O ínicio do fim?



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-Então você também? - me perguntou sacudindo a cabeça e fitando o chão - a McGonagal é muito severa. Ela está sendo injusta. Não acha? - Devem ter declarado hoje o *Dia de falar coisas que o Joseph Crawford não entende* e esqueceram de me avisar.
Eu encarei aquela ruiva por alguns segundos esperando que ela explicasse do que diabos estava falando. É uma beleza, em um dia nenhuma garota nem olha pra mim, no outro a menina mais popular de Hogwarts, que se fosse trouxa provavelmente seria capa de revistas do tipo "Atrevida" ou "Capricho", que ficam falando que o que importa é beleza interior e só colocam gata zero kilometros na capa, está indo atrás de mim e balbuciando coisas sem sentido.
- Olha, eu sinceramente não sei do que você está..- tentei explicar, tomando cuidado com as palavras, para não deixa-la sem graça, mas ela me ignorou completamente.
- Quer dizer, só porque eu e o Frank, você sabe quem é o Frank não é mesmo? É claro que você sabe, todo mundo sabe - Frank Granger Weasley, filho de Ronald Weasley e não-sei-o que Granger, o segundo garoto-estrela de Hogwarts - somos muito amigos o povo fica achando que nós fazemos TUDO juntos.
Ela deu uma pausa e me fitou acusadora.
- Inclusive as provas! Foi isso que aquela professorinha McGonagal achou pelo menos, culpa de quem? De todo mundo que ficou dizendo que nós haviamos sentado um ao lado do outro para colar. Para colar!- repetiu indignada.- Aposto como você também está do lado de fora por causa disso, ela também achou que você estava colando não achou? - eu abri a boca para responder mas, antes que conseguisse pronunciar uma mera sílaba ela me cortou (novamente) - um absurdo!
- Na verdade - olhei para ela esperando que fosse começar a tagarelar de novo, mas dessa vez parecia que ela tinha resolvido dar a oportunidade para o pobre e desafortunado mortal aqui responder - não foi nada disso. - Lia Potter arregalou os olhos esmeralda, como quem recebe uma grande notícia.
- Tá falando sério? E você me deixou aqui tagarelando por nada? E o que aconteceu? - eu achei interessante o fato de ela ter ME acusado de ter deixado ela tagarelando. Que eu soubesse não era ELA quem havia me cortado no mínimo umas quatrocentas vezes?
- Eu estraçalhei meu despertador quando ele tocou. Sabe como é. - expliquei meio sem-graça. Perfeito, Joseph, se você pretendia parecer um babaca completo, você acaba de alcançar seus abjetivos. Ela sorriu cúmplice.
- Relaxa, amigo, eu já fiz isso também.
- Sério?
- E eu lá tenho porque mentir?
- Acho que não.
- É, não tenho, não. - eu sorri de volta, e não mais que de repente o sorriso abandonou seu rosto. Ela deu um passo para trás e eu automáticamente virei o pescoço no mesmo sentido, achando que ia dar de cara com um lobisomem desgarrado que resolveu aparecer de dia, ou então com um grupo de centauros que estavam afim de fazer panquecas com estudantes. Mas nada disso estava lá, na verdade, a floresta estava perfeitamente bonita, coisa que é meio rara para a Floresta Proibida.
Talvez aquela Lia Potter fosse uma gótica que não gostava de claridade ou coisa do tipo, eu ouvi dizer que góticos não gostam de claridade. Eles gostam de cemitério. Tudo bem, cada macaco no seu galho.
- Algum problema? - perguntei, tentado lembrar um feitiço para conjurar lápides e a coisa toda. Ela ficava mais bonita sorrindo, sabe como é.
- Na verdade, tem sim. Seu rosto. Eu te segui por causa disso, mas acabei esquecendo de avisar, desculpa. - se ela dissesse "você é feio" logo de uma vez, seria mais delicado.
- O que que tem meu rosto? - agora sim era a parte onde ela dizia "você é feio", mas ela podia ter dito logo no começo. Desse jeito ficava bem mais chato.
- Ele tem uns..hã..negócios. Vermelhos. Redondos. - sério. Não, não, sério MESMO. Você já parou para pensar que vive em um livro? Eu devo viver em algum tipo de comédia sarcástica, ou coisa parecida. "Então o garoto excluído e mal-amado encontra uma garota gente boa e bonita, logo em seguida bolas de gude vermelhas brotam na face do menino excluído e mal amado. Fim". Meu autor deveria melhorar sua trama.
Tateei meu rosto e senti os tais ferimentos, caramba, nunca tinham me dito que bolas de gude quando nascem no seu rosto são tão doloridas. Verdade, nunca tentem isso em casa, aborrece um bocado mesmo.
- Ai, merda! Que bosta é essa?! - perfeito, evolui de babaca completo para babaca completo mal-educado. Se alguém tivesse que ganhar um prêmio de como ter uma primeira impressão esfolada esse alguém seria eu. Ei, eu posso dar aulas também! Eu ficaria rico com os milhares de indivíduos sedentos por uma péssima primeira impressão. Como eu sou mau.
- Eu não posso te responder, mas a Ponfrey vai poder, com certeza. Vem, vamos até a enfermaria, eu te acompanho, afinal de contas eu sou uma das culpadas por esse troço ter crescido.
- Ei, não precisa ter dó de mim. - eu sei que a garota estava com a maior boa vontade, mas eu não nasci para terem dó de mim. Para isso existem sujeitos tipo o Marcelino Pão e Vinho. - Eu vou sozinho, além do mais, você é a responsável por eu ter descuberto isso, obrigado mesmo.
Sim, você está realmente lendo isso. A menina mais gata e popular da escola tava toda-toda querendo me levar para a enfermaria e eu estava recusando. Não sei se dá para entender, mas minha cabeça funcionou mais ou menos assim: ela estava querendo me acompanhar porque estava se sentindo mal, mas poxa, eu ia me sentir mal se ela fizesse isso. E raciocinando bem, entre ela ou eu nos sentirmos mal, sou bem mais ela. Não é egoísmo, é sinceridade, deixemos a hipocrisia de lado.
- Não interessa. Além do mais, eu não to com dó de você tonto.- ela abriu um sorriso legal. Assim só. Legal. Eu me senti legal com aquele sorriso e não acho que tenha outra forma de descreve-lo - Você é meio tímido, mas parece ser gente boa. Agora para de me apoquentar com suas delongas e vêm logo!
"Para de me apoquentar com suas delongas". Que tipo de garota usa isso com um cara quando acabou de conhecer ele? Ela poderia usar tipo com uma amiga antiga que não ia ligar nada se ela fizesse isso, ou dançasse um mambo com uma toalha enrolada na cabeça, mas com cara que ela acabou de conhecer? Isso sim é estilo!
Claro, claro, tradução: "Para de torrar minha paciência com papo furado".
- 'Bora! - exclamei contagiado com a energia positiva que emanava da Lia.
Corremos até a enfermaria sem motivo algum para pressa .
Chegando lá, a mulher gorda de boxexas rosadas abriu-nos a porta e levou a mão à boca quando me viu.
- Santo Merlin desatador de nós! Mas o que foi que aconteceu com você?- eu estava tentando me decidir se aquele tom fora bravo, reconfortante, crítico ou simpático.
- Era o que eu esperava que a senhora pudesse me dizer. - ela colocou a mão em meu ombro e me guiou até uma das camas, fazendo-me sentar.
- Posso, claro. O senhor andou mexendo com algum tipo de planta não-autorizada, senhor Crawford? - claro. Eu tenho uma estufa com elas. Como será que ela descobriu que meu sonho de consumo era esfregar plantas não-autorizadas no rosto? Mas era uma rapariga muito perspicaz mesmo.
-Não que eu saiba. - respondi sem deixar transparecer sequer uma alteração na voz.
-Estranho, muito estranho. Esses ferimentos são provenientes do contato da pele com a Lictus Floraccia, ou então, como é conhecida popularmente, Jasmin Laranja. - imediatamente lembrei do arbusto onde havia me escondido para ouvir a conversa do trio sonserino: ele tinha umas florzinhas laranjas. Eu havia me apoiado nele para melhorar a audição, e então...
- Para falar a verdade, bem, hoje eu me apoiei em um arbusto sim. Ele tinha umas florzinhas laranjas e tudo. Será que é isso? - Madame Ponfrey sorriu e bateu uma palma satisfeita.
-Sem a menor dúvida! Tenho que falar para alguém retirar isso de lá já, antes que cause mais acidentes como este. Mas antes - falou indo até uma prateleira, girando a chavinha da fechadura e retirando um frasquinho de tamanho médio com um líquido púrpura cintilante dentro - tome isso em duas doses, uma agora e outra na janta. A primeiro irá fazer as feridas sumirem, a outra irá protegê-lo de possíveis retornos das erupções. Senhorita Potter, pode acompanhá-lo para fora da enfermaria, a substância tende a deixar as pessoas sonolentas e propícias a falar, digamos, mais do que o normal. Agora, se me dão licença, vou chamar alguém para cuidar dessas danadas. - deduzi após alguns segundos que as "danadas" deveriam ser as tais flores.
- Elas estão lá fora, perto do lago! As danadas... - lembrei-a com a voz um pouco mais alta do que o normal, enquanto via a forma corpulenta desaparecer pela portinha dos fundos. Saba, um daqueles milk shakes diet que sempre aparecem no Poli Shop não caíriam nada mal para a mulher naquele momento.
-Entããão, eu vou ter que cuidar de você, é isso? - perguntou Lia com um sorriso maroto no rosto.
- Ninguém mandou me acompanhar, viu só? Ajoelhou, tem que rezar.
- Pra você ver! Bom, eu vou ficar com você na biblioteca enquanto isso, ok? Porque eu combinei lá com o Frank. - uma sensação ruim passou por toda a extenção do meu corpo. Frank Granger Weasley. O metido a besta dos metidos a besta. O garoto-estrela de Hogwarts. Acho que ela percebeu isso, porque falou logo em seguida:
-Você não gosta dele, estou certa? - nunca esteve tão certa na sua vida.
- Claro que não, eu mal o conheço. Não tem problema nenhum, sério. - respondi na maior cara-de-pau, com um sorriso amarelo estampado na face.
- Certo! Então toma logo metade desse troço, não quero me atrasar. - já no "troço", eu havia engolido metade da substância.
"E então o nosso mundo girou".
Foi a última coisa consciente que passou pela minha mente. A música "Sinceramente" do Cachorro Grande. De repente foi como se eu fosse um iogurte sendo jogado no liquidificador para virar o mingal de algum idoso faminto. Um sensação de moleza, tremor, e medo tomaram conta de todas as células nervosas do meu corpo e a partir daí, eu já não raciocinava mais.

*

-Ai! - acordei assustado, sorvendo uma grande quantidade de ar pela boca. Para variar, aquele velho e bom sonho em que eu corria de uma corja de bruxos enfurecidos carregando tochas e aqueles garfos gigantes (você sabe do que eu estou falando, SEMPRE aparece em filmes medievais, é patético) nas mãos. Até aí tudo bem, mas eles eram o que extamente? Um bando de orango-tangos desmiolados ou bruxos? São nesses sonhos que nós nos perguntamos 'Onde é que fica a varinha?'.
Eu juro, eles não poderiam ser mais simpáticos que aquilo. Morrer de Avada Kedavra até vai, mas com um troço daqueles espetado na barriga não deve ser lá das coisas mais agradáveis.
-Opa! Olha quem é que resolveu dar o ar da graça! - ouvi a voz simpática da Lia, e logo em seguida meus cabelos foram invadidos pela mão sedenta por cafunés dela. Dei risada, e olhei em volta. Me encontrava na Biblioteca, como ela disse anteriormente que seria nosso destino. Um pouco mais ao lado, olhando-nos com o ar mais entediado do mundo estava aquele tal de Frank.
-Como é que eu vim parar aqui? - perguntei, logo depois de ela se sentar no braço da poltrona de couro fofa onde eu estava esparramado.
- Andando, oras. Você não se lembra? - não, eu não me lembrava. Aliás, eu não lembrava de absolutamente nada desde o momento em que eu jurava que ia ir para o espaço, bebendo aquele troço estranho.
- Tá falando sério?
- Tôu. Você veio andando. E tagarelando que nem uma matraca-trica. Foi engraçadíssimo.
Finalmente o Weasley levantou da cadeira onde, pelo visto, estivera lendo Amir Klink e andou até onde estávamos, com aquele gingado do tipo estrela do filme Dirty Dancing. Té parece, aquele branquelo. Ace todo branco fosse assiim.
-Nem tão engraçado assim. Nem tão engraçado assim. - olha, no duro, eu não estava querendo implicar com ele nem nada, mas o sujeito já chega repetindo as coisas duas vezes. Vocês nunca repararam? Quem repete as coisas duas vezes ou acha que você não têm capacidade mental para entender de uma vez só, ou então está se achando. E nesse caso as duas alternativas pareciam corretas.
-Claro que foi, Frank! Pára de ser chato! Você e seu mal-humor matinal. Sabe, às vezes eu acho que você deveria terminar com ele, de preferência, pela manhã.
- Lia, você sabe muito bem que não foi nada engraçado quando ele começou a falar sobre 'aquilo'. Quer dizer, a parte em que ele tentou agarrar a madame Pince para dançar uma valsa com a coitada, alegando solidão, aí sim, até que foi engraçadinho, mas sobre 'aquilo', aí não, aí não teve a mínima graça.
- Eu fiz ISSO?
- O que? Tentar agarrar a bibliotecária? Fez, sim. Mas a gente explicou seu estado, ela não ficou traumatizada nem nada. Aliás, ela até deu o cartão de um psicólogo para VOCÊ. No duro, você estava quase aos prantos aqui. Só faltou começar a cantar alguma coisa do estilo " I'm sorry, I can't be PERFEEEEEECT".
- Ai. Aiai. - murmurei, arrasado. Adeus, elogios. Adeus, prolongações de prazo em livro sem multa. Adeus, dignidade.
- Aaaah, relaxa Joseph. Nem foi tão grave assim. Quer dizer, quase não foi tão grave assim. Poderia ter sido bem pior, acredite em mim quando eu digo isso. Vam'bora, a gente tem que papear sobre certas coisas que você deixou acidentalmente escapar no lapso. - A garota me enlaçou pelo braço e me puxou desajeitadamente para fora da biblioteca, eu podia jurar que vi um sorriso se formando no rosto de Frank ao olhar a cena, mas deve ter sido só impressão. Caras assim não sorriem, eles se limitam a mostrar os dentes.
Paramos em frente a torre de Astrologia. O lugar está sempre às moscas, a não ser quando algum casalsinho vem aqui para dar uns amassos, mas normalmente ninguém vem ver as estrelas. Engraçado mesmo foi quando a Rebeca Stanley, da grinfinória estava no maior oba-oba com o sacana metido a besta do cabelo-azul do Richard ( ele merece tantos adjetivos antes do nome, sim) e a professora de Adivinhação pegou eles no pulo. No dia seguinte só faltou as corujas criarem voz para comentar o assunto. Coitada da garota, ela foi praticamente chutada do circulo cretino de populares metidas a decentes da Grinfinória.
Os grinfinórios podem ser caras bem legais quando querem, só que às vezes se acham demais os corajosos bons-morais, e isso enxe a paciência de qualquer um. Mas no geral eu me dou bem com o povo de lá.
Sentamos em círculo, do modo como as pessoas costumam sentar para fazer a brincadeira do copo, do compasso, e todo o resto de coisas giratórias, e fitei cada um esperando pacientemente que eles abrissem o bico para dizer o que era o tal 'aquilo' do qual tanto estavam falando.
- Bom, vamos ao que interessa. - ele me olhou com cara de "Eu sei o que você fez no verão passado", e prosseguiu - eu e a Lia sabemos sobre a conversa que você, por acaso, xeretou do trio sonserino.
Raciocinei por alguns instantes. Eu deveria realmente ter contado a história da minha vida nos instantes que estava enfeitiçado. Levantei as sombrancelhas e encarei-os sério.
- Sim. Certo. E o que mais eu disse?
- Nada de reelevante, que eu tenha ouvido. Mas mesmo assim, não acho que você tenha ciência da importância do assunto.
- Eu tenho. Por isso mesmo eu vou informar a McGonagall no instante que a prova termi..
-Não, como eu imaginei, você não tem. - um sujeito muito agradável, este. Esse tipo de moleque merecia um prêmio. No duro que merecia - Seria completamente imbecil e sem o menor sentido avisar a diretora. Você não ouviu nada do que eles disseram?
- Eu ouvi. E parece sério, por isso mesmo eu vou..
- Você ouviu, mas não ESCUTOU. - me interrompeu novamente sem mudar em nem ao menos um centímetro sua expressão.
- Eu escutei e ouvi muito bem, tenho certeza. Obrigada mesmo assim. Era só isso? - perguntei na minha melhor voz de secretária eletrônica, só faltou o "ligarei em seguida, deixe sua mensagem, biiiip".
- Não. - atropelou Lia, sem esperar a resposta do amigo- agora escuta Josie, não rola de falar para diretora, não adiantaria nada. Ou melhor, adiantaria sim, isso ia te colocar em uma baita de uma confusão.
-Não entendi, isso só iria tirar o problema das minhas mãos e colocar nas de quem tem mais preparo para o assunto.
- Errado. Isso iria colocar o problema mais na sua mão ainda. E iria se transformar num problema exclusívamente seu. - rebateu Frank, me fitando de um jeito grave.
- Explica.
- Segundo sua narrativa o cabelo-azul contou que muita gente estava envolvida na tal máfia. Certo? - começou, se esforçando para eu acompanhar o racíocinio.
- Confere e prossiga.
- Pois bem, não só muita gente, como também muita gente importante. Que ninguém desconfia. Entende o que eu quero dizer?
- Você está sugerindo que a McGonagal está envolvida nisso?? - perguntei arregalando os olhos na maior expressão de "Se liga".
- Não, não é nada disso Josie. - começou Lia colocando a mão sobre meu ombro e olhando direto nos meus olhos com a expressão séria pela primeira vez. - O que ele quer dizer, é que se nós contarmos para a McGonagal a primeira coisa que ela vai fazer é informar o ministério.
- E isso seria como dar o doce à criança. Provavelmente só gente importante ficaria sabendo.
- E como tem gente importante envolvida nisso, nós deduzimos...- completou com um ar de: "that's all fowlks!". Você sabe do que eu estou falando. Aquele porquinho que sempre aparece no fim desenhos animados.
- Entendi, sim. E o que vocês sugerem? Que nós coloquemos nossas botas de combate e saiamos combatendo o crime?
- Você não disse que o sujeiro era tão perspicaz, Li. - riu-se desafiador.
- Você só pode estar brincando.
- Então eu nunca brinquei tão sério em toda minha vida.
- A gente nunca vai conseguir.
- A gente? Se não quiser ir, não precisa. Não estou vendo ninguém aqui implorando. - cerrei os punhos, e me voltei esperançoso para Lia, mas tudo que ela fez foi levantar as sombrancelhas e me encarar sem nem sombra de um sorriso no rosto.
- Qual é, gente? Isso é loucura! - exclamei levantando os braços e olhando incrédulo para eles.
- Sabe o que eu acho, Crawford? - eu realmente não tinha o mínimo interesse no que o cara estava achando. Só continuei encarando aquele cabeção tamanho balão de festa junina. Se alguém colocasse fogo perto eu aposto como ele saia voando. É muito legal mesmo imaginar a cabeça do Frank pelo ares. Aí um urubu comia ela. Exagerei? É. eu já disse. Às vezes eu sou de exagerar mesmo.- Eu acho que você está com medo, isso sim. - eu dei um passo para trás, como se tivesse recebido um soco. Olhei revoltado para o sabe-tudo como se quisesse retribuir. Só que no olho esquerdo dele, naturalmente.
- Olha aqui, isso simplesmente não faz o mínimo sentido, ok? Se nós formos, nós vamos nos meter em uma enrascada maior do que vocês imaginam. Parem de agir como se fossem seus pais só porque acham que podem! Porque isso não é a porcaria da verdade! - explodi, em parte porque era o que eu realmente achava, e em parte porque ele realmente tinha me desafiado com aquele negócio todo de 'você está com medo'.
- Não fala sobre o que você não sabe. Quer saber? Esquece isso tudo. Não é da sua conta.
- Eu pretendia esquecer, de qualquer forma. - respondi seco.
- Ótimo. E trata de manter o bico fechado com a McGonagall. Eu e a Lia vamos resolver essa droga sozinhos. - girou os calcanhares e saiu pisando duro da sala, a ruiva me fitou com um olhar enigmático por alguns instantes e deu um sorriso antes de se virar também e ir atrás do amigo. É sério. Eu fiquei totalmente surpreso com aquele sorriso.
Quer dizer, eu estava achando que ela ia ter um pití e dizer que eu era um covarde, fazer aquelas imitações de frango, com direito a "pó, pó, pó" e bater os braços frenéticamente como se fossem as asas de uma galinha, mas ao contrário, ela me deu um sorriso. Fala sério, um sorriso! Se tem um negócio que eu perdi a esperança de entender desde que eu me conheço por gente, esse negócio chama-se mulher.
Quando eu era menor se eu brigava com um amiguinho por causa do mesmo caminhãozinho era só resolver a coisa toda com mordidas e chutes. Já com as meninas eram completamente diferente. Se nós ameaçassemos chegar perto delas elas abriam o berreiro. Por Merlin, isso causa pânico mil vezes mais do que uma inocente dentada, acreditem em mim. Deve ser algum tipo de desespero internacional masculino.
Me recuperei do negócio alguns instantes depois, andei até a janela para observar o céu. Como eu já disse pourquíssima pessoas fazem isso, o que eu acho a maior burrice, sabe? O céu é um troço admirável. Daquele tipo que não devia ser ignorado.
Eu deveria ter ficado um bocado de tempo no estado zumbi-que-fala-demais porque o céu já estava azul marinho, todo salpicado com pontinhos brilhantes. Meti a mãe no bolso e tirei o frasquinho púrpura cintilante, o remédio que tive que tomar, levantei ele na altura dos meus olhos e uma idéia lentamente tomou conta da minha mente. Uma idéia quase tão brilhante quando o líquido que agitava-se lentamente, de um lado para o outro, no vidrinho.
Me virei bruscamente e corri em direção ao Salão Comunal o mais rápido que pude. Eu devo ter comentado que tenho asma, então o mais rápido que eu posso não é exatamente rápido. Mas vocês podem imaginar que é, sabe como é, para dar mais emoção à cena.
Quando cheguei na porta, parei ofegante e corri os olhos sobre todas as mesas do Salão, minha visão deteve-se em uma cabeça onde cachos ruivos balançavam extravagantemente enquanto sua dona ria-se numa aparentemente animada conversa com as amigas. Avistei ao seu lado Frank, aquele babaca, com todo respeito, com um ensaio de sorriso nos lábios. Como se soubesse que eu iria chegar, ele voltou a cabeça em minha direção e pude ver suas sombrancelhas enguendo-se em desdém. Me limitei a responder com um sorriso amarelo e andei até onde estavam.
- Lia - chamei pelas costas da garota, evitando falar com o outro - será que dava para a gente conversar?
Ela lançou um rápido olhar para Frank, mas sem esperar a resposta foi logo respondendo:
- Claro que dá. Gente, eu vou lá e já volto. - depois completou com um sorrisinho enigmático - Não me esperem acordadas, garotas! - isso arrancou alguns "manda a ver!", e algumas risadas histéricas da parte das meninas. Senti o sangue subir para meu rosto e olhei para ela meio confuso, ela só piscou como quem diz "está tudo bem, sorria e acene".
Caminhamos juntos para fora do castelo e sentamos na grama, ao lado do lago da Lula Gigante, estava completamente deserto, o que era essencial para o qe eu iria dizer.
- Você mudou de idéia, não foi? - ela perguntou antes que eu tivesse oportunidade de me pronunciar.
- Foi.
- Por que?
- Eu não sei. Eu fiquei com a impressão que tava deixando de assumir uma responsabilidade que me pertencia...Droga, você deve estar me achando um idiota, né?
-O pior de todos os idiotas. - respondeu séria, me voltei meio assustado para seu lado, e de repente ela começou a dar risada - Eu não tô te achando. Tu sabe disso. Eu só não entrei em parafuso, porque eu sabia, que uma hora ou outra essa respondabilidade toda ia cair nas minhas costas.
- Que responsabilidade? - perguntei sem entender direito onde a Lia estava tentando chegar.
- Essa, você sabe, de "salvar o mundo" - respondeu dando umas risadas meio forçadas na hora do "salvar o mundo".
- Isso não é responsabilidade sua, sabe? Eu já disse, vocês não precisam fazer isso só porque seus pais fizeram. Além do mais, Merlim sabe se isso não é só mais um boato.
- Não, a gente não precisa. Mas é o que todos ESPERAM de nós. É complicado, mesmo que ninguém admita é inevitável a comparação. Aquilo que você disse, que a gente tava tentando agir como nossos pais, acho que é meio que verdade. Foi por isso que o Frank se irritou.
- Desculpa, eu não falei por mal. - balbuciei sincero, de repente me sentindo o pior dos lixos. Até mesmo que o lixo nuclear. E olha que eu fiz uma PESQUISA sobre esse, e posso garantir que não é nada bom. Ela sorriu compreensiva e apoiou a cabeça sobre uma das mãos para fitar o lago, perdida em pensamentos que daria tudo para descobrir quais eram.
- O negócio é que é mais complicado do que parece. - continuou de repente, fazendo com que eu virasse a cabeça bruscamente em sua direção. - E essa é a oportunidade perfeita para mostrar que não somos só os filhinhos de papai e mamãe famosos que todo mundo acha. - e após uma pausa completou - Ou então, que somos exatamente isso.
É sério, deu uma baita dó dela depois disso. Quer dizer, eu estava me sentindo mal e tudo porque sempre tinha visto aqueles dois como os populares metidos a frescos de Hogwarts. Quer dizer, ela era até compreensível porque mesmo que não fosse filha de quem é, continua sendo maior gata. Mas o Frank? Ele tem a cabeça inflada. É sério, parece que enxeram de gás carbônico. Pelo menos essa é minha opinião masculina da coisa toda.
E agora eu tinha feito a inacreditável descoberta que - tcha-tchan-nã-nã - eles são seres humanos! E eu, pelo visto, um babaca.
- Mas você me chamou pra alguma coisa, o que foi? - verdade, eu estava quase me esquecendo do por quê tinha chamado ela. Porque para ficar ouvindo as confissões dos problemas da garota não era, se bem que eu não estava achando chato nem nada. Foi bem esclarecedor, para falar a verdade. Se não fosse meio boiola falar assim, eu diria que eu aprendi alguma coisa com isso.
- É, eu tive uma idéia. De como começar a investigação toda. Porque a gente tem que descobrir as coisas, antes de combate-las, não é? Para ver se tem mesmo ALGUMA COISA para combater.
- Pegou o espírito da coisa, meu rapaz! - exclamou ajeitando-se na posição perna-de-índio e me fitando para a explicação. Ela acabava de se tornar a mesma de quando eu falei a primeira vez com ela (não que fizesse muito tempo, mas sabe como é, não achei um modo melhor de colocar a coisa toda).- Manda, eu estou preparada! Pode vir quente, que eu estou fervendo!
Eu ri e comecei a explicar, ainda meio receioso, porque estava achando mesmo que ela fosse achar babaca - É assim. Sabe o remédio que eu tomei?
- Sei, o que tem ele? - perguntou continuando a me olhar, seu lábio deixava transparecer uma curvinha de animação.
- Ele faz as pessoas falarem demais, não é?
- É, é o que parece.
- E depois esquecerem tudo que disseram, confere?
- Confere. - a curvinha de animação já se tranformara em um baita sorriso malioso, de quem estava imaginando onde a coisa ia chegar. Acompanhei o sorriso dela e prossegui.
- Qual a meneira mais fácil de descobrir onde uma pessoa mora, e caso essa pessoa for um suspeito de gangue mafiosa que quer dominar o mundo em potencial, onde ela guarda os papéis importantes?
- Mandando um chute na cabeça dela, fazendo ela beber o negócio e perguntando?- arriscou com os olhos tinindo em emoção. Eu juro que nunca vi ninguém ficar tão excitado com a idéia de ação.
- Hm, quase lá. Perguntar para o próprio é muito arriscado. Mas se nós invadissemos o dormitório da sonserina quando ninguém estiver por perto e procurarmos uma pista...
- E fizermos qualquer otário que nunca vá desconfiar do seriedade do negócio beber e nos dar a senha, achando que é só um trote...
- Exato.
- É por isso que eu te amo, Josie! - riu-se enquanto jogava os braços em volta do meu pescoço. Aquilo me pegou totalmente de surpresa, tanto que tudo que eu consegui fazer foi dar tapinhas amistosos nas costas dela. É, eu sei o que vocês devem estar pensando.
Não, eu não tenho tendências homossexuais. Era uma questão de situação, ok?

N/A: Oiiiiiiiiiiiii!
Ninguem alem das pessoas q eu conheço comentaram, uhuuuuuuuuu!
hahahaha, povo, vcs são demais msm.
Sério.
Vcs querem fazer o favor de comentar? Se n quiserem eu não vou parar, mas seria gratificante mesmo.
Capitulo meio monótono, mas tem q ser assim p o resto ser bom. Tipo no HP 1 eu achei oc omeço chato. Depois ficou legal!
Viu só?
leiam! Vcs vão gostar!

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