Finalmente



Capítulo 23 - Finalmente


Nuvens densas e pálidas recortavam-se contra o céu escuro, encobrindo as estrelas e a lua cheia. Lílian, como sempre absorta nos próprios pensamentos, andava mecanicamente ao lado de Tiago enquanto Hagrid, um pouco mais à frente, abria caminho cantando uma velha canção bruxa.

Tiago a observava em silêncio com os cantos dos olhos, tentando adivinhar no que ela estaria pensando tão concentrada. Hagrid parou, entrando numa clareira. Tiago também parou, reconhecendo o local em que ele e Sirius haviam assistido ao conclave dos centauros. Mas Lily não notou, continuando a andar até bater nas costas do guarda-caça. Ela cau no chão, zonza, e logo o
homem virou-se para ela, ajudando-a a se levantar.

- Não deveria estar voando enquanto caminha pela floreta, Lílian. - ele advertiu com delicadeza - Preste mais atenção da próxima vez.

A ruiva assentiu, corando levemente e olhou para a clareira, tomando um choque. Só faltavam as pequenas fadas, mas aquele era o mesmo lugar com o qual ela sonhara, onde sempre encontrava Helena!

- Lily, você está bem?

Ela piscou os olhos confusa, e virou-se para Tiago, que a olhava preocupado. As lembranças do que dissera a Susan antes de sair para a detenção voltaram e ela corou ainda mais, embora detestasse esse fato.

- Não foi nada, Tiago.

O garoto piscou, surpreso. Tiago? Ela, depois de tanta confusão, estava chamando-o de Tiago? Definitivamente ela não estava bem.

- Agora, escutem vocês dois. Eu tenho que observar algumas coisas na floresta. Todas as ervas que a professora Estricnina quer que vocês levem existem nessa clareira. Não saiam dela sob hipótese alguma até que eu volte. Estamos entendidos? - Hagrid disse com um sorriso.

Os dois grifinórios assentiram e logo o gigantesco guarda-caça desapareceu por entre as árvores, deixando-os com um pequeno cesto cheio de divisórias. Tiago sorriu para a ruiva.

- Enfim sós.

Lílian não respondeu, embora tivesse dito a mesma coisa internamente. Rapidamente ela começou a recolher as ervas para poções, depositando-as no cesto, andando por todo o perímetro do lago até se ver bem distante do maroto. Infelizmente para ela, ele decidiu segui-la.

- Então, Lily, o que vamos fazer primeiro em nosso romântico encontro ao luar? Que tal um banho no lago?

A ruiva parou instantaneamente, o sangue subindo à cabeça como acontecera em todo decorrer daquela semana. Com um sorriso maquiavélico, ela virou-se para o moreno.

- Um banho no lago! Potter, você está ficando cada vez mais criativo em seus convites. Sabe que essa é uma excelente idéia?

Tiago olhou-a assustado quando começou a levitar. Ela não estava com a varinha, mas depois de tudo o que vira nos encontros com Hades, não havia como não culpá-la.

- Lily, me coloca no chão!

- Porque? Logo agora que está ficando divertido...- lentamente, o garoto voou até um pouco depois das margens do lago e Lílian sorriu novamente - Mas, já que insiste, farei sua vontade.

Antes que Tiago pudesse retrucar, ele se sentiu desabar. Rindo, Lílian observou o moreno completamente encharcado, tentando secar os óculos enquanto a olhava furioso.

- Definitivamente, você tem que ser internada, sua louca perigosa, sua...

- Cuidado com o que diz, Potter. - ela advertiu-o, enquanto voltava a colher suas ervas.

- Você é uma tonta, é isso! Como alguém pode resistir tanto tempo a mim? Você...

- Começou de novo a sessão de tortura com o "eu-sou-o-arrogante-Potter"?

- E você não é nem um pouquinho arrogante não é, senhorita Evans?

A ruiva começou a perder a paciência.

- Potter, será que dá pra calar a boca?

- Ah, a verdade dói, não é? - ele disse, desistindo de secar os óculos e colocando-os de volta, ainda sentado dentro d'água - Você também é orgulhosa, cabeça-dura, histérica, chata, convencida só porque é a toda poderosa monitora-chefe,...

Enquanto o moreno desfiava um rosário de defeitos da ruiva, Lílian, depositando a cesta no chão, começou a entrar na água. Se ele não ia se calar por bem, ia por mal mesmo. Tiago só a notou através dos óculos embaçados quando ela estava bem diante dele, com água até os joelhos.

- ...e detestável, petulante, e, e... - ele começou a gaguejar à medida em que a garota se abaixava, agarrando-o pela gravata para em seguida colar os lábios aos dele.

Tiago ficou em choque, mas o contato não durou mais de dois segundos, pois tão subitamente quanto começou, a ruiva interrompeu o beijo, soltando a gravata dele, erguendo-se rápida. Ele voltou a cair sentado dentro d'água com toda a força enquanto ela passava a mão pelo rosto.

- Ai, meu Pai, que foi que eu fiz?

Lentamente Tiago levantou-se e segurou a mão que ela mantinha no rosto corado, entrelaçando seus dedos com os dela.

- Porque fez isso? - ele perguntou baixinho.

Ela ergueu a cabeça, os olhos brilhantes.

- Eu... eu não sei... - ela ia dizer "esqueci", pois realmente esquecera porque o beijara.

Tiago levou a mão livre à face da garota, passeando com os dedos pela pele sedosa até tocar os lábios dela, vermelhos e levemente úmidos. Lílian fechou os olhos, desejando que ele nunca findasse o toque. Ela sentiu a mão dele escorregando até sua nuca. Com um passo, o rapaz venceu o pequeno espaço que separava os corpos dos dois.

Ela reabriu os olhos, sentindo a respiração dele sobre sua face, enquanto a mão em sua nuca deslizava até a cintura. Tiago soltou a mão da dela, acompanhando o destino da primeira. Sem pensar direito no que estava fazendo, ela envolveu com os braços livres o pescoço de Tiago.

Finalmente os lábios dos dois se tocaram, de início timidamente, até que Lílian os entreabriu, permitindo que Tiago aprofundasse o beijo. Ela sentiu como se tivesse uma companhia completa de balé sapateando em seu estômago.

Um vento frio começou a soprar e Tiago apertou ainda mais a ruiva contra seu corpo. Sentir a boca dela sob a sua era mais perfeito do que imaginara em seus sonhos mais malucos. E era ainda melhor porque não era um beijo à força, roubado, como tantas vezes imaginara. Lílian estava correspondendo!

O som de passos fez com que os dois se separassem e, sem olhar para o moreno, com as vestes quase tão encharcada quanto as de Tiago, Lílian voltou à margem do lago. Segundos depois, Hagrid adentrou a clareira, acompanhado de um centauro que o maroto imediatamente reconheceu. Firenze.

- Porque estão molhados? - o guarda-caça perguntou preocupado enquanto Tiago saía de dentro d'água.

Tiago olhou estranhamente para Hagrid. Ele e os outros marotos gostavam muito de Rúbeo, mas ele não pôde deixar de amaldiçoar a inopoturna volta do amigo.

- Ocorreu um pequeno acidente, nada demais, Hagrid. - Lílian respondeu meio rouca, secando as próprias vestes com um aceno da varinha, sem olhar para Tiago, que parara ao seu lado.

- Bem, vocês já encheram o cesto. E já passa da meia-noite também, a festa acabou há muito. Vamos, eu vou levá-los de volta. A propósito, esse aqui é o Firenze.

Lílian voltou-se para o centauro, ouvindo Tiago murmurar um olá mal humorado. Firenze aproximou-se, mirando os olhos verdes dela com atenção.

- É um grande prazer conhecê-la, senhorita Evans.

A garota não se surpreendeu ao ver que ele sabia seu nome. Provavelmente Hagrid falara deles enquanto voltava para buscá-los.

- Igualmente. - ela respondeu com um leve sorriso.

- Boa noite, senhor Potter. - Firenze voltou-se para o moreno.

Tiago assentiu, embora tivesse vontade de dizer que a noite se estragara depois da chegada deles. Hagrid sorriu alegremente.

- Certo, então vamos indo. Firenze, nos acompanha?

- Infelizmente não poderei hoje, Hagrid. - o jovem centauro respondeu sem desviar os olhos de Lílian.

- Então até a próxima. Vamos, garotos.

Lílian obedeceu, tentando não notar o olhar de Tiago, que andava um pouco atrás dela. Em silêncio, eles voltaram ao castelo. Hagrid os deixou no portão e, assim que se viram sozinhos, Tiago segurou a ruiva pelo braço.

- Lily...

- Até que enfim! - a voz de Sirius e de pedro veio das sombras - Pensamos que nunca iam voltar dessa maldita detenção.

Tiago olhou com irritação para os amigos, que seguravam a capa de invisibilidade, enquanto Lílian suspirava aliviada.

- Como foi a festa? - a ruiva perguntou.

- Um tédio. - foi a resposta de Sirius - Só não fomos direto com o Remo porque ia dar muito na vista, sabe como é...

- Mas a comida estava boa. - observou Pedro.

- Você também só pensa em comida, Rabicho! - Tiago descontou a raiva no amigo sem perceber, abrindo o portão - Vamos logo.

Os quatro voltaram a orla da floresta. Pedro virou-se para a ruiva.

- Então você também é uma animaga ilegal? - ele perguntou com um sorriso maroto.

Lílian deu de ombros.

- Não se pode viver de regras todo o tempo, não?

Os três garotos riram, embora estivessem surpresos. Certamente, de todas as pessoas que eles imaginariam para infrigir uma regra da escola, a última da lista seria a monitora-chefe. Depois de se entreolharem por alguns instantes, um a um, os marotos se transformaram. Rapidamente o pequeno rato saiu correndo na frente, enquanto o cervo e o enorme cão olhavam a garota inquisidoramente. Com um suspiro resignado, ela deixou-se envolver pela aura prateada, desaparecendo para dar lugar a um pequeno pássaro vermelho-fogo. Os três seguiram Rabicho, que
já fizera o Salgueiro lutador parar de se debater. Poucos instantes depois, tinham acabado de atravessar o túnel escuro que desembocava na Casa dos Gritos.

Lílian sempre reteria as lembranças daquela noite. Jamais esqueceria dos uivos de dor de Remo, nem de como o lobisomem se tornara mais "dócil" quando o cervo e o cão começaram a fazer festas a ele, ou quando o pequeno rato olhou pela janela guinchando alegremente, convidando-os à aventura. Também não se esqueceria quando pousara gentilmente no ombro da fera, enxergando naqueles olhos amarelados um brilho de consciência: a consciência de Remo.

Eles saíram da Casa dos Gritos e voltaram para a Floresta Proibida pela terceira vez naquele dia. E por trás dos olhos escuros do pequeno pássaro, Lílian aprendia sobre os bichos que habitavam entre aquelas árvores enquanto divertia-se com as brincadeiras dos marotos.

Quando finalmente amanheceu, os quatro deixaram Remo já destransformado perto do Salgueiro e voltaram ao castelo com Pedro no bolso de Sirius sob a capa de Tiago. Por sorte todos haviam ido dormir muito tarde na noite anterior e eles poderiam descansar. Na sala comunal vazia, Tiago tirou a capa, guardando-a.

- Foi divertido, não? - Sirius perguntou para Lílian com um sorriso - Que pássaro é aquele em que você se transformou?

- Eu ainda não sei. Ele não é nativo daqui. Mas já comecei minhas pesquisas.

Notando finalmente o olhar de Tiago, Sirius e Pedro despediram-se, subindo para seu dormitório. Lílian sentiu um calafrio.

- Errr... Até mais tarde.

Ela virou-se para subir ao dormitório feminino, mas a mão de Tiago em seu braço não permitiu.

- Acho que ainda precisamos conversar, Lily.

Ela encostou-se à parede, olhando para ele.

- Eu realmente preciso dormir, Tiago, será que não pode deixar para mais tar...

Antes que a ruiva pudesse completar sua frase, Tiago já tinha os lábios novamente sobre os dela. Dessa vez, o rapaz só se afastou quando já não conseguia respirar.

- Eu amo você, Lily.

Lílian olhou-o surpresa. Há muito se acostumara com as investidas de Tiago, mas nunca ouvira ele dizer aquilo. Se nada do que se passara naquela noite tivesse acontecido, ela não teria acreditado nele. Mas agora, se Tiago Potter dissesse que o sol era cor de rosa, ela acreditaria.

- Eu também amo você, seu grandíssimo tolo.

Mais uma vez eles se beijaram enquanto, no dormitório masculino, já com os olhos fora da fechadura, Sirius e Pedro executavam silenciosamente uma dança da vitória.




ALELUIA!!!!!!!! Eu não acredito que finalmente esses dois se acertaram. Espero que tenham gostado desse capítulo, então, comentem e logo saberão o que acontece DEPOIS dessas duas antas finalmente se acertarem. Ainda tem muita coisa pela frente, então, continuem deixando reviews!

Beijos,

Silverghost.

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