Capítulo XXXV



Na lanchonete, pediram café e sanduíches e encontraram uma mesa vazia onde se sentaram frente a frente. Ele bebeu um gole de café e encarou-a pensativo. Sim, Hermione era linda, mas naquele dia sombras escuras cercavam seus olhos.

- Parece cansada.

- E estou. Não só no corpo, mas na mente. Os últimos dias foram muito difíceis. E você também deve estar exausto.

- É verdade. – Não queria sentir as mesmas coisas que ela, porque a concordância criava uma intimidade perigosa.

Além do mais, seu cansaço ia além do aspecto físico ou emocional. Sentia a exaustão na alma e no coração. Até então não se havia dado que sempre quisera encontrar o amor e ser feliz pra sempre. Saber que sentia esse amor pela única mulher que não poderia ter causava um sofrimento maior do que imaginara ser possível. Era como se houvesse perdido algo importante… algo que nem chegara a encontrar de verdade.

- Rony parecia estar bem hoje de manhã. – ela comentou, interrompendo seus pensamentos.

- É verdade. Tivemos uma longa conversa ontem à noite, e ele disse que planeja promover grandes mudanças assim que recuperar-se da cirurgia.

- Mudanças? Que tipo de mudanças?

- Em primeiro lugar, ele não pretende continuar trabalhando nas Gemialidades Weasley.

Hermione parecia tão chocada quanto ele havia ficado na noite anterior, quando Rony revelara o quanto detestava seu trabalho.

- Realmente? E o que ele pretende fazer?

- Rony ainda não sabe ao certo. Talvez ele comece aquele curso de Auror ou tente entrar num time de quadribol profissional, ele ainda é jovem. – Harry hesitou, sem saber se devia revelar todas as confissões do amigo.

- Estou surpresa. Ele trabalha com vocês desde que nos casamos e nunca disse que era infeliz.

- Creio que ele está infeliz há muito tempo. Ontem à noite ele me disse que sempre odiou trabalhar conosco. Parece que Rony pensa que só foi contratado por ser um Weasley. Ele também quer ter seu próprio apartamento, porque está cansado de morar comigo e não ser responsável pelos próprios passos. Eu o conduzi por muito tempo e tornei a vida dele muito fácil.

- E agora está se culpando pela imaturidade de Rony.

Harry não respondeu, embora ela houvesse acertado em cheio na interpretação de seus sentimentos. Para sua surpresa, Hermione riu.

- Não sei o que considera tão engraçado. – ele disse, tentando imprimir uma imensa frieza à voz.

- No passado você me intimidava com essa postura arrogante e distante que impôs, mas agora é diferente. E estou rindo porque considero engraçado que tenha pensado no mesmo assunto ontem à noite, antes de dormir. Pensei que podia ser culpada pela imaturidade de Rony. Somos muito parecidos, Harry. Queremos todos os créditos pelas coisas boas, e assumimos toda a culpa pelo que é ruim. Quando uma pessoa passa muito tempo sozinha, acaba se tornando egoísta.

Queria negar as semelhanças, mas ela ergueu a mão para silenciá-lo.

- Pare de se culpar, Harry. Você é um bom homem e fez o melhor que podia, como eu. É hora de seguir em frente e permitir que Rony tenha a liberdade necessária para cuidar da própria vida. Ele tem o direito de acertar e errar, como todos nós.

Harry havia dito a si mesmo aquelas mesmas palavras, mas precisava ouvi-las de outra pessoa. Mais uma vez foi forçado a admitir que, em outras circunstâncias, ele e Hermione teriam formado um par perfeito. De repente ele se levantou, temendo passar mais tempo a seu lado e acabar revelando o amor que ardia em seu peito. Se confessasse o que sentia por ela, acabaria entregando parte de si mesmo, uma porção vital que nunca mais poderia recuperar. E arruinaria as chances de felicidade do irmão num momento em que ele precisava de todo o apoio que pudesse ter.

- Preciso sair para andar um pouco. – disse.

N/A Please... comentem!!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.