O Cemitério Centauro



Na hora marcada, Harry, Rony e Hermione já estavam atrás da cabana de Hagrid. Harry levara sua capa de invisibilidade e a firebolt, enfeitiçada para caber na mochila. Logo chegaram Fred e Jorge com uma grande sacola, lotada de artefatos da loja. Não demorou muito mais e Gina, Neville e Luna apareceram. Gina foi até Harry e lhe deu um abraço apertado e um beijinho rápido, não ligando para o muxoxo dos irmãos.

- Harry, não ligue para eles.

Então ela puxou a capa de invisibilidade da mochila do namorado e cobriu os dois com ela.

- Epa, vamos parar com isso aí! Cadê vocês? Tratem de aparecer. – disse Fred.

Harry não estava prestando atenção, pois sua mente estava focada em beijar longamente a namorada, embaixo da capa.

- Grande sacada essa! – ele sussurou no ouvido dela, depois que se largaram.

Imediatamente depois, a capa foi retirada. Fred e Jorge tinham as mãos na cintura, fingindo uma cara feia, mas depois puxaram a irmã para um abraço. Após os cumprimentos gerais, Harry perguntou à Gina:

- Falou com Firenze?

- Sim, ele me fez um pequeno mapa de como chegar lá. Veja! – disse ela mostrando um pergaminho desenhado para eles – Ele disse que iria até lá para distrair os outros centauros, para podermos investigar o local.

- Fred, Jorge, o que vocês trouxeram aí? – perguntou Harry.

- Algumas coisinhas básicas. – disse Fred – Temos aqui as orelhas extensíveis, os chapéus escudo, varinhas de brinquedo, o pó escurecedor instantâneo e algumas poções, além do kit mata-aula.

- Kit mata-aula? Mas como vamos fazer um Comensal chupar uma dessas pastilhas malucas de sangrar nariz, vomitar ou ter febre? – perguntou Neville.

- Bem, a gente trouxe. Nunca se sabe o que precisaremos. – disse Jorge – Por isso também trouxemos uma novidade. Novíssima em folha!

- O que é Jorge? – perguntou Rony.

- Maninho, apresento a você e a todos o “Vira-trouxa”!

- Vira-trouxa? – assustou-se Harry.

- Isso, Harry! Vira-trouxa! Uma pequena borrifadinha deste líquido e qualquer bruxo perde a habilidade de fazer magia. Temporariamente, claro! Vira um verdadeiro trouxa.

- Temporariamente, quanto tempo? – perguntou Hermione.

- Bem, nós testamos em nós mesmos e o efeito durou cerca de 1 hora. Claro que estamos aperfeiçoando para que o efeito dure mais.

- Vocês não pretendem vender isso na loja, não é? Vai que os próprios bruxos das trevas comprem isso. – Gina disse.

- Temos uma versão mais light para nossa loja. Um mais fraquinho, onde o efeito dura uns 2min. Apenas como brincadeira.

- Gente, é melhor não perdermos tempo. Aqui, peguem os chapéus. – disse Fred – Um para cada um de nós.

- Ótimo, então vamos logo, para sairmos logo também. – disse Hermione.

Os garotos se embrenharam na Floresta, seguindo a trilha desenhada no mapa por Firenze. As luzes de Hogwarts foram sumindo, sumindo, até que não se via mais o castelo. A luminosidade era muito ruim, pois as copas da árvores eram espessas e praticamente não davam espaço para a luz do luar. Todos acenderam suas varinhas. Os 8 continuavam caminhando bem juntos. De vez em quando ouviam barulhos esquisitos. A cada ruído diferente, Rony agarrava a mão de Hermione com força.

- Ai, Ron! – ela exclamou.

- Desculpe. – ele disse – Ainda falta muito Harry? – perguntou ao amigo.

- Vamos ter que atravessar um riacho mais a frente. – ele disse – Eu nem sabia que tinha um riacho por aqui.

- Como vamos atravessá-lo? A nado? – assustou-se Neville.

- Vamos ver quando chegarmos lá. – disse Hermione.

Harry ía um pouco mais a frente, junto com Gina. Ao chegar à beira do tal riacho, Harry notou que não era água que corria ali, mas um líquido ligeiramente mais espesso, de cor vermelha.

- Merlin! O que é isso? – exclamou Gina.

- Hermione! – chamou Harry – Você sabe o que é isso?

A menina se aproximou e olhou para a “água”. Abaixou-se para olhar mais de perto, mas não tocou.

- O cheiro é.... – ela aspirou fundo – parece... sangue.

- Sangue! – exclamou Luna – De quem?

- Não faço idéia. – disse ela.

- Será que é sangue de centauros? – perguntou Fred.

- Harry, Firenze não colocou nenhuma observação sobre isso aí no mapa? – perguntou Hermione.

Harry deu uma olhada.

- Não! – ele disse – Nada!

- E agora? – perguntou Neville.

- Atrevessamos, ué. – disse Jorge se aproximando da margem.

- Não, Jorge! Espera aí! – exclamou Gina – Não sabemos bem o que é isso e nem a profundidade.

- Gina tem razão, Jorge! – disse Hermione.

Harry pegou um pequeno graveto, se aproximou e jogou no riacho. Imediatamente o graveto foi arremessado de volta à margem, sem sequer tocar o líquido. Todos olharam assustados. Harry, então, pegou uma pedra e jogou. Conforme o graveto, a pedra retornou imediatamente, sem que tivesse tocado a superfície do riacho.

- Caramba! O que é isso? – Harry perguntou de olhos arregalados.

- Pior: como vamos atrevessá-lo?

- Bem, eu trouxe a firebolt comigo.

- Beleza, então. – disse Rony – Você leva um por um até o outro lado.

E assim foi. Harry levou primeiro as meninas e depois os garotos. Já do outro lado, eles subiram um pequeno morro. Do alto deste, eles puderam avistar as árvores em arco e, logo adiante, o cemitério.

- É melhor colocarmos os chapéus escudo agora. – disse Harry.

Todos, então, colocaram os chapéus e desceram o declive para o outro lado. Devagar eles foram se aproximando do cemitério. Os túmulos eram grandes e as lápides também.

- Vejam! Há uma luz vinda daquele mausoléu. – disse Fred apontando para um local próximo à uma grande árvore.

- Não é melhor nos dividirmos? – perguntou Rony.

- Façamos o seguinte – começou Harry – Eu e Gina vamos embaixo da capa. Jorge e Neville vêm conosco. Ron, Mione, Luna e Fred vão pelo outro lado.

Fred e Jorge dividiram algumas coisas da sua sacola entre todos e os grupos seguiram cada um por um lado. Harry cobriu-se da capa junto com Gina e foram na frente. Assim que chegaram perto da luz, viram Narcisa e Lucius Malfoy, sentados à uma mesa, juntamente com Crabble, Goyle e Nott. Parecia que estavam jantando.

- O maldito não está aqui! – ele sussurrou para Gina.

- Harry! – sussurrou Jorge.

- Estou aqui, pode falar. – disse por baixo da capa.

- Eu e Neville vamos subir no telhado e tentar surpreendê-los. Você estão invisíveis. É mais fácil para vocês entrarem normalmente.

- Ok. – disse Harry.

Então Jorge e Neville aproveitaram-se da árvore ao lado e conseguiram subir no telhado do mausoléu. Harry viu Jorge levantar o polegar, indicando um ok para eles.

- Harry, o que você está pretendendo fazer? - peguntou Gina.

- Vai ser difícil levá-los conosco presos, mas vamos tentar colocar o máximo deles fora de ação.

Ele foram entrando pé ante pé, quando sentiram uma parede invisível que não os deixou prosseguir.

- Eu devia saber que haveria feitiço aqui. Estava fácil demais. – sussurrou Gina – Como vamos desfazer isso?

- Eu não sei. Será que Hermione sabe?

- Você consegue ouvi-los? – perguntou a namorada.

- Não, droga! – ele exclamou, depois disse – Veja, Gi, seu irmão conseguiu colocar as orelhas extensíveis para dentro. Pelo menos eles vão ouvir.

Eles ficaram quietos por alguns minutos. De repente, Harry ouviu um estrondo do outro lado. Exatamente onde deveriam estar Rony, Hermione, Fred e Luna. Imediatamente os Comensais pegaram as varinhas. Lucius levantou a dele e disse um feitiço que Harry não conseguiu ouvir, devido à barreira invisível. No momento seguinte, as vozes dos Comensais chegavam ao seu ouvido perfeitamente. Com certeza um dos outros provocara o barulho, para que o feitiço fosse retirado. Eles, então, precipitaram-se para dentro.

- O que foi isso Lucius? Será que os malditos centauros nos descobriram aqui? – comentou Narcisa.

- Crable! – disse Malfoy – Você e Goyle ficam aqui. Eu, Narcisa e Nott vamos dar uma checada lá fora.

E eles saíram pelos fundos do mausoléu. Harry viu um vulto passar por Crable e este não percebeu.

- Gina, veja! – ele disse apontando para o vulto, que se movimentava pelo local, sem ser percebido.

- É Fred! – exclamou Gina – Ele está usando o feitiço de desilusão.

- Acho que eu vou me divertir um pouco. – disse Harry.

- O que você vai fazer?

- Veja! – ele disse e depois mudou o tom de voz – Gooooyyyleeee!!!!!! Craaaableeee!!!

Os dois comensais viraram-se assustados para a origem da voz. Harry fazia uma voz de “além túmulo” muito parecida com a dos filmes de terror que via quando criança.

- Cooomooo vooocêêês seee atreeeveeem a entraaar aquiiiii?

- O que é isso? Quem está aí? – exclamou Goyle assustado.

- Goooyleeee, atéééé o idiiiioootaaa dooo seeeu fiiilhooo ééé maaaiiiis corajooosooo queee voceêê!

Gina só conseguia rir embaixo da capa. Isso deu chance de Fred armar coisas no local. Harry viu Jorge e Neville jogarem algumas coisas para ele do alto.

- Craaableeee, vooocêêê e seeeuuu amiiigooo vãooo sentiiiir a iiraaa dooos anceeestraaaiis ceeentauuurooos. A maaaldiçããoo centaaauuraaa.

De repente outro estrondo! Crable e Goyle saíram correndo atrás dos outros. Harry se despiu da capa e ele e Gina seguiram eles de varinha em punho.

- Espelliarmus! – era a voz de Hermione.

A varinha de Narcisa voou longe e ela se desequilibrou. Lucius foi em socorro da mulher. Harry chegou perto de Nott.

- Ei Nott!

Quando ele se virou, Harry borrifou um pouco do Vira-trouxa nele. Ele passou a mão pelo rosto, limpando o líquido.

- Moleque maldito! Crucio! – disse apontando para Harry.

Harry fechou os olhos, temeroso, mas nada aconteceu. Ele abriu-os e deu um sorriso maroto para Nott.

- Quer tentar de novo, Comensal?

- O quê? O que houve? Crucio! – disse de novo apontando para Harry.

Harry olhou para ele e bocejou. Depois provocou-o.

- Não sabia que um aborto poderia ser um Comensal.

- Miserável! – e Nott avançou de repente sobre ele.

- Estupefaça! – gritou Gina e Nott foi arremessado longe.

Harry levantou-se a tempo de ver Crable desarmar Luna. Ela estava sem o chapéu escudo. Quando ele se aproximou de varinha em punho, a menina apenas acertou-lhe um chute entre as pernas, que o deixou caído. Ela levantou e gritou:

- Estupefaça!

- Luna! – gritou Rony – Pega! – e jogou-lhe um dos chapéus escudos.

- Ron! Cuidado! – Hermione gritou.

Lucius aproximou-se dele:

- Estupefaça!

Ron caiu no chão. Harry estranhou, pois ele estava usando o chapéu escudo. Lucius se aproximou e viu o garoto desacordado e sangrando muito pelo nariz. O chapéu caído ao lado.

- Pega a menina, Narcisa! – Lucius gritou para a esposa – Esse aqui está no papo.

Então ele levantou a varinha para Ron.

- NÃO! – gritou Hermione.

- Avada Ke...

Ele não completou. Ron levantou-se e jogou-lhe o Vira-trouxa nos olhos.

- Droga! Maldito! Avada Kedavra! Avada Kedavra! – nada aconteceu.

Ron começou a rir, limpando o nariz, que continuava sangrando. Harry se deu conta que ele havia tomado a pastilha de sangrar nariz, do kit mata aula dos gêmeos, e fingiu ter sido atingido pelo feitiço estuporante.

- Narcisa! A menina, a menina!

Narcisa olhava tudo meio abobalhada. Ela apanhou sua varinha, que ainda estava no chão e virou-se para Hermione. Harry gelou, pois ninguém havia conseguido jogar o Vira-trouxa em Narcisa.

- Crucio! – ela disse apontando a varinha para Hermione.

Para sua surpresa, nada aconteceu. Hermione estava em pé, de braços cruzados em frente a Narcisa, com um sorriso nos lábios.

- Será que você não se enganou de varinha? – ela disse triunfante com a varinha de Narcisa nas mãos. A outra era de brinquedo.

- Mas... o qu... Crucio!

- Desaparate Narcisa! - Lucius gritou, correndo para o mausoléu.

- Estupefaça! – Neville gritou do telhado e Lucius caiu.

Crable olhou para Goyle e eles desaparataram. Nott continuava caído no chão. Lucius gritou novamente:

- Desaparate Narcisa!

Mas ela não conseguiu. Hermione conjurou correntes anti-aparatação em volta dela, assim como Harry e Rony fizeram com Nott e Lucius.

- Miseráveis! Vocês vão nos pagar!

- Oh loiro platinado! Você não está em condições de botar muita banca por aqui! – disse Jorge, que já havia se juntado aos outros.

De repente, diversos Comensais começaram a aparatar em volta. Jorge gritou:

- Agora Fred!

E Fred jogou o pó escurecedor instantâneo no chão. Tudo virou um breu. Harry ouviu Fred gritar:

- Vamos nos mandar!

E eles saíram em disparada em direção ao pequeno morro que os levava para fora dali. Todos colocaram de volta o chapéu escudo e continuaram correndo. Vários Comensais corriam atrás deles, tentando lançar feitiços, mas não estavam os atingindo. Novamente chegaram à beira do riacho.

- E agora? – gritou Rony desesperado – Não vamos conseguir atravessar a tempo com uma vassoura apenas.

- Vejam, eles estão vindo! – apontou Neville para o morro, onde desciam diversos Comensais.

- Vamos lutar! – gritou Gina.

Todos empunharam as varinhas, mas a quantidade de Comensais era quase o dobro deles.

- Estamos ferrados! – exclamou Fred.

Neste momento, para surpresa de todos, ele ouviram um barulho de carro. Harry viu o velho carro do Sr. Weasley romper a escuridão e pousar ao lado deles.

- O carro do papai! – gritou Jorge.

- Entrem logo! – gritou Harry.

Os oito conseguiram se amontoar dentro do velho carro. Fred ficou ao volante e conseguiu levantar vôo, antes que os Comensais os alcançassem.

- Eles vão ficar bem ocupados agora! Vejam! – disse Harry quando viu que dezenas de centauros se aproximaram, atraídos pela confusão.

- O que está havendo aqui? – um gritou – Humanos? Em nosso cemitério? – e eles avançaram para os Comensais.

Dois Comensais tentaram fugir, atrevessando o riacho, mas foram atirados longe, tal como o graveto e a pedra. Logo em seguida, eles saíram do raio de visão e nada mais pôde ser visto.

- Dessa vez foi por pouco! – disse Luna.

- Eu acho que esse esconderijo está com os dias contados. – disse Hermione.

- Bem, tomara que eles ainda fiquem um pouco, afinal eu armei umas brincadeirinhas para eles naquele mausoléu. – disse Fred rindo.

- Beleza, maninho! – disse Jorge.

- Cara, já é a segunda vez que o carro do papai nos salva de alguma coisa nesta Floresta. – conseguiu dizer Rony, que tinha o braço de Neville na cara e o joelho de Hermione no estômago.

- Gente! – disse Hermione com uma vozinha fraca.

- O quê?

- Sem querer ser chata, mas... será que... assim... será que dava para pousar isso logo?

- Está com medo, cunhadinha? – perguntou Fred, tentando se livrar o pé de Gina da sua cara.

- Isso também. Mas é que... eu... bem... eu chupei uma vomitilha para tentar armar alguma coisa para algum Comensal e ela e-está com efeito r-retardado. Eu acho que vou... v-vomitar.

- AH NÃO!!! – gritaram Rony, Neville e Luna, que dividiam o banco de trás com ela.

Enquanto Gina, Harry, Fred e Jorge riam, os de trás tentavam se afastar de Hermione. Claro que com todos amontoados, tal coisa ficou impossível.

- Argh! Urgh! Fred, pousa logo este carro, pelo amor de Merlin! – suplicou Ron, que tinha vômito pela camisa e até nos cabelos.

- Pousa logo! – gritaram Neville e Luna.

- A-Amor, não l-ligue. – começou Hermione – Eu... sei um feitiço... para limp...blééééé. Ai... desculpa.

- Arghhhhh!!!!!

E Fred finalmente pousou, ao som das gargalhadas de Gina, Harry e Jorge.

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