Um Duelo a Três!



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        Querido diário,


        Eu já tinha me esquecido de como a Biblioteca do castelo pode ficar sombria à noite. Eu aqui, sentada em uma das mesas da Biblioteca, enquanto Madame Prince dá seu vigésimo ronco essa noite. Um ambiente mal iluminado, onde as estantes se tornam cada vez mais obscuras conforme se aprofundam, o vento forte chiando na vidraça, me causando um estremecer horripilante no estômago...


**



– Duvido que esse estremecer horripilante seja por causa do vento. Você está nervosa por estar sozinha comigo. – sussurrou Draco, em pé atrás da castanha.



– Você não estava dando uma volta? Me deixa escrever em paz! – dissera a castanha no mesmo tom baixo, mas agressivamente, guardando o diário às pressas.


 


– Sabe... – começara o loiro em tom sarcástico. – Depois de sete anos numa escola você acaba por perceber que não se tem nada de mais interessante do que os livros numa Biblioteca... E estamos aqui para fazer um trabalho. Eu tive de usar todo o meu charme e carisma para que aquela... – ele frisara, apontando acusadoramente para Madame Prince, que começava a babar pelo canto da boca. – Sapa inútil nos deixasse utilizar a Biblioteca há essa hora... -Hermione prendera o riso às palavras sinceras e sérias de Draco. – Mas adivinhe: não estamos trabalhando.


 


– Bem, estaríamos, se o senhor tivesse organizado melhor os seus planos de...


 


     Hermione não conseguira se conter e começara a rir e falar ao mesmo tempo, deixando Draco com uma cara assassina.


 


– suahsuahsuahsuhaushaus... De resgate à “Misteriosa do Pergaminho”... Hsuahsuahsuahsuhaushaus...


 


– O que isso tem a ver? – ele perguntara irritado, se sentando de frente para ela.


 


– Tem a ver que você se atrasou!


 


– Você? Até pouco tempo eu era senhor! – dissera o loiro em deboche. A castanha se contorcera de irritação.


 


– Até pouco tempo eu estava rindo. É impressionante como você consegue destruir o humor de qualquer um só com um comentário cretino.


 


– Oh. Minha nossa. Mas peraí, deixa eu anotar isso: “O precioso humor de Hermione Sangue-Ruim Granger foi destruído.Check”, para que eu não me esqueça de avisar a mídia. – dissera Draco ligeiramente irritado e com um quê irônico.


    


     Hermione se adiantara para responder de forma ainda mais grosseira, mas seu xingamento fora interrompido por uma forte engasgada no ronco de Madame Prince. Ambos olharam assustados para ela, e voltaram a ficar calmos após notar que a mulher ainda dormia. Hermione voltara sua atenção para o diário.


 


**



      Então: Querido diário, voltando...


    


      Ok, devo admitir que todo esse calafrio em meu estômago não é apenas causado pelo vento, ou pelo porco que Madame Prince parece ter comido vivo e que parece estar gritando por socorro nesse momento. Mas sim, a presença desse loiro irritantemente confiante me irrita, quando ficamos muito tempo sozinhos algo de irregular parece acontecer.


 


     Eu fico me perguntando: Será que é a hora de dizer à ele? Será que eu quero mesmo dizer à ele? Quero dizer, eu quero que ele saiba, mas não quero ter de dizer à ele. Ou será que é o contrário? Merlin, onde está Dan para me distrair do olhar cinza anestesiante, que eu finjo não perceber que está me encarando? Mesmo assim, duvido que ele queira papo comigo tão cedo. Loiros! 


 


**


 


– Mas o que foi? – perguntara Hermione para Draco, já irritada por estar sendo encarada por ele.


 


– Não é justo você ficar escrevendo nesse troço. O que eu vou fazer? – perguntara ele, tentando inutilmente esconder seu tom infantil.


 


– Sim... Eu estou muito preocupada com você. – dissera Hermione irritada. – Estou até pensando em abrir uma campanha: “Não deixem Draco Barbie Malfoy se entediar.”  Oh não, melhor ainda, por que não procura entre as prateleiras pela Misteriosa do Pergaminho? Aposto que ainda deve estar por aqui. Tem certeza que ainda não procurou na sessão de Achados e Perdidos?


 


– Tem certeza que sua mãe não sofreu um acidente quando estava grávida de você? Não é possível! Você não pode ser desse planeta!


 


– Oh! Não utilize essas palavras grosseiras em mim, assim você quebra meu coração! – satirizou Hermione, rindo da cara do loiro. 


 


– Pena não quebrar o pescoço. – dissera o loiro pra si mesmo.


 


       A castanha rira, voltando sua atenção para o diário, mas mal conseguira começar a escrever mais uma palavra, e notou que o loiro a encarava mais uma vez. Ela levantara os olhos lentamente, demonstrando toda sua chateação diante do loiro.


 


– E agora?


 


– Você vai escrever nisso para sempre? – perguntara o loiro.


 


– Não, estava pensando em parar quando as folhas acabarem.


 


– Você me entendeu.


 


– Não, Draco. Eu não te entendi. Eu não entendo dementadores. 


 


– Você descreve assim todas as nossas conversas? Assim, dessa forma tão agradável?


  


       Hermione respirara fundo, jogando irritadamente os cachos para trás antes de responder.


 


– Sabe, Draco, por mais incrível que isso possa parecer, acredite: eu não escrevo mais sobre você.


  


  Draco a encarara ainda sem reação, quando do nada começara a gargalhar descontroladamente.


 


– Pare, Draco. – dizia a castanha com medo que Madame Prince despertasse.


 


       Sem saber o que fazer Hermione se sobrepusera sobre a mesa tapando a boca de Draco com a própria mão.


 


– Enlouqueceu? Quer acordar aquela chata? – cochichara Hermione.


 


    Só então percebendo a aproximação dos dois, e o modo tão inadequado que estava sobre a mesa.


 


     Draco parara seu ataque de riso na mesma hora, encarando os olhos castanhos de Hermione de forma séria. Devagar ele segurara os pulsos de Hermione com as próprias mãos abaixando-os, dando oportunidade para que ele falasse.


 


     A mera vista dos lábios firmes de Draco e a espessura de sua pele em seus pulsos, foram suficientes para causar todo um formigamento em Hermione, fazendo-a engolir em seco. Draco manteve o olhar desafiador à proximidade dos dois, sem largar os pulsos dela.


 


– Então você não escreve mais sobre mim, não é? – perguntara ele roucamente. – E então sobre o que é que você escreve agora? Sobre o Dan? Ele é o que agora? Seu melhor amigo? Como é que o Potter está se sentindo?


  


      Hermione abaixara os olhos, sentindo todo o seu rosto queimar. Como era óbvio, como ele sabia e sempre iria saber o quanto ela era louca por ele. Não tinha como esconder, não conseguira encará-lo.


 


      Mas ao abaixar os olhos Hermione percebera que Draco havia se assustado, ele não estava acostumado com isso. Ela se rendera, como ela andava se rendendo ultimamente, aquela castanha estava diferente e isso o assustava. Ela o encarara novamente e dera de cara com olhos tão confusos possíveis. Draco sabia que algo estava errado. Aquela não era a Hermione respondona e alto-suficiente que ele conhecia. Por fim ele não conseguia mais segurar essa dúvida por mais tempo.


 


– O que houve com você? – ele perguntara, agora num tom totalmente diferente. Ela o olhara tensa, respirando com dificuldade.


 


– Como assim?


 


– Você está estranha. Está há semanas assim! 


 


– Assim como?


 


– Assim! Sério, o que é que você tem? Você está me escondendo alguma coisa que eu sei. – dissera ele autoritário.


 


      Hermione se vira perdida, sempre fora uma péssima mentirosa e agora já se esquecera de como era ser atriz. 


 


– Eu não...


 


– Não atue para mim Hermione! – dissera Draco entre dentes.


 


       Hermione ficara pasma por um momento, mas logo quebrara o contato visual, tirando os pulsos do poder do loiro e voltando ao seu lugar.


 


– Se ocupe com outra coisa que não seja discutir comigo, Draco. Pelo menos hoje. Estou cansada e com sono!... E temos um trabalho para entregar amanhã. Sei que é difícil, mas devemos pelo menos controlar nosso incrível vício de implicância com o outro, para que os dois saiam ganhando nessa história, não é? Amanhã você pode voltar a ser o grande imbecil que você é!


 


– E você a grande idiota que é!


 


– Perfeito. Amanhã cada um retorna ao seu cargo de origem e todos ficam felizes! – terminara Hermione, rindo estressada e olhando para fora pela janela, já que não conseguiria mais saco para escrever.


   


       Draco respirara aborrecido por ter saído do assunto, mas não queria mesmo perder tempo discutindo com uma garota tão estressante quanto ela. Pensara na aproximação que tiveram de novo e afastara tais pensamentos da cabeça de forma desesperada. Olhara em fim para a sala da Biblioteca que eles haviam alugado da Madame Prince.


 


– Por que apenas não entramos Srta. Chego-Sempre-na-Hora?


 


– Porque Sr. Estou-Procurando-Minha-Alma-Gêmea-do-Pergaminho o Dan ainda não chegou. E se entrarmos ele não vai saber aonde nos encontrar.


 


    Draco rira sarcástico, sem conseguir disfarçar a fúria que gritava em seu maxilar.


 


– Oh sim, Dan... Nosso precioso amigo! Pelo menos ele sabe chegar na hora, não é?


 


– OLÁ, MEUS AMIGOS! Vamos trabalhar? Temos um importantíssimo projeto para apresentar amanhã. – dissera Dan, entrando de forma estrondosa na Biblioteca, não dando a Hermione direito de resposta.


 


       Draco e Hermione fizeram sinais para que ele calasse a boca, ele levantara as mãos de forma rendida e em passos tortos fora entrando na sala que eles haviam alugado. Antes dos dois o seguirem, ficaram olhando pra porta da sala que Dan entrara, como que meditando sobre o que haviam acabado de ver. Draco que se pronunciara primeiro.


 


– Nosso precioso amigo por acaso está...


 


– Não... Impossível... Não teria como ele conseguir bebida alcoólicas em Hogwarts, ainda mais há essa hora... – dissera Hermione não muito confiante, Draco a encarara de forma descrente – Teria?


 


– Hermione... Por isso que eu adoro suas reuniões! – ele respondera, com um sorriso divertido para a castanha.


 


“É o fim!” pensara ela.


**



       Dan chegou naquela sala completamente bêbado, e devo dizer que cinqüenta vezes mais desagradável. Até agora, escrevendo no meu diário, sinto o frio no meu estômago, o frio que aquela reunião me proporcionara. Eu me sentara de frente para Dan. E Draco, após fechar a porta da sala, se sentara na outra cadeira da mesa quadrada, de frente para o nosso espetáculo. Por um longo momento ficamos todos em silêncio, até que Draco se estressara.


 


– O que foi? Vocês vão ficar quietos mesmos? – dissera ele nos analisando, eu olhava para um livro qualquer e Dan estava todo esparramado em sua cadeira jogando um galeão pro alto. – Hermione você não vai dizer nada?


 


– Eu não tenho nada pra dizer. – eu disse dando de ombros. 


 


– Oh claro, e você é famosa por isso. – ironizara Draco.


  


    Eu respirara pesadamente e me virara estressada pra Dan.


 


– Com quem você bebeu?


 


– Por que? – perguntara Dan em deboche. – Vai me por em detenção?


 


– Eu devia sim, você podia ter um pouco mais de responsabilidade, estamos a quase uma hora te esperando! – eu respondera zangada.


  


     Dan me olhava como um típico sonserino canalha, como ele era quando eu não ia com a cara dele.


 


– Você podia ser pego pelo Filch, sabia? – “Draco estava do meu lado? Não, lógico que não estava.”


 


– Não. Eu estava na cozinha com uns moleques muito legais do primeiro ano, quem diria... No meu primeiro ano eu não bebia assim. Hey, vocês já perceberam como os alunos do primeiro ano são baixos? E feios? Sério! Narigudos, orelhudos e uma tonalidade na pele meio estranha...


 


– Você estava bebendo com os elfos? – eu perguntara ainda mais irritada. Draco começara a rir. – Você ficou maluco? O que deu em você?


 


– Estamos fazendo muito essa pergunta ultimamente... – dissera Draco, me deixando vermelha, eu o ignorara me focando apenas em Dan.


 


– Elfos? Existem elfos nesse castelo?


 


– Ah Merlin! – eu disse, não acreditando no que estava acontecendo àquela noite.


 


     Draco ainda ria, Dan estava bêbado... Eu podia fazer esse trabalho sozinha, seria muito mais produtivo.


 


– Hey... A professora Sprout também é um elfo?


 


– Apenas cale a boca Dan, vamos fazer esse trabalho! 


 


– Sabe que tem um elfo lá chamado Dronco? – ele disse se virando pra Draco e me ignorando completamente. Draco o olhara irritado. – Sério... Vocês podiam, sei lá, formar uma dupla sertaneja. Por que não pensa nisso? “Draco & Dronco”! Seria legal.


 


– Chega Dan. Ao trabalho, por favor? 


 


– Oh, é mesmo. O trabalho... Então,... Vamos trabalhar... suahsuahsuahsuhaushaus... – dissera Dan caindo em gargalhadas. – Ajudaria se a mesa parasse de se inclinar.


 


      Eu olhei para Draco completamente transtornada e ele parecera divertido. 


 


– Pois bem. – falei, retomando a palavra. – Acho que todos aqui leram “Adeus ao Orgulho”, acho que já ficou mais do que claro nossas posições nesse debate... – eu disse me virando pra Draco, ele respondera com um sorriso irônico. – E a sua Dan, qual é a sua posição?


 


– Ahh bem, eu estou sentado, bem aqui na sua frente. – ele disse sarcástico, minha paciência estava se esgotando.


 


– Dá pra você parar de ser grosso apenas hoje? 


 


– Como você está sensível hoje... – dissera Draco, colocando pilha na discussão. 


 


– Não é? – concordara Dan. – Sério Hermione, se continuar a ser essa manteiga derretida podem acabar pensando que, sei lá... Você está...


 


– Chega Dan! Por que você bebeu afinal? O que deu em você? – eu perguntara sobressaltada, com medo do que aquele loiro maldito fosse dizer.


 


– E “A” pergunta novamente. – dissera Draco, eu fingira não ouvir.


 


– O que deu em mim?! Por que sou eu que tenho algum problema aqui, Hermione? Já pensou em se culpar um pouco pelas coisas? Pelo menos uma vez? – eu ficara vermelha, tentando manter meu ar controlado.


 


– Mas não é hora nem lugar de falarmos disso.


 


– Eu sei decidir sozinho a hora e o lugar de falar do que eu quero, obrigado. – dissera ele agressivamente.


 


– Ah, então agora eu sou a culpada por você ter bebido?! – eu disse, já contando os segundos para dar na cara daquele loiro maldito.


 


– Ah, bem... Eu não colocaria dessa forma tão acusadora e infantil, mas sim, resumindo é isso mesmo.


 


– Inacreditável! O que eu te fiz?


 


– Você não fez nada, Hermione... Você nunca faz nada pra ninguém! Por que faria algo pra mim? – ele disse irritado, cruzando os braços.


 


– E “eu” sou a infantil? – ele tentara inutilmente sorrir irônico em resposta.


 


     Ficamos calados novamente, cada um de braços cruzados e com a cara virada. Até que Draco fizera um ruído curto que mais parecia um deboche.


 


– Tudo bem, o que está acontecendo aqui? – nenhum de nós dois respondeu. – O que exatamente está acontecendo entre vocês?


 


“o que? Que tipo de pergunta era aquela agora? Era só o que me faltava!”.
Dan dera uma curta risada irritada, eu apenas olhara para Draco totalmente perplexa e raivosa.



– Nada! – eu disse simplesmente, tentando finalizar com aquele assunto.



– Estou vendo! – ele disse, fazendo minha respiração ficar cada vez mais agitada de raiva. – Por que não me diz você, Hermione? Que sempre me diz a verdade! – ele dissera irônico.


    


      Ouvi Dan resmungar alguma coisa depois de uma risada irônica, algo como “não é bem assim”. 


 


– Não há nada! Me diz o que exatamente você acha que está havendo entre nós? – eu disse estressada, não agüentando mais aquela conversa inútil.



– Ah, isso até eu quero ouvir! – dissera Dan divertido, agora atento a conversa.



– Eu não sei! Você anda toda... Estranha. E Dan fica agindo como um completo lunático depressivo!



– Eu o que? – perguntara Dan irritado.



– Oh, sim... Seus pontos foram realmente muito bem observados, obrigado. Será que agora podemos voltar ao nosso trabalho, por favor? – eu disse sarcástica para Draco. – Afinal, se lunático e depressivo foi tudo o que você achou de estranho nele, então você precisa passar mais tempo observando ele.



– Eu estou sentindo uma certa descriminação aqui... – dissera Dan.



– Vocês brigaram. Por quê? 



– Ah, acho que isso não é muito da sua conta! – eu dissera para Draco, totalmente estressada.



– Minha namorada brigou com outro cara, quero saber o porquê.



– Você não se preocuparia se sua namorada se agarrasse com esse outro cara.– eu disse não me contendo. Ele me olhara desconfiado.



– Isso por acaso é uma confissão? Você anda se agarrando com ele?


        Dan respirara derrotado jogando a cabeça pra trás. Realmente Draco era muito lerdo.



– Não! Mas se estivesse você não estaria nem aí, e eu não te culpo...


– Que bom! – ele me cortara.



– Afinal, você tem toda uma fila feminina de cérebros ocos para escolher, e... O objetivo era me fazer sofrer, não era?



– Devo dizer que isso é um brinde que vem junto. – ele disse sorrindo perigoso.



– Ah sim, é que... Desculpa... – eu começara sarcástica, sorrindo em seguida. – Acho que não está dando muito certo. Sofrer por você? Sabe você podia, não sei... Me acertar com um balaço, é possível que assim você arranque algumas lágrimas de mim.



– Não subestime meus talentos. – ele disse, novamente sorrindo perigoso.



– Aliás! Já achou a tal? – eu perguntara, não ligando pra seu sorriso.



– Não vem ao caso. – eu não agüentava, queria saber quem era a cara de pau com que ele me confundira.



– Por que não me diz?



– Porque eu não quero.



– Mas você está feliz? Quero dizer, com o resultado? – ele sorrira divertido.



– Acho que estou feliz sim... 



– Feliz como? – eu pressionara. – Feliz como se tivesse visto um pôr-do-sol ou... Feliz? – ele pareceu confuso, eu não acredito até agora em tudo o que eu disse. Até aonde minha ansiedade e curiosidade podiam ir?!



– Eu não fico deprimido com um pôr-do-sol... 



– Draco! Me diga! O que custa? Eu posso até ficar feliz por você...



– Hermione... Temos um trabalho pra fazer...



– Ótimo! – eu disse já revoltada com a vida. – Não me diga então!



– Eu não vou. 



– Eu não ligo mesmo! Ótimo que eu tenha me livrado daquelas suas declarações cansativas! Eu só queria saber quem era para dar meus pêsames para a pobre coitada.



– Uhum... – ele dissera indiferente, eu não parava de tagarelar.



– Fui eu que bebi aqui? – dissera Dan.



– E além do mais... Eu nunca fico feliz com um idiota pôr-do-sol, eu odeio pôr-do-sol, acho muito sem graça! O que consta que meu humor tem um grau muito elevado!



– Percebe-se... 



– Eu já devia ter me acostumado com esse seu jeito canalha de lidar com as coisas, devia ter me convencido de tudo o que sempre achei que você era... – Dan respirara entediado e Draco revirara os olhos. – Você é apenas um sonserino, falso que não se importa com o que faz desde que saia ganhando na história e que o outro saia totalmente ferido.



– Esse sou eu ou apenas o boneco na sua cabeça intitulado “Draco Malfoy”? – ele perguntara irritado.



– E lá vamos nós outra vez. Pela centésima vez este ano, apresentamos a novela: “A Balada de Draco e Hermione”! – disse Dan com a voz elevada e debochada, se metendo na discussão. – Esses dois vão voltar a ficar juntos? Espero que sim.



– Dan, não se meta! – eu dissera, não querendo dar atenção as implicâncias dele.



– Ah, claro, longe de mim, um ser tão baixo, tentar entender a dinâmica sagrada de Draco e Hermione. Desculpe-me, é que acho fascinante o jeito que o trata.


     Meu queixo havia caído, o que estava acontecendo com todos naquela semana? 



– E como o trato, Dr. Conl? – perguntei sarcástica.



– Como se ele fosse uma criatura diabólica, verminosa e nazista.


 “e ele não o era?”.



– Qual é o seu problema? – perguntara Draco, agora aparentemente irritado com Dan, este rira irônico.



– Nenhum, sou um coro grego, que só faz observar e interpretar.


Eu não agüentava mais, me levantei ameaçadora encarando Dan, os dois pareceram surpresos.



– Dan, quando foi que adotou esse tom maldoso? – falei calmamente.



– Qual é, Hermione. Nós dois somos conhecidos por nossas réplicas jocosas. – ele disse sarcástico.



– Sim, pelas brincadeiras bem-humoradas. Mas pelo que me lembro nunca agredimos nem magoamos.



– E nem levamos tão a sério. Estou falando, você anda muito sensível.



– Como não levar a sério? Disse uma coisa desagradável atrás da outra hoje. O que eu fiz para merecer isso? – ele respirara pesadamente, finalmente derrubando suas barreiras e abandonando o tom sarcástico. 



– Nada, não fez nada para merecer isso. O bêbado jogado no canto está simplesmente entediado. – e ele começara a se estressar de verdade novamente. – Quero dizer... Sabe como é exaustivo sobreviver perto de vocês? E testemunhar esta dança interminável?


     


 Draco o olhara irritado, não crendo no que ouvia.


 – ...Uma semana são almas gêmeas, e na outra estão se digladiando. Será que, por favor, podem se decidir num futuro próximo?


 


 


      Fora minha vez de respirar pesadamente, sem saber se gritava com ele ou saía correndo.


 


–...E a “reverência” com que tratam essa saga, me dá vontade de vomitar.


      E do nada Dan correra para a lixeira do lado da porta e vomitara. Vomitara, simplesmente... Literalmente, enquanto encarávamos o nada arrasados. Falo pelo menos por mim.



       Depois voltamos nossa atenção para o trabalho, sem dizer exatamente nada para ninguém. Devo admitir que mesmo com todo o estresse, esse trabalho acabou gerando algumas cenas engraçadas, como, por exemplo, a missão de Dan de distrair Madame Prince enquanto eu e Draco íamos a Sessão Reservada achar os pergaminhos de Mariella para o trabalho. Dan ficou dando em cima da bibliotecária, que parecia delirar. Eu revirei os olhos e fui com Draco.



– É inútil procurar esses pergaminhos. – disse Draco. – Duvido que Mariella tenha escrito um diário. 



– Não, era muito comum se ter um diário naquela época, até Bartolomeu devia ter um... – eu disse, procurando os pergaminhos entre as prateleiras.



– De fato você e Dan estão muitos amigos, não é? – perguntara Draco indiferente, mudando de assunto.



– Amigos como você e Pansy? – devolvi, sem tirar a atenção dos pergaminhos. – Tem que estar por aqui... – murmurei, logo voltando ao meu tom normal.– Não sei se percebeu, mas eu e Dan andamos meio brigados.



– Você ainda não me disse o porquê. – eu me virara para ele, com o cenho franzido.



– Por que você ainda procura por uma garota que nem quer ser encontrada?



– E você parece saber muito bem o que ela quer, não é? – ironizou ele.



– Eu vou te dizer porquê... – eu o cortara. – Porque você teve uma recaída, porque quaisquer que fossem seus sentimentos por mim, você ainda não se livrou deles completamente, quer me esquecer por orgulho.



– Acha mesmo que eu não te esqueci? – ele perguntou rindo.



– Acho.



– E quaisquer que fossem os seus sentimentos por mim, parecem ter sofrido algum tipo de alteração. – ele disse.



– Meu ódio? – eu perguntei desafiadora.



– É!



– Achei que você pensasse que eu te amava. 



– E amava? – ele perguntou esperto, me olhando seriamente. Eu tentara rir, mas não consegui.



– O que eu sentia por você Draco... Sofreu realmente uma alteração.



– Amava? – ele perguntara novamente, ignorando o que eu dissera.



– Você ouviu o que eu disse? – perguntei irritada.



– Vocês não vão vir? Estou com medo que ela me chame pra sair. – Dan dissera às nossas costas. – Acharam?



– Não. – eu respondi desanimada. 



– Aff... Vai lá distrair ela enquanto nós procuramos. Seu talento para achar coisas não parece ser tão bom quanto o de perder! – alfinetou Dan novamente, praticamente me expulsando da Sessão Reservada.


      


   Eu resolvi sair antes que Draco percebesse o conteúdo daquela ofensa, mas não deixei de mandar um olhar assassino para Dan. Daria tudo para saber o que exatamente eles falaram naquele momento em que eu fiquei apenas jogando conversa fora e sonolenta com Madame Prince. Pois depois disso, o humor dos dois voltou totalmente alterado.


**



Na Sessão Reservada:



– O que exatamente você quis dizer com isso? – perguntara Draco para um Dan com sua atenção totalmente voltada para os pergaminhos.



– Coisa nossa. – dissera Dan secamente. Draco do nada socara a estante irritado.



– Quer saber? Cansei de vocês dois!



– Por que não faz mais barulho para acordar o castelo inteiro? – perguntara Dan sarcástico, estavam os dois frente a frente.



– O que está acontecendo entre vocês? – perguntara Draco, Dan rira sarcástico tentando desviar a atenção. – É sério Daniel! Ela é minha namorada! E você vive grudado nela agora. E ainda brigam como um casal?



– É! – disse Dan. – Talvez seja o que devíamos ser. Um casal. Você não parece muito disposto a isso, não é?



– Você está maluco? Vocês não podem ser um casal! Ela é minha!



– Oh, sua... Você a esqueceu lembra? Fica com a Misteriosa da Folha que eu fico com a Hermione!



– Eu devia te arrebentar agora mesmo!



– Não! Você devia escolher! Se vai deixar o seu orgulho de lado e voltar com ela, ou se vai ficar castigando ela como um idiota!



– Você está bêbado!



– E você está cego! Eu que cansei de vê-la sendo sua namorada, quando você finge que ela não existe, a não ser claro... Quando for para gritar por seus “supostos direitos de namorado”.



– Você sabe porque eu estou fazendo isso, eu te disse. Afinal, até pouco tempo você era meu amigo!



– É mesmo. E agora sou seu rival. Incrível o que a vida faz com a gente, não é? – disse Dan sarcástico, deixando Draco sozinho na Sessão Reservada, antes acenando com um rolo de pergaminhos que pertenciam a Mariella.


**

       Voltamos para nossa sala. Tentávamos achar soluções para o trabalho, já estávamos lá há umas quatro horas sem sucesso algum.



– Deve ter algo de útil nesse diário, algo que não tenha no livro! – eu dissera suplicante.



– Já lemos umas quinze vezes Hermione. – dissera Dan sonolentamente.



– Podíamos fazer tipo um jogo, enquanto você dita as regras eu e Dan podíamos tentar convencer o público de nossas teorias. – disse Draco, já não conseguindo se manter acordado.



– E depois? Damos as mãos e pulamos? – disse Dan grosseiramente.


   


   Draco o encarara ameaçadoramente. Eles estavam a tempo trocando olhares afiados, mas eu tentava ignorar isso. Já havíamos tido brigas por demais naquele dia.



– Não... – eu respondi, tentando chamar a atenção dos dois pra mim antes que eles caíssem na porrada. – Não dá pra resolver isso tudo até amanhã, podíamos simplesmente fazer uma apresentação de slides. 



– Apresentando o que? Minhas fotos de bebê? Se toca Hermione, não temos nenhum material. – resmungou Dan, jogando seu galeão pro alto de novo.



– Alguma idéia melhor gênio? – eu retrucara.



– Eu poderia apresentar alguns relatos da época, mas não acho que aquele fantasma vá achar muita graça. – disse Dan.



– Eu podia falar com ele. Sou bem manipulador quando quero. – disse Draco com um sorriso perigoso, eu revirei os olhos.



– Ah, aí damos as mãos e pulamos. – disse Dan ironicamente.



– Ok, já chega! – disse Draco se levantando com raiva e apontando a varinha pra Dan, que olhara com indiferença ainda jogando seu galeão pro alto. – Por que não vamos logo ao ponto e resolvemos isso?



– Resolver do mesmo jeito que você e Hermione vêm resolvendo? Muito eficiente.



– Nossos problemas não têm nada  a ver com você. Você não tem nada que se meter! – disse Draco entre dentes, destruindo o galeão de Dan com um feitiço.


      Dan finalmente se revoltara e ficara de pé também apontando varinha pra ele. Eu continuava sentada olhando de um para o outro sem entender.



– Muito bem! Então, duelamos com graça e elegantemente ou tiramos sangue um do outro sem rodeios?



– Gostei muito dessa última opção. – disse Draco na sua voz rouca e perigosa.



– Alguém aqui está devendo dinheiro para alguém? – eu perguntei completamente confusa.



– Últimas palavras? – perguntou Dan no mesmo tom perigoso.



– Seu cabelo é horrível. – disse Draco divertido.


 


       Então Dan enfeitiçara Draco que desviara e começaram a duelar na minha frente, enquanto eu escapava dos feitiços sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo.



– Dá pra me dizer o que está acontecendo aqui? – eu gritara no meio dos dois.


 


      Ouvi Draco gritar algo como “abaixa” e eu obedeci sem hesitar e Dan fora jogado para trás, mas logo Draco também fora ferido. Eu olhara para fora da sala, onde Madame Prince ainda babava em meio ao sono. 



– Por que está lutando pela posse dela? Você quer outra! – perguntara Dan sarcasticamente.



– Ela ainda é minha namorada!



– Oh é mesmo, o precioso plano de fazê-la pagar por ter “te magoado”. Hermione, por favor, diga que está magoada pra ver se ele te deixa em paz. – disse Dan, não ligando para os feitiços que Draco lançava. 



– Parem com isso! O que está acontecendo?



– Ele está bêbado, isso é o que está acontecendo. – disse Draco imediatamente, mas isso não me convencera. 



– Na verdade esse bêbado aqui vai levá-la para sair, e seu “namorado” não está muito feliz com a idéia. Que estranho, não? – debochara ele.



– É isso? – eu disse revoltada. – É por isso que estão tentando se matar? Parem já! Vamos acabar em detenção! Vocês são dois infantis!



– Ah, não se preocupe Hermione, depois você faz uma música sobre nossa infantilidade! – disse Draco agressivamente, enquanto duelava com Dan.



– Ou um poema! 



– DAN! – eu o censurara com raiva, não acreditava que ele estava me entregando assim.



– O que foi que você disse? – disse Draco confuso, porém mais interessado na história.



– Todo corno é surdo! – dissera Dan divertidamente, se protegendo de um feitiço, que acabou por bater no vidro da mesa e refletindo em mim, me jogando contra a parede e me fazendo bater a cabeça.


Minha vista começou a escurecer... 



– HERMIONE! – gritaram o dois. Eu não ia desmaiar, mas tudo estava embaçado, e meu corpo estava dolorido.



– Olha o que você fez seu idiota! – disse Dan dando um soco na boca de Draco.


         Draco revidara, e percebi que o soco dele havia sido muito mais forte, Dan passou alguns segundos ainda no chão sentindo dor. Vi que Draco me segurava nos braços de forma desesperada, era tão bom estar nos seus braços. 



– Não desmaia, por favor. Me desculpa, não era para acertar você. – ele dizia conjurando um balde com gelo.


     Senti um pano gelado ir de encontro ao meu rosto. Eu gemi de dor, mas logo o rosto belo dele aparecia melhor na minha vista.


 


– Você está bem?



– Solta ela seu idiota! – dissera Dan com raiva o empurrando.


      Agora o rosto belo era outro. Senti uma forte dor de cabeça conforme ia passado de braço em braço. Até que não agüentei mais e gritei.



– PAREM! – os dois ficaram quietos. – Como foi que isso começou afinal?



– Já disse! – falou Dan – Ele não quer que eu saia com você.



– E por que você quer sair comigo afinal? Me ofendeu o dia todo!



– A gente vai ter de fazer as pazes um dia... – disse ele indiferente. 



– Por que vocês brigaram afinal? – perguntou Draco revoltado. Ambos os loiros sangravam no canto da boca e respiravam com dificuldade.



– Fala pra ele Hermione... – dissera Dan, eu me vi encurralada. Respirei pesadamente e nervosa.



– Estou esperando. – pressionara Draco.



– Por sua causa!



– Ah... Até que enfim! – dissera Dan aliviado.



– Hmm... Continue... – dissera Draco, esperando por uma explicação.



– Você ouviu o que ele disse, ele está cansado dessa nossa história de Orgulho e Vingança. Não agüenta ficar na encruzilhada sendo que é amigo dos dois.


     Vi Dan batendo na testa derrotadamente, não acreditando que eu escapara de novo e não revelara o que ele tanto esperava.



– Ah, como solução preferiu roubar a minha namorada. – comentara Draco novamente. 



– Pare de falar que sou sua namorada, você não se lembrava disso há dias! – eu disse revoltada para ele. – E nós vamos sair apenas como amigos!



– Você não entendeu... – Draco dissera com fingida paciência e logo voltando ao seu tom agressivo. – Vocês não vão sair!



– Pára de gritar, parece a McGonnagal. – debochara Dan.



– Você não manda em mim. – eu disse na defensiva



– Você sabe que eu mando. – ele disse ameaçadoramente.



– Aliás, eu combinei de sair com Dan antes de voltarmos a namorar, então não há nada que você possa fazer. Não volto atrás na minha palavra.



– É! Assunto encerrado! – dissera Dan divertido.


 


      Draco manteve seu olhar ameaçador pra mim, eu mantive o contato visual, mas senti um arrepio forte no corpo, aquele olhar cinza me desarmava completamente. Logo ouvimos umas batidas na porta da sala e Madame Prince entrara com um sorriso meigo no rosto.



– Hora de fechar a Biblioteca. De vez! Terminaram o trabalho? – e sem esperar resposta continuou. – Boa sorte amanhã.


 


          E antes de sair ainda dera uma piscadela assanhada para Dan. 

**


 


       No dia seguinte o professor perguntara pelo trabalho, os três responderam apenas com um aceno negativo de cabeça. Todos percebiam a tensão entre eles, algo não havia dado certo. Não discutiram naquela aula, não alfinetaram, nem comentaram nada com ninguém. Apenas fingiram prestar atenção na aula enquanto seus pensamentos trabalhavam loucamente em suas cabeças. Cada um perdeu dez pontos, por causa daquele trabalho, mas sentiam como se houvessem perdido muito mais que isso.


Continua...

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