava...?.

“Oh, Harry, eu realmente não posso acreditar nisto, e eu tenho certeza que você fez tudo o que era possível. Não é sua culpa”.

Harry chegou para trás e a olhou, confuso. “O que não é minha culpa?”.

“Draco. Ele está morto, não está?”

Harry olhou para ela, profundamente assustado. “Como você –“.

“A poção do amor em mim,” ela disse, simplesmente. “Eu a senti passar”. Lágrimas começaram a deslizar pelo seu rosto, e Harry acreditou que de alguma forma ela parecia estar muito calma, que ela estava muito Hermione. “O que aconteceu?” ela explodiu finalmente, sua voz inconstante. “Como ele - não, não importa, não me diga, eu não quero saber”. Ela esfregou a parte de dentro da sua mão sobre seus olhos. “Harry, eu me sinto tão culpada, há poucos dias, eu desejei que houvesse alguma coisa para que este estúpido feitiço fosse tirado de mim, e agora ele acabou, mas eu nunca quis-“.

“Hermione,” disse Harry com delicadeza. “Cale a boca por um minuto, okay? Eu tenho algo para te dizer, e você não irá acreditar nisto...”

***

“Ron? Ron salvou sua vida? Você está brincando. Eu não acredito nisto. Eu aposto que Ron também não está acreditando no que fez. Ele deve ter tido pena. Onde está o pó de Flu? Nós temos que ir até a Toca? Eu gostaria de ser capaz de Aparantar. Onde está o maldito pó de Flu?”.

“Hermione, pare de correr. Há cinco minutos, você estava chorando histericamente e agora você parece a professora McGonagall na velocidade. Eu estou ficando com dor de cabeça. De qualquer maneira, eu acho que o pó de Flu está atrás das escadas na cozinha.

“Vá e pegue, então”.

“Não seja idiota. Accio pó de Flu”.

“Harry, você não está supondo fazer mágica sem varinha - oooh, funcionou. Ótimo Encanto Convocatório”.

“Minha especialidade, obrigado”.

“Todas as suas especialidades, você deve a mim, bobo”.

“O que não é ter uma namorada convencida”.

“Não tente ser esperto, apenas me dê o pó de Flu”.

“Não”.

“O que você quer dizer com não?”.

“Venha e pegue”

“Venha e pegue? Quantos anos você acha que nós temos, doze?”.

“Você está com medo da minha força superior”.

“Eu não estou com medo da sua força superior. Você é que está com medo do meu intelecto superior. Não me olhe assim, Harry Potter. Tudo bem, eu faço isto”.

“Faz o que? Ow! Ow! Onde você tem aprendido como segurar alguém assim? Você parece um linebacker (batedor: faz referência ao Futebol Americano) americano, apenas, é claro, mais bonita e um tanto menos forte”.

“Bajulação não irá ajudá-lo. Eu estarei sentada aqui, sobre você, até você me dar o pó de Flu. O que você fez com ele, de qualquer jeito?”.

“Eu o escondi em algum lugar do meu corpo. Você quer procurar por ele?

“Você está me desafiando?”.

“Eu talvez esteja...”.

***

"Enervate".
Draco voltou a consciência instantaneamente, abriu seus olhos saltados, fixando o rosto de Sirius. “Onde eu estou?”.
“No quarto de Percy Weasley. Desculpe-me por acordar você; eu quero que você beba isto. É uma Poção de Aquecimento. Você precisa de ajuda para se sentar?”.
Draco hesitou, então concordou com a cabeça. Sirius esticou a mão e o ajudou a se sentar, sobressaltando-se um pouco com a frieza da pele de Draco. Ele enxugou as roupas do garoto com um Feitiço Dessicarus e o cobriu com cada coberta sobressalente que ele encontrou, mas isto não pareceu elevar a temperatura de gelo do seu corpo.
Draco pegou a caneca de Sirius com os olhos sonolentos e a aceitou sem questionar de completa exaustão. Ele a bebeu, segurando cuidadosamente a caneca com as duas mãos, e a entregando de volta para Sirius, que a colocou na mesa ao lado no momento em que Draco se recostava nos travesseiros, pressionando os nós de suas mãos nas suas têmporas. De repente, Sirius se lembrou de estar na infermaria com Harry depois da última tarefa do Torneio Tribruxo; quanto exaurido Harry parecia estar, quantos lugares, fronteiras ele cruzou e que Sirius não pôde segui-lo, tanto quanto ele supunha, ele precisava, tanto quanto ele teria querido. Ele teve uma repentina urgência de se aproximar de Draco, dar uns tapinhas no seu ombro, ou despentear seu cabelo, mas não o fez.
“Onde estão os outros?” Draco perguntou, suas pálpebras se fechando de cansaço.
“Eles estão todos lá embaixo. Mas você não deve ser visto por nenhum deles até amanhã. Daqui a pouco, eu trarei a sua mãe. No momento eu não posso enviar uma coruja, pois ela está no inquérito, mas eu acredito que ela não irá se importar se eu aparecer em pessoa. Não se isto for sobre você”.
Draco prosseguiu um pouco irritado com um pilha enorme de cobertores o cobrindo. “Mas eu quero ver-“.
“Não,” disse Sirius firmemente.
Draco olhou para ele com os olhos arregalados. Arrumou as cobertas, ainda estava tão pálido que cada cílios de seus olhos sobressaia-se como se tivesse sido individualmente marcado com tinta, ele olhou para o nada. “Eu estava morto, Sirius,” ele disse. Eu vi os Fundadores - todos exceto Slytherin - eu falei com eles e-“.
Sirius firmemente olhou por cima do ombro para ele. “Draco,” ele disse. “Você precisa dormir. Seu corpo precisa descançar. Seja o que for que você tenha a me dizer...nós...veremos...amanhã. Tudo bem?”.
Draco estreitou os olhos. “Você não acredita em mim”.
Sirius suspirou, e falou. “Honestamente? Não, é claro que não. Você estava muito perto da morte, Draco. Seu corpo estava em colapso. Quem sabe o que sua mente acredita ter visto? Mas se isto o fizer feliz, você pode me falar tudo isto – amanhã”.
Os olhos de Draco se fecharam. “Eu imaginei que todos ficariam curiosos sobre o que acontece depois que você morre,” ele disse, suas palavras moduladas pelo cansaço. “Eles não estão”.
“Sim, mas diferente de você, nós todos não nos colocamos em missões de renascimento para descobrir isto. E isto é tudo que eu vou dizer sobre isto. Vá dormir, Draco”.
Sirius se levantou. Ele estava a meio caminho da porta do quarto quando Draco falou de novo:
“Eu vi os pais de Harry, também,” ele disse.
A caneca voou da mão de Sirius e caiu no chão, trincando uma tábua do piso. Ele virou-se para Draco. “Você quer dizer Lily e James?”.
“Sim”.
Sirius estava ciente que seu coração palpitava de maneira irregular sob seu peito. “O que você quer dizer, você os viu?”.
“Foi o que eu disse,” replicou Draco, com uma voz vaga e meio sonolenta. “Eu estava em um lugar cheios de fantasmas. Tinham mil deles. E os pais de Harry estavam lá; primeiramente, James pensou que eu fosse meu pai, e veio até mim...”.
“Você parece com o Lucius,” sussurrou Sirius, e então: “O que você disse?” Ele escutou uma aflição de angústia em sua própria voz, e retrocedeu. “Não importa,” ele disse duramente. “Você estava meio-morto, Draco, você estava alucinando”.
“Por que eu estaria tendo alucinações com os pais de Harry?” Draco disse razoavelmente.
Sirius pressionou as pontas de seus dedos no seus olhos. “Eu não sei, Draco. Por que alguém tem os sonhos que eles tem?”
“Eles estavam lá. O pai de Harry parecia com ele, e sua mãe-.
“Draco, eu sei que você já viu fotos deles, isto não que dizer muita coisa. Por Deus, não se enlouqueça com isto”.
“O pai de Harry disse que havia alguma coisa na caverna de Gringott’s para Harry, alguma coisa que ele deu a você antes dele morrer-“.
“James não me deu nada antes dele morrer,” disse Sirius sem rodeios. “Vá dormir, Draco”.
Ele escutou um suspiro de derrota do garoto na cama, e depois um suspiro abafado, “Boa Noite, Sirius”.
“Boa Noite. E Draco?”.
“O que?”.
“Não diga nada disto para o Harry, tudo bem?”.
Um silêncio curto. “Tudo bem”.
Sirius saiu do quarto, fechou a porta atrás dele, e se recostou contra ela, suas mãos sobre seus olhos. Por que ele tinha mentido para Draco sobre algo que tinha sido deixado por James, ele não tinha certeza. De uma coisa ele estava certo, ele pensou. Ele teria que ir a Gringott’s amanhã.
***
Ron e Ginny sentaram-se com Harry e Hermione (recentemente chegados via Pó de Flu) na mesa dura dos Weasley’s, na cozinha amarela-clara, bebendo chá e comendo biscoitos digestivos tirados diretamente do pacote.
“Ele está realmente bem?” Hermione perguntou pela oitava vez, e pela oitava vez, Ron confirmou com a cabeça.
“Ele está bem...infelizmente”.
Hermione jogou um biscoito nele. “É karma, Ron”.
Ron pegou o biscoito e o entregou para Ginny que forçou um sorriso para ele. “Eu não estou preocupado com o meu carma,” disse Ron de forma convencida. “Levando em consideração”.
“Verdade,” assinalou Harry. “Você salvou a vida do Malfoy. Ainda que você tenha hesitado um pouco no início...”.
“Não foi. Bem, um pouco. Ele parecia tão morto, aquilo parecia sem propósito”.
“Ele estava morto,” disse Hermione, comendo um biscoito. “Clinicamente, de qualquer jeito, ele devia estar morto. Nenhum pulso, nenhum batimento cardíaco... nenhuma onda cerebral, talvez...”
“Malfoy já teve algum dia ondas cerebrais?” investiu Ron, mas Hermione o ignorou.
“É interessante,” ela acrescentou, seus olhos brilhando, “que o fato de Draco estar clinicamente morto foi suficiente para cancelar a poção do amor. É uma interjeição de mágica e ciência, eu realmente não tinha levado isto em conta antes, e as possíveis implicações-“.
“Tome um outro biscoito, Hermione,” disse Harry, firmemente, empurrando um na mão dela.
Ela sorriu para ele. “Eu estou sendo chata”.
Ele beijou sua orelha. “Sim, mas de um modo muito interessante”.
“É do interesse de Ginny,” disse Hermione, apontando para Ginny, que tinha o queixo sobre a mão e estava sorrindo.
“Não, eu não estou,” disse Ginny docemente. “Eu estava apenas pensando que Ron teve até agora, oficialmente, mais ação com Draco do que eu”. Ela virou-se para seu irmão com um sorriso ofuscante. “Parabéns, Ron!”.
Ron empalideceu. “Eu tenho que ir escovar meus dentes,” ele disse, fazendo como se você se levantar, mas Ginny agarrou seu braço e o puxou para baixo.
“Você já escovou seus dentes doze vezes e isto não te ajudou,” ela disse. “Encare o fato. Você beijou Malfoy, e não há nada que você possa fazer para mudar isto!”.
“Agora, Agora,” disse Harry, dando uma risada como um louco. “Foi um procedimento médico. Um procedimento médico que apenas parece muito com uma transa”.
“Você era o único que estava todo histérico!” disse Ron, apontando o dedo tremido para Harry. “Eu teria apenas deixado ele lá!”.
Harry revirou seus olhos. “Não, você não teria feito isto, Ron, por que você é um bom rapaz e bons rapazes não deixam as outras pessoas morrerem, até mesmo um purgante completo como o Malfoy”.
“Argh,” disse Ron, e deitou sua cabeça na mesa.
“Tenha cuidado, Ron,” Ginny murmurou, saltando para salvar o leite do outro lado da mesa. “Ron, tenha cuidado...”.
“Eu odeio todos vocês,” disse Ron, em um resmungo.
“Ah, vamos. Nós estamos apenas mexendo com você. Hey, como você sabia todo aquele feitiço anti-afogamento, de qualquer forma?” Harry acrescentou curiosamente. “Não que eles funcionaram, mas ainda, foi impressionante”.
“Bem, eles teriam funcionado se ele já não estivesse morto,” disse Ron. Então ele examinou Ginny, que olhava para trás dele, e suspirou.
“Nós tivemos um irmão,” ela disse, olhando para suas mãos. “Entre Percy e Charlie. Ele se afogou na pedreira quando tinha três anos de idade. Nós nunca o conhecemos, mas Papai e Mamãe insistiam para que todos nós aprendêssemos o feitiço anti-afogamento, apenas para o caso de alguma coisa acontecer”.
Hermione espiou Harry, que parecia surpreso. Aparentemente, nenhum deles sabia deste fato da família de Ron. Entretanto, ambos podiam dizer que questões como esta não pareciam ser bem-vindas. “Por que eles não obstruem a pedreira?” espantou-se Hermione.
Ron deu de ombros. “Você não pode. Eles tentaram. Há algum tipo de proteção mágica nela - ela é obstruída, mas reaparece no dia seguinte. Então, eles colocaram proteção ao redor. Elas apenas acabaram quando Ginny fez doze anos, calculando que nós já éramos todos suficientemente velhos para cair lá, e todos nós podíamos nadar, então... Harry, como você sabia este outro troço?”.
“CPR?” disse Harry, e o encarou. “Eu aproveitava que tinha que ir com o Dudley à aula de natação, mas na verdade, não me era permitido assistir as aulas com ele, por que custava dinheiro. Então, eu aproveitei para sentar nas aulas de CPR. Eu devo ter visto a mesma aula cinco vezes”.
Hermione deu uma risada para ele. “Eu aposto que você copiou isto do programa ‘Baywatch”.
Harry parecia indignado. “Eu nunca assisti ‘Baywatch!”.
“Aposto que você assistiu”.
“Eu não assisti”.
“Sobre o que vocês dois idiotas estão falando?” Ron perguntou, levantando sua cabeça de seus braços.
“Garotas de biquínis,” disse Hermione.
“Eu não estou completamente certo de que poderei deixar este meu desespero,” disse Ron melancolicamente.
“Desespero?”, Hermione saltou, deu a volta na mesa, segurou com força os ombros de Ron, e o beijou firmemente nas bochechas. “Você salvou a vida de alguém, Ron Weasley,” ela anunciou. “Eu acredito que isto faz de você um herói. E o fato de que você não gosta dele, faz de você ainda mais herói. Viu.”
Ron ruborizou-se.
“Está certo!” concordou Ginny, descendo para dar um abraço em Ron. Hermione jogou seus braços em torno de Ron pelo outro lado. “Hey,” Ron protestou com delicadeza embora parecesse que ele estivesse tendo um ótimo momento. “Garotas! Vocês estão bagunçando meu cabelo!” Harry os examinou, deu uma risada, levantou, e se juntou ao grupo, os abraçando com tanto entusiasmo que Ron caiu de sua cadeira e todos os quatro desmoronaram no chão em um monte gracejante.
“Bem, bem,” disse uma voz divertida da entrada. “Eu estou atrasado para o tumulto ou eu cheguei a tempo?”.
Ginny olhou para cima, ruborizou sorrindo, e pôs a mão sobre a boca em surpresa. “Charlie!”.
Os outros três também olharam para cima. Era certamente Charlie Weasley, com cabelos longos e despenteados, e olhos cansados. Ele estava vestindo suas roupas de pele de dragão, e havia uma mochila empoeirada atirada sobre suas costas. “Olá, a todos,” ele disse.
Ron saltou sobre seus pés. “Charlie! Como você chegou aqui? Dragão?”.
Charlie revirou seus olhos. “Eu já te falei antes, Ron, pessoas não montam em dragões. Isto é apenas um mito bobo. Eu Aparatei, o que você acha?”.
Ginny inclinou-se e estendeu sua mão para puxar Hermione para cima. “Você veio por causa de Draco?” ela perguntou a Charlie, parecendo curiosa.
Charlie olhou para o vazio. “Por causa de Draco...?”.
Houve um barulho nas escadas e Sirius entrou na cozinha, parecendo desgrenhado e imensuravelmente cansado. Seus olhos se alegraram quando ele viu Charlie, de qualquer forma. “Charlie,” ele disse avidamente, cruzando o cômodo para apertar a mão de Charlie, “você receber minha coruja, então? Maravilhoso, eu realmente preciso voltar à Mansão e -".
Charlie estava balançando sua cabeça. “Eu não recebi nenhuma coruja endereçada por você. Eu vim pois minha mãe me escreveu e me disse que meu tinha sido eleito Ministro, e que eles iriam ficar em Londres por alguns dias e ela me perguntou-“. Ele deu uma espiada em volta de novo, como se visse Harry e Hermione pela primeira vez. “O que vocês estão fazendo aqui, antes de tudo?”.
Houve um curto silêncio. Harry olhou para Ron. Ron olhou para Ginny. Ginny olhou para Sirius. Sirius olhou para Charlie, e suspirou.
“Venha para a sala de estar por um segundo, Charlie,” ele disse. “Eu te darei todos os detalhes”.
“Tudo bem,” disse Charlie lentamente, colocando sua mochila nas costas.
Sirius voltou-se para os outros quatro. “Eu quero que um de vocês fiquem com Draco, apenas para o caso de alguma coisa acontecer - nada irá, ele está bem, mas apenas como uma precaução”.
“Eu irei,” disse Ginny imediatamente.
“Obrigado”. Sirius voltou-se para Charlie. “Vamos”.
Enquanto Charlie seguia Sirius para fora do cômodo, Hermione o escutou dizer, “Eu trouxe comigo uma velha garrafa de uísque de fogo de Ogden.
Sirius deu um tapinha em suas costas. “Abençoado seja você, Charlie Weasley”.
***
“Aqui está o livro que eu tinha falado para você,” disse Ron, entrando na sala de estar na qual Hermione estava sentada em um grande sofá, suas mãos circundando a caneca de chá. Harry estava deitado de costas na poltrona, sua cabeça no colo de Hermione, um braço jogado sobre o rosto dele.
Hermione deixou sua caneca de lado e pegou o livro ofertado, parecida um livro mofado e encapado com couro bem espesso com letras douradas estampadas no seu dorso: A vida dos fundadores de Hogwarts. “Obrigada, Ron”.
Ron se sentou no braço da cadeira próximo a ela. “Ele adormeceu?” ele perguntou, esticando seu queixo para Harry.
“Mmmph,” disse Harry sem se mover.
“Isto significa não,” disse Hermione, abrindo o livro e começando a scanear as páginas. “Eu acho”.
“O que você está procurando neste livro?” Ron perguntou curiosamente.
“Não estou certa, exatamente. Informações sobre suas vidas... eu quero seriamente saber mais sobre o relacionamento de Slytherin e Rowena.
“Não há nada sobre isto no diário de Slytherin?”.
“Sim, mas ele era bem maluco sobre um monte de coisas e simplesmente endoidando e endoidando sobre a sorte e o destino e particularmente sobre o destino e sorte dos lagartos. O que era interessante sobre Slytherin...bem, para mim, de qualquer jeito, era o paralelo com Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Eu quero dizer que Voldemort tomou muitas idéias de Slytherin, eu acredito - desde a Marca Negra até todo o processo pelo qual ele tentou alcançar a imortalidade. Eu não sei o que isto significa, mas-“.
“Isto significa que o mau é mau, Hermione,” disse Ron, um pouco amargo. “Em qualquer período, se tem um”.
Hermione voltou sua cabeça para ele, mas não pode ler sua expressão. “Você está bem?”.
Antes que Ron pudesse responder, a porta da sala de estar se abriu e Sirius e Narcissa entraram. O rosto de Narcissa estava escondido pelo capuz de sua capa, mas Hermione podia ver o quanto ansiosa ela parecia. De qualquer jeito, sem nenhum aviso, ela alcançou Ron, e o beijou. Pela segunda vez nesta noite, Ron tornou a ruborecer.
“Sirius me contou o que você fez por Draco,” ela disse para ele.
“Erm,” disse Ron, afundado no seu assento. “Não foi nada”.
“Não foi nada! Isto foi tudo. Você é uma pessoa maravilhosa, brava e incrível, Ronald Weasley, e eu estou muito agradecida com você”.
Ron, ainda experimentando todas as sombras de vermelho que foi possível ruborizar, mostrou não ter nada para dizer disto.
Sirius parecia muito cansado, mas ele forçou um sorriso. “Vamos, amor,” ele disse. “Draco está lá em cima com Charlie e Ginny”.
Libertando Ron com um último olhar de gratidão, Narcissa seguiu Sirius para o andar de cima.
Hermione sorriu para Ron. “Você ganhou muitos beijos esta noite, não?”.
Ron piscou, sua cor voltando ao normal. “Tudo bem,” ele disse com rancor. “Eu ainda não gosto do Malfoy. Mas sua mãe, tudo bem”.
Hermione tentou não rir para não perturbar Harry. “Você é uma pessoa maravilhosa, brava e incrível, Ronald Weasley,” ela disse com voz rouca. Ron fez uma careta para ela. “Talvez ela possa convencer o Ministério a te dar uma medalha – ooh, ou sua própria figurinha no Sapo de Chocolate”.
“Bah,” disse Ron, mas parecia que estava levando isto em consideração. Ele se levantou de sua cadeira, se inclinou, e beijou Hermione na têmpora. “Eu estou indo para a cama. Vejo você de manhã”.
“Até mais”.
“Mpph,” disse Harry de novo, com fraqueza apontando alguns dedos na direção de Ron.
“Isto significa “boa noite”” Hermione traduziu para o benefício de Ron. Ele acenou da entrada e foi embora, fechando a porta atrás dele.
Com distração, acariciando o cabelo de Harry, Hermione voltou-se para o seu livro. “Ei, Harry, você quer que eu leia em voz alta para você?”.
“Mppphkay”.
“Tudo bem, então. Uma lenda popular sustenta que o Lycanthe foi inventado por ninguém menos que Rowena Rovenclaw em pessoa,” ela leu, para negociar com a peste dos lobisomens que tinham naquele tempo invadido a Ilha Britânica - isto graças ao Slytherin, eu estou certa - foi feita de prata, um metal odiado pelos lycanthropic. Pode ser facilmente encantado para criar uma Chave de Portal, purifica água, e...torna as roupas das garotas invisíveis. O que você pensa disto, Harry?”.
Harry não respondeu.
“Você está dormindo, não está?” Hermione suspirou, olhou para baixo, para o topo de sua cabeça.
Isto foi uma questão retórica. Harry, de fato, tinha dormido, seus olhos seguramente fechados, sua mão esquerda segurando a beirada do pequeno casaco de lã dela. Ela suspirou de novo e colocou o livro de lado.
“Harry...”. Ela correu seus dedos pelo cabelo dele, maravilhando-se, como sempre, com a eterna desordem, era tão suave.
Com cuidado para não incomodá-lo, ela alcançou seu bolso e pegou sua varinha. “Quiesce,” ela murmurou suavemente, gentilmente acariciando a bochecha dele. “Dulce somnolus”, e já o sentiu relaxar encostado nela. Ela tinha criado ela mesma o feitiço, um encantamento para um sono tranqüilo e sossegado, especialmente para Harry. Ela o tinha visto cair no sono diversas vezes, sobre os livros dele na biblioteca, na sala Comunal da Grifinória, ela sabia que seu sono era raramente contínuo. E ela usou isto nele muitas vezes antes, ainda que ele nunca tivesse sabido disto. Isto foi por que ele tinha pesadelos: isto ela sabia pois Ron tinha dito a ela. De fato, ele tinha estado tão mal que Seamus Finnegan tinha uma vez sugerido a Ron que eles perguntassem a Harry se ele poderia se mudar para outro quarto, ou até mesmo que ele tivesse o seu próprio quarto, então ele não mais os acordaria. E então, Ron falou para ele que se ele, Seamus, sugerisse alguma coisa deste tipo de novo, ele, Ron, o jogaria no lago.
Hermione suspirou. Ela sabia que devia acordar Harry, mandá-lo dormir no quarto de Ron enquanto ela iria para o de Ginny, mas era um privilégio especial, ela pensou, ficar observando seu amor dormir, e ela dificilmente observava Harry dormir tranqüilamente. E foi duas vezes mais precioso pois nestes momentos enquanto ele dormia, ela estava certa de que ele não estava em perigo nenhum, que ele não seria, de repente, jogado no perigo, ferido ou morto ou horrivelmente mutilado. Ela colocou o livro na mesa do lado para poder se recostar na poltrona, se inclinar sobre Harry e colocar seus braços em torno dele, deixando seu cabelo cair como uma cortina em torno deles, escondendo-os do resto do mundo.
***
Draco despertou, mantendo seus olhos fechados, chocado por ter dormido e não ter sonhado. Ele virou-se, abriu seus olhos e viu um borrão de cores que ele reconheceu rapidamente como o brilho do papel de parede amarelo do quarto de Percy, um quadrado do céu azul do lado de fora da janela, a poltrona vermelha próxima a cama, e uma poltrona manchada de preto, branco e verde que cintilaram uma vez e se transformaram em Harry.
Harry estava sentando com o queixo em sua mão, um de seus pés sobre a cama. Ele parecia totalmente acordado e horrivelmente alegre, e do lado de sua capa, brilhando claramente com os raios de sol que jorravam da janela, estava a espada de Slytherin.
Draco sentou tão rápido que sua cabeça latejou. “Potter, o que você acha que está fazendo?”
Harry olhou para ele estranhamente. “Eu estou sentado na cadeira. Há alguma coisa de incomum nisto?”
“Você está realmente aqui? Isto é, verdadeiramente aqui e não apenas uma projeção de si mesmo?”.
Em resposta, Harry chutou o lado da cama. “Yep”.
“De que modo? Dados os eventos de ontem? Eu estou surpreso que Sirius tenha deixado você ficar aqui comigo”.
“Eu não falei com ninguém sobre ontem”.
“Você não falou com ninguém? O que - por quê não?”.
“Duas coisas,” disse Harry, inclinando sobre a espada e a apoiando na parede na qual ela brilhava sem harmonia contra o papel de parede amarelo de Percy. “Um: no estado que você esta, você não poderia nem ter me atacado com um pedaço de espaguete pois isto seria muito pesado para você. Dois: você não sonhou com nada na noite passada. Sonhou?”
“Não,” disse Draco, olhando cautelosamente para Harry. “E daí?”.
“E daí que a poção do amor não foi, talvez, o único feitiço quebrado pela sua morte”.
“Potter,” disse Draco duvidoso. “Esta é uma hipótese muito instável”.
“Bem, então me diga alguma coisa, então”.
“O que?”.
“Você está sentindo vontade de me matar agora, neste momento?”.
“Erm. Bem. Não, na verdade”.
Harry deu de ombros. “Lá você teve”. Ele apoiou a espada contra a parece, a largou, pegou um copo de água na mesinha de cabeceira, e o ofereceu a Draco. “Aqui. Beba isto. E sossegue.
Draco se sentou e pegou a água, e deu uma olhada para si mesmo. Ele parecia estar vestido com um par de pijamas marrons. Suéter dos Weasleys , ele pensou de mau-humor. Marrom era uma cor que parecia apenas um pouco menos ruim nele do que rosa. “Quanto tempo eu dormir, de qualquer maneira? E quem decidiu que seu horrível rosto seria a primeira coisa que eu viria quando acordasse?”.
“Você quer dizer quanto tempo você este inconsciente?” replicou Harry. “Dezesseis horas. E nós temos nos revesado para observar você”.
Draco olhou para ele com uma profunda suspeita. “Quem colocou este pijama em mim?”.
“Ron colocou. Oh, e ele deu em você um banho de esponja. Ele tornou-se muito ligado em você. Isto é realmente meio fofinho, engraçadinho”.
Draco cuspiu água sobre a cama. “O quêeee?”.
“Estou apenas brincando,” disse Harry claramente. “Não tema, Ron ainda odeia você com a mesma ardente paixão. E sua mãe colocou estes pijamas em você. Ela ficou sentada aqui com você durante toda a noite e toda manhã, mas ela teve que voltar ao Ministério esta tarde. Ela deixou para você amor e beijos, os quais eu me privarei de pessoalmente entregar”.
“Bom,” disse Draco, dando a Harry um olhar sombrio. “Você está repugnantemente alegre esta manhã, Potter. O que aconteceu com você?”
Harry se apoio em sua cadeira e sorriu para Draco. Draco pensou que fazia semanas ele não via este olhar alegre de Harry. Isto foi um pouco desconcertante. Tinha tornado-se usual para ele ver Harry com uma permanente expressão de mau-humor ou um permanente olhar preocupado. “Bem, Malfoy, é sobre a poção do amor”.
Draco se sentiu ruborizar um pouco. Ele colocou o copo na mesinha de cabeceira com uma pancada. “Oh. Sim?”.
“Você não sabia que era irreversível exceto pela morte?”.
“Não. E?”
“Bem, você morreu”.
“Então eu morri”. Draco pestanejou de assombro. “Eu morri,” ele disse de novo, tentando sondar sua mente para ver como ele se sentia diante deste novo acontecimento.
Harry estava em silêncio. No que diz respeito a isto, Harry era um pouco como Sirius, Draco refletiu. Ele sabia quando falar e quando ficar quieto.
“Eu posso falar com ela, então?” disse Draco, finalmente.
“Hermione? Uh, sim,” disse Harry, com apenas um traço de hesitação. “Por quê não? Oh,” ele foi para atrás de Draco, e levantou um pacote de papel marrom embrulhado na mesinha de cabeceira. “Eu quase me esqueci. Você recebeu uma coruja”.
“Sério. De quem?”.
“De Snape,” disse Harry, segurando o pacote como se ele fosse uma bomba pronta para explodir. “Malfoy, por que Snape mandaria para você um pacote tão bem cuidado?”.
“Eu estive com ele. Longa estória”. Draco rasgou as cordas que mantinham o pacote fechado, mas seus dedos ainda não queriam totalmente fazer o que ele queria.
Aqui.
Draco olhou para cima enquanto Harry tirava alguma coisa do seu bolso e o atirava para ele. Ele o pegou e o trouxe para si. Era o canivete de Sirius, o mesmo que tinha feito a cicatriz na mão de Draco. E uma igual na mão de Harry.
Obrigado.
Ele deu uma pancada de leve abrindo a lâmina e cortou a embalagem abrindo-a. Um frasco cheio de um líquido cor de betume e um bilhete dobrado caiu no seu colo. Ele enviou o bilhete no bolso da frente de seu pijama, e girou a tampa do frasco, e bebeu o fluído, fazendo caretas só um pouco para o gosto agora familiar da poção de Força-de-Vontade.
Harry olhava para ele como se ele esperasse que de repente fosse brotar escaravelhos de dentro de suas orelhas. “Eu não posso acreditar que você bebeu isto. Você sabe o que isto era? Poderia ser veneno. Você esteve com Snape?”.
Draco deixou o canivete na mesinha de cabeceira e deu de ombros. “A diferença entre nós, Potter - bem, uma das muitas diferenças entre nós - é que Snape gosta de mim. Ele não me mandaria um veneno. E sim, ele esteve comigo. Tipo. Eu o deixei sem dizer para onde eu estava indo”.
“Eu estou surpreso de ver cor em seu rosto. Isto é tão diferente de você, Malfoy”.
“Livre-se da culpa agora mesmo. Eu recebi bastante isto de Sirius. Olhe, eu ainda acho que eu fiz a coisa certa”.
“A coisa certa? Malfoy, você morreu. Eu acho que as palavras “Eu falei para você” são uma insignificância redundante nesta conjuntura”.
“Oh, muito engraçado”.
“Eu apenas achei que nós estávamos-“.
“O que? Amigos? Nós não somos amigos”.
“Eu ia dizer “já que nós estávamos nisto juntos” mas tudo bem, este é o seu estilo”.
Draco olhou para Harry. Foi sua imaginação, ou Harry parecia muito insultado como se o seus sentimentos tivessem sido feridos? E daí? ele pensou para si mesmo, e então, com mais pesar, bem...
“Nós não podemos estar juntos em alguma coisa,” ele pontuou, um pouco menos desagradável. “A primeira vez que eu vi você ontem, eu apunhalei você. Eu acho que isto tira qualquer possibilidade de um relacionamento tipo Batman e Robin”.
“Olhe, Malfoy, meu objetivo não era que fosse vadiasse por aí dando vazões para as suas compulsões homicidas no que concerne a mim. Meu objetivo é que você nos incluísse no seu pequeno plano. Você acha que Sirius iria impedir você de falar com Snape se isto fosse para te ajudar? Ele teria escrito para ele por você, ele teria arrastado toda sua tropa do Ministério; Lupin teria dado a você o encantamento da Força de Vontade...”.
“Ou eles teriam me içado, me acorrentando na masmorra com instrumentos de tortura”. Como meu pai teria feito.
“Você apenas não sabe em quem confiar, não é mesmo?”.
“Eu não confio em mim mesmo,” disse Draco em poucas palavras. “Ele é o ponto”.
“Bem, eu confio em você,” disse Harry, olhou de cara feia, e pareceu como se ele fosse acrescentar “pelo menos”, mas reprimiu-se.
“E isto é uma coisa estúpida para se fazer,” disse Draco sem rodeios.
“Eu não sou o único que faz coisas estúpidas. Este é o seu departamento”.
Draco cruzou seus braços e olhou furioso para Harry. “Eu não faço coisas estúpidas”.
“Oh, eu que sei. Primeiro você insiste em pegar um objeto que você sabe perfeitamente bem que é um Talismã do mais puro mau. Então você não fala para ninguém que a espada está te dando pesadelos ou que está falando para você matar seus amigos. Então, você repreende Lupin quando ele está tentando te ajudar, brigou com Sirius, e foi embora noite adentro com sua espada do demônio e tentou se dar de comida para um grande e feio grupo de dragões. O que foi que você planejou fazer ainda? Colocar-se no topo da morte durante uma tempestade de raios vestindo uma armadura molhada e gritando “Todos os deuses são bastardos” a plenos pulmões?”.
Draco explodiu em risadas e a tensão ruim entre eles, que tinha se formado rapidamente, se quebrou.
Harry sorriu com raiva.
“Isto foi de fato muito engraçado, Potter. E aqui, eu sempre pensei que você tinha o senso de humor de uma tigela de tapioca molhada”.
“Então você admite que você pode estar errado”.
Draco olhou para Harry.
Harry olhou de volta com os olhos verdes resolutos e firmes.
“Okay,” disse Draco. “Em algumas coisas eu errei. É claro,” ele admitiu, “sobre como muitas vezes o céu torna-se verde e a Terra começa a revolver-se, mas, você sabe...”.
“Eu tomarei isto como uma total admissão de culpa, incluindo de desculpas. Agora, é sua vez de fazer alguma coisa por mim”.
“Oh, sim? O que?”.
“Me diga alguma coisa de Snape,” disse Harry, particularmente de modo inesperado. “Alguma coisa...má. A forma como ele olhava furioso para mim nas aulas de poção com seus pequenos olhos cinzas, eu posso imaginar por mim mesmo, “certo, amigo, vá em frente e olhe, mas eu sei que você está de fato em uma piscina com um tubarão no Três Vassouras onde eu faço qualquer um chamar você de “Jimbo””.
Draco balbuciou com jovialidade. “Potter! Você soa como eu!”
“De modo algum. Vamos, Malfoy, conte. Você estava na casa dele. Você deve saber alguma coisa. Ele tortura pequenos animais? Ele mantém fotos da professora McGonagall sobre seu travesseiro? Ele se veste de mulher quando não tem ninguém por perto?
Draco deu uma risada. “Snape? Um travesti? Com aquele nariz?”.
“Vamos, Malfoy, deve haver alguma coisa”.
“Bem,” Draco permitiu, “eu o escutei cantando "Hooked On A Feeling" no choveiro”.
“Você está brincando”.
“De fato, ele soou muito bem. Ele atingia notas altas e tudo”.
Harry franziu as sobrancelhas. “Isto não é realmente o que eu tinha em mente”.
“Eu não estou certo se posso fazer melhor”.
“Faça alguma coisa,” Harry sugeriu.
Draco olhou para ele sombriamente.
“Oh, certo. Você não mente. Você tem sempre sido assim ou esta é a parte completamente nova e melhorada de Draco Malfoy?”.
Draco bocejou e estendeu a mão para um travesseiro extra. “Não se preocupe, Potter,” ele disse, colocando o travesseiro atrás da cabeça. “Eu provavelmente não minto, mas eu ainda sou um grande fã de todos os outros pecados: ira, sexo, música alta...você pode tatear a mentira daqui”.
“Por que você pegou todos os pecados legais?”
“Porque eu sou um tipo legal de cara?”.
“Se você acha-“.
Harry foi interrompido por uma batida na porta, inclinou sua cabeça para o lado, e sorriu. “Hermione,” ele anunciou. “Ela deve ter vindo cuidar de você”.
Draco olhou para ele com curiosidade. “Como você sabe que é ela?”.
Harry deu de ombros levemente.
“Você sabe que foi ela quem bateu?”.
A orelha de Harry tornou-se vermelha (rosa), e ele olhou para Draco audaciosamente. “Não me diga que você não sabe”.
Antes que Draco pudesse responder, a porta se abriu e Hermione entrou. Ela olhou para Harry, e depois por cima dele, e depois sorriu de maneira hesitante. “Então você acordou. Como você se sente?”.
Draco sorriu angelicalmente. “Eu me sinto bem”.
Ela parece realmente uma gracinha, ele mentalmente falou para Harry. E esta saia. Muito curta. Eu não acredito que ela veste algo assim.
Harry fez um barulho como se engasgasse. Hermione olhou para ele surpresa. “Harry, o que foi?”
Harry fez um gesto de demissão. “Nada. Aspirei uma pouco de poeira”.
Tome esta de volta, Malfoy.
Hermione ainda sorria para Draco. “Quando você acordou?”.
“Oh, penas há alguns minutos,” ele disse, com um exagerado bocejo. Olhe como ela sorriu para mim. Ela me faz realmente fantasiar. Oh, não com este tipo de amor-eterno que vocês, garotos têm tido, mas com um tipo primitivo de atração animal. Olhe, ela me despiu com seus olhos.
Ela não despiu você com os olhos dela.
Hermione estava preocupada. “Harry, está tudo bem com você? Você parece que está com dor de cabeça”.
Draco olhou com uma curiosidade suave. Tem usado recentemente a velha desculpa da dor-de-cabeça, de novo.
Harry fez outro barulho como se engasgasse. Cale a boca, Malfoy. Ou irá acontecer um acidente.
Que tipo de acidente?
Do tipo em que eu acidentalmente te estripo com um descascador de cenoura.
“Nhai...,” investiu Hermione, soando impaciente. “Por que vocês estão apenas sentados aqui, se encarando? Eu interrompi alguma coisa?”.
“O quê?” Harry voltou, e pestanejou para ela. “Oh. Não. Está tudo bem”.
Atrás dele, Draco fez um barulho tipo uma bufada. Cai fora, Potter, e nos deixe sozinhos por um momento, sim?.
De jeito nenhum.
A reação de Draco tinha um tom de lamentação. Mas você prometeu...
Harry deu as costas para ele, então parou e olhou culpado para Hermione que fitava ambos com uma expressão irritada. “Você acabou se tornando totalmente anti-social e esquisito?” ela disse em um tom cortante. “Por que Ron disse que precisava falar com você, Harry”.
Harry levantou-se relutantemente, cruzou o quarto, parou em frente a Hermione, então, sem nenhum aviso, a segurou e a beijou. Não apenas um beijo casual também, mas um tipo de beijo que poderia ter derretido aço sólido. Quando ele a libertou, Hermione encostou-se contra a parede e olhou para ele com os olhos arregalados. “Harry?”.
Ele lhe devolveu um olhar inocente. “Sim?”.
Hermione pegou seu braço e o puxou para ela, falando baixinho no ouvido dele. “Você não, um, tem algum problema eu falar sozinha com Draco, tem?”.
Harry virou seus olhos para Draco, que tinha apanhado o copo de água da mesinha de cabeceira e o estava examinando com um grande interesse. “Oh,” disse Harry. “Não. Tudo bem. Vocês dois tenham uma boa... conversa”.
Hermione beijou Harry na bochecha. “Eu te amo”.
Ele a beijou de volta, em seu estado de distração atrapalhada sua bochecha e deu um beijo no seu nariz. “E eu te amo. Vejo você mais tarde,” ele acrescentou, virando e acenando para Draco. Toque nela uma vez, Malfoy, e eles terão que colher pequenos pedaços de Malfoy do carpete este ano.
“Até mais tarde, Potter”. Draco retornou o aceno. E se você não nos encontrar quando você voltar, nós estaremos trancados no banheiro, jogando o jogo da garota de escola má e do diretor malicioso.
Harry passou sua cabeça pela porta enquanto ela fechava atrás dele. Me faça lembrar por que nós salvamos sua vida de novo?
Por que vocês são bons garotos.
Nós consideraremos isto.
***
Quem quer que seja que chamou isto de “Beco da Memória” foi um cretino, Sirius pensou, olhando em volta dele. O Beco invocou a imagem de uma estrada rural bonita ladeada por flores, céu azul, trinado de passarinhos. Talvez isto deveria ser assim se você tivesse sorte. Até o ponto em que ele se interessava, entretanto, a memória era uma estrada escura ladeada por espinhos cruéis, pavimentada com rochas irregulares, delimitada por lápides dos seus amigos.
Sirius olhou em volta devagar. Estava no frio cofre em Gringott’s número 711 e sua respiração expirada saiu como uma nuvem de geada. Fazia anos que ele havia descido ali; de fato, suas retiradas e depósitos tinha sido feitas pelo correio corujal, e não houve necessidade de sua visita pessoal. E nenhum desejo de ver os restos de sua antiga vida.
Lá em um canto estava sua motocicleta, brilhando e perfeita graças a um feitiço anti-enferrujamento. Havia a arca que guardava suas velhas roupas, seus livros de escola, álbuns de fotos, seu certificado de Auror. Havia uma grande quantidade de ouro, a multa em dinheiro que o Ministério tinha sido obrigado a pagar para ele quando a sentença original que o tinha enviado para Azkaban foi derrubada. Mil Galeões para cada ano que ele tinha ficado na prisão. Isto foi bastante dinheiro. Sirius quase não o tinha tocado.
Ele andou para um canto do cofre e ajoelhou-se entre os vários livros e papéis. Ele os pegou por um momento e os embaralhou para achar o que ele veio procurar.
Um livro. Muito grande, encadernado com couro, o seu dorso impresso em prata. Interpretações dialéticas da Arte e da Ciência da Aritmancia, por K. Fraser.
Sirius fechou seus olhos, e escutou a voz de James, astuta e divertida, falando para ele que este foi o título que soava mais tediante que ele poderia encontrar.
Ele abriu seus olhos, suspirou, e pressionou com força seu polegar no F em “Fraser”.
-pop-
A capa do livro se abriu, expondo espaço escavado lá dentro. Uma vez, este foi o primeiro esconderijo do Mapa do Maroto, antes de sua confiscação. Agora, ele continha alguma coisa mais.
Os olhos de Sirius se arregalaram. “James,” ele sussurou, sua respiração escapando de sua boca em pequenas fumaças brancas. “Que diabos você espera que ele faça com isto?”.
***
No momento em que Harry saiu, fechando a porta atrás de si, um estranho silêncio se instalou entre Draco e Hermione. Hermione olhava para o chão. Draco olhava para a janela.
Finalmente, Draco suspirou. “Oi,” ele disse.
Hermione limpou sua garganta. “E oi para você também,” ela replicou, e hesitou.
Ele estava meio sentando na cama, as cobertas caídas sobre ele, e embora ele estivesse vestindo ridículos pijamas muito grandes, e embora seu cabelo estivesse de pé, como uma versão platinada do de Harry (espontaneamente, Hermione experimentou de repente uma visão de Harry com seu cabelo louro branqueado, e quase gritou), mesmo com tudo isto, havia ainda nele um estranho ar de dignidade. “Você pode se aproximar de mim, você sabe,” ele disse. “Eu me afoguei, isto não é contagioso”.
Ela tentou rir para ele. “Eu não sabia se você ia querer me ver,” ela disse, e andou para se sentar na cadeira recentemente vagada por Harry.
Draco sacudiu sua cabeça. “Eu não estou com raiva de você, se é isto que você quer dizer”.
“Eu pensei que você estaria,” ela começou hesitante. Quase inconscientemente, ela levantou sua mão e tocou o Lycanthe de prata que ela tinha amarrado com uma corrente em volta do pescoço; de alguma maneira, ela achou que fazendo isto, ela ganharia forças. “Porque eu fui absolutamente terrível com você e eu estou muito triste com isto. Eu não sei o que dizer exatamente, que isto não fui eu de verdade. Eu nunca teria tratado você daquela maneira se eu estivesse com a minha mente em ordem. Eu nunca teria pedido para você mentir”.
“Bem, eu apenas obtive sucesso nisto pois evitei falar muito,” disse Draco, com um sorriso curvo.
“Conhecendo você, isto deve ter sido bem ruim”. Hermione sorriu de volta para ele.
“Está tudo bem. Eu entendi porque você fez isto,” replicou Draco imediatamente, e seu sorriso desapareceu. “De qualquer forma, isto acabou agora”.
Hermione percebeu um tremor de desconforto em seu tom. “Bem,” ela disse, tão levemente quanto ela pode, “finalmente, agora nós podemos ser amigos”.
“Não,” Draco replicou sem olhar para ela. “Nós não seremos amigos, Hermione”.
Ela largou o Lycanthe de surpresa. “O quê? Por quê não?”.
“Porque eu digo isto”.
“Isto não é resposta”.
Draco suspirou. “Porque alguém, uma vez, me disse que há um equilíbrio natural em todas as coisas. E isto-“ ele indicou o espaço entre eles- “você e eu, de qualquer forma nós, isto desarranja este equilíbrio”.
“O quê? Não! Isto não faz nenhum sentido, Draco. Você sabe que não faz”.
“Isto faz sentido para mim”.
Ela mordeu seu lábio. “Eu te amo,” ela disse em uma voz que tremia. “Eu disse para você isto antes. Talvez não do mesmo modo que eu amo o Harry, mas eu amo você. Você sabe o que aconteceu comigo quando eu pensei que você tinha morrido? Você sabe como eu me senti?”.
“Pare com isto”. Draco jogou as cobertas para o lado e deslizou para a beira da cama, a encarando. “Não percebe o que eu quero dizer?”.
Ela balançou sua cabeça. “Eu não entendo”.
Ele levantou suas mãos ao mesmo tempo em que ela o fez; suas mãos se encontraram, e ela segurou as mãos dele com força, tentando não recuar frente a sua frieza.
“Há alguma coisa nos colocando juntos,” Draco disse. “Como eu estou ligado à espada, como meu pai estava ligado à Marca Negra impressa na sua pele. Você lembra o que Slytherin disse quando ele viu você comigo? Ele estava satisfeito. Ele estava alegre. Porque ele sentiu que esta ligação, este laço, seja o que for que nós tenhamos, estava se desenvolvendo”.
“O que há de errado em se ter um laço? Isto não é necessariamente algo de diabólico”.
Draco hesitou. “Toda noite eu tenho-“.
“Pesadelos. Eu sei-“.
“Sim, pesadelos. Com você. Bem, com outras coisas também, mas você está sempre entre elas. E eu sei que eles não são necessariamente meus sonhos, eu sei que talvez eles estejam... sendo enviados para mim de algum outro lugar. Toda noite, Hermione, toda noite eu tenho medo... eu não quero machucar o Harry. E eu não quero dizer no que tange a alguma coisa de emocional. Eu quero dizer que eu tenho medo de ferí-lo. E nos sonhos...”.
Havia um sino nos ouvidos de Hermione. Ela o fitou nos olhos, nos olhos cinzas dele, negro como carvão nas extremidades misturado como o prata de suas pupilas. “O que eu estou fazendo?”.
“O quê?”.
“Nos sonhos. O que eu estou fazendo?”.
Draco olhou para ela com uma óbvia relutância. “Algumas vezes, nós estamos nos casando. Ou, pelo menos, nós vivemos juntos e é tudo muito comum e agradável. Outras vezes, eu estou... ferindo você, nós estamos lutando, e isto não é agradável. Uma outra vez, nós estávamos caçando na floresta juntos. Duas noites atrás, eu sonhei que eu estava doente e que você veio me ver...”.
“E eu digo para você que ninguém havia me enviado,” disse Hermione lentamente, sua voz caindo para uma cadência sonhadora. “E você disse que tinha sido picado por uma cobra de propósito”.
Draco ficou muito branco. “E eu disse que eu amava você”.
“E eu disse que você iria me sacrificar junto com todo o resto”.
Draco balançou sua cabeça. “Não você. Nunca”.
Houve um momento de total silêncio. Draco fitou os olhos dela com uma expressão de alguém que observa o céu à noite com o brilho de estrelas caídas - confuso, distraído, esperançoso. Finalmente, ele disse, “Como...?”.
Ela levantou sua mão e tomou a outra mão dele, cobrindo ambas com as suas, esperando que isto as tornasse menos frias. “Isto é o que eu sonhei ontem à noite,” ela disse. “Eu pensei que isto foi apenas porque eu estive lendo sobre a vida dos Fundadores de Hogwarts, e Salazar Slytherin foi picado por uma cobra, uma vez, e quase morreu. Mas foi tão real...” ela se inclinou, olhando para ele intensamente.
O sangue estava começando a voltar para o rosto dele; tinham manchas de excitação colorindo as maças do seu rosto, fazendo-o parecer febril. “Draco, você tem mais alguma coisa para me dizer? Alguma coisa que tenha acontecido com você. Eu posso ajudar você a resolver isto, eu prometo a você que eu posso. Eu juro. Você acredita em mim?”.
Ele hesitou. “Qualquer coisa?”.
“Qualquer coisa. Os sonhos, tudo”.
“Houve uma vez em que eu sonhei com o time feminino do Brasil de Quadribol.”
“Okay. Nem tudo”.
***
“Hey, Ron. Você viu o Harry?”.
Ron, que estava olhando a janela friamente, fitou sua irmã, que tinha entrado na sala-de-estar, carregando um par de botas. “Eu acho que ele está no jardim com Charlie, dando vazão aos seus sentimentos via desgnomização. Por quê?”.
Ginny sentou no chão e começou a calçar suas botas. “Eu queria perguntar a ele se eu poderia pegar emprestado seu canivete de bolso, mas não importa. Por que eles estariam dando vazão aos seus sentimentos?”.
Ron apontou para a escada, indicando o andar superior. “Draco. Hermione. Conversando. Ou qualquer coisa do tipo,” ele disse sucintamente.
Ginny parecia descontente. “E Harry os deixou lá sozinhos? Ele não os deixaria”.
“Sim, e você tem que ser totalmente objetiva. Honestamente, o amor complicado vive cercando este lugar. Você não pode dizer o que as pessoas podem ou não fazer, Ginny. Você apenas tem que confiar nelas”.
Ginny parecia estar refletindo sobre isto, mas considerou com extrema suspeita. “Eu não vejo por quê não?”.
“Relacionamentos são baseados em confiança”.
“Não pode eles serem baseados em um interesse comum e uma insana atração física?”.
“Tente não tirar de mim tudo o que eu gosto em você ou eu irei te ignorar. O que você está fazendo de botas, de qualquer maneira?”
“Eu estou indo ao porão pesquisar”.
Ron parecia confuso. “Pesquisar o que?”.
Ginny deu de ombros. “O que sempre papai nos contou. Nossa ancestral Hufflepuff. Eu quero dizer, se Hermione disse que a Helga Hufflepuff na tapeçaria parecia comigo. E se ela se relacionou com Ravenclaw...bem, faz sentindo que se há alguma coisa nos ligando a Hufflepuff, isto está no porão. Eu quero dizer que há apenas milhas de túneis e coisas lá embaixo que ninguém se incomodou em olhar durante cem anos. Lembra quando George achou aquela coisa que furava e papai disse que aquilo datava de uma das primeiras rebeliões dos duendes.
Ron balançou sua cabeça. “Parecia um pouco absurdo, mas estou acompanhando o que você diz”.
“Por que você não vem comigo? Você não é necessário aqui neste momento?”.
Ron estremeceu. “Aranhas,” ele disse imediatamente.
A porta abriu com uma pancada, e Harry entrou, parecendo desgrenhado. Suas mãos estavam cobertas de sujeiras e tinha lama sobre sua camiseta branca. Ele olhou de Ginny para Ron. “O que vocês dois estão fazendo?”.
“Ginny decidiu descobrir relíquias no nosso porão,” disse Ron, dando de ombros.
“E eu queria que o Ron fosse comigo, mas ele não quer”.
“Ele não pode,” Harry corrigiu, pegando Ron pela parte de trás de sua camisa. “Eu preciso dele para uma outra coisa, neste momento”.
Ginny fez uma careta. “Isto é a sua cara,” ela disse, puxou com força a porta do porão, abrindo-a, e descendo a escada aos berros.
Harry olhou em seguida para ela, e depois voltou-se para Ron, um expressão cômica no seu rosto. “Ela parece...diferente recentemente. Você não acha?”.
“Talvez,” Ron limitou-se a dizer. “Harry, você está colocando as mãos sujas na minha camisa”.
“Oh. Desculpe. Aqui, suba comigo as escadas”.
***
“Eu não posso acreditar que você esteja tomando notas do que eu estou falando para você”.
“Bem, você nunca sabe o que virá a ser importante, não é?” Hermione olhou para Draco e sorriu, colocando uma mecha de cabelo rebelde atrás da orelha dela. “Eu não posso acreditar que você falou com os Fundadores. Em pessoa. Você parece... a história se movimentando agora.
Draco parecia desolado. “Eu tinha sido inicialmente o charme deste movimento”.
“A História é um sujeito muito atraente”.
“Isto se dá pois o professor Binns está neste momento no inferno numa roda com mulheres do Três Vassouras”.
“Professor Binns está morto, Draco”.
“Eu também estava, ontem”.
“Você se gaba disto, não”. O sorriso de Hermione tirou a alfinetada contida nas suas palavras. Ela mordeu o fim de sua pena e olhou para Draco com ponderação. Draco estava sentado na cama, seus joelhos retraídos, suas mãos em torno deles. Hermione esta inclinada na sua cadeira, o note book apoiado aberto sobre suas pernas. “Agora, você esta certo de que o que Rowena disse para você é que você precisaria dos Herdeiros, e de suas chaves”.
“Sim. Isto quer dizer alguma coisa para você?”.
“Não ainda, não. Bem, talvez. Eu não sei o que são as outras chaves, mas eu suspeito que o Lycanthe seja uma. Eu preciso acabar de ler aquele livro sobre os Fundadores, e eu irei pedir ao Sirius para me emprestar o diário de Slytherin. Em alguma lugar, há uma explicação”.
Frente a energia e o entusiasmo no rosto de Hermione, Draco de repente se sentiu inexpressivelmente cansado. Ele bocejou, deslizando para debaixo das cobertas. “Você está pretendendo ficar comigo enquanto eu estou dormindo também?”.
“Eu irei se você quiser. Embora eu acredito que já está na hora do turno do Ron”.
“Ron? Tendo salvo minha vida, isto não o isenta da responsabilidade de ficar do lado da cama do doente?”.
Hermione sorriu. “Tecnicamente, sim, mas nós achamos que seria uma boa idéia para vocês poderem conversar”.
Draco roncou e puxou as cobertas sobre sua cabeça. “Isto é um complô”.
“Talvez,” disse Hermione severamente. “Mas se vocês irão trabalhar juntos, e eu acredito que nós teremos, então é melhor que todos nós nos entendamos”.
“Talvez o Weasley e eu estivéssemos mais felizes nos odiando”.
Hermione olhou para ele severamente. “Ron não é uma pessoa odiosa,” ela disse. “Ele não quer odiar você, ou qualquer outra pessoa. Ele é basicamente a pessoa mais doce que você poderia esperar conhecer.
Neste momento, a voz de Ron tornou-se audível no corredor. “Por que eu tenho que me sentar com o “fingido-se de doente” bastardo?” ele perguntou em voz alta para uma invisível companhia, provavelmente Harry. “Você sabe que eu odeio este miserável puro-sangue”.
“Ele não está se fingindo de doente,” veio outra voz - a voz de Harry soando divertida.
“Bem, se ele está realmente doente, uma visita minha pode empurrá-lo direto para o poço. Eu suponho que isto seja algo pelo que esperar”.
“Venha, Ron, você não quer que ele peça desculpas a você?”.
“Ele não irá se desculpar”.
“Aposto que ele vai”.
“Aposto que ele não vai”.
Hermione revirou seus olhos exasperada. “Nós podemos escutar tudo o que vocês estão dizendo!” ela gritou a plenos pulmões.
Houve um curto silêncio. Então a porta se abriu, e uma mão invisível (de Harry) empurrou Ron para dentro do quarto, e fechou a porta atrás dele. Ron, seu cabelo sujo e desarrumado, olhou para Draco e Hermione com uma expressão nervosa de um gato perdido em um quarto cheio que cadeiras de balanço. “O quê?” ele perguntou, um tanto em estado de guerra.
Hermione olhou para ele com tranqüilidade. “Ron, ninguém disse nada”.
“Bom,” disse Ron.
Hermione virou-se para Draco. “Você não tem alguma coisa para dizer a Ron?”.
Houve um curto silêncio. Draco deu um profundo suspiro, e disse, “Venha aqui, Weasley”.
Ron avançou devagar, relutantemente, cruzou o quarto até ele colocando-se de pé aos pés da cama de Draco.
“Weasley,” disse Draco, parecendo como se cada palavra tivesse sendo arrancada dele com um anzol, “eu, uh, eu sei que eu não tenho sempre sido o mais fácil dos caras com você. E eu sei que em um mundo ideal, você nunca teria me escolhido para amigo, ou eu a você, de qualquer maneira. Mas diante do que você fez por mim, e tudo pelo o que nós temos passado recentemente, eu apenas queria dizer que te considero como alguém....como alguém...alguém que eu tenho encontrado”.
Ron olhou para ele. “Este é o seu pedido de desculpas?”.
Draco teve a boa vontade de parecer preocupado. “Eu não posso consertar isto. Malfoys não se desculpam. Antigamente, meus antecessores apenas teriam cortado um membro e mandado para quem quer que fosse que eles tivessem ofendido, ou realizado um ritual de suicídio.
“Isto soa promissor”.
“Não foi minha culpa,” disse Draco, soando agressivo. “Esta é apenas a personalidade que eu tive”.
“Oh, sim? Bem, se isto foi minha personalidade, eu teria pedido um transplante”.
“Isto é SUFICIENTE!” Hermione trovejou. Ela levantou-se, olhando para os garotos com profundo desprazer. “Vocês dois são uns idiotas,” ela disse firmemente, apanhou seu note book, e saiu do quarto.
Ron olhou para Draco. “Então,” ele disse. “É O Garoto que Morreu”.
Draco pareceu entediado. “Eu estava admirado quanto tempo passou até que alguém fizesse uma piada sem-graça”.
Ron balançou sua cabeça. “Você realmente está se tornando um inacreditável”.
“O que, apenas porque você salvou minha vida, eu tenho que rir de suas piadas? Isto é pedir um pouco demais, dada a qualidade geral das piadas.
Ron agitou suas mãos. “Você quer saber, Malfoy? Até que eu não me importo. Eu não quero nada de você - nem suas desculpas, nem sua gratidão, nem nada. Eu não salvei sua vida pois acreditei que ela era digna de ser salva. É possível que você também saiba disto”.
Houve um curto silêncio. Então Draco disse, “Estas coisas não mudam nada”.
“Que coisas?”.
“Você salvou minha vida. Há regras no código de conduta da Família Malfoy sobre este tipo de coisa. Eu devo a você minha vida. Isto quer dizer que eu tenho que ficar nas redondezas e esperar por uma chance para salvar sua vida, ou--".
“Eu disse a você, eu não quero-“.
“Isto não importa. O protocolo tem de ser seguido”. Draco balançou seus dedos que estavam sobre o outro lado da cama, os testou, e se inclinou lentamente. Ele era mais baixo que Percy, então ele tinha que ter cuidado para não tropeçar no seu pijama. Ele ergueu suas mãos, pegou o canivete de bolso que Harry havia deixado na mesinha de cabeceira, e deu tapa para abrí-lo. Então ele o atirou para Ron. “Weasley. Pegue”.
Ron pegou o canivete e olhou para ele confuso. “Malfoy, o quê...?”.
No lugar de uma resposta, Draco começou a desabotoar a parte da frente de seu pijama.
Ron recuou tão rapidamente que ele de fato tropeçou na ponta do tapete e caiu sentado duramente no chão, de uma posição da qual ele olhava para Draco com olhos arregalados. “O que você está fazendo?”.
“Me dê apenas um segundo”. Draco calmamente terminou de desabotoar os três botões da parte da frente de seu pijama, e tirou o colar de seu pescoço. “Pegue,” ele disse a Ron.
E Ron, parecendo como se tivesse acabado de acompanhar a professora McGonagall em um banho, o pegou. “Tudo bem, mas vista suas roupas, Malfoy”.
Draco deu uma risada. “Esta não é toda a parte do protocolo. Mas tudo bem. Se você prefere assim”. Ele colocou-se reto, seus ombros para trás, e olhou diretamente para Ron. “Você salvou minha vida,” ele disse. “A regra número 613 do código de conduta da Família Malfoy declara claramente que agora, eu me relaciono com você por uma dívida de Sangue. Isto quer dizer que você e eu devemos nos tornar um com este canivete”.
Ron agora parecia como se tivesse acabado de acompanhar um banho da professora McGonagall com o Snape. “Ah, tá. A regra número 1 do código de conduta da Família Weasley declara claramente que “Nenhuma chance, você é um psicótico estúpido”.
“Vamos. Torne-se um comigo. Meus ancestrais usavam este tipo de coisa o tempo todo. Apenas jogue o canivete para mim. Você sabe, isto é como se fosse uma vara. Você não tem que mirar para áreas vitais ou algo do tipo. Então todas as dívidas entre nós estão perdoadas e eu nunca mais incomodarei você de novo”.
Ron parecia fracamente verde. Para me tornar um com você, digo, ao invés da minha varinha, eu preciso usar um grande e imenso canivete?”.
Draco balançou sua cabeça. “É preciso ter sangue”.
Ron o encarou. Então um fraco riso forçado apareceu no lado esquerdo de sua boca. “Eu tenho que arremessar isto? Eu não poderia caminhar até você e enfiar o canivete em seu tórax, se eu quisesse fazer isto?”.
Draco não piscou nem um olho. “Se fosse prefere. Mas você perde a cortesia intencionada do gesto se você fizer assim”.
“Você é muito espirituoso,” disse Ron, sem rodeios. “Você sabe disto”.
“Eu sou um Malfoy”.
Ron deu um olhada para o canivete, suspirou, e encaixou o cabo na sua mão. “Bem,” ele disse. “Se é uma tradição...”.
Draco sentiu uma leve e natural agitação de ansiedade. Ron pareceu segurar o canivete com um certo grau de....intencionalidade. Certamente, ele não poderia ter completamente julgado tão mal um Weasley.
Parecendo resignado, Ron girou o canivete, o apontou para o alvo, e o apontou para Draco.
O estômago de Draco se revirou lentamente. Certamente não...
Ron jogou o canivete.
O canivete passou acima da cabeça de Draco, deixando de acertá-lo por alguns palmos, e embutiu-se na parede atrás dele, no primeiro alvo (o crachá de Monitor de Percy exibido na parede).
Draco olhou para Ron.
Ron olhou de volta.
“Parece que eu errei,” Ron disse.
“Bem,” disse Draco, com gentileza, “foi uma boa tentativa”.
“Mmm,” disse Ron com ponderação, e coçou sua orelha. “Eu poderia tentar uma vez mais-“
“Não”.
“Apenas mais-“.
“Não”.
“Eu salvei sua vida,” pontuou Ron, o que fez Draco suspeitar que esta não seria a última vez.
“E então você joga um canivete contra mim! O que há de errado com você, Weasley?”.
Mas Ron parecia que quase não o ouvia. “Malfoy?”.
“O quê?”.
“Há realmente uma regra número 613 no código de conduta da Família Malfoy que diz que eu tenho que me tornar um com você através de um canivete, ou isto foi apenas para o meu benefício?”.
Draco olhou de volta para ele. E forçou um sorriso. “Pense sobre isto,” ele disse, “A regra número 613 declara de fato que os membros da Família Malfoy que tem um membro artificial não deveria tentar um relacionamento sexual no fosso. Ôpa".
Ron balançou sua cabeça. “Eu tive um pressentimento que seria algo assim”.
Draco, ocupando-se com a tarefa de abotoar seu pijama, ficou assustado quando olhou para cima e viu que Ron o olhava com curiosidade. Ron parou, tomou um fôlego, e disse: “Hey, Malfoy”.
“O que?”.
“Você joga xadrez?”.
“Não”.
“Você quer aprender?”.
***
***
“Eu realmente não estou certo se posso ajudá-lo, Senhor Black”. Dr. Branford deu uma olhada para o céu negro, então voltou-se para Sirius. “Ou ajudar o seu cachorro,” ele acrescentou, nervosamente.
“Ele não é um cachorro”.
“Não, eu suponho que ele seja mais do que um lobo, não é? Um muito grande, mal lobo”.
“Ele está inconsciente”.
“Isto não é sorte. Olhe, eu não estou certo de fato se entendi o por que d’eu ter sido chamado aqui por você”.
“Meu amigo John Walton do St. Mungo’s que você era o melhor no tratamento das enfermidades causadas pelas Artes Negras”.
“Sim,” concordou o Doutor. “Eu sou o melhor no tratamento das enfermidades causadas pelas Arte Negras. Mas em pessoas. Não em animais”.
Sirius serrou seus dentes. “Ele não é um animal. Ele é um lobisomen”.
“Ele não pode ser um lobisomen,” disse Dr. Branford com admirável dignidade considerando que Sirius estava olhando furioso para ele com uma ferocidade reprimida. “É dia”.
“Eu sei disto. É por isto que eu te chamei aqui. Ele deveria ter se destransformado, mas isto não aconteceu”.
“Eu não sou um veterinário, Senhor Black. Eu sou um médico de bruxos. Não deveria um Auror--".
“Quanto a Aurores, eu sou um Auror, e eu posso lhe dizer neste momento que a Escola de Aurores não seria capaz de me ajudar com isto. Tudo o que eles iriam fazer seria levá-lo para o laboratório deles para estudá-lo”.
“Apenas por que ele é um lobisomen?”.
“Porque nós estamos no meu do dia e ele continua um lobo. Porque ele está sofrendo de alguma coisa que eu nunca tinha visto antes”.
“Eu disse a você,” disse a voz aguda do demônio na outra cela em frente, “ele está sendo Chamado. Quando ele acordar, então você escutará um uivo que nunca escutou antes. Ele abrirá caminho através das barras tentando sair, tentando chegar ao seu Mestre”.
Sirius olhou seu pequeno rosto fixamente com ódio, notando com satisfação que sua cabeça parecia mais achatada depois que Harry jogou em cima dele um armário. “Eu falei para você calar a boca, demônio,” ele começou, e parou, vendo pela expressão do pequeno rosto do Dr. Branford que o bom doutor tinha a opinião de que Sirius não era nem um pouco estável. O fato d’ele ter trancado em sua cela um demônio e um lobisomen contribuía indubitavelmente para isto, fora o fato de que Sirius, que não teve tempo nenhum para se barbear e se pentear em dois dias, estava começando com o seu antigo pôster de Azkaban.
Sirius voltou para olhá-lo com um suspiro. “Olhe...ele não é um animal. Se ele fosse, eu poderia ter chamado um veterinário. Você poderia apenas...examiná-lo?”.
O doutor suspirou. Então, com uma careta de ansiedade, ele ajoelhou-se no chão molhado da masmorra e empurrou sua varinha por entre as barras, tocando a ponta dela no pêlo do lobisomen. Quando ele puxou a varinha de volta, foi emitida uma fiação de luz violeta impar. “Bem, parece ser verdade que ele é um humano,” disse o doutor, levantando-se e colocando a varinha sobre sua mão, examinando o feixe de luz. “E ele foi atingido por um feitiço Atordoante muito forte. Força Magid, eu digo. Se você não acordá-lo, ele ficará fora do ar por pelo menos um dia”.
“Ele corre algum perigo? Ele está morrendo?”.
“Apenas inconsciente. Eu não posso dizer com certeza durante quanto tempo esta inconsciência irá permanecer, mas eu lhe darei alguns feitiços contra dor, no caso dele acordar. Mais do que isto, eu realmente não posso fazer”.
“Obrigado, Doutor,” disse Sirius, com indiferença, aceitando os pacotes de feitiços que Dr. Branford tirou de sua pequena mochila preta, os colocando no bolso. “Quanto eu lhe devo?”.
“Nada,” disse o Doutor, se colocando do lado de Sirius. “Eu irei embora agora, tudo bem?”.
“Eu lhe enviarei uma coruja se houver alguma mudança-“.
“Não, por favor não,” disse Dr. Branford, e fugiu.
Sirius suspirou, encostando sua cabeça nas barras da cela, escutando os passos do doutor desaparecendo na distância. Devagar, ele tirou a varinha da manga de sua capa, e bateu a ponta dela em uma das barras da cela. "Alter orbis attinge," ele disse, usando um feitiço que ele tinha aprendido durante o treinamento para Auror, que deveria alertá-lo quando Lupin acordasse com um zunido de sua varinha. Ele olhou para Lupin. “Velho amigo,” ele disse suavemente. “O que eu não daria para estar no seu lugar?”.
O lobo não deu nenhuma resposta, e de fato não havia nenhum som na masmorra, fora a respiração áspera do demônio e o coração de Sirius batendo culpado.
***
“Por outro lado,” Harry acrescentou com pressa, “se você está se divertindo, melhor para você”.
Charlie olhou para eles curiosamente do seu lugar perto do fogão. Ele tinha um avental amarrado em sua cintura e estava mexendo um caldeirão de vegetais com uma longa colher de pau. Ron o tinha importunado impiedosamente por causa de seu avental, mas Hermione particularmente achou que ele parecia engraçadinho, cute. Alguma coisa nele, de fato, estava fazendo ela se perguntar se Harry seria capaz de cozinhar alguma coisa. Provavelmente não, nunca tinham existido muitas oportunidades para Harry, ele estava ocupado com o salvamento do mundo e sua defesa contra o mal, para aprender como cozinhar um ovo. “Sobre o que vocês estão falando?” Charlie perguntou.
“Isto,” ela disse um pouco de forma desanimada, segurando o Lycanthe. “Eu tentei calcular qual é a sua idade, o que ele faz, mas até agora...”.
“Eu tinha visto esta forma,” disse Charlie, secando suas mãos em uma toalha de cozinha e andando para perto de Hermione. “Esculpido no casco das árvores na floresta. É velho”.
“É um Lycanthe,” disse Hermione. “Ele protege os viajantes contra os lobisomens. Mas, eu posso fazer com ele outras coisas também. Quando eu o seguro-“.
“Eu posso ver?” Charlie perguntou, e estendeu sua mão.
Sentindo um real golpe de relutância e pensando por que estava sentindo isto, Hermione o entregou para ele. Charlie o virou curiosamente sobre os seus dedos. "Monitum ex quod audiri nequit,", ele murmurrou e de repente o Lycanthe liberou um brilho ofuscante, como algo inflamável faiscante. “Ow!” Charlie exclamou, e o deixou cair de volta na mãos de Hermione, olhando para ela envergonhado. “Eu acredito que isto não funcionou”.
Aliviada de tê-lo de volta, Hermione sorriu para ele. “Tudo bem”.
A porta do porão abriu e Ginny emergiu, parecendo empoeirada e irritada. Hermione olhou para ela. “Conseguiu alguma coisa?”.
Ginny balançou sua cabeça. “Eu encontrei a coleção de revistas de Fred e George sob uma pedra de pavimento. E quando eu digo coleção, eu quero dizer coleção. Havia uma pilha do tamanha de um edifício”. Ela balançou sua cabeça. “Este porão é gigantesco,” ela acrescentou. “E havia uma pequena mistura de corredores que levavam cada um para um caminho diferente”.
Houve um som, que parecia ser de Ron descendo as escadas. Ele entrou na cozinha, abriu a porta da geladeira, pegou a caixa de leite, e a bebeu.
“Ron,” disse Charlie e de forma preventiva tirando seu avental.
“Desculpe”. Ron colocou o leite no lugar, e virou para encarar Harry, Ginny e Hermione que o estavam fitando com uma expressão de violenta curiosidade. “O quê?”.
“Ele pediu desculpas?”. Harry perguntou.
“Não com todas as palavras. Ele fez um discurso, eu joguei um canivete nele, eu comecei a ensiná-lo a jogar xadrez, então ele dormiu no meio do nosso segundo jogo e derrubou todos os peões”.
Todos os três pestanejaram para ele. “Você estava brincando sobre o canivete, é claro,” disse Harry finalmente.
“Talvez,” disse Ron, com um meio-sorriso. Ele alcançou seu bolso e tirou de lá um canivete de bolso e o jogou para Harry que o pegou no ar e o olhou com uma expressão confusa.
“Entao, Draco não está tão terrível quanto ele costumava ser?” perguntou Hermione triunfantemente.
Ron revirou seus olhos. “Não. Ele ainda é terrível. Agora, ele ainda é uma pessoa terrível que me deve 30 galeões’.
“Você jogou xadrez com ele por dinheiro?”.
Ron não estava escutando. “Se você adormece no meio do jogo, isto é uma falta?”.
Charlie levantou os olhos. “Ele está dormindo? Eu suponho que ninguém esteja sentado com ele?”.
“Eu não vou,” disse Ron firmemente, “sentar lá e ficar observando o Malfoy dormir. De qualquer forma, ele acordou por um segundo e disse “saia daqui, Weasley, seu imprestável”. Eu não acho que ele queria que eu o observasse dormir tão pouco”.
Ginny olhou para cima. “Eu irei e cuidarei dele. Além disto, ele não comeu nada desde ontem, eu verei se ele quer almoçar”.
Ela desapareceu, tirando a poeira do porão de seu jeans enquanto ela ia”.
Ron olhou para ela e balançou sua cabeça.
***
E ele dormiu.
Ele caminhou por uma ponte estreita e cintilante entre penumbra e a mais volumosa penumbra. A cada lado da estrada, a penumbra caia ao longe de maneira densa, tão densa que ele não podia ver o fundo do abismo que ele cruzava, nem o seu fim mais distante.
No centro da ponte, um homem esperava de pé. Quando ele o alcançou, Draco viu sem surpresa que o homem tinha seu próprio rosto, um pouco mais velho talvez, mas nem tanto. Ele poderia ser seu irmão gêmeo: magro, com cabelo prata, seus olhos como jóias pálidas não continham nem paixão nem compaixão.
Draco gemeu e cobriu seu rosto com suas mãos. “Eu achei que eu tinha me livrado de você”.
O outro sorriu para ele. “Eu quase perdi você, é verdade. Eu achei que eu teria que seguí-lo até os Lugares Cinzas, mas você voltou”.
Draco encontrou as palavras que ele queria dizer sem procurar por elas. “Por que tem que ser eu?” ele disse. “Existem outros com o seu sangue, outros como você”.
“Talvez, mas não existem outros como você”.
“Não há nada de especial comigo”.
“Esta é uma atitude derrotista, rapaz,” disse o outro, esticando a boca em um sorriso malévolo. “Não de maneira surpreendente, você ecoa a escuridão em sua própria alma”.
A voz de Draco saiu como um lamento. “O que eu tenho que fazer para me libertar de você?”.
“Tentar me destruir se você prefere. Você completará nada mais do que sua própria destruição”.
“Eu não acredito nisto”. Draco levantou a espada em sua mão - neste outro mundo, ela era mais brilhante e leve e a balançou para o homem a sua frente que o encarava, a balançou com exatidão, tencionando cortá-lo ao meio.
A espada voou, encostou no seu alvo-
Houve então um som de espelho quebrando.Draco saltou para trás enquanto os cacos do espelho que ele tinha quebrado, caiam em volta dele como neve.
Ele acordou com um sobressalto sentando-se na cama, escutando sua própria respiração áspera como se ela tivesse vindo de algum outro lugar. Houve uma dor lacerante no seu tórax e ele pressionou sua mão cerrada sobre ele, sentindo a dor diminuir devagar. Seu pijama estava molhado de suor, desconfortavelmente colado na sua pele. Ele balançou suas pernas sobre a cama, tirando a parte de cima do seu pijama, e seus olhos captaram um flash de luz cruzando o quarto-.
A espada, apoiada contra a parede onde Harry a deixou. A luz refletindo a lâmina que tinha uma cor avermelhada.
Draco fechou seus olhos. Este sentimento estava de volta, o sentimento de que dormiu sem descansar, despertando mais cansado do que quando ele tinha se deitado. Ele perguntou a si mesmo se ele deveria escrever para Snape e pedir mais poção de Vivacidade junto com a poção da Força-de-Vontade, mas no momento ele não teve energia para tal. Ele sentiu-se inundar pelo desespero, e mais do que isto, por uma crescente raiva.
E ele estava ainda mais exaurido.
Ele deitou na cama, puxou as cobertas sobre sua cabeça, e voltou para dentro dos pesadelos.
***
Ginny fechou a porta do quarto de Percy atrás dela em silêncio e piscou seus olhos para ajustá-los a penumbra do ambiente. Era quase crepúsculo agora, e o quarto estava escurecido, clareado apenas por uma lâmpada escondida ao lado da cama.
Ela podia perceber as formas dos móveis, a cama, e o esboço aconchegado de Draco que dormia debaixo das cobertas.
Em silêncio, ela andou até a cama. “Draco,” ela disse suavemente. “Hey. Acorde”.
Draco não respondeu. Ela inclinou a cabeça dela, olhando para ele, sua visão ajustada a meia-luz agora. Ele estava dormindo sem camisa, o lençol enrolado na sua cintura. Sua cabeça estava descansando sob sua mão fechada, seu outro braço sobre os cobertores. Ela podia ver que o seu muito queimado bronzeado de verão acabava na base de seu pescoço, e a linha enfraquecida da cicatriz debaixo do seu olho onde o caco da garrafa quebrada de Harry o tinha cortado. As pessoas pareciam muito diferentes quando elas estavam dormindo, ela pensou, mais jovens, mais gentis, mais indefesas, mas Draco parecia do mesmo modo que ele era: contido, e ponderado.
Ela ergueu a sua mão e a colocou sobre o ombro dele, intencionando sacudí-lo para acordá-lo. Sua reação foi imediata. A mão dele se moveu tão rapidamente que ela teve pouquíssimo tempo para reagir; ele segurou os braços dela, a puxou com força para a cama, e rolou a parte de cima de seu corpo sobre o dela, o braço dele cruzando o pescoço dela, a outra mão dele retraída como se ele tivesse a intenção de dar um soco nela. “O que você pensa que está fazendo?” ele sibilou, olhando para ela furioso.
“Ow!” Ginny gritou com raiva. “Ow! Seu bastardo, tire seu cotovelo da minha garganta!”.
Draco congelou, e abaixou seu braço, pestanejando. Esta foi a cara mais espantada que ela já o tinha visto fazer. “Oh, eu... pensei que você era outra pessoa”.
“Quem? Voldemort? Saia de cima de mim, seu bobo,” Ginny falou entre os dentes, começou a esquivar-se dele, mas percebeu alguma coisa, e parou. “Eu, uh...”.
“O quê?”.
Ginny percebeu que ela estava gaguejando. “Eu, uh, apenas vim ver se você queria comer. É quase hora do chá, você sabe. Charlie cozinhou. É muito boa a comida. E, uh, nós pensamos que você poderia querer alguma comida. Eu já disse isto, certo? Eu, uh, poderia trazer para você alguma, ou você poderia descer se você quiser”.
Draco parou por um momento, e um sorriso fraco passou rapidamente por seu rosto. “Eu irei descer,” ele disse suavemente.
“Certo. Bem, então é melhor você sair de cima de mim para que eu possa ficar de pé”.
Draco hesitou por um parco segundo, sorriu, e saiu de cima dela rolando para o lado. Ginny se sentou na cama, desnecessariamente arrumando sua blusa, e, sem olhar para ele, disse, “eu devo dizer para eles que você irá descer em alguns minutos?”.
“Claro. Por que você não faz isto”.
“Okay. E sobre a sua nudez...”.
“Eu colocarei alguma roupa antes d’eu descer as escadas”.
“É uma boa idéia”.
Houve uma pequena pausa. Ele olhava para ela com olhar intrigado.
“Certo, então,” ela disse. “Eu irei... descer”.
“Até mais,” disse Draco carinhosamente, e Ginny correu para a porta, escapuliu para o corredor, e bateu a porta atrás dela. Ele está zombando de mim, ela enfureceu-se silenciosamente, deixando para trás o corredor. Ele fica sem roupa em cima de mim, e eu ainda recebo zombaria dele. Isto não é justo. Ela chutou o corrimão quando ela chegou nas escadas e foi recompensada com uma farpa de madeira no seu pé. Tome isto, Draco Malfoy, ela pensou, você é um tipo de pessoa atrevida, falsa, despida.
Ela estava a meio caminho descendo as escadas quando ela ouviu um baque abrindo a porta da frente.
***
O pôr-do-sol chegou com sombras rosas e azuis e tornou o céu sobre A Toca um mosaico de cor. Sirius, no entanto, não tinha humor para admirar o céu. Ele marcou de encontrar Narcissa há uma pouca distância da casa dos Weasley para que eles pudessem falar privativamente por alguns instantes. Quando ele Aparatou no meio de um bosque escuro de árvores, Narcissa já estava lá. Ela veio em direção a ele, seu cabelo muito prateado a meia-luz, o crepúsculo envolvendo seu vestido vermelho escuro. Ela inclinou seu rosto; ele a beijo, e disse, “Tudo está ok?”.
“Não. O inquérito é horrível. Eles simplesmente não sabem o que fazer com a morte de Lucius, todos os seus velhos papéis têm sido mostrados e examinados -" ela se interrompeu. “Isto não importa. Como está Remus? Você levou o doutor para vê-lo?”.
“Sim,” disse Sirius, enquanto eles pegavam o caminho para A Toca. “Mas ele não pôde fazer muita coisa. Ele olhou para mim como se eu fosse um completo vagabundo, também. O que foi um pouco desencorajador”.
“Sirius, eu acho que nós teríamos feito melhor levando Draco de volta para a Mansão. Você não pode ficar indo e vindo de um quarto de doente para outro, isto irá te prejudicar”.
“Eu sei, você está certa. Você sabe, eu tinha outra coisa em mente. Eu não queria ir à Escola de Auror, mas o Olho-Tonto Moody não poderia nos ajudar? Ele é um pouco iconoclasta, e ele sabe mais sobre a História das Artes das Trevas do que qualquer outro. Eu estou certo que ele não teria vontade de falar sobre o Remus para o Ministério.
“Mmm. Talvez. Você sabe quem mais seria capaz de ajudar?”.
“Quem?”.
“Severus Snape”.
“Não”.
“Sirius, não seja teimoso”.
“Eu não estou sendo teimoso. Eu apenas disse não, isto é tudo. Porque eu odeio o pequeno traidor bastardo e eu não peço nada a ele”.
Ele começaram a avistar A Toca agora. Narcissa deu um suspiro exasperado. “Ele sabe muito sobre ser Chamado-“.
“Esta é a segunda vez que você sugere Snape; eu estou começando a achar que você o conhece melhor do que demonstra”.
“Bem, houve um final-de-semana louco que nós nos divertimos em Bora-Bora”.
“Agora eu fui para um estado mental muito ruim e a culpa é toda sua”.
“Sirus, não seja estúpido. Eu o conheço, porque ele e Lucius eram praticamente inseparáveis nos anos antes dele deixar os Comensais da Morte. Ele realmente sabia muito sobre-“.
Ela interrompeu-se.
Sirius virou-se para olhá-la. Ele pegou um breve, único reflexo no seu rosto, os olhos arregalados de horror, olhando para cima dele, antes dela gritar.
“Narcissa?”.
Ela chorou, não mais olhando para ele, mas para o lugar onde estava A Toca. Sirius olhou a sua volta assombrado - e congelou.
Não. Não podia ser.
Ele ficou onde estava, demais abalado para se mover, pelo menos fisicamente. Sua mente já tinha voado de volta para quinze anos atrás, para outra noite como esta, uma noite que não estava tão escura, mas enchia-se com uma luz flamejante laranja - a casa com o lado desmoronado como se tivesse sido chutada por um sólido pé, a nuvem sufocante de poeira e gesso que queimavam sua garganta, irritando seus olhos enquanto ele engatinhava sobre uma placa quebrada de entulho em direção ao som de um bebê chorando - e em cima disto tudo uma nuvem mortal verde escura, sua forma clara, como estava clara agora:
Uma caveira com uma serpente saindo de sua boca, seus olhos ocos imóveis preenchidos com estrelas.
A Marca Negra.

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