A Quinta Horcrux




Na sexta-feira os três amigos jantaram cedo e depois saíram acompanhados do Professor Lupin que os deixou ao lado de fora dos portões de Hogwarts desejando um: “boa sorte, garotos”. Aparataram próximo a Ottery St Catchpole, um pequeno bairro de um subúrbio pobre de Londres. Hermione havia conseguido um mapa e marcado o local onde provavelmente iriam encontrar o antigo orfanato.

Demoraram cerca de quarenta minutos para chegar ao ponto indicado. Não foi difícil perceber a quantidade de magia que havia naquele simples bairro trouxa. Era o mesmo tipo de encantamento que protegia o campo do campeonato mundial de quadribol. Apesar das ruas próximas terem certo movimento ali estava deserto. No centro da quadra havia um prédio em ruínas, parecia que estava de pé apenas por milagre – ou por magia como imaginaram.

Ao se aproximarem sentiram a aura de magia que era forte e das trevas. Harry adiantou-se chegando aos escombros primeiro, mas parou frente a uma porta de madeira. Hermione viu que nela brilhavam como que recortados símbolos – runas antigas – ela sorriu como se dissesse “eu não disse que precisava vir?”. Harry amarrou a cara e saiu do caminho. Foi fácil, na verdade Hermione achou que aquilo era só para afastar curiosos que chegassem ali por acaso. Dizia “Se quiser passar diga `Abra´ e arque com as conseqüências. L.V.”. Harry achou estranho, pois era a confirmação para os inimigos de que ali havia algo importante para Voldemort. Hermione também achou que estava muito fácil.

-- Diga em língua de cobra, Harry! – sussurrou no ouvido dele.

Ele concordou com um aceno, os três seguraram suas varinhas com força, Harry aproximou-se da porta e disse “abra” em língua de cobra. A porta como que empurrada por uma brisa inexistente se abriu. O interior era muito escuro e a noite de lua nova não ajudava em nada. A porta bateu sozinha agourentamente e por um segundo eles se sentiram como se tivessem sido trancados em um túmulo. Os três falaram quase juntos “lumus” e três pontas de varinhas brilharam. Entraram cautelosamente procurando algo que os pudesse atacar. Harry lembrou-se vagamente da entrada que viu na lembrança de Dumbledore, quando este foi buscar o jovem Tom Riddle no orfanato.

Atravessaram todo o hall, sem ter qualquer problema, mas isto estava longe de deixá-los tranqüilos. “Está fácil demais” – pensava Harry. Chegaram ao pé da imponente escada que dava acesso ao segundo andar a mesma que o rapaz havia visto na penseira por onde a Srª Cole desceu para falar com o Dumbledore jovem. Algo lhe dizia que deveriam subir para o quarto que Tom usava. Achava que provavelmente a Horcrux estava lá. Disse isso aos amigos que concordaram silenciosamente e o seguiram.

Ao colocar o pé no primeiro degrau ouviu um choro de criança, parou por um segundo procurando de onde vinha aquele som e então viu que alguns degraus acima estava sentado, com o rosto escondido nos braços, um garoto que não deveria ter mais que dez ou onze anos. Harry olhou para Rony e Hermione que também estavam a fitar o pequeno garoto. Os três trocaram um olhar se perguntando se aquilo não seria uma armadilha, então ouviram a voz de criança dizer entre soluços:

-- Quero sair! Estou com medo. Não desobedeço mais. Não saio mais sozinho. Me deixa ir embora!

Os três se olharam novamente pensando se seria alguma criança da região que teria encontrado o local abandonado achando que era um lugar legal para brincar e que agora não encontrava a saída.

Harry aproximou-se lentamente do menino e começou a falar tentando acalmá-lo.

-- O que houve? Você se perdeu? Quer ajuda para voltar para casa?

Já estava muito perto dele quando este levantou a cabeça olhando-o fixamente e ao mesmo tempo segurou o braço de seu interlocutor.

Tudo aconteceu muito rápido: Harry levou um susto ao reconhecer o garoto Tom Riddle como ele havia visto na lembrança de Dumbledore há mais de um ano, os olhos negros do garoto se tornaram vermelhos e suas pupilas se estenderam como fendas, ficando como os olhos do Voldemort de hoje. A mão do garoto apertava o braço de Harry com uma força impensável para uma criança e impedia que ele se afastasse. Sua cicatriz queimou e ele sentiu como se sua cabeça fosse partir ao meio. Passou a ver imagens do que havia acontecido naquele local há muitos anos.

O ainda jovem, porém já Voldemort invadiu o orfanato, matou a Srª Cole e com a morte dela fez a Horcrux que pôs na taça de Hufflepuff. Depois saiu matando crianças e funcionários, trancou portas e janelas impedindo a fuga dos demais, subiu ao segundo andar e escondeu a taça no armário do quarto que havia sido seu. Harry o viu colocar um feitiço no armário, porém não foi capaz de identificar qual seria este. Voldemort voltou ao primeiro andar, pôs fogo no prédio e desaparatou.

Para Harry, entretanto as desgraças não cessaram e ele ainda podia ver as imagens e ouvir os gritos, o choro e os pedidos de socorro dos adultos e crianças presos naquele prédio em chamas e desmoronando. Dentro de sua cabeça ouvia o ecoar das gargalhadas daquele ser que não mais poderia ser considerado um homem.

Rony e Hermione só viram o amigo se aproximar do garoto e que quando este o segurou Harry começou a gritar. Não tinham como reconhecer o pequeno menino, não viram a mudança de suas pupilas e não tinham nenhuma idéia dos horrores que Harry estava vendo. Apontaram suas varinhas para o garoto, correndo na direção dos dois, porém era difícil atacar uma criança desarmada. Rony falou imperativamente:

-- Solte-o! Largue-o! – apontava a varinha para o garoto, mas este sabia que eles não teriam coragem de atacá-lo.

Harry caiu de joelhos, sentia a dor na cicatriz aumentando, sentia o braço queimar no local em que o garoto segurava, as imagens continuavam passando e os gritos ecoando por sua cabeça.
Rony adiantou-se tentando fazer o garoto soltar Harry e ao tocá-lo também pode ver as pupilas vermelhas e verticais e a voz do menino saiu fria e gutural.

-- Me solte agora, seu garoto idiota! Vocês não vão passar! Não vão voltar! Vão morrer aqui!

Isto quebrou o encanto e Hermione teve certeza de que era uma armadilha e de que não era uma criança que estava ali. Rapidamente apontou a varinha para o menino que ainda tentou confundi-la voltando a usar a voz infantil e trêmula.

-- Não tia! Não me machuque!

-- “Expelliarmus!” – ela gritou antes que as palavras dele pudessem afetá-la.

O garoto voou para traz caindo alguns degraus acima na escada. Harry caiu no chão respirando com dificuldade, sua cicatriz latejava muito, mas a dor foi diminuindo rapidamente. Tudo rodava. Rony correu para ajudá-lo e Hermione para junto do garoto dizendo:

-- “Estupefaça!” – ele caiu desacordado e finalmente ela lhe lançou um “encarcerous” e cordas se materializaram para amarrá-lo.

Harry vomitou na escada e no local onde o jovem Tom Riddle o segurou havia uma marca vermelha de dedos, como uma queimadura. O grifinório recuperava lentamente a respiração. Rony o olhava assustado e Hermione retornou para o lado deles.

-- Como você está Harry? – Perguntou baixinho.

-- Foi horrível – falou apertando o rosto como que para apagar aquelas imagens – eu vi o que ele fez aqui! Ele matou todos, os deixou presos e pôs fogo no prédio antes de ir embora! – Lágrimas corriam pelo seu rosto, os gritos das crianças ainda ecoavam em sua mente.

Rony e Hermione o abraçaram tentando passar força para o amigo. Ficaram algum tempo ali, até que Harry achou que poderia andar novamente. A cabeça parecia pesada, mas o enjôo e a dor já haviam passado. Ao passarem pelo garoto, este parecia que estava dormindo tranqüilamente.

Rony foi a frente, já que Harry ainda estava um pouco fraco. Novamente as imagens da lembrança de Dumbledore os ajudaram, eles subiram ao segundo patamar e viram um longo corredor. A primeira porta era a do quarto que havia sido de Tom Riddle e esta era a única que estava intacta, por baixo dela saia uma luz verde.

Mais uma vez impetuoso Harry tomou a frente, varinha em punho, seguiu com passos seguros em direção à porta.

-- Harry Cuidado! – Ouviu Rony gritar quando já estava quase em frente à porta.

Ao mesmo tempo percebeu um movimento nas sombras vindo em sua direção, mas antes que qualquer coisa se chocasse com ele, foi empurrado para longe indo bater numa parede próxima. Olhou atordoado para ver o que o havia atingido e então ouviu o grito de Hermione:

-- Rony não!

A coisa era um animal grande como um urso negro e estava sobre Rony. Harry levantou-se ainda tonto, segurando sua varinha com força e tentando pensar rapidamente em um feitiço que pudesse livrar o amigo da morte certa nas garras daquela fera.

-- Sectumsempra!

O coração de Harry perdeu um compasso ao ouvir aquele feitiço ser lançado por Hermione, ao mesmo tempo viu cortes se abrirem no corpo peludo do animal e jorros de sangue vermelho vivo voarem para todos os lados. A fera largou Rony e se virou para a garota que apontava a varinha para o pescoço do animal e repetia o feitiço com segurança. Harry viu um profundo corte se abrir e o animal desabar pesadamente ao lado de Rony.

Ambos correram para onde o amigo estava caído, mas Hermione chegou primeiro. O ruivo a olhava com os olhos arregalados, ele tinha um enorme corte no braço que sangrava muito, porém naquele momento a surpresa era por ter presenciado a amiga certinha realizar um feitiço das trevas. A garota se ajoelhou ao lado dele, seu rosto brilhava de lágrimas e ela parecia alheia a surpresa de Rony, apontou a varinha para o braço que sangrava e murmurou um feitiço. O sangramento parou, mas o braço estava quebrado, ela conjurou uma tipóia dizendo que seria melhor esperar para Madame Pomfrey concertar a fratura. Apesar do espanto dos rapazes, eles não puderam deixar de sorrir ao lembrar-se de quando Harry perdeu todos os ossos do braço no segundo ano devido um feitiço mal feito.

-- Porque usou um feitiço dele? – perguntou Harry sério assim que percebeu que Rony estava fora de perigo.

-- Acho que ele não é de todo mal – respondeu corando e agradeceu a escuridão do local. Harry a olhou interrogativamente, mas ela continuou rapidamente – Vamos temos logo que ir embora – e virando-se para Rony – Você acha que consegue andar? – ele concordou com a cabeça e Harry o ajudou a ficar de pé, o levaram até próximo à porta do quarto onde Rony se recostou na parede.

Era uma porta simples, Harry e Hermione empunharam as varinhas e trocaram um olhar, Harry tentou a maçaneta e a porta abriu-se como se aquela brisa inexistente a empurrasse. Rony ficou na porta, Harry e Hermione entraram no pequeno quarto.

Desta vez só havia o armário que Harry viu Dumbledore por fogo e depois restaurar quando foi buscar o jovem Tom Riddle naquele orfanato. Ele estava encostado na parede em frente a porta e dele emanava um brilho esverdeado e haviam runas entalhadas em sua porta.

Hermione leu as runas enquanto Harry a observava atentamente. O rapaz viu uma expressão de entendimento passar pelo rosto dela e ela dizer baixinho “então foi mesmo por isso” “certa, como sempre Srtª Granger!”, ela sorriu, o sorriso mais belo que Harry já vira Hermione dar e os olhos dela marejaram. Ele aproximou-se e ela falou.

-- Eu tinha razão, Harry! Tinha que ser eu a vir aqui hoje – estava sorrindo, porém uma lágrima correu. Ele abriu a boca para falar algo, mas ela falou antes – Assim que voltarmos avise Gina e Tonks, elas saberão o que fazer – Harry achou que ela estava delirando, olhou para o armário e novamente para ela. Hermione o abraçou forte, ele sentiu como se fosse uma breve despedida. Pegou sua varinha e apontou para o dedo, ele a impediu.

-- Não, Mione deixe que eu faço isso – ele já ia cortar o dedo quando ela o impediu dizendo.

-- Tem que ser meu sangue, Harry – olhou bem dentro dos olhos dele e falou séria – Não se esqueça, avise Gina assim que chegarmos a Hogwarts! Ela saberá o que fazer. Confie em mim tudo vai dar certo!

Outra lágrima correu por sua face. Ela cortou o dedo, guardou a varinha. Harry a viu retirar um colar de dentro das vestes, ele nunca havia visto Hermione com aquela jóia, percebeu que ela segurava o pingente como que buscando forças nele, mas não conseguiu ver o que era.

Ela fechou os olhos e murmurou algo parecido com “não demore muito meu amor”, mas antes que o amigo pudesse pensar sobre o significado daquelas palavras ela encostou a ponta do dedo em um ponto indicado na porta do armário.

Hermione abriu a boca como se fosse gritar, seus olhos se arregalaram e antes que Harry pudesse fazer qualquer coisa o corpo dela desabou no chão.

-- Mione?! – Gritaram os dois juntos. Rony tentou correr para ela e quase caiu, Harry se abaixou ao lado dela, parecia estar desmaiada, mas estava fria e pálida mesmo a pouca luz.

Ao mesmo tempo em que Hermione caiu no chão a porta do armário se abriu e Harry viu a pequena taça com asinhas que havia visto na lembrança de Hóquei há mais de um ano. Em um impulso ele esticou a mão e a pegou. Surpreendeu-se ao perceber que nada havia acontecido, então a guardou rapidamente em suas vestes.

-- Acho que teremos que sair para aparatar – Falou tentando não olhar para a amiga, Rony concordou com um aceno, Harry pegou Hermione nos braços. Rony postou-se a frente dos dois com a varinha em punho. Harry estava apreensivo, a garota estava muito fria, pálida e ele quase não percebia a respiração dela.

Eles desceram rapidamente as escadas e observaram que o garoto Tom Riddle não estava mais ali. Harry sentiu um aperto no peito ao pensar em como ele havia conseguido se soltar das cordas. Ele não quis pensar na resposta para sua dúvida. Apertaram o passo e saíram para a noite iluminada apenas pelas estrelas. Parecia muito tarde, não tinham idéia de quanto tempo passaram lá dentro. Concentraram-se e aparataram nos portões de Hogwarts.


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E aqui está mais um capítulo! Este ficou pequeno, eu sei, mas não dava para colocar mais informações. Esse cap e os dois próximos estão muito ligados, mas não dava para fazer deles um capítulo único, por isso fiz três um pouco menores do que eu gosto.
Novamente não quero prometer nada, mas já fiz a primeira revisão do próximo capítulo e pretendo coloca-lo antes do fim dessa semana. Quem sabe já que tinha pensado que só colocaria este na quinta e estou colocando hoje...
Muito obrigado por todos os comentários, elogios e gritos de ATUALIZA!
Um beijão para todas e até breve (eu espero!!!)
Diana Black

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