Capítulo VIII



- Está pronto? – perguntou a Harry quando terminaram de comer.

- Está zangada comigo. – Devagar, ele se levantou e conteve um gemido de dor.

- Não seja ridículo. Por que acha que estou zangada?

- Porque sua sobrancelha direita está tremendo. Notei que tem esse tique nervoso sempre que fica furiosa.

- Tudo bem, admito que estou irritada.

- Você nunca desabafa? Quando está zangada, não grita ou atira objetos contra as paredes? Lembro de uma garota que deu um soco na cara de um branquelo antipático.

- De que serviria? Gritar e ter ataques nunca resolveu problema algum. Aprendi muito cedo que desabafar só serve para criar outros problemas além dos originais. Além do mais, não tem o direito de criticar-me. Também nunca o vi perder a calma desde aquela época. A propósito, isso me incomodou em você.

- Não vamos começar a relacionar as características que reprovamos um no outro. Perderíamos muito tempo, e precisamos sair daqui. – ele deu um passo e fez uma careta de dor.

Mais uma vez, Hermione colocou-se sob seu braço, apoiando-o de forma a reduzir o peso sobre o joelho ferido. A proximidade e o calor do corpo musculoso causaram uma reação imediata, um nervosismo que ameaçava seu autocontrole.

- Para onde vamos? – perguntou com falsa indiferença.

- Não sei. Acho que por ali…

- Tem certeza?

- Não, mas temos de começar por algum lugar.

- Certo. Lembre-se de que o mau humor não vai curar seu joelho nem atrair nenhuma ajuda. - Podemos ir?

Começaram a caminhar devagar, e o esforço era tão grande que nenhum dos dois tentava falar. Hermione tentava concentrar-se na paisagem, mas a presença de Harry era imponente. Sempre havia admirado os ombros largos, o quadril estreito, o estômago firme e definido. Muitas vezes imaginara como seria ser envolvida por aqueles braços, não como naquele momento, quando o ajudava a manter-se em pé, mas num abraço apaixonado e quente. Não como aqueles que deram nos tempos de colégio, em demonstração da amizade e carinho que sentiam um pelo outro.

- O que acha de descansarmos um pouco? – sugeriu, temendo não suportar o contato por muito mais tempo.

- Boa idéia. Juntos, sentaram-se no chão frente a frente.

- Como está o joelho?

- Dolorido.

- Espero que não esteja aumentando a extensão da lesão com o esforço da caminhada.

- Não tenho muitas alternativas. Espero que me desculpe por tudo isso.

- Não tem do que pedir desculpas. Não derrubou a vassoura de propósito, certo?

- Não, mas pretendo ter uma conversa séria com a loja onde a comprei.

- Tem todo o direito de cobrar explicações. Quanto à Toca, por que acha que Rony levou Bryan para lá? E por que queria que eu fosse encontrá-los?

- Não sei, mas tive uma conversa estranha com Rony há poucos dias. Ele tem estado quieto na última semana, e quando fala, é sempre para mencionar Hogwarts, A Toca. No tempo em que tudo era perfeito. – disse ele sorrindo.

- Realmente era tudo ótimo! – Jamais o vira sorrir daquela maneira novamente, e a experiência era agradável e inquietante.

- Sim, era ótimo. Naquele tempo eu não me preocupava com nada. Minha maior responsabilidade era ir à escola. Hermione lembrou dos tempos difíceis que haviam ocorrido com todos eles. A luta contra Voldemort, todas as perdas que sofreram. Lembrou que Harry passara a morar na Toca juntamente com os Weasley, após a morte dos pais de Rony.

- É difícil lembrar de uma época tão boa... e depois recordar tudo de ruim que aconteceu. Ele encolheu os ombros e o sorriso desapareceu.

- Não tive outra escolha. Tornei-me responsável pela parte administrativa das Gemialidades Weasley, praticamente virei o irmão de Rony após a morte de seus pais, foi difícil. – Harry levantou-se. – Vamos continuar. – disse, encerrando a discussão sobre o passado.

N/A Gente aparece!!!!

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