A garota sem sobrenome



Os dias na Toca continuaram sendo os mesmos. Toda a vez que Harry pensava ter se acostumado com a vida de lá, acontecia algo totalmente inesperado. Resumindo: Toda a vez que Harry achava que a vida na Toca estava se parecendo com a vida nos Dursley, mudava de opinião.

Como havia prometido, Hermione foi para a casa de Rony no último dia de férias. Os três jogaram quadribol e treinaram um pouco para o Torneio. Gina até tentou assistir, mas Rony expulsou-a do quarto alegando ser muito perigoso. Porém Gui assistiu o treinamento todo, dando dicas de alguns ataques e feitiços de defesa a Harry.

No outro dia a Toca estava uma confusão. A sra. Weasley não sabia se preparava o café ou despedia-se de Gui, que ia voltar ao Egito. Harry, Rony e Hermione , para facilitar, levaram seus malões para o carro que o sr. Weasley pegou emprestado do Ministério da Magia, enquanto o próprio ia escrevendo com pressa cartas que deveriam ser entregues urgentemente, mas foi interrompido várias vezes por Bichento, que parecia querer ler as cartas.

Depois de seções de encontrões, finalmente eles conseguiram sair de casa e irem para King’s Cross, aonde Harry, Rony e Hermione pegaram um vagão vazio só pra eles no trem.

Quando estavam treinando mais um pouco, eis que surge a pessoa menos desejada naquele momento, Draco Malfoy :

_ Ora, ora, vejam só, Harry Potter treinando para enfrentar o Lord das Trevas!

_ O que eu estou ou não fazendo não é da sua conta, Malfoy! –– disse Harry

_ Calma, Potter. Quem um dia iria dizer que o Potter-bom-samaritano poderia ofender desse jeito...Tudo isso por causa do Torneio?

_ Que Torneio, Malfoy? –– gaguejou Rony

_ Existem duas coisas que você não sabe ser, Weasley: rico e mentiroso. Pro seu governo meu pai soube no Ministério da Magia. Houve uma certa pessoa que andou espalhando isso por lá... –– disse Malfoy, olhando para Rony

_Engraçado, Malfoy. Pensava que seu pai havia sido preso. – disse Harry

_ E você acha que meu pai iria ficar muito tempo na cadeia? Não Potter, meu pai voltou a trabalhar no Ministério. E lá ele ouviu esse boato, contado pelo pai de alguém que eu conheço...- e encarou Rony de novo

_Quem, Malfoy? Um dos pais dos seus amiguinhos? –– perguntou Hermione

_Não é da sua conta, sua sangue-ruim. Mas se você quer mesmo saber, não foi o pai de um dos meus amiguinhos, e sim o pai de um dos SEUS amiguinhos...

Nesse momento Rony quis enfiar a sua cabeça em baixo da terra de tanta vergonha, mas Harry estava preocupado com aquela conversa. Sabia que Voldemort havia matado Mafalda Hopkirk, que trabalhava no departamento de controle do uso indevido da magia, para dar lugar a um de seus comensais, no caso Lúcio Malfoy. Agora que ele sabia do Torneio ele poderia contar a Voldemort. Foi pensando nisso que Draco falou:

_ Com medo, Potter?

_Medo do que, Malfoy?

_Medo do Lord das Trevas saber?

_Não! Mesmo que Voldemort saiba, ele não teria coragem de entrar em Hogwarts novamente –– disse Harry, querendo acreditar no que dizia

_Não teria tanta certeza assim, Potter. Só as suas companhias seriam motivos suficientes para o Lord das Trevas entrar em Hogwarts. Mas para a sorte de vocês, meu pai esqueceu de tudo graças a um feitiço da memória que o pai de alguém fez e atingiu-o sem querer –– disse Draco olhando para Rony novamente, mas dessa vez o garoto respondeu:

_Cada um tem o que merece, Malfoy.

Draco se irritou e saiu dali, fungando de raiva. Assim que ele bateu a porta, Rony perguntou:

_O que ele queria, afinal de contas?

_Nos irritar, o que mais? –– disse Harry

_Eu não acho, ele queria alguma coisa. Vocês não ouviram o que ele disse? O pai dele soube do Torneio! –– disse Hermione

_Ah, mas o meu pai já deu um jeito em tudo, vocês o ouviram dizer...

_E vocês acham que isso é verdade?

Harry, que até aquele momento não havia comentado quase nada, respondeu:

_Eu não sei.

Ao chegarem finalmente em Hogwarts, o tumulto era grande. Os alunos do 1º ano desceram depressa do trem, enquanto os outros iam subindo nas carruagens. Quando estavam indo, Harry viu várias pessoas que aparentavam ter a idade de Dumbledore ou dos outros professores. Quando tentou colocar a cabeça para fora da janela, Hermione o puxou, alegando que não deveria ser nada de mais. Ao passarem perto do lago, Rony chamou a atenção deles para ver a vista dali. Os barcos que levavam os alunos do 1º ano iam sendo remados depressa, porque logo atrás vinham chegando vários navios que iam se estacionando na orla do lago. Hermione soltou um leve comentário:

_ Esse torneio vai ser demais!

Ao entrarem no salão principal, eles mal se sentaram e já foram chamados por McGonagall:

_ Venham comigo.

E os três seguiram McGonagall pelos corredores da escola, saíram no jardim, passaram pelas estufas e caminharam até chegarem num outro jardim. Lá estavam todos os alunos das outras escolas, pelo menos era o que parecia. No caminho McGonagall foi comentando:

_ Todos os professores estão muito agitados com esse torneio, Potter. Estão contando muito com você.

_ Até mesmo Snape?

_ Ah, tudo tem exceções, mas mesmo assim ele está trabalhando muito.

_ Trabalhando com o quê? –– perguntou Hermione

_ Ele e os outros professores estão muito ocupados falando com os diretores das outras escolas. É diretor que não acaba mais. Além disso, eles estão preparando a escola para fazer com que todos os alunos estrangeiros durmam e estudem aqui em Hogwarts.

_ Quê??? –– perguntou Rony

_ Como assim, professora? –– perguntou Harry

_ Idéia maluca do Gustivitz

_ Quem??? –– perguntou Rony

_ O novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Pablo Gustivitz, um argentino que se mudou para a Inglaterra só para dar aulas aqui. Ele teve a brilhante idéia de sugerir que os alunos das outras escolas dormissem e estudassem aqui junto com os nossos alunos. Dumbledore achou uma boa idéia e aceitou, junto com os outros diretores.

_ Deixa ver se eu entendi: Os Campeões e os escudeiros irão dormir e estudar junto com a gente? E vai ter espaço? –– perguntou Hermione

_ É com isso que os professores tem se ocupado ultimamente, em fazer um Feitiço de Ampliação na escola toda.

Mas a conversa foi interrompida porque eles já tinham chegado ao seu objetivo. McGonagall desejou boa sorte e deixou-os ali com os outros alunos.

Harry começou a olhar as outras pessoas. Elas tinham mais ou menos a idade dele, e todas tinham uma coisa em comum: todos aparentavam estar extremamente nervosos. Harry continuou olhando, e, como passatempo, chutava quem eram os campeões e quem eram os escudeiros. Não era muito difícil de identificar: aqueles que Harry chutava serem os campeões estavam rodeados, sendo aconselhados ou preparados por aqueles que Harry julgava ser os escudeiros. Hermione e Rony seguiam o mesmo método, e os três sempre chegavam na mesma conclusão.

Meia hora depois, quando já estavam começando a se cansar do joguinho de detetive, Rony, Hermione e Harry resolveram parar e começar a pensar nas provas do Torneio, mas nessa mesma hora, Harry se deparou com a visão de uma garota que chamou bastante a atenção dele. Aos olhos dos outros era uma garota normal: um pouco alta, mais ou menos da altura de Harry, com os olhos castanho escuro e o cabelo preto e meio rebelde, um pouco abaixo do ombro e as duas mechas da frente presas atrás formando uma trança. Sua saia era um pouco curta perto das outras, mas mesmo assim, uma garota de aparência normal era o que ela era. Mas com certeza não foi por causa da aparência que ela chamou tanto a atenção de Harry, e sim porque havia alguma coisa nela que o impressionou, que o incomodou de tal forma que qualquer um que visse aquela cena pensaria que os dois já se conheciam há vários anos. Rony, que percebeu a cena, comentou sarcástico:

_ É Harry, até que ela é bem bonitinha.

Nessa mesma hora Hermione virou e começou a procurar a garota, com um olhar que nem Rony nem Harry conseguiram descrever tal incógnito que estava. Mas logo Harry voltou a atenção para a garota, e a olhou tão fixamente que qualquer garota que tivesse um olhar daqueles virado para si, se assustaria. Harry até teve que encolher os olhos para enxergá-la melhor, de tanto que era sua curiosidade. Hermione, achando enfim a garota, disse em um tom mesclado de melancolia e deboche:

_ Parece que ela está bem sozinha, não?

De fato era o que parecia. A garota estava encostada em um dos pilares do jardim, olhando para aqueles que os três julgaram ser os seus colegas por causa do uniforme azul marinho e branco. Olhava para os dois com ar de desinteresse. Harry, curioso, perguntou a Rony e Hermione:

_ Vocês acham que ela é uma Campeã ou uma escudeira?

Rony deu uma olhada disfarçada para a garota, enquanto Hermione, descaradamente, examinou- a de cima a baixo, “caçando” alguns detalhes, mas não com a mesma intensidade do olhar de Harry, que continuava a encará-la . Quem deu o primeiro palpite foi Rony:

_ Acho que ela é escudeira.

Hermione, depois de olhar a garota por completo, também apostou:

_ Escudeira. E você Harry?

Harry encarou a garota mais um pouco, e deu o seu palpite:

_ Campeã.

Rony e Hermione olharam para Harry incrédulos. Com certeza, eles achavam que aquela garota de campeã não tinha nada. Hermione perguntou se Harry tinha certeza do seu palpite, e ele afirmou decidido:

_ Aposto tudo como ela é uma Campeã.

_ Mas como você pode achar que ela é Campeã? - perguntou Rony, inconformado. - Olha, se ela fosse uma Campeã ela com certeza não estaria desse jeito sozinha, não?

_ Eu não sei, mas pra mim ela parece ser mais do que uma escudeira qualquer.

Nessa mesma hora a garota começou a olhar os outros campeões, como se examinasse todos eles e, assim como Harry estava fazendo há poucos minutos, “chutando” quem era os Campeões e quem eram os escudeiros. Até que o olhar dela se encontrou com o de Harry. Ele viu que a garota ficou um pouco encabulada, mas ela mostrou uma idéia contrária. Acenou para Harry e soltou um sorriso. Nessa hora Harry sentiu um alívio na cabeça, como se sua cicatriz houvesse sumido. Colocou a mão na cabeça, só para confirmar. Olhou pra garota de novo, e viu que dessa vez ela estava nervosa, tremendo um pouco, talvez. E também olhava fixamente para ele, da mesma forma que Harry olhava para ela. O bom é que seu sorriso continuava firme e até mais radiante. Ficaram nessa troca de olhares durante alguns minutos, até que os colegas dela chamaram-na para dar uma opinião. Assim que ela desviou o olhar, aquele alívio na cicatriz de Harry sumiu quase que imediatamente. Hermione, que viu uma parte da cena, disse bastante séria:

_ Parece que vocês já se conhecem há muito tempo.

Harry virou-se para a amiga. Ela tinha razão: a sensação era de que ele conhecia aquela garota há anos. Soltou uma risadinha, mas Hermione continuou séria. Rony começou a rir, e os dois perguntaram juntos:

_ O que foi?

_ Nada. Mas Harry, olha ali.

Harry olhou de novo pra garota, que agora dava várias opiniões para os colegas. Rony disse bastante irônico:

_ Se ela fosse uma Campeã, com certeza ela estaria sendo aconselhada e não dando conselhos.

Nessa hora McGonagall voltou, os outros diretores apareceram e o silêncio predominou no jardim. Ela, usando o feitiço “Sonorus”, começou a explicar:

_ A Cerimônia da Abertura do Torneio irá começar, mas antes preciso explicar algumas coisas: antes de tudo vou mencionar os nomes das escolas. Os alunos pertencentes à escola mencionada deverão vir até aqui e formar uma fila. Depois entraremos no Salão Principal e os alunos que não souberem falar a língua inglesa tomarão uma Poção de Línguas. O resto o Profº Dumbledore irá explicar com mais detalhes. - pegou uma longa lista e continuou - Venham conforme eu for chamando: Escola Postune, Highway, Sertis, Gunime, Yamike, ...

Conforme as escolas iam sendo chamadas, os alunos caminhavam até McGonagall e formavam uma fila, cada um com seu diretor. Alguns iam traduzindo o que McGonagall dizia para seus alunos:

_ ... Lótus, El Tiempo, Glória...

_ Olha lá! - gritou Harry

_ O quê? - perguntou Rony

_ Essa é a escola daquela garota. Onde será que fica?

_ No Brasil. - respondeu Hermione, ainda séria.

_ Como você sabe? - perguntou Harry, impressionado

_ Li no Profeta Diário da Itália, que falava os nomes das escolas participantes.

_ Você fala italiano? - perguntou Rony

_ Meu pai fala. Ele foi a um congresso de dentistas na Itália e conseguiu um exemplar do Profeta Diário de lá pra mim.

_ Como ele conseguiu? - perguntou Harry.

_ Bem... - disse Hermione ficando levemente ruborizada - eu pedi pra ele procurar pra mim, e ele trouxe.

_ Bonzinho o seu pai, não? - disse Rony.

McGonagall continuou a falar os nomes das escolas, até falar a última, que era Hogwarts. Terminada a lista, enrolou o pergaminho e anunciou:

_ Está na hora. Vamos.

E eles foram andando de volta ao Salão Principal. Harry, Rony e Hermione iam vendo que a escola já tinha sido ampliada, principalmente o campo de Quadribol, onde tinha oito arquibancadas a mais. Ao chegar finalmente no salão, tiveram uma grande surpresa. Estava muito maior do que há alguns minutos atrás, e as mesas das casas, bem maiores e bem mais largas. Foram caminhando até o banquinho com o Chapéu Seletor. Harry ficou imaginando por que ele ainda estava ali, mas sua pergunta foi respondida por Dumbledore:

_ Bem-vindos à Hogwarts. Quero parabenizar a todos por terem sidos escolhidos para participar desse Torneio. Bom, meu nome é Alvo Dumbledore, e esse é o corpo docente dessa escola - apontou para a mesa dos professores - Em primeiro lugar, como a profª McGonagall já deve ter dito, aqueles que não souberem ou não tiverem prática com a língua inglesa, tomarão uma Poção de Línguas que durará durante o tempo em que estiverem no Torneio. Aqueles que quiserem tomar por não terem muita prática com a nossa língua também poderão tomá-la. Em segundo, com a autorização de todos os diretores, decidimos que vocês terão aulas e dormirão em nossa escola, juntamente com nossos alunos. Para ajudá-los, vocês serão selecionados para nossas casas, através do Chapéu Seletor, programado para selecioná-los conforme suas virtudes . A única diferença da Seleção normal é que ele está programado para ajudá-los a encontrar uma casa que o ajude NO TORNEIO, e não para uma convivência normal. Bem, como um de vocês já pertence à nossa escola e há muito tempo já foi selecionado para uma casa, essa pessoa irá controlar essa parte da Cerimônia. Harry, por favor. Vocês também, sr. Weasley, srta. Granger…

Harry foi para frente, com Rony e Hermione atrás. Foi instruído por McGonagall: teria simplesmente que chamar os alunos conforme a lista que lhe entregaram. A pessoa iria se sentar e ele iria colocar o Chapéu na cabeça de cada uma. Rony e Hermione iriam entregar a poção para os alunos.

No começo foi fácil. Harry ia colocando o Chapéu na cabeça dos alunos e eles iam sendo selecionados. Rony e Hermione davam a poção após a Seleção. Quando estava na metade da lista (o número de alunos que iam para a Corvinal era esplêndido), Harry percebeu o nome de uma garota incompleto. Estava apenas como Liz, sem o sobrenome. Ao chamar Yolanda Brutvaski, Harry pediu que McGonagall fosse falar com ele e ver o erro. Ela viu e, com muito embaraço, bastante nervosa, e com uma voz bastante tensa, respondeu:

_ Eles devem ter esquecido de colocá-lo. Mas acho que essa é a única Liz da lista. Pode chamá-la sem o sobrenome.

Harry ficou sem entender nada. Depois que Amanda Soarez foi para a Sonserina, chegou a vez da tal Liz. Harry falou bem alto. Todos no salão ficaram esperando o sobrenome, inclusive Rony e Hermione:

_ E o sobrenome dela, Harry?

_ Não tá aqui, Mione.

E para a surpresa geral dos três, a mesma garota que eles ficaram olhando do pátio ia caminhando para a frente deles. Rony foi o primeiro a percebe-la, cutucando Hermione e chamando Harry. Os dois primeiros ficaram abismados, pois tinham certeza quase absoluta de que ela era uma escudeira, mas para Harry aquilo pareceu um tanto louco. Não seria conhecidência demais ser ela justo a garota que estava causando um problema com o nome completo? Mas essa dúvida saiu da mente de Harry quando ela parou bem na sua frente, se esforçando para não mostrar o quanto estava tremendo. Sentou-se, e ele colocou o chapéu na sua cabeça. O silêncio foi absoluto. Harry esperava ansioso pela decisão do Chapéu Seletor, torcendo com muita força para que ela ficasse na Grifinória. Por que ele torcia daquela maneira, nem ele sabia bem a razão, mas alguma coisa dizia que ela tinha que ficar junto com ele, na mesma casa.

O Chapéu Seletor não decepcionou Harry. Depois de algum tempo, ele disse bem forte “Grifinória”. Harry ficou bem feliz. Rony bateu palmas, junto com os outros alunos da casa. Hermione, que viu a alegria de Harry, batia palmas com desânimo. A garota deixou o chapéu no banco e saiu. Depois que seus escudeiros tomaram a poção, ela passou direto por Rony e Hermione, sem tomá-la. Os dois a chamaram, mas outra surpresa veio. A garota disse em inglês e educadamente:

_ Ah, desculpa mas... é que eu sei falar inglês.

_ Ah tá. Tudo bem. - disse Rony - Bem-vinda. A mesa da Grifinória é aquela.

_ Obrigada. - disse sorrindo

Alguma coisa veio na cabeça de Harry naquele momento. Ele chamou a garota. Ela parou de repente e virou tremendo. Ele disse:

_ Bem-vinda.

Ela retribuiu com um sorriso. Murmurou uma “obrigada” e foi até a mesa da Grifinória, onde finalmente se sentou com seus escudeiros.

A Cerimônia continuou sem problemas. De fato, era só o nome de Liz que estava sem sobrenome. Ao terminar, já exausto, Harry deixou o chapéu sobre o banco e se dirigiu à mesa da Grifinória. Levantando-se, Dumbledore terminou o seu discurso:

_ A partir de agora, podem se considerar alunos de Hogwarts. A primeira prova do Torneio será daqui a um mês. Peço que todos os Campeões compareçam. Muito bem... - disse pegando ar - que se inicie o banquete.

Como sempre, muita comida apareceu na mesa. Os alunos do primeiro ano e os Campeões com seus escudeiros se admiraram. Todo mundo começou a comer depressa. Harry e Rony comiam com uma velocidade espantosa, tamanha era a fome dos dois. Estavam nesse ritmo quando Liz chegou e parou ao lado deles. Hermione foi a primeira que a viu. Os outros dois, vendo a cara dela, olharam para trás. Liz, um pouco vermelha, disse:

_ Por favor, será que eu poderia pegar o molho? O que estava perto da gente acabou.

_ Claro- disse Rony, entregando o pote de molho.

_ Obrigada. Com licença.

_ Ah... perdão? - disse Harry

_ Sim?

_ É que... eu tava chamando os nomes dos Campeões, e eu percebi que o seu sobrenome não estava na lista, então... eu queria saber...

_Meu sobrenome? Ah tá- disse com uma cara bastante aliviada- Deixo ver se adivinho: disseram pra você que esqueceram de colocá-lo, não é?

_ É.

_ Típico. - disse inconformada, e se sentou no meio de Rony e Harry, o que assustou muito os dois, enquanto Hermione estava com os olhos arregalados - Harry Potter, não é? Infelizmente eles NÃO esqueceram meu sobrenome. Eles simplesmente não sabem.

_ Não? Por quê? - perguntou Rony

_ Por causa disso. - e pegou um papel do bolso da capa, que entregou para Harry.

_ E o que é isso? - disse Hermione, se metendo na conversa

_ Um decreto do Ministério da Magia. Aí diz o motivo por que o meu sobrenome não estava na lista e por que eles não sabem.

_ Mas aqui tá dizendo... que você está PROIBIDA de falar ou mencionar seu sobrenome, sujeita a PENA DE MORTE, ainda por cima?

_ Exatamente. Esquisito, não é?

_ Muito. Nunca vi algo assim - disse Hermione, pegando o papel da mão de Harry, e depois entregando a Rony, que deu uma rápida olhada e entregou à Liz de volta.

_ Isso porque a minha família é a única no mundo que tem que seguir essa “lei” particular. Por isso meu sobrenome não estava na lista. E por causa disso todo mundo me conhece como Liz, simplesmente.

_ Mas por que eles não querem que você fale seu sobrenome?- perguntou Harry

_ Não sei. - disse imediatamente - Se soubesse, eu falaria. Desculpa Harry, mas eu não vou poder falar meu sobrenome pra vocês.

_ Tudo bem. E como você sabe meu nome?

_ Bom... - disse ela abafando um risinho, e mexendo no cabelo de Harry, até aparecer a cicatriz, o que fez não só Hermione, mas Rony também, arregalar os olhos - isso responde sua pergunta?

_ Ah tá. - disse arrumando o cabelo.

_ E vocês, quem são? - perguntou se dirigindo a Rony e Hermione

_ Rony Weasley.

_ Hermione Granger.

_ Prazer. Espero que a gente se dê bem. As pessoas dessa casa parecem ser legais. Vocês vão participar do Torneio, não vão?

Os três afirmaram com a cabeça.

_ Então boa sorte. Ouvi dizer que vai ser difícil demais.

_ Liz! - gritou uma garota loira, com o mesmo uniforme de Liz.

_ Acho melhor eu ir. Depois a gente se fala. Foi muito legal conhecer vocês. E obrigada pelo molho.

E foi andando até seus colegas, se sentou e continuou a comer. Os três se olharam, com uma cara espantada, até Rony dizer:

_ Bem diferente ela, não?

_ É - confirmou Harry

_ É muito estranho, isso sim. - disse Hermione

_ Estranho o quê? - perguntou Rony

_ Esse decreto do Ministério da Magia. Por que será que eles não querem que ela fale o próprio sobrenome? Deve ser uma coisa muito importante, e muito secreta, ou muito vergonhoso, pra chegarem a ponto de ameaçarem ela de PENA DE MORTE, caso ela fale...

Rony e Harry concordaram. Aquilo com certeza deveria ser uma coisa bastante séria.

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