O roubo do Gringotes



O que faz Dumbledore aqui?", pensou Harry, enquanto Dumbledore tocava a campainha. Algum tempo depois, veio um grito de tia Petúnia acompanhado por um grito de tio Valtér, dizendo: “Como se atreve a invadir a minha casa?", mas Dumbledore estava tão calmo que ainda respondeu:

_ Bom dia, e me desculpem pela visita inesperada, mas não podia esperar. Tenho coisas importantes a tratar. - e entrou na casa.

"O que será que Dumbledore tem de tão importante pra fazer aqui?", continuou a pensar Harry, mas mal acabou de pensar e já abriu a porta do quarto para descer e ouvir a conversa.

Dumbledore estava sentado no sofá, enquanto tio Valtér o continuava olhando. Duda se abraçara à mãe, que também sentia um pouco de medo. Harry, de pé na porta, via a cena intrigado, imaginando o que fizera Dumbledore ir até aquela casa, mesmo sabendo que os Dursley odiavam bruxos. Até que tio Valtér tomou coragem e disse:

_ É melhor ir dizendo o que você veio fazer aqui.

_ Em primeiro lugar, vim avisar que já não era mais necessário os senhores irem a Hogwarts resolver o problema de seu sobrinho, já que, infelizmente, o padrinho dele não poderá ficar com ele, por motivos que preferimos não comentar.

"Isso eu já sabia!", pensou Harry, com certa tristeza.

_ Em segundo, - continou Dumbledore- vim falar com Harry sobre um assunto de extrema importância. E não se preocupem em chamá-lo, ele já está na porta ouvindo nossa conversa.

Todos olharam, onde estava Harry, que, meio envergonhado, disse:

_ Bom dia, professor. Tudo bem?

_ Sim Harry, tudo bem. E com você?

_ Também.

_ Precisava realmente falar com você. Será que poderia ser a sós? - disse Dumbledore olhando para os Dursley.

_ Não mesmo. - respondeu tio Valtér - Não sairei de minha própria sala para que um velho caduco e um moleque esquisito falem sobre coisas... “bruxescas”.

_ Tudo bem. - disse Dumbledore, fingindo não ouvir as ofensas que tio Valtér fizera a ele. - Podemos conversar em outro lugar. Tudo bem, Harry?

Harry afirmou com a cabeça e, se dirigindo a Dumbledore, olhou para os tios e perguntou:

_ Posso?

Tio Valtér deu uma fungada e saiu da sala, resmungando. Tia Petúnia foi atrás, seguida por Duda. Dumbledore olhou para Harry e disse:

_ Bom, acho que com isso podemos ficar por aqui. - disse Dumbledore, enquanto Harry deu uma leve risadinha. - Bom Harry, sente-se.

_ Não precisa, estou bem assim.

_ Mas sente-se, o que vou lhe dizer é de extrema importância.

_ Algo a ver com Voldemort? - perguntou Harry, se sentando.

_ Sim e não. O que acontece, Harry, é essa divisão entre nós, bruxos. Poucas pessoas custam a acreditar que Voldemort realmente está de volta. Você sabe que ele está se vingando, matando apenas as pessoas que ele já perseguia antes de perder seus poderes. E, ao contrário de antes, está fazendo tudo isso no maior sigilo. Sabemos de tudo isso graças a Snape, que nos mantém a par de tudo.

Harry engoliu em seco. Sabia, graças a Snape, que era como um espião para Dumbledore, que Voldemort já matara várias pessoas, conforme tentava chegar até ele próprio, e Bode era um exemplo disso. No último ano, quando finalmente Voldemort atraiu Harry até o Ministério da Magia, ele conseguiu fugir, destruindo a profecia, mas também perdendo Sirius. Dumbledore, vendo a reação de Harry, continuou:

_ O problema é que agora Voldemort está planejando atacar alguns lugares no resto do mundo. Isso complica bastante as coisas. Mas, para amenizar esse medo, decidimos no ano passado que esse ano iríamos fazer um TMB.

_ Um o quê?

_ Um Torneio Mundial de Bruxos. Para apaziguar os ânimos e conferir também em que níveis estão os alunos bruxos de uma escola de cada país. E, pelas regras, se diz que todos os alunos a partir dos dezesseis anos devem tentar participar através do Cálice de Fogo. Infelizmente ou felizmente, você foi o escolhido. Sei que não deveria, mas você vai ter que participar. Desculpe-me.

Harry parou para pensar um pouco. Lembrava-se da época em que participara do Torneio Tribuxo. Foi horrível, mas sinceramente foi até uma lição, e desde esse ano ele vem se questionando sobre sua força de bruxo e se ele realmente era digno de ter aquela fama toda. Entre tantos pensamentos, lhe veio a morte de Cedrico Diggory, e, antes de responder qualquer coisa, perguntou :

_ Vai ser só eu ou terá mais alguém?

_ Será só você Harry, a escolha foi sigilosa.

_Mas por que agora é a partir dos dezesseis anos, e não a partir dos dezessete?

_ Em muitos lugares, a maioridade se é alcançada aos dezesseis anos. São costumes bem diferentes. Mais alguma pergunta?

_ Tenho sim. Vai ser igual ao último Torneio?

_ Basicamente sim. A diferença é que cada campeão terá direito a dois escudeiros, a sua escolha. Aconselharia você a escolher não só pessoas fortes, mas que sejam de sua confiança também. Já tem alguém em mente?

_ Tenho, mas preciso saber se eles estão dispostos a serem meus escudeiros.

_ Tenho certeza de que o sr. Weasley e a srta. Granger irão ser seus escudeiros com muito prazer. Mas preciso avisá-lo Harry, não queremos te obrigar a nada, mas, em frente a todos esses acontecimentos, acho que não tivemos outra escolha. Sei o quanto você deve ter aprendido e esse torneio irá lhe ajudar bastante. Pense como se fosse uma terapia, um jogo divertido no qual você foi escolhido pra jogar. - Dumbledore respirou fundo e continuou -Mais alguma pergunta?

Harry pensou no sonho que tivera, mas se lembrou também da carta de Lupin e disse:

_ Não, mais nada.


_ Um Torneio Mundial de Bruxos?! - exclamou Rony, assim que Harry lhe contou, logo após chegarem à Toca - Caramba, isso vai ser demais.

_ Não acho tão demais assim. - respondeu Harry - a minha sorte é que posso escolher dois escudeiros.

_ Escudeiros?

_ É, tava pensando em chamar você e a Mione, mas não sabia se vocês iriam aceitar.

_ A Mione eu não sei, mas você não precisaria nem ter me consultado. Eu aceitaria na hora.

_Por quê?

_ Ora Harry, ser escudeiro do seu melhor amigo deve ser demais. É sério.

_ É, por isso eu já escrevi a Dumbledore contando que você ia ser um dos meus escudeiros. Desculpa se eu não te consultei.

_ Tudo bem. Mas você já falou com a Mione?

_ Já, e ela já me respondeu: ela aceitou também ser minha escudeira. Também escrevi isso a Dumbledore. Mas falando em Mione, que dia a gente vai até o Beco Diagonal?

_ Amanhã. Mione me escreveu, e combinamos de ir amanhã. Ela só tava esperando você chegar aqui em casa.

_ Sério?

_ É, disse que era pra gente ir só quando você viesse pra cá. Achei muito estranho, mas...

Harry se sentiu bastante feliz. Sua maior sorte era que tinha Rony e Hermione como amigos. Os dois já haviam feito muitas coisas por ele, como Rony, que tantas vezes ofereceu sua casa para passar as férias e o ajudou nos momentos difíceis, ou Hermione, que nunca deixava faltar nada a ele e sempre o ajudava a resolucionar os mistérios que rondavam sempre sua vida. A única coisa que Harry conseguiu dizer naquele momento foi...

_ Sou um garoto de sorte!

No dia seguinte, como no combinado, os Weasley foram até o Beco Diagonal. Lá, Harry e Rony se encontraram com Hermione. Harry se sentiu um pouco incomodado, mas sacudiu a cabeça e os três foram até o Gringotes, onde os pais de Hermione estavam trocando o dinheiro dos trouxas por dinheiro de bruxo. O Sr. Weasley, que ainda adorava todas as coisas vindo de trouxas, olhava atentamente para ver se pegava os valores de cada moeda. A Sra. Weasley havia saído para ver o movimento da loja de conveniências de Fred e Jorge. Harry, que ainda iria pegar o seu dinheiro, foi levado aos cofres. Hermione e Rony também foram. Os três iam conversando alegremente:

_ Vocês não sabem como eu estou ansiosa para ir para Hogwarts. Não vejo a hora de começar o torneio. Vai ser bastante emocionante. - exclamou Hermione.

_ Você está ansiosa pra começar o torneio ou para começar as aulas? - atiçou Rony.

_ Cala a boca, Rony. - reclamou ela.

Harry deu risada. Não entendia como os dois agüentaram namorar durante um ano todinho. Deviam ter brigado quase todos os dias. Mas, imerso nesses pensamentos, foi surpreendido por uma visão de Gui correndo pelos corredores, como se estivesse apressado e assustado. Cutucou Rony para ver, mas o garoto não viu nada:

_ O quê o Gui iria fazer aqui? Geralmente, os duendes das outras filiais do Gringotes mandam seus funcionários em casos de extrema urgência. E geralmente são os próprios duendes que vem, não os humanos.

_ Mas eu tenho certeza de que era o Gui. Absoluta.

_ Deve ter sido um funcionário parecido com ele. Você acha que o Gui não iria passar lá em casa antes de vir pra cá? - perguntou Rony

_ E se for tão urgente que Gui teve que vir pra cá direto? - questionou Hermione

_ Não acredito. A última vez que teve algo sério no Gringotes foi a tentativa de roubo da Pedra Filosofal, e nem por isso mandaram os duendes dos outros bancos virem pra cá, quem dirá bruxos. Ainda mais o Gui, que quer distância daqui. - respondeu Rony.

_ Por que o Gui quer distância? – perguntou Harry

_ Ah, uma briga feia que ele teve com a Delacour. Sabe, eles estavam namorando, mas aí ela beijou outro cara e ele viu... nada de mais. Por esses e outros motivos que eu duvido muito que ele esteja aqui.

No meio dessa discussão, chegaram até o cofre de Harry. Ele pegou alguns galeões e vários sicles e colocou tudo numa bolsa de couro. Ao entrar no vagão, disse:

_ Urgente ou não, aquele era o Gui.

Quando chegaram do lado de fora, os três resolveram ir até a loja de Fred e Jorge. Mas ao chegarem lá, tiveram a grande surpresa: Gui estava discutindo com Fred e Jorge, bastante preocupado. Harry e Hermione olhavam para Rony, com um leve sorriso em seus rostos, mas o garoto estava bastante espantado. Sendo o único inconformado com a situação, chamou o irmão:

_Gui?

_ Hã... ah, oi Rony. Harry, Hermione, é muito bom ver vocês. O que estão fazendo aqui?

_ A gente é quem pergunta. Que eu me lembre, você tinha voltado pro Egito há alguns meses. Você não deveria estar lá, não?

_ Bom, é que houve uma urgência no Gringotes daqui e aí eu tive que vir pra cá direto. Nem deu tempo de passar em casa.

_ Não disse? - exclamou Hermione, vitoriosa com a dedução feita há minutos atrás.

Harry deu uma leve risadinha. Rony ignorou a garota e voltou para Gui:

_ Para terem te mandado, deve ter sido alguma coisa bem urgente...

_ E foi. Houve um roubo em todas as filiais do Gringotes.

_ E o que roubaram? - perguntou Harry, preocupado.

_ Das outras filiais, nada. Mas dessa, roubaram uma coisa de extremo valor. Mandaram-me para ajudar na investigação, por isso tive que vir tão urgentemente pra cá. Agora, que chegaram outros duendes das outras filiais, posso descansar.

_ E o que foi exatamente que roubaram? - tornou Harry.

_ Não sei. Eles não quiseram me contar.

Durante o resto do dia, Harry ficou pensando o que teriam roubado no Gringotes a ponto de mandarem Gui para a investigação. Mas o estranho é que não contaram nada a ele. Então, por que motivo o mandaram? Depois de comprarem o resto do material, Harry deu mais uma passada na loja de Fred e Jorge e comprou vários doces. Depois, foi ao Caldeirão Furado, onde tomou uma cerveja amanteigada e discutiu aquele roubo com Rony e Hermione:

_ O que vocês acham de tudo isso? - perguntou Harry, instintivamente olhando para Hermione, esperando uma resposta. Mas a garota estava pensando bastante preocupada, até que Rony respondeu:

_ Duendes são muito desconfiados. Nunca foram muito chegados aos bruxos. Esse roubo deve ter sido muito sério para que mandassem Gui.

_ O que vocês acham que roubaram? - perguntou Harry

_ Uma vez eu li num livro que Gringotes era protegido por algo mais que os dragões. Mas o livro não especificava bem o que era. - respondeu Hermione, meio desconfiada.

_ O que ele dizia? - perguntou Harry, intrigado.

_ Não lembro. - disse Hermione, mordendo o lábio, como fazia toda vez que ficava nervosa - Eu li ele quando a gente tava ainda no primeiro ano, na época da Pedra Filosofal.

_ Mas você sabe qual é o nome do livro? - continuou Harry.

_ Sei, mas um dos únicos exemplares existentes no mundo está em Hogwarts.

_ Só falta estar na seção reservada ! - exclamou Rony.

_ Claro que não - disse Hermione com severidade - Se estivesse na seção reservada, eu não teria lido.

_ Bom, mas o mais importante é que podemos ler o livro - disse Harry.

_ Mas pra quê você quer ler o livro? - perguntou Rony

_ Claro que é pra saber mais sobre esse roubo, Rony - disse Hermione com tom de desapontamento - Sinceramente, ás vezes parece que você não pensa.

Esse comentário deixou Rony de cara fechada, enquanto Harry ria baixinho. Mas mesmo assim estava preocupado, porque aquilo o deixava bastante intrigado: o que havia de tão importante no Gringotes capaz de trazer Gui do Egito? Tomou um gole de cerveja amanteigada e comentou consigo mesmo:

_ Já estou começando a me envolver demais nas coisas em que não devo me meter .

Como já era tarde, os Weasley tiveram que ir embora. Hermione combinou de visitar Harry e Rony no último dia de férias, assim já dormia lá e os três iriam juntos para King´s Cross no dia seguinte. Harry se serviu de pó de flu e voltou para a Toca, ainda atormentado com o roubo. Sinceramente, se preocupar tanto com as coisas estranhas já o incomodava, e muito.


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