O Plano de Vingança



Simplesmente Esquecido – Capítulo 9 – O Plano de Vingança





Seus olhos verdes abriram-se lentamente naquela manhã de Sol. De um intenso Sol, ele era obrigado a dizer. Bocejou, ainda coberto de sono, e pôde constatar que a sua manhã de intenso Sol, não passava de 2:00 horas da tarde, e então, toda aquela luz, entrando pela sua janela, foi explicada.

Seu despertador, que fora desativado naquele dia, marcava 2:07, e ele ainda relutante, resolveu levantar-se. Apanhou os óculos, na mesinha ao seu lado e dirigiu-se a porta de vidro, que delimitava a sua pequena varanda.

Apesar do frio que fazia lá fora; o Sol não adiantava muito naquela época do ano; o aquecedor, de seu pequeno apartamento trouxa, o permitia vestir apenas a samba-canção preta e lisa que usava, enquanto avistava, na extensa avenida abaixo, dezenas de pessoas vestindo enormes casacos, o que lhes davam o aspecto de gordos pingüins.

Riu baixo com a comparação que fez, pois ele tinha dó dos pobres pingüins. E com isso, apanhou a varinha e depositou-a no cós de sua cueca.

“Segurança antes de tudo!” lembrou-se de seu professor, na escola para aurores, e do seu memorável lema, que poderia ser o ouvido todos os dias, em suas aulas de Feitiços Práticos. Acenou para a cama, que começou a fazer-se sozinha, enquanto ele seguia, ainda cambaleante, para a cozinha.

Pensou em tomar um pequeno café, antes de seguir para o ministério. Exatamente, ele iria ao trabalho, mesmo que hoje o departamento de aurores estivesse vazio – sem contar os estagiários de plantão - e não fosse obrigada a sua presença lá, mas ele marcara com Rony e Simas Finnigan uma reunião de emergência. A situação não era boa. Apesar de que, comparada a seus tempos de estudante, aquele momento poderia ser considerado como “paz mundial”, porém, ainda existia uns bruxos delinqüentes, ou aspirantes a bruxos do mal, que os importunava, cada vez mais.

Entretanto, não tinha pressa alguma e como o seu estômago parecia estar colado em suas costelas, já que não comia, desde o almoço do dia anterior, resolveu preparam algo mais nutritivo para si, do que o café amargo do Ministério.

Abriu os armários e depois se dirigindo a geladeira, constatou que não havia ingredientes necessários para um bom café da manhã como: pães, leite, manteiga, torradas, ou qualquer outra coisa comestível, sem contar uma bolacha doce murcha ou um adoçante vazio. Fechou todas as portas abertas a sua frente, amaldiçoando-se por ser tão irresponsável e resolveu apelar para a sua magia.

Respirou profundamente, concentrando-se, e em poucos segundos, com apenas um giro de sua varinha, uma deslumbrante mesa de café da manhã aparecera a sua frente, ao lugar da sua antiga – e pequena – mesa de cozinha.

Diversos pães; doces salgados; bolos; grandes, pequenos, com açúcar ou com desenhos; ovos, bacon, geléias, queijos, além de sucos e leite quente, e o famoso café.

Logicamente, que ele nunca conseguiria comer tudo aquilo, mas era bom, olhar para todos aqueles quitutes a sua disposição e poder escolher o que saborear primeiro. Tudo aquilo o lembrou Hogwarts e os magníficos banquetes de lá, e assim, uma calma sensação tomou conta de seu ser.

Meia hora depois, uma boa parte da mesa não estava mais presente, e Harry sentia-se satisfeito. Organizou a cozinha, fazendo com que a velha mesa reaparecesse, e tudo conjurado sumisse.

Caminhou lentamente até a sala, já que não poderia tomar banho naquele instante, pois acabara de devorar o que provavelmente comeria em uma semana, e enquanto pensava sobre o que faria até a hora da reunião, a campainha tocou.

Olhou curioso para a porta de madeira, pintada de branco, e não conseguiu imaginar quem poderia ser. Sendo assim seguiu até lá e a abriu.

- Harry, eu preciso muito falar com você! – sua voz era nervosa e ansiosa.

Aquela seria a última pessoa que imaginaria ali, em todo o mundo, e principalmente, naquele estado.

- Gina, você está bem?



***



Tentou não perder a calma mais por fim não conseguiu e só se deu conta, de toda a raiva que sentia, quando não havia mais objetos a serem quebrados, no Hall da mansão.

Estava exausta, e sentou-se, escorregando lentamente pela parede, ao chão. Olhou ao redor e concluiu que além de estar cansada, ela também deveria estar louca. E Draco, provavelmente, também ficaria louco, quando descobrisse o que ela havia feito com a sua casa; já que a ruiva não pertencia mais a aquele lugar.

Draco estava bêbado. Só podia ser isso, se não, por que eles brigariam? E daí, se ela foi atrás do Harry? E daí, se eles mudaram? E daí, se eles são outras pessoas agora? Todo mundo passa por isso, e mesmo assim, há vários velhinhos vivendo juntos até hoje! Por que isso não aconteceria com eles também?

As lágrimas voltaram a seus olhos, mas dessa vez, era pela raiva que sentia naquele momento. Não se sentia mais triste, nem chateada, muito menos abalada. Não, ela só estava com raiva daquele loiro idiota, que não dizia coisa com coisa. E dessa forma, ela começou a pensar de um outro ângulo, sobre Draco.

Será que Draco teria uma amante?

Bom, isso explicaria tudo. As longas viagens, as noites fora de casa, o esquecimento, por completo, de Gina, e agora isso, a separação.

Mas por que Draco arranjaria uma amante? O que ela teria de melhor do que a ruiva? Seria mais bonita? Ou mais magra? Ou talvez, o loiro, somente, cansara-se dela.

E se, depois de separados, Draco se casasse com ela? Ela moraria com ele na mansão? Ela ocuparia o lugar da ruiva? Ela ficaria com o jardim de Gina?

A ruiva arregalou os olhos, ao pensar nisso tudo, e levantou-se, subitamente.

Precisava sair dali. Respirar um pouco. Pensar sobre todas os eventos que estavam acontecendo ao mesmo tempo, mas, longe daquele maldito lugar.

Andou rapidamente, por alguns corredores, e pegou seu casaco, em um dos closets da casa, e ao retornar ao Hall, para finalmente sair, passou por uma porta dupla de magno, que a fez voltar.

A raiva que sentia, agora se transformara em vingança, e uma idéia divertida surgiu a sua mente. Draco não era mais o marido dela, certo? Então, ela poderia fazer algumas coisas que o incomodariam, se eles ainda fossem casados. E o seu primeiro passo foi abrir, triunfante, com um largo sorriso, a porta dupla daquele cômodo, e entrar no bar da Mansão Malfoy.



***




Flashback



O salão de Hogwarts nunca esteve tão lindo, como naquela noite de primavera. Repleto de enfeites brancos e azuis marinhos, com um largo espaço ao centro, para dança, e um palco à frente para os formandos. As mesas brancas, espalhadas ao redor do espaço de dança.

Ao fundo havia um bar, e era lá onde a ruiva sentava-se, num dos bancos de madeira, à frente do balcão.

Segurava uma taça de champanhe, e depois de brindar sozinha, para o barman, que sorriu, retribuindo, ela levou a taça aos lábios vermelhos, mas foi interrompida, por uma mão masculina, tirando a bebida de suas mãos.

- O que é isso? – ela retrucou ao avistar aqueles olhos acinzentados, que ela tanto conhecia.

- Melhor para por aí, não é verdade?

- Virou meu pai agora, Draco?

Ela pediu outro drink ao barman, que, recebendo o olhar de Draco, voltou-se para a loira estudante, que atendia antes.

Ela ia dizer-lhe algumas grosserias, quando ele a interrompeu.

- Você já bebeu o suficiente por hoje, ok? – percebendo a expressão zangada da ruiva, ele tentou se desculpar – Olha, eu não quero ser chato, Gina, mas você sabe que não é muito boa pra bebida, então...

Ela revoltou-se.

- Está me chamando de fraca? É isso? Está dizendo que eu ainda sou uma criança para beber? É isso o que você está querendo me dizer, Draco, hein?

Ele bufou, antes de responder.

- Gina, você sabe, muito bem, o que eu estou querendo dizer, ou você não se lembra da festa na casa do Avery, nas férias, e a sua idéia brilhante de...

- Ah, não! – ela levantou-se – Você não vai falar de novo dessa estúpida festa! Eu concordo, eu concordo que eu bebi demais, e... – abaixou o tom de voz, fazendo com que só ele a ouvisse – disse algumas coisas embaraçosas, principalmente, para você, - e soltando um sorriso irônico ela voltou ao tom normal – mas já passou! E eu não bebi tanto assim hoje, então, se me der licença...

Ela tentava puxar a taça da mão de Draco, que a levantava num nível mais alto, fazendo com que os braços da ruiva, não a alcançasse. Ele ria, vendo as inúteis tentativas dela, enquanto Gina ria junto, com a brincadeira.

Ela parou por um momento, cruzando os braços, e sorriu maliciosamente para o loiro.

- Nem esse seu olhar vai me fazer abaixar essa taça, Gina Weasley. Desista. – sorriu ao ver a ruiva indignar-se, ainda sorrindo.

- Tudo bem.

Ela fingiu prestar atenção em algo mais ao longe, e quando Draco detraiu-se, ela pisou fortemente no seu pé, o fazendo soltar um grito baixo de dor, e assim, ela roubou a taça que voltara ao alcance de suas mãos.

Com o sorriso vitorioso da ruiva, Draco a puxou para perto de si, não resistindo àqueles lábios repletos de batom, e a beijou fazendo a maquiagem borrar e a ruiva pular no colo dele.

Ele a girou, chamando a atenção das pessoas envolta, mas eles não se importavam, o mais importante era o amor que sentiam um pelo outro, e quão divertido isso poderia ser...



Fim do Flashback



- Claro... – a ruiva dizia enquanto lembrava de sua formatura – era divertido, mágico, e maravilhoso, simplesmente por que eu estava bêbada, e Draco não era mais o cara sem graça, de agora.

Bufou, levando o copo de uísque, mais uma vez, a boca, e terminou com tudo, de um só gole. Pegou a garrafa, ao lado, e encheu o copo, colocando mais dois cubos de gelo.

O começo do plano dera certo, e não era nenhum sacrifício, para ela, fazê-lo. Mas sabia, que depois de um tempo, ela perderia o controle de si mesma, e então só esperava que não fizesse alguma bobagem muito grande.

- Um brinde ao nosso desastre! – levantou a taça, brindando com o nada.

A garrafa, do melhor uísque que Draco tinha, havia acabado, e ela a arremessou em direção ao espelho, do bar a sua frente. Ficou um tempo, observando os poucos cacos dispostos sem ordem, que restaram na moldura, e não reconheceu o rosto que via.

Aquela não era Gina, mas sim uma mulher de 24 anos, com os cabelos bagunçados, o rosto inchado pelo choro, e um olhar desnorteado. Aquela Gina que seria capaz de fazer qualquer coisa, e principalmente, a mulher capaz de fazer tudo, sem pensar.

Suspirou profundamente, abrindo um sorriso irônico.

- Bom, Gina, você já está totalmente bêbada, agora está na hora partir.

Depositou a taça no aparador de copos, ajeitou os cabelos com as mãos e aparatou.



***




Aparatou com um surdo “ploc”, e notou que quase esbarrara na beirada da cama. Além de tudo, seu senso de direção fora um pouco afetado pela bebida.

Ainda tentando equilibrar-se, em uma perna só, graças à proximidade que estava da cama, apertou os olhos, não enxergando nada, naquela escuridão total. Avistou um fio de luz, por trás de uma porta a direita, que provavelmente levaria ao banheiro, e notou que apenas uma pessoa dormia, espaçosamente, a sua frente.

Não pôde deixar de pensar em como aquele ruivo era preguiçoso, e bufando, lembrou-se do motivo, o qual estava ali, e começou a gritar.

- HERMIONE! RONY! HERMIONE! ALGUÉM! RONY!

O ruivo levantou-se de imediato, sentando-se na cama, assustado. Olhava para os lados, a procura de algo.

- Fogo! Fogo? Onde? Salvem-se! Fogo!

Gina o olhava, confusa, e estava quase rindo da expressão de pânico em sua face, quando a porta lateral de abriu de imediato, e todos gritaram juntos.

Um tempo se passou enquanto uma Gina surpresa gritava e um Rony assustado berrava para uma Hermione, também aos gritos, com a varinha em punho. Depois que as duas se acalmaram, apesar da ruiva ainda arfar pesadamente, com o susto, e Hermione guardar a varinha, desnecessária na ocasião, fitaram o ruivo, que ainda gritava.

Após alguns vários segundos, Rony acalmou-se, mas sua expressão alarmada, transformara-se em um olhar maligno, em direção a sua irmã.

Gina sorriu, tentando remediar, e notou que a morena a olhava do mesmo modo. Suspirou profundamente, soltando um “Ufa”, e sorrindo um pouco mais.

A morena cruzou os braços.

- Posso saber o que foi isso?

- Boa pergunta! – o ruivo voltara ao normal, e agora estava de pé, ao lado da esposa.

- Eu não sei, vocês começaram a gritar, e então eu me assustei, e...

- Não, não... Antes disso?

- Mione, seja mais direta, - o ruivo cruzou os braços também, e a ruiva lembrou-se de seu pai, e de como ele ficava zangado do mesmo modo - o que você está fazendo aqui?

- Eu precisava falar com vocês! Vocês não podem acreditar o que aconteceu!

- Ficaria mais fácil se você falasse, aliás, nós – apontou para a morena – não temos uma bola de cristal, eficiente.

- Draco, ele...

- O que ele fez? – agora o espírito de irmãos protetor o dominara – Pode me dizer, não tenha medo, eu vou lá e acabo com aquela doninha...

- Calma, calma! Não aconteceu nada...desse tipo.

Gina o repreendeu com um olhar, como se ele tivesse falado a coisa mais absurda do mundo, e sentou-se na cama, sendo acompanhada por Hermione.

- Então o que aconteceu?

- Draco quer o divórcio. – ela proferiu essas palavras com tanta magoa e raiva, que por um momento, sua sensação de êxtase, provocada pelas grandes doses de uísque, desapareceu. Mas só por um momento.

- O que? – disseram em coro.

- Exatamente, de acordo com ele, na minha opinião uma idéia idiota e biruta, nós dois mudamos, e não nos amamos mais.

- Isso é verdade.

- Hermione? – disseram em coro, mas dessa vez os irmãos.

- Isso é verdade mesmo, você – dirigiu-se a ruiva – não pode negar. Você não ama mais o Draco.

- Não venha dizer quem eu amo ou deixo de amar, está bem? – indignada, levantara-se da cama.

- É isso mesmo, não venha dizer quem ela ama ou não, Hermione, ela ama aquele cara, mesmo ele sendo o cara mais babaca do mundo, mas ela gosta dele, e vai ficar com ele pro resto da vida!

A morena continuou serena, no mesmo lugar de antes, enquanto eles a olhavam, triunfantes, e ela só pôde responder.

- Tudo bem, se vocês pensam assim. Mas fique sabendo, Gina, que uma hora ou outra, você vai enxergar a verdade, e quando você finalmente puder ver, o que está embaixo do seu nariz, talvez seja tarde demais.

Lançou-lhes um olhar decidido e seguiu para o banheiro, no intuito de arrumar-se para o trabalho. Alcançou a porta quando foi interrompida pela ruiva, que parara a sua frente.

- O que está dizendo? Hein? O que pensa que está dizendo? Vamos, diga logo!

- Já disse tudo o que tinha que dizer. Mas você, assim como o seu irmão, – o fitou, zangada - é mais teimosa do que burro quando empaca, então eu vou simplesmente deixar você fazer o que quiser, ou sendo mais precisa, eu estou lavando minhas mãos.

Alcançou a porta, empurrando de leve a ruiva, e bateu a porta com um forte baque.

- Não entendi nada. – ela deu de ombros, e sentou-se com o irmão da beirada da cama.

- O que você vai fazer agora?

- Não faço a mínima idéia.

- Mas vocês brigaram mesmo? Quero dizer...foi definitivo? – Rony calculava as palavras certas, e ruiva respondeu, com a voz ainda embriagada.

- Pior que foi. E eu...eu não sei como reverter isso...

- Eu acho que em primeiro lugar, você não devia ficar bebendo por aí...não é bom, você sabe.

- Eu não bebi! – ela não enganava ninguém, e ele a olhou divertido – Juro! Eu não beb...opa...- soluçou – eu não bebi nada!

- E eu sou o cara mais compreensivo do planeta!

- Rony, pára. – ela o empurrou de leve, na altura do ombro.

- Quer alguma poção? Daqui a pouco sua cabeça vai estar explodindo, e seria bom, se você estivesse sóbria quando você for falar com ele. – acentuou o “ele” como se estivesse falando da criatura mais asquerosa do mundo.

- Não se preocupe, eu vou tomar algo quando voltar para casa, e logo estarei melhor.

- Além disso, você poderia dormir um pouco, né? Você parece exausta!

- Eu não estou cansada... – disse num tom pouco convincente.

Rony a fitou, tentando descobrir a verdade, por detrás daqueles grandes olhos cor amêndoas, mas ele sabia que a irmã nunca lhe diria o que realmente tanto escondia.

- Vamos diga, Gina – mas ele poderia, pelo menos, tentar – o que você está tramando?

Ela arregalou os olhos, fingindo inocência, e como o ruivo não desistiu, ela simplesmente disse numa voz fina e ingênua.

- Eu não sei do que você está falando, querido Rony.

- Não é esse sorrisinho que me fará acreditar no que você está dizendo, Gina. Eu não caio nessa. Não mais...

- Ok. Você venceu. Mas se acha que eu vou lhe dizer o que se passa pela minha cabeça agora, você está muito enganado.

Abriu um pequeno sorriso no rosto, e levantou-se, arrumando as vestes negras.

- Pode pelo menos me dizer onde vai?

- Bom, no momento eu não sei...vou dar uma volta por aí...mas daqui a algumas horas, vou estar num lugar, que provavelmente o surpreenderia se eu dissesse, mas... – enfatizou – é necessário.

- Onde? – ele não se agüentava de curiosidade.

- Você acha mesmo que eu poderia lhe contar?

E com um sorriso triunfante, aparatou.

- De verdade...não eu não achei.



***




- Gina, você está bem? – levantou uma sobrancelha.

- Claro! – ela se apoiava no batente da porta com uma das mãos, enquanto a outra se apoiava em sua fina cintura, e depois de tentar sorrir, em vão, continuou – Eu acho que não...

Harry a fitou confuso e antes que pudesse dizer alguma coisa, ela caiu em seus braços, quase adormecida. O moreno a segurava desajeitadamente, ao mesmo tempo, que cabelos de fogo dela, espalhavam-se pelo seu tórax nu. Tentou trazê-la para dentro, mas por fim, a pegou em seus braços, como um bebê indefeso, e já sala adentro, fechou a porta com o pé. Deitou-a lentamente em seu sofá preto, preocupo-se com sua cabeça, a apoiando em uma das almofadas, já arrumadas, por ali.

Gina respirava vagarosamente e seus seios arfavam com o ar que enchia seus pulmões, fazendo com que ela tomasse a forma de uma criança adormecida. Ela parecia tão perdida e solitária ali, esparramada no pequeno sofá, criando uma imagem que o fez lembrar de seu segundo ano, e de como seu coração se enchera de alegria ao vê-la a salvo, daquele maldito diário. Bom, talvez, naquele momento, ele não tivesse percebido isso, mas agora ele entendia.

A ruiva revirou-se, acordando ainda um pouco zonza, e ao perceber onde estava, começou a levantar-se, sendo impedida por Harry parado a sua frente.

- Eu preciso me levantar...

- Não. – a empurrou de volta, fazendo-a sentar-se.

Gina o fitou amargamente, mas não pôde manter o olhar por muito tempo, já que isso piorava ainda mais a sua terrível dor de cabeça.

“Bem que o Rony disse...” pensou apoiando uma das mãos a testa, sentindo-se ainda um pouco estranha.

Gina não fazia mais idéia de como aquela dor era forte, e quase arrependeu-se de começar o seu “plano de vingança”, mas ela já estava ali, agora teria que ir até o fim.

Foi então que olhou direito para Harry, e um sorriso maroto surgiu no canto de seus lábios. Ela realmente estava vendo aquilo? Harry realmente era muito mais bonito do que quando ela se lembrava da época da escola...

- Harry?

- Sim... – ele soava preocupado e distraído.

- Concordo com você que essa é a sua casa, e tudo mais, mas você costuma ficar assim ...tão a vontade, na frente de visitas? – a ruiva apontou para o leve short que ele usava.

Harry ao perceber a situação constrangedora, em que estava, tentou cobrir-se com as mãos, sem sucesso, e seguiu rapidamente até seu quarto onde se vestiu, voltando ao recinto tranqüilamente, como se nada tivesse acontecido, enquanto Gina ria cada vez mais.

- Pronto!

- Você é tão divertido...

- Hahaha, muito divertido...só se for pra você,

- Sim. É exatamente isso que eu estou dizendo.

O moreno lançou-lhe um frio olhar, mas Gina não ligou, já que havia se largado no sofá, passando as mãos pelos cabelos desordenados. Tentou respirar lentamente, logo que teve uma leve ânsia, e disse pra si mesma que aquilo era fruto da imaginação dela, que ela estava ótima, e nada estava errado. E lentamente, após uns minutos ela já estava bem de novo, e foi então que notou que Harry não estava mais ali. Mas antes que pudesse sair a sua procura, duas mãos a puxaram para cima do encosto do sofá, de modo que ela ficasse suspensa ao ar pela cintura. Tentou soltar-se, porém as duas mãos a viraram e agora ela estava deitada de bruços no ombro direito de Harry, que a segurava pelas pernas.

- Você quer me soltar, por favor? – ela gritava, enquanto davas leves socos em suas costas.

Harry continuou, como se nada tivesse acontecido, e quando seus passos se interromperam, ela continuou.

- Você sabia, que não é muito recomendável ficar de cabeça para baixo, depois de beber algumas?

- Sabia. Mas não se preocupe, você não vai ficar assim por muito tempo. – e dizendo isso entrou no banheiro e a colocou dentro do boxe, de pé. Ela lançou-lhe um olhar irônico e irritado, ao se ver parada embaixo do chuveiro.

- Você não acha que eu vou tomar ba...AH! QUE GELO!

Harry abrira o chuveiro no máximo, e segurou a cabeça da ruiva embaixo do jato de água fria. Gina gritava em meio a toda aquela água, fazendo caretas com a quantidade do líquido que engolia, e cada vez mais, seus xingamentos desciam aos níveis mais sombrios.

O moreno fingia que não ouvia aquelas palavras sendo proferidas pelos doces lábios dela, e continuava mantendo-a embaixo do chuveiro, enquanto sua outra mão segurava, firmemente, a torneira que Gina tentava abrir em vão.

Por fim, depois de alguns minutos, a ruiva desistira de lutar e conformou-se, cruzando os braços, tentando não olhar aqueles olhos verdes que a fitavam profundamente, como uma criança emburrada.

Ele olhou em seu relógio de pulso, sem mover as mãos de onde estavam, e constatou que já passara tempo suficiente, sendo assim, fechou a torneira e soltou Gina. Por um instante, fitaram-se; a ruiva mortalmente, e ele dando de ombros divertido, quando ela, finalmente, decidiu se pronunciar.

- Está feliz agora? Eu estou toda embarcada!

- Mas, concorde comigo, você está bem melhor do que antes. Agora parece que você bebeu só metade do que você bebeu de verdade. – sorriu.

- Muito engraçado, oh, estou enfartando de tanto rir! – levantou os braços, bufando em direção ao moreno.

Harry não fizera aquilo por mal. Ele não estava tentando divertir-se as custas dela, ele só queria ajudá-la a passar toda a ressaca, porém depois dessas palavras, o moreno não pôde se conter, e riu abertamente. Recebeu em troca um severo olhar da amiga molhada e tentou desculpar-se, o que não funcionou do jeito que previra, porque Gina lhe deu alguns tapas molhados em troca, por toda a sua camisa.

- Ei, ei, pára! – segurou os punhos dela, de modo que ficassem muito mais próximos do que antes.

Podei sentir a respiração apressada da ruiva e notou que seus lábios tremiam levemente. Com isso a soltou, ainda com olhos colados nos dela e apanhou uma toalha branca, com um enorme H bordado em dourado, na borda esquerda, e entregou-lhe.

- Deve estar com frio...

- Obrigada. – gruniu descontente.

Ele seguiu até a porta, e saiu, a fim de deixá-la a vontade. Entrou no seu quarto, á direita, e largou-se sentado na macia cama de casal, amassando a borda do lençol, outrora, esticado.

Devia estar louco. Isso, ele estava louco, Essa era a única explicação lógica para todos os últimos acontecimentos. A conversa, o beijo, seus pensamentos confusos, almofadas voando, e agora Gina de roupão na sua frente, ou melhor com SEU roupão; era demais para ele.

- Minha roupa está...bem, eu pensei que...- ela dizia, com as mãos no bolso e os cabelos encharcados.

- Claro, claro. – sentiu a voz faltar, então pigarreou baixo, e levantou-se – Não tem problema nenhum, você está certa.

- Eu sei disso. Você não tinha direito algum de fazer aquilo comigo.

- Vamos parar discutir sobre isso, está bem?

- Tudo bem. – eles se calaram por um momento, enquanto Gina pensava em como pedir aquilo, até que simplesmente desistiu – Harry, não sei se você se sente a vontade de roupão mais, eu ficaria muito mais confortável em alguma roupa de verdade. – a careta confusa, feita por ele, enquanto passava as mãos pelos cabelos, a fez sorrir, mas logo continuou – Você pode me emprestar alguma?

- Ah...ok.

O moreno seguiu ao armário branco a sua frente, e escondido pelas portas abertas, murmurava em tom baixo, consigo mesmo. A ruiva sorria, o vendo jogar diversas roupas no chão e por toda a cama vazia, até finalmente dirigir-se a ela, triunfante, com uma camiseta dos Cannos nas mãos, e uma bermuda azul marinho.

Gina mordeu o lábio inferior, pensativa, ao se mirar no espelho trajando aquele conjunto, cinco vezes maior que o tamanho dela, e lembrou-se de quando era mais nova e usava as roupas de Fred e Jorge, enquanto eles estudavam em Hogwarts.

Abriu a porta do quarto dele, em que antes se trocara, e seguiu, sorrateiramente, até a sala, onde Harry sentara-se a sua espera.

- Serviu?

- Depende do que você chama de “servir”. Sim, eu estou vestida, mas não é a melhor roupa que já usei na vida.

Ele levantou as sobrancelhas, enquanto ela sorriu meiga.

- Não precisa usar, se você não quiser. Você pode me devolver, e voltar por onde entrou. – ele soava sério, apontando decidido para a porta, as suas costas.

- Não, eu...- a ruiva tentou desculpar-se, sem jeito, mas ao ver o sorriso maroto do moreno, crispou os lábios – Muito engraçado, Harry.

- Bom, - esfregou as mãos, levantando-se em seguida – mudando de assunto, da água para o vinho...ah...esquece o que eu disse, foi uma péssima expressão de linguagem para o momento. Ah...você pode me dizer o que raios aconteceu?

- Bem... – abrira e fechara a boca diversas vezes, sem as palavras são audíveis – é que...

- Não é muito normal, minhas amigas aparecerem bêbadas na minha porta, você sabe, não é?

Gina inalou uma excessiva quantidade de ar, a fim de relaxar. Precisava escolher bem as palavras agora, já que aquele era um momento importante do seu plano, e ela não poderia falhar.

- Eu acho que o Draco tem uma amante. – ela disse confiante.

Harry arregalou os olhos, confuso e divertido.

- Então por isso você bebe até cair? Porque você ACHA que o Draco tem uma amante?

“Droga. Não funcionou!”

- Não é isso, o que acontece é...

- Não seria mais fácil, Gina, você conversar com ele? Quero dizer, a bebida não ajuda muito o...

- VOCÊ PODE ME ESCUTAR?

Ela gritou agressiva, e o moreno parou no mesmo instante, cruzando os braços, dando espaço para que ela falasse, sentindo-se impaciente. A ruiva agradeceu a pausa e tentou explicar-se.

“Por que ele tem que ser tão teimoso?”

“Por que ela tem que ser tão imprudente?”

- Essa não é toda a verdade.

- Eu pude imaginar.

- Na realidade, nós brigamos e...Draco pediu o divórcio.

- Ele o que? – Harry não pôde distinguir se sua frase teve tom de espanto ou felicidade. Nem mesmo ela conseguiu.

- Nós discutimos, coisa pouco rara, mas de qualquer forma,ele estava muito estranho, não sei como dizer, e no fim, como sempre ele decidiu tudo sozinho, e pediu o divórcio.

- E você aceitou?

- Harry! – levou as mãos ao ar, num gesto nervoso, e sentou-se no sofá, sendo seguida por ele.

- Ok, desculpa, foi uma pergunta idiota.

O olhar sarcástico lançado por ela, o desconcertou. Permaneceram algum tempo em silêncio, nenhum dos dois sabia bem o que dizer um ao outro, até que Harry a puxou para perto de si – o que ela agradeceu mentalmente – e depositou sua cabeça ruiva em seu colo. Harry afagando seus cabelos era uma boa sensação, mas que ambos podia entender ou prever. E assim, ficaram por longos minutos, calados novamente, mas dessa vez não havia nada a ser dito, nada que os suaves toques em seus cabelos de fogo, e os suspiros dela que eram emitidos em curtos intervalos, pudessem dizer melhor. Mas por fim, ela interrompeu:

- Eu não consigo entender o por quê. Sinceramente, não entra na minha cabeça. Como um amor pode ter-se acabado desse modo, de uma hora para outra?

Harry perdera o fôlego, com as palavras jorradas daquela pequena boca de lábios carnudos e vermelhos, o paralisando. Talvez ela não quisesse provocar aquele efeito, mas isso clareou os pensamentos do moreno. A Gina que estava ali não era a Gina que antes o amara, mas a Gina sua amiga, que precisava de atenção e palavras reconfortantes. Coisas que ele, provavelmente, não poderia lhe dar.

Como ela conseguia dizer aquilo tudo a ele? Aquele turbilhão de sentimentos, sem controle algum. Sentimentos, os quais, Harry não só entendia, como os viva todos os dias, mas por ela. Sentimentos nutridos por ela, que eram falsos e infantis. Uma dor que ele carregava consigo, e que talvez nunca se curasse, porém, ela poderia, enfim, entender.

- Eu não posso entender. – ela levantou-se, o fitando profundamente, como se enxergasse além de seus olhos, perfurando sua alma – Você já amou alguém assim? Amar de uma forma, que a vida dessa pessoa se torne mais importante que a sua? Amar de um jeito que...

Piscou nervosamente os olhos amêndoas, agora marejados por grossas lágrimas, o que ela estava fazendo? O que ela estava dizendo? É claro que ele sabia do que ela falava. Ele entendia tudo perfeitamente, por que sentia o mesmo por ela!

Sentia-se uma idiota. Ela despejara todas as suas emoções, que ele compreendia tão bem, porque sentia por ela, durante todos esses anos.Não havia notado a bobagem que estava fazendo, alias, toda aquela idéia havia sido uma bobagem por completo, não conseguira nada, e não tinha mais o controle sobre si mesma. Lembrou-se, mentalmente, de nunca mais beber, e notou que aqueles olhos que a fitavam, estavam tristes e cansados, como ela nunca os vira, antes.

Estavam próximos, tão próximos quanto ficaram na última noite. Nem um sussurro, nem um único movimento, apenas seus corações batendo, apressados, em seus peitos, e por um instante, Gina não tentou conter-se mais. Não podia, não tinha mais o controle a força de antes, simplesmente seguiu o impulso de seu coração, e dançou da música de suas batidas. Foi aproximando-se de Harry, como se ele fosse uma espécie de imã, e antes que pudesse notar seus olhos fecharam-se, e os lábios entreabriram-se, mas ele se levantou.

Ela ainda permaneceu estática na mesma posição em que estava, e ao passar de uns curtos momentos, ela abriu seus olhos lentamente, e os parou em Harry, trançando todo o trajeto que ele fizera, e cessando um tanto acima de sua cabeça, ao moreno em pé a sua frente.

- Não podemos fazer isso.

Sua expressão tornou-se confusa e um pouco angustiada, dando chance dele continuar.

- Gina, você ainda está sob os efeitos do álcool...E no momento, você pode achar que está certa, mas irá se arrepender muito depois.

Ela bufou mal-humorada e levantou-se, o encarando.

- Eu realmente não entendo você, senhor Harry Potter! Há algumas horas, você vem e me beija, sem mais nem menos, e agora que eu estou aqui, e quero compartilhar desse desejo mutuo, você não quer nada? Você é realmente muito estranho...

Ele riu baixo.

- É por isso que eu não quero ter nada com você. Não desse jeito, não nessa noite, Gina.

- Você não me ama mais? – aquela voz suave lembrava a de uma pequena criança pedindo um pônei de aniversário a seus pais; quase irresistível.

Mas ele resistiu.

- Não.

A ruiva fez uma careta confusa e ficou sem entender, como se ele acabasse de dizer que os porcos estão voando ou que sapos têm uma banda de rock.

- Eu pensei muito sobre tudo nessas horas e me conformei. Eu perdi, Draco venceu, é difícil de admitir, mas ótimo! Eu não vou ficar mais me martelando porque nosso amor não vai dar certo, Gina. Eu não amo mais você; não do jeito que eu amava antes.

Ela riu desdenhosa, e abafou a curta risada com uma das mãos.

- Você mente muito mal, Harry... – bocejou sonolenta, dirigindo-se ao sofá as suas costas – Mas eu não me importo, principalmente, porque minha cabeça não pára de doer e eu não...consigo...ficar acordada, para discutir isso com você.

Deitou-se, espaçosamente e aconchegante, apoiando a cabeça em um dos braços, como se fosse um pequeno anjinho, e despediu-se de Harry com um “boa-noite” abafado, seguido por um beijo soprado.

Ele a cobriu com uma leve manta e a observou, um tempo depois, completamente adormecida.

- Não a culpo, Gina, mas você não ouviu uma palavra do que eu disse.



*****Fim do Capítulo*****




N/A: Demorou, mas está aí. Eu tenho escrito todo o 10° e o começo do 11°, mas não garanto nada para esse final de semana, estou em época de provas, aí a coisa complica!

Comentem, por favor! Eu preciso saber a opinião de vocês!

E respondendo alguns comentários:

Carlos- NÃO! Não dá! Heheh...Eu adoro o Draco...tadinho dele! ^^ ...Mas a minha opinião sobre os personagens não contribuem para o fim da história, eu estou seguindo a trama, antes estabelecida. ;)

Laura – Fique tranqüila, eu não vou matar a Mione, mesmo porque se eu a matasse aqui, eu estaria matando a mim mesma. A Mione é um pouco inspirada em mim, por isso ela é doida, e tem umas idéias idiotas, mas está sempre pensando no bem dos outros. ;)

Miaka e Ruivinha Malfoy – A história ainda não acabou, há muito chão pela frente...heheh *sorri maliciosamente*

Digo o mesmo para os H/Gs de plantão! ^^


Minha Beta (Serena Bluemoon) quase me matou com o "não" do Harry...heheh...ela está inconformada! XD ...Tadinha...como sofrem essas betas! heheh




Por hora é só...




Beijos e até a próxima!




Mione Malfoy.




PS: Vencedora do 3° lugar de melhor fic Drama do Aliança 3 Vassouras – IMPOSSÍVEL (H/G)

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