Reflexoes amorosas



Snape tirou a varinha das vestes deslizando-a pelos dedos cauteloso. Não sabia o que ele era capaz de fazer, mas vi Rony e Hermione também tirando as suas caso precisassem usá-las. Rony mostrou-se determinado. Hermione hesitante. Acredito que ela estava desejando não ter de usar qualquer feitiço contra um professor, principalmente se tratando do Snape. Além disso, magia fora da escola é proibida. Mamãe ficaria louca se descobrisse que recebemos uma advertência do Ministério por uma simples discussão com Snape. O clima esquentou entre nós quatro. Ele se aproximou de mim com passos pequenos.


- O que você disse, Srta.Weasley? Eu ouvi direito? - perguntou em tom ameaçador.


- E-e-eu... - gaguejei arrependida de ofende-lo. Mas ele merecia! Era um asqueroso a procura de um problema para incriminar Harry ou qualquer um que quisesse vê-lo bem.


- Usar magia não será o melhor jeito de resolver as coisas, professor Snape - disse Hermione ainda com a varinha firme em mãos - O senhor deveria ter vergonha de sua atitude!


- Silêncio, srta.Granger! - gritou Snape furioso - Nunca vi garotinha tão metida...


- Não fale assim da Mione - explodiu Rony se colocando à frente.


- Vocês têm noção das conseqüências caso utilizem qualquer tipo de magia?


- Não hesitaria em usar contra você, Snape - falou Rony com desgosto - Ninguém fala mal dos meus amigos e sai rindo... Por que não olha pra você? E para aquele infeliz do Malfoy? Agora entendo porque tem simpatia por aquela doninha oxigenada! Vocês têm muito em comum!


Snape encarou meu irmão.


- Você sabia que o pai do Malfoy era um Comensal. Você já foi um, não é mesmo? Deve ser horrível olhar pra essa tatuagem que tem no braço todo dia e imaginar Você-Sabe-Quem planejando um jeito de te matar!


- Rony, calma... - falei temendo que ele ultrapasse os limites.


- Só estou dizendo a verdade Gina! - disse ele virando-se pra mim.


Realmente depois do que Rony disse, percebi que havíamos nos metido em sérios problemas. A vingança de Snape seria dolorosa. Seu olhar estava mergulhado em ódio. Mas a coragem de Rony me surpreendera.


Ironia do destino ou não, a porta do quarto se abriu.


E Dumbledore saiu se colocando na frente dela. As gritarias deviam ter chamado atenção. Percebi como estava ficando velho. Seu olhar estava cansado e profundo.Ele encarou cada um de nós. Parecia estar analisando a situação. Hermione e Rony continuavam com as varinhas estendidas, mas reparei que Snape havia afrouxado a mão. Dumbledore o observou rapidamente, mas para mim foi por um longo e silencioso momento. Seu olhar pousou no frasco de líquido vermelho borbulhante. Então finalmente falou:


- Muito obrigado por ter vindo, Severo.


- Dispunha - respondeu Snape frio passando a mão pelos cabelos oleosos enquanto guardava a varinha nas vestes com a outra. Pigarreou e resmungou - Creio que tenhamos de impor limites aos amigos de Potter.


Nos entreolhamos.


- Eu cuido disso - respondeu Dumbledore imponente e virando-se para nós falou - Querem saber como Harry está? Entrem - e saiu da porta para nos deixar passar já que assentimos timidamente com a cabeça, deixando Snape enfurecido.


- Certamente ouviu o que o sr. Weasley mencionou por detrás desta porta... Se continuar tratando essas atitudes assim, não sei o que serão destes...


- Adolescentes preocupados com o amigo doente? - cortou Dumbledore com um pouco de rispidez na voz - Severo, tem seus motivos para pensar o que quiser de Harry ou seus amigos - continuou com a voz rouca - desde que tenha razão para tanto. Conversarei com o sr.Weasley sobre seu comportamento de hoje à noite. Isso realmente será pontuado, já que ele faltou com respeito para com o professor de Poções, no caso você.


Snape engoliu seco e calou-se. Chegamos perto da cama onde Harry fora colocado. Lupin estava sentado ao lado dele. Nos viu aproximar e acenou brevemente antes de voltar o olhar para Harry que estava suando frio. Aconcheguei-me junto dele e alisei seu rosto. Vi Rony lançar um olhar surpreso. Mas é claro, ele não sabia de nada. Quanto a Harry, parecia estar lutando consigo mergulhado em pesadelos.


- Essa poção vai cura-lo. Potter ficará sem reação nas próximas 48 horas, assim não terá pesadelos e o antídoto mostrará seu efeito.


- Espero que funcione, Severo - respondeu Dumbledore preocupado - Srta Weasley, imagino que a Srta esteja mais apta a dar a poção a Harry. A deixaremos por um momento para que o faça.


Olhei para Dumbledore aflita. O que ele queria dizer com eu estar mais apta para dar a poção a Harry?


- Confio em você - mencionou entregando-me o frasco antes de se dirigir para a porta com os demais.


Rony queria ficar, mas observei Hermione cochichar uma desculpa qualquer em seu ouvido antes de saírem.


Agora estávamos a sós. O calor das velas do candelabro inundavam o quarto deixando-o úmido. Coloquei minha mão sobre a testa de Harry. Estava quente. Preocupada tratei logo de arranjar uma maneira de dar-lhe a poção. Tirei a rolha que impedia o contato entre o líquido vermelho e o ambiente. As bolhas começaram a saltar de dentro do frasco. Não havia percebido, mas Lupin deixara um pano onde havia sentado. Sequei um pouco o rosto de Harry. Ele parara de se agitar. Naquela hora jurei que pedi que o tempo congelasse. Seus cabelos negros estavam um pouco molhados, devido ao suor, caídos sobre o rosto. Imaginei-os em contraste com seus lindos olhos verdes. Beijei-o na testa de forma carinhosa. De alguma forma estava confusa. Será que ele falou tudo aquilo só do momento? Aquelas palavras me tocaram de surpresa. Nunca imaginei que ele fosse me notar. Principalmente porque a velha Gina se foi. Eu estava mais extrovertida e solta. Nem corava ao vê-lo. Talvez por convivência, quem sabe. E talvez seja isso que tenha o cativado. E desviado seus pensamentos de Cho. Não gosto de pensar no rolo entre eles ano passado... Lembra-me o Miguel. Ele dissera palavras tão bonitas a mim no quarto ano... Mas passou. Por mais que eu tentasse esquecer Harry, não conseguia. Cheguei a conclusão que talvez fosse a mais possível ou tola, quem sabe. Era difícil aceitar, mas desde que o vi, Harry passou a ser o dono do meu coração. Por mais que ele não me notasse, por mais que me visse apenas como a irmã de seu melhor amigo... E por mais que eu achasse que era apenas uma paixão boba pelo Menino-Que-Sobreviveu... Tentei esquece-lo ao sair com Miguel. Mas em cada momento que o via, seja sorrindo ou preocupado, sentia um frio na barriga. Sentia vontade de ter a coragem de perguntar qual o motivo de sua felicidade. Ou aconchega-lo quando mergulhado em suas tristezas. Ano passado consegui parar de pensar um pouco nele. Tentei ser sua amiga para desviar meu coração da verdade. Bem, o que importa é que finalmente ele me notou. De que forma eu não sei... Por isso minha preocupação. Preocupação que me aflige bastante, ao temer que eu possa me machucar novamente. Mas aos poucos eu vou arrancar confissões de seu coração. É preciso alguém com quem desabafar... E espero que este alguém seja eu. Para os bons momentos e os ruins.


Agora estou com a pessoa que mais queria estar todo esse tempo... Imagina a cara do Rony quando souber! De qualquer forma, se conheço a natureza do Harry, este vai ficar encabulado ao falar comigo quando acordar.


Meu coração estava batendo em ritmo acelerado, mas não tinha certeza do que estava sentindo. Era uma mistura de emoções. Eu só gostaria de ficar ali pra sempre. Protegendo Harry, apesar de saber que logo ele melhoraria. Mas não podia ficar em transe! Logo Dumbledore voltaria para perguntar se tudo ocorreu bem. Admirei Harry mais uma vez antes de descansar o frasco junto à cama e tentar levanta-lo um pouco para colocar poção boca à dentro.

Por estar inconsciente Harry ficara muito pesado.


- Vamos... - resmunguei tentando faze-lo sentar, mas em vão.


Peguei o frasco com uma das mãos e tentei levantar sua cabeça com a outra. Como funcionou eu não sei, mas consegui virar o frasco aos poucos permitindo a Harry engolir o conteúdo.


- Isso... Só mais um pouco... - falei mais calma aconchegando a cabeça dele no meu braço.


A porta se abriu.


- Gina! - era Rony, parecia desesperado.


- Rony, mas o que...? - perguntei surpresa.


- Percy! Parece que sofreu um ataque de Você-Sabe-Quem! Deve ter sido isto que fez o Harry desmaiar!


- Mas... Como você sabe Rony? - perguntei preocupada colocando a cabeça de Harry no travesseiro e me levantando.


- Quim... Ele disse que aconteceu um ataque no Ministério da Magia! Alguns corredores do prédio estão destruídos. Parece que teve alguma perseguição entre os Comensais e as pessoas que estavam no prédio!


- Os Comensais atacaram o Ministério? Mas quando...?


- Hoje! Perto da hora de Harry desmaiar, é o mais provável... E......


- Fala logo Ronald! Não me deixa mais preocupada do que estou!


- Encontraram o corpo do ministro...


Coloquei as mãos na boca para abafar um grito.


- Olha Gina, sei que não é a melhor maneira de te dizer isso, mas temem que Percy esteja morto... Quim falou que revistaram o prédio todo e não encontraram seu corpo...


- Mas não tem a possibilidade de ele ter saído mais cedo? - perguntei esperançosa.


- Não... Ele era o secretário pessoal do ministro, Gina...


- Escuta Rony, não podemos perder as esperanças... Se não encontraram o corpo dele, significa que ele possa ter fugido ou algo parecido...


- É Gina, vamos torcer... - falou Rony baixinho me abraçando - Você não sabe como mamãe está arrasada... E o estado do papai...


Olhei Rony com os olhos em lágrimas.


- Você sabe como eles são... Nunca vão se perdoar por não terem feito as pazes com o Percy...


- O que eles vão fazer a partir de agora?


- Moody propôs vasculhar todos os lugares que o Percy freqüentava.


- Ron... Por que será que atacaram o ministro?


- Não sei Gina... O que eu acho mais estranho é o desaparecimento de Percy... Sem nenhum vestígio...


Comecei a ouvir soluços vindos do corredor. Quando espiei, era mamãe acompanhada de Hermione.


- Calma, sra.Weasley. Vai ficar tudo bem... - tentou Mione acalma-la.


- Meu Percy...por..que.. não perdoei meu filho... por que - desabafou entre os soluços - Ele só... queria uma boa.. snif.. carreira profissional... Percy... por que...


Logo abracei mamãe.


- Gina, minha filha... - falou numa voz fininha antes de desatar a chorar.


Rony deu de ombros. Era um desajeitado para essas coisas. Em compensação recebeu um olhar de repreensão de Hermione.


- Desculpe Mione, não sou bom para consolos - respondeu ao olhar da garota sentando-se tenso na cadeira antes ocupada por Lupin.


- Parece que o Harry vai ficar bem... - falou Mione mudando de assunto encostando-se na cama de Harry - Já está mais calmo.


- Agora só resta esperar a recuperação dele - confessou Rony mais aliviado pelos sinais de melhoras do amigo que agora cochilava tranqüilamente.


- Espero que ele acorde logo.


- Por que a pressa? - perguntou Rony desconfiado com um pouco de ciúmes na voz.


- Nada não Rony... - disse Hermione balançando a cabeça antes de dar um suspiro - Você é muito ingênuo para essas coisas... Só estou ansiosa para saber o desfecho do que aconteceu hoje à noite.


Essas últimas palavras me deixaram vermelha até o último fio de cabelo.


“Consolei mamãe por um bom tempo. Estávamos preocupadas e ao mesmo tempo esperançosas por notícias de Percy que tardaram a chegar. Dumbledore movimentou toda a Ordem para a procura dele. Realmente seu desaparecimento tornou-se um mistério... Quanto a você Harry, estávamos igualmente ansiosos pela sua recuperação. O antídoto de Snape pareceu fazer efeito! A cada hora que passava ficávamos mais aliviados com sua demonstração de melhora”.



-x-*** Finish Memórias de Gina ***-x-



- Então foi o Percy... - repassou Harry oralmente as palavras de Gina.


- É cara, você tem alguma idéia do que pode ter acontecido? Quero dizer, você sentiu o momento... - argumentou Rony embaraçado.


- Não Rony. Foi repentino e acredito que eu não tenha sentido as emoções de Percy... Eu senti as emoções de Voldemort.


- Pelo amor de Merlin, não diga esse nome!


- Francamente Rony! Não falar o nome da coisa que o aflige só torna esta coisa mais obscura! Você deveria sentir vergonha de não dizer o nome dele.


- Há.. Há..Há.. Você é tão inteligente Mione. Mas antes de falar isso se lembre que você tinha tanto medo quanto eu tenho!


- É Rony, mas convivendo com o Harry e ajudando-o a enfrentar V-o-l-d-e-m-o-r-t, eu aprendi o quão fácil é dizer seu nome.


Rony ia retrucar as palavras de Mione mais uma vez, só que foi interrompido por Gina.


- Vocês querem parar de discutir? Não é um momento muito apropriado pra isso - repreendeu Gina olhando os dois.


Hermione corou um pouco com as palavras da ruiva e Rony apenas encarou os pés. O clima ficara um pouco desapropriado. Ninguém fez menção de puxar uma conversa. Então Harry repassou seus momentos na festa... Sua declaração para Gina. O que faria em relação à garota depois disso? Sentiu-se encabulado ao pensar, então seu olhar e o dela se encontraram. Harry se desconcertou um pouco ficando vermelho. Gina percebeu, pois abriu um sorriso discreto antes de apertar as mãos contra a calça. Também aparentava estar um pouco envergonhada.


Harry lembrou-se que quase a beijou... Na frente de todos. O que deu nele afinal? Gina é tão encantadora a ponto de hipnotiza-lo? Aqueles cabelos ruivos esvoaçantes, aqueles olhos castanhos que brilham ao vê-lo, aquele sorriso esboçado em seu rosto a cada palavra proferida, aquela sensação de sempre estar bem... Tudo tornava Gina encantadora. E fazia de Harry naquele momento, a pessoa mais feliz do mundo.


Hermione percebeu o ar desconcertante entre os dois e pigarreou fingindo-se distraída.


- Ahn... Rony, você poderia me ajudar com umas coisas na cozinha? Sua mãe pediu e...


- Ah, Mione, agora não. Não está vendo que o Harry acordou? Nós nem perguntamos como ele está se sentindo.


- Ronald, eu realmente preciso de sua ajuda - disse Hermione lentamente num modo mais severo - Gina cuidará de Harry enquanto isso.


Rony lançou um olhar indagador a Mione antes de perceber tudo. Como não soubera antes? Toda aquela intimidade...


- Er... Ficaria honrado em ajuda-la, srta Granger - falou num salto estendendo a mão para Hermione levantar, fazendo-a sorrir.


Harry só observava a movimentação sem entender. Gina percebeu que Mione queria deixa-los a sós. Ao sair, Rony fechou a porta mostrando um sorriso.


Logo o quarto estava novamente em silêncio. Num silêncio constrangedor. Mais uma vez o cérebro de Harry trabalhava numa forma de puxar conversa. Seu coração batia forte e sua barriga voltou a ficar com aquele friozinho. Não que quisesse comparar aquele sentimento, aquele embaraço com o que sentira por Cho no ano anterior. Só o fato de encarar Gina mostrava o quão apaixonado ele se encontrava. E que seu coração estava tomado por um aperto muito maior.


- E então... Desculpe te preocupar naquele momento...Eu..eu..


- Shhh Harry... - disse Gina colocando o dedo indicador nos seus lábios para acalmar o garoto que estava muito desconcertado com tudo aquilo - Já passou, Harry, não precisa ficar assim - Gina pegou uma de suas mãos e entrelaçou seus dedos nos dele.


- Obrigado Gina... - murmurou Harry num sorriso ficando um pouco vermelho.


- Seu bobo... Estou tão feliz por você está bem...


- E como você está? Fiquei constrangido por você ter ficado aqui todo esse tempo... Cuidando...de...mim...


- Queria ter certeza de que você estaria de volta, Harry...


- V-vou sempre estar aqui, Gina... Pra você - falou gaguejando um pouco, como se as palavras saltassem de sua boca. Sentiu os dedos de Gina apertarem com força os seus ao ouvir isso.


Com a outra mão, Harry ajeitou os cabelos da ruiva se aproximando um pouco dela. E o sinal de que estavam tão próximos era devido ao calor das correntes de ar que iam e voltavam na acelerada respiração de ambos. Harry fechou os olhos assim como Gina o fez. E seus lábios se tocaram. Meio sem jeito Harry a puxou para mais perto de seu corpo tentando acompanha-la no ritmo do beijo. Gina acariciava seus cabelos deixando-os ainda mais arrepiados.


Era uma sensação maravilhosa. Harry nunca se sentira tão bem. Queria que aquele beijo durasse para sempre. Assim como desejava que Gina estivesse sempre com ele. Um pouco sem ar, o casal se afastou. E mais uma vez o quarto ficara em silêncio. Não num silêncio constrangedor... Mas sim num silêncio apaixonado.

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