Madame Norra!



N/a: Dedico esse capítulo principalmente a minha melhor amiga que me acompanha desde a terceira série, que me forçou a começar a escrever e a quem eu forcei começar a ler haoIHAOI. Sim Hiorrana, minha melhor amiga, tem muito de você nesse cap, só não entenda demais as entrelinhas e não me xingue muito depois disso!



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                  Às vezes eu me esqueço porque odeio Draco Malfoy.


                 O que é estranho, uma vez que eu mantenho um manuscrito muito detalhado das canalhices que ele já foi capaz. Mas é que, sabe quando dizem “a beleza está no interior das pessoas” ou “não se julga ninguém pela aparência, ela não diz nada”? Mentira! Como nossa vida é repleta de ensinamentos falsos e conselhos inúteis! Você já percebeu que ninguém segue o próprio conselho? É incrível! “Se eu fosse você não faria isso...”, que lorota! Por que sempre repetem isso pra gente? Tal pessoa nunca conseguiria ser a gente, e muito menos deixaria de fazer isso, porque se fosse a gente não estaria ouvindo o próprio conselho, tanto porque se seguisse não o estaria fazendo. E tem mais! Eu poderia ter dado esse conselho, mas ele nunca parece inteligente quando sai da gente mesmo, e quando sai a gente ainda fica se perguntando se é um bom conselho e se vai ser preciso ficar se culpando caso alguém o siga!



        Mas voltando a “beleza interior das pessoas”. Ah! Como eu odeio essa beleza interior das pessoas! Ainda mais quando ela não existe! É incrível! Como ele pode ser tão bonito? É de propósito, para confundir a gente e nos fazer esquecer completamente sua “aparência” interior, o que na minha opinião se resume num demônio aquático verminoso e leproso que daria um “belo” quadro de Picasso!


     Sabe, é só olhar para aquele loiro sufocantemente lindo que todas suas canalhices escapam de sua mente, como se ele fosse um bom sujeito, como se nunca lhe tivesse feito mal na vida. É o que acontece comigo... Só de enumerar todas suas maldades, me causa uma culpa maldita por estar meio que... Meio que... Puta que pariu, eu não consigo pensar numa palavra para esclarecer esse maldito sentimento! Não é um simples “gostar” e, por Merlin, também não é um maldito “amar”... Então o que é?


       Povo exagerado esses seres humanos, ou gosta ou ama, oito ou oitenta! Não podia ser um pouco mais complicado? Qual seria o meio termo disso? “Gos-mar”? Nossa, isso soou nojento! “Amtar”? Já isso saiu biológico! 



       Droga! Merlin me saiu mesmo um gozador dos melhores, não é? Incrível como ele se diverte nos colocando em situações como essa. Sabe quando você pede dinheiro pro seu pai pra sair e ele apenas te diz “Cadê seu boletim?” Pois é, você ainda tem a “mera”, veja bem, mera possibilidade de lutar por um final feliz, de fazer por merecer tal dinheiro, ou o que quer que você queira! Mas você tem noção de que se agradar o chefão, você se dá bem! Bem não posso dizer que Merlin seja assim, um chefão tão generoso, vai ver foi por isso que ele nos deu um pai, não é? Mas não importa o que você faça, não importa o quanto você se esforce, pode se comportar como a Cinderela a vida toda, sabe? Virando amiga dos ratinhos, servindo à gente escrota de bom grado, falando sempre baixo e não se importando com o quanto sacaneiem você.


         Basta você pedir “Merlin, por favor, tudo o que eu te peço... Não me faça quebrar a perna.” Surpresa! Cinqueta pontos e quatro ossos quebrados da perna!”  Acontece mais ou menos assim, ou para ser mais dramática:


       “Meu querido Merlin, eu sei que tenho sido uma menina muito bem educada e responsável nesses últimos anos. Sei também que já sofri bastante, sem contar a terrível angústia de poder perder a pessoa que mais amo no mundo, meu melhor amigo, para um bando de homens maus e mais poderosos do que eu. E sei que sou estudiosa e esforçada... Não quero jogar tudo isso na cara, mas seria pedir muito... Por favor, que apenas... Não deixe que eu me apaixone por simplesmente a pessoa que mais odeio e abomino na face da terra?”.


      Preciso dizer a resposta do Todo-Poderoso? Nenhuma! Ele simplesmente me ignorou, não mandou nenhum sinal! Nenhum! Sabe, eu não fiz curso de criptografia divina para entender os sinais dele, mas não sei... Um monte de folhas secas caindo no chão a minha frente formando a frase “Não se apaixone por ele!” me convenceria no mesmo momento! Mas não! O miserável não me diz nada e ainda torna aquela serpente o ser mais lindo que eu já vi!Tentação pura!


       E quando digo que ele é um gozador é porque isso não vem de hoje, lembram: “Vejam, mas não toquem! Toquem, mas não experimentem! Experimentem, mas não saboreiem! Saboreiem, mas não queiram mais! Queiram mais, mas não a obtenham!”? É tudo um jogo! Um simples programa de audiência! Um programa que eu garanto, dá muito mais ibope que muito reality show por aí! Sabe aqueles olhos de cabra do “No Limite”? Pois bem, eu os comeria!



       Eu sei que tudo isso é só um pensamento, até vindo de uma adolescente revoltada às cinco da manhã, que culparia Merlin até mesmo por esse maldito grilo que deve ter achado minha janela um ótimo Teatro Municipal para dar o ar de sua bela cantoria. Mas com tantos problemas e tão poucas opções, é compreensível que uma vez que já culpei gente demais nesse castelo pelas merdas da minha vida, e não possa simplesmente “me culpar”, pois isso causaria meu suicídio, e acho que Merlin não quer isso, então... Só me resta culpá-lo, não é? Se eu culpar mais alguém vulnerável a Avada Kedavra nesse castelo, eu ganho uma estadia perpétua em Azkaban, e isso atrapalharia os planos de muita gente, inclusive os meus de... Sei lá... Quem sabe... Sobreviver?!



      Mas acho que eu estava falando de Draco Malfoy! Sim, mas antes, só para confirmar, deixar claro, sabe... Para quem ainda não registrou de fato essa informação:


     Esse diário é meu! Sobre minha vida, sabe? Minha. Hermione Granger!


     É que você sabe, depois de tanto falar sobre Draco Malfoy nessas páginas, pode ter causado certa dúvida de identidade. Pois é, acredite, pertence a mim: Hermione Jane Granger! Granger! Não Malfoy! Você nunca verá esse nome junto do meu! Nunca! E eu não sei o porquê de eu ter pensado nisso, muito menos o porquê de eu estar me defendendo de uma acusação que eu mesma inventei... Mas que seja! Vamos registrar apenas minha vida diária e não minhas confusões mentais?! Obrigada.



      Pois bem, tudo começou no início da semana, quando eu simplesmente cometi a grande burrada de contar para Gina. OH SIM GINA! Por favor, antes de eu registrar aqui tudo o que eu acho desse “ser humano ruivo”, eu gostaria de deixar bem claro de que tal se trata da minha melhor amiga e que eu a amo muito, ok? Registrado então? Então vamos lá:


          Eu odeio essa vaca! Quem ela pensa que é? Aquela pirralha vadia filha da mãe que se mete na minha vida e mexe nela como se eu fosse um monte de bosta! Vadia sanguinária!!! Por que não tem apenas uma droga de um padre em Hogwarts para exorcizar essa garota?! Tirar o capeta que abomina a mente dessa desumana, dessa vaca ruiva, dessa falsa escrota capitalista fascista desgraçada! Que arda e seja fritada no fogo do inferno! Falsa! Cachorra! Como eu odeio essa garota, Merlin! Como eu a odeio!!!



           Ufa! Muito bem! Agora eu estou bem! Por favor, como eu pedi anteriormente, ignore o parágrafo a cima.



        Como eu ia dizendo, começou quando eu relatei à minha melhor amiga, que por sinal é a melhor amiga que alguém poderia ter no mundo (tão meiga e maravilhosa) os fatos do trabalho que eu estava fazendo com Draco e Dan.


       Dois D’s, dois loiros e dois sonserinos, que eu excluiria de bom grado da lista de distribuição de oxigênio num futuro próximo. Sabe qual foi a reação dela? Bem, vamos dizer que fazer as pazes não é assim tão eficiente quando sua suposta melhor amiga acaba por adotar como hobby gritar e sacanear você. Vamos dizer que “melhor amiga” não é, assim, algo muito saudável de se ter. Digo por experiência própria.



– Quer dizer que de fato você vai ter de sair com Dan? – dissera a ruiva de frente pra mim, mexendo no próprio queixo de modo pensativo.



– É. – eu disse simplesmente, sentada na beirada da minha cama.



– Hmm. – ela deixara escapar, andando de um lado para o outro.



– Hmm? O que quer dizer esse “hmm”? Por favor, me diga que é a sigla de alguma nova instituição de bruxos necessitados de soluções!



– Não, não é uma sigla! Só acho que devemos ficar quietas por um momento e pensar melhor nisso.



– Por favor, não! Eu consigo ouvir meus pensamentos no silêncio, e eles me assustam... – ela se sentara ao meu lado, me encarando compreensivamente.



– Você o ama?



– Quem? Dan? Você se injetou alguma coisa? – eu perguntei já revoltada com as idéias daquela garota.


      Ela me olhou irritada mostrando que não era bem desse “D” que ela estava falando.


– Ah... Ok. – eu dissera recebendo a mensagem. – Sabe... Amar é uma palavra forte demais para ser usada em alguém tão jovem quanto eu, ainda mais quando os tais sentimentos em discussão estão direcionados para um ser tão idiota quanto ele.


       Eu apenas respirara fundo olhando pros meus próprios dedos. Enquanto ela aguardava o fim do meu discurso.


– É só que... Dan tem razão. Essa novela toda já está insuportável. Estou cansada de ficar lutando com ele a todo o momento. Num momento quero dizer a ele que eu sou a tal “perfeição do pergaminho” por quem ele procura, no outro eu quero que ele morra procurando até descobrir que sou eu e que é tarde demais, aí eu quero olhar para a cara dele e dizer: “Não! Não te quero mais!”. Mas... Não confio muito na minha capacidade de dizer “não” a ele. É capaz de quando esse dia chegar eu diga um rápido “não” e saia correndo com medo de não conseguir repetir isso.


       Eu respirara novamente, lutando com as minhas glândulas lacrimais e minha garganta que começava a arranhar. Maldita que sempre me faltava na hora de falar disso. Dizê-lo em voz alta me tornava tão mais patética.


– Só ando meio assustada. Acho que meu orgulho sempre fora como um cãozinho que eu sempre tive por perto, meu melhor amigo, nunca me abandonara antes... Agora que o perdi... Não me sinto mais tão segura, tenho feito e dito uma coisa idiota atrás da outra. Antes eu era apenas uma garota orgulhosa, agora sou apenas uma garota perdida. 



– E dramática.



– Vai a merda Gina, finja pelo menos que está comovida! – eu disse mudando totalmente meu tom.


        Só pra deixar claro: ela é minha melhor amiga, não é? Ok. É que preciso ficar me lembrando disso mais de uma vez por dia. Ela rira. Aff!



– Hermione você é mesmo uma figura. Eu admito que no seu lugar eu já teria implorado pelo amor dele.



– Uau! Como sou forte, me sinto muito melhor agora.


     Ela devia ter um programa de conselhos só dela! “Ponto G”... Ops... Hsuahsuahsuahsuhaushaus...



– Ou então estaria dando pulos de alegria festejando a tamanha sorte que eu tenho... Quero dizer: os três garotos mais lindos do colégio apaixonados por mim? Uau!



– Você prestou atenção na parte da história em que Draco me odeia e em que Dan é um tremendo galinha que só está querendo me fazer voltar com Draco para saciar sua própria falta de tédio? E por Merlin! Quem é o terceiro de quem você está falando?



– Harry?! Ele ainda espera por você. Apesar de não admitir muito por aí.



– Ah Harry, nossa história já se encerrou há um bom tempo. – eu disse me levantando e andando de um lado para o outro. – Draco é o único que parece se recusar insistentemente a sair da minha vida. Seja pra fazer eu me apaixonar por ele, seja para me fazer sofrer. Sinceramente... Esse garoto é por demais complicado.



– Agradeça por não estar mais entre dois inimigos, se você ainda estivesse contando com Harry... Ah, não quero nem imaginar a reação dele em ser trocado por outro sonserino.



– Com isso não precisa se preocupar. Harry não parece assim mais muito interessado na minha vida, sabe? Ele nem deve saber quem é Dan!



– ME DIGA QUE VOCÊ NÃO VAI SAIR COM DANIEL CONL! – disse um Harry Potter numa fúria, que se revelava de suas esmeraldas fervescentes e em seu furiosíssimo tom de voz, entrando agressivamente pela porta do meu quarto e parando as minhas costas. Eu ainda permaneci de costas olhando pro além, enquanto Gina prendia um riso. 



– Ou então... – eu continuei para Gina, ignorando aquele recente acontecimento. – Eu esteja de fato completamente errada mais uma vez e esteja com mais esse grande problema para resolver. – disse sarcástica. – É, vamos torcer para que não seja isso!



– Me responda Hermione! – ele gritara atrás de mim mais uma vez, eu me virei para a fera.



– Harry. Bom dia. Você está lindo hoje, sabia? – ele preferiu por não responder e apenas manteve o olhar assassino. – É, acho que suas fontes, por mais desgraçadas que sejam, estão certas.



– O fato de você amar um sonserino já é por demais perturbador se quer saber...



– Amar... – eu disse rindo entre dentes. – Como estamos usando essa palavra hoje em dia.



– Mas por mais perturbador que seja... – ele frisou bem o “perturbador”. – É aceitável, mas incompreensível, ainda mais se tratando de um imundo como o Malfoy. – agora frisara bem o “imundo”. – Mas Conl? Você perdeu a cabeça? Achei que estávamos falando do Malfoy!



– É exatamente do Malfoy que estávamos falando. E bem... O fato de ele ser o objetivo da história... Bem, isso é de meu conhecimento e de seu conhecimento, mas Malfoy passa ignorante. 



– Então conte logo a ele e não saia com o Conl! O que ele é? Um discípulo de loiros vagabundos, riquinhos e idiotas? 



– Eu não posso cancelar com Conl, porque por algum motivo ainda curioso eu prometi que sairia com ele. – Harry começara a rir nervosamente.



– Por que não chama Snape para sair? Ele com certeza conseguiria te entreter muito mais do que Malfoy ou Conl, quero dizer... Ele está a muito mais tempo na Sonserina, não é? Ou você não se interessa por homens maduros?



– Oh, me interesso sim, na verdade eu já chamei Voldemort para sair, mais anda meio ocupado procurando um jeito de conseguir a sua cabeça!



– Ok, ok. Chega vocês dois! – disse Gina se metendo entre nós dois. – Harry por que não me faz um favor, hã? Desça até o Salão Comunal e converse um pouco com o meu irmão, pra quem você costumava dar muita atenção. Ou quem sabe fazer algo de mais interessante como cuidar da sua vida, porque eu e Hermione temos muito o que resolver. E mais um explodindo de ciúmes é a última coisa da qual ela precisa. – ela dissera muito tranqüilamente para aquele lindo portador de olhos verdes, enquanto eu ria de lado exibindo a maravilhosa amiga que eu tinha. Harry a encarara ainda mais assassinamente. 



– Se eu pudesse voltar quatro anos no passado, e você ainda estive dentro da Câmera Secreta... Eu teria levado mais em consideração a idéia de ensinar Neville a jogar xadrez-bruxo ao invés de ir salvar você. Eu não fazia idéia do mal que estava fazendo à humanidade.



– Grande coisa. E eu teria pensado duas vezes antes de dormir com você. Por que não vai ensinar o Neville agora? Nunca é tarde para se tomar a decisão certa. Vai! – disse ela com indiferença, pondo um Harry revoltado para fora e trancando a porta. – Ok, agora voltando.



– Às vezes até me esqueço que você e Harry tiveram um... Caso.



– Não vamos falar de “mim e Harry” no momento, por favor. – ela disse com repugnância. – Como eu disse temos muito o que resolver.



– Por exemplo?



– A roupa que você vai usar no encontro com Dan. – ela disse sorrindo de orelha a orelha.


       Eu ainda passei alguns segundos a encarando, descrente que ela havia dito aquilo seriamente.



– A roupa que eu vou usar no encontro com Dan? – eu perguntei, ela acenara afirmativamente com a cabeça de modo empolgado. – A roupa que eu vou usar no encontro com o discípulo de loiros vagabundos, riquinhos e idiotas do qual ainda desconheço o motivo pelo qual aceitei sair? O que eu estou fazendo aqui? Não entendo como eu venho até você contar minhas angústias. Você ri da minha cara, interpreta tudo o que eu digo absurdamente e ainda me opõe soluções sem pé nem cabeça. O que há de errado comigo? Parece que eu nunca aprendo a lição!



– Hermione, o próximo passeio a Hogsmeade é no sábado! Você precisa escolher uma roupa perfeita! – eu sorri de orelha a orelha ironicamente.



– E para quê exatamente eu preciso escolher uma roupa perfeita?



– Bem, pra você ficar bem feia, as pessoas apontarem e jogarem pedras em você... Acorda Hermione! Um encontro! Tem oportunidade melhor para o Draco morrer de ciúmes e admitir que ainda não te esqueceu? – eu revirei os olhos derrotada.



– Sabe, da última vez que Draco sentiu certa fisgada de ciúme por mim, ele não pareceu muito disposto a admitir isso. Acho que ele estava mais interessado em tirar sangue do Dan...



– Não vê? É perfeito! Ele aos poucos está se contradizendo. Quanto mais você se mostrar interessada em Dan, mais Draco vai se contradizer.


“ok, fazia sentido o que ela estava falando, mas era uma idealização... Porque Draco não parecia ter nenhuma dificuldade em demonstrar desprezo por mim. Afinal essa semana ele fora bastante eficiente.”.


**


 



– Eu não sei como começou. Em um momento eu estava escrevendo o que eu sentia... No outro você estava me procurando, eu fiquei tão maravilhada. Quero dizer: Draco Malfoy interessado nos meus sentimentos? Draco Malfoy apaixonado por mim? Será que isso realmente está acontecendo? Eu, uma menina que não é do tipo que se apaixona e se desapaixona rapidamente, e que dá o seu afeto desde o começo... É meio que um conto de fadas, sabe?



– Sei... – respondera Draco Malfoy entediado, com a cabeça apoiada de forma sonolenta, enquanto mirava aquela menina de compridos cabelos loiros sedosos e olhos negros profundos, falar de como se tornara a Misteriosa do Pergaminho.


Draco olhara discretamente para a fila às costas da garota que ia até o fim do corredor do castelo antes do voltar sua atenção para a loira. Já fazia mais de um mês de procura e achava que já havia entrevistado todas as garotas do castelo. E nada! Nem pista da Misteriosa do Pergaminho.


– Me diga, hã...



– Gabriella!



– É, Gabriella... Como você foi perder assim, algo tão precioso como seus sentimentos anotados?



– Ah, eu estava atrasada para me encontrar com uma amiga, e acabei por esquecer meu precioso pergaminho na Biblioteca, nem me toquei.



– Mas você estava escrevendo e do nada... Se esqueceu dele? Quero dizer, você estava escrevendo nele quando se lembrou do tal compromisso.



– Bem, é que... Eu pensei ter guardado o pergaminho, mas deve ter caído.



– Hmm... E com quem você foi se encontrar?



– Com minha melhor amiga, Joan Ganer! – Draco levantara uma sobrancelha. 



– Joan Ganer da Corvinal?



– É, conhece?



– Na verdade ela esteve aqui ontem alegando uma história parecida, mas no caso ela que tinha perdido o pergaminho e fora se encontrar com você.



– Ah, bem... Ela não é tão minha amiga assim, ela anda inventando coisas para se passar por mim.



– Sua melhor amiga?



– É, ela sempre foi apaixonada por você, e quando descobriu que eu era a Misteriosa do Pergaminho tentou tirar proveito, é horrível descobrir algo assim, sabe...



– Sei... Bem Gabriella, seu tempo acabou, e eu vou descansar um pouco. – disse Draco indiferente, se levantando da cadeira e se virando para as outras meninas. – Eu falo com vocês mais tarde, ok? Podem ir dar uma volta! – e resmungando a fila foi se desfazendo.


       Draco andara em passos revoltados até o pé da árvore em frente ao lago e se sentou exausto, com a mente a mil. Luke logo viera ao seu alcance. 



– O que foi? Gabriella pareceu bastante convincente pra mim.



– É. Se você tirar todas as mentiras que ela contou, pode simplesmente levar em conta que ela é sangue-puro. A garota que eu procuro é trouxa. – Draco respondera de olhos fechados, tentando relaxar um pouco. Luke respirara derrotado se sentando ao lado do amigo.



– Não pode desistir, cara. Desistir é para fracassados e o mundo já está cheio deles. – disse ao seu lado com um sorriso travesso. Draco abrira os olhos azuis e encarara o nada.



– Não temos pessoas suficientes para mudar o mundo... – ele olhara para a grama emburrado. – Hermione tem razão, ela não quer ser encontrada.



– Hey, Roma não foi feita em um dia Draco!


 


 “nem num mês” pensara Draco, mas já estava cansado, já estava cansado desse pique-pega maldito. E só de pensar em Hermione, e no seu encontro com Dan lhe dava ânsias. Estava tudo cada vez mais complicado...


**



     Draco tem realmente um certo talento para me irritar, não sei que jeito melhor de descrever isso se não apenas anotando os fatos diretamente:



– Hermione! – disse ele vindo em minha direção.


 “Por que eu ainda utilizo a Biblioteca?”



– Ah... Bom dia. Que foi? Veio me fazer sofrer? – eu cumprimentara ironicamente, ele apenas tentou sorrir debochado, mas não teve sucesso.


 


      Ele jogou um livro pesado na minha frente, algo como “Bruxos da Antiga Grécia!”. Eu olhei do livro para ele sem entender.



– Preciso que faça uma redação pra mim de três metros sobre os capítulos cinco, seis e sete. – ele dissera indiferente.


 


Eu apenas o encarei esperando a conclusão daquilo tudo.



– Ah, você precisa... E eu com isso...?



– Você que irá fazê-la, eu não posso, estou ocupado com o treino e com as entrevistas.



– Entendo... Bem, sinto muito, mas não me lembro de ter dito que queria te ajudar nisso.



– E eu não me lembro de ter pedido alguma coisa, ou você já esqueceu que quem manda sou eu? Francamente Hermione você sofre de amnésia? – ele perguntara já irritado.



– Ah, eu não vou fazer isso.



– Ah vai, ô se vai!


   


      E eu fiz, tive de fazer... Maldita aposta! Isso se repetiu durante toda semana ainda, tive de fazer ainda mais cinco redações. Desgraçado! Eu reclamei, mas não adiantou. Então tive uma idéia.




– Senhor Malfoy, por favor, queira ler a sua redação sobre os Vermes Venenosos. – perguntara a professora Sprout.


    


 Dan cochichara algo mais ou menos assim: “Daqui ela não parece tanto uma elfa...”, preferi ignorar.



– Claro. – dissera Draco pegando sua redação feita por mim. – Os Vermes Venenosos da Grã-Bretanha contém inúmeras utilidades e características, entre elas sua aparência clara, pupilas azuis meio acinzentadas e uma pelagem loira clara, são muito escrotos e nojentos também, às vezes possuem uma forma humana e desfilam como se fossem realmente importantes para alguém, também se apaixonam fácil e na maioria das vezes começam um tipo de obsessão pela amada, como por exemplo, fazendo campanhas de procura por ela...


  


       As risadas já estavam começando a serem tomadas naquela estufa quando Draco começou a perceber o conteúdo da redação.


 


– Na verdade, muitos poucos assumem sua naturalidade e se revelam verdadeiros Vermes Venenosos da Grã-Bretanha, mas isso ocorre quando se prestam a ler redações de frente à turma sobre a própria espécie da qual tem vergonha e...


 


       Já era demais, todos gargalhavam. Harry, Ron e Dan davam escandalosas gargalhadas em direção a mim, que mantinha minha indiferença.


 


        Draco parara de ler a redação e dera um suspiro sarcástico, logo me mirara com um sorriso igualmente sarcástico. “Muito esperta, tem volta!”, eu respondi tal mensagem silenciosa com apenas um sorriso de orelha a orelha. Bem depois disso ele não me “pediu” mais para fazer suas redações.



    


         Para ser mais exata, Draco me ignorara a semana toda. Deve ter um ponto branco e redondo bem do meu tamanho na minha frente cada vez que eu passo por ele. E nas poucas vezes que falou comigo, acredite, não foi muito educado. Fica me dando foras, se insinua cada vez mais para as outras garotas, e quando eu passo finge ficar cada vez mais animado com as garotas que se apresentam como a “Misteriosa do Pergaminho”, mas a verdade é que ele também está cansado, ele pensa que eu não vejo sua estima baixando e seu olhar cansado, mas vejo. Dan por outro lado, parece com um ótimo humor...



– Hermigatinha. – disse o loiro com um sorriso perigoso pra mim, ao parar do nada na minha frente.



– Dan, oi.



– Faltam menos de 24 horas...



– Eu sei. – disse sem graça. – E você está começando a agir como um obsessivo. 



– Eu? – ele disse divertido, apontando para logo adiante onde Draco totalmente exausto ouvia uma garota da Lufa-Lufa declamar uma história muito estranha sobre um pergaminho, uma Biblioteca e um hipogrifo. 



– Ele não desiste. – eu dissera mais pra mim do que pra Dan.



– É, vocês dois parecem ter cada vez menos em comum. – eu respirei profundamente.



– Gina acha que saindo com você, Draco vai sentir ciúmes.



– É uma boa tática Hermione, mas não o suficiente. O orgulho de Draco já foi ferido demais para ser quebrado novamente por um simples ciúme, ainda mais agora que ele acredita ter algo melhor.


 


    Eu respirara irritada, como eu odiava concordar com ele. Eu vira Draco chamar a próxima enquanto a garota saía da cadeira aos prantos. Foi então que eu percebera que essa história toda estava magoando mais da metade das pessoas daquele castelo.


– Por favor, Hermione, tome uma atitude ou simplesmente desista de vez. Mas faça alguma coisa. Sem contar que enquanto você não desistir dele, eu não posso investir em você.


 


  Eu o encarara sem acreditar no que eu estava ouvindo. Ele estava de fato se declarando pra mim?


 


– Mas também, não quero fazer isso sabendo que o certo é que vocês dois fiquem juntos.


 


       Então eu me lembrara o porquê de eu gostar tanto daquele garoto: porque ele tem sido meu amigo ultimamente. Eu sentira meus olhos arderem e do nada me vi abraçando-o fortemente, como a tempo não abraçava Harry.



– Não vou conseguir fazer isso sozinha...



– Bem, então teremos muito o que conversar amanhã no nosso encontro, temos muito o que planejar, não é? Afinal, se o plano é fazer Draco ter ciúmes, precisamos arrumar um jeito não de apenas ele tê-lo, mas de admiti-lo. Afinal não queremos que ele quebre meu nariz dessa vez, queremos?



– Não. – eu disse em meio a risos, enxugando as lágrimas.

        


        Estava tudo pronto! Era sábado e eu vestia a roupa escolhida por Gina, que se resumia num jeans e uma blusa rosa clara de manga cumprida e decote que ela achava sexy. Meus cabelos estavam soltos e como a tempo eu não os soltava, finalmente percebi o quanto havia crescido. Estavam em cachos perfeitos graças a um penteado que Gina fizera em mim antes de dormir. Acho que foi uma das poucas vezes em que eu me achara... Bonita. Sem contar que eu estava feliz. Ia sair com um amigo, que realmente me ajudaria naquela história toda, não era mais um problema, e sim uma solução. Gina me desejara sorte, eu acabara de sair do Salão Comunal, quando vi Ron vindo em minha direção com um olhar meio assustado.



– O que foi Ron? – eu perguntara.



– Você não soube?



– Soube o que?


 


      Logo dois primeiranistas passaram pela gente e entraram no Salão Comunal com a mesma cara impressionada e cochichando entre si.


– O que houve? – eu perguntara novamente, para Ron já preocupada.



– Filch. – eu o olhara de lado se entender.


 


       Como assim Filch? Filch? O que poderia ter acontecido com Filch que deixaria todos tão transtornados assim?



– O que tem Filch?



– Srta. Granger? – disse o próprio, aparecendo atrás de Ron que engolira em seco.


 


       Filch mantinha um olhar sádico e um sorriso assassino nos lábios, do qual fez Ron me olhar como se eu estivesse prestes a ser entregue a Comensais.



– Sim?



– O professor Snape está te chamando na sala dele agora.



– Mas hoje é sábado! – eu disse revoltada. O que aquele seboso ia querer logo hoje?



– Não parece se tratar de aula.



– Mas eu tenho um compromisso agora. Não posso passar lá mais tarde?



– Agora, Srta. Granger! Acho que você sabe muito bem o que significa “agora”.


   


  “ Também sei muito bem o que significa ‘vai a merda mas acho que você não ia querer ouvir a tradução, ia seu aborto idiota?”, pensei. Eu respirei emburrada e comecei a seguir em passos estressados até as masmorras, percebendo que o aborto idiota me seguia ainda com o olhar sádico, todos que estavam no caminho pareciam me olhar de forma curiosa, eu ignorei.


       Ok, mais uma manchete no Profeta de Hogwarts: “Granger é chamada à sala de Snape!”. O que há de tão estranho nisso, afinal? Fala sério! Respirei fundo e bati na porta, logo o seboso me mandou entrar.



– O Senhor me chamou?



– Sim, Srta. Granger. – disse o seboso sentado em sua cadeira de trás da mesa do professor e me encarando cautelosamente. – A senhorita sabe que a diretora da sua casa não está presente no castelo faz algumas semanas... – “graças a Merlin!” – E por isso eu fui o mais indicado para ter essa conversa com a senhorita.


 


Conversa comigo? Peraí, indicado por quem?



– Uma conversa? Sobre o que? – eu perguntara impaciente olhando para o relógio, Dan já devia estar me esperando junto das carruagens.



– Sobre isso. – disse ele pondo uma espécie de capa preta em cima da mesa, eu ainda não conseguia entender onde ele queria chegar. – Sabe o que é isso, Srta. Granger?



– Uma capa? – eu perguntei, já tornando óbvia minha impaciência no meu tom de voz.



– Sabe de quem é essa capa?



– Não, não sei. Vai demorar muito, professor? Porque eu realmente tenho um compromisso, sabe?



– Essa capa é sua, Granger! – ele disse com aquele risco fino nos lábios que significava um sorriso vitorioso. Eu estava entendendo cada vez menos aquilo tudo.



– Minha?



– Sim, pelo menos é o que diz o Feitiço de Identificação.


 


       Foi então, que com uma terrível pulsação no peito e um terrível tremor na espinha, sem contar no Inácio que pulava desesperado em alerta no meu estômago. Eu comecei a somar um mais um naquela história. Aquela capa, o brasão sujo da Grifinória, a capa estava completamente suja de terra e ainda tinha pedaços de raízes nela.



“– Ah Granger pára com isso... É só uma gata. 
– Pois eu faria muito menos por você!
– Mas faria...”...



– Merlin... – eu deixara escapar no meio de um suspiro. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo.



– Entende do que eu estou falando, não Srta. Granger? – eu apenas o olhara transtornada, sem saber o que dizer.



– Você matou a minha gata! – dissera o Filch às minhas costas numa voz raivosa e chorosa. Eu não tinha forças para encará-lo. Não sabia o que fazer.



– Senhor... – eu disse para o seboso que continuava a me olhar de forma superior, minha voz pelo contrário nunca fora tão indefesa. – Eu não fiz isso. Eu juro. Eu não matei Madame Norra.



– MENTIROSA! – gritara Filch às minhas costas me assustando.



– Eu juro. – eu dissera novamente para Snape.



– Então como explicar sua capa estar enrolada ao corpo da gata?


      Eu não conseguira responder, minha cabeça começava a trabalhar a mil enquanto lembranças do dia em que eu e Draco enterramos Norra apareciam na minha cabeça.


– Incrível como agora você abandonara seu tom confiante, não Granger?


   


      Eu queria socá-lo, queria amaldiçoá-lo... Mas algo tapara minha resposta. A porta das masmorras fora aberta com urgência e Draco entrara por ela me notando ali sem surpresa, na verdade aparentava muita naturalidade, mas eu conseguia enxergar uma pequena ansiedade nele.



– Me chamou, professor?



– Sim, Draco. – incrível como fora da aula eles eram íntimos! Grr! – Já deve saber que a gata do Sr. Filch foi encontrada, Madame Norra.



– É, eu soube agora pouco.



– Pois bem, é curioso que a capa da Srta. Granger tenha sido encontrada junto do corpo da gata, uma vez que ela alega não ter nada a ver com a morte da mesma. – Draco não dissera nada, apenas me encarara. – Sabe alguma coisa sobre isso, Draco?



– Na verdade eu sei. – ele dissera.


    


      Eu o encarara desesperada, não acreditando que ele ia fazer isso comigo. Qual foi! Fazer sofrer tudo bem, mas ser expulsa da escola já é sacanagem!



– ESTÃO VENDO! ELA MATOU MINHA GATA! ATÉ O NAMORADO DELA CONFIRMA!



– Obrigado, Sr. Filch. Agora, por favor, vamos ouvir a história do Sr. Malfoy.


      Filch engolira sua raiva, enquanto Snape fizera sinal para que Draco falasse, eu era apenas desespero.



– Bem, eu e Hermione estávamos em detenção por estarmos fora da cama após o horário de recolher, atrás de um aluno que havia explodido a estátua da bruxa de um olho só. Acho que o senhor se lembra, Sr. Filch, acabamos por esbarrar no senhor...


 


       Ele falava naturalmente. Filch apenas ouvia desconfiado, todos ouvíamos desconfiados.


– ...Então a professora McGonnagal nos mandou ficar no terceiro andar de detenção. Pois bem, acontece que acabamos por sermos atacados por aquele monstro ambulante, criação daquele meio-gigante...


     Eu me segurei para não socar Draco em defesa de Hagrid, mas eu sabia o que ele estava fazendo. Ofender Hagrid era um bom jeito de garantir a atenção e confiança dos dois. Principalmente de Snape.


– ...E o incrível aconteceu! Madame Norra apareceu do nada enquanto fugíamos do monstro de três cabeças. Ela tentou distraí-lo por um momento. Foi o que garantiu nossas vidas. Ela foi... Uma verdadeira heroína.


 


 “ah, claro se tirarmos o fato de que a heroína foi jogada na fuça dele a força por suas próprias mãos, não é?”



– Norra enfrentou o Fofo? – perguntara Filch desconfiado, mas ao mesmo tempo emocionado.



– Aquela coisa tem nome? – pergunta Snape enojado.



– Enfrentou... – dissera Draco como que fazendo um discurso em homenagem a ela. – Bravamente. Mas acabou por não resistir. Quando a vimos já estava sem vida, indefesa... Havia dado sua vida pela de dois alunos... Faz idéia do que Dumbledore diria sobre isso? – disse Draco astutamente, fora então que Filch parara de chorar e se iluminara todo com a idéia.



– Mas por que não avisaram a Filch do ocorrido? – perguntara Snape.



– Não sabíamos como. Foi tudo tão rápido, não conseguíamos imaginar o sofrimento que essa revelação poderia causar ao Sr. Filch e a todos os membros dessa escola.


 


      Sofrimento? Por favor, a gata era uma psicopata!


 


– Então o mínimo que podíamos fazer era dar-lhe um funeral à altura. Hermione enrolara a gata em sua própria capa, e rezamos para que tudo não passasse de um pesadelo terrível. – finalizara ele de forma dramática, eu olhara debochada não acreditando que eles iam mesmo cair naquela.



– Srta. Granger você confirma essa história? – perguntara Snape cauteloso.


 


      Draco me encarara com um olhar significativo. Eu respirara fundo antes de falar teatralmente.



– Ainda sinto como se ela ainda vagasse por esse castelo, com seu olhar astuto e vermelho atrás de Filch, cuidando da gente, como uma mãe felina.


 


       Draco levantara uma sobrancelha segurando o riso enquanto Filch recomeçara a chorar.



       Eu realmente cheguei a pensar que estava tudo resolvido e que eu poderia ir de encontro a Dan, mas não. Filch ficara emocionado por demais e decidira por fazer um funeral de verdade àquela gata heroína. E eu e Draco, a contragosto, fomos convocados para o funeral que durara o dia inteiro. Estávamos de pé sob uma árvore na Floresta Proibida enquanto Filch dizia um belo discurso. Parecia Hagrid zelando por um de seus “amiguinhos”.


         O sol já estava se pondo e eu conseguia ouvir os berros de Dan à minha falta de consideração. Ótimo dia para se achar o corpo da gatinha. 



– Será que ainda vai demorar muito isso? – eu resmunguei mais pra mim mesma.



– Talvez se você não a tivesse chamado de “mãe felina” Filch não achasse que ela é de fato tão importante para nós. – dissera Draco ainda mais irritado do que eu.



– Foi você que retratou a gata como uma Joana D’Arc, não ponha a culpa em mim. – ele não respondera, apenas resmungara algo inaudível. Então depois de um tempo ele me olhara de cima a baixo e dera um sorriso sarcástico.



– Você está realmente muito bonita. – ele dissera indiferente, mas fora só eu me virar pra ele que ele abrira um sorriso canalha e dissera o fim da frase. – Quase que dá para enganar que você é uma mulher sexy. 



– Quase? Que bom! Estou quase lá. – eu dissera sarcástica.


 
– Então hoje era o seu grande encontro com o nosso precioso amigo, não é?



– Por que fica se referindo desse jeito à ele? Ele, pelo o que me lembro, sempre foi mesmo o seu grande amigo. Que coisa!



– Espero que ele não tenha ficado chateado pelo bolo que infelizmente você deu nele. – ele dissera com um sorriso ainda mais vitorioso ignorando meu comentário. Eu não queria nem mesmo pensar no assunto.



– Muita coincidência mesmo Madame Norra ter sido encontrada justamente no dia do meu encontro com Dan. – eu dissera irônica para ele.



– Não é? Esse mundo é mesmo repleto de infelizes coincidências. – ele disse cinicamente rindo ainda mais abertamente. Eu apenas o encarara assassinamente.



– Eu podia ter sido expulsa da escola!



– Por ter cuidado com tanta consideração do corpinho inerte da nossa heroína? Que nada! – eu dera apenas uma risadinha seca.



– Você tem realmente muita sorte Draco! Sorte por ter uma imaginação tão fértil! – eu dissera ameaçadoramente, ele não se afetara.



– Eu sei... Estou até pensando seriamente em escrever um diário. – como eu odeio esse garoto!



– Hey vocês dois, vão procurar orvalho seco para o túmulo da Madame Norra. – disse Filch rabugento.



– Procurar? Na Floresta Proibida? Mas já está praticamente de noite... – eu dissera preocupada, sair com Draco Malfoy pela Floresta Proibida à noite não me dava muitas boas recordações. Aquilo era loucura!



– Vão logo! – ele dissera simplesmente. – Madame Norra merece.



– É, ela merece. Vamos. – disse Draco me puxando pela mão para cada vez mais adentro da Floresta. 


 



– Esses orvalhos não têm por aqui, só ficam na parte mais sombria da Floresta. – eu disse.


        Eu não conseguia largar o braço de Draco e a cada vulto que passava eu inconscientemente me espremia ainda mais pra perto dele, que agia naturalmente.



– Se eu ainda soubesse pelo que estou procurando. Qual é a diferença deles para um galho de árvore, afinal?



– Merlin, o que você faz nas aulas de Herbologia?



– Nós temos aulas de Herbologia? – ele perguntara sarcástico, eu o encarara irritada. – Brincadeira. – ele dissera rindo.



– Está vendo o que você fez? Quase me expulsou da escola e agora corro perigo de vida. É impressionante como essas duas coisas tendem a me acontecer sempre que estou perto de você.


 


    Mas logo minhas reclamações foram interrompidas, algo muito rápido passara perto da gente, paramos na mesma hora sem respirar e olhando a toda volta.


 


– O que foi isso? – eu suplicara.



– Não deve ter sido nada, apenas um morcego.


 


     Llogo o vulto passara pela gente novamente, mas desta vez nos posicionamos um de costas pro outro e varinha erguida em posição de ataque.



– Que morcego grande. – eu ironizara com a voz totalmente tomada pelo medo, enquanto girávamos com a varinha ainda estendida.



– Muito grande. – ele respondera. Ficamos um bom tempo em silêncio até que ele falara num sussurro só. – Caso aconteça alguma coisa... Corra. Corra sem parar e sem olhar pra trás.



– Correr pra onde? – eu dissera, porque depois de tantas voltas, eu não conseguia mais identificar nenhum caminho ali. 



– Qualquer lugar, mas corra... Mas isso se acontecer alguma coisa.



– Não vai acontecer nada Draco, francamente você se desespera à toa. Depois de tantas vindas e idas com Harry aqui na Floresta vou te dizer, não há muito com o que se preocu...



– CORRA!



– AHH!


      


         Fora tudo muito rápido. Em um momento eu estava me gabando toda e no outro o maldito vulto pareceu vir com tudo pra cima da gente, desatei a correr que nem uma desesperada pra não sei aonde, só senti alguém segurar no meu pulso meio que me guiando. Ouvia também Draco lançar alguns feitiços, mas eu estava desesperada demais pra isso. Até que paramos de supetão num pequeno precipício, não tão grande quanto o da última vez que me deixara em coma, mas mesmo assim dava pra machucar.


       Não tínhamos para onde correr e logo o vulto viera pra cima da gente novamente e começamos a rolar juntos precipício abaixo. Foi horrível, horripilante. Quando acabou eu estava tremendo em cima do corpo do Malfoy, que parecia ter apagado. Eu olhei em volta e tudo estava quieto e com apenas a luz da lua “cheia ainda por cima”.


– Draco. Acorda. – eu chamara, mas ele não reagia, eu estava fraca e tentava acordá-lo com uns tapinhas no rosto, mas nada. 



       Eu comecei a me desesperar não acreditando que aquilo estava acontecendo. Como eu odiava aquele garoto. O cabelo dele estava jogado na cara de forma que me doía o peito. “Ele está bem, eu sei que está”.


      Eu o chamara novamente, mas nada. Então sem saber mais o que fazer... eu o beijara... e tudo se tornara ainda mais quieto a minha volta, até mesmo o barulho do vento. Achei que isso o faria despertar, mas quando dei por mim Draco estava me beijado de forma feroz, demonstrando que em nenhum momento ele estivera de fato desacordado. FILHO DA MÃE!



– Hey! – eu tentara dizer em meio ao beijo, mas sem muito sucesso. Então eu empurrara-o com força prendendo suas mãos no chão. – Seu desgraçado você me enganou! – eu disse com raiva, ele rira divertido jogando os fios loiros pra longe do rosto.



– Queria ver se você era do tipo que se aproveita de pessoas indefesas.


 


      Eu dera um suspiro sarcástico mostrando toda minha revolta, mas na verdade eu sentia meu rosto prestes a explodir de vergonha. DESGRAÇADO!



– Ah, muito engraça... – mas eu não conseguiria terminar de falar, ele conseguira se soltar e agarrar minha nuca me beijando novamente, possessivamente. Lutar era cada vez mais inútil cada vez mais eu me perdia naquela sensação.


        


          Ele já se pusera por cima de mim não me deixando meios de fuga, pressionando meus lábios de forma acolhedora e perigosa. Agarrava minha nuca de forma possessiva, e fazia irradiar toda uma onda de choques pelo meu corpo. Eu não pensava mais, o mundo podia estar acabando naquele momento. 
Ele beijava e beijava meu pescoço de forma que me faziam ir à Lua, apertar a mão de São Jorge e até dar uma voltinha no cavalo dele. Era intenso, já se perdia o controle, nossos corpos presos um ao outro. Mordia meu lábio e possuía minha boca, tinha um controle por ela como tinha um controle por todo o meu corpo. Espero não ter dado muitos sinais do que estava realmente acontecendo comigo porque acho que ele já se acha o bastante, ele parecia cada vez mais motivado a continuar aquela loucura. Eu simplesmente não conseguia parar de beijá-lo por mais que algo dentro de mim gritasse algumas objeções indecifráveis. Foi então que o pensamento mais ridículo e absurdo passara pela minha cabeça: “Merda eu amo você”.


        Tipo, por favor, não me julgue por isso, porque eu sei, você sabe, todos sabemos que isso é mentira. Eu realmente não entendo porque fui pensar nisso, só que quando esse pensamento me surgiu, Draco pareceu ter levado um tapa e afastara os lábios instantaneamente dos meus.


      Abri os olhos com certa dificuldade e vi que Draco me encarava, ainda sobre mim, com apenas alguns milímetros de distância, mas me encarava sem fôlego de forma perplexa e mais algum sentimento que eu não consegui identificar, como se eu tive de fato dado um tapa na cara dele ou sei lá.



– O que foi que você disse? – ele perguntou nervoso, transtornado, ainda com aquele olhar.


        Eu bem que preferiria que ele tivesse pelo menos dado mais alguns centímetros de distância entre nossos rostos para que eu pudesse, de fato, raciocinar ou pelo menos identificar o conteúdo do qual ele estava falando. 



– O que? – eu perguntara também ofegante, não entendendo o que ele estava falando.



– O que você disse agora? Repete! – ele disse me pressionando mais.


      Eu ainda o encarei de lado me perguntando se aquilo era uma pegadinha ou se ele estava mesmo imaginando coisas.



– Eu não disse nada. – eu disse pausadamente depois de um tempo.



– Lógico que disse, disse agora mesmo... Eu ouvi. Você disse... Você disse “Merda eu amo você”.



       AHHHHHHHHHHHHHH Como assim? Não, eu não disse aquele absurdo, eu pensei aquele absurdo! Ele está lendo mentes agora? E era um absurdo! Eu nunca diria aquilo! Nunca! Eu não sou maluca!



– Eu não disse isso.– eu disse pausadamente, frisando bastante cada palavra. Como se ele tivesse mesmo tido uma alucinação. E TEVE!


 


           Eu ainda o encarava de forma tensa e aos poucos fui saindo de baixo dele, fomos nos levantando devagar. Eu ainda estava indecisa: se jurava que não tinha dito aquilo ou se me matava naquele momento. Tentei procurar por algo afiado a vista, mas não achei nada. Depois de um longo momento em silêncio vi seu cenho se franzir e ele começou a vir em minha direção, me dizendo como que acabasse de somar ali um mais um e chegasse a uma brilhante conclusão.



– Você me ama, Hermione. – eu ainda o encarava como se ele fosse começar a bater a cabeça no tronco de alguma árvore como uma criança altista.



– Eu o que? – eu perguntei tentando rir em deboche, mas sem sucesso.



– Você me ama. – ele repetira. 



– Não... Não amo. – eu disse como que para uma criancinha.



– Ama sim, eu ouvi... Você disse. – ele disse já transtornado, com certeza ele também não tinha muita certeza do que estava falando.



– Draco eu não disse nada...



– Não! Não! Não! – ele me cortara tentando reformular a cena. – Estávamos aqui, eu estava te beijando quando você disse “Merda eu amo você!”. Eu tenho certeza do que eu ouvi! Nem vem, Granger!


     Eu comecei a pensar desesperada, eu tenho certeza que eu apenas pensei aquele absurdo, nada nesse mundo me faria dizer aquilo. Nada!



– E eu tenho certeza que eu não disse isso.



– Eu ouvi! – ele brigara.



– Não! Você imaginou isso.



– Imaginei... Como se eu conseguisse pensar numa hora dessas! – Ok, aquilo me deixou realmente vermelha, mas não era hora pra isso.



– Draco eu não disse isso! Você sabe muito bem que as chances de me ouvir dizendo isso são nulas!


      Ele pareceu realmente considerar o meu argumento, era sua razão e sua teimosia brigando dentro de si. Ele começou a olhar para o local do “ocorrido” e passara a mão pelos cabelos, como se isso fosse ajudar a esclarecer aquilo. Com certeza ele também desconfiava de ter apenas imaginado aquilo.



– Eu não sou maluco, Granger. Eu ouvi você dizendo isso. Foi baixo. Mas disse! Eu tenho... Eu tenho certeza!



– Eu saberia se tivesse dito um absurdo desses!



– Ah, então eu imaginei isso?!



– É!



– Mas eu ouvi...



– EU NÃO DISSE! – eu explodira não agüentando mais aquilo tudo.



– O que está acontecendo aqui? Filch me disse que vocês poderiam estar perdidos. – Hagrid dissera, surgindo de cima do precipício.


      


     Nos encaramos ainda cheios de raiva por dentro e a contragosto fomos atrás dele. Vi Draco ainda travando uma sangrenta batalha dentro de si contra sua razão, se perguntando se realmente ouvira aquilo.


 


               Eu estava perplexa! Não conseguia entender o que havia acontecido, eu não havia dito aquilo. Eu tinha certeza! Mas como ele conseguira invadir a minha mente? Como? Era absurdo! Sem contar que absurdo maior era eu amar ele! Olha pra minha cara, tudo bem que eu goste dele... Mas amar? Não! Com certeza não! 



                   Ok, tudo bem, estou desesperada! Você é meu diário e eu posso dizer isso pra você. Eu não tenho certeza que minha boca não trabalhou contra a minha vontade e revelou tais pensamentos absurdos. Quero dizer... Eu sei que nunca diria aquilo pra ele, mas se formos levar em conta o meu estado... Eu estava praticamente jogando pôquer com São Jorge! Não posso garantir nada, e ele diz com tanta convicção que ouviu, que eu estou começando a ficar com medo do que eu possa ser capaz de dizer numa hora dessas.



Conclusão nº1: Não posso mais beijar Draco Malfoy! Nunca mais! Não posso sair por aí falando mentiras... Já pensou se vira vício e eu começo a falar verdades? Mas, cara... Eu não disse, não é? Por favor, me diz que eu não disse aquilo... Eu não faria isso, nunca... Nunca!



Conclusão nº2: Perdi meu encontro com Dan. Pode parecer que o Malfoy me salvou, mas devemos lembrar que foi ele quem praticamente me entregou, fazendo Madame Norra aparecer. Eu quase fui expulsa! E agora todos os sonserinos inclusive ele ficam fazendo piadinhas sobre o ocorrido, algo como “Não deixem Hermione Granger chegar perto de suas gatas, corujas ou sapos”, tento não ligar, mas o ocorrido também gerou uma linda matéria no Profeta de Hogwarts, algo como: “Ela ataca novamente, e dessa vez Madame Norra!” ou “Foi descoberta a assassina da Madame Norra”, bem Draco não se deu ao trabalho de espalhar sua bela história para os demais do castelo.


       


          Ah, e Snape? Bem ele por outro lado não pareceu muito convencido com a história e acabou por encontrar mais uma razão para implicar comigo, para falar a verdade acho que Harry está me devendo muito esse ano. Snape me mandou fazer uma redação imensa sobre os gatos do Egito! Bem, sem comentários. A brilhante idéia também foi adotada pelo professor de História da Magia, aquele fantasma... Meu novo fã!


         Bem, Pirraça fica correndo atrás de mim me chamando de assassina e das últimas vezes que tentei passar uma detenção chegaram a me perguntar se eu iria matar suas corujas. Decidi por responder que meu desejo por sangue animal já havia sido saciado, mas que se não saíssem imediatamente da minha frente eu criaria uma outra obsessão.


       Dan? Depois de não se comover o bastante com minha desventura com Draco, acabou por finalizar nossa incrível discussão mais ou menos assim: “UMA GATA?! FUNERAL DE UMA GATA? E AMANHÃ? VAI NO CASAMENTO DE UM GAMBÁ?!”



              Bem nosso encontro foi adiado para a próxima semana, caso, segundo ele, eu não tenha nenhuma cerimônia importante para com algum bichinho de estimação em especial.


             A Gina? Você quer saber porquê eu a xinguei tanto hoje? Bem, vamos dizer que ela achou que fazer uma piada de tudo isso iria descontrair. Afinal, de acordo com ela, não foi nenhum desastre assim. A piada dela você pode ler na primeira página do Profeta de Hogwarts, onde contém a belíssima matéria sobre a assassina de gatos, escrita e editada pela melhor amiga da assassina. Ela mesma alega na matéria que utiliza um feitiço imobilizador em mim sempre que Bichento (meu gato) ou Edwiges (coruja do Harry) entram no mesmo ambiente que eu, já que eu adotei hobbies tão estranhos ultimamente. 



       Eu só queria deixar bem claro aqui nesse diário, caso ainda não tenha registrado bem essa informação: ela é a minha melhor amiga!


Continua...

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