O que Aconteceu Com Hermione G




 



           Hermione acabara de receber o seu Profeta Diário, quando dera de frente com o rosto pálido e debochado de Bellatrix Lestrange. Respirara pesadamente, sentindo seu peito se dilatar numa fúria incontrolável.


 



– Ela ainda está solta, não é? – perguntara Gina batendo o punho na mesa da Grifinória.


 


 


      Harry dera uma raivosa mordida numa torrada, como que tentando esquecer esse fato. Hermione jogara os cachos rebeldes para trás afirmando para a amiga com a cabeça e virando a página do jornal.


 



– Hey... Quer dar uma olhada no Profeta de Hogwarts? – perguntara Ron para a castanha de forma divertida. A castanha por outro lado ignorara, estava por demais entretida com o Profeta Diário. Enquanto isso Gina e Harry o olharam de forma censurada. – Que foi?


 



       Gina pegara o Profeta de Hogwarts com os enormes dizeres “Misteriosa do Pergaminho Revelada!” e queimara-o com um feitiço. Ron e Harry por um momento ficaram hipnotizados com o fogo, mas Hermione não ligava para nada longe do seu jornal.


 



“Mais mortes em Londres! Lestrange é vista novamente!”


 



        Ela sentira seu maxilar contrair-se cada vez que lia mais a matéria. Oito trouxas mortos... Pelo o que? Nada! Lestrange só estava querendo aparecer, matando para aparecer! E ela ali, presa naquele castelo... Quando poderia sair dali e caçar aquela vadia? Quando? 



        Draco entrara no Salão Principal atraindo instantaneamente todos os olhares presentes, e não demorou para que os comentários sobre o dia anterior voltassem como uma avalanche. O loiro apenas fechara a cara tentando ignorar e fora se sentar à mesa da Sonserina. Lá encontrara Dan, que mastigava famintamente seu café da manhã. Ele olhara para Draco de forma animada, mas o próprio o cortara ao sentar-se ao seu lado.


 



– Não quero falar sobre isso. – disse ele, obviamente falando de Hermione e do ocorrido no dia anterior.


 


      Daniel rira e engolira seu café da manhã. Os dois já haviam feito as pazes, uma vez que tudo fora esclarecido.


 


 


         E além do mais, dissera Draco, ele não queria mais um problema na vida, sentia falta do amigo. E Daniel já havia apanhando o suficiente na história para se redimir. Foi então que ao pegar uma torrada, Draco acabara por não se conter e encontrara Hermione sentada na mesa da Grifinória, por demais concentrada no Profeta Diário. Sentira-se engolir em seco e voltara a se focar na própria torrada da qual tentava brutalmente passar geléia. 


 



– Hmm... – chamara Dan engolindo mais alguma coisa antes de falar o que queria. – Quer ler o Profeta de Hogwarts? – dissera ele, finalizando com um sorriso divertido. Draco respondera apenas com um olhar assassino, o que fez o amigo rir mais ainda. Voltando sua atenção para o próprio café da manhã. – Foi o que imaginei.


 



             Draco passara longos segundos raspando a torrada, enquanto passava a geléia sem nem sequer se lembrar de comê-la. Encarava a torrada, enquanto uma onda de lembranças, que quase não o permitiram sair da cama, atropelava-o agora. Olhou pro nada, respirando pesadamente, e novamente procurara pelos cabelos castanhos de Hermione na mesa da Grifinória. Ela se servira de um pouco mais de suco sem nem ao menos tirar os olhos do Profeta Diário. 


 



– Mas eu sou um idiota... – admitira Draco para Dan, sem tirar os olhos da castanha.


 


       Dan apenas o olhara enquanto mordia mais uma torrada, apenas ouvindo o que o amigo dizia.


 


– Ela queria ser minha amiga, e eu a dispensei. Então eu me apaixono por ela, mas só faço ela me odiar mais ainda obrigando-a a namorar comigo...


Dan apenas comia, enquanto Draco não parava de falar.


 


 – Eu finalmente consigo fazer com que ela acredite em mim... Então eu minto pra ela! Então ela faz de tudo pra eu terminar com ela... E eu, idiota, termino...


Dan concordara com a cabeça, sem parar de comer...


 


– Eu decido que quero fazê-la sofrer e prendo-a de novo no namoro. Aí eu até que me empenho bastante nas canalhices que faço ela passar, enquanto ela apenas tenta me dizer que... Gosta de mim...


 Dan concordara novamente.


 


– Eu até percebo esse detalhe, mas não ligo, tanto porque fico obsessivo por “outra”, que por sinal era ela mesma. Depois de muito humilhá-la, eu termino com ela de novo... Sem nem sequer me tocar que ela era por quem eu sempre estive apaixonado. – ele completara, como se falasse do jogo perdido de Quadribol, enquanto ainda encarava a castanha. – É... Eu sou um idiota.


 



– Uhum... – concordara Dan.


 



               


        Hermione fechara o jornal ao terminar de lê-lo e começara a passar geléia na sua torrada de forma agressiva, sem conseguir esquecer Bellatrix. Percebera que seus três amigos a encaravam discretamente, mas não ligara... Sabia muito bem o conteúdo daquilo, e não lhe interessava nem um pouco falar daquilo.


 



– Então... – dissera Gina chamando a atenção da amiga, que apenas a olhara de lado. – Você não me disse no que deu... – falara a ruiva com cautela. – A tão esperada revelação.


 


 


Harry e Ron tomaram de uma vez o café, tentando disfarçar o próprio nervosismo.


 


 


       Hermione, que ainda mantinha as sobrancelhas franzidas de irritação por causa da matéria das mortes, ainda ficara um tempo olhando para amiga sem saber se queria ou não começar aquele assunto.


 



– Não deu em nada. Ele terminou comigo. – dissera ela com indiferença, finalmente se servindo de sua torrada.


 



– Ah, mas isso foi antes de você dizer a ele, não é? O que ele disse depois? – pressionara a ruiva.


 


 


        Harry e Ron começavam a temer pela vida de Gina. Hermione novamente demorara a responder, ainda mastigando sua torrada com indiferença.


 



– Não faz diferença... Acabou. – a castanha dissera friamente, fazendo a ruiva se calar como uma criança levando bronca. Depois de longo silêncio ela insistira novamente, obviamente decepcionada. – Mas como? Não pode ter acabado assim. Hermione, o que ele disse?


 


 


       Hermione ignorara a expressão aflita da amiga e se servira de mais uma torrada antes de responder.


 



– Ele disse:“Me desapaixonei por você, para me apaixonar por você de novo.” – Gina parecera que ia suspirar de alegria, mas se conterá.


 



– E o que você disse? – perguntara ela ainda mais ansiosa.


 



– Eu disse que ele fizera besteira.


 



– E...?



– E nada. – Gina entrara em um estado totalmente perturbador.


 



– Mais nada? Como assim?


 



– Eu fui embora. – A ruiva gaguejara diversas vezes e antes que conseguisse dizer alguma coisa alguém se adiantara.


 



– Hermione... – era Luna, monitora da Corvinal. Hermione nem sequer olhara para ela. – Eu terminei os relatórios da semana passada, queria que você desse uma olhada em algumas coisas, dar uma lida...


 



– Queria? – dissera Hermione com indiferença, a loira ficara totalmente sem graça. – Eu não tenho nada com isso. – terminara ela sem nem sequer olhar para a garota.


 



– Mione! – brigara Gina, mas a castanha não ligara. Luna murmurara qualquer coisa envergonhada e saíra às pressas de perto deles. Hermione voltara a comer outra torrada. – O que houve com você?


 



– Precisava tratá-la daquela maneira? – se pronunciara Harry, também morrendo de pena de Luna.


 



– Ela vai sobreviver. – dissera Hermione com indiferença, bebendo mais um pouco de suco.


 




         Hermione entrara na sala da diretoria da Grifinória assim que ouvira a permissão para entrar. McGonnagal ainda estava com a capa de viagem e suas malas ainda não haviam sido abertas. Ela sentara na cadeira cansada e indicara a outra para Hermione.


 



– Srta. Granger, eu queria falar com você sobre... Seu cargo de monitora-chefe da Grifinória. – disse ela. Hermione já esperava por isso desde que ouvira de Neville que a professora havia voltado de viagem. – É um cargo que exige muita dedicação e respeito, e... – ela disse, apontando para a imensa quantidade de Profeta de Hogwarts em cima da mesa, onde Hermione ainda viu de rabo de olho em um deles sua bunda rebolando. – Venho recebendo muitas reclamações de você. Festas clandestinas, apresentações, desequilíbrios emocionais, verdadeiros barracos nas aulas, linguajar chulo... “Strip-tease no intervalo!”. São comportamentos realmente...


 



– Vergonhosos?


 



– É. E não vejo outro jeito de puni-la se não tirando-lhe do cargo de monitora.- disse McGonnagal com um olhar severo e irritado para a castanha.


 



– Entendo. – dissera a castanha indiferente. – Posso ir então? – McGonnagal ainda a encarara por um bom tempo, não acreditando na passividade da garota.


 



– Lutou tanto por esse cargo, Srta. Granger, que realmente achei que o queria.


 



– É, talvez eu não seja digna dele.


 



– Mas eu ainda ficaria muito contente se cantasse no Baile de Natal... – dissera McGonnagal, tentando sorrir.


 



– Não. – dissera Hermione cortando-a. McGonnagal respirara tensa querendo insistir, mas decidiu por não fazê-lo.


 



– Entendo... Sinto muito, Srta. Granger.


 



– Não sinta... Não faz bem pra ninguém “sentir”.


 




      


      Draco e Dan iam em direção as masmorras para a aula de poções. Draco, sem perceber, não respondia aos comprimentos que lhe eram dados ao longo do caminho, e Dan que acabava por responder por ele.


 



– Então, quando é que vai falar com ela? – perguntara Dan descontraidamente, tentando reanimar Draco. 


 



– Não sei muito bem o que falar com ela. – respondera Draco com as mãos nos bolsos, totalmente diferente do jeito espalhafatoso de Dan, que segurava a própria capa atrás dos ombros. 



– Não vão poder se ignorar para sempre... Um dia terão de conversar sobre isso.


 



– Conversar... – dissera Draco irritado. – Já conversamos sobre isso. “Você fez besteira, Malfoy” – imitara ele com uma voz forçada lembrando das falas da garota.


 



– Ela só está irritada... Afinal, você fez um show com ela no bar. – Draco desviara o olhar contrariado, sentindo seu peito inflamar de culpa. – Precisa entender que isso tudo é charme, Hermione é uma garota muito orgulhosa.


 



– Sério? Eu não havia percebido. – dissera Draco sarcástico. – E não se preocupe, não teremos de conversar. Pois no que depender dela, acredite em mim, não teremos de nos esbarrar tão cedo! – mas mal ele terminara de falar e dera de cara com a própria ao chegarem na porta da sala.


 


 


       Draco levara um susto sem saber o que dizer, gaguejara não conseguindo dizer um mero “oi”, enquanto a castanha o olhava com a mais profunda indiferença. Dan acabara por responder por ele novamente.


 



– Tudo bem, Hermigatinha? – Hermione respondera afirmativamente com apenas um aceno de cabeça e logo entrara na sala com Harry e Ron, sem olhar uma última vez para Draco. Quando ela se fora Dan se virara para Draco, que ainda olhava as costas dela com certa mágoa, e batera nas costas dele.
– Vocês precisam mesmo conversar.

             


 


            Draco estava sentado em dupla com Dan, enquanto mirava Hermione sentava com Neville. Ela estava lendo o livro de transfiguração, o que deixou Draco curioso. Queria falar com ela, queria saber o que ela sentia. Draco olhara estressado para sua própria carteira, os fios loiros caindo para frente, sem saber o que fazer. Até que pegara um pedaço de pergaminho e escrevera um bilhete. Logo fizera um origami dele e assoprara-o, este foi voando enfeitiçadamente até a castanha, que não tirava a atenção do livro.


 



– Srta. Granger!


 



– Sim? – respondera a castanha, batendo o livro com força na mesa e esmagando sem perceber o origami, fazendo Draco gemer derrotado. Snape encarava a castanha de forma analisadora.


 



– Acho que tem alguém querendo se comunicar com você. – dissera ele com sua voz arrastada. Hermione olhara interrogativa para os lados. – Em baixo do seu livro “que não é de poções”, Srta. Granger.


 


 


           Então ela vira em baixo do livro um origami amassado e abrira-o. Todos na sala prestavam atenção na castanha, principalmente Draco, que não estava gostando nada da situação.


 



“Podemos conversar ou ainda está com raiva de mim?”


 


 



          Depois de ler, Hermione guardara o bilhete nas próprias coisas, sem demonstrar nenhuma reação.


 



– Não vai responder? – perguntara Snape com um sorriso desdenhoso.


 



– Não agora.


 



– E por que não, Srta.Granger?


 



– Porque não estou com vontade.


 



– Ah... Eu esqueci que a nova celebridade de Hogwarts anda muito ocupada. Misteriosa do Pergaminho, não é? Você não perde mesmo tempo, não é Srta. Granger? – a castanha não respondera, mantendo apenas o olhar firme. – Esse bilhete eu imagino que seja do senhor Malfoy. Vocês ainda estão naquele poço de paixão?


 



– Não. Nós terminamos.


 



– Oh, é mesmo. – dissera Snape com fingida pena. – Eu já estava começando a me conformar com o fato de um aluno prodígio da Sonserina estar se enturmando com gente como você.


 



– Mesmo? Eu não ligo. Pode se concentrar na sua aula?


 


         Hermione estava organizando os livros da Biblioteca, sem conseguir prender alguns espirros diante de toda aquela poeira. Não que estivesse irritada, não era a primeira vez que era mandada pra fora da sala pelo Snape. Tudo bem que não precisava dizer coisas como “Mesmo? Eu não ligo. Pode se concentrar na sua aula?” para ele, uma vez que isso era um convite para ser mandada pra fora da sala ou até mesmo ser suspensa, mas não conseguira disfarçar seu tédio, nem mesmo para com um professor, e esse em especial tinha tirado o dia para atormentá-la. “Misteriosa do Pergaminho, não é? Você não perde mesmo tempo, não é Srta. Granger?”.


 



             Logo percebera mais uma presença ao seu lado, Gina a olhava com seus amigáveis olhos azuis, esperando uma chuva de informações. 


 



– Que?


 



– Você ainda está muito magoada? – perguntara Gina de modo compreensivo. Hermione levantara uma sobrancelha e continuara por organizar os livros.


 



– Já fui expulsa da sala outras vezes. – dissera ela.


 



– Você foi expulsa da sala? – perguntara Gina mudando totalmente a expressão, então antes que a castanha pudesse responder, voltara para o assunto anterior, como se nunca tivesse perguntado tal coisa. – Não importa, estou falando do Malfoy.


 


      Hermione gemera de forma tediosa, não queria mesmo falar daquilo. Em dúvida do que pensar disso acabou optando por não pensar.


 


– Como você vai embora logo depois dele se declarar? Achei que a idéia era vocês ficarem juntos.


 



– Gina... – pedira Hermione entediada, coçando a testa.


 



– Não! Você sofreu muito até aqui, não entendo porque ainda não resolveu isso...


 



– Eu disse... Ele terminou comigo.


 



– Mas se declarou logo depois, é óbvio que...


 



– Mas agora é tarde! Não me interessa se ele está arrependido ou apenas mudou de idéia... Agora eu só quero viver a minha vida em paz. – disse Hermione com um olhar sombrio, o que finalizava totalmente o assunto, e voltando para os livros.


 


     Gina sabia que não valia a pena ficar discutindo com ela, conhecendo o orgulho e teimosia da garota. Respirara pesadamente, apenas tentando se acalmar.


 



– Em paz? – retornara Gina. Hermione fechara os olhos, tentando não se estressar.


 



– Gina. Chega. – ela dissera calmamente.


 



– Não vou falar do Malfoy! Vou falar de você! Você não me parece nada em paz, Hermione. – Hermione apenas colocava os livros na estante. – Você anda toda séria, não conversa mais com ninguém, é toda grossa com os outros, destratou a Luna, um aluno do primeiro ano está até agora no banheiro chorando pelo jeito que você o tratou... E só porque ele te pediu uma informação...


 



– E eu lá tenho cara de guia turístico?


 



– Você se negou a cantar no Baile de Natal...


 



– Ah Merlin, realmente... A vida de muita gente depende da minha voz. Tem uma guerra acontecendo lá fora, Gina.


 



– Exato! E você só pensa nessa maldita guerra! Estamos aqui justamente para não nos envolvermos nela, Hermione! – Hermione respirara entediada. – Você nem conversa mais comigo... Você... Quando foi a última vez que escreveu no seu diário? – Hermione parou por um momento de organizar os livros, com a cabeça baixa. 


 



– Não tenho tido muito saco para escrever.


 



– Está vendo? Você está mudada! Está magoada! Até com seu diário você está sendo indiferente! – Hermione desviara o olhar contrariada, sem querer admitir que Gina estava certa.


 


 


         A ruiva estava quase chorando de preocupação, mas Hermione não conseguia sentir nada... Realmente estava mudada, mas sinceramente... Não queria mudar. Estava mais segura assim. Ao ver os olhos embaçados da amiga ela se lembrara de uma cena da qual ela pensara já ter esquecido faz tempo.


 



– Ainda é muito cedo para chorar, Gina... Ainda não é nem meio dia.


 


 


        E dizendo isso com toda a frieza do mundo, ela deixara a amiga pra trás e saíra da Biblioteca. Mal saíra porta a fora da Biblioteca e topara com Jack Millinton que a olhava com um sorriso meigo.


 



– Tudo bem, Hermione?


 



– Oi, Jack. – dissera ela tentando ficar mais calma, mas ainda estava indiferente demais para qualquer comprimento.


 



– Olha, sei que você não deve estar nos seus melhores dias e isso é a última coisa que deve querer ouvir, mas... – ele fizera uma cara tensa e Hermione olhara-o interrogativamente. – Precisa vir até a sala de teatro, Trelawney diz que precisa de você lá... 


 



– De mim? Não. – respondera a castanha, continuando seu caminho. Jack a seguira.


 



– Ela não vai te pedir pra atuar numa peça nem nada. E ela também sabe que você não quer cantar no Baile.


 



– Então o que ela quer?


 



– Você não pode simplesmente vir? Ela te explica tudo... – dissera Jack completamente transtornado, Hermione passara um tempo pensando.


 



– Tudo bem... Desde que seja rápido.



       Draco saíra das masmorras agradecendo a Merlin por ter sido privado daquela aula irritante, porém sua curiosidade ainda o perturbava. O que Trelawney queria com ele afinal? Foi quando vira uma garota de longos cabelos cor de fogo encostada no batente da porta, era a caçula Weasley que se endireitara ao vê-lo.


 



– Foi expulso da sala também? – perguntara ela.


 


 


          Ele a encarara com uma sobrancelha levantara, sem entender o motivo daquela “Weasley” se dirigir a ele.


 



– Não. – ele respondera com desprezo, mas ela não o deixara ir embora.


 



– Na verdade eu estava querendo falar com você.


 



– Não estou interessado. – ele respondera ignorando-a e desviando dela para continuar seu caminho.


 



– Mas que saco, Malfoy! É sobre a Hermione! – então ele parara.


 


 


         Se esquecera que de fato, a ruiva era muito íntima de Hermione. Engolira em seco e se virara para encarar a ruiva.


 



– Fala.


 


       


     Elarespirara profundamente e seus olhos acabaram por se embaçarem novamente. Com tristeza.


 



– Ela não está bem. – dissera a ruiva. Draco sentira que seu peito ia explodir, não sabia o que fazer. – Ela não está nada bem. Precisa falar com ela.


 



– Ela não quer falar comigo. – dissera ele sem conter a revolta, mas com uma pontada de mágoa. – E pra ser sincero, não tenho certeza se quero falar com ela também. – a ruiva então ficara transtornada.


 



– O que? Mas... Você a ama!


 



– Não tenho que falar disso com você! – dissera ele agressivamente, meio que ofendido, e dando as costas para ela. Mas mal voltara ao seu caminho.


 



– Ela está diferente. Está indiferente... – ele apenas ouvia de costas. – Eu não sei o que exatamente você disse a ela, Malfoy, mas sei que você é culpado disso! Então cabe a você consertar isso!


 


 


    Ele mirara o nada respirando com dificuldade, sabia que ela tinha toda a razão.


 


 


– Ela jurou a si mesma que depois do Harry nunca mais se apaixonaria novamente! – ele sentira seu coração se estraçalhar conforme a ruiva falava. – Mas se apaixonou! Passou por cima do que ela mais preza na vida para amar você: o orgulho dela! E agora... Ela está despedaçada, não tem mais nada! Você a humilhou! Ela nem sabe mais o que sentir.


 



– Ela disse... Que me amava? – se ouviu perguntando, se negando a se virar para a ruiva por pura vergonha.


 



– Ela nunca admitiria isso, mas você sabe que sim. – ele respirara pesadamente e se virara para a ruiva se esquecendo de seu desprezo por ela, e até meio que tentando acalmá-la com os olhos.


 



– Você tem razão, eu fiz muito mal a ela. Não tem como eu corrigir isso. Não dessa vez. – dissera ele serenamente, como que dizendo para uma criança que o Papai Noel não existe.


 



– Tem que ter um jeito! Se você a convencer de que está arrependido, que ainda a ama... – Draco rira derrotado.


 



– Ela não acreditaria se eu dissesse que sou loiro. Acredite, fiquei um bom tempo dizendo isso a ela. – ambos ficaram calados em sua tristeza e Draco retomara seu caminho de cabeça baixa.


 




– AH, VOCÊ VEIO! – disse Sibila sonhadoramente, dando palminhas em direção a Hermione.


 



– Não, sou um holograma. – respondera a própria, não acreditando que concordara em ir lá.


 



– Um o que, querida?


 



– Nada. 


 



– Estávamos esperando por você ansiosamente! É realmente uma pena que não tenha aceitado cantar no baile, todos gostaram tanto da sua performance no Halloween.


 



– Hmm... – dissera a castanha, querendo apenas sair correndo daquele lugar. 


 



– Mas onde está o senhor Malfoy?


 



– No meu bolso é que não está. – dissera a garota entediada. – Mas por que me chamou?


 



– Ah, eu queria... AH, SENHOR MALFOY! VOCÊ TAMBÉM VEIO!


 



– Não, sou apenas fruto da sua imaginação. – respondera o loiro ao ir até ela. Então seu olhar se cruzara com o de Hermione, que parecia olhar para um mero desconhecido.


 



– Eu chamei vocês dois aqui porque queria apresentá-los a nova equipe de teatro dessa temporada. – disse Sibila virando os dois para toda uma turma. – Eles vão encenar Romeu e Julieta. – dissera Sibila animada.


 


 


        Todos pareciam delirar perante os dois, como se estes fossem celebridades. Começaram a bombardeá-los com perguntas sobre atuação. Draco parecia divertir-se, mas reparara na expressão vazia e indiferente de Hermione.


 


 


– É claro que dessa vez também terá música, já que você não quis participar, Srta. Granger, chamamos Linda Flaw da Corvinal, que também canta muitíssimo bem.


 



– Mas não tão bem quanto você, claro. – dissera a própria para Hermione, de modo sonhador.


 


 


          Ela era baixinha e meio gordinha, tinha os cabelos lisos e negros na altura dos ombros. Hermione tentara sorrir agradecida, mas não tivera muito sucesso.


 



– Então... – começara Sibila para a castanha. – Arranjamos uma música para a peça, mas acabou que não estamos conseguindo treinar o verdadeiro tom com a Linda, e era isso que queríamos pedir... – Hermione a encarara com certa irritação, sabia que algo viria. – Podia cantar para a Linda? Apenas uma vez, só para ela pegar o tom.


 



– Não acho uma boa idéia. Outra pessoa pode cantar. – dissera Hermione sem emoção. Draco prestava toda a atenção na conversa.


 



– Ah, por favor! – pedira a garota, quase que implorando. – É o único jeito! E esperei tanto por esse momento! Você não faz idéia de quanto sou sua fã!


 



– Não sou nenhuma celebridade para ter fãs... – dissera Hermione dando as costas para a garota.


 



– Mas vai fazer isso por você! – disse Draco se pronunciando naquela conversa e puxando Hermione agressivamente pelo cotovelo de volta, e olhando censuradamente para ela. – Afinal de contas, é só uma música! – dissera ele bem pausadamente. 


 



– Não interessa, eu não canto mais. Sinto muito. – respondeu a castanha para Linda, ignorando totalmente o olhar zangado de Draco e indo embora, o loiro fora atrás dela.


 



– O que deu em você? É só uma música! Precisa ficar magoando os outros assim? O que ela te fez? – brigara ele, longe dos outros. Ela apenas o encarava indiferente.


 



– Eu não quero cantar.


 



– Aquela garota... – disse o loiro, apontando discretamente para Linda. – Só quer te ouvir cantar, está aqui só por causa disso. E você... Você anda tratando todos desse modo agora!


 



– E que modo é? 


 



– Esse modo indiferente, sem se importar com os sentimentos dos outros, dando foras e esnobando os outros.


 



– Ou seja, o modo que você agiu nos últimos 17 anos. – ele ficara sem falas por um momento.


 



– Ah, então é por minha causa isso tudo? 


 



– Não, Malfoy. Eu apenas quero sair dessa sala de aula.


 



– Não antes de cantar para aquela garota! Não importa até onde nossa mágoa se estenda...


 



– Nossa mágoa? – perguntara Hermione, agora realmente pasma. Como ele se atrevia? Como se ela tivesse feito algo a ele...


 



– ... Mas você não vai descontar isso nos outros! Não quando eu puder evitar. – terminara ele, ignorando o comentário sarcástico dela.


 


 


            Ficaram ali apenas se encarando com raiva. Então Hermione respirara pesadamente e se adiantara contrariada para o piano. Sibila, dando gritinhos de alegria, pegara a partitura com a letra da música e colocara na posse de Hermione.


 



            Hermione pousara seus dedos nas teclas do piano e começara a cantar a música, sentia uma pontada de vergonha, não queria que Draco a visse cantar novamente, muito menos aquelas palavras tão indefesas e sofridas, que demonstravam tudo o que ela não queria demonstrar e fazia de tudo para mostrar o contrário. Draco sentia a mágoa na voz de Hermione, único momento que ela não conseguira se esconder atrás da indiferença. 


"Ouvir a Música"


You brought me to the highest Mountain,
(Você me levou até a montanha mais alta)
Out of my, deep despair.
(Longe do meu profundo desespero)
And you don't know how much I need you,
(E você não sabe o quanto eu preciso de você,)
To stand beside you,
(Ficar ao seu lado)
To breath your air.
(respirar o seu ar)




           Ela respirara fundo antes de prosseguir, o trecho a seguir precisava de muita coragem da parte dela para cantar, porque era como um aviso a ela mesma, tudo que ela vinha ouvindo dos outros e que ela se negava totalmente a ouvir. As pessoas presentes na sala prestavam a maior atenção na música, como num show particular, e os dedos de Hermione tremiam como se estivessem re-aprendendo algo que não queria: sentir.


Don't move on
(Não siga em frente)
Don't move on
(Não siga em frente)
Don't move
(Não se mova)
Don't move
(Não se mova)
Don't move
(Não se mova)
Don't move on
(Não siga em frente)




         Hermione respirava tensa, tentando não encarar as pessoas presentes que esperavam pelo resto da música, mas não conseguia. Não conseguia mais se expor assim, não queria voltar a ser fraca. Sentiu seu peito se inflar de uma tristeza absurda e não conseguia mais identificar palavra nenhuma a sua frente. Então se levantara com pressa, saindo o mais de perto possível daquele piano.



– Com licença. Preciso ir... – disse ela, saindo da sala sem mirar rosto nenhum naquela sala.

             Hermione, respirando com dificuldade, andava nervosa para fora do castelo. Seu cabelo começava a escapar do coque por causa do vento gelado. Atravessara o chão coberto de neve e se espremendo mais por baixo da própria capa, atravessara o caminho coberto que dava para o espaço das pedras, de onde assistira com Harry e Ron, há três anos atrás, a “morte” de Bicuço.



             Sentara ao pé da pilastra, observando o espaço das pedras e percebera que fora ali também que acertara um soco na cara do Malfoy. Naquela época, Malfoy era apenas o menor de seus problemas. Apenas um garoto esnobe que a irritava, nunca pensara que conseguiriam chegar àquele ponto. Pegara dentro da sua mochila seu diário e uma pena. Encarava a folha amarelada do diário, sem conseguir pensar em nada exatamente para escrever... Era como se o diário não lhe fosse mais confiável, como se houvesse uma parede dentro dela que a impedisse de demonstrar seus sentimentos, ou de ter sentimentos. Então era verdade? Não era mais capaz de nem mesmo escrever no próprio diário?



– Falta inspiração? – perguntara uma voz ao seu lado.


       


        Ela se virara e vira Malfoy encarando-a. Ele estivera ali tanto tempo quanto ela, do outro lado da pilastra apenas observando-a. Ela encarara-o com o cenho franzido, sem demonstrar um pingo de vontade de jogar conversa fora ali com ele. Ele voltara sua atenção para o espaço de pedra.


 


– Em pensar que há três anos atrás minha única preocupação quanto a você era me vingar pelo soco que você me deu. – dissera ele massageando o próprio nariz. – Eu prometi a mim mesmo que ainda ia te fazer pagar por isso. – dissera ele rindo de leve no final.


    


    Hermione o ignorara recolhendo suas coisas e indo em direção ao lago. Ele a seguira irritado.


 


– Então é isso? Vai me ignorar para sempre?



– O que você quer, Malfoy? – perguntara ela indiferente, com um pingo de tédio e sem parar de andar.



– Conversar com você. – respondera ele meio irritado.


   


      Ela não respondera e continuara seu caminho até chegar ao pé da árvore de frente pro lago, onde umas três meninas molhavam os pés para esquentá-los, já que a água fora aquecida por magia. Como se ele não estivesse ali, Hermione sentara na neve ao pé da árvore e abrira um livro do qual começara a ler. Draco rira irritado, mas continuara em pé de frente pra ela.


 


– Sinto muito pelo cargo de monitora.



– Uhum...



– Você nunca vai me desculpar, não é? – perguntou ele. Ela respirara pesadamente e respondera indiferente sem tirar os olhos do livro.



– Pelo o que, Malfoy? Terminar comigo em público? Não seria a primeira vez.



– Escuta.– disse Draco, se agachando em frente a ela e levantando o queixo dela obrigando-a a encará-lo. Ela, porém o fizera com indiferença. Mas ele mantinha o olhar e a voz decisivos. – Eu amo você.



– Uhum. – dissera ela indiferente.



– Você, apesar do seu orgulho estar gritando por sobrevivência aí dentro, sabe muito bem que eu só disse aquilo tudo porque estava com raiva.



– Porque estava cansado. – corrigira ela cortando-o. Ele engolira em seco.



– Você não vai mesmo deixar de usar o que eu disse contra mim, vai?



– Não, pra falar a verdade a única coisa que eu planejei foi terminar esse livro.– ela dissera. Ele a encarara ainda mais. – Quero apenas aproveitar o dia, já que não estou mais presa a nenhuma dívida com você.



– Não sei... Você roubou minha música. – ele dissera divertido.



– E você minha letra. 



– Verdade. – ele respondera ainda divertido, mas ela não sorrira de volta apenas voltara a atenção para o livro. – Você me odeia.



– Não, Malfoy, odiar você ou não, não faz mais diferença pra mim. – disse ela, enfim se levantando entediada. 



– Então é isso! Agora você é A Indiferente. – ele dissera alterando, ela não parara de andar apenas o ignorara. Ele mais irritado ainda fora atrás dela, puxando-a pelo braço. – Pára com isso, ok? Grite comigo se quiser... Mas faça alguma coisa.



– Eu estava fazendo alguma coisa, Malfoy, estava indo embora.



– Ah, então você vai continuar com isso, não é? Vai ficar bancando a indiferente agora. – dizia ele, cada vez mais estressado. Ela o olhara com ainda mais indiferença, o que quase o fizera explodir de fúria.



– Não, Malfoy, não estou “bancando” a indiferente, se “estou” indiferente talvez seja porque você mereça, porque você não seja digno de nenhuma “emoção” minha.



– Então temos que dar um jeito nisso, não é? Esquentar essa “emoção”, dar um jeito nessa “indiferença”. – disse ele perigosamente, meio segundo antes de pegá-la nos braços.



– O que está fazendo? Me solte!



– Vou soltar, não se preocupe. – disse ele indo em direção ao lago, como se ela não pesasse nada. 



– O que? Não! Não! Não! – mas já era tarde demais. Draco jogara Hermione na água aquecida do lago e caíra na gargalhada.


   


        Hermione soltara uma exclamação desesperada ao sentir a água no corpo. Não acreditando no que havia acontecido. Tirara a capa do corpo pra não fazer peso, saíra da água com o humor totalmente alterado. De fato, o plano de eliminação de indiferença havia funcionado muito bem, pois ela tinha uma vontade doentia de matar Draco e não tinha como disfarçar isso. 



– Toma, vista isso... Hsuahsuahsuahsuhaushaus... – dissera ele, tentando parar de rir e cobrindo Hermione com a própria capa, mas ela se negara ficando apenas com sua camisa branca grudada no corpo.



– SEU DESGRAÇADO! FILHO DA MÃE! – berrava ela, enquanto dava socos nele, que ria ao se defender. 



– Pelo visto acabou a indiferença... Hsuahsuahsuahsuhaushaus... – então ela pegara a própria varinha e apontara para Draco ameaçadoramente.



– Ow, calma, Hermione, calma... Não vá fazer uma besteira... 



– Grr! – gritara ela, enfeitiçando Draco em seguida, que voara a toda força para dentro do lago. Ele subira até a superfície com uma raiva contida no maxilar saindo do lago com muita elegância.



– É, muito justo. – ele largara também a própria capa na neve e sua camisa branca também estava colada no corpo. Ele fora em passos zangados até a castanha que o olhava agressivamente. – Estamos quites agora?



– Quites? – ela perguntara sarcástica. – Você me infernizou a vida inteira!



– Eu? Você me deu um soco no nariz! – rebatera ele.



– Você mereceu! Sempre mereceu as poucas vezes que eu me defendi de você.



– Poucas? Ha-ha-ha. Está falando da pedrada que você me deu na cara?



– Você me deixou em coma!


 


- Eu não estava consciente!



– E eu ainda quis ser sua amiga e você? Você me esnobou!


– Eu disse que te amava e você me mandou a merda!


– Amava uma ova! Você só queria ganhar a bosta de uma aposta...


– GRR... EU Não aguento mais te ouvir dizendo isso!



– Me exibiu esse tempo todo pro seu grupinho, como se eu fosse novo bichinho de estimação


– Você colocou pimenta na minha bebida!


– Você mentiu pra mim! Depois de eu finalmente ter acreditado em você!


– Você me traiu!



– Você terminou comigo! Duas Vezes!



– Você saiu com meu melhor amigo!



– Você me entregou pro Filch! Quase fui expulsa!



– Você riu da minha cara esse tempo todo enquanto me via procurar por você feito um idiota!



– Você me agarrou a força inúmeras vezes!



– Você me agrediu inúmeras vezes!



– Você me obriga ser a sua namorada!



– Você...



– Você leu o meu diário e escreveu nele!


 
– Onde você me comparou com uma Barbie e me esculacha....



– Lógico você não pensa! É inútil como uma!



– Devo ser mesmo. Por isso eu não usa aquela penseira vagabunda que você me deu! Aproposito: Detestei!


 


– Eu não ligo! Comprei com seu dinheiro mesmo.


 


– Você o que?


 


– Você vai ver no final do ano, quando receber as contas da monitoria-chefe... Você não achou mesmo que eu gastaria dinheiro com você, achou?


 


      Draco a encarava com um sorriso e uma raiva assassina, enquanto ela ria sarcástica para ele.



– Muito esperta. – ele dissera com ódio.


    


       Ele se aproximara dela de forma perigosa e ela corara ao perceber, ainda mais pelas roupas encharcadas de ambos que quase se tocavam.


 


– Agora vai dizer que você me esqueceu? – ele acusara de forma perigosa, ela levantara o nariz desafiadoramente.



– Não. Não esqueci. – ele a olhara pasmo, não esperava ouvir aquilo. – Mas vou esquecer. – ele sorrira de lado prendendo-a no próprio corpo.



– Não vou deixar, Hermione. – então ela sorrira perigosamente.



– Só que dessa vez... Eu não tenho mais motivos para suportar você. – e antes que Draco entendesse o que ela dissera, já havia sido jogado por um feitiço de volta no lago. Ele subira na superfície xingando-a, mas esta já não estava mais ali quando ele voltara.


               Hermione passava pelos corredores do castelo carregando uma imensa raiva que fazia com que os próprios alunos dessem passagem para ela. Como odiava Draco Malfoy! Como!


 “Não vou deixar, Hermione.”. Pra merda com Draco Malfoy. Quem ele pensa que é para continuar a tirar uma com a cara dela? Grr! Agora ela que não deixaria mais ninguém tomar conta da vida dela. Como precisava do seu diário... Como! Mas ainda não estava exatamente pronta para escrever. Precisava de um lugar calmo para reviver todas suas frustrações novamente.


         Ao passar por um corredor, viu que Daniel Conl olhara divertido, porém interessado, para as roupas molhadas da castanha e começou a acompanhá-la pelos corredores.



– Eu estou curioso... – dissera ele debochado.



– Sério, Dan. Não estou nos meus melhores dias.



– Não vou comentar nada sobre seu novo maravilhoso visual, não se preocupe. 



– Faz muito bem – rira ela sarcástica.



– Um sorriso? Uau! É um progresso.



– Não tenho tido muitos motivos para sorrir se é que percebeu. –          “Onde estava Gina quando se precisava dela? Ruiva Maldita!” Pensava a castanha.


 
– Não tem? Eu não sei, quero dizer... O cara por quem você está apaixonada pelo visto caiu na real e percebeu que também te ama. Acho que isso deixa muita gente feliz.



– Ele me humilhou!



– Nunca o vi tão arrependido.



– Comoveu você? – debochara ela.



– Essa é a minha curiosidade. Quero dizer... Não era pra vocês estarem juntos agora que tudo foi esclarecido, ou alguma coisa assim? Quero dizer, vocês tem algo em comum... O que sentem um pelo outro.



– Não! Eu sinto raiva por ele! O que ele sente por mim não me interessa, já desisti de tentar entender aquela cabeça loira dele. 



– Obrigado pela parte que me toca. – dissera ele divertido, mas Hermione o ignorara.



– Eu estava quieta no meu canto, por que ele tinha que simplesmente ir me perturbar? Por que? O que ele quer de mim afinal? Perdão? O que ele vai fazer com o meu perdão?



– Acho que o seu perdão não é a única coisa que ele quer. – dissera ele, e completara com uma voz tão maliciosa quanto o olhar. – E eu entendo perfeitamente isso. Ô se entendo.



– Aquele idiota nunca sabe o que quer! Um dia me odeia, noutro está morrendo de arrependimentos por isso. Aff!



– Viu, eu disse que vocês ainda tinham algo em comum. – brincara ele.



– Você está do lado dele? – Hermione parara de frente para Daniel de forma ameaçadora. – Ele te deu um soco.



– Bem, não fale pra ele, mas... – ele dissera baixo de forma comprometedora...- Sabe, eu até entendo o fato dele se sentir ameaçado por mim. Eu sou incrivelmente irresistível. – ele finalizara com um sorriso divertido. A castanha revirara os olhos e continuara seu caminho.



– Se encontrar a Gina, por favor, diga que da próxima vez que ela interferir na minha vida... Eu mesmo acabo com a dela!



– Sempre prestativa, Hermione. – brincara Daniel, Hermione apenas respondera com um olhar zombeteiro e fora embora. 



– Era Hermione? – perguntara uma voz atrás de Daniel. Ele se virara e vira Gina com o olhar confuso.



– Era, ela está doida pra te ver. – ele dissera sarcástico e em seguida brincara. – Você aprontou das boas, né ruivinha?


         E saíra de perto da Weasley, afinal... Amizade com uma grifinória já era mais do que sua mente sonserina poderia suportar.



– Na verdade você tem sim! – disse Draco três dias depois na Biblioteca, com um sorriso vitorioso.


 


            Hermione o encarara com raiva por ele estar atrapalhando sua leitura, como sempre. O loiro se sentara a sua frente de forma divertida.



– Tenho o que? – perguntara a castanha entre dentes.



– Motivos para me suportar.



– Draco me faz o favor, so...



– Draco? Então quer dizer que ainda existe intimidade entre nós. – cortara ele com um sorriso divertido, a castanha apesar de mais irritada ainda fingiu ignorá-lo.



– Some daqui?



– Você está em dívida comigo, Hermione. – ela dera uma curta risada.



– Não, não estou.



– Está sim... Não sei se você se lembra, mas eu prometi te dar aulas de teatro em troca de ajuda num feitiço. Bem, ainda não fizemos esse feitiço.


        Então Hermione tomara uma tonalidade branca no rosto. Estava pasma, não acreditava que tinha se esquecido disso, não acreditava que ainda não tinha se livrado dele. Fechara o livro em cima da mesa com calma, tentando conter seu nervosismo que fora notado por Draco, que sorrira ainda mais.



– Bem, eu não vou fazer.



– Você quem sabe. Fique em dívida comigo pelo resto da vida então. Eu não ligo. – dissera ele sarcasticamente botando os braços atrás da cabeça e assobiando.



– Por que está fazendo isso? Por que apenas não... – ela engolira uma frustração – Mantém distância?



– Porque eu te amo. E não vou deixar você fugir de mim dessa vez. – ele dissera encarando-a seriamente, Hermione suspirara em deboche fazendo cara de descrença.



– Me ama? Você estava em Hogsmeade no último domingo?



– Eu errei, grande coisa. Não seria a primeira vez que um de nós faz uma burrada.



– Não, você não fez uma burrada, você apenas disse que não sentia mais nada por mim. Que eu podia correr pra quem eu quisesse que você não ligava mais.– Draco revirara os olhos.



– Eu disse mentiras...



– É... Você é bom nisso.



– Então você não vai voltar pra mim? 



– Isso!



– Tudo porque é orgulhosa?



– Não é orgulho, mas você não achou mesmo que eu ia voltar pra você depois de toda a humilhação que eu passei lá, achou?



– Isso se chama orgulho. Ainda mais porque ambos sabemos que você não me esqueceu. – dissera ele de forma sábia, Hermione olhara em volta estressada em busca de uma resposta.



– Você é que está com seu orgulho ferido porque viu que estava errado, não posso fazer nada quanto a isso. – disse ela pausadamente.


         Draco se sobrepusera sobre a mesa de forma ameaçadora segurando o pescoço dela próximo dele, quase tocando os lábios dela.


– Olha pra mim e me diz que você não me quer também. – ele disse com a voz arrastada, deixando-a completamente perplexa e vermelha. – Eu amo você!



– Eu... Eu não ligo. – ela dissera rouca não muito segura de si.



– Liga sim. – ele disse ainda com a voz confiante.



– Me. Solta. Malfoy. – mandara ela ameaçadoramente.



– Eu sei que você quer me odiar, me esquecer, que você está com raiva por tudo o que eu te falei...



– Que bom que sabe. – dissera ela irônica. – Agora me solta porque eu não sou mais sua namorada.



– Volta pra mim. – ele disse numa ordem sedutora, ignorando por completo o tom dela.


        Por um momento Hermione ficara surpresa com o pedido e depois quieta, apenas se afogando naqueles olhos cinzas, quase considerando o pedido dele.



– Pra que? – ela perguntara depois de um tempo.



– Para eu amar você. Para a gente parar de ser idiota. – Hermione o encarara pensativa e se afastara dele tirando as mãos dele do seu pescoço.



– Não preciso mais do seu amor, ou do que quer você sinta. – Draco engolira em seco, querendo quebrar tudo a sua volta. – Não dá pra voltarmos atrás. Você mesmo disse: “Eu prefiro que você me odeie”. – disse ela, Draco a encarara se sentindo culpado, novamente querendo se destruir pelo o que fizera a ela...



– Hermione...



– O que eu sentia por você era muito mais do que ódio... – disse ela com a voz magoada, ele não acreditava no que jogara pro alto, ela realmente gostava dele, estava apaixonada por ele e agora ele terminara com ela. – Agora... Nem ódio eu consigo sentir por você.



– Você nunca vai poder me perdoar? – perguntara ele com sua voz firme, porém derrotada. A castanha olhara pra neve que caía lá fora com certa raiva. 



– Amanhã te ajudarei com esse feitiço, não importa qual seja... – ela disse com a voz firme e decidida. – Depois disso, quero que se afaste de mim.


 


Continua... 

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