Capítulo IX



- Não estamos andando em círculos? – ela perguntou depois de uma hora, quando pararam para descansar.

- Estou observando o sol e tenho certeza de que não estamos dando voltas. Mesmo assim, é surpreendente que não tenhamos encontrado ninguém. Nem mesmo campistas! Hermione olhou para o sol pálido além das copas das árvores.

- Vamos passar a noite aqui novamente, não é?

- É bem provável. Logo vai escurecer, e não podemos continuar andando sem saber onde pisamos.

Era difícil superar o desconforto que sempre a invadia quando pensava no escuro.

- Estou com muita fome. – disse, tentando mudar de assunto.

- Eu também. Adoraria comer um suculento filé com batata coberta por queijo. E você? Está sonhando com uma folha de alface temperada com limão?

- Quem me dera esse tipo de sonho! Gostaria de devorar um x-tudo duplo com uma porção enorme de fritas! De sobremesa, sundae de chocolate com todas as coberturas possíveis. Por que acha que gosto de comida de coelho?

- Porque sempre que você e Rony iam jantar á em casa, você quase não comia.

Hermione lembrava-se daquelas noites nos primeiros meses depois do casamento, quando Harry os convidava para jantar. Como odiara aquelas reuniões de família!

- Estava sempre nervosa demais para comer. – confessou.

- Nervosa? Você sempre me deu a impressão de estar calma e controlada.

- Eu era uma boa atriz. A verdade era que ficava tão tensa, que acabaria vomitando se tentasse comer. Lembra-se da lanchonete na esquina de sua casa? – ela perguntou rindo. – Eu sempre fazia Rony parar ali a caminho de casa. Comia um sanduíche, uma montanha de batatas, bebia uma cerveja amanteigada e ainda tomava um sorvete. Era evidente que a revelação o surpreendia.

- O que a deixava tão nervosa? Você nunca foi de comer muito, mas lembro que na escola se alimentava direito.

Ela hesitou um momento antes de responder. Não podia dizer que era a presença dele que a enervava. Não podia contar que, sempre que o via, só conseguia imaginar seus beijos ou o toque de suas mãos. Naquela época, tivera medo de admitir a atração até para si mesma.

- Você – respondeu, optando por uma meia-verdade. – Sabia que me julgava capaz de ter engravidado só para agarrar Rony.

- Porque se casou com ele?

- Não foi apenas por causa da gravidez. E também não estava interessada na fortuna que os Weasley conseguiram, embora tenha sido essa a sua suspeita. Eu tinha dezessete anos de idade e acreditava amar Rony.

- Vocês eram jovens demais.

- Tente dizer isso a dois adolescentes comandados pelos hormônios. – Durante todos os anos que passara asada e desde o divórcio, ela e Harry nunca haviam estado sozinhos e jamais discutiram o matrimônio e a separação. Pensativa, decidiu que, como melhor amigo, ele merecia algumas explicações. – Estava desesperada para integrar-me a algum lugar. Rony era atraente e divertido e parecia querer as mesmas coisas que eu queria. Precisava acreditar que seríamos capazes de construir algo juntos. Uma família. Queria que Harry a entendesse. Precisava de sua compreensão. Por isso estendeu a mão e tocou seu braço. - Nunca esteve apaixonado por alguém, por nada?

- No momento, sinto-me perdidamente apaixonado pela idéia de sair daqui. – Ele se levantou. – É melhor aproveitarmos o que resta da luz do sol para continuarmos andando.

Hermione correu a ampará-lo temendo que ele caísse. Queria que Harry entendesse as forças que a atraíram para Rony e as forças que, depois de algum tempo, acabaram por separá-los. Mas era evidente que ele não estava interessado. Olhando para as costas largas, lembrou que sua pergunta não merecera uma resposta. Harry nunca tivera sentimentos apaixonados por alguém realmente? E Cho, Gina? Foram somente affairs? Por isso, ele jamais poderia compreender a paixão, o amor ou a carência. Sempre parecera forte em seu isolamento, satisfeito com a solidão. O que Hermione não entendia era porque a súbita compreensão dessa faceta de sua personalidade causava uma dor tão intensa e estranha em sua alma.

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