Capítulo 1



1


Ela corria ofegante por entre o breu. Não sabia para onde ia, mas sabia que devia correr. Haviam sombras por todos os lados, as mesmas pareciam não querer seu bem. Olhou para trás uma vez e sentiu seu rosto ser golpeado. Agonia. Floresta. Um galho de árvore inesperado assim como foi o golpe. Continuou a correr e da mesma forma que se embrenhou na floresta, começou a subir escadas e mais escadas sem fim, uma torre mal iluminada com archotes queimando. Não podia parar, seria se entregar, precisava ir até o final e descobrir o que fazia ali. Precisava continuar a correr vencer a dor do cansaço, uma vez terminado tudo, poderia descansar. Havia inimigos logo atrás, eles fariam de tudo para impedir que chegasse. Uma porta apareceu indicando o final da escada. Uma porta de madeira, rústica, pesada e com grandes trancas.


Alohomora.” Pensou e a porta cedeu, como se não tivesse o peso que aparentava, abrindo uma fenda para que passasse. Voltou-se para a porta olhando o caminho escuro que havia feito antes sem poder olhar para trás. Não havia escadas. “Colloportus.


Não podia parar, não podia deixar suas pernas tremerem agora que havia conseguido chegar onde devia. Sabia que deveria estar ali, mas por quê? Para quê? Sentiu a brisa tocar a face morena machucada, os longos cabelos negros dançarem ao vento, percebeu os lábios ensaiarem um leve sorriso de satisfação. Virou-se para contemplar o que deveria ver...


Acordou sobressaltada, num grito surdo, arfando, suada. Os longos cabelos negros em desalinho, úmidos à pele dourada. Os lábios ligeiramente entreabertos secos, olhos cansados e preguiçosos se acostumando com o repentino despertar. Sua avó sempre disse que nunca deveria se entregar a uma visão tão seriamente, mas era impossível não se entregar ao que sempre lhe era mostrado. Começava com uma cena cotidiana, normalmente um fato ocorrido durante o dia ou algum caso enviado pelo Departamento de Mistérios do Ministério da Magia, logo em seguida, sentia-se flutuar para um outro ambiente. Um lugar hostil onde caminhava por entre corredores sinistros, ouvia gemidos e gritos de dor e agonia. Mais de uma vez parava em um corredor e observava durante longo tempo um vulto encolhido no fundo do que aparentava ser uma cela e aí tudo mudava para o momento em que corria sem poder olhar para trás, se embrenhando pela floresta. Mais de uma vez acordou sobressaltada, suada, com a garganta seca como se tivesse vivido o que viu. Mas dessa vez foi longe demais. Passou da floresta para uma torre e na torre havia alguma coisa familiar, algo que realmente a surpreendeu, algo que nunca fosse imaginar ver, ou rever, mas quando acordava não conseguia identificar o que era.


-Mãe? -Um menino chamou da porta do quarto.


-Tariq. -Sussurrou para o menino convidando-o para se aproximar.


O menino não tinha mais que cinco anos. Moreno como a mãe e com cabelos negros num corte tipo asa-delta, dono de um par de olhos verdes que brilhavam no meio da noite. Subiu na cama e engatinhou até o colo de sua mãe que o acolheu com afeto.


-Tive um pesadelo. - Disse por fim angustiado. -Não quero mais dormir.


-O que você viu tesouro? -Sussurrou o afagando.


-Um homem. Um homem mau. -Contava abraçando a mãe. -E um velho que me olhava estranho. Como se eu fosse um... Um garoto mal..


-E onde você estava?


-Não sei, mas tinha uma torre muito alta e eu pulava. -Tariq afastou-se do abraço para olhar nos olhos verdes que herdara da mãe. Sempre gostava de vê-los. Brilhavam como aquelas pedrinhas que seu avô lhe mostrara uma vez e dissera serem muito preciosas. Mas dessa vez os olhos de sua mãe estavam sem o brilho costumeiro, sem a vida que ela sempre dedicava a ele. -Mamãe?


-Não é nada meu querido, se você dormir com a mamãe, esses sonhos não vão te incomodar mais.


-Promete?


-Prometo.


Tendo dito, Tariq se acomodou debaixo dos lençóis da mãe e se aninhou junto ao calor dela. Com a cabeça em seu ombro se entregava ao sono que vinha.


-Mãe... Não quero mais ver aquele vô... Ele diz que sou um menino mau... Que sou um... um...


-Não dê ouvidos pro vô. -Sussurrou Wyrnie mais baixo e se deixando entregar ao sono junto com seu filho. Tão novo e já mostrando suas habilidades tão cedo mesmo sem saber.




 


París, alguns anos depois...


Wyrnie havia acabado de fechar a porta da frente e caminhava de volta para a cozinha de uma tradicional casa de um bairro parisiense. Não havia muitos cômodos e nem muitos objetos na casa, porém era tão acolhedora e romântica como a pátria. Diferente das outras manhãs que entrava na cozinha lendo o jornal matinal, naquela lia uma carta timbrada do tipo que a fazia se mudar carregando junto filho e os poucos objetos da família, para alguma cidade desconhecida.


-Mal nos mudamos mãe! -protestou um garoto de uns dez anos talvez, cabelos asa-delta na altura da nuca pretos e lisos, pele dourada e de olhos verdes vivos, sentado à mesa esperando que o café fosse servido. A mãe só o olhou reprovando sua atitude.


-Não é do Ministério, Tariq. -Revelou mostrando o selo tão peculiar. -Carta para você. -Disse entregando o papel para o garoto e se sentando. -Desculpe ter aberto, mas assim como você, também pensei que era do Ministério.


-Wow... -Tariq ficou olhando para a carta lendo e relendo seu conteúdo. -Escuta isso mãe!



ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA HOGWARTS

Diretor: Albus Dumbledore


(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)


Prezado Sr. Samhain,


Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista de livros e equipamentos necessários.

O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.


Atenciosamente,

Minerva McGonagall

Diretora Substituta.



-Meus parabéns filho. -Sorriu ao final. -Vou responder a carta dizendo que estará embarcando dia 1º no Expresso. Quero que tenha o melhor ensino. Claro que nada se compara ao que eu lhe ensinei, mas...


-Mamãe! -riu Tariq sendo servido de leite e torradas.


-O que? Não estou mentindo oras! -fingiu-se de desentendida.


Não podia mentir dizendo que não estava animado e curioso por poder andar num lugar que sua mãe sempre contou, porém nunca esteve lá; ela chamava de ‘Comunidade Mágica’.


Desde que se lembra, Tariq conviveu com trouxas tendo os ensinamentos básicos em escolas normais e completamente alheio à existência de Bruxos e bruxas. Quando deu o primeiro indício de sua magia, e isso foi próximo dos seus sete anos quando um menino da escola o provocava com apelidos que ele realmente não gostava, Wyrnie decidiu que era hora de disciplinar a magia do menino. Com o tempo Tariq não só gostava de praticar e aprender, como também pesquisava e tinha interesse nas histórias da mãe sobre o mundo mágico.


Wyrnie sempre contava que a comunidade trouxa não podia perceber os bruxos, seria o fim do mundo mágico. Contava que havia um banco seguro onde duendes guardavam os bens das famílias bruxas. E o Beco diagonal, o maior pólo comercial da comunidade bruxa dentro de uma Londres desconhecida dos trouxas. E, claro, ela havia lhe contado sobre Hogwarts, a escola de magia e bruxaria mais famosa e conceituada da Inglaterra. Dizia que Tariq deveria estudar lá uma vez que seus pais se formaram lá. E aí o motivo de noventa e cinco por cento das discussões entre os dois vinha à tona.

Quem era seu pai?

Ele ainda estava vivo?

Como saber mais sobre ele?

Tariq não pôde deixar de sorrir ao refletir sobre isso, agora ele estaria mais próximo de saber quem era esse tal homem que sua mãe se recusava falar, e o que ele havia feito para magoá-la.


Continua...





Nota: E no final das contas eu mesma me incomodei de ficar postando partes da fic aqui e agora estou atualizando com os capítulos na íntegra. Continuarei postando no blog, porque gosto de lá, mas agora passarei a postar o texto completo aqui também.
Quero comentários, ok?!!

Bye, K.

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