E seu valente cavaleiro...



E nesse capítulo, as coisas começam a acontecer... Dessa vez, mais uma homenagem à minha maninha Ana... Com uma de nossas bandas favoritas - sim, temos gostos parecidos - Here, there, everywhere. Eu usei uma versão da Rita lee para deixar os versos cantados pelo Remus em português... Adoro Beatles...

E que príncipe aparece nesse capítulo... bem que eu queria ter a sorte da Nym com a visão privilegiada dela... E será que tio Phineus está certo lá no final do capítulo? Só lendo o próximo para saber, não?

Agradecimentos especiais à Helena Black, Bebely Black, Cami Black, Gaby-fdj-Black (céus... quantos Black ainda vão aparecer aqui?), Mariana, Gabriela Black, Xianya, Ana Torres, Thatyz, Donna Black, Iliana, Bruna Granger Potter, Mirtes, Lisa Black, e demais leitores queridos e amados!

Agora, por favor, a Silver está numa crise de abstinência... Eu sei que tem um monte de gente lendo por aí... Custa tanto assim deixar um recadinho pra mim ali embaixo? Aquele botãozinho bonito, parece um pirulito, façam a menina aqui feliz... vamos lá... Não custa nada... E será sua boa ação do dia! Muitas boas ações como essa, e vocês vão para o céu! O que me dizem?

Beijinhos!

Silver.

p.s.: essa fic - repetindo - tem uma dedicatória especial para minha querida e amada e idolatrada gênia, maninha Ana! Ela cuida de mim, beta minhas fics, me faz feliz com comentários gigantescos... E ainda dá conselhos amorosos! O que seria de mim sem ela?


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Capítulo 02: E seu valente cavaleiro


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Ele observou a foto do casal sorrir para ele. As flores sobre o túmulo ainda estavam frescas. Não que aquilo pudesse significar alguma coisa - com magia, algumas rosas poderiam durar anos sem murcharem. A questão é que fazia muito tempo desde que alguém depositara flores no túmulo dos Potter.

Remus olhou para o céu. Começava a escurecer, as primeiras estrelas surgiam no horizonte. Estrelas... Ele voltou a abaixar a cabeça, colocando as mãos dentro do sobretudo, encaminhando-se para a saída do cemitério. O som do cascalho sob seus pés fazia coro ao vento sibilante e às batidas fracas de seu coração.

Chegou ao alto da pequena colina. Dali, podia divisar toda a Godric's Hollow, com seus elegantes telhados vermelhos, sua bela praça de pedras brancas, com a velha fonte cheia de limo onde Lily costumava levar Harry para brincar.

Eles tinham estado ali. Não podia precisar há quanto tempo. Mas ele sabia.

Mais uma vez, ele ergueu os olhos para as estrelas. E, com um suspiro, desaparatou em Londres. Grimmauld Place, número 12. A casa maldita, como Sirius costumava chamá-la. A porta abriu-se com um rangido quando ele girou a chave na fechadura.

Greyback tinha expulsado ele da matilha. Fora sorte ele ter escapado vivo depois daquela maldita noite em Hogwarts. Desde então, ele se tornara o solitário morador da casa de Sirius – agora, a casa de Harry.

Ele observou a sala vazia. Algumas poucas chamas ainda ardiam na lareira. Esquecera que a Ordem se reuniria àquela tarde.

Sentou-se no sofá empoeirado, escondendo o rosto com as mãos. Gostaria de descobrir onde Harry estava. Se pudesse protegê-lo, se pudesse... Devia isso afinal. Devia isso a James e devia isso a Sirius. Mas a cada dia que passava, as coisas pareciam mais difíceis... A Ordem estava minguando desde que Dumbledore se fora.

Remus respirou fundo, levantando-se. Não estava na hora de ficar repensando isso. Já remoera todas aquelas memórias vezes demais. Não adiantava nada se deixar deprimir. Precisava continuar vivo. Precisava continuar.

E, principalmente, precisava de um bom bife mal passado.

Faltava menos de uma semana para a lua cheia. Sentia o sangue ferver com essa proximidade, com os instintos que começavam a dominar sua consciência. Detestava se sentir daquela forma, preso a sua própria irracionalidade.

A cozinha estava um caos. Havia panelas sujas nas pias, pratos cheios de restos de comida empilhados sobre a mesa, e algumas ratazanas já andavam por aqui e por ali, cheirando o fundo dos potes cheios de gordura. Uma voz rouca anunciava promoções numa grande magazine trouxa pelo rádio, uma nova aquisição de Mundungus já há alguns dias.

O homem meneou a cabeça, cansado, enquanto passava as mãos pelos cabelos grisalhos. Era sempre daquela forma, sem Molly ali, ninguém conseguia manter nada organizado. Empurrando alguns pratos para o lado, ele se sentou à mesa de refeitório, servindo-se de um belo pedaço de alcatra quase crua.

Quando terminou seu parco jantar, voltou a se levantar para observar o estado geral da cozinha. Chutou um rato que guinchava junto ao seu pé e enfiou a mão no bolso da capa, sentindo os dedos fecharem sobre a varinha.

Poderia deixar tudo aquilo limpo em menos de dois minutos com magia. Entretanto, não era essa sua verdadeira vontade. Se fizesse tudo à moda trouxa, certamente terminaria a noite exausto o suficiente para dormir profundamente e sem pesadelos.

Ele tirou a capa, dobrando-a rapidamente para guardá-la sobre um armário. Em seguida, dobrou as mangas da camisa e começou a empilhar todos os pratos e panelas junto a pia. Minutos depois, a camisa branca estava cheia de respingos de gordura, enquanto ele se esmerava em deixar pratos e panelas brilhando, fazendo todos os músculos reclamarem com o esforço.

O rádio continuava, agora numa voz mais animada, desfiando algumas notícias do dia. Nada de muito interessante, exceto pelo desaparecimento de uma criança em um bairro do subúrbio. Não era a primeira naquela semana. Mais três crianças tinham desaparecido. Podia ser algum trouxa maníaco. Mas também podia ser indício de atividade comensal.

De uma maneira ou de outra, aquilo precisava ser investigado. Talvez pudesse conversar com alguém depois sobre o assunto. Ele anotou mentalmente o endereço que o locutor dera, enquanto se perguntava quem poderia dar atenção àquele caso.

Algum membro da Ordem? Talvez eles achassem supérfluo demais. Se fosse ao Ministério, corria o risco de ser levado para o Departamento de Regulamentação de Feras, e não seria exatamente para um passeio.

- E agora, para você que é fã, começa o super especial pelo qual esperaram toda a semana... Com vocês... The Beatles!

Os acordes de uma conhecida canção rapidamente preencheram a casa. Remus conhecia os Beatles, graças, principalmente, a Lily. A ruiva sempre fora fã dos “rapazes de Liverpool”, o que, certa vez, rendera uma grande briga entre ela e James.

Ele voltou a atenção para o problema das crianças desaparecidas. E uma outra imagem se formou em sua mente. Nymphadora. Talvez ela pudesse ajudá-lo. Nymphadora seria a única que daria atenção ao que ele poderia dizer. Todos os outros estavam muito ocupados com seus próprios problemas.

Remus sentiu um pequeno sorriso se formar em seus lábios ao se lembrar da moça, mas logo meneou a cabeça vigorosamente. Não podia deixar seus pensamentos enveredarem novamente por aquele caminho, por mais prazeroso que ele pudesse lhe parecer. Não podia fazer aquilo com a moça, não podia sujeitá-la aos riscos que sua condição envolvia.

Uma a uma, as músicas foram se sobrepondo, e, de quando em quando, ele se pegava cantarolando um trecho delas, os pés movendo-se quase inconscientemente pelo chão ladrilhado, espalhando a água da pequena poça que se formara ali.

Finalmente, os pratos estavam agora todos escorrendo junto a pia. Remus voltou-se para o fogão, jogando os restos de comida para longe, ao mesmo tempo em que tentava afastar os ratos. Lavou as últimas panelas rapidamente e virou-se, enfim, para o resto da cozinha.

Agora começava o trabalho pesado. Remus limpou o suor do rosto e caminhou até a sala, onde tirou os sapatos, as meias e a camisa, colocando as roupas sobre o sofá. Em seguida, dobrou a barra da calça até os joelhos e então, voltou para o outro cômodo.

Ele espreguiçou-se, fazendo os ossos estalarem. Aquela sensação de cansaço era diferente da que acompanhava os sintomas da lua cheia. Havia uma certa satisfação nela, satisfação de trabalho feito e da perspectiva de uma boa noite de sono.

Abriu uma garrafa de conhaque que estava em um dos armários cheios de teia de aranha e, após um longo gole, voltou-se para a pequena área de serviço, onde encheu um balde de água, colocando junto um pouco de sabão e um esfregão.

E começou a limpeza. Meticulosamente, a crosta de sujeira que se formara nos dois últimos anos, desde que Molly estivera ali - e Sirius também-, foi se desfazendo sob a ação dos saponáceos trouxas.

- Não dá pra ser feliz, longe do meu grande amor... – ele cantarolou sem perceber, de joelhos no meio da cozinha, sob a mesa - Eu, nesse mundinho de Deus, sempre às voltas pensando em você...

Tão ocupado estava, perdido em sua limpeza e em suas canções, que não ouviu quando o som suave de um trinco sendo aberto soou na sala. Tonks guardou a chave, cópia da principal, aproximando-se do sofá com estranheza ao ver as roupas que Remus deixara ali.

Surpresa, a moça segurou a camisa dele, levando-a até o nariz. O perfume era amadeirado, suave... Fechou os olhos, sorrindo ligeiramente, enquanto a canção que Remus ouvia deslizava da cozinha para a sala.

There, running my hands through her hair
Both of us thinking how good it can be
Someone is speaking but she doesn’t know he’s there

Tonks colocou a camisa de Remus de volta sobre o sofá e, pé ante pé, aproximou-se da porta entreaberta da cozinha, espiando. E sentiu o coração descompassar uma batida.

Lá estava Remus, os cabelos claros presos em um rabo de cavalo frouxo junto à nuca, o torso nu, cheio de cicatrizes, algumas de aparência recente. A cada movimento dos braços dele, as marcas repuxavam ligeiramente, junto com os músculos. Um pequeno filete de sangue escorria de uma das feridas, junto ao ombro direito.

Ao mesmo tempo em que uma onda de compaixão subia por sua garganta, ela sentia uma pequena pontada de desejo. Remus sempre dizia que ela merecia alguém mais jovem que ele, mas ela não conhecia muitos garotos da idade dela que tivessem aquele físico.

Ele continuava cantarolando, completamente alheio à presença dela. Tonks mordeu os lábios, encostando-se ao umbral da porta, apreciando a voz rouca dele em silêncio.

Knowing that love is to share
Each one believing that love never dies
Watching her eyes and hoping I’m always there

Remus sentia-se ligeiramente melhor agora, a mente ocupada demais com o trabalho para pensar em outras coisas. Ele ainda cantarolava, sem sequer notar o que estava cantando.

De repente, entretanto, seus instintos o alertaram de que não estava mais sozinho. Sentia a presença de outra pessoa e, mais importante, sentia o perfume da outra pessoa. Era uma essência suave, quase cítrica.

Ele soltou o esfregão dentro do balde e virou-se para a porta, encarando os olhos escuros da moça que, pega de surpresa, deu um passo para trás.

- Hum... Er... Boa noite, Remus.

O homem se levantou, extremamente consciente de que estava quase nu – e, pelo menos em sua mente, aquilo se assemelhava a uma imperdoável ofensa. Tonks observou, ligeiramente interessada, o rosto dele assumir os mais diversos tons de vermelho enquanto ele passava por ela, pegando as roupas que estavam no sofá.

- Boa noite, Nymphadora. – ele respondeu com a voz quase sumida, ao mesmo tempo em que se vestia rapidamente.

Ela não pôde deixar de sorrir enquanto, no rádio, a música quase melancólica que Remus cantava alguns instantes antes era substituída por outra bem mais animada.

- Desculpe por ter chegado sem avisar. – a vergonha inicial já cedera lugar a sua habitual alegria – Mas eu não pensei que você pudesse estar... hum... ocupado. Mas eu fui jantar na casa dos Weasley e Arthur pediu que eu fizesse o favor de trazer uns livros que ele apreendeu hoje para você investigar.

Tonks apontou para o saco que Bill lhe entregara antes de deixar a Toca, ao mesmo tempo em que Remus terminava de abotoar o último botão da camisa amarrotada.

- Obrigado, Nym...

- Você acha realmente necessário me chamar por esse nome? – ela o interrompeu, cruzando os braços.

- Até onde eu saiba, foi assim que sua mãe te batizou. – ele respondeu, ao mesmo tempo em que sua pele voltava à palidez anterior – De qualquer forma, obrigado, Tonks.

- Bem melhor. – ela suspirou aliviada, enquanto voltava a se sentar no sofá, fazendo uma nuvem de pó se levantar.

Os dois permaneceram em silêncio, ela sentada e ele em pé, até que Tonks virou-se para ele com um meio sorriso.

- Pode continuar com a sua faxina, prometo que não vou atrapalhar. Aliás, a casa está mesmo precisando de uma faxina.

Remus suspirou.

- Você já jantou?

- Acabo de chegar da casa de Molly. É impossível continuar com fome depois de fazer uma visita a ela. – Tonks respondeu alegremente.

Ele não se mexeu enquanto ela colocava os pés para cima do sofá com um sorriso muito satisfeito nos lábios. Finalmente, Remus percebeu o que estava acontecendo ali.

- Seu apartamento ainda está em reforma, não? – ele perguntou com a voz cansada.

Ela tentou controlar a empolgação que sentia. Ficara extremamente sem graça quando Molly sugerira mais cedo que ela poderia ficar sozinha com Remus se levasse os livros. Mas agora, a idéia lhe parecia bastante tentadora...

- Sim! – ela respondeu, esforçando-se para não mostrar toda a sua atual satisfação – Infelizmente, ele ainda está em reforma. Eu estava dormindo no Caldeirão Furado esses dias, mas não gostei muito da vizinhança, sabe? Muito barulhenta...

Ele assentiu.

- Você quer dormir aqui, Tonks? A casa não é minha, mas creio que Harry não se importaria. E, de qualquer forma, ainda é sua família.

Ela olhou para o quadro coberto da mãe de Sirius e torceu o nariz.

- Não sei se eu consideraria minha família... De qualquer forma, eu aceito o convite. Quer ajuda com a faxina? Eu posso vestir minhas roupas de banho, derrubar os baldes de água no chão, quem sabe até fazer uma piscina?

Novamente, Remus sentiu o sangue subir à face. Não queria – não devia imaginar Nymphadora de biquíni...

- Não, obrigado, eu acho que prefiro fazer isso sozinho. – ele respondeu, tentando controlar a voz – Você pode subir e escolher o quarto em que quiser ficar. Boa noite, Tonks.

Bem, não se podia ter tudo de uma tacada só... Mas ainda demoraria algum tempo até que seu apartamento estivesse pronto. Tempo em que poderia ficar por ali, ajudando nas faxinas do homem...

- Boa noite, Remus.

Tonks subiu as escadas, escolhendo a primeira porta que se apresentou a sua frente. Era o quarto onde Hermione e Ginny tinham ficado da última vez em que tinham estado na Ordem, quando Sirius...

Ela suspirou, e sentou-se na primeira cama, que afundou sob seu peso. Um estalo e logo depois, ela estava no chão.

- Que maravilha... E eu nem estou tão gorda assim para sair quebrando camas por aí...

Tonks voltou-se para a cama seguinte, que rangeu sinistramente quando ela sentou-se cuidadosamente sobre ela. Respirando fundo, a moça desabotoou a capa, jogando-a sobre a cama quebrada, para em seguida tirar as botas de cano alto e afrouxar a calça que usava.

Ela fechou os olhos, encostando a cabeça no travesseiro, para em seguida espirrar como louca. Mas o que diabos...

Antes que ela pudesse se ajeitar, ouviu a porta do quarto se abrir e uma coisa fofa bater em seu rosto. Ela tentou se proteger, mas acabou por abraçar o objeto jogado... Um travesseiro.

- Tem lençóis limpos dentro da fronha. Esqueci de avisar que está tudo meio empoeirado nos últimos dias. – Remus avisou, a mão na maçaneta, sem ousar entrar no quarto.

Tonks notou vagamente que parte do sutiã preto estava aparecendo pela camisa meio aberta. Ela ainda levou a mão até o decote, mas no instante seguinte, ele tinha novamente desaparecido, fazendo-a revirar os olhos.

- Isso não devia estar acontecendo. – ela resmungou, voltando a se deitar, enquanto a cama rangia de novo – Ele é um maroto, deveria agir de outra forma. Sirius sempre disse...

- Meu bisneto nunca dizia coisa com coisa. – a voz de Phineas Nigellus veio de um nicho da parede – Não acredite em tudo o que ele lhe contou, não vai conseguir seduzir esse outro com tão pouco.

- Hei! O que você acha que eu sou? E que história é essa de “seduzir”?

Uma risadinha sarcástica soou, junto a mais um longo rangido da cama dela, ao mesmo tempo em que ela usava a varinha para transfigurar suas roupas em um confortável pijama.

- Eu também sou um Black, minha cara. Sei o que se passa pela sua mente. Não pode fugir dessa verdade.

Ela bufou e virou-se na cama, esquecendo-se das precárias condições da mesma, fazendo com que as bases de metal lançassem um triste gemido pela casa. Tonks enfiou a cabeça debaixo do travesseiro, esperando que o eco afinal se dissipasse.

Não demorou, entretanto, para que o cansaço e o estômago cheio fizessem que ela mergulhasse em um sono calmo e cheio de bons sonhos.

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