Sarx Idolorus



Capítulo 18: Sarx Idolorus






Eram as primeiras horas da manhã na casa número sete onde o tempo parecia
ter mudado por obra de mágica desde os dias que se foram rápidamente
Uma semana se passara desde os ímpetos de Lord Voldemort a Godric's Hollow.
O clima frio e gélido derramava sob o vilarejo uma neve fina e muito branca.
Harry assistia a neve cair lentamente sob as quase reconstituídas casas bruxas
clássicas e muito bonitas, a pouco destruídas pelas trevas. Não fosse pelas
prodigiosas habilidades de Hermione em executar perfeitamente o feitiço Fidelus
em Rony para criar o fiél segredo, a própria casa deles não estaria como está.

A neve continuava a cair em flocos e se chocar graciosamente contra sua janela.
Harry tinha seu rosto colado contra a vidraça fazendo com que ela se embaçasse
com sua respiração esbaforida. Isso o fez lembrar certa vez quando ele esperara
a janela na velha casa dos Dursleys, onde passara sua infância e férias de verão.
Na ocasião Harry esperava por um de seus melhores amigos, Alvo Dumbledore. Amigo
esse que o garoto sabia que jamais iria rever. E com um leve pesar Harry revirou-se
Mudando o alvo de seus pensamentos para seus turbulentos problemas.

Mas algo parecia anuviar-se em sua complicada situação, estava claro que Voldemort
já não ansiava por sua morte do mesmo modo como fizera a anos atrás. Parecia
demasiado empolgado com sua vitória contra a comunidade bruxa para se importar
com ele. E parecera que por fim considerara que Harry não lhe oferecia o perigo
que todos dizem uma vez que sempre em que houveram confrontos Harry só escapou por
sorte e ajuda de outras pessoas em sua fuga. Mas o fato de ser menosprezado por
Voldemort não o enraivecia. Pelo contrário, o tranquilizava, uma vez que teria
seu caminho um pouco mais livre para destruir as Horcruxes e por fim ter uma
chance em um duelo final e nada fácil contra o bruxo das trevas mais poderosos
de todos os tempos, Lord Voldemort.

Isso o despertara novamente para as Horcruxes, na última semana, ele e
Hermione discutiram várias teorias e hipóteses de possíveis Horcruxes, lugares
onde acha-las e se a ordem dos oráculos poderiam ajuda-lo de fato a destruir as
Horcruxes. Harry fez então um resumo mental sobre a situação corrente, o diário,
estava destruído. O anel, Destruído. A taça, capturada e inofensiva escondida
no quarto de Harry. O medalhão de R.A.B, paradeiro desconhecido, sem saber sequer
se foi destruído. A cobra, era uma hipótese uma vez que quando entrou em sua casa
para matá-lo, Voldemort precisava de mais uma horcrux. Sendo assim, o velho trouxa
poderia ter cedido a chance de transformar Nagini em sua última horcrux.

Poderia haver mais alguma coisa de Havenclaw ou de Grifindor. Em suma, as Horcruxes
representavam algo de importante na história de Ridlle, coisas como troféis.
Em meio a tudo isso, o jogo iminente que se aproximava contra a Cruz de Samarin
pareceu a Harry um problema facilmente vencível e contornável. O fato era que
a neve era um fenômeno excepcionalmente lindo para se assistir, mas nada bom
para a prática do esporte que se tornara profissão para Harry, o Quadribol.

O céu muito branco e as ruas vazias davam a Harry a impressão de dia morto, o
que de fato quase o levou a adormecer novamente enrolado em suas cobertas
confortáveis ali mesmo na janela. Foi quando um barulho de madeira anunciou
que alguem batia na porta de seu quarto, e antes que Harry se desse conta do
que estava acontecendo, a voz de Hermione anunciou sua presença.

-Harry!

-O que há Mione? -Perguntou Harry desenrolando-se das cobertas e vestindo um suéter
cor de vinho com um grande pomo de ouro no centro do peito tecido uma vez pela
Sra.Weasley.

-Chegou uma carta pra você! Uma coruja acaba de entregar lá na cozinha! Vou
passa-la por debaixo da porta, pegue-a. -Disse a voz de Hermione abafada pela
madeira da porta.

Harry assistiu um envelope deslizar por baixo da porta fazer uma circunferência
no ar e deslizar novamente com graça até os pés de sua cama. O garoto levantou-se
e apanhou o envelope. Ao abrir percebeu uma letra apertada e estranha.






Prezado Harry Potter,





Gostaria que me acompanhasse em exatas
duas semanas, se assim for possível, na
minha expedição as pirâmides Aztecas.
Eu o advirto que pode ser potencialmente
perigoso, portanto, vá somente se achar
que esta inteiramente capacitado.
Seu pai adorava aquele lugar, acho que
você também saberá apreciar. E existe uma
suspeita sobre sua família que acho que
deveria saber. Envie-me a resposta assim
que se decidir ok? Sem mais delongas,
um abraço!




Hebert Calli







Harry guardou o envelope já apanhando outro pergaminho vazio e escrevendo
seu sim imediato. Não tinha o menor medo de pirâmides de antigas civilizações
bruxas uma vez que tinha de enfrentar o maior de todos os perigos atuais,
Lord Voldemort.

Uma coisa na carta despertara sua curiosidade e atenção."E existe uma
suspeita sobre sua família que acho que deveria saber." Que suspeita seria essa?
Harry riscou rapidamente a resposta e enviou ao Sr.Calli.







Sr.Calli.






Como eu já lhe disse antes, eu realmente
vou gostar muito. Sendo assim, pode contar
comigo na expedição. Em duas semanas estarei
a esta hora da manhã nos portões limite de
suas propriedades. Há algo de especial que
eu deva levar? E... Me desculpe senhor...
Algo que eu deveria saber? Pode ser dito por
carta? Até mais. Aguardo resposta.





Harry Potter





Edwiges desceu de cima de sua grande gaiola nova e apanhou o envelope muito
alvoroçada. Parecia contente de ter trabalho a fazer. Harry saiu do quarto
imaginando quando chegaria a resposta. Ao chegar na cozinha viu Aberforth
e Rony conversando.

-Harry! Bom dia! -Cumprimentou o velho bruxo.

-Oh! Alô Aberforth! -Cumprimentou Harry entre feliz de ver o amigo bem e
curioso no motivo de sua visita.

-Gostaria de agradecer a você e a senhorita Granger por me ajudarem com o
Voldemort. -Disse o bruxo sorridente.

-Ah, não foi nada Aberforth. Bom saber que já esta melhor. -Respondeu Harry
puxando uma cadeira e se sentando ao lado de Rony.

-Bem, de qualquer forma eu preciso ir... Tenho um compromisso inadiável no Cabeça
de Javali. Até mais e mais uma vez obrigado Harry! E, Rony seu pai quer muito ve-lo.
Não se esqueça de ir visita-lo hoje a noite.


-Certo. estarei lá. -respondeu Rony.

Quando Aberforth finalmente se retirara aparatando dos jardins da casa
Rony falou:

-Ei Harry, acho que não vai dar pra assistir o seu jogo hoje cara... Vu ver meu pai
e os gêmeos. -Lamentou Rony.

-Qual é Ron!? Não esquenta. Óbvio que isso é o melhor a se fazer! -Respondeu Harry
prontamente.

Hermione vinha muito quieta e concentrada lendo alguns pergamihos quando de súbito
perguntou a Harry:

-Harry, sabe as dores e queimações na cicatriz que você diz ter quando
Voldemort se aproxima?

-Claro que sim Mione. Porquê? -Perguntou Harry curioso.

-Elas podem atrapalhar potencialmente você em um caso de duelo direto?

-Creio que sim... Quanto menos obstáculos melhor não é? Você não
está pensando em lixar a minha testa está? -Perguntou um sarcástico Harry sorridente.

-Claro que não Harry. Mas... Ah, esquece... -Respondeu a amiga.

-Uma vez esquisita, sempre esquisita... -Disse Rony também sorrindo porém parando ao
olhar congelante de Hermione.

-... Bem, quer dizer... Errr... Esquisita, mas é a MINHA esquisita! -Embaraçou-se Rony
fazendo Harry sufocar o riso e a própria Hermione sorrir em seguida.

-Tudo isso é medo Ron? -Perguntou uma divertida Hermione.

-Bem... Talvez um pouquinho... Mais é mais pelo fato de eu não querer cozinhar nem
lavar pratos...

-Não há mal nenhum nisso... Três segundinhos se você não agir feito
trouxa... -Respondeu Hermione.

Os três continuaram num clima bem humorado até que Rony cuspiu seu café em cima
do jornal que acabara de abrir.

-Se o café está ruim Ron, é só falar, não precisa sair por aí cuspindo
ele fora. -Disse Hermione.

-MUNDUNGO! MORTO! -Gritou Rony exasperado abrindo o jornal úmido de café cuspido
sob a mesa para que todos vissem.

Era justificavel o fato de Rony ter cuspido o café uma vez que a cena era altamente
nausenate. A foto que se mexia no jornal, deixava bem claro que quem o matara não
usara o Avada Kedavra. Uma vez que apresentava sinais explícitos de violência e
crueldade. O rosto de Mungungo outrora atarracado de barbas ruivas agora estava
banhado em um liquido escuro na foto preto e branca do jornal, mas HArry poderia
jurar que aquele líquido era de cor escarlate, sangue.

Vários aurores observavam o corpo com atenção a procura de pistas.
Embora para Harry parecece óbvio a participação de Voldemort.
Entre os aurores estava Quin Shacklebolt.

-Bem... Era o meio de vida dele... Sempre foi arriscado. -Concluiu Rony.

As horas seguintes do dia pareceram pesar em Harry mais do que nos outros.
Mundungo estava morto, talvez pelos comensais da morte e pelo próprio Voldemort.
Mas, diferentemente do que o resto do mundo, Harry sentia impulsos e vultos
da mente de Voldemort de vez em quando, e os poucos vestígios incontidos que lhe
restavam davam a ele uma alegria que não era um bom agouro.

Voldemort estava feliz com a morte de Mundungo. Mais feliz do que deveria com uma
simples morte de alguem nem tão importante. Mas algo estava decididamente perfeito
para Voldemort. Lucrara algo inestimável com essa morte e Harry nada poderia fazer
para descobrir o que era.

Harry suou frio durante um tempo. Tão grande era sua distração que o garoto nem
percebeu quando Hermione e Rony sairam para a Toca.
Aquilo deveria sair de sua mente. Não podia perturba-lo. Não hoje.

Apenas duas horas separavam Harry do segundo jogo do campeonato Inglês de Quadribol
pela taça Merlin.

Mas Harry descobriu que não mais se concentraria depois daquele minuto.
Ele estava sentado a uma poltrona velha e mofada dando ordens a Severo Snape.

-Snape, quero que vá até Godric's Hollow no túmulo você sabe qual e pegue
aquilo para mim! Não deixe que te vejam! Hoje é preciso não chamar atenção.

-Como quiser Milorde! -Disse Snape levantando-se da reverência e desaparatando.

Harry levantou-se de um salto novamente em seu corpo. Em segundos Severo Snape estaria
ali ao seu alcance no cemitério. Ele levantou-se e correu para o cemitério empunhando
sua varinha. Ao chegar lá ele se arrependeu de não ter apanhado uma roupa de frio, pois
a neve congelante lhe incomodava. Mas não havia tempo pra isso, pois um vulto de capa
negra surgiu por entre os túmulos do cemitério. O andar de capa esvoaçante dava a
impressão de se tratar de um grande morcego.

Harry pensou em ataca-lo, mas antes gostaria de ver qual era o túmulo. Quase que
por instinto Harry pensou que fosse o túmulo de seus pais. Foi então que se tornou
terrívelmente óbvio pra ele. O colar de sua mãe. Era a última Horcrux. Não era Nagini.
Severo apanharia a Horcrux e Harry não mais a recuperaria. Mas, essa terrível teoria
provou-se falsa quando Snape contornou o mausoléu dos Potters e seguiu pela trilha
ladeada de covas cobertas por neve que davam uma sensação de agouro e depressão.
Harry podia sentir o cheiro da morte pelo ar.

A neve cobria seus tornoze-los quanto Snape finalmente parou.
Ele estava de frente para a estátua imponente de Godric Griffindor.
Foi quando Snape ergueu a varinha. Harry ficou atento a cada gesto de Snape.
Mas pareciam tão estranhos... O que estaria ele fazendo?

A resposta foi fria como a morte. Um braço gélido agarrou o braço de Harry o
fazendo arrepiar até seu último fio de cabelo. Apenas algumas frações de segundos
após Snape gritar:

-IFERIOUS!

Um cadáver se agarrara a Harry o segurando de um modo muito firme, logo, outros
cadáveres começaram a se aglomerar por cima do garoto. Era algo desesperador.
Vários Inferis o agarravam e tentavam lhe dar mordidas. Snape sorriu e desaparatou
carregando algo nas mãos. Um dos Inferis deu uma torção particulamente forte no
braço de HArry.Mas o garoto conseguiu se recompor dessa vez. Não se entregou ao
desepero como fizera da última vez que avistara inferis. Pois agora não teria
Dumbledore pra lhe salvar. O garoto lembrou dos conselhos no testamento de seu
velho amigo.



"...Enquanto lembrar de tudo que te ensinei, uma parte de mim estará
com você, pois como eu ja lhe disse uma vez, as pessoas que amamos
nunca nos deixam completamente! E lembre-se Harry, é possível achar
a calma mesmo nos momentos mais difíceis...é só você lembrar de
acender a luz..."



E logo em seguida Harry lembrou-se da frase que Dumbledore lhe disse no dia
de sua morte em relação aos Inferis.



"...Mas, como muitas criaturas que habitam o frio e a escuridão, eles
temem a luz e o calor que evocaremos em nosso auxílio, se houver
necessidade. Fogo, Harry..."

Foi quando ele ergueu a varinha e gritou:

-INCENDIO! LACARNUM INFLAMARE! FLAGRATE!

Os inferis foram caindo um a um. Até que todos haviam sumido se esgueirando
de volta para o lugar de onde vieram. Harry escapara. Porém, seu braço doía
em demasia. Mas Harry não estava feliz. No contexto geral, foi uma derrota.
Snape conseguira o que queria e ele estava razoavelmente danificado.

Ele queria gritar. Deixara Snape escapar com o que Voldemort queria bem
debaixo de seu nariz

Muito frustrado, Harry voltou para casa a tempo de tomar um banho e se
aprontar para o jogo. Faltavam mais ou menos meia hora até que o jogo
começasse quando Harry aparatou na porta do estádio.

-HARRY! -Cumprimentou o Sr.Ridic.

-Alo Sr.Blatent. -Respondeu Harry.

-Pronto para o jogo hoje?

-Meio machucado... Braço esquerdo. Mas farei o melhor que puder.

-Isso não é bom meu filho. Mas vamos, de qualquer forma vamos lá pra dentro
pois o estádio já está cheio!

Harry aguardou junto aos seus companheiros de equipe ansiosos até a hora da partida.
Mas enfim chegara. Um a um todos foram adentrando o clarão de luz e recinto de gritos
ensurdecedores da enorme torcida que lá estava.

Os coros de seu nome eram enormes.

-HARRY! HARRY! HARRY!

Seu braço dolorido segurava vagamente o cabo de sua moderna vassoura. Seria aquele
o empecilho que o separaria da vitória?

Harry deu uma volta de exibição para os fanáticos torcedores apreensivos. Mas não
os brindou com muitas manobras espetaculares devido ao torce de seu braço.

Enfim, quando os capitães apertaram as mãos e o juiz apitou Harry se sentiu,
talvez pela primeira vez na vida, perdido em um jogo de Quadribol.
Seus reflexos cansados e nada concentrados estavam lentos. o frio violento
dos flocos de neve congelaram sua mão boa no lustroso cabo da vassoura em questão
de segundos e seu braço livre estava doído e dificilmente conseguiria agarrar o pomo
hábilmente.

Mas a derrota não era aceitável. Milhares de bruxos assistiam aquela partida.
Não era mais como em seus tempos de Hogwarts.

Foi perdido em seus problemas que Harry percebeu que Guga Jones, a melhor jogadora de
seu time levara um balaço na cabeça e fora arremessada violentamente contra a baliza.
Harry viu os pequeninos homens lá embaixo resgatarem a garota numa maca.

Para Harry não havia se passado nem um minuto desde que entrara em campo, mas o
placar mostrou vinte a zero com assustadora rapidez. E pra piorar, estavam sem Guga.

-Ei Harry! Acorda! -Gritou Luca apontando para um balaço que chegava rapidamente em
sua direção.

Harry desceu com o máximo de velocidade que pôde para evitar o choque com o balaço,
mas a bruta bola negra continuava em seu encalço. Foi quando Harry viu a silhueta de
Johnson, um jogador de Samarin se aproximar.

Era a chance de equilibrar a partida para os artilheiros recuperando-se da perda
de Guga, e de quebra se livrar do balaço. Harry chegou a poucos metros do artilheiro
adversário dando-lhe um grande susto e subiu tão rápido que o oponente nem viu o que
o atingiu.

O balaço o acertara em cheio no peito e o fizera voar mais de dez metros de distância.
O inerte jogador estava sendo socorrido no exato momento em que Harry via o pomo.

O minúsculo ponto dourado brilhava a sua frente correndo na direção oposta a de Harry.
Chegariam ao mesmo ponto em instantes.

Harry esticou o braço para garantir a vitória para os Harpias quando foi jogado para
o lado pelo apanhador do Cruz de Samarin. Um Italiano muito forte que o atingira com
o ombro no braço machucado.

Harry contorceu-se de dores sob a vassoura quando o pomo chegou a sua altura.
O apanhador adversário estava em clara vantagem. Esticou o braço estava lá, a poucos
milimetros, quando o Pomo mudou radicalmente de direção fazendo o punho do homem
se fechar inútilmente no ar.

Harry inclinou-se na vassoura seguindo o pomo. O braço machucado esticado, latejante
de dor. Mas isso não importava, ele tinha de pegar aquele pomo. O vento gelado embaçava
seus óculos. Harry não via quase nada. Uma vez Hermione usara um feitiço para isso.
Qual era mesmo o nome?

Harry pensou por tempo demais, até que um balaço o atingiu na costas o arremessando pra
frente da varinha. Os homenzinhos o apanharam na maca dizendo:

-Puxa... O jogo está pegado hoje! Já é o quarto a cair! Você está bem?

Harry sentiu o braço dez vezes pior, mas ainda estava em condições de vôo. Então fez que
sim com a cabeça.

-Pode desembaçar meus óculos por favor? -Pediu o garoto.

-Claro que sim meu caro... Impervious! -Disse um paracurandeiro atarracado- Boa sorte!

Harry observou claramente o campo. Agora a história tinha mudado.
Pôs a mão sobre a vassoura e gritou corajosamente:

-SUBA!

A vassoura se levantou de imediato parando em sua mão.
Harry a montou e deu um impulso tão forte que sentiu um floco de granizo
riscar seu rosto lhe cortando a face.

O narrador gritava sob a magia Sonorus:

-...E Harry Potter é mesmo um apanhador de garra! Em meio ao seu rasante foi
violentamente atingido por um balaço, contudo, o rapaz retornou ao campo!
Um esforço heróico e herculóido de nosso jovem apanhador do Harpias!!!

Harry se sentia muito doído, mas sem um apanhador o time não teria chances
de vitória. Quando Harry olhou o placar ele estava favorável.
Cento e noventa a cinquenta. A Cruz de Samarin parecia prestes a cobrar um
pênalti. Harry tinha mais visibilidade embora menos mobilidade. Seus membros
doíam, não só o braço como suas duas pernas e o outro braço. A queda fora muito
forte. E Harry começava a pensar que levantar-se e voltar a campo havia sido uma
péssima idéia.

Mais não teve tempo pra pensar em suas dores quando percebeu outro balaço
vindo em sua direção. Harry esquivou com um complicado giro da preguiça que exigira
um doído esforço de ambas as mãos.

Harry nunca estivera tão desconcentrado antes em uma partida. Tudo que podia ter
dado errado, dera errado pensou ele. Snape escapa, Voldemort contente,
inferis o lesionam, o tempo está ruim, a neve embaça seus óculos, o balaço o atinge,
seu corpo dói e para se somar aos révezes de Harry, o apanhador adversário se atirou
com violência contra os céus enegrecidos onde um minúsculo brilho dourado voava
displicentemente.

Harry subiu com ferocidade dando tudo de si, suas dores clamavam por desistência
mas sua mente clamava por vitória. Harry ficou lado a lado com o apanhador adversário.

Um balaço vinha no encalço dos dois, a neve já não era mais problema, tamanha a altitude.
Foi quando o pomo virou-se pra esquerda facilitando-se para Harry. Era agora. Ele ia,
como tantas outras vezes, por um fim a uma partida de Quadribol.

Ele esticou o braço esperançoso, o apanhador adversário tentava se recompor numa
investida contra ele, mas nada mais poderia ser feito, o pomo estaria capturado.

Mas quando Harry acreditou estar prestes a alcançar o fim do jogo, o balaço que os perseguia
acirrou as coisas. Seu braço foi violentamente atingido pelo balaço fazendo um barulho
agourento de membro quebrado. Similar ao que ele ouvira no segundo ano durante os ataques
do balaço errante, enfeitiçado por Dobby, o elfo doméstico.

-AH! -Gemeu Harry recolhendo o braço e perdendo velocidade.

-CUIDADO POTTER!!! -Gritou o adversário. Harry quase caiu da vassoura ao desviar-se do
balaço em seu retorno.

-OBRIGADO! ...PENSEI QUE QUISESSE GANHAR... -Respondeu Harry gritando em agradecimento,
ainda perseguindo o pomo.

-E QUERO! MAS ISSO NÃO SIGNIFICA QUE VOCÊ TENHA DE MORRER! OLHA ESSA ALTURA! -Respondeu
Frantiesco.

Os dois apanhadores começavam a perder o ar, tamanha era a altura em que os dois estavam.
Uma descompressão começou a espremer a cabeça de Harry fazendo-a latejar. O mesmo ocorreu
com o adversário que tinha uma expressão de sofrível esmagamento.

Para a sorte dos dois o pomo virou-se e atirou-se numa descida vertical para o solo.
Ambos o imitaram, mas era óbvio que seguir sem reduzir a velocidade era suicídio.
A pressão do ar se encarregaria de explodir seus neurônios. Os dois continuavam em sua
disputa de descida vertical gradativamente reduzindo e aumentando de novo a velocidade.

Aquela disputa estava sendo muito mais longa, cansativa e dolorosa do que Harry jamais
imaginara. Seu suor e sangue demonstravam sua vontade de vencer. Mas o oponente era
talvez igualmente prodigioso, e estava em perfeitas condições físicas enquanto Harry
estava cada vez pior, e pilotava a vassoura somente com uma mão enquanto a outra se
recolhia contra o abdômem. Enfim o estádio começou a resurgir por entre as nuvens negras
e carregadas. As luzes lá embaixo mostravam espectadores apreensivos e na espectativa.
estava claro que nada agradaria mais a eles do que assistir uma partida tão emocionante
e duradoura.

Os dois deram um rasante pelo gramado coberto de névoa criando rastros
feitos pelo vento das vassouras, que por onde passaram revelaram um
gramado verde e muito bem tratado por debaixo da grossa camada de neve.

Harry não conseguiu ouvir os comentários do narrador, tampouco dar
uma olhada no placar. A velocidade não permitia ouvir nada que estivesse
inerte. E sua atenção ao pomo não lhe permitia o atrevimento de olhar o
placar. Cada segundo era importante. O pomo fazia zigue-zagues intensos,
mas era sempre acompanhado pelos dois apanhadores excepcionalmente habilidosos.

O pomo começou a tremular para a esquerda, privilegiando Frantiesco
dessa vez. Harry empurrou o adversário com o ombro sentindo muito
provavelmente mais dor do que ele. Essa tentativa de se antecipar para
o pomo não tivera o efeito que ele esperava, mas de fato retardara a
vitória de seu oponente, uma vez que bloqueara sua passagem.

O pomo se aproximou das arquibancadas, seguido de perto por Harry e
Frantiesco que estavam tão rápidos quanto se poderia estar com as
vassouras. Talvez estivessem no limite da velocidade. Talvez fosse
um novo recorde, mas isso não interessava no momento. Não enquanto
aquele ponto dourado e veloz continuasse a voar. Não enquanto ele
não estivesse nas mãos de Harry. Parado e obediente.

Os rostos das pessoas eufóricas e anciosas não passavam de meros
vultos e borrões diante da perspectiva de Harry. O pomo descreveu
um círculo completo por entre o estádio e despencou para o gramado.
Os dois apanhadores mais pareciam gladiadores em sua raça e força
de vontade para disputar a vitória.

Mesmo machucado, Harry conseguiu fazer um rasante perfeito. Algo
difícil de se fazer até em suas melhores condições, mas, para seu
lamento, Frantiesco estava logo ao seu lado novamente conseguindo
realizar a manobra tão bem quanto ele.

Diferentemente da outra partida, Harry não conseguia assistir os
outros jogadores. Sequer sabia quanto estaria o placar, sequer sabia
quanto tempo se passara desde que entrara em campo. O fato é que sua
frustração no cemitério ja parecia ter dias de distância.

O pomo retomara seus zigue-zagues dessa vez próximo a baliza do gol.
A única coisa que Harry percebera era que o goleiro estava sendo
arremessado por um balaço pra longe. Mas de tão desnorteado em relação
a qualquer coisa que não fosse o pomo ou Frantiesco, Harry nem ao menos
sabia em que parte do campo estava. Seria quele o goleiro adversário?

Mas antes de chegar a uma conclusão, Harry teve de jogar todo seu peso
e impulso para cima. Pois logo ao seu lado vinha o balaço novamente,
dessa vez rebatido por alguem. Harry que estava a pouco do lado de
Frantiesco bloqueou sua visão ao balaço, e sua esquiva repentina tirara
todas as chances do rapaz se esquivar, ele caiu pouco depois de ouvir
o inútil aviso incompleto de Harry.

-CUIDAD...

As pessoas estavam pasmas com a emoção da partida, agora ela
parecia ter se decidido. Sem um dos apanhadores o fim do jogo
era uma questão de tempo.

Harry continuou seguindo o pomo mais ousado e veloz com o qual
já jogara até hoje, sempre sendo ligeiramente enganado e compensando
o lapso em velocidade logo após. Ao passar rente a torre de onde era
transmitida a narração, Harry ouviu algo como:

-...INCRÍVEL!!! É A SEGUNDA VEZ SÓ NESSE JOGO QUE UM
JOGADOR ATINGIDO POR UM BALAÇO CONSEG...

O que significaria aquilo? A resposta lhe deu um impulso forte por
trás da vassoura. Alguém estava colidindo com ele.

-ADIVINHA QUEM VOLTOU POTTER??? -Zombou Frantiesco sorrindo para Harry.
O apanhador já deixara bem claro, e agora confirmara, que não eram
inimigos. Mas sim rivais, dispostos a superar seus próprios limites
para vencer aquela partida, pois encontraram ali alguém a altura de se
competir. Um verdadeiro desafio.

-FRANTIESCO! -Exclamou Harry- JÁ QUE ESTA DE VOLTA ME RESPONDE UMA
COISA, QUAL É O GOSTO DO BALAÇO? -Perguntou o garoto sorrindo.

-HAHA! MUITO SAGAZ HARRY! É MESMO UMA HONRA DISPUTAR CONTRA VOCÊ!
MAS QUEM VAI ME RESPONDER É VOCÊ! E A PERGUNTA É: QUAL É O GOSTO
DA DERROTA POTTER?

Ao dizer isso ele se inclinou o máximo na vassoura tomando a dianteira.
Harry o imitou trombando contra ele. Quando o ombro de seu braço ruim
deu uma batida particularmente forte contra Frantiesco ele desejou não
ter o feito.

O pomo virou-se para cima, depois inclinou-se para trás e desceu
novamente fazendo os apanhadores descreverem um verdadeiro looping
no ar aplaudidos de pé pelo estádio lotado.

Aquela disputa era realmente um show a parte. uma partida que muito
provavelmente entraria para a história, e Harry estava decidido a ganhar.

Os dois estavam em plena perseguição ao pomo de ouro, visívelmente
desgastados. Se haviam se passado trinta minutos, ou oito horas ele
não saberia dizer.

Seu braço direito tinha a missão de pilotar a vassoura e pegar o pomo,
mas sem saber porque, seu corpo parava de tempos em tempo de reclamar
as dores. Talvez fosse pela ansiedade... Talvez pela emoção da partida...

Foi quando algo decisivo aconteceu, o pomo cortou para a direita em um
aspecto visívelmente vacilante em sua curva excessivamente demorada, era
a chance.

Harry atirou-se com toda sua força restante pra cima do pomo. Seu ímpeto
fora tão demasiadamente forte que ele talvez não se reerguesse mais de um
possível erro. Atirara-se com o braço estendido e esticado ao seu máximo.
Era possívelmente o ato da vitória. E de fato, Harry apanhou.

O estádio inteiro aplaudia e gritava ensurdecedoramente e com mais força
do que Harry jamais vira. E talvez jamais veria novamente. Ambas as
torcidas estavam comemorando juntas, talvez não pela vitória, mas pelo
espetáculo.

O rosto de Harry aliviou-se por uns segundos, segundos esses que demorou
ele até perceber o que ele apanhara. Quando finalmente se tocara do que
realmente havia acontecido.

Harry se lançou em seu ímpeto, mas a vantagem de lado era de Frantiesco,
que aplicara igualmente seus últimos esforços na captura do pomo, e por
uma fração de segundos, apanhou o pomo antes que Harry pudesse por as mãos
nele, fazendo com que Harry alcançasse somente as costas de sua mão.

Harry soltou a luva de seu oponente. Por uns momentos permaneceu sem
reação. Ambos estavam desmontados de sua vassoura e apoiados frouxamente
sobre pernas cansadas.

Harry olhou pro rosto contente, porém humilde de seu rival e percebeu não
haver vangoriação ou ressentimento. Foi quando Frantiesco estendeu a mão
para ele e disse:

-Uau... Que jogo hein!?

-É... Que jogo... -Respondeu Harry oferecendo a mão boa para seu
adversário e sorrindo.

-Muito bom jogador Potter! ... Espero que joguemos de novo
qualquer dia.

-É. Eu também. E pode ter certeza de vou querer a minha
revanche! -Disse Harry ainda sorridente.

O gesto pacífico entre os dois aumentou, se é que era possível,
a explosão de aplausos na multidão. Mas faltava uma coisa. O resultado
final. O jogo demorara tanto tempo que os gols seriam cruciais para
o resultado. Quem teria ganhado?

Harry estava muito exausto e ferido, mas aguentaria mais um pouco
para saber quem vencera o confronto. E sua grande surpresa foi
quando o narrador retomou a fala:

-FOI CERTAMENTE UMA DAS DISPUTAS MAIS ACIRRADAS DE TODOS OS TEMPOS!
E O PLACAR SÓ CONFIRMA ISSO. COM MIL QUINHENTOS E SETENTA PONTOS,
A EQUIPE QUE CAPTUROU O POMO DE OURO, A EQUIPE DE ESTRANGEIROS QUE
CHEGOU AO CAMPEONATO INGLÊS EXATAMENTE UM SÉCULO ATRÁS, E PROVOU SER
MERECEDORA DE TODA A HONRA E GLÓRIA QUE CONQUISTARAM... A CRUZ DE SAMARIN!!!

A torcida de branco e vermelho gritava e aplaudia frenéticamente.
Mas Harry sentiu um leve pesar no fundo do estômago. Mil quinhentos e setenta
pontos era um placar demasiadamente amplo. Harry duvidava que seu time pudesse,
mesmo com sorte ter feito metade desses pontos. Ainda mais a somar o fato de que Guga
Jones fora atingida por um balaço e saira do jogo. Ela era com certeza a melhor
artilheira que ele já vira jogar.

-...E A PRIMEIRA EQUIPE FORMADA POR REPRESENTANTES DO SEXO FEMININO A POUCO
MAIS DE DOIS SÉCULOS, CRIANDO ASSIM UM MARCO NO QUADRIBOL E INSERINDO AS MULHERES
NA COMPETIÇÃO, A EQUIPE HOJE ALTERADA E NÃO MAIS FEMINISTA, A HERÓICA EQUIPE DAS
HARPIAS DE HOLYHEAD, COM EXATOS MIL QUINHENTOS E SETENTA PONTOS!!! ISSO MESMO!
FOI UM EMPATE!!!

A torcida de verde, branco e preto se ergueu gritando e cantando o hino do clube.
Harry estava com o ânimo na altura do volume do cântigo emanado pela sua torcida.
Os esforços pra prorrogar o jogo e equilibra-lo haviam tido êxito. Não perderam afinal.

Os paracurandeiros chegaram até Harry e o mesmo bruxo que o ajudara com o feitiço
Impervious esticou seu braço e gritou:

-BRAKIUN EMENDO!

Harry temeu ao ouvir isso. Uma vez o professor Lockhart tentara
realizar essa magia, mas com sua falta de habilidade acabou sumindo
com todos os ossos do garoto.

Mas, como tratava-se de um profissional, Harry não estranhou ao sentir
alivio imediato e sentir seu braço inteiro novamente.

-Meu jovem, só pra garantir é bom imobilizar esse braço. E é aconselhavel
que permaneça assim por duas horas pelo menos. FÉRULA! -Disse o bruxo
atarracado conjurando ataduras que cobriam uma tala ao redor de seu braço.

Harry retornou a sua casa após uma grande comemoração pelo jogo no salão
do estádio. Era um Hall muito chique e bonito cheio de detalhes caros e
brilhantes.

Mas Harry não comemorou com a mesma intensidade dos outros. E não
estranhou ter ficado feliz com o fim da festa e ter de ir embora
para sua casa.

Os primeiros raios de Sol atingiam a praça da totalmente reconstruída
Godric's Hollow, quando Harry deitou-se em sua confortável cama. Durante
mais de oito horas ele não se lembrou de sonho ou pesadelo algum. Apenas
o alívio de ir descansar após uma verdadeira guerra contra os próprios
limites. Harry reconfortou-se na maciez de seu colchão amplo e cobertores
e na escuridão que o levara ao sono quase no instante em que deitara.

Ja era bem tarde quando Harry acordara. O Sol começava a alaranjar o céu
em seu ritual diário que terminava no poente. Harry levantou-se ainda
dolorido em suas juntas, mas incontestavelmente feliz. Harry desceu e
encontrou Remo Lupin e uma visita um tanto inusitada: Percy estava a sua espera.

-Alo Harry! Como vai? -Perguntou Lupin sorridente.

-Lupin! Como está? E... Percy!?

-É Harry... Sou eu... -Respondeu o garoto ajeitando os óculos
tortos e visívelmente constrangido.

-Mas... O que está acontecendo? -Perguntou Harry estranhando
a situação.

-Acontece que o Percy aqui, Harry, finalmente se arrependeu de sua crescente
estupidez e quer voltar para a querida família Weasley. -Explicou Lupin sorridente
dando uns tapinhas nas costas do envergonhado rapaz ruivo de aspecto no melhor
estilo c-d-f.

-Mas isso é brilhante Percy! Tem idéia de como a senhora Weasley vai ficar
satisfeita em recebe-lo de volta? -Disse Harry sorrindo.

-Sim Harry... Mas o fato é que... Bem, eu não tenho coragem de
voltar. -Respondeu o rapaz amargurado.

-É verdade. Uma vez me disseram que é mais difícil de perdoar as pessoas
quando estão certas do que quando estão erradas... -Disse Harry desconfiando
ser mais uma frase dita por Dumbledore, seu grande amigo e mentor.

-Não seja tolo Percy! O Harry e eu vamos te ajudar! Vamos apenas
descansar um pouco antes de partirmos para a toca. Deve estar com
saudades da culinária da velha Molly não é?

-O senhor não sabe o quanto... -Respondeu Percy pela primeira
vez abrindo um sorriso.

-Teve um jogo duro ontem não foi Harry? -Perguntou Lupin
virando-se para ele.

-Foi sim. Leu nos jornais?

-Não, não. Não foi preciso Harry. Como fã do Quadribol da
família Potter óbviamente que eu estava lá. Muita garra Harry...
Fiquei muito orgulhoso. Sem favor algum o melhor jogo de Quadribol
que eu já assisti! -Disse Lupin.

Harry corou, mas sorriu ao saber que algum de seus amigos estavam lá.

-Alguém mais foi? -Perguntou Harry fingindo não ter muito interesse.

-Ah, sim. Almofadinhas foi comigo. Ele já esta melhor da obliviação.
Mas passou por maus bocados essa semana até que recuperasse a memória.
Mas ele é forte. Afinal, é um maroto não é? -Disse Lupin.

-É verdade. Não conheço ninguém mais forte do que ele... Treze anos
em Azkaban, Três anos escondido e foragido, um ano e pouco dentro de
um arco da morte... Pra ser sincero eu não aguentaria metade.

Lupin serviu-se de um copo de Hidromel do barril de Harry e após
encher um copo para Harry e Percy, sentou-se esparramado no sofá
se acomodando seguido de Harry. Percy largou-se formalmente no pufe,
de postura muito rígida.

Alguns minutos de silêncio se passaram onde Harry, Percy e Lupin
bebericavam uma vez ou outra seus copos cheios de um belo e puro
Hidromel envelhecido. Até que Lupin quebrou o silêncio.

-É engraçado não é Harry?... Como as vezes julgamos o fardo de nossos
amigos mais fortes do que eles mesmos e os subestimamos por querer
protege-los. Sirius teve todos esses problemas e mesmo assim se preocupa
por você. Pra ele, é você o necessitado de ajuda. -Disse Lupin com um sorriso sonhador.

-Eu!? -Perguntou Harry confuso.

-É. -Respondeu Lupin com simplicidade- Você Harry. Perdeu seus pais
antes de se entender por gente, passou dez longos anos na casa de
parentes hostís que não te aturavam, sofrendo de tudo quanto é maus
tratos, teve de enfrentar Voldemort(Percy se fechou em uma careta)
talvez mais vezes do que a ordem inteira e mesmo assim se tornou esse
bruxo grandioso que você é... E a mesma coisa comigo... Na ância de
proteger vocês eu menosprezo meu, como diria Tiago, problema peludo
mais do que deveria.

-É... Você tem razão. Não tinha pensado por esse lado. Mas isso é o
que faz de nós amigos não é? -Disse Harry.

-Sabem -Interrompeu Percy- Diante do problemas de vocês eu acho que
o meu se torna insignificante! Vamos já pra Toca!

-É assim que se fala Percy! -Disse Lupin surpreso.

Os três esvaziaram seus cálices de um gole estalando os lábios e
seguiram para fora de casa de onde poderiam aparatar.

Harry imaginava qual seria a reação do Sr. e Sra.Weasley. Quando
respirou o aroma das flores do quintal da Toca. Aparentemente estava
tendo um jantar em comemoração a recuperação de todos dos últimos
ímpetos de ataque das trevas. Arthur Weasley e os gêmeos estavam
recuperados por inteiro, Sirius recuperara a memória(com exceção do
momento em que levara a magia e sobre o traidor de quem estava prestes
a falar para Harry.) enfim, tudo acabara bem.

Lupin se antecipou e abriu a porta da cozinha.

-Remo! Que bom que veio! -Recebeu a Sra weasley- Tonks estava a sua
espera.

Tonks sorriu para ele. Aparentemente já sabia quem seu namorado havia
trazido pra se juntar a janta ao por do Sol. Harry notou com um "que"
de desgosto que Dino estava sentado ao lado de Gina. Estavam na sala
também, Rony, Hermione, Neville, Luna, Fred, Jorge, Flitwic, Sirius,
Gui e Fleur.

-Familia Weasley, Ordem e amigos... - Começou Remo- Harry e eu temos
aqui uma ilustre visita um tanto incomum nos últimos tempos... esperamos
que apreciem!

-ESSA NÃO! - Começou o senhor Weasley- Harry, da última vez que invadiu
nossa cozinha no meio de uma refeição, nos trouxe o velho Sirius de volta...
Vai me dizer que agora estão ai com Dumbledore!? -Continuou ele, mas num
claro tom de brincadeira que mostrava incredulidade.

-Não, não... -Interrompeu Lupin- trata-se de Percy Weasley!

O rapaz aproveitou a deixa para entrar tímidamente na cozinha.

-Bah! -Disse Fred- Preferia o Dumbledore...

-Correção maninho, preferia até mesmo a Murta-que-Geme... -Disse
Jorge, mas nenhum outro disse mais nada, nem mesmo riu do comentário
deles, embora Tonks coincidentemente quase deixara-se babar um pouco
de seu suco de abóbora.

-Papai... Mamãe... estou de volta... Dessa vez é pra valer. Isso é,
se aceitarem as minhas desculpas é claro. -Disse o rapaz.

-PERCY! PERCY MEU FILHO! MAS É CLARO QUE SIM! -Disse a senhora Weasley
lhe arrebatando um abraço mais forte do que todos que Harry já recera.

O senhor Weasley pareceu relutante, mas quando viu uma lágrima escapar
do rosto de seu filho a muito brigado ele não pôde deixar de reconciliar
com ele. Arthur se levantou muito sério encarando seu filho.

-Papai... Se não quiser me desculpar... Bem...
Eu entendo... e.. -Começou Percy mas foi interrompido por Arthur.

-Percy... Você nunca deixou de ser meu filho! E sendo assim, a Toca, por
mais humilde que seja, tem sempre um lugar pra você!

Os dois se deram um longo abraço fazendo Rony imitar uma ância de vômito,
Lupin e Sirius sorrirem abertamente, Molly desabar no choro e Hermione
desviar os olhos aguados oportunamente para a janela. O próprio Harry se
pegou segurando as lágrimas.

Era ótimo aquele momento de reconciliação familiar. Principalmente estando
em meio a uma verdadeira guerra, pois momentos como esse reforçavam as
energias daqueles que lutavam pra manter isso puro e intacto: O amor e
felicidade familiar.

Percy olhou para o relógio da família Weasley. Relógio esse o qual não
mostrava as horas, mas sim a localização de cada membro da família. Percy
demorou o olhar no ponteiro com sua face que indicava "Lar". Encarou por
uns instantes com olhos lacrimosos os próprios cadarços antes de dizer com
um sinsero sorriso e brandas lágrimas:

-Finalmente... estou em casa!

Sirius arrebatou uma garrafa de Uísque de fogo de cima da mesa e a
abriu mágicamente fazendo jorrar uma chuva sobre todos. Encheu os
copos de todos recarregando magicamente a garrafa quando esta se esvaziava.

-MUITO BEM! UM BRINDE AO JOVEM PERCY, E OUTRO AO MELHOR APANHADOR QUE ESSE
MUNDO JÁ VIU!!! HAAARRY POTTEEEEEER!!! -Gritou Sirius feliz.

-VIVA! -Gitaram coros descordenados de vozes alegres seguidos de
grandes goles em suas bebidas.

Todos pareciam demasiadamente felizes e bem alimentados duas horas
depois quando se instalaram no jardim sentindo a leve brisa refrescante
que contrasteava com o tempo agora morno, mas que Harry sabia ter estado
as avessas disso na gélida noite passada.

Harry estava jogado próximo a um canteiro de flores junto de Rony,
Hermione, Luna e Neville. Perto da relva da floresta que ladeava uma
parte da Toca estavam Sirius, Lupin, Tonks, Flitwic e os Gêmeos Weasley
entretidos numa animada conversa, onde Harry entreouviu, matando as saudades,
a risada de Sirius que lembrava muito um latido. Gui e Fleur não se encontravam
a vista. Dino e Gina estavam observando o luar do outro lado do jardim. Nas
proximidades deles estavam Arthur e Molly Weasley conversando com seu
terceiro filho recém conciliado. Harry entreouviu o senhor Weasley dizer:

-Pro trabalho juntos amanhã então meu filho?

-Receio que não papai... Eu resolvi me demitir. A ganância e outras
coisas mais me cegaram... Ter uma reputação de status, dinheiro e
asceção profissional são boas coisas... Mas o que eu demorei pra perceber
e mais ainda pra por em prática foi que conceitos como família e amigos
são os verdadeiros valores da vida... Mas sabe, o difícil mesmo foi voltar...
A lição que eu tirei disso é que não devemos chegar a nosso auge e esquecer
de nossas origens!

Foi quando Harry percebeu estar se metendo em assuntos particulares e
voltou-se para a conversa com Neville, Rony e o pessoal sobre Hagrid.
O amigo gigante fora promovido a diretor da casa da Grifinória.

Quando Harry voltou pra casa junto a Hermione e Rony Harry ficou meio
pesativo atirado sobre o sofá, deixando seus pensamentos voarem longe.
Tão destraído estava o garoto que ele nem percebeu quando Hermione e
Rony se juntaram a ele até que Rony lhe atirara uma almofada no rosto.

-EI! O que há Ron? -Exclamou ele forçando um sorriso.

Hermione estava sob o pufe e Rony ajoelhado ao seu lado.

-Eu é que pergunto Harry... O que está acontecendo? -Disse Rony
amigavelmente.- Não é pela Ginny é?

-Não! Bem, talvez tenha... -Complicou-se Harry.

-Você nunca soube disfarçar bem Harry... -Sorriu Hermione para ele- Está
tudo bem Harry! Somos nós!

-É verdade... A quem estou enganando afinal... Bem, era isso sim. -Admitiu
Harry.

-Ah Harry... Não fica assim. -Começou Hermione, mas foi interrompida pelo
próprio Harry.

-Não é o que está pensando Mione... Não estou deprimido ou coisa do tipo.
Sei que no fundo tomei a decisão certa e segura para ela. Por isso eu não
me arrependo. Mas nem por isso eu preciso, devo ou sou capaz de esquecer
que ela existe...

Hermione abriu a boca pra recomeçar a falar, mas a fechou novamente, como
se concordasse com cada palavra do que o garoto dissera, e segundos depois
retomou a palavra.

-Sabe Harry, você parece mesmo saber o que está fazendo. É muita nobreza
de sua parte ter tomado essa decisão por ela... Realmente corajoso.

A garota levantara junto a Rony e os dois estavam se retirando de lá para
deixar Harry sozinho, mas um de seus sentimentos naquele momento pareceu
liga-lo novamente a Voldemort.

-AHHHHHHH!!!! -Gritou ele. Sua cicariz ardia em brasa e ele estava
momentaneamente desnorteado, o pouco de visão desfocada que lhe restava
estava desfocado e confuso.

Ele ouviu uma voz distante e coberta por ecos que pensou ser de Rony.
Mas ele só ouvia algumas palavras perdidas com nitidez. Algo como
"tenta", "oclumência" e "força".

Foi quando ele ouviu uma segunda voz, essa era fria e agúda de ressonância
mortal e estava claramente audível:

-EXCELENTE!!! REALMENTE EXCELENTE SEVERO!!!

E só quando uma terceira voz entrou em ação que o elo foi interrompido,
ou Harry muito estaria enganado, ou era a voz de Hermione gritando:

-SARX IDOLORUS!!!

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