A Biblioteca de Marianne



cap 2
A Biblioteca de Marianne


Olhei de soslaio para meu relógio, "20:40".
Murmurei um ou dois palavrões, irritado, e joguei a cabeça para trás contemplando o teto do Pibble's, o bar onde eu e o Thomas haviamos marcado de nos encontrar as vinte horas em ponto.
Andei lentamente até a porta de entrada (já havia feito isso umas quatro vezes, mas tinha voltado para mesa todas elas), e abri irritado, ignorando o garçom mauricinho que provavelmente tava me perguntando se eu estava com algum problema.
É engraçado, você pode estar se debatendo no chão, com pregos enfiados no olho, sempre, SEMPRE vai ter algum infeliz que vai te perguntar se você está com algum problema. É o tipo de coisa que você aprende depois de um tempo com a vida, mas ninguém coloca nos livros.
As pessoas acham mais interessante escrever livros como "o que podemos aprender com os gansos".
Ou então "por que os homens não tem tetas?".
Quer dizer, PARA QUE alguém quer saber alguma coisa assim? Pelo visto, bastante gente, já que esse livro virou best seller americano. Caras centrados, esses americanos.
Sentei na calçada e com um gravetinho que estava caído do meu lado comecei a tentar fazer malabarismos, foi até bom, já que eu descobri que eu tenho tanto talento para malabarismo quanto a rainha da Inglaterra para super model (alguém já viu os chapéus dela? Se viu vai entender do que eu estou falando).
Depois de algum tempo uma luz ofuscou minha visão (isso justo na hora em que estava quase conseguindo jogar o graveto para cima, bater uma palma e pegar, droga), reconheci como o farol do jippie laranja do pai do Thomas. Eles são uma família completamente normal. Uma família completamente normal com um jippie laranja lotado de adesivos das meninas super poderosas.
Acho que isso se deve a garotinha de nove anos que mora lá (a irmã do Thomas, Caroline, é toda bonitinha, diferente do monstrengo deformado do irmão), já que eu não imagino o pai dele, com todo aquele jeitão lenhador-do-lobo-mau colando adesivos das meninas super-poderosas no jippie.
Vi Thomas se despedindo do pai, e andando em direção a porta. Tive que dar um berro para o ármario de um metro e noventa e cinco avistar minha humilde presença lá, sentado, com a porcaria do graveto na mão.
-Joseph..cadê vo..?JOSEPH!!!!! - foi a reação dele ao ouvir minha voz e logo em seguida me localizar.
-Ou isso, ou algo muito parecido. - foi o que eu respondi, levantando e indo dar um abraço no meu amigo.
-Seu filho da mãe, que saudades!!!!- ele falou, delicadissimo e finissimo como sempre.
-Tá, tá...mas será que dá para ir largando? Sabe como é, não sou muito de ficar agarrado a macho..- respondi depois de alguns minutos de abraço.
-Mas tu não muda nunca né criatura? Sempre mal-humorado pra cacete..Mas não tem problema, não. Você sabe que eu te perdoo.- disse me largando e me encarando de cima (se bem que não tinha outro jeito de me encarar, o cara é um monte, fora brincadeira)
- Joseph?- foi o que eu ouvi, mas de uma voz bem diferente da do Thomas, para meu profundo desgosto, atrás de mim.- Joseph Crawford? - onde estão os tornados, os tsunamis, os chupa-cabras quando precisamos deles? (os chupa-cabras eu sei! Eu vi no Ratinho uma vez. Foi assustador. Ééé, minha mãe é brasileira, volta e meia tamo baixando lá naquela cidade, São Paulo, acho)
-Richard Lincon. - foi o que eu disse antes de me virar para encarar o sonserino de cabelo azul, com quem eu, digamos, não tenho um bom relacionamento.
Aliás, foi logo depois que eu soquei o nariz desse infeliz que mandaram uma coruja para meus pais informando do meu suposto comportamento agressivo. MEU comportamento agressivo? Foi ele que colocou cascalho na minha comida sem eu ver e EU que tenho a porcaria do comportamento agressivo?
-O que diabos você tá fazendo aqui??- foi o que ele perguntou parecendo estar tão feliz quanto eu. Ou seja, para quem ainda não entendeu: nada.
-Não tá vendo? To dando mortais enquanto tento compor uma valsa antiga com uma castanhola e mastigo um pacote de bolacha água e sal. Anta.- eu tenho essa mania de exagerar. Isso pode fazer com que eu pareça ridículo às vezes mas não fui eu quem te obriguei a ler esses relatos.
-Ah, pelo amor de Merlin, o que que tá pegando? - falou uma vozinha logo atrás do Richard. Pela primeira vez, eu saquei a garota de uns treze, quatorze anos, que se encontrava de braços cruzados e uma expressão de tédio profundo nas feições meio árabes.
-Fica fora disso, Marianne.
-Qual é Richard? Vamo entrar nesse bar logo ou não, hem? Olha só, se você vai começar a discutir vai logo falando porque se você pensa que eu vo fica te acudindo depois, porque você levou umas porradas nas fuças de idiota, vai tirando o cavalinho da chuva, eu não sou, nem tenho interesse em ser, a virgem Maria. - ela falou com um jeito meio invocado que me fez dar risada. Além de claro, ela ter sugerido que eu ia dar umas porradas na cara do senserino. Se bem que, no fim das contas, eu sou o jovem de comportamento agressivo aqui, eu podia muito bem dar umas porradas nele.
-Afinal, do que é que você está rindo? - perguntou se virando para mim. Eu parei na hora, e coloquei as mãos na cintura para analisar a situação. Eu tenho essa mania, de ficar colocando as mãos na cintura para analisar as coisas.
-Nada não. Só que você é engraçada. - eu respondi no tom mais desencanado que eu consegui fazer sob aquele olhar de indiferença e irritação.
-Vamos lá, mana.- ele só não falou o "não se misture com essa gentalha" quando pegou pelo ombro da garota, que pelo visto era a irmã dele, entrou no bar e nos lançou o olhar 45 de ser superior. Só faltou os bobs no cabelo.
-Quem são esses? - perguntou Thomas me olhando com os olhos azuis de ruivo dele arregalados. - cara, com quem você anda se metendo??
-Esses? Ah, não se preocupe, eles são só meus amigos traficantes de cocaína lá do meu colégio interno, uma vez ou outra eles dizem que vão me apagar, mas é só de brincadeira, você sabe, esses traficantes são uma verdadeira piada. - respondi, dando uma piscadela.
-Se eu te dissesse que tá ficando cada vez mais desequilibrado você acreditaria? - ele perguntou dando um soco no meu braço.
-Ô se acreditaria. Amigo é para essas coisas.
-Para dizer que o outro é um tremendo desequilibrado? - indagou meio confuso.
-É, pode ser, também. - respondi dando risada. Um corpo tão grande, um cérebro tão pequeno. (espero, do fundo da minha alma, que esse cara não leia isso)- vamos embora desse bar aqui, muleque, tá mais mal frequentado..

Aí nós nos mandamos para a casa dele, e ficamos fazendo o de sempre dos velhos tempos, jogando no computador jogos de carros com uma resolução perfeita para te dar a sensação que você está mesmo no carro, mas que nunca alcança os objetivos, comer pipoca vendo filmes de terror e fingir que não estavamos morrendo de medo para parecer os machões, falar de mulheres, das mulheres do THOMAS, porque cá entre nós, minha vida amorosa em Hogwarts é uma merda.
Não foi o que eu chamaria de uma festa de arromba, mas foi legalzinho, até porque a irmanzinha dele nos divertiu um bocado imitando os personagens do Poderoso Chefão com aquela carinha esperta dela, e com um lápis na boca como se fosse um charuto. Isso sem contar no jantar, que ela deu para encarnar o Sherlock Holmes e ficava repetindo toda hora "elementar, meu caro Joseph", mesmo que eu só tivesse pedido para ela passar a mostarda.
Voltei para casa, um dia depois, e após uma semana já estava no dia de voltar para Hogwarts, para o começo do meu quinto ano letivo.
Meus pais me deixaram com o Timmie na estação e se mandaram, acho que na esperança que ninguém os visse. Quer dizer, até parece que a gente andava com uma placa "EU SOU BRUXO, MEUS PAIS SÃO OS CULPADOS". Quem nos visse passar não ia pensar que a gente estava prestes a atravessar uma parede e ir para um trem que nos levaria para um castelo mágico onde as pessoas podem fazer você vomitar lesmas.
Mas não tem problema, a gente, eu e o Timmie, já nos acostumamos com isso faz tempo, os únicos que sofrem atualmente são meus pais mesmo.
-Que ano que cê tá indo mesmo, hem baixinho? - perguntei, olhando para meu irmão de relance enquanto caminhavamos para a plataforma 9 1/2.
-Eu tenho dois anos a menos que você, faça as contas.- Se tem uma coisa que eu não gosto nesse muleque, é essa mania de nunca dar as respostas direto, a gente sempre tem que acabar raciocinando para falar.
-Legal, terceiro ano. Um ano muito bom, se você quer saber. A gente aprende um bocado de coisas legais, como...você sabe, eu não vou falar, para não estragar a surpresa, mas é bastante coisa mesmo. - Timmie soltou uma risada, baixinho. Nesses últimos anos ele mudou bastante. Acho que foi por causa da repreensão dos nossos pais, ele não fala mais tudo que vem na cabeça dele, prefere guardar tudo para si e fazer um ou dois comentários inteligentes, às vezes. Eu tenho raiva dos meus pais por isso, eu amo eles, sério que amo, mas não gostei disso que eles fizeram com o Timmie, apesar de não ter sido de propósito.
-Mas você não consegue parae quieto um segundo Josie?- claro, apesar de tudo ele continua me chamando de Josie.- Vá, você nem se lembra do terceiro ano, não é verdade?
-Pior que nem lembro mesmo, Tim..Mas todos os anos em Hogwarts são legais. Logo, o que eu falei é verdade.
-Você gosta mesmo? -perguntou parando, não bruscamente, Tim nunca faria algo brusco, ele é calmo demais para isso- eu digo, você gosta de Hogwarts de verdade? -encarei ele com uma sombrancelha levantada, parando também.
-Claro que sim. Não vou dizer que é perfeito, mas é legal. Você não gosta?
-Não é bem isso..eu tenho meus amigos, mas - ele olhou para os dois lados, como se estivesse planejando fugir, para não ter que terminar- bom, não é nada, vamos logo.
-Agora fale, mocinho. - mandei, largando o malão e segurando ele pelos ombros, encarando os dois olhos castanho salpicados de sardas em volta, assim como eu.
-Eu já disse, Josie, não é NADA. Vamos lá, já está quase na hora.-suspirei, vencido por hora. E pegando o malão do chão voltei a andar, sendo seguido pelo Timmie, em silencio, naquele clima meio chato.
Passamos pela plataforma, e chegamos na frente do trem, nesse momento eu vi Richard, o sonserino azulado do Pibble's, passar do meu lado, provocador, mais do que o normal (o que é muito, muito MESMO). Uma coisa nele me chamou a atenção: uma correntinha prata com um pingente de uma rosa com um "i" na frente. Não parecia algo muito barato tipo onde você encontraria em uma feira Hippie, mas também não era nada de se jogar fora. Eu daria para minha namorada uma dessas. Se eu tivesse namorada, o que infelizmente não é uma realidade. Sorri, comigo mesmo, pensando que finalmente o filho da mãe estava assumindo suas tendências afeminadas.


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Era o dia do irmão de Marianne ir novamente para seu colégio bruxo. A esta hora, provavelmente ele deveria estar embarcando, mas a garota já sentia saudades. Richard, para quem não o conhcia tão bem quanto ela, poderia parecer um malandro metido a besta, mas sempre que precisava não hesitava em contar uma piada para ver a mana sorrir, ou leva-la para dar uma volta e conversar sobre tudo e todos.
Desde o dia no Pibble's os pais de Marianne estavam puxando o saco mais do que o normal do único filho bruxo deles, não o largaram um segundo sequer, e passaram longas horas conversando na biblioteca. Ela riu-se um pouco, pois imaginava os papos animadíssimos que eles deveriam estar tendo. Sempre fora assim, para tentar agradar Richard o sr. e sra. Lincon ficavam fazendo perguntas do tipo estou-tentando-ser-seu-amigo, assim como: "E ai, filhinho, como andam as gatas?". Quem afinal falaria algo para alguém que te chama pelo diminutivo? Richard, pelo que Mari sabia, não.
Levantou-se do tapete persa da sala, onde se encontrava sentada, e andou até a biblioteca para ler algo e tirar sua cabeça do fracasso de nunca ter sido chamada para Hogwarts nem para coisa nenhuma. Passou por um corredor pintado de vinho, e andou, sendo observada por diversos quadros particularmente desagradáveis que causavam arrepios no corpo inteiro da garota, mesmo depois de tanto tempo.
Parou na frente da porta de mogno caríssimo que era entrada para seu refugio da rejeição dos pais e mundo de ilusões, o qual ela preferia do que a realidade em que se encontrava. Pressionou o dedo sobre um sensor eletrônico (os pais haviam feito somente para ela, já que ela não podia usar magia para executar nem mesmo os mais simples feitiços) e com um estalo a porta se abriu.
Não pôde deixar de sorrir ao observar, no minímo pela centésima vez, as diversas estantes lotada dos mais diversos livros, desde pesquisa, até histórias. Livros trouxas podiam ser encontrados um ármario, no canto direito da sala, pois os pais de Marianne queriam evitar olhar para tão insignificante coisa. Eram esses que mais encantavam a garota.
Andou lentamente, usufruindo da sensação, do cheiro, das cores e formas dos livros. Seu refugio. Sua salvação.
No centro da biblioteca haviam várias mesinhas, também de mogno, enfeitadas com velas coloridas, que davam um ar alegre para a sala, constatou ainda com o sorriso bobo estampado no rosto.
Ela costumava ser a única a freqüentar a sala, e sempre deixava tudo perfeitamente arrumado, para que todas as diversas vezes que entrasse lá, tivesse a sensação de um recomeço, um novo livro, uma nova realidade diferente da outra.
Com certo desgosto, observou que dessa vez havia um livro de paleontologia sobre uma das mesas, alguém deveria estar fuçando e o havia deixado lá. Pegou e colocou devolta para a estante certa.
Logo em seguida dirigiu-se para o armárinho do canto direito e tirou uma história chamada "O Senhor Dos Anéis - a Sociedade do Anel". Eram três volumes nada pequenos, e isso fez o coração de Marianne saltar de animação.
Ajeitou-se em uma poltrona, a mais desgastada, e iniciou sua leitura, esquecendo-se então, de Hogwarts, dos pais, do irmão, e do garoto que havia rido dela no Pibble's. Agora tudo era uma lembrança, sua nova realidade era uma terra, chamada Condado, onde um certo Bilbo Bolseiro dava um festa...
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N/A:Boooooa Noite a todos vocês, leitores, simpaticos, graças de pessoas;
Mais um capitulo aí, apesar da ação n ter começado ainda, já é alguma coisa certo?
tlvz este n esteja lah aquelas coisas, mas eu garanto q oq vem por ai eh bem legal, e vcs vão saber de uma vez por tds , oq, afinal, eh a tal da Rosa Inglesa.
Taum gostando?
naum taum?
comenta povão, pq se não eu n melhoro nunca (cm se vcs tivessem alguma coisa com isso, mas enfim), ok?
bjs


Lu Black: Oi! valeu msm pelo coment! Po, vcs taum falando cm se eu fosse a famosa do pedaço, meu nome não era conhecido desse jeito..e Artye eh legal. curtiu esse cap?? Me ajuda a espalhar minha fic p o infinito e alem? Valeu!!!! Bjsssss

Ju: Oi tia, cm vai? valeu o elogio, desculpe se causei problemas estomacais para a senhora, n foi minha intenção.
huahuahua, aí, quero ve tui comentando nesse tbm hem? bjssssssssss

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