Um novo começo



Harry e Terêncio entraram nos jardins, observando o céu ainda escuro. Porém ao leste havia uma linha avermelhada indicando que em pouco o sol iria nascer. Foram direto para a enfermaria.

Os feridos que estavam lá eram aqueles com quadros menos graves. Os outros já haviam sido levados ao St. Mungus.

Viu Gina sentada a um canto muito quieta. Correu para ela e a abraçou. Ela tremia e chorava.

-- Gina, meu amor. Está tudo bem? – ela soluçou em seu ombro. Ele a afastou um pouco para olhá-la melhor. Não parecia ferida, abraçou-a novamente e esperou ela falar.

-- Harry....... desculpe, eu...... fiz tudo errado – soluçava. Ele a fez sentar-se em seu colo e a consolou.

-- Então você foi à batalha? – Ela confirmou com a cabeça e chorou ainda mais.

O coração dele acelerou agora mais que em qualquer outro momento se deu conta do quanto esteve perto de perdê-la. Se não fosse por Snape, ela provavelmente teria morrido na queda. Abraçou-a com mais força, para lhe passar a certeza de que ele estaria com ela para sempre.

-- Pronto Gina, já passou. Deu tudo certo – falava baixo e acariciava seus cabelos – não pense mais nisso, ok. – Ela fez que sim com a cabeça e também o abraçou.

Ficaram ali algum tempo, até que Harry notou que Gina adormecera, levou-a para sala precisa, deitou-se ao seu lado e também adormeceu em seguida.

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Lupin surgiu no grande saguão de entrada do Hospital St. Mungus. Ele estava muito iluminado e havia um grande numero de pessoas andando apressadas para todos os lados. Ele imaginou que deveriam ter avisado sobre a batalha que estava acontecendo e que os curandeiros estariam à espera dos feridos.

Logo surgiu uma bruxa trazendo uma maca, onde Remo colocou o corpo quase sem vida se Snape. Alguns outros se aproximaram para levar o ex-professor para a área interna do hospital. Ele dirigiu-se ao curandeiro mais velho.

-- Por favor, façam todo o possível – e vendo a expressão do homem, completou – Ele é Severo Snape – o olhar surpreso do curandeiro o fez ter certeza de que deveria mesmo ter explicado a situação delicada do ex-comensal. – Era espião de Alvo Dumbledore ao lado de Voldemort. Ele tem a marca negra, mas foi o verdadeiro herói desta guerra. – O homem mais velho deu um aperto breve no braço de Lupin e com um aceno da cabeça foi rapidamente atrás de seus colegas.

Remo largou-se em um banco pensativo. Lembrou-se que nunca havia gostado de Snape. Quando estavam em Hogwarts, Lupin era um maroto, o melhor amigo de Thiago e Sírius, sempre foi omisso quando os outros atacavam o sonserino. Na época que descobriu que Lilly estava apaixonada por Snape não pode acreditar, era óbvio que Thiago Potter era melhor para ela. Pontas poderia ser infantil, arrogante e presunçoso, mas amava Lilly. Só que a grifinória amava Snape. Remo não estava tranqüilo com aquele namoro, mas a apoiou e também a consolou quando Severo a deixou. Se até aquele momento Remo não tinha um motivo para odiar Snape, ele havia conseguido um. O sonserino estava fazendo sua grande amiga sofrer. E como ela sofreu!

Lilly superou o fim do namoro, conseguiu ver Thiago com outros olhos e logo após terminarem Hogwarts se casaram. Alguns anos se passaram e Remo soube que Severo Snape, um suposto Comensal da Morte, havia se redimido e além de estar dando aulas em Hogwarts também fazia parte da ordem da Fênix.

Remo não acreditou nesse súbito arrependimento, mais não tinha muito que fazer. Pouco depois houve o ataque aos Potter, a “morte” de Pedro e a prisão de Sírius. Remo ficou sem chão e Snape deixou de ser algo com o qual ele se preocupasse.

Quando Remo retornou para trabalhar em Hogwarts, reencontrou Snape, ele estava muito mais sombrio do que se lembrava. Todos o aconselharam a tomar cuidado, era de conhecimento geral que Snape queria o cargo de Professor de DCAT que Lupin assumia. Snape nunca foi simpático, Remo também não ajudou, mesmo assim o professor de Poções produziu a Wolfsbane para ele o ajudando a controlar seus instintos e manter seu emprego durante todo o ano. Mesmo que ao final, Snape tivesse contado seu segredo, Remo não teve mais raiva dele.

Quando Voldemort retornou, Snape voltou a fazer seu papel de espião. Remo acreditou que o ex-comensal havia se arrependido e estava mesmo ao lado deles. Achava engraçado as implicâncias entre ele e Sírius, como se os dois tivessem voltado a ter dezesseis anos. Remo não culpou Snape pela morte de Almofadinhas, o amigo era adulto, sabia dos riscos que correria ao sair do Largo Grimmauld naquela noite.

No ano passado quando Harry contou a todos que Snape havia assassinado Dumbledore, Remo relutou em acreditar. Mas era tão fácil aceitar que o sonserino era mau, tão reconfortante ter alguém em quem colocar a culpa, ter alguém para odiar. Remo nem pensou nas evidências “perfeitas” da culpa dele, assim como as do caso de Sírius. Ninguém pensou; só Hermione.

Um pensamento súbito veio: somente Lilly pensaria assim, só ela procuraria além das evidências óbvias, somente ela relutaria em condenar tão rapidamente alguém. Lupin sorriu, ele já havia notado as semelhanças, não era difícil concluir que Snape se apaixonaria por uma mulher que tivesse as mesmas qualidades de Lilly.

Desde o momento que viu Snape na enfermaria de Hogwarts, depois que ele havia salvo Mione, Remo acreditou que ele amava a aluna. Harry lhe contou que o retorno de Snape para o lado de Dumbledore havia sido por causa de Lilly, e imaginou o quanto ele deveria ter sofrido com a morte dela. Agora que Voldemort havia sido definitivamente derrotado, Snape merecia ser feliz, ele não podia morrer!

Ouviu um “pop” que o retirou de seus pensamentos e viu Hermione aparecer no meio do saguão. Foi até ela, a garota parecia completamente transtornada.

-- Remo! Severo, ele.... – os olhos dela se encheram de lágrimas e elas correram por sua face. Ele a abraçou pelos ombros tentando lhe passar uma tranqüilidade que não sentia.

-- Eu o trouxe vivo, Hermione. Agora temos que esperar.

-- Eu quero vê-lo, agora! – tentou passar por Remo, que a impediu – Por favor, me deixe vê-lo – chorava copiosamente. – Lupin a sentou em um banco.

-- Não há nada que nós possamos fazer a não ser ter fé e esperar.

Hermione ficou ali sentada, não conseguia pensar em nada. Ela rezou. Não rezava desde que viera para Hogwarts pouco antes dos doze anos. Mas agora ela rezou e pediu pela vida do homem que amava.


A manhã já ia longe quando uma curandeira jovem apareceu procurando Lupin, lançou um olhar interrogativo a Hermione.

-- A Srª Snape – apresentou.

Viu um breve espanto passar pelos olhos da moça, que provavelmente imaginou que Hermione fosse filha de Severo. Mas ela engoliu sua surpresa e falou profissional.

-- Conseguimos estabilizá-lo, mas o quadro ainda é muito grave. Se não fossem as lágrimas da Fênix, provavelmente ele não teria chegado aqui vivo. – Viu a moça, que deveria ser mais nova que ela própria, se desesperar e falou em tom consolador. – A Srª pode vir vê-lo.

Hermione entrou no quarto, mas Remo parou a porta. Achou que aquele momento – que ele não quis pensar que era de despedida – pertencia apenas aos dois.

Ela aproximou-se da cama. Severo parecia profundamente adormecido, sua respiração era calma e compassada. Estava tão pálido que sua face branca emoldurada pelos cabelos negros parecia feita de cera. Ela tocou sua mão, estava muito fria, as lágrimas rolaram. Ela tocou de leve os lábios dele e disse.

-- Severo, meu amor! Nós vencemos. Você precisa se recuperar. – sua voz morreu nas lágrimas – Por favor, fique comigo, nós ainda temos muito que viver juntos. – Parou novamente para recuperar a voz. – Por favor, Severo. Não me deixe! – falou suplicante. – Eu te amo!

Sentou-se ao lado da cama, sem soltar a mão dele. Colocou-a sob as cobertas para mantê-lo aquecido.

Próximo à porta, Remo tentava controlar as lágrimas sem sucesso ao ver a dor de Hermione. A curandeira auxiliar, fez menção em impedi-la de ficar ao lado de Snape, porém Lupin interviu.

-- Deixe-a ficar. – a moça o olhou surpresa – Ela é a melhor amiga de Harry Potter e ele foi o aliado mais fiel de Dumbledore. Deixe-os juntos – terminou suplicante. Ela concordou e saiu.

Remo aparatou para Hogwarts. Alguns minutos depois Hermione adormeceu sem soltar a mão de seu marido.

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Harry acordou algumas horas mais tarde sentindo-se completamente restabelecido. Na realidade não havia sofrido nenhum ferimento grave, o pior foi a dor na cicatriz durante a luta contra Voldemort, principalmente quando ele descobriu a traição de Snape. Harry precisou de todo o seu controle para manter a concentração.

Gina já estava acordada, porém continuava muito calada. Estava se sentindo péssima, havia prometido ficar no castelo, porém assim que todos saíram, ela seguiu para Hogsmead. Duelou com alguns comensais mais novos, salvou Hermione de um feitiço pelas costas, porém logo em seguida foi capturada por um Comensal mais velho que a levou para longe da batalha e a manteve presa. Algum tempo depois ele a levitou e ela viu muito longe Harry enfrentando Voldemort.

Quando o homem a capturou contou-lhe que eles já sabiam que ela era a garota do Potter e que ela seria a destruição dele. Só então se deu conta de como havia sido burra. Eles passaram o ano inteiro se escondendo para na última hora ela quase se entregar nas mãos de Voldemort.

Ela contou tudo isso ao namorado com lágrimas nos olhos. Harry a abraçou para tentar passar um pouco de conforto para ela, porém quando falou estava sério.

-- Você não deveria ter ido, Gina – olhou-a bem nos olhos – Mas graças ao Professor Snape nada mais sério aconteceu. – Abraçou-a com força – Vamos tentar esquecer tudo isso. Voldemort está morto, nossa vida começa agora!

Ela concordou com um aceno e o abraçou também. Ficaram assim algum tempo.

Depois de tomarem banho e trocarem de roupa voltaram para a enfermaria. Lupin já estava de volta e informou que Snape estava em estado crítico, porém estável e que Hermione havia ficado lá com ele.

Harry pegou-se torcendo sinceramente para que ele se restabelecesse. Não conseguia mais sentir ódio pelo ex-professor de poções.
Não havia dúvidas de que sem ele o resultado da guerra teria sido outro. Se isso ainda não fosse suficiente, Snape havia salvo a vida de Gina. Harry tinha consciência de que se algo tivesse acontecido a ela sua vitória não teria nenhum significado.

As horas seguintes foram as mais tristes. O pior momento depois de uma batalha, o de contar os mortos. E estes eram muitos....

A começar pelo próprio Ministro da Magia, Rufo Scrimgeour e seu assistente júnior Percy Weasley. O Sr. Weasley ainda estava em choque, Molly havia aceitado uma poção de sono sem sonhos e estava adormecida. Gui, Carlinhos e Jorge haviam sofrido apenas ferimentos leves e já estavam recuperados. Rony, que ficou mais ferido, ainda estava adormecido sob o efeito de poções, porém fora de perigo. Fred teve que ser levado ao St Mungus, os irmãos ainda aguardavam noticias sobre seu estado de saúde. Harry deixou Gina com os irmãos que se consolavam pela perda de Percy e se preocupavam com o estado de Fred.

O Prof. Flitwick foi outra baixa muito sentida, porém Harry quase não suportou a notícia da morte de Hagrid. O meio-gigante havia lutado contra muitos comensais, porém não resistiu a um grande ataque de inferis. Soube que Grope havia levado o corpo do meio-irmão para a floresta Proibida. O Grifinório precisou de algum tempo e uma poção calmante para recuperar-se da notícia da perda de seu primeiro amigo no mundo bruxo.

Outros que não viram a vitória da luz contra as trevas foram: Zacharias Smith. Parvati Patil, Dino Thomas, Lino Jordan, Alastor Moody – os que o viram lutando contaram que ele parecia possuído e que só foi parado pelo ataque conjunto de três Comensais. Alguns alunos do sexto ano que haviam ido escondido para a batalha, aurores e novos integrantes da Ordem que Harry conhecia pouco também não retornaram.

Entre aliados de Voldemort a morte mais comemorada foi a de Bellatrix Lestrange. Dobby contou a Harry que encontraram o corpo de Monstro ao lado do da Comensal, não sabiam se ele havia se matado ou se tinha morrido de tristeza. O rapaz não lamentou a perda do elfo. Outros que pereceram na batalha foram: os mais velhos Nott, Crable, Goyle e o jovem Goyle – morto pelo próprio Voldemort. Foram encontrados corpos de jovens com a marca negra, suspeitavam que fossem ex-alunos de Durmstrang. Muitos haviam sido presos, poucos escaparam.

Theodore Nott e Pansy Parkinson haviam sido salvos por Draco, ambos estavam sob a guarda de aurores. Malfoy tinha sido ferido, porém já estava fora de perigo. Ficou sinceramente preocupado quando Harry lhe contou sobre a gravidade do quadro de Snape. Mas o que o deixou quase em estado de choque foi saber do casamento de Severo e Hermione.

Harry ficou impressionado ao encontrar entre os feridos que lutaram ao lado da ordem, Victor Krum. Aproximou-se dele

-- Krum?! – O jovem abriu os olhos e reconheceu Harry. Estava carrancudo como sempre, porém seus olhos brilharam como um sorriso.

-- Harry Potter!! Então vencemos! – esboçou um breve sorriso e se sentou, ainda com um pouco de dificuldade. – E Hermione? – O Grifinório achou que havia visto um brilho característico nos olhos do ex-jogador de quadribol.

Sorriu um tanto inseguro sobre o que deveria contar, tentou desconversar.

-- Há quanto tempo está por aqui? Você quase não tem mais sotaque! – Ele concordou, porém não se deixou enrolar.

-- Tudo bem com Hermione? A vi lutando, mas depois fui ferido e me trouxeram para cá. Ela está bem, não está?

Harry notou a ansiedade na voz dele e achou que era melhor lhe contar tudo de uma vez, principalmente se o rapaz estava aqui por causa dela. Puxou uma cadeira e sentou-se antes de continuar.

-- Ela está bem, Victor. – ele sorriu mais calmo – mas... – Harry continuou sem jeito – ela está casada. – falou rapidamente.

Krum levou um susto e olhou imediatamente para as mãos de Harry procurando algo, enquanto falava:

-- Como? Com quem?
Harry teve que rir do búlgaro que sempre teve ciúmes dele com Mione.

-- Não comigo, Victor. Mione é sempre foi e sempre será uma irmã para mim. Ela se casou com nosso ex-professor de poções: Severo Snape. – Harry percebeu que não sentia raiva, irritação, contrariedade ou qualquer outro sentimento ruim ao falar sobre o casamento de sua amiga.

A sorte de Krum era que ele estava sentado, senão teria desabado no chão, tal foi sua surpresa. Quando conseguiu recuperar a fala perguntou:

-- Snape? Ele não era um Comensal? – Harry concordou lentamente – Ele e Karkaroff eram amigos – a surpresa dele era indisfarçável.

-- Sim, ele era! Tornou-se espião do prof. Dumbledore, o matou – sentiu aquele conhecido aperto no peito, porém não mais o ódio que sentia anteriormente quando pensava naquele assunto – um plano do Diretor para que Snape se tornasse o seguidor mais próximo a Voldemort. Somente Mione desconfiou da verdade, eles se encontraram, se apaixonaram – deu de ombros.

-- Mas ele... – o búlgaro ainda parecia não acreditar – deve ser uns vinte anos mais velho que ela!

-- Ela o ama – Harry sorriu – e ele a ela, ninguém tem mais dúvidas sobre isso.

Contou rapidamente e sem detalhes sobre a maldição que Hermione foi exposta para recuperar a Horcrux, como Snape a havia salvo e sobre o casamento mágico. Ao deixar Krum, ele ainda parecia um pouco confuso e triste.


Demorou para que Harry conseguisse conversar com McGonagal e Lupin. O Sr. Weasley finalmente havia aceitado uma poção do sono sem sonhos e dormia ao lado da esposa. Eles decidiram enterrar todos os mortos, aliados e inimigos em Hogsmead, para tentar manter a lembrança daquela guerra sempre viva na memória de todos.

O enterro aconteceu na manhã seguinte, os que lutaram ao lado de Harry foram enterrados com honras. O Ministro interino concedeu a ordem de Merlin primeira classe para todos os que morreram na batalha.

Com a ajuda de Remo, Harry conseguiu convencer Grope a deixá-los enterrar Hagrid nos terrenos de Hogwarts, próximo à floresta Proibida. Os gigantes partiram logo após. Os centauros que tinham tido poucas baixas e já haviam cuidado de seus mortos, também apareceram para homenagear aqueles que lutaram pela liberdade.


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Após três dias os curandeiros consideraram Severo fora de perigo e iniciaram lentamente a retirada das poções. Hermione ficou no hospital todo o tempo, só saia de perto dele para o essencial e quando havia outra pessoa por perto. Quando todas as poções foram suspensas, já haviam se passado oito dias da batalha. O organismo dele já estava recuperado e não havia motivo para ele não acordar, os curandeiros começaram a se preocupar, talvez tivesse ocorrido algum dano cerebral.

Nesse dia Harry e Gina foram visitá-los. Hermione parecia magra e abatida, mas disse com firmeza que não sairia dali até que o marido acordasse. Gina convenceu-a de ir até a lanchonete do hospital para tomar um lanche. Assim que as duas saíram, Harry se aproximou e falou com Snape.

-- Professor, eu vim primeiro lhe agradecer por ter salvo a vida de Gina. A minha vitória... nossa vitória – corrigiu-se com um sorriso – não teria significado se ela não estivesse mais ao meu lado.

Respirou fundo, tentou ficar sério para o que diria a seguir.

-- Acho que se o senhor estivesse consciente diria que não quer isso de mim, mas eu o perdôo. – Esperou um pouco antes de continuar – Sei que o senhor e meu pai sempre se odiaram você transferiu este ódio para mim eu o assumi e retribuí. Não vejo mais sentido nisso. Eu não sou Thiago – uma lágrima rolou pela face do rapaz – e em minhas veias também corre o sangue de Lílian.

Suspirou controlando as lágrimas.

-- Se tudo isso não fosse suficiente, você ainda conquistou a minha maior amiga, aquela que considero uma irmã e por fim salvou a minha garota!

Harry apertou a mão de Severo, então colocou nela o colar que havia encontrado em Godric’s Hollow.

-- Remo me contou que isso foi um presente seu para minha mãe. E ela o guardou até o fim. Acredito que ela o amou, assim como Mione ainda o ama. Em nome desse amor espero que você também possa me perdoar e quem sabe um dia me considerar seu amigo, porque eu já o considero como um.

Ele achou que havia visto uma lágrima no canto do olho de Snape, porém em seguida Hermione e Gina retornaram e Harry se foi com a namorada.

Minutos após a saída dos amigos, Hermione ouviu um murmúrio. Ela quase desmaiou quando viu Severo se mexer e abrir os olhos. Correu para chamar os curandeiros e quando estes chegaram o ex-professor já tentava se sentar.

Após uma hora de exaustivos exames realizados por cerca de uma dúzia de curandeiros, Severo já estava completamente irritado, soltando impropérios e comentários sarcásticos – principalmente para os mais jovens que haviam sido seus alunos – então concluíram que ele estava normal.

Hermione havia mudado inteiramente, estava tão radiante e feliz que nem se notava sua fadiga.

Os dias que seguiram foram um pouco tensos, Severo queria ir embora de qualquer forma, chegando mesmo a ameaçar os curandeiros com maldições imperdoáveis. Coube a Hermione “convencê-lo” de que só iriam para casa quando ele estivesse totalmente recuperado. Na realidade ele só aceitou quando ela lhe mostrou que estava com sua varinha e ameaçou-o de fazer greve – daquilo! Golpe baixo! – se ele não se comportasse.

A alta aconteceu cerca de quinze dias depois dele ter recobrado a consciência. Hermione já não estava mais dormindo no hospital, mas veio buscá-lo. Ela estava linda, o pingente reluzia em seu pescoço e a cobra parecia se enroscar ainda mais em torno da leoa.

Eles aparataram em meio a uma grande festa surpresa realizada no salão de baile da casa dos Snape. Ele assustou-se com a quantidade de pessoas que vieram recebê-lo. Estavam todos em volta do casal quando ouviram uma voz muitos alta vindo de um outro lado da sala.

-- Você!

Harry estava no meio do salão, tinha uma expressão séria e o tom havia sido muito imperativo. Hermione prendeu a respiração. Severo franziu a sobrancelha. O Grifinório aproximou-se:

-- Ainda é perigoso! – então abriu um grande sorriso e estendeu a mão direita desarmada. – Mas pode lutar ao meu lado sempre que quiser!

Hermione o olhava pasma. Severo esticou a mão em cumprimento, porém em seguida puxou o rapaz para um abraço.

-- Nada disso, você é que pode Harry! – soltando-o do abraço olhou-o nos olhos verdes como os de Lílian e disse baixo – Obrigado.

Somente Harry entendeu que ele se referia ao perdão que o rapaz havia lhe dado, e que este havia sido aceito.


A festa seguiu por muitas horas. Severo não desgrudava de Hermione um minuto, pois havia notado Victor e Rony tentando se aproximar da esposa, mesmo que este último estivesse acompanhado por Luna. “Eles só querem falar comigo, Severo! Deixe de ser tão ciumento!” argumentava a Srª Snape.

Hermione havia pedido a Harry que convencesse Terêncio Boot a ir à festa, o corvinal, no entanto estava extremamente desconfortável. Estar na casa do ex-professor de poções, marido da garota que ele havia beijado no meio do saguão de entrada de Hogwarts, alguns meses antes, quando ela já era namorada do homem, não parecia uma idéia nada saudável. Ela aproximou-se dele e falou tranqüilamente.

-- Olá Terêncio! Que bom que aceitou meu convite – Sorriu.

Ele levou um susto e quase deixou o copo cair.

-- Ah, oi Hermione, quer dizer, desculpe... Srª Snape! – parecia mais nervoso agora que estava perto dela. Nunca entendeu o que o havia feito agir daquela forma. E se acontecesse novamente? Seria um homem morto!

-- Me chame de Hermione mesmo, Terêncio! – Sorriu brevemente para tentar mostrar que não havia nada errado em estarem conversando. Em seguida deixou sua expressão ficar mais séria – Olhe, pedi que você viesse aqui hoje, porque precisava lhe pedir desculpas. – O rapaz agora estava também curioso – Sabe, naquele dia do beijo .... – neste momento Snape chegou e abraçou Hermione pela cintura, ela lhe sorriu tranqüila, Boot ficou pálido.

-- Oi, amor! Estou me desculpando com Terêncio. – seu olhar dizia “controle-se, eu preciso me desculpar”. Severo não falou nada, apenas manteve sua máscara vazia de expressão. Ela continuou:

-- Olhe, foi o seguinte: Você só me beijou porque naquela folha de pergaminho que eu deixei cair perto de você mais cedo – ele fez que sim com a cabeça, mostrando que se lembrava – tinha uma poção do amor. Era uma variação da forma clássica, fraca e de efeito rápido. – O rapaz a olhava como se ela fosse louca – Desculpe! Voldemort estava achando que eu estava com Harry e isso me punha em risco. Sabíamos que ele tinha informantes em Hogwarts. Precisávamos de algo que fizesse Harry me odiar e que fosse visto por muitos colegas. – Ela estava um pouco envergonhada.
Boot olhava dela para Snape e de volta para ela. Hermione cutucou Severo que disse sem emoção e sem olhar para o corvinal.

-- Foi isso! Você não teve culpa. Não se preocupe.

O rapaz ficou um pouco pensativo e então falou:

-- Você fez a poção sozinha?! – olhando-a com certa curiosidade.

Ela sorriu, corvinais sempre queriam saber de tudo.

-- Fiz sozinha, sim! – Severo a olhava com orgulho – Você me desculpa!

Terêncio deu seu primeiro sorriso desde que entrou naquela casa.

-- Claro que desculpo Hermione! E obrigado por me explicar tudo. No dia da batalha, Harry já havia me contado sobre vocês e também sobre o namoro e a briga de mentira. Mas eu não conseguia entender o que havia me feito agir daquela forma – desabafou. Em seguida sorriu para ambos. – Parabéns pelo casamento professor, Hermione!

Mais tarde a dona da festa ficou feliz em ver que o colega dançava junto com os outros convidados.

O Sr. Weasley, atual Ministro da Magia, aproveitou a festa para comunicar que apesar de Snape ter sido considerado culpado pela morte de Alvo Dumbledore, a corte aceitou o testemunho do quadro do ex-diretor, de que isso havia sido uma estratégia de guerra. Harry também saiu em defesa do ex-professor, revelando que este havia destruído a última Horcrux ao lado de Voldemort e que mesmo ferido salvou Gina da queda fatal. Porém a prova definitiva da lealdade de Snape a Dumbledore foi a presença de Fawkes, que salvou a vida de Severo com suas lágrimas milagrosas.

Ele recebeu uma ordem de Merlin primeira classe por serviços prestados. McGonagal lhe pediu que voltasse ao corpo docente de Hogwarts, na cadeira de DCAT e que aceitasse assumir a vice-diretoria. Para surpresa de todos, ele disse que sabia que Slughorn não pretendia permanecer na escola e que esta precisaria mais de um professor de poções, já que o atual titular da cadeira de DCAT estava se saindo bem. Poucos entenderam que este ato tinha um grande significado. Era o modo sonserino de estender a mão e mais um passo para firmar a amizade com Lupin.
Já era tarde quando o último convidado se despediu. Hermione sumiu rapidamente para o quarto deles e quando ele entrou, ela o esperava vestindo uma camisola longa, porém com um profundo decote nas costas. Tinha as cores verde e prata da Sonserina. Ela estava incrivelmente sexy. Ele a olhava com desejo e ela lhe devolveu um olhar cheio de segundas intenções.

Amaram-se algumas vezes naquela noite e também nas seguintes. Ninguém, entretanto, se lembrou que o caldeirão de poção anticoncepcional havia acabado.......


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Aí está o último capítulo. Vocês não acreditaram mesmo que depois de tanta dificuldade eu iria matar o Snape, não é? Vou contar um segredo: eu odeio dramas! Uma das partes mais difíceis foi escrever sobre os mortos da batalha e sempre que lembro que matei o Hagrid eu tenho vontade de chorar, mas não existe guerra sem mortes então....
Bom ainda tem um epílogo (que está super pequeno), mas ele vai demorar um pouco porque eu quero colocá-lo junto com os agradecimentos e esses eu quero fazer algo bem legal.
Sem falar que estou participando de outro Challenger (agora o de Romance). Se alguém tiver curiosidade de dar uma olhada na minha Fic do Challenger Angst aí vai o Link: http://floreioseborroes.net/menufic.php?id=20731
É um drama e é Lupin/ Tonks.

Um beijão a todos que leram e um duplo beijo naqueles que comentaram.
Diana Black

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