A Paixão de Severo



Algum tempo depois ele a abraçou pela cintura e a trouxe para mais perto. Tinha uma expressão de felicidade no rosto, estava sereno. Ela sentiu os olhos marejarem. Como poderia amar tanto uma pessoa que até pouco tempo era um desconhecido que apenas a destratava e humilhava?

Ele lhe dava pequenos beijos na testa, sentia o cheiro de seus cabelos. Uma felicidade crescia e enchia todo o seu coração. Nunca sentiu algo tão maravilhoso, mesmo sem terem consumado o ato. Ainda assim foi a melhor experiência de sua vida. Finalmente havia entendido o que significava “fazer amor”. Era algo tão único e maravilhoso, achava que nunca mais conseguiria sequer tocar em outra mulher.

Severo nunca havia feito sexo por amor. Fazia sexo com bastante freqüência, mas nunca se sentiu tão.... feliz! O mais próximo de um relacionamento amoroso que teve foi com Lillian só que com ela nunca havia ido tão longe, e no fim tudo dera errado.

Mas não queria pensar nisto agora, não depois daquele momento mágico que haviam vivido. “Não com Hermione aqui ao meu lado” – balançou a cabeça como se espantasse uma mosca irritante, e essa reação não passou despercebida a ela.

-- O que houve meu amor? – Hermione já havia controlado suas emoções e olhava para ele com um belo sorriso nos lábios, seus olhos também sorriam. Ele disfarçou:

-- Queria lhe dar tanto prazer quanto o que me deu agora – falou próximo a seu ouvido e ela corou furiosamente, mas manteve o contato visual, ela também queria mais, porém sabia que deveriam ir devagar, ou poderiam estragar tudo. Ele novamente parecia entender os sentimentos dela apenas olhando-a. – Eu também acho que devemos ir devagar, tudo a seu tempo. – Lembrou-se outra vez de Lillian, se ele não tivesse tentado “forçar a barra”... sua expressão mudou um pouco. E mais uma vez, ela notou antes que ele pudesse se controlar.

Hermione podia ser nova e inexperiente, mas era inteligente o suficiente para não se deixar enganar. Levantou-se da cama, acabava de se dar conta de sua seminudez, pegou um robe – vermelho e dourado?!, mas pensaria nisto outra hora – e retornou para o lado de Severo, lhe entregando outro – negro. Ele vestiu.

-- Severo – começou ainda sem saber como iria abordar aquele assunto, mas precisava saber algumas coisas sobre a vida dele. Mesmo que essas pudessem magoá-la. – Você sabe quase tudo sobre a minha vida amorosa antes de você.

Ele a olhou interrogativamente, sabia alguns fatos por alto e na verdade não tinha muita certeza se queria saber detalhes. Sentia ciúmes, mas deixou-a continuar.

-- Eu “fiquei” com Victor...

-- Krum!! – completou mordaz.

Ela sorriu e concordou com a cabeça.

-- Apenas na noite do baile e foram só alguns beijos. Não poderia continuar com ele, ele parecia gostar mesmo de mim e eu não via nele mais do que um bom amigo. E Rony por uma semana neste verão. – O olhou encerrando o assunto.

-- E o outro goleiro grifinório, no ano passado? McLaggen estou certo? – disse tentando manter um tom neutro na conversa, mas seus olhos tinham um brilho quase insano de ciúmes.

Na época, Severo estava passando por muitos problemas. Draco não estava querendo lhe revelar seus planos, vinha metendo os pés pelas mãos e quase havia sido pego. Mas ele não deixou de notar que Hermione foi acompanhada do tal goleiro à festa de fim-de-ano de Slughorn. Naquele dia sentiu uma enorme vontade de lançar um sectunsempra no rapaz, ele já sabia que eram ciúmes, apesar de tentar não pensar neste assunto.

Ela se impressionou por ele ter notado isto, mas deu uma gostosa gargalhada.

-- Isso foi apenas para... – corou logo após – ... fazer ciúmes em Rony – desviou o olhar dele. – Mas não chegou a acontecer nada, Juro! – acrescentou rapidamente – Sem falar que ele era um grosseirão. Nunca me arrependi tanto de algo – completou com uma careta.

Ele agora sorria, pensando que se tudo desse certo e eles tivessem um futuro juntos teria que tomar cuidado. Ela se arriscou bastante para fazer ciúmes naquele Weasley.

-- Agora você, bem ... – ela tentava retornar ao assunto inicial.

-- O que tenho eu? – tentou parecer displicente, mas deixou transparecer uma nota de preocupação na voz.

Hermione respirou fundo, sempre foi uma pessoa prática e direta, não iria mudar agora.

-- Severo, eu já percebi que houve – o olhou tentando estudar as reações dele. Esperava que tivesse acertado o tempo do verbo – uma mulher, que foi muito importante para você.

Ele tinha o semblante pesado, não a olhava mais diretamente. Ela juntou mais de sua coragem e continuou.

-- Você já a mencionou algumas vezes, meio que me comparando com ela.

Severo a olhou surpreso, não queria que ela tivesse percebido, mas antes que pudesse se desculpar ou justificar ela completou:

-- Isto não me incomoda, mas gostaria de saber quem é ela – desviou os olhos, não queria que ele percebesse o quanto estava insegura “e se não fosse realmente passado?”, por outro lado SENTIA que eram lembranças, fantasmas que ainda o assombravam.

Severo respirou fundo, resignado. Sabia que teria que contar tudo a ela um dia, mas tentava adiar ao máximo essa conversa. Ele deveria ter imaginado que não poderia esconder seu passado de Hermione por muito tempo. Então era chegada a hora! Não a olhava nos olhos, pois não queria que ela visse o quanto aquelas lembranças ainda o faziam sofrer.

-- Na verdade, Hermione, quem FOI ela! – Suspirou – E você está certa eu a amei muito. Só descobri o quanto era apaixonado por ela quando estava cursando o 6º ano, na época tínhamos dezesseis. Ela era linda – seus olhos saíram de foco e ele os fixou em um ponto no infinito como se estivesse vendo um filme – mas não era só isso, era a mais inteligente, estudiosa, uma pessoa íntegra, única. Ela não se importava que eu fosse sonserino, me tratava como a qualquer outro aluno de Hogwarts. Naquela época eu já era fascinado por artes das trevas, entendia mais sobre o assunto que a maioria dos alunos do sétimo ano – seu rosto agora entristeceu, como se ele estivesse lembrando que foi por isto que tudo deu errado – Não soube identificar o sentimento que crescia em meu coração. – parou um pouco como que tomando coragem para continuar.

-- Já conhecia alguns dos seguidores do Lord das Trevas e era cotado para entrar para o grupo assim que terminasse a escola. E apesar dela me tratar como um igual e sempre ser cordial comigo, eu a ignorava. Uma vez cheguei até a chamá-la de sangue-ruim – olhou Hermione como se pedisse desculpas – só para magoá-la. Mesmo assim ela sentia algo a mais por mim, não me considerava um colega comum, não tinha preconceitos, me aceitava como eu era. Estávamos no final do quinto ano quando notei o interesse dela por mim. – ele sentou-se de costas para Hermione, não queria que ela visse a culpa que se estampava em seu rosto.

-- Já a amava, mas não aceitaria esse sentimento facilmente. Contudo percebi que ela me daria uma chance única de vingança. Nunca foi segredo para ninguém que Potter – falou o nome como se o cuspisse e Hermione sobressaltou-se à referencia do nome de Harry – era apaixonado por ela.

Hermione assustou-se. Então a mulher por quem Severo foi tão apaixonado era a mãe de Harry. Como foi burra de não perceber. Ele quase mencionou o nome dela no primeiro encontro de seus sonhos. Ela se concentrou e obrigou-se a prestar atenção nele.

Ele a olhava, havia dor em seu olhar, mas o que quebrou o coração de Hermione foi o arrependimento e a culpa que viu neles.

-- Eu me aproximei, começamos a namorar escondidos, em um passeio a Hogsmead aparecemos juntos. Foi a fofoca de Hogwarts por algum tempo; Líllian Evans grifinória, monitora, perfeita e Severo Snape sonserino, sombrio e amante das artes das trevas. Por algum tempo aproveitei minha vingança, Potter parecia que ia enlouquecer. – balançou a cabeça – Mas eu queria mais, e já tinha tudo planejado, ficaria com ela um tempo, iria seduzi-la e então iria deixá-la – ele ainda sentia um aperto dolorido ao dizer isto, mas Hermione merecia saber como ele foi canalha. Como o plano dele era sórdido.

Ela estava chocada, entendeu a intenção dele “ele iria levá-la para cama, iria transar com ela e depois descartá-la. Tudo por vingança.”

Severo percebeu, pelo olhar de assombro, que Hermione havia entendido seu plano. Seu olhar agora era de receio. E se a namorada achasse que ele era indigno de seu amor? Ele sabia que era e não poderia esconder isto dela para sempre. Ela merecia saber quem ele era de verdade. Ele tinha muitos pecados, muitos fantasmas. Por anos foi um verdadeiro Comensal da Morte, matou e torturou inocentes. Mas seu pior fantasma ainda era a lembrança do que iria fazer a Lillian, apenas para se vingar do Potter e de como fez sofrer a única mulher que amou. Severo respirou fundo, tentou manter a voz firme, olhou-a esperando ver ódio ou desprezo nos olhos dela, com esses sentimentos ele sabia lidar, mas não os viu e isto o deixou mais nervoso.

-- O plano perfeito! – falou sarcástico – Potter saberia que eu tive a única mulher que ele quis. – Uma lágrima correu pela face pálida dele.
Hermione sentiu um aperto em seu coração. Nunca imaginou que o veria chorando.

-- Então de repente descobri que estava apaixonado por ela, tudo que eu havia pensado em fazer na minha vida parecia perder a importância. A fortaleza que construí para me proteger do mundo ruiu como um castelo de cartas. Desisti de ser um Comensal da Morte, fiz planos para casar com ela quando terminássemos a escola – olhou-a rapidamente.

Hermione não conseguia entender como essa história poderia ter dado errado.

-- Mas eu nunca contei a Líllian sobre esses planos. Acho que ela se sentia insegura e eu nunca acreditei na sorte que tinha de ter uma garota como ela apaixonada por mim – Respirou profundamente. – Um dia tivemos uma briga, tive certeza de que ela não me amava como eu a ela. Tive raiva, eu estava desistindo de todos os meus sonhos para ficar com ela e ela parecia duvidar de meus sentimentos. Como fui tolo! Naquela noite presenciei uma reunião de comensais – sua voz tornou-se sombria ele passou as mãos pelos cabelos em sinal de desespero, balançou a cabeça. – Pode ser que o Lord tenha percebido algo em mim, mas acho que não, ele apenas sabia de minha história e achou que eu tinha grande potencial. O que importa é que pela primeira vez ele aceitou um comensal que ainda cursava a escola – Ele a olhou.

-- Por Merlim, Severo! Você colocou a marca em um momento de raiva! – Ela tinha uma expressão assustada com os olhos arregalados e as mãos tapando a boca.

Ele concordou.

-- Quando Lillian tentou esclarecer as coisas entre nós já era tarde. Por alguns dias eu ainda tentei achar uma saída. Sim, eu tentei! Mas não havia nenhuma. Eu não podia simplesmente voltar e dizer “sabe Lord das Trevas eu só coloquei a marca porque tinha brigado com a minha namorada nascida trouxa, e agora que já esclarecemos as coisas eu quero voltar com ela. Foi um prazer e até nunca mais”.

Hermione teve que sorrir ao imaginar a cena surreal.

-- Sabia que nunca conseguiria contar a ela o que havia acontecido. Por outro lado se contasse como estava arrependido Lillian iria querer enfrentar tudo para ficar ao meu lado – agora foi a vez dele sorrir tristemente ao pensar em como as duas mulheres de sua vida eram parecidas. Passou a mão levemente pelo rosto de Hermione – Então terminei tudo com uma desculpa boba e um sorriso cínico. Fui covarde. – balançou novamente a cabeça. – Sei disso.

-- Ela ficou muito mal, algumas amigas dela até tentaram vir conversar comigo. Até Lupin veio tentar saber o que tinha acontecido, mas não lhes dei confiança. Provavelmente Potter deve ter se aproveitado daquele momento de fraqueza dela e a conquistou. O odiei ainda mais. Eu precisava de uma defesa, conviver com o Lord das Trevas amando uma nascida trouxa Grifinória era quase como assinar uma sentença de morte. – sorriu e novamente acariciou o rosto da namorada – Então quando ela começou a sair com o Potter eu me convenci de que não me amava. – Olhou-a diretamente esperando a pior das reações dela – O resto da história você já conhece.

Ele sentia medo, isso mesmo. Severo Snape estava com medo da reação de Hermione. Não acreditava que ela pudesse entendê-lo. A moça ainda estava assustada, chocada mesmo com as revelações dele, mas o abraçou e o consolou. Não iria julgá-lo, ele já havia se arrependido e ainda sofria com isto, não precisava de ninguém lhe dizendo como havia agido mal, como estava errado, ele sabia.

Ficaram abraçados por minutos que se arrastaram, ele tinha o rosto escondido contra o corpo dela e Hermione achou que ele estava chorando, mas quando falou sua voz estava firme.

-- Tentei matar todo o amor que existia em meu coração, não consegui, mas sufoquei o quanto pude e o escondi ao máximo. Nunca mais me aproximei dela. Sabia que apesar de todo mal que eu tinha feito, Lillian havia superado a desilusão que eu lhe causei e não guardou mágoa. Isto doía mais do que se ela tivesse me esbofeteado ou me azarado. Ela me perdoou e isto me marcou para sempre.

-- O tempo passou, eu me tornei o comensal que todos esperavam que eu fosse. Nada me atingia, não tinha nada a perder. Uma noite estava no cabeça de Javali quando vi Dumbledore chegar para se encontrar com aquela charlatã da Trelawney. Eu os segui e ouvi parte da conversa. Naquela noite ela fez a profecia sobre a destruição do Lord, eu não pude ouvir tudo, pois fui surpreendido pelo barman e expulso. Contei ao meu mestre sobre a profecia, passei a fazer parte do círculo mais íntimo. Se ele tivesse sentimentos humanos poderia considerar-me seu amigo.

-- Apesar de nunca mais ter me aproximado sempre fiquei a par do que acontecia com ela. Soube de seu casamento com o Potter e depois da gravidez. Pouco depois o Lord nos reuniu dizendo que havia duas crianças que se encaixavam na descrição da profecia: Neville Longbotton e Harry Potter. Naquele dia algo em mim acordou e eu percebi o que tinha feito. Sabia que Ele não mediria esforços para destruir seu rival. Fiquei desesperado.

Ele segurava as mãos de Hermione, em alguns momentos a olhava, mas a maior parte do tempo fitava seu colo. Ela sentia que ele acariciava levemente as costas de suas mãos.

-- Meu amor por Lillian explodiu novamente, achei que o tinha matado, mas ele estava apenas adormecido e me tomou de assalto. Eu fiquei enlouquecido. Tinha que fazer algo para protegê-la. Eu havia jogado Lillian nos braços do Potter. Ela se tornou mãe do garoto que poderia destruir o meu mestre e ele iria matá-la. Eu precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa.

-- Na mesma noite procurei Dumbledore, lhe contei tudo que sabia, entreguei minha varinha e me dispus a acompanhá-lo ao ministério e me entregar aos aurores – Hermione estava novamente chocada, o arrependimento dele era tanto que ele estava disposto a passar o resto da vida em Azkaban para tentar proteger a mulher que amava.

Ele viu a expressão dela e sentiu um aperto no peito, talvez este tivesse sido o único ato de coragem que teve, mas não achava que ela devesse se orgulhar dele por isso, ele foi um covarde por tanto tempo sempre pensando no que era fácil e não no que era certo.

-- Dumbledore viu o quanto eu estava arrependido, e como prova da minha lealdade pediu que eu voltasse para o lado do Lord e me tornasse espião. Deu-me um emprego de professor de poções, eu sempre fui um dos melhores alunos em poções – Hermione fechou a cara ao lembrar-se do livro que Harry usou no ano anterior e que agora estava com ela – Dumbledore não quis me dar o cargo de professor de DCAT, já que na época o cargo parecia enfeitiçado e ele queria que eu permanecesse em Hogwarts por mais tempo.

-- Voltei para o lado do Lord, Lhe disse que havia convencido Dumbledore a me dar um emprego na escola e que assim poderia vigiá-lo de perto. O Lord sabia que ambos os casais eram membros da Ordem da Fênix e imaginou que Dumbledore tentaria protegê-los. Gostou muito da minha iniciativa, ganhei ainda mais pontos com ele. Depois de algum tempo Ele decidiu que iria atrás do garoto Potter. Eu avisei Dumbledore e então ele os protegeu com um feitiço fidélius. Fui autorizado a passar esta informação, ninguém saberia quem era o fiel do segredo, Ele percebeu que havia um espião entre nós. Foram meses tensos, torturou e matou alguns comensais. Desconfiava de todos, para minha sorte pouco desconfiou de mim, mesmo assim algumas vezes quase fui pego. Não conseguia mais agir como o velho comensal, não me divertia com as matanças, as festas, as torturas – sua face estava contraída. – Como já estava em Hogwarts não precisava mais ficar muito com eles. Às vezes Dumbledore liberava algumas informações para eu passar para o Lord e desempenhar meu papel de espião.

-- Mas o Lord havia conseguido um espião de verdade, nunca ninguém soube quem era, somente o Lord o conhecia. O plano do Potter e do Black teria sido perfeito, já que o Black era o fiel óbvio para o Potter, ele correria todos os riscos, era muito melhor que Pettigrew e mesmo que fosse atacado e ficasse sob maldição não poderia revelar o segredo. Seria perfeito se Pettigrew não fosse o traidor e assim foi fácil entrar na casa dos Potter naquela noite – Os olhos de Severo estavam novamente marejados, seu rosto tinha uma expressão de dor, o coração de Hermione se apertou.

-- Ela não entregou o menino – ele sorriu tristemente – quem conhecesse Lillian, um pouco que fosse, saberia que ela nunca entregaria seu filho à morte. Ela morreu para protegê-lo, isso destruiu o Lord e só não o matou por causa de suas Horcruxes.

-- Então é por isso que você odeia tanto o Harry? – Ela falou pela primeira vez em muito tempo. Severo olhou-a com carinho e sentiu seu coração aquecer ao perceber que não havia ódio nos olhos dela, lhe deu um meio sorriso.

-- Não só por isso, ele é igual ao pai dele e olhar para ele... – fechou a cara e a voz mudou um pouco – Droga, ele casou com ela, a minha Lillian – Hermione não pôde deixar de sorrir.

-- Bem, você “deu o fora” nela, não foi?

-- Eu sei. Os meus problemas com o Potter eram anteriores a Lillian, mas sempre que olho o filho vejo o pai. Exceto os olhos – falou com um suspiro – Quando penso que tudo poderia ter sido diferente, não sei o que é pior – sua voz morreu em um sussurro.

-- Então esse era o motivo pelo qual o Professor Dumbledore sempre confiou em você? – Ele a olhou com carinho e concordou com um aceno de cabeça. – E depois que Vold..., desculpe – ele fizera uma cara de dor – você-sabe-quem sumiu você não pensou em reconstruir sua vida? Sei lá, namorar, casar... – Ele a olhou, parecia querer sorrir.

-- Eu já sabia sobre as Horcruxes, sabia que ele voltaria. Demorou mais do que eu esperava, pra falar a verdade. Eu fiquei no meu posto aguardando para quando ele retornasse voltar para o lado dele e novamente exercer meu papel de espião. Antes de conhecer Lillian eu sempre quis ficar sozinho, achava que o amor era para tolos e fracos. A única vez que amei deu tudo errado então voltei à minha antiga postura, fechei meu coração, decidi que nunca mais iria amar. Me tornei o insuportável e frio Mestre de poções. Não deixaria ninguém se aproximar, não correria riscos, nunca mais deixaria que alguém me amasse – Hermione pareceu um pouco confusa, mas ele fingiu não perceber.

-- Então você apareceu – o coração dela deu um salto, os olhos de Severo se iluminaram e ele sorriu – No início a achava mais uma garota irritante como todas as que havia conhecido nos últimos onze anos. Muito mais inteligente é verdade – ela abriu um belo sorriso – mais ainda assim irritante. Com o passar do tempo, percebi em você algo mais que me encantou. Demorei a reconhecer o que estava acontecendo comigo, mas quando você estava com – parou fazendo as contas – quantos anos você tinha quando se meteram naquela confusão no Ministério?

-- Já tinha dezesseis – corou de leve. Ele também parecia mais corado.

-- Eu percebi que estava apaixonado por você. – Aproximou-se e acariciou levemente o rosto dela – Já estava tão acostumado a não ter sentimentos bons que novamente não notei o que acontecia comigo. Então quando a vi retornar bastante ferida e desacordada daquela aventura louca no Departamento de Mistérios, tive medo de perdê-la, de que algo ruim te acontecesse. Consegui esconder, mas não sufocar o que sentia. Só que Alvo notou e aí você já sabe. Eu não poderia deixar mais ninguém perceber, principalmente o Lord e os outros comensais, isto destruiria meu disfarce e colocaria você em perigo – Severo a abraçou como se quisesse ter certeza de que a presença dela era real.

-- Naquela noite em que tudo aconteceu – Hermione entendeu que ele se referia à noite da morte de Dumbledore – tentei proteger você e a Lovegood mandando que tomassem conta de Flitwick. – Virando-se para ela perguntou em tom curioso – até hoje não entendi como nenhum de vocês não se feriu naquela luta.

-- Harry tinha um pouco de Felix Felice e mandou dividirmos antes de seguir Draco e – desviou o olhar meio sem graça – você – Ele sorriu como quem diz “ele nunca confiou em mim mesmo”, deu de ombros e continuou.

-- Eu amava você, mas estava decidido a viver sozinho com esse sentimento, não iria deixar que você se apaixonasse por mim. Mas quem sou eu que não mando nem nos meus sentimentos, querer mandar no dos outros. – agora falando sem olhá-la – Assim como não merecia o amor de Lillian e ela se apaixonou por mim, sei que não mereço o seu, mas...

-- Eu amo você, Severo e não me arrependo disto nem por um segundo – ela estava séria, seus olhos brilhavam e no seu pingente a cobra parecia se aconchegar mais à leoa – e me desculpe, mas vou ter que discordar de você, eu acho que você tem sim o direito de amar e de ser amado – Ele ia tentar retrucar, mas Hermione não permitiu – Ela o perdoou, Severo. O seu plano era terrível, mas você não o executou, você se arrependeu e correu muitos riscos para provar esse seu arrependimento, você já pagou a sua dívida e continua querendo fazer algo.

-- Hermione, eu também te amo e quero ficar com você toda a minha vida.
Ela agora tinha lágrimas nos olhos. O beijou apaixonadamente e quando se soltaram ela ainda disse:

-- Nós vamos ficar juntos para sempre – ele controlou-se para não deixar transparecer o risco que vinha correndo com as ações anti-Voldemort que vinha executando.

-- Depois da aventura com o vira-tempo eu aprendi que existem coisas que simplesmente tem que acontecer – Hermione disse sorrindo.

Severo a olhava com a sobrancelha elevada.

-- Que aventura com o vira-tempo?

-- O Prof Dumbledore nunca lhe contou? – sentiu ela ficar tensa em seus braços.

Ele balançou a cabeça em negação, ela respirou fundo e o olhou diretamente tomando coragem.

-- Foi assim que salvamos Sírius no terceiro ano. – Severo bufou.

-- Suponho que o “salvamos” diga respeito a Potter e Weasley além de você.

-- Somente eu e Harry, Rony ainda estava desacordado.

Ele teve que se controlar. Afinal porque ainda ficava irritado com aquilo, o desgraçado do Black já estava morto. E ele tinha que aceitar que daquele crime ele era inocente. Hermione o olhava um pouco apreensiva.

-- Ok, me conte os detalhes! – sua voz estava muito controlada, mas tinha um leve toque “Mestre de Poções”. Ele não permitiria que ela escapasse.

-- Eu estive usando um vira-tempo durante aquele ano para assistir as aulas de todas as matérias. Você lembra, Fudje estava decidido a acreditar em você e não em nós ou em Remo – Severo tentou, mas não conseguiu controlar o sorriso – então Dumbledore sugeriu o uso do vira-tempo. Nós salvamos Bicuço – Agora Severo riu verdadeiramente ao lembra-se da revolta de Malfoy quando o hipogrifo “fugiu” inexplicavelmente – e na hora certa libertamos Sírius, voltamos para a enfermaria exatamente quando o Prof Dumbledore saía e dessa forma tivemos o álibi. – Ele parecia pensativo.

-- Porque você disse que algumas coisas precisam acontecer?

-- Você lembra que quando chegou para nos resgatar na beira do lago os dementadores estavam fugindo?

-- Claro! Nunca descobri quem teria conjurado um patrono tão forte capaz de afastar quase cem dementadores! – Ele a olhou curioso. – Aquele patrono era seu? – Ela sorriu para ele.

-- Você não chegou a ver a forma dele não é? – ele negou com a cabeça – Foi Harry que conjurou aquele patrono. Ele tem a forma de um Cervo.

-- Potter?! – ele parecia sinceramente surpreso – Cervo era a forma animaga de Tiago Potter – ele dizia para si mesmo. – Devo admitir que dessa vez o jovem Potter me surpreendeu.

-- Sabe Severo, eu nunca soube do seu envolvimento com, bem acho que posso chamá-la de Lillian – Severo concordou – E tenho certeza de que Harry também não.

-- Imagino que os amigos devem ter feito um acordo de não comentar esse “deslize” da Srtª Evans. – falou sarcástico, porém não parecia magoado com isso.

-- Acho que o Harry vai surtar o dia que descobri essa história – falava pensativa.

-- Tadinho do Potter!! Vai ficar chateado é? – não havia jeito, sentia ciúmes dela com os “amiguinhos” e pronto. Fechou a cara. Ela sorriu e percebendo o ciúme dele se aproximou para beijá-lo. Severo lembrou-se de algo e perguntou:

-- Porque você ficou toda irritadinha quando eu falei que era um dos melhores alunos de poções da minha época? – veio na direção dela para fazer cócegas. Tinha que agradecer que depois de todas aquelas revelações tensas haviam retornado a um clima mais ameno e romântico.

-- Eu sei que você era – sorria e tentava fugir dos dedos cosquentos dele – eu convivi com o “Príncipe Mestiço” o ano passado inteiro dando “dicas” a Harry nas aulas de poções.

Severo também ria agora, até se esqueceu das cócegas.

-- Pobre Príncipe, Hermione ele era um rapaz solitário, não tinha muito que fazer – veio na direção dela com um olhar cheio de segundas intenções. Abraçou-a e começou a beijá-la. Quando passou para o pescoço perguntou com a voz sussurrada:

-- Você não parece tão irritada com “ele” agora, o que aconteceu? – ela lhe lançou um olhar maroto, ele começou a descer a mão para abrir o nó do robe que ela usava.

-- Me apaixonei por ele. E ainda convenci Harry a me deixar ficar com o livro – ele a olhou interrogativamente – para ele disse que iria procurar qualquer detalhe que pudesse nos dar uma pista sobre onde encontrá-lo – ele já começava a acariciar a barriga dela – mas na verdade eu o guardo para me lembrar de você – ela suspirou, ele sorria sedutor. Passou uma das mãos em torno da cintura e com a outra segurou o pingente que repousava no colo nu dela. – Agora você não precisa mais do livro para se lembrar.

Voltou a beijá-la e foi deitando-se sobre ela, porém logo Hermione notou como já estava escuro e que provavelmente já passava das seis da tarde. Ela deu um pulo, empurrando Severo que se levantou com muita má vontade.

-- Por Merlim! Estou muito atrasada para voltar para a escola. O que vou dizer aos garotos – saiu catando suas roupas espalhadas pelo quarto e se vestindo rápido. Não haveria tempo nem para tomar um banho. Ele também se vestiu, mas estava ainda mais irritado com a preocupação dela com “seus garotos”.

-- Você tem que dar satisfações para aqueles moleques de tudo que faz é Hermione?

-- Severo, amigos se preocupam e eles são como os irmãos que eu nunca tive. Não precisa ter ciúmes – acrescentou assim que terminou de se arrumar.

-- Não estou com ciúmes – disse na defensiva, cruzando os braços na altura do tórax.

-- Severo!? – falou sorrindo – às vezes você parece que tem a idade deles – aproximou-se dele que estava sentado na cama e encaixou-se entre suas pernas, acariciou seu rosto – nem parece o homem seguro, um quase quarentão charmoso... – Ela o beijou, as mãos dele inicialmente na cintura, iam descendo para as coxas. Ela interrompeu o beijo novamente.

-- Tenho mesmo que ir embora, meu amor – se afastou. Ele segurou sua mão.

-- Vou com você – e antes que ela pudesse protestar falou – só até os portões – sorriu.

Ela concordou e ambos aparataram nos portões ladeados por Javalis alados que delimitavam Hogwarts. Aproveitando a noite escura se despediram com um beijo apaixonado e Hermione entrou nos jardins da escola apressada.

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Oie!!!! Aqui estamos com mais um capítulo. Ainda está melado, mas um pouco menos, não? Simplesmente adoro romances água-com-açúcar, por isso não consigo me controlar.

Carla Rosa e Ninha Snape - Obrigado pela força e que bom que gostaram da parte NC. O Beta adora comentarios, mesmo que sejam implicantes. Vamos tentar manter o ritmo de atualização. Beijos

Para Quem leu e nao comentou, obrigado também.

Beijões Ana

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