A Misteriosa do Pergaminho







 


         Isso não é um diário! Que fique bem claro! Olha pra minha cara, não sou do tipo que escreve em livrinhos seus maiores receios e conflitos pessoais, sou? Claro que não! Sou aquele pra quem Merlin disse: Desce e arrasa! E não faço outra coisa na vida além de ser fiel ao seu pedido. Mas devo dizer que eu, Draco Malfoy, também tenho meus momentos de reflexão e que às vezes eles são tão intensos que fica difícil organizar cada pensamento.


       Lógico, eu poderia usar minha penseira, mas também não se trata de um momento tão crítico assim, e mais, eu não quero deixar meus pensamentos por aí, vai que eu esbarro num cara que eu sei que roubou minha carteira e não lhe dou o devido soco na cara por simplesmente ter colocado essa lembrança na bacia?!... Não, quero tudo aqui, na minha mente, não existe lugar mais seguro. Mas eu estou um pouco cheio, entediado, potencialmente irritado e preciso desabafar, e acho que esse pergaminho é muito mais confiável do que qualquer mente viva nesse castelo. Mas como eu disse: Não é um diário! Eu não sou gay! Vou escrever e rasgar... Só isso.


      Agora, que tal irmos direto ao motivo de eu recorrer a certos rituais esquisitos de menininha, como escrever “nisso”?! Uma boa tática de isso começar, não é? Pois bem, o motivo desse pergaminho (sim, pergaminho! Não pense que vou te chamar de diário, porque só escreverei hoje. E muito menos de querido! Isso soa muito grifinório pro meu gosto!), pois bem, o motivo é um só, e só de escrever esse nome me dá colapsos assassinos: GRANGER! 


      Estou começando a entender todo aquele exagero e desespero que ela retratava naquele diário velho dela. Como eu odeio ela! Como eu odeio essa garota! Como ela pode fazer isso? Como? Grifinória desgraçada! Como eu odeio gente rancorosa! Puta que pariu que garota mais teimosa! Desgraçada! Mas vamos aos detalhes antes que eu rasgue esse pergaminho com a força da minha raiva!


      Estava eu naquela semana turbulenta vendo o imbecil do Conl remarcar o encontro com ninguém mais ninguém menos que a MINHA NAMORADA! E faziam isso como se EU não existisse, toda Hogwarts sabia desse encontro e agora eu estou sendo taxado de corno! Não que eu me importe que aquela inútil se envolva com alguém tão miserável como o Conl, mas... OK, É lógico que eu me importo! Falso miserável se faz de meu amigo para conquistar minha namorada! Qual é a dificuldade dele de entender esse pronome? MINHA! Pronome possessivo de minha posse! GRR!!


     Mas não, ele fica andando por aí como o novo caso sonserino da Granger, arrastando aquele sotaque porco francês. Tá bom! Esse energúmeno mora na Inglaterra desde os onze anos! Como se ele não tivesse aprendido o sotaque daqui em todos esses anos! Fica exibindo aquele monte de “r’s” e aquele monte de “ês” como se houvesse algo de muito especial e misterioso na nacionalidade dele. Pra merda com a Torre Eiffel dele, se ser francês trouxesse poder para alguém, Napoleão não teria sido trouxa! O que essas garotas vêem nele? Só por que a língua dele não consegue acompanhar o próprio ritmo da fala?


       Eu vi Granger descer as escadas até o Hall e Conl emboçar aquela arcaria dentária para ela, sem deixar de reparar no quanto ela estava linda. Sim, linda. Seria muito mais fácil odiá-la se quando nascesse a cara dela tivesse pegado fogo e fosse apagada com um martelo.


       Eu me estreitara atrás da pilastra enquanto aquele desgraçado a segurava pela mão como se estivesse preste a devorá-la de uma só vez com os olhos. Minha fúria parecia se concentrar bastante no meu punho, que apertava firmemente a minha varinha no bolso da minha calça, e pareceu piorar quando a Granger, aquela traíra, sorrira de volta pro canalha. Pronto, só faltava ela dizer “Me possua, Conl!” para que o sagrado matrimônio de infidelidades se concluísse. 


        Eles saíram pela porta da frente da escola e entraram no primeiro coche que viram. Eu entrei rapidamente no coche próximo, e antes que eu pudesse perceber o que estava fazendo, disse para que o meu coche seguisse o deles. No caminho até Hogsmeade minha mente trabalhava furiosamente no que estava acontecendo. Como que, afinal, aquele maldito passeio havia sido permitido? Com a quantidade de matérias trágicas que saiam no Profeta Diário todos os dias, eu já esperava por novas normas em Hogwarts que só nos permitissem ir do Salão Comunal às salas de aula. Mas não, de que importava a vida do pingado de estudantes que ainda permaneciam em Hogwarts?


        Realmente, no caso do Conl e da Granger eu contrataria um coche especial para levá-los direto para o meio do campo de batalha e de brinde embrulhava Potter e mandava de presente pro Lord das Trevas, sem contar no Weasley, que eu faria questão de por num quarto fechado junto com o Bozo, ou sei lá qual é o nome daquele monstro que aquele meio-gigante idiota criou. E ainda pendurava um pedaço farto de lingüiça no pescoço dele pra ver se facilitava as coisas. Sinceramente, pra que existem Weasley’s no planeta? Que utilidade eles têm? Até os insetos acabam por contribuir de alguma forma para o planeta. Mas em quê aquela família de coelhos contribui para o mundo? Em nada! Desculpa de Weasley é ser puro-sangue.


         Agora, voltando para aquela da qual nunca poderá utilizar a mesma desculpa. O que fez aquela infeliz sair com o Conl? O que será que se passa naquela cabeça estranha dela? Que bichos serão aqueles que habitam aquele lugar? Depois de tudo o que eu fiz para cancelar o primeiro encontro! Tive que achar os restos daquela gata maldita! Um plano por demais difícil de se planejar e muito bem executado! Pra que? Nada! O que eu preciso desenterrar dessa vez? O que ela quer? A tumba de Salazar? Mas que merda!


        Fazia muito frio em Hogsmeade, e eu agradecia mentalmente a minha sanidade por não ter me esquecido de levar meu casaco e minha capa para aquela perseguição. Mas Conl era mesmo um idiota, logo vi que ele não queria ir pro Três Vassouras ou pra qualquer loja do vilarejo do qual não estivesse acumulando neve em nossas cabeças. Não o idiota levou a MINHA namorada pra dar um passeio, um passeio romântico por aquela cidadezinha pacata, atrativo especial de Comensais da Morte.


        Eles caminharam até ficarem de frente para as redondezas da Casa dos Gritos. O que há de tão especial naquele prédio que chama a atenção de tanta gente, afinal? Por favor, isso era um encontro romântico? Fiquei na minha, atrás de uma pedra convenientemente gigantesca que tinha na entrada do bosque, mirando os dois. Daria toda a minha fortuna para ouvir o que eles tanto conversavam. Conl era lerdo, eu já teria agarrado-a. Mas de fato ele devia estar cogitando a possibilidade de eu destruir qualquer parte do corpo dele que encostasse nela.       


         Minha agonia começava a crescer e eu não conseguia ouvir uma sílaba que fosse dos dois, e eles também não pareciam muito próximos de se beijarem, o que era por demais reconfortante, porém percentualmente irritante uma vez que não me dava motivos melhores do que o fato do cabelo dele ser extremamente grotesco (sério parece um porco espinho) para matá-lo de porrada. Eu começa a me perguntar o por quê de eu ainda não ter comprado a porcaria de uma capa de invisibilidade... Até o Potter tinha uma! Foi quando eu ouvi algo se partindo atrás de mim.


           Todos os meus pensamentos foram tomados por um possível ataque de Comensais. Com certeza deviam ter visto a Granger e se tocado que ela era sangue-ruim. E o fato dela não ter pensando nisso me dava ainda mais raiva dela. Idiota, ela costumava ser muito mais inteligente. Como eu venho dizendo, ela anda muito estranha.
Apontei minha varinha para entre as árvores, sabia que alguém ali se movia com astúcia, tentando não ser identificado, mas meu ouvido canino não me falhava. Era óbvia a respiração tensa e os passos cautelosos, comecei a procurar mais atentamente pelo Comensal idiota que se atrevera a atacar a MINHA IMBECIL, quando outro galho se partira a esquerda e automaticamente eu enfeitiçara quem quer que fosse, e logo vi que quem estava ali jogado na neve era o Potter, me fuzilando com o olhar enquanto sua capa de invisibilidade permanecia jogada na neve.


           Eu o encarei sem entender direito o porquê de aquele verme estar me seguindo, é lógico que em outras circunstâncias eu me aproveitaria daquele momento para transformá-lo numa larva e deixar de presente em algum ninho de passarinhos, mas eu não tinha tempo pra isso. Eu o encarei ironicamente interrogativo esperando uma explicação daquilo tudo.


– Ah, como se você também não estivesse doido para tirar Hermione de lá. – ele dissera se levantando e pegando sua capa de volta.


– Você está seguindo a minha namorada?


      Eu sei que o modo como eu perguntara aquilo soara infantil e que meu tom ameaçador o faria rir em outras circunstâncias, mas eu simplesmente estava com uma fome desesperada de tirar sangue de alguém e o Potter estar ali parecia um presente do destino para saciar minha vontade.


– Sua namorada? – ele debochara passando por mim e se estreitando por trás da pedra, eu me virara pra ele ainda com o olhar assassino. – Curioso o modo como vocês tratam o namoro de vocês: você procura desesperado por outra pessoa e ela tem um encontro com seu melhor amigo. É o que? Um relacionamento aberto?


     Eu ainda ficara um bom tempo apenas o encarando, registrando bem aquela situação. Eu estava discutindo a minha relação com o Santo-Potter!


– Ela não está tendo um encontro Potter! – eu disse, quase cuspindo o nome dele, tentando parecer confiante – Você acha o que? Que o Conl vai roubar a minha namorada? Ha-ha-ha... Faça-me rir.


– Bem, é o que parece.


– Você é idiota, não parece nada!


– E você é corno! Ah, é mesmo, ela te chifrou comigo!


– Um beijo, grande coisa. Você precisava mesmo de um consolo depois de ela escolher a mim e não a você. Se sente melhor agora?


– Não sei, por que não pergunta pro Conl que agora parece estar aproveitando do tal consolo.


– Impressionante, e você ainda se diz melhor amigo dela... Como pode dizer essas coisas dela? Como a deixou vir?


– Eu a deixei vir? Você é o namorado dela! E ele é o seu amigo! Por que simplesmente não o controla?!


– Hey! Ele é francês, ok? O que esperava que eu fizesse?


– Shiiii! – dissemos os dois juntos um pro outro quando Hermione parecera perceber algum barulho. Logo eu corri para debaixo da capa do Potter, obrigando-o a dividi-la comigo.


– O que exatamente você pensa que está fazendo? – ele perguntara pra mim num sussurro. – Saia daqui!


– Ô inteligência, se eu sair eles vão me ver. Faz parte da natureza, sabe? Enxergar o que não está oculto.


– Mesmo? Eu não ligo!


– Fica quieto Potter! Merlin! – vi Hermione procurar pelo motivo de todo aquele barulho e Conl tentando puxá-la de volta a conversa. Ridículo!


– Malfoy... Você se importa? – disse o Potter me pedindo pra sair de baixo da capa. Como se fosse confortável pra mim dividir um mesmo ambiente fechado com O Escolhido.


– Você quer que ela me veja, é? – eu brigara


– Sim, eu quero. – disse ele como se tal resposta fosse óbvia.


       Eu não agüentava mais, estava contando até dez pra não usar o Crucio nele. Então o maldito tentara me tirar à força da capa, e quando vi estávamos nos socando, lutando pela posse da capa


            Hermione ainda tentava se convencer que não havia barulho nenhum enquanto eu estava dando uma chave-de-fenda em Potter e ele me dera um soco na barriga. Eu o fizera comer neve enquanto Conl falava alguma coisa, enquanto nem eu e Potter, nem Hermione prestávamos atenção.


 – Ótimo, então eu vou lá cumprimentar os dois e aproveito e digo que você também está aqui assistindo de camarote. – eu disse me adiantando para fora da capa, mas o patético não me deixou ir.


 – Ha... Muito engraçado. – dissera Potter sarcástico, voltamos a prestar atenção nos dois, mas o fato de não conseguir ouvir o que os dois estavam dizendo estava me deixando louco. – Então por que veio? Não confia na sua namorada?


         Eu preferi responder com o olhar mais assassino que eu tinha, o que o fez rir. Como eu queria quebrar todos os dentes dele, como!


  Ah, eu vou lá! – eu disse me levantando furioso.


 – O que? Ficou maluco?


 – Não dá pra ouvir nada! Vou pelo menos chegar mais perto.


 


        De repente Potter pareceu relutante no que ia fazer, mas optou por fazer, o que me deixou bastante curioso.


 – Eu não acredito que vou fazer isso. – disse ele pra si mesmo, eu levantara uma sobrancelha sem entender o que ele estava prestes a fazer.


 – Você não vai me beijar, vai? – eu disse sarcástico preparado para avançar pra minha varinha caso ele tentasse alguma coisa.


 – Vai se fuder. – ele brigara e então tirara do bolso um imenso barbante que tinha algumas “orelhas?!” penduradas. Não estava entendo mais nada. – Com isso podemos ouvi-los. É das Gemialidades Weasley.


 


         Ok. Agora eu não estava acreditando no que eu ia fazer! Usufruir de uma criação dos Weasley! Tudo bem! Ninguém ficaria sabendo mesmo. E o Obliviate não existe à toa.


 – E você só diz isso agora? Aff! – me meti novamente embaixo da capa e peguei uma das orelhas.


        Agora tudo fazia sentido. Assistia a cena dos dois enquanto suas vozes apareciam com perfeição.


 – “Não adianta! Não importa o que eu faça. Nossa história nunca muda! Sempre temos um motivo para nos odiar.” – disse Granger de forma tensa.


        Vi com revolta Conl segurar-lhe o rosto com as duas mãos, como se ela fosse uma criancinha, e encará-la de forma protetora.


– “Não precisa se preocupar.” – disse ele com seu sotaque nojento. – “Eu estou aqui e vou cuidar de você. Posso te ajudar a ver que se você quiser, a história pode mudar.”


 – Ah, por favor. – dissemos eu e o Potter ao mesmo tempo, com nojo daquele francês ridículo.


 – “Aliás...” – continuara Daniel tentando se aproveitar da situação como sempre.– “Draco precisa parar de te perturbar. A liberdade dele começa quando acaba com a dos outros.”


 – E minha vida começa quando eu acabo com a dos outros também! – eu resmungara apertando o punho para me controlar, o Potter parecia se divertir com as palavras dele. 


 – “Obrigada por estar do meu lado. Tem sido muito meu amigo ultimamente.” – dissera Hermione sorrindo para aquele futuro cadáver. –“ Sei que só marcou esse encontro para me ajudar.”


 – É... De boas intenções a Sonserina está cheia. – eu dissera sarcástico fuzilando cada vez mais os dois com o olhar.


 – “Não tem o que agradecer, Hermione.” – dissera Daniel galanteador. Dava vontade de vomitar. – “Pode confiar em mim sempre. Eu vou te segurar sempre que você cair.”


 – “Eu vou te segurar sempre que você cair.”... – imitamos eu e o Potter com o fingido sotaque francês. 


 – “Mas antes tem Draco...” – dissera ele.


– “Draco... Eu não entendo aonde ele quer chegar.” – começara a Granger num tom revoltado. Então eu era o assunto, é? Novidade! Me vi encarando-os de longe interrogativo e com a sobrancelha levantada. – “Ele tem tudo o que quer! Por que ficar perturbando todos assim? Ficar me perturbando! Ele é popular, rico...”


– “Dinheiro não traz felicidade, Hermione.”– dissera Conl.


 – Mas me faz feliz. – eu respondera divertidamente para mim mesmo.


 – “Não sei o que faço. Estou tão perdida.” – dissera Granger de forma tensa, por um momento tive pena dela sem nem ao menos saber o motivo daquilo, mas logo passou.


– “Não precisa se preocupar Hermione, tudo vai dar certo”. – dissera ele.


 “Desde que eu parta a cabeça dele ao meio como uma banana, tudo bem.”


– Por que ele fala desse jeito? Tudo bem que ele é francês, mas, cara... Parece que ele levou um soco na boca... – disse Potter me distraindo.


– É que ele é do Sul da França...


– Ah, tá.


– “Sabe, eu nunca disse pra ninguém, mas...” – dizia Daniel de forma teatral. – “Eu nunca tive alguém que se preocupasse comigo de verdade. Quero dizer, uma verdadeira amiga, como você.”


      Eu e o Potter nos encaramos e do nada caímos na gargalhada até percebermos o perigo que estávamos correndo, então tentamos abaixar o volume do nosso ataque de riso, o que era difícil.


– Eu devia estar gravando isso. – eu disse em meio a risos.


– O que ele espera que ela faça? Adote ele? – disse o Potter e caímos na gargalhada de novo.


– “Preciso sair dessa aposta! Ser livre novamente! Talvez seja mais fácil assim”


          Mais fácil o que? Do nada tudo perdera a graça e eu voltei minha atenção para a conversa. Do que diabos eles estão falando?


– Acho que está na hora de irmos embora. – dissera o Potter do nada obviamente ciente do assunto. Eu preferi ignorá-lo. – Malfoy?


– “Se é isso mesmo o que você quer, então saiba que eu estou aqui, esperando você. Estou apaixonado por você, Granger”.


       Até mesmo Hermione parecera se surpreender com aquilo. Senti meu sangue pulsar de forma desesperada.


          Se olhar matasse, Daniel já estaria nas profundezas do Pacífico servindo de comida para tubarões e baleias. Eu dei um suspiro sarcástico que mais parecia uma curta risada seca, não acreditando no que estava acontecendo.


– Ele disse o que eu acho que disse? – perguntara Potter aparentemente tão revoltado quanto eu.


 – “Toda essa sua história com Draco me fez ver que meus sentimentos por você, a tempo já não são, assim... Tão amigáveis. Quero dizer...”


 – Eu não acredito, cara... E ele é seu amigo... – falava Potter.


– É incrível, não se pode confiar em mais ninguém hoje em dia. – eu falava também, ambos pasmos com tudo aquilo.


– “Acho que nunca me apaixonei antes, e só quero te ver feliz.” – dissera Daniel com a cabeça abaixada.


– Tsc... Merlin... – eu dizia cada vez mais enojado. Por favor, alguém solte uma granada em cima daquele imbecil. 


– Quem ele pensa que é? – reclamara Potter, a situação era tão crítica que até nossa repugnância um pelo outro parecia abafada.


– “E não pense que isso está sendo fácil pra mim. Porque Draco... Ele sempre foi meu melhor amigo, é como um irmão pra mim.”


– Oh, obrigado irmão.– eu resmungara agressivamente não conseguindo mais me conter, a vontade de ir até lá e espancar ele era demais.


– “Dan eu...” – começara ela.


 – “Eu preciso te ver feliz.” – ele a cortara meloso. Como se fosse escorrer mel da boca dele.


 – Valeu Sr. Felicidade. – eu ironizava, já agarrando minha varinha.


 – “Mesmo que não seja comigo...” – ele dissera encarando-a.


– E não vai ser! – dissemos eu e Potter novamente perdendo a noção do tom de voz.


         Hermione parecia ter ouvido algo e procurava em volta sem sair do lugar. Já o idiota do Conl não ouvira nada. Eu e o Potter permanecemos no lugar mais encolhidos.


 – “Aquele poeta francês, Antropoisê, disse: “Seja feliz, que minha felicidade será mútua, mesmo que não seja felicidade, mesmo que nem ao menos seja parecida, com a felicidade que eu sonhara”.


         Estávamos enojados, Potter tomava uma tonalidade verde e se tivesse um vidro de veneno na minha frente eu já o teria bebido. Ela ia cair naquela?


 – Merlin, ele citou Antropoisê! – dissera Potter cuspindo cada palavra.


– Eu vou mostrar o Antropoisê para ele! – eu dissera.


– “Eu não sei o que dizer Dan...” 


 – Diga não! – respondemos novamente por ela. 


 – “Você conhece meus sentimentos por você. Você é demais. Eu realmente não sei o porquê de você estar perdendo o seu tempo comigo.”


 – Eu também não sei. – me ouvi dizendo.


– Sabe... Eu nunca gostei dele mesmo... – disse Potter do meu lado de modo solidário, eu riria disso em outras circunstâncias. 


 – “Você precisa de um amigo. Eu sou esse amigo.” – ele dissera. Argh...


 – Muito comovente para um sonserino, não acha? – dissera Potter.


– A ocasião faz o sonserino. – eu respondera.


 – “E um ótimo amigo.” – dissera Hermione sorrindo.


  Eu já conseguia ver a cena em que eu espancava Daniel de forma assassina por longas horas até seus olhos fugirem de seu rosto aterrorizados. 


– Mas nunca superarei seu grande amigo Harry Potter, não é? Mesmo que ele seja um verdadeiro babaca e jogue Quadribol como uma garota.


 – Vai se fuder! – defendera-se Potter como se Conl pudesse ouvir daquela distância. Ok, eu não o espancaria tanto assim.


 –“ Não me interessa a opinião dos sonserinos sobre Harry. São sempre as mesmas e...”


      Mas então acontecera, do nada aquele imbecil agarrara Hermione. Colando seus lábios nos dela me ouvi dando uma exclamação surpresa e aterrorizada que veio seguida de um impulso, tudo acontecera em um segundo só.


– MAS QUE PORRA É ESSA?! – eu levantara gritando de onde estava surpreendendo os dois. Potter eu vi, revirara os olhos e se revelara também sem saída.


– Draco? – dissera Hermione totalmente pasma. – Harry?


– Draco? Harry? Hermione? Dan? O que estão fazendo aqui? – eu dissera ironicamente imitando a sua voz de forma infantil, mas era óbvia a minha fúria.


– Hey Draco, cal...


          Muito ingênuo ele se realmente achou que eu o deixaria completar aquela frase, eu o enfeitiçara com o Estupefaça nem um pouco interessado no que ele tinha pra dizer.


– Dá pra parar com isso? – Hermione gritara.


– Cala a boca que você está totalmente errada! – eu gritara de volta cheio de fúria. Ela revirara os olhos.


– Fui eu que a beijei Draco... – dissera aquele energúmeno voltando dos mortos.


– E cala a boca você também seu saco de bosta! 


– Eu só estava me despedindo, ia dizer que era pra pararem de ser idiotas e assumirem logo o que sentem um pelo outro! – disse ele com falta de ar por causa do feitiço, falando nisso preciso treinar mais ele.


– É, vi bem toda a dramática despedida. Espero que tenha se despedido de todos que queria, pois agora você está morto!


– O que? Há quanto tempo você está aí? – perguntara Hermione agora realmente revoltada. – Vocês dois estavam nos seguindo? – disse ela agora olhando revoltada para o Potter.


– Hey, não vamos mudar o rumo da conversa, ok? Os acusados aqui são vocês dois! – disse Potter tentando fugir do assunto. – Onde você estava Malfoy? Ah, sim, o Conl está morto... Pois bem, prossiga!


– Eu venho considerando demais a nossa amizade, Conl, para aturar tudo o que você tem feito pelas minhas costas. Mas agarrar a minha namorada? E tudo isso em baixo do meu nariz!


– Nós não temos nada cara, eu estava justamente abrindo mão do que eu sinto pela sua namorada por sua causa.


– Eu tenho nome sabia? – dissera a desgraçada da Granger revoltada. – E, Draco, pára de ser criança, se você de fato ouviu tudo, sabe muito bem que estamos falando a verdade.


– Falando a verdade? – eu me virei pra ela com mais ódio. Tanto ódio que mal notara o quanto seus lábios estavam vermelhos por causa do frio. – Eu não me lembro mais quando foi à última vez que você me disse a verdade. Ah sim, acho que foi ontem quando você me informou que o relatório estava pronto. Tirando isso acho que não me lembro mais. 


– O que você está querendo dizer? – ela perguntara confusa, porém ofendida.


– Você está tão vidrado nessa “Misteriosa do Pergaminho” que não se toca de coisas mais óbvias que a cor do seu cabelo. Como por exemplo... – se intrometera Daniel do nada eu o encarei assassinamente.


– Você ainda está aí? Eu não mandei você calar essa maldita boca!


– Draco... – insistira a traíra.


– E você! – eu disse me virando para ela. – Não entende o que eu quero dizer? Pois na semana passada mesmo você diz que me amava e agora te vejo aos beijos com esse francês falsificado de ultima categoria! – ela prendera a respiração surpresa, como se tivesse levado um tapa na cara.


- Hey, eu sou original e de primeira categoria!


– Você disse que ama ele? – perguntara Potter para ela pasmo, mas ela respondera apenas pra mim totalmente revoltada e envergonhada.


– EU NÃO DISSE ISSO!


– É claro que não disse. – eu dizia nervoso já cansado de tudo aquilo. – Quer saber? Eu cansei. Eu tenho mais o que fazer. E você! – me virara para Daniel. – Não apareça mais na minha frente. – e dizendo isso me virei para ir embora. Não queria mais ficar discutindo com ninguém.


         Ok, admito que minha intenção de não demonstrar mais ciúme doentio pela Granger falhou quando eu mudei de idéia, depois de três passos, e voltei dando um pesado soco na cara de Daniel, que fez meu punho doer até agora. Mas depois disso eu fui embora. Estava cansado de tantas mentiras. Estava cansado de tudo. E principalmente das dúvidas, das teorias que me surgiam toda hora na cabeça. De que me importa com quem aquela infeliz fica, afinal? Ela não significa mais nada pra mim. Mesmo. Já estava na hora de eu terminar com a Granger, parar de ficar nesse pique-pega com ela toda hora.



            Fui para o Três Vassouras onde todos se aqueciam, quando vi Roger e o resto da turma numa mesa me chamando para sentar, eu desviara deles sem sucesso já que Luke viera em minha direção todo sorridente.


– Hey. Está tudo bem?


– Você tem ex-namorada?


– Tenho. – respondera ele confuso.


– Sou solidário a você. – e dizendo isso me desviei dele também, já querendo sair daquele lugar, mas Pansy interrompera a passagem me olhando aflita, mas eu não tinha tempo para ela.– Pansy na boa, não estou muito bem agora.


– Mas eu preciso falar com você. – eu coçara a cabeça de forma derrotada, suplicando para ficar invisível de todos.


– Você me faz mentir e eu não quero. E fazer outra pessoa um tipo de idiota desconhecido. Você me faz ficar enquanto eu não deveria. Você é tão forte ou é tudo a fraqueza dentro de mim?


       Eu a encarava sem acreditar no que eu estava ouvindo. Pansy? Lógico que não! Pansy não era a Misteriosa do Pergaminho! Isso era óbvio! Isso era impossível! Mas como ela tivera acesso a ele? Ela continuara a falar me olhando envergonhada, devia ter ensaiado isso durante semanas.


– Porque você vem aqui e finge estar apenas passando por perto? Mas eu pretendo te ver. E eu pretendo te abraçar...


– Pára! Pára! Pára! – eu dissera já incomodado. Eu não estava acreditando, estava tudo acontecendo. Eu não mereço isso – Mas o que é isso, afinal?


– Desculpe não ter dito antes Draco, mas sou...


– Pansy! Você passou dos limites dessa vez!


– Draco! – então eu a ouvira, Hermione estava atrás de mim e me chamava, eu respirara fundo contendo a minha raiva e me virara para ela. Ela nunca me parecera tão baixa. – Preciso falar com você. – vi que Pansy saíra de perto com um meio sorriso na cara. 


– Você quer mesmo falar comigo agora? Você não tem noção de perigo?


– Já tivemos outras brigas antes, sabe? – ela dissera. Eu não tinha tempo pra isso. Precisava dar o fora na Pansy.


– Hermione... – eu dissera seu nome com bastante raiva. – Faça-me o favor! Saia da minha frente antes que eu estrangule você e passe o resto da minha vida me culpando por isso.


– Draco eu não traí você! Merlin! Você não viu? Dan me beijou. O que esperava que eu fizesse? Eu não sou uma babaca! Ele gosta de mim, Draco! 


– É talvez ele goste mesmo – eu disse querendo mandar todos pro inferno. – Eu que sou o vilão da história. Não entendo por quê ainda estou fazendo isso.


– Como assim..


– Como assim, você está livre, Granger! Livre!


– O que?


– Eu não vou mais ficar entre você e Daniel, você e Potter, quem quer que seja. Você o quer? Pode ir! Eu não ligo mais!


– Não! Eu não o quero! Qual é o seu problema? – ela brigara, não quero nem pensar na matéria que vai sair amanhã.


– Meu problema? Eu cansei, Granger! Cansei! Não quero mais conquistar você! Nem quero mais punir você! Eu simplesmente cansei de você! Você está livre! Não tem mais aposta nenhuma!


– Chega!– ela gritara me cortando. Eu me calara respirando com dificuldade e ela tornara a falar tentando manter a calma. – Eu preciso te dizer uma coisa Draco.


       Eu a olhara ainda com ódio, mas a curiosidade do nada me tomava. Ela parecia com vontade de sair correndo dali, obviamente não queria fazê-lo. Ela pareceu um bom tempo tentando reunir coragem e isso só aumentou mais a minha fúria.


– Quer saber? Não precisa me dizer nada! Sempre que a gente tenta dizer alguma coisa um pro outro a gente só arruma mais motivo para nos odiarmos. 


– Pára de ser tão cabeça-dura! Só cale a boca e me deixe falar!


– Falar o que? Que você não me odeia mais como antes? Que agora você pode até estar gostando um pouco de mim?


     Do nada ela parecera assustada e surpresa enquanto eu abria os braços estressado enquanto falava.


– Disso tudo eu já sei, Granger! Mas já não adianta pra nada! Você se empenhou tanto pra me fazer desapaixonar por você que é muito capaz de ter dado certo. Você é muito mais capaz do que pensa, sabe?


– Então deu certo? Você não está mais apaixonado por mim? – ela dizia agora no mesmo tom que eu, de forma desafiadora, mas eu também via de leve uma pequena revolta e tristeza.


– Agora eu achei a Misteriosa do Pergaminho. – ela revirara os olhos. – Achei alguém que se realmente gostar de mim não vai esperar eu odiá-la para dizer isso!


– Você nunca deixou de me odiar, não importa o que sentisse por mim. – ela disse com mágoa deixando uma lágrima cair, o que quase me comoveu.


– Ela não tem medo de dizer o que sente! Não tem medo de sentir o que sente!


– Como você sabe? Você nem sabe de quem está falando!


– Algumas coisas dão para se notar só de...


– Ah Não vem com essa! Está me comparando com alguém que você não faz a faz a menor idéia de quem seja! Talvez ela seja muito mais parecida comigo do que você pensa!


– Não pelo o que eu li...


– Um Pergaminho! O que isso diz sobre uma pessoa? Você nem sabe em que situação ela escreveu aquilo! Sabe nada sobre ela! Está tão empenhado em punir que não consegue perceber nada!


       Por um momento eu me calara, não tinha palavras, não sabia como me defender daquilo porque de certa forma era verdade. Daniel (com a cara inchada) e Potter já estavam assistindo aquilo também. Eu respirara pesadamente antes de continuar.


– De qualquer forma agora já posso constatar tudo o que pensei. Pois já a encontrei.


         Hermione franzira o cenho sem entender. Eu ainda pude ouvir um suspiro empolgado ao longe do qual tive certeza que era da Pansy.


– A Misteriosa do Pergaminho é a Pansy.


       Hermione rira em deboche não acreditando de fato no que estava ouvindo. Todos no Três Vassouras cochichavam sobre o assunto não acreditando no que eu estava falando.


 “Pansy? Ah fala sério”, “O que foi que ele bebeu?”, “Não acredito que ele vai cair nessa”, “Ele só está dizendo isso para deixar a Granger MAL” de fato aquilo era ridículo, nem eu acreditava no que estava dizendo.


– Pansy? Você ficou maluco? – Hermione perguntara revoltada, mal acreditando, ainda rindo irônica.


– Não, ela disse outros trechos do poema, dos quais eu não revelei. – eu dissera meio que envergonhado da minha absurda teoria.


– Ela pode ter lido! Daniel Leu! – ouvi o próprio gemer algo do qual não me dei ao trabalho de contestar. 


– É, eu sei que ela o pode ter feito. Mas não me importa! É a única que tem provas suficientes de ser-la. Talvez eu deva arriscar.


– Arriscar o que? Olha pra ela e me diz que ela é tudo isso que você sempre achou que a misteriosa do pergaminho fosse.


– De que importa? Talvez eu nunca a encontre mesmo! Ela é melhor que você e isso basta!  A única pessoa de Hogwarts que eu sempre tive certeza que não era , é você!


- Ah você tem certeza disso?


- Lógico que eu tenho! Não tinha uma gota de orgulho naquelas palavras e você... corre orgulho em suas veias! – eu finalizara gritando isso na cara dela que não conseguira conter as lágrimas e a respiração tensa.


        Eu queria correr e abraçá-la, mas não existia nada no mundo que eu quisesse mais do que me livrar daquele sentimento por ela, que eu sabia nunca conseguiria me livrar e do qual eu sabia nunca seria de fato retribuído.


 Acho que eu só fizera aquilo tudo, todo aquele escândalo e toda aquela palhaçada de fazê-la pagar por beijar o Potter, pelo simples fato de não conseguir aceitar a simples realidade, de que ela estava certa e eu errado todo aquele tempo. Ela não me amava, e nunca amaria. Ela vencera, ela vencera a maldita aposta! Depois de longo tempo nos encarando e sem ninguém naquele bar dizer um único “ai”, ela dissera.


– É, acho que você conseguiu... Conseguiu me fazer sofrer. Parabéns.


      Aquilo me matara, mas parecia que o meu instinto filho da puta não estava satisfeito e eu tive de magoá-la mais uma vez. Aproximei meu rosto do dela de forma furiosa:


– Você está livre, Granger.


      Ela me olhara com ódio e eu engolira em seco e dera as costas para ela quando só finalmente senti a lágrima escorrer. Era o adeus a Hermione Granger.


          Tudo no ambiente voltara ao normal. Vi Luke dizendo algo como “Tudo bem o espetáculo acabou, podem continuar suas vidinhas mundanas” e logo veio em minha direção. 


– Você precisa de um drinque, cara. – ele disse batendo nas minhas costas.


– Não, preciso ir pra casa. Hogwarts, que seja! – disse de qualquer jeito.


       Foi no caminho até a porta que eu pensei nas formas de punição e tortura melhores que poderiam me fazer pagar pelo o que eu fiz, mas nada parecia suficiente. E se você levar em conta que eu vivo entre Comensais, pode entender que de punição e tortura eu entendo bem.


          Mas antes que eu chegasse à saída do bar, a pior coisa que poderia me acontecer, acontecer a qualquer Malfoy, algo que realmente destruía qualquer Malfoy, qualquer ser tão crápula quanto eu: estar errado. Não digo no sentido simples da coisa. Se eu já me sentia mal por tudo que tinha feito e dito a ela, como eu me sentiria agora que sei que fiz tudo isso injustamente, sem ela de fato... Merecer.


          Foi quanto toquei na maçaneta da porta do bar que eu ouvi de forma desafiadora e ligeiramente acusadora. Aquela voz, aquelas palavras, aquela melodia... A minha melodia! 


 "Ouvir a Música"


I'm not the sort of person Who falls
"Eu não sou o tipo de pessoa que se apaixona”
In and quickly out of love
"e se desapaixona rapidamente"
But to you I gave my affection
"Mas para você eu dei o meu afeto"
Right from the start
"desde o começo"

I have a lover
"Eu tenho um amor"
Who loves me
"que me ama"
How could I break such a heart
"como eu pude quebrar um coração assim? "
Yet still you get my attention Right from the start
"Mesmo assim você conquistou a minha atenção desde o começo"

Why do you come here
"Porque você vem aqui"
When you know I've got trouble enough
"quando sabe que eu já tenho problemas suficientes?"
Why do you call me
"Porque você me liga"
When you know I can't answer the phone
"quando sabe que eu não posso atender o telefone?"

Make me lie
"Você me faz mentir"
When I don't want to
"quando eu não quero"
And make someone else
"E fazer outra pessoa"
Some kind of an unknowing fool
"um tipo de idiota desconhecido"
You make me stay
"Você me faz ficar"
When I should not
"enquanto eu não deveria "
Are you so strong
"Você é tão forte"
Or is all the weakness in me
"ou é tudo a fraqueza dentro de mim?"

Why do you come here
"Porque você vem aqui"
And pretend to be just passing by
"e finge estar apenas passando por perto? "
When I mean to see you
"Mas eu pretendo te ver"
And I mean to hold you
"E eu pretendo te abraçar,"
Tightly
"forte"


       Granger enlouquecia novamente o povo de Hogwarts e Hogsmeade com a sua música, ou melhor, minha música, não sei mais. Mas ela não estava suave como eu a havia feito, e sim desafiadora. Hermione secara sua lágrima, subira no palco e cantava com raiva, apesar do seu esforço para sorrir e mostrar que já superara tudo o que acontecera minutos atrás, era óbvia a sua mágoa, a sua raiva.


       Eu sentia como se todo o teto tivesse caído na minha cabeça, por um momento ao ouvir a primeira estrofe até achei engraçado como sempre o destino arruma um jeito de me fazer tropeçar e dar com a cara no chão. Um jeito de sempre unir eu e a Granger em mais um conflito. Com a mesma velocidade em que ela cantava aquelas palavras uma onda de revelações me atropelavam, assim como atropelavam a todos ali presentes. Ela era a Misteriosa do Pergaminho.


       Tudo se encaixava, ela era trouxa, já era conhecida pelo o fato de escrever músicas, de passar seus sentimentos para um papel. Era conhecida por seu terrível triângulo amoroso retratado no pergaminho, por sua “moradia” na Biblioteca onde eu encontrara o pergaminho, e onde ela de fato estava no dia em que eu o encontrara... Ela até havia se atrasado para a aula aquele dia... Por estar na Biblioteca. Todas as malditas indiretas de Daniel... Toda aquela mudança nela... Era ela. Ela era a Misteriosa do Pergaminho. Acho que a única garota de Hogwarts a não se apresentar como tal. Todo esse tempo, tantos indícios. Ela e Dan estavam certos: eu estava empenhado demais em odiá-la e fazê-la sofrer para notar qualquer indício, por mais óbvio que fosse. Acredite a palavra idiota ainda não saiu da minha cabeça.


Feeling guilty
"Me sentindo culpada,"
Worried
"preocupada,"
Waking from tormented sleep
"acordando de um sono atormentado"
This old love has me bound
"Esse velho amor me limitou,"
But the new love cuts deep
"mas o novo amor corta profundamente"

If I choose now
"Se eu escolher agora,"
I'll lose out
"eu vou perder,"
One of you has to fall
"um de vocês tem que cair"
And I need you
"E eu preciso de você,"
And you
"e você"

Why do you come here
"Porque você vem aqui"
When you know I've got trouble enough
"quando sabe que eu já tenho problemas suficientes?"
Why do you call me
"Porque você me liga"
When you know I can't answer the phone
"quando sabe que eu não posso atender o telefone?"

Make me lie
"Você me faz mentir"
When I don't want to
"quando eu não quero"
And make someone else
"E fazer outra pessoa"
Some kind of an unknowing fool
"um tipo de idiota desconhecido"
You make me stay
"Você me faz ficar"
When I should not
"enquanto eu não deveria "
Are you so strong
"Você é tão forte"
Or is all the weakness in me
"ou é tudo a fraqueza dentro de mim?"

Why do you come here
"Porque você vem aqui"
And pretend to be just passing by
"e finge estar apenas passando por perto? "
When I mean to see you
"Mas eu pretendo te ver"
And I mean to hold you
"E eu pretendo te abraçar,"
Tightly
"forte"



            Quando ela finalizara a música todos vieram a baixo gritando por mais, Daniel ria animado e divertido, aparentemente orgulhoso do que Hermione fizera. Potter por outro lado, parecia aliviado por finalmente a história ter sido esclarecida. Luke me perguntara se Hermione de fato era nascida trouxa. Eu preferi ignorar. Pansy devia estar arrasada, não me dei ao trabalho de olhar. Pois meu olhar já estava completamente preso. Hermione me encarara desafiadora, como o fizera em toda canção.


               Ainda não sei dizer o que senti, era como se o Potter ganhasse a Taça das Casas de novo e esfregasse o pomo de ouro na minha cara. Não, era muito mais que isso. Toda aquela canção, aquele poema, era uma declaração de amor da qual Hermione nunca teria coragem de fazer, talvez ela nem se desse exatamente conta de que o era. Mas mesmo assim, ela conseguira dizê-la em voz alta e tirar proveito da situação. Era como perder, mas sair vencedor, como se humilhar de nariz em pé, era como dizer “Eu te amo” e “Não te quero” ao mesmo tempo. É, de fato era isso...



         Hermione saíra do palco e do Três Vassouras às pressas, como se acabasse de fazer a coisa mais difícil de sua vida e não confiasse na sua capacidade de manter a sanidade após isso. Eu não sabia o que fazer, dizer, nem sabia o porquê de estar fazendo aquilo, mas eu a segui. Passei pelo Potter que se precipitara para ir atrás dela também, mas eu colocara um braço na sua frente impedindo o seu caminho dizendo um rápido e irônico “ah, até parece!” e indo porta a fora atrás dela. Ignorando todos os que me chamavam, e os que corriam para as janelas para assistir ao “novo espetáculo”.


      Eu corria na neve atrás dela, e só então ela se dera conta que eu estava ali. Se virara pra mim com o cenho franzido, como só me olhava antigamente quando eu ainda era apenas “Draco Malfoy” para ela. Ela não disse nada, nem eu... Não sabia exatamente o que dizer. Ela então voltara ao seu caminho, mas eu a chamara.



– Espera. – eu disse antes que ela voltasse a andar.


       Ela se virara para mim novamente com o mesmo olhar, era óbvio o fato dela querer ir embora e nunca mais olhar na minha cara, mas aposto que até ela mesma não se agüentava em curiosidade. O que eu diria depois da revelação. Depois de longo tempo consegui dizer alguma coisa.


 – Então era você. – ela demorou para responder, mas o fez ainda com a voz seca, não sei se por ter cantado ou por ter chorado.



– É.



– Por que não me disse? – minha voz saíra tão indefesa como um pedido de desculpas e tentei disfarçar isso.



– Se eu realmente quisesse que você lesse o pergaminho, eu mesma o teria entregue.


       Eu respirara pesadamente . É lógico que eu teria dito “é que teria nos poupado muito trabalho” mais nada disso era importante agora.



– Você escreveu... Quando estávamos brigados. Quando terminamos... 



– É.


     Se ela não fosse de fato a Misteriosa do Pergaminho, aposto que a xingaria de tudo quanto é nome pela canalhice de me ver durante semanas procurando por ela mesma e não dizer um único “ai” em sua revelação.



– É, eu caí direitinho. – eu dissera tentando sorrir derrotado, mas sorriso era uma ação desconhecida naquele momento. – Me desapaixonei por você, para me apaixonar por você de novo.



– Você nunca se apaixonou pela Misteriosa do Pergaminho, você só achou mais um motivo para me esquecer, algo mais que o motivasse mais a... – ela rira – “me fazer sofrer”.



– É... Seria mais fácil se eu realmente tivesse te esquecido. – ela rira de lado nervosamente e me dera as costas novamente, voltando ao seu caminho. É claro, nem eu mesmo tinha esperanças de que ela acreditasse em mim ou voltasse pra mim depois de tudo aquilo. – Mas você me ama de qualquer forma. – eu dissera alto fazendo-a a parar de andar.


            Só mesmo aquela afirmação para mantê-la numa nova discussão. Se bem que discutir era a última coisa que eu queria. Vi seus ombros se levantarem e abaixarem de acordo com sua respiração tensa. Aproveitei para me aproximar dela, ainda com as mãos nos bolsos, ainda arrasado. Ela se virou pra mim ameaçadora, sem nem sequer notar novamente nossa aproximação. 



– Não, eu não amo!



– Você disse no pergaminho, é praticamente uma declaração de amor. “Eu não sou do tipo de pessoa que se apaixona e se desapaixona rapidamente”... – eu dissera um pouco mais confiante.


        Nem eu mesmo, para ser mais exato, sabia onde estava querendo chegar, só tinha esperanças que pelo menos aquilo me levasse a algum lugar. Ela respirara pesadamente, completamente desarmada, e por fim resolvera por responder ainda levantando o nariz.


– Tudo bem, é possível que eu tenha... Realmente gostado ou me apaixonado por você...


      Eu não sei como foi possível apesar de toda mágoa e derrota que eu sentia dentro de mim, mas eu sorrira, não conseguia me conter, ela dissera, admitira, sem contar que o fato de ter se apaixonado por mim já era por demais maravilhoso.


– ...Ou tenha pelo menos me convencido temporariamente disso, mas eu nunca falei de... “Amor” – ela dissera a palavra com dificuldade como se ferisse dizê-la. – E isso foi à semanas atrás, eu pensava outras coisas. 


– Que coisas?



– Que havia errado com você... Que você podia estar... Certo sobre algumas coisas... – “como pelo fato de você me amar.” pensei – Não importa o que eu sentia antes. É verdade, você pode ter me confundido uma vez, mas não acontecerá de novo. Você me esqueceu... O mesmo pode acontecer comigo.



– Eu não te esqueci. Eu... – eu abaixara a cabeça, não conseguia mais encará-la.


          O que dizer? Eu apenas fui um idiota? Um filho da puta? Te disse coisas horríveis? Te humilhei todo esse tempo? Fui cego? Babaca? Praticamente implorei para que você me odiasse ainda mais? Eu nem havia me tocado do meu silêncio todo aquele tempo, não conseguia achar palavras para descrever o que me fizera agir daquele jeito tão vergonhoso. Tudo por causa de um beijo no Potter? O que tinha acontecido comigo? Parecia que amar Granger me era prejudicial à saúde.


         De repente Hermione aproximara seu rosto do meu e dissera no mesmo tom de voz que eu o dissera semanas atrás para ela, e só então eu sentia o verdadeiro efeito horroroso daquelas palavras.



– Você fez besteira Malfoy.



Continua...


 

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Comentários (1)

  • Aline Dias de Almeida

    Meu deus esse capitulo me comoveu,chorei demais qndo a Hermione cantou a musica pro Draco.ate ouvi ela. Foi comovente. =´) 

    2012-12-08
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