O amor faz milagres



Logo que saíram da ala hospitalar todos seguiram para seus dormitórios. Remo chamou Tonks para descansar em seus aposentos, afinal já estava quase amanhecendo e esta noite ela nem deveria ter trabalhado.

-- Desde quando você estava sabendo? – perguntou assim que entraram em seu quarto.

Tonks esperava pela pergunta, torcia para que Remo não ficasse chateado com ela.

-- Há pouco mais de um mês – Falou tentando parecer displicente.

Ele a abraçou e fez com que se virasse para encará-lo. Tonks percebeu que a conversa não tinha acabado por aí.

-- E como você descobriu?

A auror respirou profundamente e decidiu por contar tudo, afinal ele não poderia ficar tão irritado por algo que não aconteceu. Certo? Sentou-se na cama dele e ele fez o mesmo.

-- Bom, tudo começou quando no início de dezembro eu achei que estava grávida. – O olhou rapidamente e ele estava com os olhos arregalados – Era alarme falso! Madame Pomfrey falou que devia ser stress – balançou as mãos como se dissesse que aquilo não importava. Mas Remo a interrompeu.

-- Nym me explique isto direito, você não estava tomando a poção?

Tonks corou e desviou o olhar.

-- Ok! Ok! Eu me enrolei e esqueci de tomar algumas vezes. – mordia o lábio inferior em sinal de nervosismo. Remo passou as mãos pelo cabelo. – Mas deu tudo certo! – ele a olhou desconfiado – Eu encontrei Mione nos corredores, estava nervosa e ela percebeu. Depois que saímos da enfermaria ela me ofereceu uma poção mensal....

-- Mas esta é muito mais complicada de fazer! – Ele a interrompeu, e em seguida parou pensativo. Tonks concordou.

-- Ela tentou me dizer que havia feito a poção para Gina – o olhou significativamente e Remo não pode deixar de sorrir brevemente – mas esse não era o problema. A questão era onde e com quais ingredientes ela havia feito a poção.

-- No laboratório de Severo! – Remo concluiu e Tonks concordou novamente.

Era mesmo incrível, ele sabia dos ciúmes que Snape tinha de seus livros e de seu laboratório.

-- Então ela me contou tudo e me mostrou o pingente que ele deu para ela. Você notou? – Ele confirmou. – Ela me pediu segredo. Sabia que se Harry descobrisse provavelmente não aceitaria mais a ajuda deles – Baixou os olhos. – Você não está com raiva de mim, está?

-- Não – Remo balançou a cabeça negando. – Se vocês tivessem me contado teriam me deixado confuso entre a lealdade a Harry e o dever de guardar o segredo. – Ele a abraçou forte, ela lhe deu um beijo longo e doce.

-- Às vezes fico pensando – Tonks falou enquanto Remo beijava seu pescoço – Será que ele tem dupla personalidade?

-- Não! – respondeu sem parar de acariciar a jovem – Eu vi esse mesmo Severo Snape há muitos anos. Ele apenas fica muito bem escondido. Só o amor verdadeiro consegue descobri-lo.

Ele já havia retirado a blusa dela e ela a dele. Achou que estava na hora de encerrar aquele assunto e partir para outros menos verbais.

-- Nym, o amor faz milagres! – disse com um sorriso.

Ela sorriu de volta, concordando brevemente com a cabeça e esqueceram por algum tempo outros assuntos que não dissesse respeito exclusivamente aos presentes naquele aposento.


**********************************************************************

Harry seguia pelos corredores vendo o sol nascer lentamente. Sabia que deveria dormir, mas ainda não tinha sono.

Quando chegou ao dormitório percebeu que Rony ainda estava acordado, tinha os olhos fixos no escuro a sua frente, parecia perdido em pensamentos. Os outros colegas ainda dormiam então quando Harry se aproximou Rony fez sinal para que descessem.

-- Harry, não consigo acreditar nessa história! Parece um pesadelo – Jogou-se na poltrona em frente a lareira. Harry olhava para o amigo analisando-o.

-- Bom, nós sabíamos que ela estava com alguém, não é?

-- Pensar que ela estava namorando o Krum, por carta e há pouco tempo era uma coisa. – disse olhando Harry que concordou, mas não interrompeu o desabafo do amigo – Mas descobrir que o cara é Snape e que ela terminou comigo por causa dele. – Rony respirou fundo tentando se controlar, mas estremeceu quando falou – Você já pensou que ela deve ter passado esse tempo todo se encontrando com ele, escondido – Harry arregalou os olhos.

-- Não pode... – parou raciocinando – Os dois passeios a Hogsmead, o dia em que emprestei a capa. – Harry largou-se em outro sofá. Respirou fundo – Pelo menos sabemos que ele gosta mesmo dela e qualquer coisa que tenha acontecido – olhou rapidamente para Rony – eles agora estão casados – fez uma careta.

Rony teve que sorrir. Havia ficado muito chateado quando Hermione terminou o namoro, mas conseguiu superar isto e hoje estava muito feliz com Luna.

-- Então agora você sabe como eu me senti. – falou sério. – Espero que suas intenções sejam as mesmas com Gina. – Harry olhou-o um pouco apreensivo, mas vendo que o amigo sorria falou:

-- Ok, mas pode ser do jeito mais simples? Igual ao do Gui e da Fleur? – Rony concordou com a cabeça e se levantou.

-- Acho que vou dormir um pouco, não quero perder a hora de encontrar Luna – lançou a Harry um olhar maroto e subiu.

Harry ainda estava pensando que tinha sido muito bom para Rony ter se entendido com a corvinal, pareciam que estavam mesmo apaixonados. Seria mais fácil tentar uma convivência pacifica com Snape, pois Harry não pretendia abrir mão da amizade de Mione, se Rony estivesse feliz com outra garota.

Ainda estava perdido em seus pensamentos quando viu Gina descendo do dormitório feminino ainda com o rosto sonolento.

-- Ainda ou já? – perguntou a garota dando um rápido beijo de bom dia no namorado.

-- Ainda – respondeu um pouco cansado. Agora que a adrenalina estava baixando sentia o sono chegar.

Gina olhou rapidamente para as escadas de ambos os dormitórios e como não havia movimento sentou rapidamente no colo de Harry e apesar do susto do rapaz lhe deu um beijo que foi retribuído. Quando pararam o beijo Gina propôs:

-- Porque você não toma um banho, come alguma coisinha e tira um cochilo na sala precisa? Eu tomo conta de você. – sorriu.

Harry concordou e subiu. Quando retornou a sala comunal encontrou Gina segurando “O que, diabos, era aquilo?!” – perguntou-se. Ele não pode acreditar quando chegou perto da namorada e esta lhe disse:

-- Vamos passar rápido na Ala Hospitalar para deixar. – ela sorriu mostrando o “bichinho” de pelúcia.

-- Gina o que vem a ser isto – Harry perguntou meio sem querer acreditar, mas já começando a rir.

Ela riu e foi saindo do salão comunal com o namorado a segui-la.

-- O presente de natal que ele mandou para ela e que ela pediu para eu levar. – fez uma cara sapeca e falou bem perto da orelha de Harry – acho que ela gosta de dormir abraçada, já que ela não pode abraçar o original...

-- Gina!! – Falou fazendo uma careta – Não faz assim. Eu não quero saber isso.

Ela riu com vontade.

Cerca de uma hora depois entravam na sala precisa. Ainda haviam passado no escritório do Diretor para destruir a Horcrux da taça e guardá-la junto às outras relíquias dos fundadores de Hogwarts.

Harry dormiu um sono reparador, e quando acordou já passavam de duas da tarde. Chamaram Dobby que trouxe um monte de comida para ambos. Harry estava faminto, devoraram tudo o que o elfo trouxe.

Só agora Harry lembrou-se da queimadura que o jovem Tom Riddle havia feito ao segurar seu braço. Havia a marca avermelhada dos dedos e ardia um pouco. Ele contou a Gina tudo que se passou desde que chegaram aos escombros do antigo orfanato até aparatarem de volta nos portões de Hogwarts. Sentia um pouco de dor no corpo, nada demais para um jogador de quadribol e que tinha um talento especial para se meter em encrencas.

Estavam conversando quando Harry se deu conta de que estava sozinho com Gina na sala precisa. Ele não poderia deixar passar essa oportunidade. Aproximou-se da namorada enlaçando-a pela cintura e iniciando um beijo doce, que logo se tornou quente e cheio de desejo. As mãos dele acariciavam o corpo de Gina e entravam por baixo das roupas, a menina já havia livrado o namorado da camisa. Quando as bocas se descolaram Gina ainda perguntou:

-- Você não deveria descansar e se recuperar? – a respiração era ofegante e ele respondeu enquanto a deitava da cama.

-- Já estou plenamente recuperado! Vantagens de se ter dezessete anos – Lançou-lhe um olhar maroto que daria orgulho a Thiago e Sírius. Gina sorriu de volta se entregando as carícias.

Amaram-se.

Depois ficaram abraçados e conversando sobre todos os assuntos, até que Harry perguntou:

-- Desde quando você sabia? – Ela o olhou intrigada – Que Snape era o Mr. X – Harry ainda tinha certa dificuldade em referir-se a ele como namorado ou marido de Hermione. Gina ficou um pouco tensa apesar de Harry não parecer estar irritado.

-- Desde a nossa primeira vez – Ele a olhou espantado, e ela continuou explicando – Quando voltamos eu fui conversar com Mione, ela é minha melhor amiga e foi ela que fez a poção anticoncepcional – Harry sorriu “claro que só poderia ter sido Hermione”, pensou. – Ela não quis me contar onde havia feito a poção e eu deixei. Naquela noite eu entrei no quarto sem avisar e vi o colar e o pingente.

-- Foi só somar dois e dois. – Harry concordou com a cabeça.

-- Não queria te esconder, mas ela me convenceu – continuou um pouco constrangida, não gostava nem um pouco do que tinha feito, mas não tinha dúvidas de que havia sido o correto.

-- Não vou dizer que fiquei feliz, principalmente quando você se colocou em frente da porta para impedir que eu entrasse – Ele não sorria, mas Gina o conhecia o suficiente para saber que ele não estava com raiva.

-- Pelo menos não fui eu que te petrifiquei – Olhou-o diretamente, segurando um sorriso.

-- Aliás, Hermione é de espantar, conseguir fazer um feitiço não verbal, com a varinha dele e fraca como estava – ele falava sério e Gina ficou séria também.

-- Harry o que você ia fazer se ela não te petrificasse? Seja sincero! – O fixava com um olhar que não permitia desvios.

-- Acho que eu ia matá-lo – falou mais baixo, e balançou a cabeça como se quisesse espantar tal pensamento. Ela o abraçou.

-- O maior medo de Mione era que você o encontrasse. Ela sabia que ele não o machucaria, mas sabia que você poderia matá-lo. – Ficaram em silêncio, Harry o quebrou.

-- E Tonks? Quando soube? – Gina riu.

-- Umas duas semanas depois de mim. Você conhece Tonks, atrapalhada como é se enrolou com a poção anticoncepcional que tomava e achou que estava grávida – Harry surpreendeu-se – Sorte que topou com Hermione pelos corredores e depois que confirmaram ser alarme falso, Mione ofereceu a nossa poção para ela. Só que Tonks não ficou satisfeita com a explicação evasiva e quis saber onde ela havia feito a poção e como havia conseguido os ingredientes. Mione teve que contar tudo a ela também. Da mesma forma que você, Remo também não sabia de nada – falou antes que Harry perguntasse. Notou que o namorado corava um pouco, então ele perguntou:

-- Você disse nossa poção, então Mione também estava tomando? – Porque ele estava perguntando isso, ele não queria saber, ele não precisava saber nada disso. Gina riu dele – Gina eles vinham se encontrando? Como? – Já que havia começado...

-- Eles se encontraram algumas vezes. – Parou pensando um pouco, achou que não havia nada de mal em contar a Harry. – Snape tem uma casa nos arredores de Hogsmead, na orla da floresta. Foi assim que ela sumiu nos dois passeios a cidade.

-- Sozinha! – Harry bufou.

-- Harry andou fazendo curso com o Rony? – disse rindo – e olha que ela nem é mais nova do que você! Ou será... – fez carinha de magoada – que isso é mais que amizade?

Harry a abraçou rapidamente e começou a falar um tanto nervoso “Não Gina, Nada disso” “Eu só me preocupo”, antes de perceber que era brincadeira.

-- Não brinca assim Gina! – então mudou de assunto, mas sem soltá-la do abraço – O que eu não entendo é que se ele sabia o que nós íamos enfrentar, como não sabia o risco que ela estaria correndo.

-- Mione disse alguma coisa antes de desmaiar? – falou pensativa.

-- Ela leu as runas, sorriu, mas vi que tinha lágrimas nos olhos. – Harry falou lentamente puxando pela memória – Então ela disse “então foi mesmo por isso” e “certo como sempre Srtª Granger” e ia cortar o dedo. Eu a impedi dizendo que eu faria. Ela disse que o sangue tinha que ser dela. Ainda não entendi essa história – Também estava pensativo, tentava lembrar mais algum detalhe.

-- Vamos pensar juntos. Não poderia ser qualquer pessoa a ir com vocês, tínhamos um grupo restrito. Mione me contou que inicialmente ele havia deixado claro que poderia ser eu ou ela a ir com vocês – Harry franziu a testa – mas ela logo o avisou que você nunca me levaria.

-- Claro que não – concordou – nunca iria te expor a um risco, ainda mais desconhecido.

-- Sim, mas acho que ele sabia exatamente o que a aguardava. Mione me contou que ele estava desesperado quando eles se despediram antes do recesso de natal – Harry a olhava interrogativamente – Ele disse que precisava ter certeza de que... – parou pensando, arregalou os olhos. Harry assustou-se.

-- De que? Certeza de que, Gina? – Ela corou furiosamente.

-- De que não tinha opção, teria que ser ela, não poderia mais ser eu – Gina continuava muito vermelha e Harry estava confuso.

-- Gina, não estou entendendo nada, é claro que não poderia ser você. Eu não ia te levar de jeito nenhum – mas ainda não entendia a reação da namorada.

Gina balançou a cabeça de leve, sorria, mas seus olhos estavam marejados.

-- Harry – olhou-o bem dentro dos olhos verdes – tinha que ser uma virgem! – Ele abriu e fechou a boca sem falar nada, tinha os olhos arregalados. Gina sorriu – Como fomos tolas, desde o início sabíamos que tinha que ser uma mulher, mas ele logo descartou Tonks então quando... – não conseguiu completar a frase, pois corou novamente – Por isso não havia mais opção, não poderia mais ser eu também. – Harry pareceu recuperar parte da voz.

-- Mas Gina ele não tinha como saber que nós... – parou e olhou para ela – ou tinha? – Gina corou ainda mais e confirmou com um aceno – Não! Ela não podia ter contado! Isso é muito íntimo – Ele estava ficando com raiva novamente de Snape e também de Hermione, ela não podia ter exposto
Gina dessa forma.

-- Não Harry, ela não contou – já estava mais controlada, apesar de ainda corada – ele meio que deduziu – Harry a olhou desconfiado – Hermione deu um fora nele quando ele perguntou o que já havia acontecido entre nós – Gina sorria, agora também pelo orgulho de Harry ter defendido a “honra” dela. – Hermione contou a ele que havia feito uma poção anticoncepcional, ele não é bobo Harry! Já sabia que nós estávamos namorando escondidos, era uma questão de tempo. – corou novamente – Então ele concluiu que se não tivesse acontecido nada não teria porque ela ficar irritada com ele – Harry parecia pensar tentando arrumar uma brecha para voltar a ter raiva de Snape.

-- Gina como você sabe que eles também não... – Agora foi a vez dele corar, já ficava constrangido de falar sobre sexo com Gina. Mas falar sobre a vida sexual de Mione e o ex-professor era demais para Harry.

-- Acho que foi esse o motivo da reação dela, o sorriso, as lágrimas e a frase – Harry ainda estava confuso – Ele não quis fazer amor com ela quando suspeitou que nós já havíamos feito – Harry estava chocado – Hermione ficou arrasada, porque ele não quis explicar o porquê da “curiosidade” em relação a nós e depois da decisão dele. Talvez ainda estivesse procurando outra saída ou simplesmente não queria que ela se preocupasse antes da hora. Contudo ele não podia correr o risco. Foi nesse dia que ele deu o anel de noivado a ela e a pediu em casamento.

-- Ele o que?! – Harry sobressaltou-se – Ele a pediu em casamento?

Gina riu do susto de Harry.
-- Sim, ele sabia que se ela libertasse a Horcrux a única forma de salvá-la seria trocando o voto de casamento. Acho que ele quis ter certeza de que ela queria ficar com ele pra sempre.

-- Como assim “pra sempre”, Gina. Eu sei que ela está apaixonada por ele, agora – tentou dar ênfase no tempo do verbo – Mas “pra sempre” é muito tempo.

Gina tentou fazer uma cara brava, mas terminou rindo.

-- Talvez você devesse estudar mais sobre os costumes bruxos, já que é um. O casamento bruxo é um contrato mágico, não há como ser desfeito. Quando um casal troca o voto de casamento é “pra sempre” ou como os trouxas falam “até que a morte os separe”.

Harry a olhou assustado, então ficou pensativo por um tempo. De repente perguntou:

-- Será que pode ser alguém tomando poção polissuco? – Gina o olhou assustada, “do que ele estava falando?” – Ou poderia ser um irmão Gêmeo? – Gina entendeu e riu.

-- Não Harry, acho que é mesmo o amor que faz milagres.

**********************************************************************

Harry e Gina não ficaram mais muito tempo na sala precisa. Gina voltou ao salão comunal, mas Harry decidiu procurar Remo. Ainda queria tirar a limpo aquela história de Snape e sua mãe.

O professor estava sozinho em sua sala e sorriu quando Harry bateu e entrou.

-- Como você está Harry?

-- Em relação a Horcrux estou ótimo, e feliz por Mione está bem. Mas em relação ao resto, talvez seja melhor me perguntar daqui alguns dias – Balançou a cabeça.

Remo sorriu, a semelhança entre Harry e Thiago aumentava a cada dia.

-- Mas porque veio aqui? Eu vi que depois que saímos da enfermaria você ainda ficou conversando com Hermione – Remo também havia escutado Severo falar o nome de Lílian antes de sair.

Harry concordou com um aceno

-- Ela me contou porque o Prof Dumbledore sempre confiou que Snape estava do nosso lado – Remo franziu a testa, mas não interrompeu – Snape contou a Mione que ele e .... minha mãe, que eles....

-- Foram namorados? – Remo tentou manter-se tranqüilo, mas ele não imaginava que Severo algum dia fosse contar isso a alguém. Por outro lado não entendia o que isso teria a ver com a confiança de Dumbledore em Snape.

Harry concordou novamente e o olhou procurando confirmação.

-- É verdade. Depois que Lílian e Thiago começaram a namorar nós quatro fizemos um acordo de nunca comentar aquele período. Eu não sei o que ele contou a Hermione, eu nunca fui amigo de Severo, mas era muito amigo de Lílian – aproximou-se de Harry e o segurou pelos ombros – ela foi realmente muito apaixonada por ele.

Harry desviou os olhos do professor e balançou a cabeça.

-- Como, Remo?! Ele era sonserino e adorava artes das trevas. Eu vi, na lembrança dele, ele a chamando de sangue-ruim quando ela tentou defendê-lo de um ataque do meu pai e de Sírius.

-- Harry eu não sei de tudo. Eu me lembro dessa história – Harry o olhou pelo canto do olho, Remo suspirou – Eu não tinha qualquer controle sobre Thiago e Sírius. Mas acho que foi mesmo depois daquele dia que as coisas começaram a acontecer – estava um pouco pensativo e tentando se lembrar de algo acontecido há tantos anos.

-- Mione me falou que no início ele se aproximou dela apenas para irritar o meu pai.

-- Isso seria uma atitude bem sonserina e com certeza deu certo, mas então “o feitiço virou contra o feiticeiro”. – falou rindo

Harry o olhou intrigado. Remo sentou-se em uma poltrona e Harry em outra.

-- Você já sabe da parte da história dele, vou te contar o que eu sei. – Harry concordou – Próximo ao Halloween do nosso sexto ano, eu percebi Lílian estranha, ela me contou que estava apaixonada por ele. Depois daquele dia que você viu na penseira ele foi até ela e pediu desculpas – Harry o olhou incrédulo – Não muito depois do início deste ano, Sírius e Thiago atacaram Snape e novamente ele foi “salvo” por Lílian, ela o levou para ala hospitalar, mas ele impediu que ela denunciasse os dois para McGonagal. – Harry franziu a testa e balançou a cabeça, não estava entendendo nada. Remo sorriu e continuou. – Também não entendemos nada, mas depois do que você contou, provavelmente isso já fazia parte do plano dele de conquistar Lílian.

-- Ela me pediu ajuda, eu a acompanhei ao baile de Halloween que aconteceu aquele ano – Remo baixou um pouco a cabeça e falou com um pouco de tristeza – Acho que Thiago nunca me perdoou de verdade por essa traição.

-- O que? Acompanhar minha mãe ao baile? – Harry parecia divertido.

-- Não – Remo balançou a cabeça negativamente – acobertar o primeiro encontro de Lílian e Severo. – Ele recostou-se em sua poltrona e respirou – Foi naquela noite que eles começaram a namorar, escondidos por quase um mês. Só eu sabia.

-- Você e os sonserinos, provavelmente.

-- Não acredito que os sonserinos soubessem. Sua mãe era uma nascida trouxa e grifinória, os sonserinos não iriam gostar nada daquela aproximação. Em um passeio a Hogsmead eles apareceram juntos. Deus! Acho que nunca vi Thiago tão desesperado. No início daquela história eu fiquei receoso, não conseguia acreditar que Snape gostasse mesmo de alguém, mas naquele dia eu já pude perceber. – Olhou bem dentro dos olhos de Harry – O olhar que ele tinha para Lílian naquela tarde era o mesmo que ele tinha hoje para Hermione, Harry. Não tive dúvidas naquela época, como não tive hoje. Ele amava Lílian, como ama Hermione.

Harry estava paralisado, respirou fundo.

-- Hermione me contou que eles tiveram uma briga e que...

-- Sim. Eles já tinham brigado antes, principalmente por ciúmes dele. Mas aquela última briga foi terrível, Lílian ficou péssima. O problema foi que no dia seguinte quando ela tentou conversar com ele, Severo não lhe deu qualquer esperança de reconciliação. Nós nunca entendemos a mudança súbita dele.

-- Isso acho que eu sei – falou Harry – Naquela noite ele foi a uma reunião de comensais e Voldemort...

-- Harry! Ele pôs a Marca Negra naquela noite – Remo estava chocado – Severo só tinha dezessete anos! E o fez em um momento de raiva. Por Merlin! Ainda bem que Lílian nunca soube! – balançou a cabeça.

Harry concordou.

-- Depois que minha mãe e meu pai começaram a namorar ele se convenceu que havia feito a escolha certa e passou a ser um comensal da morte “de verdade”.

Remo ainda estava um pouco chocado e triste por ver como uma decisão tomada de forma repentina havia destruído a vida daquele homem.

-- E porque você disse que a confiança de Dumbledore em Snape tinha a ver com essa história?

-- Foi ele que ouviu sobre a profecia e contou a Voldemort. Depois que Ele informou quem seriam as crianças, Snape percebeu o risco que minha mãe corria. Ele sabia que ela não me entregaria. – Remo concordou – Então ele procurou Dumbledore, contou tudo o que sabia e entregou a varinha, dispondo a se entregar aos Aurores.

-- Ele se entregou?! – A reação a essa revelação era sempre a mesma – Sabia que iria passar o resto da vida em Azkaban.

-- Foi o mesmo que eu disse – Harry sorriu – Então Dumbledore percebeu que seria uma boa ter um espião entre eles – Remo concordou. – Infelizmente Voldemort também descobriu que ter um espião que ninguém soubesse quem era seria de grande ajuda.

-- Rabicho! – Disse Remo com raiva. Harry concordou com a cabeça. – Acho que essa história preenche muitas lacunas, Harry.

-- Uma última coisa Remo – Harry falou retirando um colar do bolso – Você já viu esse colar antes?

-- Onde você encontrou isso? – perguntou arregalando os olhos ao ver a jóia e estendendo a mão para Harry.

Era um colar de ouro branco com um pingente de um meio coração onde se via um S estilizado que parecia uma cobra feita em esmeraldas.

-- Quando fomos a Godric’s Hollow no verão, vocês me deixaram sozinho por uns minutos no quarto que havia sido de meus pais – Remo concordou olhando para o colar – Eu sentei na cama e do ângulo em que estava vi uma pequena caixa em baixo da penteadeira. Quando vi o colar não pensei no significado, achei que a cor das pedras era por causa dos olhos de minha mãe. Hoje depois do que Mione me contou eu lembrei e trouxe para ver se você reconhecia.

-- Claro que me lembro, Harry! – Remo estava pasmo olhando para o pingente – Nunca imaginei que ela havia guardado. Severo deu este pingente a Lílian no natal, ela me contou que ele tinha a outra metade do coração que era ouro amarelo e havia um L em rubis. Eu nunca vi o dele. – Remo devolveu o pingente a Harry – Eu sei que Lílian amava Thiago, mas depois de tudo que soubemos hoje, eu não tenho dúvidas, se Severo não escolhesse o caminho errado – pôs a mão no ombro de Harry e este olhava para o pingente.

-- Eu nem existiria. – suspirou – Não temos que pensar no que teria acontecido – Guardou o pingente.

-- Vamos ver como Hermione passou o dia? – Remo propôs tentando dar um sorriso e Harry concordou levantando-se e ambos saíram.

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Hermione precisou ficar na enfermaria apenas até segunda feira pela manhã. Falou com Severo até três vezes por dia nesse período. Ele queria ir lá e a Prof. McGonagal até autorizou, mas Hermione o convenceu de que seria arriscado.

Naquele dia mais tarde, ela confirmou, não sem corar furiosamente, que as conclusões de Gina estavam corretas. Contou também que naquela véspera de natal ela havia concluído e que quando retornaram a escola, havia confirmado suas suspeitas em um livro de magia negra. Quando partiu de Hogwarts ela já sabia o que teria de enfrentar e o que seria necessário para salvá-la. Teve medo ao ler a descrição de como era o local em que ficaria aprisionada e de que algo saísse errado. Não havia nada que falasse sobre seqüelas ou um tempo para o resgate – olhou significativamente para Harry e o rapaz desviou os olhos.

Mais alguns dias se passaram e Hermione decidiu procurar a diretora. Chegou a sala, bateu e depois de receber autorização entrou.

-- Hermione! – Disse sorrindo Minerva – Vejo que está plenamente recuperada, fico feliz.

-- Obrigada, diretora – Sorriu.

-- Então, o que a trás aqui há esta hora?
Sempre prática Hermione pensou. Gostava disto, mas o assunto era um tanto delicado e ela corou levemente.

-- Sabe é que... bem agora que – ela mexia as mãos um pouco nervosa, mexeu na aliança, como que tomando coragem e McGonagal entendeu o que Hermione queria.

-- Sim, vocês estão casados, é verdade.
Hermione olhou-a rapidamente, mas corando desviou rapidamente os olhos. Tomou coragem.

-- Eu queria poder me encontrar com ele. A Srª sabe... – corou ainda mais – estou com saudades e no dia em que fomos buscar as Horcrux foi aniversário de Severo – Minerva sorriu para ela, esses jovens eram tão impetuosos em alguns momentos e em outros tão tímidos. Ficou séria para fazer a pergunta seguinte.

-- Hermione seja sincera, por favor – ela concordou, agora olhando-a diretamente. – Severo a está pressionando? Foi ele que pediu para você vir falar comigo? – McGonagal a olhava muito séria, procurando qualquer indício de que ela tentaria mentir.

-- Não Professora – sorriu aliviada – ele nunca me pressionou. Ele nem sabe que eu vim conversar com a senhora – parecia tão mais fácil agora. – Eu o amo, muito. E sei, aqui dentro – apontou para o coração – que ele também me ama.

Não era preciso dizer mais nada. Minerva mandou Hermione combinar tudo com Severo e a comunicar depois. Antes de sair Hermione disse.

-- Quando a guerra acabar, nós vamos nos casar do jeito trouxa também. – Minerva a olhou impressionada – Ele aceitou e a Srª. sabe meu pai sempre teve esse sonho e eu sou filha única. – Minerva sorriu. Hermione saiu.

-- Incrível! Acho que o amor faz mesmo milagres – concluiu pensativa a diretora.

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Gislene B.Pizzol Tristão - você é novata nos comentários, mas bem vinda e obrigada.

Aninha Granger Snape, Carla Rosa, Erikitxa, Delicious e Lety Snape - Harry é realmente um cabeça dura, mas adora a Hermione. Quem sabe por ela, ele se entenda com o Snape não é? *Esperança!!!!*

Vivvi Prince - Pois é finalmente ele resolveu se render e entrar para o rol dos homens sérios. Espero que o Remo e o Harry resolvam imitá-lo.

Leyla Poth, Sâmya Carvalho e Rosy Paula - Obrigada garotas, eu também adorei escrever esse capítulo. Ficou mesmo fofo não foi? Beijinhos.

Nesse capítulo de agora teve muito pouco do Snape. O capítulo serviu para deixar tudo bem explicado. Se alguém não tiver entendido alguma coisa pode me perguntar. E agora por que vocês acham que a Hermione quer tanto encontrar o maridão heim?!
*Diana fazendo suspense.....*

Um beijão para todas e até breve.


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