Acidente no quadribol



Capítulo 20

Acidente no quadribol


-Helloo! Terra para Samantha!

A morena se empertigou desviando a atenção do espírito para Sirius.

-Vamos entrar? Vai começar a aula.

-É... Claro, vamos.

Os dois entraram na sala calmamente enquanto Sam olhava receosa para trás. Kristine realmente desaparecia tão rápido quanto surgia.

Lily e Julie estavam sentadas em uma das mesas enquanto guardavam uma próxima para os amigos.

Remo e Tiago logo chegaram e sentaram-se ao lado dos outros. Todos os alunos começaram a conversar enquanto Slughorn não botava ordem na classe.

Lílian e Tiago continuavam sem trocar uma palavra, muito contra gosto. O estômago da ruiva revirava violentamente toda vez que lançava um rápido olhar ao rapaz. Teria que falar com ele e acabar as coisas com George... Mas como?

-Abram os livros! Andem logo! – Slughorn brandiu fazendo um aceno com a varinha. Todos os livros voaram nas mesas dos alunos, forçando-os a abri-los.

Sam rabiscou uma coisa no pergaminho e jogou-o na ruiva.

Lily revirou os olhos e com medo de ser pega abriu-o embaixo da mesa:

A Kristine apareceu agora. Lily. O pai da Julie ‘tá aqui.

A ruiva quase rasgou o bilhete com o nervosismo ao sentir que Julie tentava espiar e ver o que ela estava lendo.

Julie se virou e pediu permissão para ler, no que a morena deu de ombros. Com desaprovação, Lily passou o papel para a menina.

A loira mergulhou a pena no tinteiro e escreveu:

Em Hogwarts?

Sei lá. Sua irmã disse perto.

Julie, você não vai fazer nada! Vai ficar aqui, calma e sem nenhuma intenção assassina, ouviu?

E o que você achou que eu fosse fazer?

-SOCORRO!

As meninas se dispersarem do bilhete e a aula toda pareceu parar. Uma aluna da casa Lufa-Lufa, que aparentava estar no terceiro ano, entrou nas Masmorras com os olhos vermelhos e extremamente pálida.

-O que houve Fine? – exclamou Slughorn andando em direção a ela.

-A Jennifer Fuller, professor. Do primeiro ano... Ela está no corredor... E ela está... Está...

-Morta. – Samantha murmurou, temendo que os ataques dos comensais tivessem começado.

A classe inteira se levantou e correu para fora.

O corpo pequeno e magro da menina estava estirado no chão. Seus olhos pareciam vazios.

Slughorn engoliu em seco e logo todos avistaram Dumbledore vindo do final do corredor com Mcgonagall em seu encalço.

-Mais uma. – a professora murmurou apreensiva.

Burburinhos encheram o corredor no mesmo instante, enquanto olhares curiosos eram lançados a menina.

-Eu a conhecia. – disse Tiago. Remo se voltou para ele. – Uma vez a gente se falou na fonte.

-Minerva, leve-a para a enfermaria com os outros. Temos que informar aos pais. – Dumbledore disse o mais baixo que conseguiu.

Slughorn estudou os olhos da menina e virou-se para o diretor, esperando por alguma ordem.

Samantha observou Lily e Tiago, mas ambos pareciam absortos em seus próprios pensamentos. Virou-se então para Belatriz e sentiu repulsa.

A morena não sorria, mas o brilho de satisfação em seu olhar era evidente.

Minerva estudou o rostinho frágil da menina durante um instante e fez um aceno com a varinha.

-Mexam-se! MEXAM-SE! – ela brandiu, tentando abrir caminho para passar com o corpo.

Os alunos aos tropeços se afastaram. Dumbledore meneou a cabeça e chamou a atenção para si:

-Peço a todos que se acalmem. Desculpe professor Slughorn, mas sua aula era de esperar. Saguão Comunal agora. Professor, por favor, me ajude a reunir os outros alunos.

Os grifinórios e os sonserinos caminhavam com feições amedrontadas e pálidas. Rumores já começavam a se espalhar.

Samantha sentiu as palmas das mãos escorregadias. O coração disparara dentro do peito com puro ódio.

No fundo, tentava imaginar que ninguém faria o que Voldemort mandava. Matar alunos trouxas em Hogwarts!

Soava absurdo até mesmo em pensamento...

A morena distanciou-se dos amigos e procurou Belatriz em meio as gravatas verdes. Não demorou muito e encontrou-a quieta, com uma feição calma.

-Black. – ela murmurou puxando o seu braço.

-Não podemos conversar sobre isso aqui, Brewston.

-Mas Black...

-Não! – Bela exclamou mais alto do que realmente queria, atraindo alguns olhares para si. – Amanhã à noite, no Três Vassouras. Todos vão estar lá.

-Mas como eu...

-Isso não é da minha conta, Brewston. Arrume um jeito.

Belatriz puxou seu braço bruscamente e recomeçou a andar um pouco mais rápido, como se quisesse escapar da morena.

Samantha estudou-a se afastar imóvel. Não conseguia acreditar como Belatriz parecia tão gélida diante da situação e nem como ela própria não estava fazendo um escândalo.

Virou-se e viu Lily e Tiago caminhando com os outros amigos entre si. Pareciam realmente dispostos em não se fitar nos olhos.

Queria tanto protegê-los... Mas e as outras pessoas?

-O que a Belatriz queria com você? – Sirius cochichou, aproximando-se dela.

-Nada. Vamos. – Sam disse afastando-se do moreno.

De alguma maneira, tinha medo de envolvê-lo naquilo também... Não sabia se agüentaria...

-Foi uma Avada Kedrava que a matou. – murmurou Lily para si mesma, estudando Samantha ao longe.

“Parece que o plano de Voldemort foi posto em prática.”


-.-.-



Em uma das poucas vezes, em toda história de Hogwarts, o saguão comunal estava silencioso.

As quatro mesas estavam devidamente ocupadas, assim como a mesa dos professores. O único que não estava presente era Dumbledore.

Alguns alunos tinham os olhares fixos na cadeira do diretor. Outros estudavam a si mesmos, como se receassem sair daquela sala e mais alguém acabar...

Morto.

Contudo, a mesa sonserina parecia a menos afetada. Alguns dos alunos pareciam até querer tirar um cochilo.

Tiago pensava na garotinha. Jennifer lhe parecera tão simpática na fonte no início do ano! Como alguém poderia simplesmente pensar em matá-la?

Remo aninhava a namorada um tanto preocupado. Julie de repente parecera mais pálida e com um olhar mais distante do que o habitual.

Lily notara também. Perguntava-se se ela possivelmente imaginava ter algo a ver com o pai. Sabia que quando estivessem sozinhas, ela forçaria Samantha a contar-lhe tudo.

Subitamente, Alvo entrou no salão e caminhou rapidamente entre as mesas. Todos os alunos o estudaram como se de repente ele fosse apresentar a solução.

Finalmente chegou ao seu lugar na mesa, mas optou por ficar em pé. Estralou os dedos durante um instante e sorriu tristemente.

-Infelizmente nossa manhã foi extremamente peculiar. Corujas já foram enviadas aos pais avisando sobre... Os ocorridos. Porém, quero que escutem com atenção:

“Todos vocês já devem ter ouvido falar desse novo bruxo das trevas... Muitos dizem que ele não será nada, mas eu não gosto de ser enganado e muito menos gosto de enganar alguém.

“Lord Voldemort, que tem saído diariamente nos jornais, infelizmente não será um bruxo qualquer... Portanto peço a todos extrema cautela.”

-Professor! – pigarreou uma voz feminina da mesa da Sonserina.

Todos se voltaram para a aluna. Satisfeita consigo mesma, a loira arqueou levemente as sobrancelhas e perguntou:

-O que ele tem a haver com o que está acontecendo aqui?

Dumbledore tombou a cabeça para frente e arrumou os óculos.

-Não acha estranho, Srta. Green, o fato de que todos os alunos que infelizmente perderam a vida esta manhã terem descendência ou então foram nascidos não-bruxos?

A loira estudou o professor durante um instante com pensamentos maliciosos na cabeça. Certamente o velho estava ficando “gagá”.

No entanto, as palavras do diretor tiveram um efeito assustador sobre os outros estudantes. Todos começaram a se entreolhar extremamente preocupados.

Tiago não conseguiu se conter em segurar a mão de Lily por baixo da mesa. A ruiva não a tirou, tampouco o olhou nos olhos. Sentiu medo, obviamente, mas o moreno lhe dava uma sensação de segurança. Ninguém precisava saber, nem ao menos ele.

Ambos entrelaçaram os dedos com um suspiro pesado. Tiago não queria nem ao menos imaginar o que faria sem ela...

-Obviamente o Ministério já está sabendo. – Dumbledore proclamou. – E novas medidas de segurança serão instaladas. Os alunos que quiseram deixar a escola poderão, mas precisarão de consentimento dos responsáveis e peço que, por favor, assinem seus nomes em uma lista de dispensa que será deixada em mãos da professora Mcgonagall.

“Contudo, gostaria que o medo não tomasse conta de vocês e que deixassem a mente continuar a vagar pelos estudos. Mas antes de voltarem às salas de aula, quero pedir algo a todos:

“A palavra que mais prezo é honestidade. Peço, então, que se algum aluno souber de alguma coisa que, por favor, informe a algum dos professores, ou então passe na minha sala. Isso é tudo.”

Samantha sentiu o estômago revirar pesadamente. Nem ao menos pensou em olhar os amigos... Se estivessem lhe observando só piorariam as coisas.

-Professor? – Julie o chamou, acordando todos os amigos de um transe. – Quantos...? Quantas pessoas faleceram?

Dumbledore estudou a aluna por cima dos óculos de meia-lua e disse com pesar:

-Cinco Heingbester. Cinco.


-.-.-



O resto do dia se passou extremamente silencioso. Durante o almoço, poucas palavras foram trocados, tampouco sorrisos. Todos pareciam pensar nas palavras do diretor e para a alegria de Dumbledore, não foram muitos os alunos que assinaram a lista de dispensa.

Samantha se pegou várias vezes ao longo do dia segurando o pulso direito. Bendita marca que mudara sua vida! Se soubesse o que aconteceria quando se mudasse para Hogwarts...

Lily a estudava de sua própria cama. Samantha concordara com a idéia de confidenciar a loirinha que era uma...

Nenhuma das duas conseguia proferir a frase. As palavras pareciam ter um gosto extremamente amargo.

-Sammy. Você acha que...

-Não acho nada, Lily. Me deixe pensar durante um instante, okay?

A ruiva assentiu, brincando com sua pulseira. Respirou profundamente e disse sem pestanejar:

-Estava pensando em ir falar com o Dumbledore.

-O... Quê? – Samantha começou, sem conseguir acreditar.

A porta do quarto se abriu e ambas ouviram a voz grossa e conhecida de Tiago:

-Eu também.

-Não. Vocês não podem, está bem?! Por favor, continuem quietos. – Sam exclamou com a voz um tanto trêmula.

-Por que não, Sam? Ele tem que saber! – Tiago disse um tanto irritado, enquanto fechava a porta atrás de si.

Samantha se levantou num salto e começou a andar em círculos.

-Não. Não... Eu vou dar um jeito.

-Sammy. – Lily disse andando até ela. – Você ouviu o que ele disse. O Voldemort é perigoso... Isso já foi longe demais e...

-NÃO! VOCÊS DOIS NÃO TÊM O DIREITO DE CONTAR! O SEGREDO É MEU, ESTÁ BEM?! – Samantha urrou assustando os amigos.


-.-.-



-Hey George!

George Dalton se despertou dos pensamentos e se virou, tentando não esbarrar em nenhum dos outros alunos. A noite caíra em Hogwarts, fazendo com que todos corressem para seus dormitórios. O que era estranho, ele pensava. Em dias comuns, todos evitavam dormir.

Sirius se aproximou do loiro e sorriu:

-Hã... Você se lembra de mim, não é? Sirius, o amigo da Lily...

-Me lembro mais como o-maroto-galinha-de-Hogwarts.

-É... – fez Sirius encabulado. – Isso também... Escuta, por acaso você tem um tempinho livre agora?

-Hum... Claro. – disse o loiro achando a cautela do moreno um tanto estranha. – Aconteceu alguma coisa com a Lily?

-É. Mais ou menos... Na verdade, é mais sobre alguém que mexe com a Lily.

George sorriu.

Porém, não imaginava que não era ele que “mexia” com a Lily.


-.-.-



Lily e Tiago estudavam-na apreensivos. Samantha respirava ofegante sentindo a cabeça latejar. Massageou a têmpora durante um instante e murmurou: “Desculpe”.

-O que mais você está escondendo Samantha? – Tiago perguntou, parecendo preocupado e ao mesmo tempo profundamente irritado. – Se eu fosse você já teria ido falar com o Dumbledore assim que vi o corpo da Fuller. Você não vê a gravidade que a história está tomando?

-Vejo Tiago, mas eu não posso contar e ponto final. Vocês dois terão que confiar em mim.

A porta se abriu novamente, por onde Julie passou. No mesmo instante ela percebeu o clima pesado no quarto e estudou um de cada vez com a feição extremamente séria.

-Aconteceu alguma coisa?

Tiago abriu a boca para falar, mas Lily o cortou:

-Julie, nós não contamos tudo a você.

A loira riu nervosamente e cruzou os braços.

-O que quer dizer?

-Bem... – fez Lily, estudando Samantha que estava com o olhar fixo no chão de madeira. – A Samantha... Ela é uma... Uma...

-Uma o que? – Julie a interrompeu impaciente.

Tiago passou a mão pelos cabelos e abriu a cômoda da morena, puxando o livro preto. Caminhou até Julie e o estendeu para ela.

As sobrancelhas da loira frisaram, enquanto ela puxava o livro e o folheava subitamente interessada.

-O que é isso?

-Bem. – disse Tiago enfiando as mãos nos bolsos estudando a morena. Samantha parecia disposta a deixar que ele e Lily contassem a história toda. – Tudo começou com isso. Na primeira noite aqui em Hogwarts, a Sam o encontrou.

-Exatamente... Aí eu descobri sobre ela ser uma mediadora, Ju. Não que ela tenha gostado muito... – disse Lily aproximando-se da loira. – O fato é que o livro foi entregue a Sam justamente por isso.

-O que quer dizer com entregue? – Julie perguntou um pouco irritada, fechando o livro com estrondo. – Gente, vocês estão sendo muito confusos e...

As palavras de Julie morreram em sua garganta. Samantha havia andado até o trio e puxado a manga. Os quatro vislumbraram a grande caveira com a cobra peculiar que saía de sua boca:

A marca de Voldemort.


-.-.-



A quarta-feira amanhecera extremamente cinzenta. Todos estavam usando capas de chuva diante dos chuviscos que haviam começado. O estádio de quadribol estava incrivelmente lotado.

Por mais horrível que tivesse sido o dia anterior, o esporte anuviava as cenas marcantes que passavam pelas cabeças dos alunos.

Remo, Julie, Samantha e Lílian haviam arrumado ótimos lugares para assistirem os amigos.
Lily observava o campo com uma ansiedade crescente dentro do peito. Pela primeira vez em todos aqueles anos, estava ansiosa para uma partida de quadribol.

Os times já se preparavam para entrar em campo. Logo, o locutor começou a narrar os nomes dos jogadores e todos eles voavam em suas vassouras.

Sam acenou para os amigos, enquanto estudava Lily pelo canto do olho. Sentiu vontade de rir, vendo que a ruiva ficava meio que secando o moreno. Como os dois eram orgulhosos! Tinham que ficar juntos de vez!

As vassouras pararam durante um instante e os dois times se cumprimentaram. George puxou Tiago de lado e murmurou:

-O Sirius me contou o que acontece entre você e a Lily.

Tiago sorriu maroto:

-E daí?

-Daí, que eu não vou desistir dela tão facilmente. A Lílian é uma garota incrível.

-Eu sei disso. E é por isso que quero te fazer uma proposta.

George afastou a franja molhada dos olhos e encarou o moreno.

-Quem pegar o pomo, fica com ela.

George riu divertido.

-Isso é a coisa mais idiota que já ouvi... Deixe ela decidir.

-Oh, podemos fazer isso sim, mas acho que a escolha dela está bem clara. Se você pegar o pomo, eu me afasto e ela é toda sua.

O loiro devolveu o olhar mortífero para Tiago.

-Ei meninos! – gritou a juíza. – Vamos ao jogo!

George se afastou sobre o sorriso perigoso de Tiago. Parecia que ambos estavam prontos para travar uma guerra pela garota.

A goles foi liberada, seguida dos balaços. Os artilheiros da grifinória começaram a atirar a goles entre si, caminhando até os aros.

Sirius mergulhou até os companheiros para defendê-los de um balaço. Assim que obteve sucesso, procurou Sam com os olhos na arquibancada com um sorriso do tipo: “Eu sou o melhor.”

A morena revirou os olhos mordendo o lábio inferior. Sirius ficava engraçado e incrivelmente charmoso com o uniforme de quadribol.

O pomo de ouro foi solto e logo desapareceu pelo campo. Tiago e George circulavam o gramado sem tirar os olhos um do outro.

Aquilo não se tratava de um jogo, mas sim de Lily.

Julie pareceu notar e cochichou algo no ouvido da amiga, fazendo-a corar.

Logo, um gol foi feito pela Corvinal, fazendo com que urros de reprovação eclodissem na arquibancada grifinória.

-Que filhos da pu...

-Julie! – Samantha exclamou marota.

-Bem, acontece que eu sou extremamente competitiva.

-Eu que o diga... – murmurou Remo, fazendo Lily e Sam rirem.

Subitamente, George avistou a bolinha dourada e mergulhou em direção ao solo. Sem pestanejar, Tiago o seguiu.

-Hey, acho que encontraram o pomo! – exclamou Remo.

Os quatro se debruçaram para poder enxergarem melhor. Sirius também havia notado e observou-os durante um instante.

O pomo mudou de direção e começou a subir rapidamente. Os dois apanhadores o seguiram avidamente com sede de vencer.

Logo sobrevoavam por cima da arquibancada sonserina que xingavam Potter de vários nomes extremamente indelicados.

Por vezes, os garotos se esbarravam e batiam fortemente nos ombros um do outro.

Sirius começou a se sentir culpado sobre o que dissera na noite anterior.

“Não devia ter usado as palavras Lily, Tiago e amor na mesma frase... Caraca, Dalton vai matar o Pontas!”

A chuva começava a ficar mais forte, assim como trovões que brigavam no céu.

-Gente, eles querem mesmo aquele troço. – disse Samantha.

O estômago de Lily revirou. Tiago tinha que alcançá-lo!

O pomo mudou de direção novamente e logo os dois estavam sobrevoando no meio do campo.

Foi então que um trovão eclodiu no estádio, conseguindo alguns gritos de alunas.

A visão de todos foi subitamente interrompida. Assim que Sirius conseguiu enxergar novamente, viu George e Tiago emparelhados sobre a bolinha dourada.

“Quase lá, Pontitas, quase lá!”

Um dos batedores corvinais mandou um balaço em cheio sobre Tiago. Sirius sem pestanejar mergulhou rapidamente, mas não conseguiu alcançá-lo.

O balaço atingira Tiago no estômago, fazendo-o trombar com George fortemente.

Os dois perderam o equilíbrio e caíram das vassouras.

O estádio inteiro se levantou para observar a queda. Lily empalideceu ao notar que Potter parecia desacordado.

-Droga! – exclamou Sirius mergulhando até o amigo.

Um artilheiro segurou George pela mão e o ajudou a alcançar a vassoura novamente. O corvinal recomeçou a corrida pelo pomo.

No entanto, todos observavam o mergulho de Sirius atrás do amigo.

-Vai Six... – murmurou Samantha nervosa.

Lily parecia congelada.

Sirius conseguiu alcançá-lo a poucos centímetros de distância do solo. Ambos capotaram e rolaram na grama.

Sirius tossiu, sentindo a cabeça latejar. Afastou Tiago que caíra praticamente em cima de seu corpo e balançou seu rosto:

-Cara! Pontas acorda!

George esticou os dedos e alcançou o pomo. Corvinal vencera!

No entanto, nem a própria casa parecera notar... Os únicos que urravam de felicidade eram os sonserinos.

Dumbledore entrou em campo seguido de outros professores e a enfermeira. Dumphyl afastou Sirius e estudou Tiago de perto.

Logo Lily, Remo, Julie, Samantha e outros grifinórios corriam pelo gramado.

-Você está bem? – perguntou Sam, virando o rosto de Sirius para si.

-Estou... O Tiago que não ‘tá.

Os morenos estudaram o amigo.

-ME DEIXEM PASSAR! MERLIM SAÍAM DA FRENTE! – esbravejou a enfermeira, com Slughorn empunhando uma maca recém conjurada com a varinha em seu encalço.

Lily estudou Tiago sentindo vontade de chorar.

A ruiva deu um passo em direção ao moreno, mas então alguém a puxou pelo braço:

-Lil, tome.

Lílian tentou sorrir, observando George em sua frente. Seu rosto tinha um pequeno arranhão e sua mão estava suja de terra. Dentro dela, se revelava o prometido pomo de ouro.

-Ah... É. – fez Lily olhando o amigo de relance que já havia se afastado a caminho da enfermaria.

Várias pessoas o circulavam.

-Fique com o George Lils. – disse Julie, no que Sam assentiu. – Nós vamos ver o Tiago.

As duas meninas se afastaram, deixando Lily e o loiro a sós.

Subitamente o time apareceu. Todos os jogadores davam parabéns ao apanhador e tapinhas em seu ombro.

-Vai ter festa agora no salão, Dalton. – exclamou o capitão.

-Já vou...

O time saiu cantarolando o hino de torcida Corvinal. Lily e George os observavam.

O loiro riu:

-Desculpe meus amigos... Eles são meio afobados.

Lily assentiu, enquanto estudava a bolinha dourada na palma de sua mão. As asas se abriram suavemente.

-A gente vai ter que devolver isso depois... Mas eu queria que você visse antes! Promessa é promessa! – George disse sorridente, enquanto pegava a mão de Lily.

A ruiva constou que nem de longe o loiro lhe dava a segurança que Tiago lhe dava ao segurar sua mão.

George aproximou seus lábios da boca de Lily devagar, enquanto o coração da ruiva batia aceleradamente.

Parecia gritar: Tiago! Tiago! Tiago!

Lily engoliu em seco e desviou seu rosto, sentindo lágrimas brotarem em seus olhos.

George estudou-a preocupado e virou o rosto da ruiva para si novamente.

-O que foi que eu fiz?

-Nada. – Lily disse com uma voz chorosa. – Não foi nada! Você é maravilhoso George! Quem me dera você der aparecido antes, mas é que...

-O Tiago. – disse George chateado, encarando o chão.

“Exatamente!” – gritou a mente de Lily.

O único que podia tocá-la era o Potter. O seu prepotente e arrogante e idiota do Potter!

-Me desculpe... – disse Lily devolvendo o pomo. – Mas eu não quero me enganar... Não quero te enganar!

-Está tudo bem... – disse George girando o pomo nos dedos.

-Eu sei que alguma menina sortuda vai te encontrar! E ela vai te fazer extremamente feliz, mais do que eu mesma poderia fazer e...

-Está tudo bem Lily. – disse George que apesar de triste, não conseguiu segurar o riso. – Sério.

-É que quando eu fico nervosa eu começo a falar um monte e...

-Já percebi. Anda. Vai lá falar com ele... – disse George com um suspiro.

Lily assentiu, secando uma lágrima.

-Obrigada. Podemos ser amigos? – perguntou a ruiva, sorrindo.

-Claro.

Lílian assentiu e saiu correndo.

Não se importava mais com absolutamente nada: só com ele.


-.-.-



Dumphyl bufou irritada, entrando na sua sala. Dumbledore pedira que ela deixasse os amigos de Tiago ficarem pelo menos durante alguns minutos.

Muito contra gosto, permitiu que Sam, Julie, Remo e Sirius ficassem em volta da cama do maroto.

O diretor também saíra da enfermaria, de modo que somente os jovens velassem o sono do moreno.

De repente, os quatro ouviram uma respiração ofegante vindo da porta. Nenhum deles pareceu surpreso ao ver Lily.

Julie arqueou levemente as sobrancelhas ao ver o estado da amiga: os cabelos totalmente bagunçados, os olhos vermelhos e o lápis totalmente borrado, deixando suas bochechas com lágrimas pretas.

-Caramba. – disse Samantha, fazendo Julie rir. Sirius lhe deu uma cotovelada.

-Ele está bem? – Lily perguntou, estranhando a própria voz que saíra esganiçada.

-Acho que você que não está. – disse Sam, fazendo Julie rir outra vez.

-Como vocês são insensíveis. – disse Sirius.

Lily se empertigou.

-Ai, eu devo estar horrível mesmo. Não estou Remmie?

O loiro estudou-a durante um instante.

-Bem... – fez Remo, no que Julie e Samantha caíram na risada.

-Você nunca está horrível.

Todos se voltaram para a cama. Tiago tinha os olhos bem abertos e a expressão séria.

-Pontas! – gritou Sirius, abraçando-o, ou melhor, enforcando-o pelo pescoço.

-Me larga. – disse o moreno, fazendo os outros rirem.

-Você assustou a gente, Pontas - disse Sam marota. – Nunca mais faça isso.

Tiago assentiu, estudando Lily novamente. A ruiva de repente se sentiu nua, como se ele a trespassasse.

-Hum... Gente, nós temos que fazer aquilo lá! – disse Remo, puxando Julie pelo braço.

-O que? Transar? – perguntou Sirius, no que Remo o censurou com o olhar.

-Anda. – disse Samantha, no que Sirius a seguiu para fora da enfermaria, deixando Lily e Tiago a sós.

Os dois se fitaram durante um instante.

-‘Tá doendo?

-Já estive em melhores condições. – Tiago respondeu.

A ruiva assentiu, tirando o cachecol. Ajeitou os cabelos e se sentou ao lado do moreno. Tiago estudou a face da menina, esperando que ela continuasse.

-Hum... Bem. Parece que George não vai mais olhar na minha cara.

Tiago sorriu maroto.

-Que bom... Eu não gostava dele mesmo.

Lílian revirou os olhos e estudou o chão da enfermaria. Os olhos de Tiago estavam grudados nos seus... Ela podia sentir.

-Você tinha razão. – ela disse num tom extremamente baixo.

-Eu sempre tenho Evans. – disse o moreno, fazendo Lily rir.

-Mas uma parte de mim ainda te odeia Potter. Uma parte de mim ainda acha que você é um arrogante, nojento, metido, prepotente...

-E você adora isso.

Lily levantou o olhar do ladrilho e estudou os olhos castanhos do rapaz, fazendo seu estômago revirar violentamente.

-Eu e o Dalton fizemos uma aposta, sabia? – Tiago perguntou, passando as mãos pelos cabelos. De repente começou a se sentir um tanto desconfortável, lembrando-se que por baixo da camisola da enfermaria ele estava...

“Pelado.” – ele pensou achando a situação extremamente peculiar.

Lily arqueou as sobrancelhas e apoiou os cotovelos sobre a cama de Tiago, de um modo que os rostos ficassem mais próximos.

-Sobre quem ficaria com você. Quem pegasse o pomo...

-Oh meu Deus, Potter. – disse Lily com um riso. – Isso é tãão típico de você.

-Mas funcionou.

-Não vejo aonde. – disse Lily arrumando a franja que teimava a lhe cair sobre os olhos atrás da orelha. – A Corvinal que pegou o pomo... Aliás, eles venceram.

-Não. Eu que venci hoje... Falei para o George que você escolheria a mim, de qualquer maneira.

Lily riu divertidamente e lhe deu um soco de leve no ombro:

-Convencido.

Tiago sorriu maroto e deixou o olhar vacilar para os lábios vermelhos de Lily. A ruiva sorriu:

-Sabe de uma coisa? Quando você me beijou no fim de semana passado... Não consegui pensar em mais nada depois daquilo... A não ser no que você tinha me dito.

-E?

-E a verdade é que você estava certo o tempo todo. E eu sabia disso. – Lily acrescentou com um sorriso.

Tiago sentiu o peito estufar de alegria. Lílian Evans, a garota que era apaixonado por dois anos – na verdade, ele só descobrira que era apaixonado por ela naquele ano, mas que seja! –estava confessando que ela gostava dele.

Melhor: que ele estava certo.

Oh, como ele adorava estar certo! Principalmente quando se tratava de uma discussão com ela!

Lílian riu divertida, ao ver que Tiago estava fazendo uma careta pensativa. Percebeu então que não havia nada mais certo a fazer, a não ser beijá-lo.

E foi exatamente o que ela fez... Talvez de um modo um pouco mais urgente do que gostaria...

Sem pestanejar, a ruiva virara o rosto do rapaz para si e encostara seus lábios nos dele. Não queria beijá-lo de modo suave, queria realmente beijá-lo. Como se aquela fosse a última vez que se beijariam: mas os dois sabiam muito bem que se beijariam muitas outras vezes pela frente.

Lily selou o beijou sem ar e deixou seu rosto próximo ao dele. Os narizes se roçavam levemente e a ruiva mantinha as mãos entorno do pescoço do rapaz.

-Pelo amor de Merlim, garota. – Tiago sussurrou, fazendo-a rir. – Eu te amo. Agora mais do que nunca.

-Eu também... Eu também.


-.-.-


Remo e Julie se despediram dos colegas e foram à biblioteca. Estudariam Herbologia – para o horror da loira.

Sam resolvera acompanhar Sirius até o vestiário. Durante o percurso foram conversando sobre os ataques e sobre Voldemort.

Os dois tinham certeza de que as palavras de Dumbledore se tornariam verdadeiras mais tarde.

Samantha estudou o vestiário e percebeu que ele era mais organizado do que imaginara, levando-se em conta que só havia garotos no time.

Porém, assim que Sirius abriu a porta do seu armário, ela viu que a bagunça estava na verdade escondida nos pequenos cubículos.

O maroto nem ao menos deu a impressão de que percebera.

-Não consigo acreditar que a gente perdeu. Os sonserinos devem estar tão felizes... Nojentos.

Samantha se acomodou em um dos bancos e deixou o queixo cair ao ver que Sirius iria realmente tirar a camisa na frente dela.

Desviou o olhar sentindo as bochechas arderem suavemente, mas não demorou muito até voltar a estudar as costas nus de Sirius.

Que braços ele tinha! Tão fortes e tão...

“Perfeitos? Musculosos? Não existe adjetivo para isso.”

Sam mordeu o lábio inferior tentando realmente se controlar, principalmente pelo fato de ambos estarem sozinhos no vestiário...

Sirius procurava alguma coisa no meio dos objetos empilhados no armário. Nem ao menos se dava conta dos olhos cinza de Samantha que o secavam de maneira desejosa.

A menina se levantou e o fitou mais um instante.

Engoliu em seco e caminhou até Sirius devagar. Se perguntou como ele conseguia ser tão cheiroso.

Samantha estava extremamente próxima ao maroto, de modo que ele sentiu uma leve respiração soprando em sua nuca.

Com a sobrancelha erguida, Sirius se virou e encontrou Samantha sorrindo maliciosamente.

-Sabe, você fica muito sexy com o uniforme de quadribol. – sussurrou Sam em uma voz abafada.

O rapaz sorriu marotamente e fitou os olhos da menina.

-Mesmo?

-É claro. – Samantha disse se aproximando ainda mais. – Só que sem camisa... Bem, fica melhor ainda.

O riso sacana de Sirius lhe percorreu as orelhas. Sam ergueu a mão direita e a levou até o pescoço do rapaz. O olhar de Sirius se mantinha fixo nos lábios da menina.

A morena pressionou levemente as unhas na pele de Sirius e caminhou suavemente até o peito do maroto se aproximando ainda mais. Suspirou suavemente, fazendo com que Sirius perdesse as estribeiras e lhe envolvesse os lábios fortemente.

O maroto, sem se desencostar de Samantha, bateu a porta do armário e empurrou a morena sobre ele.

Pode sentir os lábios dela se contorcerem levemente para cima, fazendo-o ansiar por beijá-la ainda mais.

Samantha percorria as mãos livremente pelo peito de Sirius, por vezes se encaminhando a barriga.

Sirius parou de beijá-la um instante e começou a mordiscar sua orelha, fazendo Sam fincar as unhas nas costas do moreno. Podia sentir a mão forte e quente de Sirius lhe subir a coxa direita por baixo da saia, já que o envolvia com a perna.

-Não acho que... – Samantha começou a murmurar, mas Sirius beijou-a novamente, fazendo com que as palavras morressem na garganta.

As mãos ágeis do maroto encontraram um caminho por baixo da blusa social de Sam e começaram a percorrer a sua barriga.

Samantha sentiu a mão do moreno começar a subir em direção ao seu seio, mas então ouviram um barulho.

Sirius praguejou baixinho, dando espaço para a morena passar.

Samantha se sentou no banco, arrumando os cabelos e a blusa da melhor maneira que conseguira e sorriu marota para Sirius.

Um dos integrantes do time entrara no vestiário e cumprimentou ambos. Em silêncio abriu seu armário e pegou um livro. Depois de trancá-lo, começou a se direcionar a porta, mas se deteve:

-Hey Black?

Sirius desviou o olhar de Sam, que parecia realmente interessada em estudar as unhas.

-Você tem batom nos lábios. – disse o rapaz indiferente, saindo do vestiário.

Sirius levou a mão à boca, fazendo Samantha rir enquanto se levantava.

-Aonde você vai? – ele perguntou avançando sobre a morena.

-Embora. – disse Sam se desviando do moreno e segurando a porta do vestiário. – Acho que não precisamos nos precipitar, não é?

Sirius observou-a bater a porta e fechou os olhos.

“Cara ‘tava tão perto!” – pensou, bufando e jogando uma toalha sobre os ombros. Caminhou até a ducha com um sorriso maroto: Sam dando uma de difícil só aumentava sua vontade.


-.-.-



Samantha puxou o casacão preto mais para perto de seu corpo. Sempre que a noite caía na escola, tudo parecia mais sinistro.

A morena meneou a cabeça e continuou a andar pelos corredores com muita cautela, afinal de contas, tudo o que ela não precisava era ser pega pelo Filch.

Enquanto seus pés andavam sobre o chão lustroso de Hogwarts, ela amaldiçoava Belatriz em pensamento.

“Hogsmead! Se encontrar em Hogsmead! Merlim vai ser uma anta assim no inferno.” – Samantha afastou a franja dos olhos. -“Isso não é da minha conta, Brewston. Arrume um jeito... Ela diz. Como se a coisa mais normal do mundo fosse sair de Hogwarts durante a noite, levando em conta que a segurança está dobrada."

Subitamente, Samantha sentiu seu braço ser puxado e outra mão ser levada até sua boca, impedindo-a de gritar.

Quem havia a agarrado ela não sabia, mas a tal pessoa segurava-a próxima a si num pequeno espaço morto do corredor, atrás de uma armadura.

Pôde ver então o Professor Slughorn passar em frente a eles. Parecia que todos os professores circulavam a escola.

Depois de um tempo, a mão lhe soltou.

-Toma cuidado, Sammy. Não seria nada legal se você fosse pega.

Samantha estudou Charly. A loira trajava uma saia um tanto curta com um longo casaco bege.

“Ou ela está com frio ou com calor. Não entendo essa moda de hoje em dia!” – pensou a garota com um revirar de olhos.”

-É... Certo.

-Então vamos andando. – disse Charly, saindo na frente.

Com a sobrancelha erguida, a morena a seguiu. As duas caminhavam apressadamente pelo corredor, com os cabelos esvoaçando para trás.

-O que quer dizer com “vamos andando”?

-Você já foi mais esperta. – Charly retrucou parando-a antes de prosseguirem.

Os olhos azuis e atentos de Charly estudaram o corredor. Com cautela, a loira enfiou a mão no bolso e retirou a pequena varinha marrom, empunhando-a em sua frente.

-O que...?

-Shiii. – fez Charly. – Temos companhia.

Samantha engoliu em seco, finalmente ouvindo alguma coisa. Certamente alguém estava vindo.

Ambas se viraram delicadamente e viram que Narcissa vinha em direção a elas. Charly bufou e enfiou a varinha no bolso.

-Boa noite. – disse a loira cinicamente. – Estavam indo para o Três Vassouras?

-O que você acha? – Charly retrucou, recomeçando o seu caminho e puxando Samantha consigo.

Sam se soltou da loira e estudou as duas.

“Oh meu Deus.” – ela pensou.

-O que é Brewston? – perguntou Narcissa, achando o modo como ela a fitava um tanto estranho. – Surpresa por eu estar envolvida nisso? Acha que só a Belatriz tem o direito de ser a menina má?

-O direito não, mas a atitude é. – Charly retrucou, cortando Samantha.

Narcissa revirou os olhos e abriu a porta da escola com um empurrão. No mesmo instante que as três puseram o pé no gramado, uma luz caiu sobre elas.

Algum vigilante apontou-as com um feixe de luz saindo de sua varinha. Samantha tentou reconhecê-lo, mas no mesmo instante Charly gritou: “Estupefaça!”.

O homem caiu de bruços no solo, deixando a varinha voar de sua mão. Sam assustou-se com a atitude da francesa. Charly tinha basicamente o mesmo jeito de Julie, e nem ao menos sonhava vendo qualquer uma das duas estuporando alguém.

Narcissa caminhou até o rapaz desmaiado e virou o rosto dele com as mãos.

-Charly, você é uma comensal? Desde quando? – Samantha não conseguia acreditar.

A loira riu debochada.

-Sammy, você realmente vive fora do mundo!

Charly caminhou até Narcissa e o monitor desmaiado. Pegou a varinha do rapaz com a mão direita e com um dar de ombros enfiou-a no bolso.

De repente Samantha percebeu a gravidade da situação: assim que o homem voltasse a si, lembraria muito bem do rosto das três. Certamente estariam encrencadas.

Samantha caminhou até elas e lhes disse exatamente o que estava pensando. Charly arqueou a sobrancelha e perguntou se ela tinha algum tipo de problema.

Sem entender o que Narcissa estava fazendo, observou-a retirar a varinha talhada em ouro do bolso e fincar na testa do rapaz. A loira fechou os olhos e murmurou qualquer coisa, fazendo uma aura branca surgir ao redor da cabeça do monitor.

-O que você está fazendo?

-Apagando a memória dele. – Narcissa explicou se levantando e limpando as vestes.

-Não acho que seria necessário. – disse uma quarta voz.

As três meninas se viraram e viram Belatriz, Lucius e Snape se aproximarem. Charly se moveu incomodada ao seu lado. Odiava olhar para o loiro.

-Acho que teremos seis agora. – Lucius continuou erguendo a varinha num sorriso malicioso.

-Espera. – Charly o interrompeu. – Use a dele. Se inspecionarem as varinhas não terão como descobrir que você o matou.

Lucius considerou a oferta e puxou a varinha da mão da loira.

Samantha se pôs em frente ao rapaz com uma expressão extremamente irritada. Belatriz bufou e aproximou-se dela.

-Saía da frente Brewston.

-Vocês já mataram o suficiente. – ela retrucou enojada, empunhando a própria varinha. – Se quiserem matá-lo, terão que passar por mim.

Narcissa riu divertida:

-Oh meu Deus, que drama! Ele é um sangue-ruim, grande coisa! O mundo está cheio deles! Infelizmente...

-Como é que é? – Samantha brandiu virando-se para a loira.

-Você devia estar a favor dos planos do Lord das Trevas. Não contra eles. – disse Snape numa voz seca, fazendo com que os pêlos da nuca de Samantha se eriçassem.

“Que maníaco!” – ela pensou, apertando a varinha mais fortemente.

-Esse é o problema. Eu estou totalmente contra ele. Eu odeio o Voldemort.

-Expelliarmus! – Belatriz exclamou, fazendo com que a varinha de Samantha escapasse de seus dedos.

Charly empurrou-a e junto de Belatriz segurou-a de modo firme. Samantha esperneava tentando se soltar, mas não conseguia.

Foi então que um jorro de luz verde voou em direção ao monitor, despertando a atenção de todos.

-Pronto. – disse Lucius satisfeito.

As duas meninas soltaram Samantha, que sentiu os joelhos fraquejarem. Caiu no chão de joelhos e observou o corpo sem vida do rapaz. Os seus olhos lacrimejaram.

-Covarde... – ela sussurrou. – VOCÊ É UM COVARDE!

Lucius empertigou-se com o grito da morena.

Samantha sentiu o sangue esquentar em suas veias. Levantou-se num salto e avançou sobre o loiro. Sem pestanejar, lhe deu um soco certeiro no rosto.

Narcissa deixou uma exclamação sair dos lábios e correu até o namorado. Snape parecia indiferente, de modo que a única coisa que fez foi andar até o corpo e tocá-lo. Ambos aparataram.

-Escuta aqui Brewston. – Belatriz rugiu. – Ou você se controla, ou eu mesma vou ter que fazer você se controlar. Entendeu?!

-ENTENDER?! ELE NÃO TEVE CHANCE DE SE DEFENDER! ESSE IMBECIL DO MALFOY É UM COVARDE! UM C-O-V-A-R-D-E! – Samantha gritou apontando para o rapaz que tinha o lábio inferior sangrando.

-PARE DE GRITAR! – Belatriz urrou ainda mais alto.

As duas morenas se fitaram de uma maneira ofegante.

-Snape já levou o corpo para o Milorde. Os outros também. – Charly disse, tentando distrair Belatriz. Ela não suportava Samantha, mas mesmo assim não queria que ela se desse mau logo de início. – Nós dois demos um jeito e tiramos os corpos da enfermaria.

Samantha sentiu uma tontura estranha tomar conta de si. Pegou sua varinha do chão e voltou a encarar Belatriz.

-Como eu disse Brewston, você não precisa fazer parte disso. Aliás, nem gostaria que fizesse. Quando a profecia estiver completa, você se manda. Porém quando isso acontecer, te aviso desde já que está na minha mira.

-Idem. – Samantha murmurou pela primeira vez em sua vida considerando a alternativa de matar alguém.

-Andem logo. – Belatriz disse, rompendo lentamente o contato visual com a morena.

Charly seguiu-a até a Floresta Proibida. Muito contra gosto, Sam fez o mesmo.

-Deixe de ser um bebê chorão, Malfoy. – Belatriz disse. -Foi só um soco. Você sobrevive.

Malfoy se levantou e caminhou até as meninas seguido da namorada. Narcissa parecia um tanto nervosa.

-Mas foi um belo soco. – Charly cochichou para Samantha.

-Obrigada. – ela retrucou, aparatando junto dos outros.

O grupo de comensais apareceu em Hogsmead. Tudo era muito diferente durante a noite, principalmente porque as placas das lojas estavam iluminadas.

Se Samantha estivesse ali por outro motivo, e com outras pessoas, certamente seria muito agradável.

Mas longe disso, sua noite provavelmente seria terrível.

Todos entraram no Três Vassouras, que estava lotado. Acomodaram-se em uma mesa e não pediram nada.

-Bom, o Dumbledore é mesmo uma anta. – Belatriz disse, retirando um pergaminho das vestes. – A segurança extra não vai nos atrapalhar em nada. Vejamos, ainda precisamos de pelo menos mais quinze pessoas...

-O Lord disse que queria especificamente dez por cada um. – Charly retrucou. – Portanto, planejo concluir as últimas oito vítimas sozinha.

-Não. – Lucius disse, finalmente tirando a mão do lábio. – Ele pediu que reduzíssemos o número. Muita gente do ministério se envolveria se tivesse um homicídio em massa na escola.

Samantha tentou bloquear o que eles falavam, mas simplesmente não conseguia. Como é que Charly havia conseguido matar não só uma, mas duas pessoas naquela manhã e agia de modo perfeitamente normal?

-Exatamente. – Belatriz assentiu.

-O que eu tenho que profeciar? – Samantha interrompeu a discussão.

Belatriz riu gostosamente:

-Oras, se nós soubéssemos não teríamos te procurado, não concorda?

-Então é simplesmente um tiro no escuro? – Samantha perguntou irritada.

-Se fosse for tão boa quanto o Milorde diz ser, certamente você conseguirá. – Bela respondeu com um revirar de olhos, virando-se para os outros novamente.

Samantha bufou e cruzou as pernas. Desviou o olhar do grupo e estudo as ruas do vilarejo pela janela.

De repente, uma forma de consolo surgiu dentro de si:

Sirius não fora na reunião. Jack estava errado! Ele não era um comensal!

A cabeça de Sam começou a latejar. O que ele acharia do que acabara de acontecer?

Querendo ou não admitir, Sam acabara de testemunhar um assassinato e não conseguira impedir. Sentia-se inútil.

Olhou para os outros e percebeu que estavam extremamente indiferentes. Para eles, aquilo provavelmente era normal.

“Que horror!” – Sam pensou meneando a cabeça.

Não haviam muitas pessoas na rua. Uma senhora caminhava com uma criança e um casal de namorados andava de mãos dadas. No entanto, um homem chamou a atenção da morena.

Os olhos de Samantha se arregalaram. Era ele.

Os cabelos louros e os olhos azuis juntamente da pele clara e postura perfeita o denunciavam:

Diante de seus olhos, exatamente em Hogsmead, se encontrava o pai de Julie.



-.-.-



N/A: Certo, o capítulo tomou um rumo diferente do que eu imaginava... Espero que vocês tenham gostado de qualquer maneira!

Ai, estou tãão feliz que consegui postar! Principalmente por que essa será a última atualização durante um tempinho...

Eu vou viajar dia 5 e vou ficar até dia 25, acho, fora do Brasil então eu não vou poder postar! Quem sabe, mas eu duvido muuito, me dá a louca e eu escrevo o cap 21 antes de ir?

A Lil e o Tiago se acertaram! Finalmente!!! Uhuu!

Bom, pelo menos por um tempo... Todas nós sabemos que o Tiago tem um segredinho por baixo da manga... (Não era “truque” por baixo da manga?! xD.)

A cena S² surgiu quando eu estava escrevendo o cap... Não gostei muito não... Queria algo mais caliente. Só que eu queria postar rápido porque acho mancada demorar muito para atualizar...

Ouviram Thamy, Fe e Kristina? MANCADA!

Mas de qualquer maneira, recomendo que passem nas fics delas!

A da Kristina e a da Fe tem os links no resumo, que são respectivamente A Herdeira de Ravenclaw (como eu amo a Corvinal! Bom, percebe-se pelo meu nick...) e Vanity ( fic da família Black excelente!)

E a da Thamy chama-se: Somos um, mas não somos os mesmos. O link é http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=16234. Sirius e P.O.

Bom pessoas é isso! Muito muito obrigada mesmo pelos comentários! Me fazem super feliz!

Não sei se vou entrar aqui na Floreios dia 31, então: FELIZ ANO NOVO! Que todos os desejos de vocês se realizem e que 2008 seja maravilhoso!

Beeijos,

Kiki Ravenclaw

28/12/07

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