O Florir



Fanfic: A Última Primavera
Casal: Draco e Gina
Gênero: Drama/Romance/Comédia
Autora: Anita
E-mail: [email protected]

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“Dareka o suki ni naru no to
Dareka o shinjiru no to wa
Hontou wa chigau koto ne
Hajimete shinjita hito desu”

“Passar a gostar de alguém
E acreditar em alguém
São coisas distintas
Você foi o primeiro em quem acreditei”
(Maki Goto – Sayonara no Love Song)


Uma luz brincou com os olhos da menina. Era forte e clara, como a do Sol. Porém, ainda estava anoitecendo, né? Também era quente... Fez um grande esforço até conseguir acordar-se. Levantou-se pondo a mão na cabeça, que latejava muito, e olhou ao redor.

“Onde estou?” Gina esfregou o rosto, dando leves tapas até poder responder a própria pergunta.

Gritou.

Não sabia se o maior motivo era o fato de a luz que a despertara ser de fato do Sol, ou se era o símbolo da Casa rival da sua estar pendurado em uma das paredes daquele lugar estranho.

“Por Merlin...! O que faço num quarto Sonserino?” Pedindo-se por calma, raciocinou por uns momentos. Havia desmaiado de novo. Ao lado de Malfoy! “Este quarto é dele?”

Como monitor, talvez tivesse mesmo um quarto para si. Não tinha certeza, pois nunca perguntara a seu irmão... Mas ele era um malfoy orgulhoso, devia tê-lo conseguido com facilidade, mesmo que não o merecesse.

Tinha lhe pedido para ser sua namorada por motivos estranhos. Rejeitara imediatamente; contudo, não seria nada mal se aproveitar um pouco daquilo...

O cômodo era provido de vários móveis caros e as roupas penduradas eram da melhor qualidade. Tantas roupas... Mesmo que nunca as usasse, já que na maior parte do tempo estavam de uniforme. No entanto, estavam ali. Também havia vários frascos de perfumes e outros cosméticos masculinos que somados deveriam custar o dobro de tudo o que tinha em seu próprio quarto. Talvez em tudo que já tivera na vida.

“Com o pai preso, não acredito que ainda esteja tão rico! De onde tira o dinheiro?”

Lembrou-se do tal presente que ganhara pro acidente. Queria devolvê-lo o mais rápido possível, mas, vendo aquele luxo todo, considerou vendê-lo e comprar algo para si. Malfoy nem mais devia se lembrar do que estava na embalagem.

“Em que estou pensando!? Não tenho problemas com não ter o dinheiro sujo dos Malfoys! Nem quero ter alguma deles. Eu vou é cair fora daqui antes que dêem falta por mim. Já faltei aulas demais ontem.”

Estava prestes a abrir a porta para fora dali quando a do banheiro revelou o dono do quarto.

-Já fugindo de mim? Vamos, agradeça apropriadamente... Nem isso sua família pôde te ensinar? Tive muitos problemas para conseguir trazê-la aqui dentro!-Malfoy falou, abotoando os botões de seu uniforme.
-Tenho aulas! E muitas explicações...
-Mandei uma coruja a seus amigos em nome de Lovegood e outra à própria dizendo que estava bem.
-Hã!?
-É... A doidinha pensa que você foi acampar, mas disse que ficaria no quarto dela a teus amigos. Desculpa perfeita, né?
-Acampar?
-Ah, sei lá. Deve ter acreditado.

Gina assentiu; não que Luna se importasse tanto. Não pôde deixar de se admirar com o fato daquele rapaz ter se dado a tanto trabalho.

-Obrigada...-disse, envergonhando-se por ter fugido sem qualquer gratidão, -Pensando bem... Por que não me deixou na neve, ou em mandou pra enfermaria?
-Não contou a ninguém da sua doença, então é bom que a Pomfrey também se esqueça dela, né? Se pensar que você está se curando, não fará pressão em você.

A ruiva sentiu-se corar. Por que Draco se importava tanto!? Havia algo errado; isso era certo. O que seria?

-Agora que é minha namorada, eu mesmo cuido de você! Já estou procurando o melhor médico para coisas raras... Vai ficar novinha em folha, -ele prosseguiu.
-Hã!? Não sou nada tua!
-Você tá me devendo.
-Dá uma boa razão para você querer isso de mim e eu considero a proposta.
-Como assim?
-Porque, se você me der uma desculpa esfarrapada, não estarei segura contigo. Não confio nem um tiquinho em você, Malfoy.
-Nossa... isso é jeito de tratar seu salvador? –Soltou um sorriso de escarninho.
-Sendo ele alguém tão esguio como você...
-Uau! Que ofensa... – falou falsamente.
-Anda! Põe pra fora antes que eu fique atrasada pro café.
-Tão atrás de mim... Acham que sou Comensal. Tendo uma santa que nem você pra namorada, eu me safo.

A moça o olhou assustada. Não esperava, de forma alguma, que ele conseguiria de primeira. Tinha que se fazer de difícil! Não o queria como namorado... Seria estranho demais.

-Por que eu te aceitaria?-fez a primeira pergunta em que pensou.
-Que repetitivo... –Ele soltou um muxoxo. –Porque eu tenho um segredinho teu pronto pra escapulir com detalhes escabrosos! Imagine morrer com nome sujo? Coitados de seus irmãos...
-Não acreditariam em você; e eu ainda taria viva pra desmentir.
-Weasley, está no meu quarto agora. –Acrescentou à voz mais uns gestos insinuantes. –Posso contar o resto dos detalhes depois.
-Namorar você já seria o bastante para um ataque cardíaco em toda minha família.
-Eu vou te tratar direitinho... Já te falei que tô caçando um médico?
-Não ligo se vou morrer!
-Tua família, sim.

Suspirou resignada. Ele já a havia convencido e ela não achava um bom argumento, apesar de saber que namorar aquele metido não era nada bom.

-O que ganho com isso?-A jovem olhou as horas, torcendo para chegar logo a hora do café e, assim, poder sair daquela armadilha.
-Caramba! Tua doença te afetou a memória, né?-Ele parecia irritado mesmo. –Eu não conto a ninguém sobre o que tem e te ajudo a se curar. Ainda tem os benefícios de ser minha namorada... Você ainda é mulher, né!? Deve amar presentes e alguém popular, como eu, a teu lado.
-Impopular... Todos te odeiam.
-Todas me acham lindo! Eles me amarão quando mostrar que estou contigo, aliás.
-Não sabia que se importava tanto com a opinião alheia a ponto de aceitar uma Weasley... –Porém logo notou um grande motivo para a maluquice toda do rapaz. –Meu irmão... E Harry! Ah, seu canalha! Não vai me usar para contrariá-los.
-Você não gostaria de ousar?
-Não mude de assunto.
-Não negue que amou meu beijo. Até desmaiou!
-Não tem nada a ver.
-Prove o contrário.

Gina sentiu-se ficar vermelha. Por mais que se sentisse madura – muito mais que seu irmão mais velho – havia se entregado muito facilmente. Ainda era uma garota; essa era uma verdade incontestável. Garotas gostam de garotos. De garotos bonitos. Que beijam bem.

-Eu te odeio!-gritou sua conclusão sem medo.
-Haha! Vamos, diga suas condições. Eu já estou cedendo muito aqui, não acha? Não se sinta a única em uma situação indesejável...
-Como pode ser tão egocêntrico? Você a causou.
-Sim, mas nunca esperei que uma morta de fome fosse recusar caviar em porcelana chinesa.
-Ai, você não muda, hein?-ela suspirou, sorrindo um pouco, -Eu sou feliz como uma “morta de fome”. Nem preciso implorar a ninguém pra namorar comigo.
-Não tô implorando, -mas o rapaz também sorria. Aproximou-se da outra e pôs sua grande mão na testa.

A jovem não soube o que fazer ao sentir aquilo. Pelo menos não foi outro beijo. Tinha medo que acabasse por desmaiar de novo.

-A febre passou, -Draco disse, tirando a mão de onde estava e indo pegar seu material de estudo, -Vamos comer? Tô doido pra pôr meu plano em ação!
-Desisto! Mas tenho minhas condições... E você vai ter que assinar embaixo. A primeira é que vai me tratar direito. Qualquer desrespeito, o contrato estará quebrado. Não se esqueça que terá que pagar neste caso. –Escreveu a quantia mais alto que lhe veio à mente. –Terá que me dar presentes como sapos de chocolates e flores. Se não me satisfizer, pagará uma multa, que é a quinta parte da quebra de contrato, sempre que isso ocorrer.
-Ainda diz que gostada de ser “morta de fome”! É por isso que nenhum namorado pára contigo: é uma mercenária.
-Recusa, então? Ainda tem mais...
-Vá em frente.
-Terei a liberdade de te tratar como qualquer namorada, mas deverá gostar de meus presentes. Nunca mais se referir a mim de maneira ofensiva. Namoraremos por seis meses, a menos que eu venha a falecer.
-Seis!? E depois?
-Eu morro, oras.
-E se eu te curar?
-Tchau pra você.
-Mas...
-Okay. Ao fim desse prazo, faremos um novo contrato.
-Essa cláusula só vale se você se curar.
-Tá certo... Mais o quê...? Ah! Você não pode me trair, ou a multa pela quebra será três vezes o valor anteriormente dito.
-Aí você vai é arranjar motivo, né!? Só com testemunhas. E nenhum pode ser da tua Casa. E peço o mesmo pra caso você me trair.
-Aceito. Por último, quando eu morrer, você arcará com as despesas do funeral ou volto pra puxar teu pé de noite. Também dará o apoio financeiro que for necessário à minha família.
-Ahahahaha! Gina-Quase-Sem-Um-Tostão!
-Lembre-se que não pode mais me ofender...
-Mas isso foi tão engraçado!
-E também não pode ofender meu irmão, Harry, Hermione e nenhum outro amigo ou ex-namorado meu.
-A vida acabou de perder a graça toda! Então daqui a três meses, nós transamos.
-O QUÊ!? Nem pensar!!!

A vermelhidão da Weasley arrancou mais risadas do loiro.

-Então não pago teu funeral e insulto o Potter e companhia.
-Não vou fazer nada disso contigo. Lembre-se de que me deve respeito.
-Isso não é desrespeito.
-Minha vida íntima não vai assim num contrato!
-Ah, então a santinha é santa mesmo, hein? O Potter só dá conta do Lorde das Trevas!? Hahahaha!
-Ao contrário de você, ele me respeita. E mais: você chama Você-Sabe-Quem de Você-Sabe-Quem, ou deixo no meu testamento que você é um Comensal.
-E quanto ao que me interessa?
-Nem em sonhos!

Nem mesmo o bico que Draco fez, mudou-lhe a idéia. Ele era fofo fazendo aquilo, até sorriu ao ver sua expressão. Contudo, não cederia.

-Quer morrer virgem?-ele perguntou, acertando exatamente no que acabara de lhe vir à mente.
-Err...
-Não pode me trair, então é isso o que vai acontecer!
-Eu vou pensar, mas isso não vai pro contrato!
-Certo... Então eu assino aqui?-apontou o espaço em branco do pergaminho que acabara de ser escrito.
-Sim, -falou, também assinando.
-Então, meu amor, vamos?-fez uma voz sexy com muito de sarcasmo, enquanto punha a mão em seu ombro.
-Argh! Já tô me arrependendo...-Mas, na verdade, até que gostava de ter com quem passar seus últimos meses. Talvez estivesse até ansiosa pelo que viria a seguir.

Principalmente pela cara que Rony faria quando os visse.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

O café fora o mais estranho da vida de Gina. Conviver com Harry Potter era estranho... O menino que sobreviveu era uma celebridade duradoura e tudo lhe acontecia! Namorá-lo fora ainda mais singular. Também tinha os Gêmeos como irmãos... Nem se surpreendiam mais com tudo o que inventavam.

Nunca nada daquilo a havia preparado para a sensação de entrar de mãos dadas com Draco Malfoy em pleno Salão. Todas as mesas a olhavam. Todas. Até a dos professores.

Seu estômago não parava de rebater-se contra o resto dos órgãos e suas mãos estavam mais frias que o Natal do ano que passara. Mesmo assim, o jovem a seu lado andava sorridente com seu novo acordo.

“Tá me exibindo como uma mercadoria!” constatou a menina, tentando achar um pouco de graça naquilo. Ao longe, Snape limpava os olhos e Trelawney consultava todos seus objetos de adivinhação em que pudesse pôr as mãos. “Nem eu acreditaria... Mas acho que eu saí lucrando muito com o contrato, né?”

O mais interessante foi a cara de seu irmão. Apostara consigo própria que desmaiaria ou tentaria atacar Malfoy com algum feitiço imperdoável. Contra todas as probabilidades, ele só ficou parado lá. Estava muito branco e, com certeza, Hermione o acalmava ao pé do ouvido... Mas estava controlado.

Após tudo, descobrira que, com o presente de dois dias antes, qualquer choque que o par poderia causar fora atenuado. Ainda assim, suas amigas lhe mandavam bilhetes durantes as aulas perguntando se estavam namorando.

O dia todo teve que anunciar que eram mesmo um casal. Era muito cansativo repetir que não desejava dar mais detalhes e que estava muito bem, ainda que o outro fosse Draco.

Todavia, o mais chato era agüentar o próprio. Em todos os intervalos, pedia para que revisse sua posição quanto a seu pedido e repetia vários argumentos quanto a ela morrer santa e infeliz.

-Ai, menino, se manca!-Gina gritou mais de duas vezes, fugindo para a sala onde seria a próxima atividade. Se naquele dia houvesse aula do Snape, também compareceria feliz.

Já entardecia e Malfoy a chamara para assistir ao treino do time Sonserino. Não jogariam naquele domingo, mas praticavam sempre que possível.

Chegou ao campo e sentou-se numa arquibancada, assistindo ao fim de tudo. Terminara seus deveres de casa e mal via a hora de se livrar daquilo. Queria comer o jantar que perdera por dois dias seguidos, afundar-se em sua cama no dormitório e dormir. Cochilara até a hora marcada com Draco e tivera um sonho lindo.

Saía correndo pelas ruas dos trouxas e gritava aos quatro ventos que era uma bruxa. Podia fazer vários feitiços, pregando peças aos que passavam. Também aproveitara para pintar o cabelo do atual namorado num padrão rosa com roxo e exigira que ele gostasse, já que era um presente.

Andava se comportando, então nunca lhe faria tal maldade. Porém, se divertira muito. No dia seguinte, iriam juntos fazer compras em Hogsmeade... Aquilo também se incluíra durante o cochilo.

Lá compraram um cavalo alado que era muito branco... Não era um unicórnio; parecia bem mais bonito que um! Ele dizia que a levava para onde quisesse. Lembrou-se que fora assim que chegara às ruas dos trouxas.

“Estranho... É a primeira vez que sonho com aquele lugar sem que Harry apareça.” Na verdade, era o primeiro sonho que tinha sem qualquer menção ao ex. “Draco e eu realmente parecíamos um belo casal... Ai, estou dando ouvidos demais aos outros! Não combinamos nem um pouquinho. Mas é bom ter alguém pra me mimar nos meus últimos dias...”

-Pensando em mim?-uma voz masculina a abordou.
-Sim, em quão chato você é!-Gina respondeu ao loiro que se sentava a seu lado.
-Nossa, isso é jeito de se tratar o seu amorzinho?-Enlaçou o braço na sua cintura e deitou-se em seu ombro. –Eu tô exausto!
-Sai daqui, seu fedido!

Olhou-o melhor. Estava muito suado e cansado. Respirava fundo, mas sorria a cada palavra que Gina dissesse. Logo compreendeu a grande motivação: Pansy Parkinson estava na porta do vestuário com um olhar pronto para assassinar alguém. Ou dois.

“Que divertido!” Sorriu-se um pouco com a facilidade com que a Sonserina se irritava e notou que não custava nada se divertir junto com o namorado. Deu-lhe um abraço de lado e um beijo na testa.

-Pensei que estivesse com nojo...-ele respondeu.
-Algo acabou de me fazer esquecê-lo.
-Algo grande e muito vermelho?
-Sim, comicamente assustadora!
-Imaginei que ela fosse ficar olhando...
-Não está assim por causa dela?
-Não, só queria um lugar pra me deitar. O chão é muito duro. De qualquer forma, deixa eu me limpar. Encontre-me na saída do campo!

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Draco acordou de muito bom humor. Ficara até tarde conversando com a nova namorada. Bolaram muitos planos para toda a relação... Durante toda a sexta, seu irmão lançava-lhe olhares mortais e o chamara para briga mais de cinco vezes, sendo impedido pela Sangue-Ruim.

Foi tomar seu café da manhã, mas decepcionou-se ao não ver Gina. O trio estava lá, conversando alegres sobre qualquer coisa... Até a lunática parecia normal. O que houve com a ruivinha?

Levantou a sobrancelha.

“Desmaiou de novo? Será grave?” A possibilidade era desastrosa... tantos planos para aquele dia! Comprariam lindas roupas e um perfume bem cheiroso. Teria que agüentar mais uma semana aquele cheiro de pobreza? “Que horror...”

Fez um muxoxo, enquanto apressou-se em terminar de comer.

Antes que pudesse sair do salão e correr em busca de notícias, uma coruja negra entrou junto com as correspondências normais e deixou um pergaminho na sua frente. Sabia quem era o remetente...

“Ela descobriu bem rápido, hein!” Abriu a carta, constatando ser de sua mãe. Era de uma caligrafia impecável. Por sorte, não estava brava. Havia sempre a possibilidade de Narcisa não compreender o plano de primeira. “Seria tão arriscado explicar tudo... Aposto que ainda tão lendo minhas correspondências.”

Muito pelo contrário, aquilo só lhe trazia bons sinais.

“Querido filho,

Soube que arranjou uma namorada nova. De família bruxa tradicional e muito bem vista pela sociedade de agora. Em outros tempos, não veria sua decisão com bons olhos. Porém, tudo mudou e nada seria mais bem-vindo que se namoro.

Espero poder conhecê-la pessoalmente logo e que seu relacionamento seja duradouro e, acima de tudo, abençoado pelos pais da moça. Lembre-se de que isso é muito importante, mesmo que os tempos não sejam tão antiquados. Caso pretendam se casa com sua formatura e ela ainda seja de menor, precisará do consentimento deles.

Desejo muita para você e sua mente formidável,

Narcisa Malfoy.”

Os códigos não estavam tão difíceis, ela devia ter redigido às pressas... Entendera o plano e elogiara sua inteligência. Teria alguém mais lido aquilo? O melhor seria queimar para o caso de o Potter enxerido suspeitar que estivesse usando sua amada ex.

Logo, eram cinzas. Sentiu um pouco de pena, já que tinha em alta estima cada elogio de sua mãe. Porém, se tudo desse certo, teria muitos outros pergaminhos plenos de bem-dizeres para ele.

“Agora, tenho que ver se já não fiquei viúvo!” Foi em direção à enfermaria, mas fora impedido por um moreno alto de olhos verdes brilhando de ciúmes.

-Fica longe da Gina, -Harry falou.
-Não vou machucá-la. A menos que me peça!-respondeu, tentando se desviar.
-Olha, Malfoy, tá fazendo mal a ela. Está pálida e magra... Sei que não se importa, mas essas são provas o bastante contra você.
-É claro que Gininha é importante pra mim. –Não tentou fingir um tom ofendido; ficaria falso demais. –Hoje mesmo queria levá-la num passeio romântico e saudável...
-Mas vai dar um cano porque Parkinson teve uma idéia melhor?

Draco o observou por uns segundos. Ele não sabia, então, do que ocorrera à ruiva? Isso seria um bom ou mau presságio?

-Nunca. Estou indo para o pessoal que vai a Hogsmeade esperá-la, como combinamos ontem à noite, -enfatizou a última palavra com um sorriso, -Mas tava tão tarde... Será que ela ainda se lembra do lugar?
-Não sei como a convenceu, mas já tô buscando a cura pra sua hipnose, ouviu?-Fez uma carranca ainda maior antes de deixar o loiro.

Malfoy não teve alternativa se não ir se juntar ao grupo de alunos. Não daria o gosto a Potter de chamá-lo de mentiroso com provas. Qualquer coisa, podia fazer bico e dar pena nas meninas por ter sido abandonado pela pequena Weasley.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Gina passara a noite toda imaginando o encontro daquele dia. Por mais que ansiasse, não deixava de pensar na loucura que foi aceitar o contrato. O dinheiro ajudaria a família com todos os problemas após sua morte, mas aquilo não era entregar-se?

Pensar que em seis meses não seria nada...

Malfoy sentiria sua falta? Afinal, se tudo fosse seguido, seriam namorados de verdade! Já até se beijaram. Muito.

Outro pensamento insistia no fundo de sua mente: estava usando o Sonserino. Era um belo apoio... Não esperava nada dele além de firmeza. Aquela armação não era nada além uma forma de se distrair.

Como em um círculo voltou à conclusão de que não importava: em meio ano, ela não seria nada.

Sentia-se embrulhada demais para tomar café. Decidiu gastar o tempo até a partida para o encontro preparando-se. Harry era muito ciumento e desde o início de seu relacionamento fazia carranca quando Gina vestia-se mais adulta.

“Como é bom começar do zero!” pensou, pondo um batom que enchia seus lábios finos, “E é bom o Draco não ser chato. Gostava de ver Harry feliz... Nunca que faria qualquer sacrifício por aquela doninha. Só me arrumo pra me sentir bem. Uma mulher pode fazer tudo com a cabeça de um homem e é muito interessante mexer com a de Malfoy!”

Sorriu enquanto punha um brinco de argola relativamente grande, comparado com os seus habituais. Pensou em usar um gorro para disfarçar a cabeleira ruiva, mas o dia não estava tão frio assim. A primavera se aproximava com toda a força.

“Minha última... Espero que não seja tão colorida, para eu não sentir falta.” Porém, outro pensamento lhe ocorreu concomitantemente: “Eu vou é aproveitar o máximo de cada dia pra ninguém que dizer que sou boba por desistir sem lutar! Não vai ter cura mesmo...”

Já estava quase na hora da partida, então se apressou saindo correndo para a entrada do castelo. O loiro de longe parecia um pimentão por ter que esperá-la durante tanto tempo.

-Surpresa!-disse, forçando um pouco a amabilidade do tom. Seria difícil se acostumar com aquela idéia.
-POR QUE NÃO TOMOU CAFÉ!? Sabia que na sua condição faz mal ficar de jejum!?-a resposta fora alta e clara. Todos ao redor olhavam sussurrando para seus grupinhos, -E vocês aí não fiquem imaginando coisas...

Gina riu-se com o rubor no rosto do namorado. Ele nem havia pensado antes de falar aquela besteira. Seria tão interessante de Rony estivesse presente...

-Tava ficando toda bonita pra você e é assim que me recebe?-perguntou, brincando.
-É! Você tá muito magra; não quero namorar um esqueletinho.
-Vai ter que me alimentar muito bem quando chegarmos ao Três Vassouras.
-E você vai ter que comer tudo o que pedirmos. Minha mãe odiaria saber que minha namorada é uma desnutrida, além de-

A ruiva o olhou ameaçara. Sabia muito bem o que viria a seguir...

-Velhos hábitos não se quebram tão fácil, -desculpou-se o moço.
-É preciso muita força de vontade!-Fingiu-se zangada, o que não durou muito, pois em seguida ele a estava abraçando.

Com um beijo na bochecha pintada de sardas, ela se esquecera até do que estavam falando. Se era com os hormônios que ele pretendia jogar, Gina já estava dentro da partida.

Virou-se de frente para o jovem e abraçou seu pescoço, pronta para implantar-lhe um beijo nos lábios.

-Pode saindo de cima da minha irmã!-uma voz zangada exclamou. Rony partia com tudo para cima do casal, empurrando longe o inimigo. –Se eu pegar tua mão boba nela, tu tá frito!
-Ron!-Gina gritou sedenta de raiva, -Ele não tava com a mão em mim ainda. E cai fora! O namorado é meu e só eu que mando nele.

De rabo de olho, notou que Draco, que até então parecia satisfeito com a intervenção, não apreciara nada as últimas palavras.

-Ao invés de ficar aí aprovando ou não, por que não nos defende também1?-a ruiva lhe gritou.
-Hã... Não vale a pena, -Malfoy respondeu, com seu mais típico sorriso, -Ele não vai nos separar, mesmo. Vamos logo, ou você desmaia de fome, Esqueletinho.

Puxou-lhe pela mão e foi-se com a maior calma do mundo.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Dumbledore olha para os quadros espalhados por sua sala como se os interrogando. Como proceder naquele caso? Uma menina inocente corria risco de vida! Raramente, sentia-se tão desolado.

-Professor...-Alguém havia entrado em seu escritório e o chamava insistentemente. – Professor!
-Minerva! Perdi-me em pensamentos. Estou muito preocupado, como pode ver.
-Bastante visível, sim. Tenho notícias ainda piores sobre o caso.
-Da Weasley? Então diga logo...
-Um conhecido de Azkaban nos mandou uma mensagem.
-Quem será?
-Não se identifica. Algum aluno está sendo assediado por um prisioneiro... Não há provas, ou coisa qualquer, mas não deixo de pensar em Gina Weasley.
-Hmm...-O diretor levantou-se e começou a admirar as penas de Fawkes, considerando as novas informações. –Não duvido de mais nada. As falhas de segurança de lá são estrondosas!
-O mais importante é: o que faremos para garantir a segurança dos alunos? Talvez possamos cortar o mal da menina pela raiz!
-Ela não parece alguém assediada, professora Minerva.
-Mas...-Mexia com as mãos, tentando mostrar seu ponto ao bruxo superior.
-Confio em sua intuição e já estou investigando, mas creio que olhar para Gina seria cair na distração do inimigo.
-Há mais alguém!?
-Com certeza... A informação é muito alarmante! Temos de ser cautelosos, pois, pelo jeito, estamos arriscados a perder dois de nossos queridos bruxinhos.
-Ficarei atenta.
-Faça-o. E seja amável o bastante para não ser percebida. Sei que se trata de um prisioneiro, mas se é poderoso o bastante para driblar Azkaban... Sem dúvidas, é muito perigoso.
-Sim, não falarei a mais ninguém. Tenho que ter cuidado para a doença dela não vazar também.
-Exato. Ela mesma decidiu poupar a todos do terrível conhecimento. Isso é, particularmente, positivo para minhas pesquisas silenciosas. No entanto, temo que tenhamos que ser rápidos. O fato de ela estar viva não quer dizer que haverá antídoto, caso demoremos.
-Professor Dumbledore, tem certeza de que a salvaremos? Sinto uma dor no peito só de pensar no assunto.

O idoso ficou em silêncio, somente observando Fawkes, que estava em sono profundo. Suas pensas de fogo lembravam um pouco os cabelos ruivos da pobre vítima...

-Se ela for forte o bastante para renascer das cinzas... Por isso, temos de agir rápido e segundo sua vontade.
-Quer Merlin a proteja.

Alvo Dumbledore assentiu. No fundo de sua mente começava a criar um suspeito. Contudo, ele não seria óbvio demais? E, ao mesmo tempo, teria um motivo? A Ordem não se enfraqueceria tanto assim.

Precisava de um motivo e sentia que ele seria descoberto assim que soubesse qual era o aluno-alvo daquele prisioneiro. Ou cúmplice?

Continuará...

Anita, 17/03/2006

Notas da Autora:

Comecei a faculdade, cheia de coisa pra ler, estudar... E ainda tô sem internet! De qualquer forma, aí está o segundo capítulo. Que tal? Demorei para ter a idéia certa, que não achei que seria necessária quando planejava o enredo. Até que enfim eu a tive!

Muito obrigada a todos os que estão lendo e me dando idéias! Miaka_ELA, principalmente, que se matou para me ajudar com este capítulo em especial. Mas também a todos os leitores! Sou muito grata pelo apoio, por menor que seja, cada comentário conta muito.

Mandem uma review, ou um email [email protected], visitem meu site para outras fics – muitas vezes mais recentes – http://olhoazul.here.ws e dêem seu apoio pra eu terminar logo, please!!

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