O Livro dos Sonhos



Assim que se recuperou daquele sonho, Harry sentou em sua cama e tateou a procura de seus óculos. Acendeu a luz de seu abajur e olhou no relógio, já se passava da meia-noite, então oficialmente ele já era um adulto, embora tenha enfrentado coisas que nem bruxos adultos sonhavam em enfrentar.

Agora ele sabia que a casa dos Dursley não era mais protegida e que ele logo teria que dizer adeus a seus tios e a seu primo. Por mais terríveis que tenham sido com ele por todos esses anos, eles proporcionaram a Harry algo que ele podia chamar de “Minha casa” selando o feitiço lançado por Dumbledore há 16 anos atrás.

-Dumbledore - foi o pensamento de Harry - Tantas coisas se perderam com ele!

Era verdade. Há menos de dois meses o maior bruxo de todos os tempos havia sido assassinado por nada menos que Severo Snape, o seu homem de confiança. Só de lembrar, Harry sentia seu corpo esquentar de ódio. Como Dumbledore pôde confiar em alguém que tinha sido um Comensal da Morte? Como poderia ter confiado em alguém que jurou lealdade a Voldemort? Será que ele não sabia que ser Comensal era um trabalho para a vida toda?

Quando sua raiva chegou ao auge ele suspirou. Dumbledore sempre teve seus motivos para confiar em Snape, embora não o tenha revelado para ninguém. O que não saia de sua cabeça era o fato de Snape ter traído a confiança de Dumbledore, completando o serviço que era de Draco Malfoy.

-Covarde, isso o que ele é! – desabafou – Atacou Dumbledore apenas porque sabia que estava fraco e sem varinha. Sem poder se defender!

Decidiu que não iria mais pensar naquilo, pela milésima vez naquele verão. Desde que voltou à Rua dos Alfeneiros sempre tinha sonhos esquisitos que envolviam uma mulher que ele não lembrava quem era e Voldemort, falando sobre uma garota. Ele até tinha escrito os sonhos em um livro, para que pudesse mostrar para seus melhores amigos quando se encontrassem. Lembrando disso, abriu a gaveta retirou o livro e começou a ler o último sonho que teve.

[i]Rua dos Alfeneiros, 29 de Julho

-Parece que a Ordem já descobriu sobre a menina, Milord – Disse uma voz seca, porém ansiosa – Minerva está encantada em recebê-la em Hogwarts.
-Então eles já estão cientes dos ataques no Brasil? Pensei que estava limitada somente nesse continente a rede desses imbecis.
-De fato, eles estão conseguindo mais seguidores – sentenciou a mulher – e parece-me também que logo a garota estará vindo para cá.
-É uma sorte que ela não tenha o sangue da inútil da Lílian Potter. Posso chegar nela com muito mais facilidade.
-Milord...Ah, a menina...Ela não, ela não é só a minha filha, ela... – engasgou a comensal.
-Cale-se! Chega de lamúrias sobre essa menina![/i]

Será que a menina que eles falavam nesse sonho era a mesmo que havia completado 17 anos? Tantas coisas na cabeça de Harry...Como ele desejava ter uma penseira naquele momento. Decidiu então tentar voltar a dormir, para quem sabe, com um pouco de sorte, acordar e ver corujas de seus melhores amigos lhe oferecendo apoio e lhe mandando um Feliz Aniversário.

De fato, o seu último pensamento antes de adormecer estava corretíssimo. Acordou com Edwiges dando pancadinhas na janela acompanhada de, pelo menos, cinco corujas. Abriu a janela, colocou seu óculos e tratou de abrir a primeira carta que chegou em suas mãos.

[i]Prezado Sr. Potter

É de suma importância que Vossa Senhoria compareça ao Ministério da Magia para prestar depoimento sobre a morte de Alvo P.B.W. Dumbledore, visto que estava lá na hora do assassinato.
Esperamos o senhor no nosso Ministério às dez horas da manhã do dia doze de agosto.

Atenciosamente,
Rufus Scriemgeour
Ministro da Magia[/i]

Era exatamente isso que Harry precisava agora. Falar sobre a morte de Dumbledore. Será que ninguém estava acreditando que o nojento do Snape era o assassino? Afastando esse pensamento, abriu a segunda carta e soltou um sorriso ao reconhecer a caligrafia de Gina.

[i]Harry, tudo bem?

Feliz Aniversário! Estou tão feliz por você ter chego até aqui vivo! Não tem noção da tamanha felicidade que estou sentindo por você.
Acabou, não é? O feitiço de proteção que Dumbledore lançou na sua casa. Sabe, eu ouvi mamãe conversando com papai a uns dias atrás, eles estavam falando sobre sua segurança, e disseram que aqui não é um lugar seguro.
Não consegui ouvir mais do que isso, porque mamãe percebeu e quase me bateu! Imagino que a gente possa comemorar seu aniversário da Sede da Ordem, afinal, não é todo dia que um bruxo completa 17 anos.
Estou com saudades, Harry.
Um abraço,
Gina Weasley[/i]

Sem perceber, levou o pergaminho até a boca e deu um beijo. Sentia tanta falta daquela menina de cabelos ruivos. Mas muitas pessoas importantes na sua vida já haviam se sacrificado para mantê-lo vivo, e ele não queria vê-la morta.

Continuou então lendo as cartas, sentiu uma alegria invadir o seu peito vendo os cartões que Rony e Hermione lhe mandaram desejando um Feliz Aniversário, o curto bilhete de Hagrid dizendo que logo iriam se encontrar e que ele poderia dar-lhe seu presente até chegar a penultima carta. Não conseguiu identificar a letra, mas foi só virar o envelope que descobriu quem era a remetente. Tratou de abrir bem rapidinho, pois não era todo dia que recebia uma carta de Minerva McGonagall.

[i]Harry!

Primeiramente quero lhe desejar um Feliz Aniversário e dizer que estou orgulhosa de poder te ver completar 17 anos e virar, oficialmente, um adulto.
Como já sabe, a maioridade nos trás inúmeras responsabilidades. Dentre elas, a de guardar segredos. Não que antes desconfiássemos de ti, mas existem certas coisas que só devem ser reveladas quando temos certeza que a pessoa tem maturidade o suficiente para armazenar tal lembrança em seu peito, sua alma, seu coração.
Harry, eu já estou sabendo que Rufus marcou uma data para você prestar depoimento sobre o que sabe da morte de Dumbledore. Mas não pense que ele vai se limitar somente a isso, você o conhece muito bem. Mantenha-se firme e calmo, continue sendo “Por inteiro um homem de Dumbledore”!
No mais, é só isso que eu tenho pra te falar. Logo nos encontraremos e iremos ter uma conversa de verdade.
Novamente, Feliz Aniversário.
Afetuosamente,
Minerva McGonagall[/i]

Segredos? Será que agora ele finalmente teria as respostas que tanto queria e precisava obter? Mal conseguindo controlar a ansiedade abriu o último envelope.

[i]Harry

Parabéns pra você. Estou muito contente de te ver virar um adulto (aposto que você já ouviu essa frase várias vezes, não é?) e aliviado por ter conseguido chegar aqui com vida.
Imagino que seja bem cedo ainda, e quero avisar que estarei indo te buscar à uma hora da tarde em ponto na casa de seus tios e te levar para a Sede da Ordem.
Harry, sei que para você, de agora em diante, tudo será um pouco mais difícil, mas saiba que tem o apoio de todos nós. E que a gente vai estar sempre te ajudando.
Bom, logo estarei chegando em sua casa, e então, poderemos conversar melhor.
Um abraço,
Remo Lupin[/i]

Nesse momento o estômago de Harry deu uma girada de felicidade. Iria sair dali e iria para o Largo Grimmauld comemorar o seu aniversário com seus amigos. Logo Lupin estaria chegando e isso o animou.

Levantou-se, vestiu sua roupa e desceu para tomar seu último café da manhã na casa dos Dursley. Na mesa, ninguém direcionou a palavra a Harru para dizer um “Parabéns”, mas isso não o encomodou. Sabia que mais tarde teria satisfações. Mas agora temia pela segurança dos tios. Algo que ele poderia conversar com Lupin mais tarde.

De volta no quarto, ele juntou todos os seus pertences e colocou dentro do malão, e ao meio dia já estava andando pra lá e pra cá esperando Remo chegar em sua casa.

Algum tempo depois ele ouviu a campainha tocar e seu coração deu um salto. Saiu correndo, quase atropelando Duda no hall de entrada e se apressou em abrir a porta. Lá estava ele, com as roupas surradas e rotas, com uma quantidade de cabelos brancos exagerada para a sua idade. Esse era Remo Lupin, antes de qualquer coisa, um grande amigo de Harry Potter.

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