Segundo Contato



Hermione não acordou muito tarde, mas não se levantou, ficou deitada relembrando tudo que lhe havia acontecido na noite anterior. Ela ainda tinha dificuldades em acreditar. Há menos de uma semana ela se descobriu apaixonada pela pessoa menos provável do mundo – riu de seu pensamento – teve medo de que ao descobrir sua paixão ele a humilhasse ou simplesmente a desprezasse – seu coração apertou-se – mas nada disto aconteceu. Ele retribuiu todo o amor que ela mostrou sentir por ele.

E os beijos! Que beijos eram aqueles! Nunca sentiu nada parecido ao beijar outro garoto. Bom, ele não era um garoto, era um homem. Mas será que fazia tanta diferença? Ela acreditava que não. Os beijos dele eram tão maravilhosos, tão excitantes – ela corou com seu pensamento – provavelmente porque estava apaixonada por ele.

Lembrou-se dos beijos de Rony, era impossível não comparar, ela não estava mais apaixonada pelo amigo quando se beijaram e talvez por isso os beijos dele não eram nada comparados aos de Severo. Lembrou-se novamente das borboletas e de como elas estavam agitadas em seu estômago na noite anterior. Ficou um pouco mais triste ao pensar em Rony, mas nunca teve tanta certeza de que a sua decisão fora acertada.

Severo ainda havia ficado com ela até mais tarde, trocaram muitos beijos apaixonados e algumas carícias tímidas, ela ficou ainda mais feliz ao notar que ele não tentou nada mais sério. Foi algo que a preocupou quando percebeu o rumo que a conversa deles estava levando. Ele era um homem vivido, provavelmente experiente e ela apenas uma adolescente que só havia trocado alguns beijos com dois garotos em toda a sua vida. Mas ele foi um cavalheiro – sorriu – se alguém algum dia lhe dissesse que ela se apaixonaria pelo temido professor Severo Snape e que o acharia um cavalheiro ela mandaria internar a pessoa no St Mungus, na área reservada aos doentes perigosos, sem perda de tempo.

Levantou-se apenas com tempo para se arrumar e seguir para a casa dos Weasley. Teve que fazer um grande esforço para não sair cantarolando e sorrindo a todos, precisava esconder o quanto estava radiante. Notou que Rony estava menos arredio, chegando a lhe dirigir a palavra com menos frieza.

Os dias se passaram sem novidades, exceto que a cada dia Rony estava menos arredio. Na 6ª feira foi possível Hermione retornar para a Toca. Foi um pedido do próprio Rony que lhe disse só ter sabido na véspera que ela estava no Largo Grimmauld sozinha e que isto era muito perigoso.

Ela ficou muito feliz, sabia que seriam necessários mais que alguns dias para voltarem as boas, mas aquilo já era um bom começo. E para falar a verdade já haviam tido desentendimentos tão sérios quanto aquele e sempre terminavam retornando a amizade.

Nos dias que seguiram seu encontro com Severo, Hermione tentou introduzir nas conversas com Harry a idéia de ficarem em Hogwarts. Nas primeiras tentativas ele ficou bastante irritado com ela, chegando a ser grosseiro lhe dizendo que ela não precisaria ficar longe de seus preciosos livros, da biblioteca e das aulas e que ele iria à caçada sozinho. Mas com o passar dos dias, com a introdução de novos argumentos e com a ajuda de Remo e de McGonagal, Harry passou a considerar que esta idéia talvez não fosse tão ruim.

O mais difícil para Hermione foi disfarçar a sua grande alegria e se controlar para não defender Severo a todo instante e principalmente para não se referir a ele pelo primeiro nome. Porém não teve muito êxito em sua primeira proposta e a maioria notou que ela parecia até mais bonita, como se tivesse luz própria.

Desde seu encontro com Severo no Largo Grimmauld, sempre que ia deitar-se esperava que ele entrasse em contato, mas isto só aconteceu na noite em que ela retornou à Toca.

Tão logo fechou os olhos, se viu novamente nas masmorras de Hogwarts, sorriu ao reconhecer a silhueta dele e correu a abraçá-lo. Foi fácil perceber como a ligação estava muito mais forte, pois pode tocá-lo sem problemas. Ele, porém lhe lançou um olhar frio e não retribuiu o abraço. Ela o olhou com uma interrogação.

-- Então Srtª Granger – ela registrou a referencia ao sobrenome dela – já retornou aos braços do Sr Weasley – ela chocou-se com a frieza, mas logo percebeu que ele agia como Rony na noite do rompimento. Quase não pôde acreditar que Severo Snape, o frio e desalmado – como muitos achavam – mestre de poções sentia mesmo ciúmes dela. Novamente não conseguiu controlar o sorriso. Resolveu implicar um pouco.

-- O que é isto Severo? Ciúmes? – disse ainda sorrindo.

Ele lhe lançou seu olhar mais letal e tentou dizer com sua voz mais sarcástica, porém o efeito foi péssimo devido à raiva que sentia de si por tê-la deixado perceber novamente como ele era ciumento.

-- Não é nada disso...

Mas ela nem o deixou terminar de falar, rapidamente o abraçou e antes que ele pudesse se soltar de seus braços o beijou. Quando o soltou falou olhando bem nos olhos dele:

-- Não voltei para “os braços dele”, mas para a casa da família Weasley. – Falou séria – E você sabe muito bem disto já que continua podendo entrar em meus sonhos – fez carinha de magoada e fez menção de se afastar.

Mas agora foi a vez dele abraçá-la e trazendo-a bem junto de si a beijou com paixão.

-- Desculpe, Hermione – falou quando a soltou do beijo – não sei o que deu em mim – ela sorriu sabia muito bem o que havia dado nele – é claro que é muito mais seguro para você voltar para cá.

De repente Hermione ficou mais tensa.

-- O que houve para você vir me procurar, algo grave? Alguém em perigo? – afinal ele disse que eram arriscados esses contatos e que só se fariam em casos de necessidade.

Ele pareceu constrangido com a pergunta dela, soltou-a e virou-se de costas.

-- Severo? Você falou que só viria em casos graves ou de perigo – ela estava ficando nervosa e a voz transpareceu sua ansiedade.

-- Não, nada sério – a voz dele estava estranha e ele ainda não a olhava – eu...bem – ele parecia constrangido e ela sorriu ao entender, resolveu ajudá-lo.

-- Também senti saudades – o abraçou pelas costas.

Ele virou-se para ela, tinha na face um misto de vergonha e alívio, por ela ter dito o que ele estava tendo tantas dificuldades de admitir. Por um segundo passou pela sua cabeça que não sabia mais o que era namorar, estar apaixonado e sentir falta de alguém, teria que aprender novamente esses sentimentos, mas não era hora de pensar nisto.

-- Convenceu o Potter? A ficar em Hogwarts – Tinha a voz séria que os assuntos urgentes exigem.

-- Eu disse que não seria fácil, mas Remo – ele irritou-se novamente pela forma como ela se referia a Lupin – e McGonagal estão ajudando e acho que iremos conseguir.

-- Você quis dizer professor Lupin – a corrigiu novamente.

Ela sorria ainda mais agora. Balançou a cabeça pensando “ele fica lindo com ciúmes”.

-- Ele disse que fora da escola podemos chamá-lo pelo primeiro nome, afinal como ele mesmo lembrou sempre nos referirmos assim a Sírius.

-- Black! – fez uma cara de poucos amigos. Respirou fundo, precisava se controlar, não podia continuar tendo ciúmes até da sua sombra. Voltou ao assunto principal – Espero que consigam, sei que Potter já se livrou de grandes dificuldades nas mãos de comensais e do próprio Lord, mas ele terá que enfrentar situações muito mais perigosas para destruir as Horcruxes. Eu espero que no restante do tempo ele fique bem seguro, para que eu não tenha que ficar me preocupando com ele – Ainda estava mal-humorado.

Hermione tentava se manter séria. Sabia que Harry e Severo se odiaram desde a primeira vez que se viram e agora eles precisariam lutar juntos para vencer Voldemort. Chegava a ser engraçada essa preocupação de Severo por um Potter.

-- Acho que com você em Hogwarts será mais fácil nos encontrarmos – falou, agora tinha os olhos brilhantes e cheios de paixão.
Aquele arrepio já conhecido percorreu o corpo de Hermione e ela o abraçou novamente.

-- Como será mais fácil? Você se esquece que lá estará cheio de aurores e que todos estão caçando você. No momento você é mais procurado que o próprio Voldemort.

Ela sentiu que Severo ficara tenso e a soltara do abraço para pressionar o antebraço esquerdo com a mão direita.

-- O que foi? – Hermione estava preocupada, mas também curiosa, não era a primeira vez que ele agia desta forma ao ouvir o nome de Voldemort.

-- Toda vez que o nome dele é citado próximo a um comensal, sentimos uma queimação – a voz dele ainda estava tensa – na marca – acrescentou em tom mais baixo.

-- Oh! Desculpe! – ela aproximou-se dele novamente – Eu não tinha idéia... – ela voltou a abraçá-lo.

-- Tudo bem, mas se puder.... – ele a olhava novamente nos olhos e a abraçou.

Ela fez que “sim” com a cabeça.

-- Severo, você tem que tomar cuidado também para não encontrar com Harry – Ele novamente a olhava com dúvida – Ele está com tanto ódio de você que...

-- Hermione – disse irritado – você não acha que eu tenho medo daquele fedelho do Potter, não é?

Ela ficou séria e novamente o abraço se desfez.

-- Não gosto quando você fala assim dele. E não acho que você tenha medo de Harry, sei que na noite da morte do professor Dumbledore, ele foi atrás de você e que não teve chance – Severo não sabia se ficava irritado com a defesa carinhosa dela a Potter ou se sentia lisonjeado pelo elogio de que ele fora melhor no duelo. – mas você sabe que não fará nada grave a ele – ele concordou com um aceno breve da cabeça – e não podemos dizer o mesmo de Harry, ele prometeu que iria matá-lo se vocês se encontrassem novamente – Hermione lembrou-se das palavras de Harry no dia do enterro de Dumbledore as margens do lago “... e se eu encontrar Severo Snape pelo caminho, tanto melhor pra mim, tanto pior para ele” – um arrepio ruim lhe passou pelo corpo e ela tremeu.

Ele a abraçou com força tentando lhe passar segurança.

-- Não se preocupe, eu não vou me por em risco e nem fazer nada ao Potter – Ainda a abraçava e ela estava se sentindo um pouco mais segura – Virei vê-la na 2ª à noite quando já estiver em Hogwarts. Ele a beijou e o
sono dela aprofundou, não sonhou mais aquela noite.
*****************************************************Aí está o cap 9. Este é um capítulo de transição. O meu Beta disse que está dando enjôo de tão melado, mas era necessário.

Flavinha Cal -- que bom que etá gostando, adoro quando tem comentários. Obrigado.
A todos que leram e não comentaram obrigado também.
Se tiverem um tempinho passem na minha outra Fic "o fim... e o recomeço" é RL/HG mas está fofa.

Beijos a todos e até o próximo.

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