Tomando decisões - parte I - A

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Capítulo 12 - Tomando decisões - parte I - A passagem através da parede


O céu estava claro, repleto de estrelas. Deitado sobre a relva, o jovem centauro observava as pequenas fadas que vocejavam sobre o lago enquanto se perdia em pensamentos.

- Eu ouço a voz do Cavaleiro. Ele chama pela sucessora de Helena. Porque não escutas esse chamado? Porque te fechas à tua natureza? Ele clama por ti mais alto e forte do que nunca. No entanto, fechas a mente a essa súplica. Porque?

Subitamente, ele levantou-se, olhando para o norte. Para Hogsmeade. Havia cheiro de morte no ar. Rápido, Firenze começou a cavalgar.

*****

Snape acordou assustado. A marca negra em seu braço ardia. Alguns de seus colegas de dormitório ainda não estavam em suas camas. Ele olhou para a marca, brilhante. Rápido, o sonserino se vestiu e desceu para a sala comunal, de onde podia ouvir vozes divertidas. Tinha acontecido algo realmente grande dessa vez.

*****

Quando Lílian desceu para o café-da-manhã, uma semana depois de ter asumido suas funções de monitora-chefe, ela esparava encontrar alunos sonolentos e desanimados para as aulas da segunda-feira. No entanto, o Salão Principal estava um caos. O usual burburinho tinha se elevado à décima potência e não havia um único professor à vista para colocar ordem naquele pandemônio. Ela aproximou-se das amigas à mesa da Grifinória, um tanto surpresa.

- Vocês podem me dizer o que está acontecendo aqui?

Susan entregou à ruiva um pedaço de jornal que estivera recortando. Era a manchete do Profeta Diário: "Ataque em Hogsmeade põe mundo mágico em polvorosa. Vinte mortes já foram confirmadas, mas ainda há oito desaparecidos e muitos feridos." Ela leu em silêncio a reportagem, enquanto Susan folheava um pequeno álbum.

- Estive colecionando durante todo o verão as notícias que saíram sobre o assunto. Desde a morte dos seus pais, não tinha haviado mais vítimas. No entanto...

- "Acredita-se que muitos bruxos estejam atualmente sob a maldição Imperio, incluindo nessa conta altos funcionários do ministério. Mais e mais comensais aparecem todos os dias para engrossar as fileiras desse novo exército. Centenas de trouxas já morreram e não se sabe mais em quem confiar. Embora haja algumas forças para combater esse mal, não há indícios de que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado possa ser impedido tão cedo." Desde quando Voldemort é "Aquele que não deve ser nomeado"? - Lílian devolveu o artigo a Susan, sentando-se ao lado dela - Têm medo agora até de dizer o nome dele?

- O Profeta Diário vem usando esse título já a algum tempo. - Frank, que acabara de se sentar com a namorada, intrometeu-se - Parece que não conseguem perceber que só aumentam o terror que todos estão sentido com isso. - ele concluiu, irritado.

Lílian observou o salão em silêncio, lembrando-se vagamente do pesadelo que tivera há uma semana, na noite em que haviam chegado em Hogwarts. Teria sido coincidência ela ter sonhado com um ataque à Hogsmeade?

O olhar dela se encontrou com o de uma garota de longos cabelos negros sentada à mesa da Sonserina. Bellatrix Black, a prima de Sirius. Um choque percorreu o corpo dela e, enquanto mirava aqueles olhos azuis, Lílian sentiu o burburinho se dissolver, dando lugar a uma respiração entrecortada e soluçante.


- "Não, por favor, por piedade... Acabe logo com isso..."


Lílian empalideceu. Aquela era a voz de sua mãe!

- Lily, o que você tem? - Susan perguntou, assustada, segurando os pulsos da ruiva.

Lílian não respondeu, enquanto respirava muito rápido, vendo vultos de negros à sua frente. Vultos, vultos...


- "Acabe logo com isso... Me mate, mas por favor, termine com isso..."


Nesse instante, os amrotos entraram no Salão e, com um sorriso, Sirius e Tiago se encaminharam na direção dos colegas grifinórios. Sirius parou ao lado da ruiva, mas, antes que qualquer coisa pudesse ser dita, a cabeça de Lílian pendeu para frente e ela escorregou na cadeira. Tinha desmaiado.

*****

- Coloque-a na maca, por favor, senhor Potter. Agora afaste-se para que eu possa examiná-la.

O garoto obedeceu, depositando sua preciosa carga numa das camas da Ala hospitalar, seguido de perto por Susan e Emelina. Os outros estavam lá fora, esperando notícias, pois a enfermeira não deixara que todos entrassem.

- Mamãe... - a ruiva balbuciou baixinho, mas suficientemente alto para Tiago e Susan, que ainda estavam perto dela, ouvissem - Por favor, deixem ela em paz...

Uma lágrima correu dos olhos fechados de Lílian. Madame Pomfrey enxugou-a e virou-se para os garotos.

- Ela deve ter se abalado com a ataque. Tem motivos, afinal, os pais dela... Bem, vocês já podem sair. Ela só precisa de um pouco de descanso. Com alguma sorte, pode sair ainda essa noite.

Eles assentiram e Lílian ficou sozinha com seus delírios na Ala hospitalar.

*****
Estava diante do mesmo lago onde, por tantas vezes, se encontrara com Helena. Mas a mulher não estava lá. O bosque parecia ter perdido o viço e não havia rastro das fadas que tanto a encantavam.
Lílian sentou-se cansada, colocando os pés descalços dentro da água fria, sentindo os olhos úmidos. Tinha certeza de que aquela voz que ouvira antes de desmaiar era a de sua mãe. Os últimos momentos de sua mãe. Ela pedira pela morte. Provavelmente tinham torturado seus pais antes de matá-los.
Mas porque ouvira aquilo? Se deixara impressionar com o ataque a Hogsmeade? Ou havia algum outro motivo? E seu sonho? Teria sido realmente só uma cruel coincidência?
- O que está acontecendo comigo?
Ela fechou os olhos, concentrando-se, tenatando entender o que significava tudo aquilo. E, pouco a pouco, como num quebra-cabeça, ela começou a ligar os sonhos com Helena, suas crises de sonambulismo e as palavras que lera há muitos meses sobre a Antiga Magia.
Só faltava uma peça para terminar de montar seu jogo. E ela só a teria quando abrisse a passagem que havia no Salão Principal, como fizera dezenas de vezes em seus sonhos.

*****

Emelina deitou-se, sentindo-se completamente exausta. Todas as outras garotas já estavam dormindo. Ela olhou com carinho para Lílian, que tinha a cabeça coberta pelo travesseiro. A enfermeira a liberara pouco antes do jantar e ela foi a primeira a ir se deitar. Não conversara com ninguém. Provavelmente estava sofrendo mas não queria que ninguém se preocupasse com ela. Típica atitude da racional Lílian.

Poucos instantes depois a respiração da loura tornou-se lenta e ritmada. Lílian levantou-se com cuidado, olhando com atenção a face da amiga. Quando teve certeza de que as quatro companheiras de quarto estavam em sono profundo, ela desceu as escadas do dormitório pé ante pé, tendo antes o cuidado de colocar um robe sobre a camisola. Para surpresa dela, a sala comunal estava vazia.

Decidida a deixar para pensar nessa questão depois, ela foi decidida até o quadro da Mulher Gorda, que também estava dormindo. Dando de ombros, a ruiva caminhou pelos corredores vazios até o Salão Principal, só parando quando estava diante da parede que ela abria em seus sonhos. Ela observou cuidadosamente a pedra até encontrar algo diferente. Havia uma figura em alto-relevo ali. Ela não sabia o que era mas, disposta a terminar com aquilo de uma vez por todas, ela colocou a mão sobre a imagem entalhada e fechou os olhos.

- Cum spíritu tuo eo clamo passare.

Ela sentiu um calor gostoso envolvê-la e, para sua surpresa, uma aura prateada emanava de seu corpo. Subitamente a parede desapareceu, revelando um corredor escuro e, aparentemente, sem fim. A garota teria entrado em pânico se não tivesse sido preparada para aquilo através de seus sonhos. Retirando a varinha de suas vestes, ela deu um primeiro passo no corredor.

- Lumus.

A ponta da varinha dela se acendeu e ela começou a caminhar, de início lenta e depois quase correndo. Até que, finalmente, ela parou diante do portão em que seus sonhos sempre chegavam ao fim. Era um portão de carvalho, todo trabalhado.

Curiosa, ela observou as figuras. Elas contavam uma história, podia sentir isso, embora não conseguisse entender o que elas queriam dizer.

- Muito bem, é hora de deixar a razão de lado...

Fechando os olhos, a ruiva passeou com as mãos sobre a madeira, sentindo novamente a sensação gostosa que sua aura lhe proporcionava. O barulho de uma tranca se abrindo pode ser ouvido. Lílian sorriu. Funcionara.

Ela agora estava diante de um grande salão de paredes de pedra. Embora não houvesse tochas nem nada do tipo, uma luz suave inundava o recinto. Vários objetos estranhos abarrotavam o chão, junto com livros antigos e armas enferrujadas. Em algum ponto muito distante do passado, aquele fora um suntuoso aposento. Ela observou tudo com curiosidade, especialmente os livros, pensando em que tesouros eles poderiam esconder entre suas páginas.

Finalmente, após uma minuciosa observação, os olhos dela encontraram um velho cortinado de veludo, puído em alguns cantos, mostrando fios de prata soltos, brilhando. Com cuidado, ela afastou o pano, encontrando uma escadaria que levava para ainda mais fundo em Hogwarts.

Respirando fundo, a garota principiou a descer, chegando a outro salão, esse, completamente escuro. Ela ergueu a varinha, tenatando iluminar o local. Mas era um salão muito grande, ela só conseguia ver as paredes atrás dela, que levavam à escada. Foi então que ela percebeu que não estava sozinha.

Havia outra respiração ali, uma respiração forte e pesada. Ela começou a caminhar lentamente, enquanto a luz de sua varinha bruxuleava pelo chão. Lílian tropeçou e fez um som alto, encolhendo-se no chão em seguida, enquanto sua varinha escorregava de sua mão com um baque surdo e se apagava. O que quer que estivesse ali, já sabia da presença dela.




Gente, como eu sou má... Mas não se preocupem. As revelações estão vindo, estão cada vez mais próximas. Prometo que logo, logo, vocês saberão quem realmente é Helena, o que há no salão em que Lílian entrou e outras coisinhas também.

Peço desculpas também a quem está esperando ansiosamente por Tiago e Lílian juntos. Eu sei que fui cruel com o Tiago no capítulo da discoteca, mas, tentem entender, A Lily é RACIONAL demais, ela só vai ficar com ele quando tiver certeza do que sente. E ela só vai ter certeza quando começar a ouvir mais o que sente. Contraditório? Vocês não imaginam o quanto. Por isso, eles ainda vão demorar um pouco para se acertarem. Em compensação, quando afinal se acertarem...

Beijos,

Silverghost.

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