Possibilidades



Era uma noite sem lua. Na sala, não havia luzes acesas. A única iluminação vinha da lareira, onde crepitava um fogo relaxante. Mas os olhos que a encaravam não pareciam nada tranqüilos. Havia algo intenso neles. Uma chama escondida. Um brilho febril.

Um clique na porta foi o primeiro ruído naquele ambiente em horas. Uma mulher de cabelos louros e vestes claras entrou. Observou os contornos quase imóveis da pessoa sentada num sofá diante da lareira, com uma expressão concentrada nas labaredas.

- Essa cara me diz que você ainda não conseguiu decifrar o segredo da arca.

- Boa noite para você também – foi a resposta, sussurrada e gélida.

- Não se aborreça. Trouxe novidades interessantes para você – replicou a mulher, retirando a capa e se sentando numa poltrona com alguns rolos de pergaminho na mão. – Sim, eu demorei. E você ficou curtindo sua solidão enquanto pensa na arca. Nada agradável mesmo...

- É melhor ir direto ao assunto. Também tenho notícias – retrucou, enquanto materializava uma garrafa de vinho e duas taças. – Tome. Molhe a garganta e conte logo que novidades são essas.

- Estou voltando de Berlim. Eu nem deveria ter ido lá porque estou muito ocupada, como você sabe. Mas resolvi arriscar. Usei meus talentos e...

- Seus talentos... – veio do sofá um riso irônico.

- Ria depois de me ouvir. Não antes – desafiou a loira. – Você sabia que a casa de seu pai recebeu visitas hoje? Harry Potter esteve lá. Fuçou tudo o que pode.

- A casa do meu pai?! Minha tia deve ter autorizado.

- Não foi apenas isso que ela autorizou. Sua tia entregou ao auror documentos, fotos, endereços.

- É natural. Ela é irmã de um grande auror, não é?! – murmurou antes de beber um pouco de vinho. – Gosta de cultuar o prestígio que um grande auror tem... Bebamos ao grande auror Frank Dietrich!

A mulher loura encarou a figura coberta de negro com um ar apiedado.

- Tenha paciência. Você vai conse...

- Continue o seu relato – interrompeu, bruscamente. – Melhor: resuma o que tem a dizer. Quero descansar. Hoje o dia foi puxado.

- Harry Potter também conhece o segredo da arca!

Houve um silêncio longo. Ela saboreou seu sucesso tomando um generoso gole de vinho. Do outro lado, no sofá, os olhos se tornaram ainda mais febris. As vestes escuras se agitaram. Num segundo, estava de pé, mirando a fogueira com fixação, com um turbilhão de idéias invadindo sua mente.

- Então, ele sabe!

A frase foi a expressão alta de seus pensamentos. Triunfante, a mulher prosseguiu.

- Tem mais uma coisa que preciso revelar. Harry e Rony irão a Saint Petrus. Vão vasculhar o que resta daquele lugar. Harry está obcecado em descobrir o que se passa com a sua família. Ele pressentiu algo. E isso você não pode ignorar.

- Pressentiu o quê exatamente?

- Não estou certa. Nem Binder, nem Schmidt conseguiram entender por que Harry está atrás de você. Os ingleses parecem ter abandonado qualquer outro caminho da investigação.

- Eu já sabia que isso podia acontecer.

- Mas você não sabia que eles viriam tão rapidamente atrás de você. E você também não contava que a arca estivesse protegida dessa forma.

- Você está 100% correta. Achei que tinha estudado todas as possibilidades. Não imaginei que pudesse haver outras. Só que há... Antes de eu te falar das novas possibilidades que acabo de perceber, diga-me: foi difícil arrancar essas informações?

Ela bateu com a varinha nos pergaminhos para que ficassem flutuando no ar. Os papéis giravam em torno dela, como se fossem pequenos planetas gravitando na órbita de uma estrela.

- Quer tripudiar agora dos meus talentos? Veja. São cópias dos relatórios originais. Herr Schmidt é tão... – e riu, sem completar a resposta.

- Sim, pode se divertir, minha querida. Suas novidades completam as minhas e vão me ajudar a encontrar uma saída. Hoje tive uma sorte parecida com a sua.

- Como assim?

- Também consegui cópias importantes. É incrível como os aurores não atentam para certos detalhes. Ah, se eu fosse um, certamente teria muito mais cuidados do que eles.

- Páre de se gabar e diga logo o que você conseguiu.

- Isto! – e sacou das vestes uma pena.

- Desculpe se ainda não entendi.

Um riso de mofa ressoou pela sala.

- Prior letteri – bradou, apontando para a pena uma varinha negra, de ébano.

A pena se cobriu de uma luz tênue. Um pergaminho surgiu e sobre ele surgiram letras e mais letras, numa caligrafia que mais se parecia com rabiscos. A mulher loura se aproximou do papel e passou a ler o que estava sendo despejado. A pena não cessava de jogar para fora o que tinha escrito em momentos passados.

- É um relatório dos aurores ingleses – impressionou-se. – O que fez para obter isso?

- Eu tenho alguns... “talentos”. Já fiz com que ela despejasse os documentos mais recentes. E também uns certos papéis pessoais que vão me auxiliar muito.

A dupla fez um brinde sem dizer mais nada. E a pena continuou a trabalhar, reproduzindo linhas e mais linhas.



*****


O dia estava cinzento e uma chuva fina caía sobre uma vila pacata, dando uma aparência triste ao lugar. Os moradores, entretanto, não se incomodavam com o tempo. Aquele era um canto sossegado. Poucas pessoas apareciam na cidade durante a semana. A maioria dos habitantes daquela região vivia em pequenos sítios, cuidando de suas criações e lavouras. Era gente simples. Werner Schmidt observava com curiosidade os homens e as mulheres que passavam por ele.

- Devem levar uma vida muito singela – disse, virando-se para os dois rapazes que andavam ao seu lado. – Adoraria experimentar um pouco dela.

- Eu não. Prefiro ser bruxo a viver como trouxa. Oh, nossa, olhe aquele cara carregando aquele pacote pesado. O que será?

- Ração animal, Rony. Eles têm de alimentar os bichos que criam.

- Por Merlin, Harry, já pensou ter que levar essas coisas pesadas nos braços? Ah, isso não é vida para mim.

- O senhor pode considerar isso como um exercício físico, herr Weasley – argumentou Schmidt, descendo a rua enlameada com cuidado, receoso que os respingos sujassem muito a sua roupa.

- Garanto que eles, os trouxas, não consideram, não – respondeu Harry. – Eu vivi entre trouxas por um tempo e achava que era trouxa. Não é tão divertido quanto o senhor pensa, Schmidt.

Os três andaram pelas ruas, despertando a atenção de um ou outro comerciante. Tinham vindo com roupas trouxas, que foram indicadas por Harry. Rony tinha pensado em colocar umas calças quadriculadas roxas, mas o cunhado o alertara que isso poderia passar sem problemas em Londres, porém não numa cidadezinha interiorana, ainda que ela ficasse nas cercanias de um grande centro urbano. Werner Schmidt vestia um terno escuro e um casaco comprido por cima. Carregava seu guarda-chuva preto como se segurasse um troféu. Rony preferira usar jeans, tênis e uma jaqueta impermeável com capuz. “Não é por nada, não. Mas não gosto desse trambolho. Prefiro me molhar”, afirmara. Harry, ao contrário, protegia-se com um guarda-chuva. Teria feito o mesmo que o amigo, mas pensou em seus óculos e como seria desagradável ter de limpar as lentes de tempos em tempos. Não podia usar magia. O que diriam as pessoas ao notar que seus óculos não se molhavam?

- Falta muito, Schmidt?

- Nein. É a última casa da última rua do lado esquerdo antes de chegarmos à ponte que... Ó, deve ser aquela.

Havia uma enorme ferradura pendurada na entrada da moradia.

- Ah, quando você disse que deveríamos procurar o ferreiro, você se referia a uma profissão e não a um sobrenome? – perguntou Rony, sentindo as meias ensopadas pela chuva.

- Sim e não, herr Weasley. O sobrenome dele é realmente Schmied. Ou ferreiro na língua de vocês. O pai dele foi um e ele resolveu assumir a função depois que deixou Saint Petrus.

– Ferreiro, hein?! Para ser bem sincero, não tinha idéia que ainda existissem ferreiros.

- Em cidades como esta, Rony, ainda deve ter muita gente usando cavalo – comentou Harry, apertando o passo porque a chuva se intensificara.

Rony abaixou a cabeça para que o aguaceiro não fustigasse tanto seu rosto. Enfiou as mãos no fundo nos bolsos da jaqueta. Estava quase arrependido de não ter pegado um guarda-chuva. Porém sabia que, assim que entrasse na casa do ferreiro, poderia usar um feitiço para se secar. Estavam se dirigindo para a casa de um bruxo. O bruxo que tinha sido o zelador de Saint Petrus.



*****


Vada estava arquivando alguns relatórios no armário que ficava próximo de sua mesa quando viu sua sobrinha entrar pela sala dos aurores. Murphy, que estava no departamento meio à toa naquela tarde, ficou de pé de imediato e ofereceu o melhor de seus sorrisos para a moça. Pinsky, no entanto, não percebeu que o rapaz lhe fizera um aceno. Muito menos que sorrira. Estava com uma idéia fixa na cabeça.

- Tia, preciso de sua ajuda – murmurou para que ninguém mais pudesse ouvi-la.

- Sim, querida. O que você quer desta sua pobre serva?

- Eu quero ir até a casa do Harry esta noite.

- O QUÊ?

- Psiu. Quer que os outros ouçam?

- Diga-me que você caiu da cama e bateu a cabeça no chão! Que história é essa, menina?!

- Eu preciso saber em que situação está o casamento do Harry. Ah, não faça essa cara. Eu tive um sonho e...

- Sei. Você teve um sonho, caiu da cama, bateu a cabeça e perdeu o juízo.

- Mas, tia, é sério. O sonho foi muito revelador. Eu... depois conto. Só que não posso abrir mão assim do Harry. Não sem saber se eu tenho alguma chance.

Vada suspirou.

- Pinsky, eu adoraria que você fosse a mulher do Harry. Gosto bastante dele. É um bom rapaz. É generoso, gentil, bonito... Só que eu já te disse: não acho que ele terminaria o casamento, mesmo que estivesse ruim.

A jovem cruzou os braços.

- Você não pode ter certeza. Pode? Alguma vez teve uma conversa com ele a esse respeito?

- Claro que não! O máximo de conversa íntima que houve foi quando me pediu para dar um jeito de afastar Gina das missões perigosas. Mas isso foi uma vez. Ele nunca comentou mais nada.

- Tia, eu tenho de tirar uma dúvida. O Harry disse ontem que tinha um compromisso com a Gina. Acho que ela começou a insistir... ahn, acho que ela o quer de volta.

- De volta? Ela sempre teve o Harry – respondeu Vada, aflita com a postura da sobrinha.

- Aí é que está. Ultimamente, ela não o tinha, não é?! O Harry passava muito tempo aqui. Pois então. Gina deve estar pressionando o Harry a chegar mais cedo. Caso contrário... Não sei. Ela pode estar usando o filho como meio de forçá-lo...

- Creio que terei uma conversa com a ministra. Ela está te dando trabalho demais e sua cabeça não está boa – retrucou. – E agora me explique o que você pretende fazer com esse papo de querer ir até a casa dele.

- Simples. Quero verificar o relacionamento deles. Eu nunca vi os dois juntos antes. Só os encontro separados.

Vada tentou responder algo, no entanto percebeu que Pinsky estava certa. Gina nunca se dirigira à sala da ministra na companhia de Harry. E sua sobrinha vinha poucas vezes ao departamento, com exceção dos últimos dias. Casualmente, nessas ocasiões jamais encontrara a auror por ali.

- Isso não vai dar boa coisa. E se você se deparar com os dois juntinhos?

- E se eu me deparar com os dois distantes?

- Ok, querida, se quer se arriscar e quebrar a cara, vá por sua conta. Só tem um detalhe. Eu não tenho o endereço do Harry.

Os olhos verdes de Pinsky se arregalaram.

- Não?!

- Só posso mandar recados para o Harry por meio de Edwiges, a coruja branca que vem aqui todas as manhãs e parte à noite quando ele vai embora. Não sabe que o endereço dele é praticamente um segredo de Estado? Imagine se essa informação vazasse por aí?! Haveria um mundo de fãs na porta da casa dele.

- Então, não tem jeito? – disse com a voz fraca, jogando-se numa cadeira, como se estivesse à beira do choro.

A tia se condoeu. Foi até o armário e retirou um saco pequenino.

- Tome. É pó de Flu. Diga as seguintes palavras: “sala principal da casa”. E nada mais. Sabe-se lá onde você poderia parar.

Pinsky abraçou a tia, com lágrimas descendo pelo rosto.

- Ora, pare com isso – disse Vada, dando palmadinhas nas costas da sobrinha. – Esse é um recurso que o Harry me autorizou a usar. Para casos urgentes. Mas como pretende chegar lá? O que vai dizer? Você não pode simplesmente meter sua cabeça na lareira dele e falar “oi, quero saber da relação de vocês”.

Pinsky passou a mão pelo rosto para apagar os vestígios das lágrimas.

- Essa é outra parte da ajuda que você vai me dar, tia. Quero aparecer lá à noite, quando eles devem receber uns convidados para jantar. Direi que você começou a passar tão mal, mas tão mal que não terá condições de vir trabalhar amanhã e aí vou me oferecer para tomar conta das coisas enquanto você descansa.

- Ah, Pinsky, isso já é armação demais.

- Mas é por uma boa causa – forçou a moça.

Vada fez uma careta. Entretanto, não teve coragem de contestar a jovem. Amava demais a sobrinha.



*****


O cheiro de cavalo perturbou Werner Schmidt. Estava horrorizado com a sujeira ao redor do lugar onde se encontrava. O aroma do local, porém, não incomodava os dois aurores ingleses. Eles estavam ocupados demais em interrogar o homem gordo e calvo que bebia uma generosa caneca de cerveja.

- Nein! Nein! Eu disse a vocês. Não existe mais o reformatório.

- Nós entendemos, herr Schmied. Saint Petrus foi fechado, mas nós queremos saber onde estão os velhos documentos do reformatório. O ministério alemão só dispõe de material que não nos interessa. Queremos ver os papéis de uma certa jovem que ficou internada aqui...

- É o que estou falando. Não existem mais papéis. Não existe mais nada. Um incêndio destruiu tudo.

- Hein? – espantou-se Rony.

- Schmidt, você tinha conhecimento disso? – perguntou Harry, virando-se irritado para o antigo chefe do departamento de mistérios.

- Claro que não. Nunca fui funcionário do departamento de educação bruxa.

- Mas sendo você o funcionário designado pelo Binder a colaborar na missão era sua tarefa levantar o máximo de informações a respeito dos nossos objetos de investigação na Alemanha.

- Perdão, herr Potter. Não domino a técnica dos aurores – respondeu, puxando um lenço para as narinas e comprimindo-as para afastar o odor desagradável. – Beguei o que me bareceu importante. O nome e o endereço do zelador, o último funcionário a receber um bagamento por Saint Petrus.

- O engravatadinho aí nem poderia saber. Eu não comuniquei o incêndio ao ministério – emendou o ferreiro, estalando a língua após sorver mais um gole de sua cerveja. – Tem certeza que não querem?

- Obrigado. Por que não comunicou o fato para o ministério? – questionou Harry, ainda aborrecido com Schmidt e sua aparente indiferença pelo caso.

- Sei lá. Creio que me esqueci. E depois o tempo foi passando.

- Há quanto tempo aconteceu esse incêndio?

- Dois anos, acho. Minha memória não é mais nenhum espetáculo.

- É incrível como tenho me deparado com tantos casos de memória falha – disse Harry, olhando significativamente para Rony. – E restou algo do incêndio? Queremos ver o prédio.

- Não restou pedra sobre pedra. Queimou tudo. Foi espantoso. Deu um trabalho danado disfarçar para os trouxas daqui. Eles não viam o reformatório, claro. Sempre que se aproximavam dele, uma magia os desviava do caminho. Saint Petrus ficava perto do rio. Eu os levo até lá.

O ferreiro dirigiu-se até uma carroça, pegou as rédeas da parelha de cavalhos e os chamou.

- Vamos. O lugar deve estar meio lamacento. Vocês não vão querer andar por lá.

Harry e Rony subiram logo na carroça. Schmidt torceu o nariz. Mas teve de acompanhar os aurores. Assim que se ajeitou, continuou a fazer anotações enquanto Schmied tagarelava. O homem tinha o maior prazer em contar sobre seu antigo trabalho. “Muito mais emocionante do que ferrar cavalos. Pois sim”. No meio do caminho, Rony perguntou a respeito de uma jovem chamada Persephone Dietrich.

- A moça que morreu? Não me recordo muito dela. Devia ser da turma das discretas. Não tenho certeza. Eu só prestei atenção nela mesmo no dia da tragédia. Ah, aquilo também deu um trabalho danado, mais do que o incêndio. O ministério enviou tantas pessoas para cá. Foi uma dor de cabeça para a diretora. Não me admira nada que ela tenha morrido cedo. Era uma mulher forte, mas foi muita pressão sobre ela.

- Ela morreu? Oh, nós pensamos em falar com a diretora... – murmurou Harry. – Talvez a vice-diretora possa nos ajudar. Queremos reconstituir a história dessa aluna. Pode nos levar até ela?

- Nein. Ela também bateu as botas. E também o chefe dos professores. A chefe de disciplina e... ach. Mais fácil falar quem continua vivo entre os funcionários que foram de Saint Petrus.

- Pois, então, diga-nos, herr Schmied – estimulou Rony, notando que a paisagem mudara. Era um ambiente que inspirava terror. Árvores retorcidas e muito juntas. Havia apenas uma picada estreita, por onde a carroça passou, arrastada pelos cavalos e por um certo toque de magia providenciada pela magia do ferreiro.

Schmied abriu um largo sorriso.

- Eu sou o último. Sempre me falaram que minha paixão pelas cervejas iria encurtar minha vida. Mas não. Eu sobrevivi! E olha que nem era o mais jovem. Era a chefe de disciplina. Pelas barbas de Merlin, ela teve uma morte horrível. Foi atacada por um lobo aqui, nesta mata.

- O que você diria, Harry, de uma bruxa que não consegue se defender de um simples lobo?

- Eu diria, Rony, que ou ela não era uma bruxa esperta ou o lobo não era um simples lobo.

Schmidt anotou as palavras de Harry. E como se fez silêncio, esticou o pescoço para ver o que estava acontecendo. A carroça parara. Diante deles, apenas se via uma clareira. Apesar disso, o alemão concluiu imediatamente que deveriam estar onde antes funcionara a instituição que tanto tinham desejado encontrar. Não havia sinal algum de que um dia ali fora o endereço de um reformatório. A vegetação tentava se apossar do local. No entanto uma enorme mancha negra no centro da área parecia dizer que a floresta não iria conquistar aquele espaço. Ao redor da mancha, tudo era uma poça de lama só.

- Que curioso, herr Potter. Onde o chão está negro não há lama, nem mato. O poder do fogo é realmente devastador, não é?!

- É verdade, colega – declarou o ferreiro. – Nunca entendi porque ficou assim. Quer dizer, o incêndio foi feio, só que eu não sabia que essas coisas aconteciam.

Harry deixou a carroça, afundando seus sapatos na lama. Andou até o centro da clareira. De onde estavam, os três homens o observaram sem fazer ruídos. O bruxo puxou a varinha e a apontou para a mancha negra. Uma luz percorreu a área inteira e se extinguiu em segundos. Retornou pouco depois.

- Vamos embora – afirmou, assim que se instalou na carroça. E enquanto se limpava da lama respondeu à pergunta que todos queriam fazer. - Fui até lá para ter certeza de algo que me ocorreu. Schmidt, anote aí: Saint Petrus foi destruída num incêndio criminoso. Não foi um acidente com uma vela esquecida acesa ou coisa do gênero. Usaram magia. E magia poderosa. Não é à toa que herr Schmied teve tanta dificuldade em combater o fogo. É bom você passar isso para o Binder. Aproveite para sugerir que ele envie uma equipe para cá apurar direito essa história. Afinal, foram destruídos documentos que deveriam ter sido encaminhados para o ministério.

Schmidt anotava com cuidado. O ferreiro conduzia a carroça de volta com uma expressão de espanto. Rony e Harry trocaram um olhar e permaneceram mudos o restante do trajeto.



*****


Hermione tinha acabado de trocar as fraldas de Lilly quando ouviu que Rony tinha terminado seu banho. Pegou a menina nos braços e correu até o quarto.

- Rony, e então, vai contar agora ou não?

O marido a olhou com um jeito risonho, que logo foi substituído por um ar apressado.

- Não sabia que estava tão ansiosa assim para saber. Deixe estar. O Harry contará tudo. Em alguns minutos você terá toda a história. Ei, devo ir de camisa branca ou com esta azul escura? – perguntou depois de ter vestido uma calça preta.

- Por que você vai se preocupar com a roupa? – rebateu de forma brusca.

Nesse instante, James entrou no quarto. Rony afagou os cabelos vermelhos do filho.

- Ora, ora. Você está parecendo um homem, James. Um homem muito bem vestido, como sempre achei que sua mãe gostaria que eu também fosse.

O menino não ligou para aquilo. Hermione o obrigara a usar aquelas roupas. Ele teria preferido ir para a casa de seu padrinho com as peças confortáveis de sempre, e não com camisa, calça e sapato.

- Já são seis e meia, pai. E você disse que o jantar do tio Harry começa às sete.

- Eu sei, filhote. Eu sei. Acontece que o seu pai e o seu tio estavam muito ocupados esta tarde e por isso nós nos atrasamos – respondeu vestindo a camisa azul escura.

Rony fez os botões entrarem nas casas com um estalar de dedos. Pegou um pente e arrumou a cabeleira e quando se virou reparou que sua mulher o olhava com uma ruga na testa. Fez um gesto, convidando-a a sair do quarto para juntos finalmente partirem para o Largo Grimmauld. Tinha certeza que Mione estava ansiosa para falar algo. Mal ela cruzou a porta, finalmente se manifestou.

- Não me lembro quando foi a última vez que você se arrumou tanto para sair. Nem no nosso jantar de cinco anos de casamento você “caprichou” desse jeito.

- Isso é injusto. Eu tentei caprichar. Você é que não deve ter gostado da minha roupa naquela noite. O que, aliás, só estou descobrindo agora...

- É por causa dela, não é?! – deixou escapar, sentindo o rosto pegar fogo.

- Por causa dos dois. Eles são meus amigos. São amigos do Harry. São excelentes aurores. E são um casal, se é que você não se lembra disso.

Hermione pegou sua bolsa e a bolsa de Lilly. Caminhou apressada em direção à lareira. Rony teve de correr para pegar as bolsas e pendurá-las em seu ombro.

- Mione, quer que eu leve a Lilly?

- Quer aparecer como o pai exemplar?

Rony não perdeu a paciência.

- Eu quero te ajudar. Você passou o dia inteiro sozinha com os dois.

- Eu não dou trabalho. A mamãe sempre fala isso – ponderou James, que carregava um jogo para brincar com o primo.

Hermione mordeu os lábios. “Estou sendo patética, querendo brigar com ele por nada, apesar de o Rony nem ter falado do meu vestido. Tenho de assumir que estou morrendo de ciúmes”. Ela entregou a filha nos braços do ruivo e pegou o filho pela mão. Dirigiram-se até a lareira. Rony encheu a mão de pó de Flu.

- Sala principal da casa!

As chamas verdes cobriram a família e logo os quatro estavam na casa de Harry, Gina e Sirius. Saíram da lareira e Hermione puxou a varinha para limpar a roupa de todos. Então, ela ouviu sua cunhada se aproximar para lhe dar um abraço demorado. Conversaram baixinho, sendo observadas pelos rapazes.

- A Mione está bonita.

- Eu ia falar isso para ela, só que qualquer coisa que eu digo, ela leva para outro lado.

- Está brava?

- É o lance da Mei. Mas ela não admite. Ontem à noite, quando cheguei, a Mione me ignorou completamente. Isso não é normal.

- Jura? – brincou Harry.

- Juro. Ela sempre tem algo a dizer, independe se é bom ou ruim – respondeu Rony.

O som de aparatar chamou a atenção de todos. Dois convidados especiais surgiram. Hermione ficou plenamente feliz ao vê-los.

- Professor Dumbledore. Professora McGonagall. Que ótimo que vocês vieram.

- Um convite desses eu não poderia recusar – sorriu Dumbledore. – Ainda mais quando é a própria Gina que se encarrega do cardápio. Seu talento para a cozinha deve deixar Molly orgulhosa.

O grupo se juntou na sala de estar, rindo de histórias do passado e comentando a nova geração que vinha. Sirius e James resolveram sair de lá para brincarem no quarto e a pequena Lilly, mesmo com todo aquele barulho, adormeceu com um ar tão sereno que arrancou suspiros de Minerva.

- Minha afilhada parece uma bonequinha. Hermione, querida, usou um feitiço silenciador ao redor dela para que ela durma sossegada?

- Sim. Faço isso muitas vezes em casa.

- Por que? Jamie faz muita bagunça?

- Ele, não. O Rony.

As gargalhadas explodiram e nesse minuto mais uma vez se ouviu o som de bruxos aparatando. Dessa vez, era o casal tão esperado. Mei e Jin estavam tão bonitos que todos arregalaram os olhos.

- Seda chinesa faz parecer nossas vestes um amontoado de chita.

- Alvo, desde quando você é especialista em moda?

- Não sou, Minerva. Mas ainda sei identificar o que é belo – murmurou, acertando os óculos de meia-lua sobre o nariz. Jin foi conduzido até ele por Harry. O chinês se curvou respeitosamente. – Como vai, rapaz? Eu estava aqui elogiando as roupas de você com a professora Minerva McGonagall, a diretora de Hogwarts. Nunca pensei que um dia faria esse tipo de comentário – e sorriu discretamente.

- É um prazer conhecê-lo, mestre Dumbledore. Sua fama circula o mundo.

- Mestre? Eu sou um simples professor, que nem leciona mais. Estou velho para isso.

- Quanto mais experiente, mais lições a dar. O senhor será sempre um mestre – disse Mei, aproximando-se e curvando a cabeça de modo delicado. – Meu nome é Mei. E, como Jin, sou discípula de mestre Lao.

Enquanto os aurores chineses conversavam com Dumbledore e Minerva, Hermione teve a sensação de que alguém tinha deixado aberta uma janela. Tremia. Gina já não estava mais ao seu lado. Harry a chamara para receber os visitantes e ela tinha sido a segunda pessoa a ser apresentada ao casal. Rony tinha corrido atrás dos meninos para mostrar aos amigos quem eram “os marotinhos”. Por isso, ela se sentia só naquele instante em que finalmente se materializava diante de seus olhos a figura que sempre tentara imaginar. Realmente. Mei era linda, como Harry um dia lhe dissera depois de muita insistência de sua parte. A chinesa usava vestes claras com um toque tradicional. Uma faixa vermelha ornava sua cintura delgada. Os cabelos negros estavam presos com um adereço que também tinha tons avermelhados. Hermione engoliu em seco. “Gosta de vermelho, não é?!”. Imediatamente, procurou a cabeleira ruiva do marido. Rony estava voltando, trazendo Sirius e James. Mei se afastou um pouco dos professores, rumo ao auror. Ela parecia deslizar pela sala, tão suave era seu caminhar. E Hermione sentiu uma pontada no peito. Mei tinha um aspecto frágil, de porcelana. Que homem não gostaria de protegê-la? Ela procurou desviar os olhos para não assistir o encontro dos dois, porém não resistiu. Rony beijou a mão de Mei e a apresentou aos garotos. A simpatia de Sirius, como de hábito, se ressaltou. James permaneceu quieto por segundos até que a moça comentou que ele se parecia muito com o pai. O menino buscou a mãe com os olhos. E exibiu um sorriso orgulhoso quando a encontrou, quieta, ao lado de um sofá.

- Mas todo mundo fala que eu também puxei a minha mãe.

Mei seguiu o olhar do garoto e se deparou com Hermione. As duas permaneceram mudas por um segundo.

- Mione, o Harry ainda não te apresentou para a Mei e o Jin?

- Ah, eu? Putz, desculpe, Mione, eu fiquei conversando com o Jin... – apressou-se Harry, que de fato se distraíra. – Esta é a Mei, com quem nós treinamos na montanha. E este aqui é o Jin, o marido dela.

- O-olá – respondeu Hermione, ruborizando ante a pressa de Harry. Teria preferido que o amigo a tivesse apresentado com mais credenciais, tipo “esta é a mulher do Rony. A mulher por quem ele é apaixonado desde Hogwarts. A aluna com as notas mais brilhantes da escola e...”

- É um prazer conhecer a mulher que significa tanto para o Rony. Eu a vi uma vez numa fotografia. Mas a foto, embora fosse bela, não te fazia justiça. Você é muito mais bonita pessoalmente.

- V-você já tinha me visto... antes? – atrapalhou-se um pouco, surpresa com as palavras de sua “rival”.

- Sim. Nas montanhas. Uma vez o Rony me mostrou uma foto de vocês três. Ele falava tanto a seu respeito que eu desejei conhecê-la.

- Ah! Não sabia disso – sorriu sem graça. – Err, você está linda. Essas vestes, elas são fantásticas.

- Trouxe um conjunto extra comigo. É novo. Você o aceitaria como presente?

- Oh, não! Não se incomode comigo.

- Uau! Eu adoraria ver a Mione nessas roupas – sorriu Rony, trazendo Jin para perto dele com o objetivo de apresentá-lo à mulher.

Mas Hermione interpretou mal suas palavras. Ficou vermelha e com vontade de chorar. “Ah, você está me fantasiando como ela!”, pensou com o coração aos pulos. Mal conseguiu cumprimentar Jin. Pediu licença para dar uma olhada em Lilly e se afastou arrasada. Pegou a filha, avisou Gina que iria levar a menina para o quarto de Sirius e subiu para os dormitórios. Assim que fechou a porta derramou as lágrimas que sua insegurança lhe provocaram. Porém não ficou nem um minuto a sós. Rony veio em seu encalço, trazendo consigo um copo de água. Para disfarçar, abaixou a cabeça, fingindo que ajeitava a manta sobre o bebê.

- O que foi? Lilly está dormindo. Eu só a trouxe para cá para que ela possa descansar melhor.

Rony colocou sua mão sob o queixo da mulher e o ergueu.

- Mione, você está com raiva de mim?

- Raiva de você? – e desandou a chorar. – Tô com raiva de mim. Por que eu não nasci mais bonita? Ou mais jeitosa? Ou mais delicada? Ou...

- Para mim, você é a mais bonita, a mais jeitosa e a mais delicada das mulheres.

- Não comece com as suas piadas, Rony. Eu ouvi perfeitamente que você queria me ver usando as roupas dela. Qual é a sua próxima perversão?

- Perversão nenhuma. Só queria te ver usando aquela seda chinesa. Achei que fosse curtir. Mas já que não quer, não tem problema. Você fica perfeita com qualquer roupa. Principalmente quando pega minha camisa do pijama para dar uma saidinha do nosso quarto.

Ela o olhou com desconfiança. Porém Rony estava sereno. Não ria.

- Que é? Não vai tirar sarro de mim? Sim, eu estou com ciúmes, sim. Eu sabia que ela era linda e talentosa e uma bruxa incrível e todos esses adjetivos que já ouvi da boca do Harry.

- Nunca ouviu da minha boca.

- Evidente! Você iria negar por acaso?

- Não negaria. Mas o que eu tinha a dizer da Mei eu disse faz tempo, quando a gente se reencontrou. E eu disse porque queria deixar claro que não havia mulher no mundo capaz de apagar você da minha cabeça. Mesmo que ela seja linda, talentosa, incrível e todos esses adjetivos que o Harry usou. Ah, vou me lembrar disso na próxima vez que ele me pedir para fazer o relatório da investigação...

Hermione continuava tremendo, só que era por outro motivo.

- Você disse isso só naquela vez.

- Mione, direi quantas vezes você quiser. Você é única para mim. Briga comigo mesmo que eu não dê motivos, como está sendo hoje, e ainda assim quero ficar do seu lado. Mesmo que você me batesse com o atiçador de chamas da lareira.

Ela riu. Tinha enxugado as lágrimas.

- Está com raiva de mim por causa do meu mau humor de hoje?

- Não. Talvez ficasse irritado, se não soubesse o que é sentir o que você sentiu. Pelas barbas de Merlin, eu queria morrer quando o “Vitinho” aparecia... – e fez uma careta. – Tenho ciúmes até hoje. Por isso, nem leio o jornal quando tem alguma notícia sobre o Krum.

- Você é bobo.

- Você também.

E Rony beijou a mulher com carinho. Afagou o rosto amado com a ponta dos dedos. Hermione o abraçou. Sim. Rony era dela. Só dela.



*****


O grupo animado estava para se dirigir à sala de jantar quando chamas verdes se acenderam na lareira. James as descobriu primeiro e avisou a mãe. Imediatamente, uma cabeça surgiu flutuando naquele espaço. Ele não conhecia a mulher que aparecera. Sirius, no entanto, logo a reconheceu.

- Oi, Pinsky. Você também veio para o jantar?

- O-oi, queridinho. Você tem uma boa memória. De verdade. Ahn, o seu pai está?

Hermione se aproximou. Não a conhecia. Por isso, estranhou aquela cabeça na lareira. Felizmente, Harry já estava ao seu lado.

- Pinsky?! Como você... err, humm, o que te traz aqui?

- Ah, eu sei. Você queria me perguntar como eu consegui chegar aqui. Foi a minha tia. Harry, ela está tão mal. Nós fomos a um restaurante bruxo que foi recomendado... err, nem lembro mais por quem. Mas ela provou uma omelete de dragão pigmeu da África Setentrional...

- África Setentrional? – disparou Hermione, com um olhar incrédulo.

- Era assim que estava no cardápio. Bom, a minha tia já foi tratada e tudo, só que ela não terá condições de ir trabalhar amanhã. O medibruxo recomendou bastante repouso para ela e então vim aqui para te avisar. Parece que vocês têm muitas coisas para fazer e eu posso ajudar.

- O que o medibruxo receitou para sua tia? – insistiu Hermione.

- Ah, deixa pra lá, Mione. O importante é que a Vada foi tratada. Vada é a secretária da seção de aurores. Você sabe, né?!

- Sei – respondeu a medibruxa, não satisfeita com o pedido de Harry.

- Muito obrigado por me avisar, Pinsky.

Os três ficaram quietos até que Sirius voltou a inquirir a jovem.

- Você vai jantar com a gente, Pinsky?

- Oh, não. Eu já vou indo...

- Err, não! Venha, Pinsky. Estou oferecendo um jantar para os aurores chineses que você conheceu ontem.

- Harry, não quero atrapalhar.

- Imagine?! Você não atrapalha.

Pinsky teve de usar outro punhado de pó de Flu. Entrou na sala e foi apresentada aos convidados. Sentia-se um pouco deslocada, porém Sirius continuava ao lado dela, conversando sem parar. James, por sua vez, adotava sua postura defensiva costumeira: falava pouco e observava bastante. Ele tinha reparado que a mãe não ficara plenamente feliz com a chegada da mulher de cabelos escuros e olhos verdes. Isso lhe bastava.

Antes de se dirigirem, finalmente, à sala de jantar, Sirius pediu a Mei que lhe mostrasse a espada. “Meu pai me explicou que na China vocês preferem usar espada a varinha. Só que eu não estou vendo nenhuma espada”. A auror não hesitou. Bateu com a mão na parte lateral da faixa que cingia sua cintura. Murmurou algo em sua língua e imediatamente surgiu o estojo da espada.

- Hummm, o que você fez para que ela aparecesse? – perguntou Pinsky, sorridente.

- Eu só pedi que ela aparecesse. É simples, mas poucas pessoas pensam nisso.

Harry, que tinha vindo pegar os dois garotos pela mão para levá-los à mesa, escutou o comentário de Mei.

- É verdade. Herr Gutmann dizia isso também.

- Quem? – intrometeu-se Sirius.

- Um cara aí – brincou Harry, enquanto o puxava.

De repente, Sirius se lembrou que tinha deixado seu boneco de dragão para trás e correu para a sala de estar para buscá-lo. Soltou-se da mão do pai, que o chamou com um grito. “Ei, seu pilantrinha. Volte aqui”. Pinsky se ofereceu a trazê-lo de volta e se dirigiu ao outro ambiente. Sirius voltava com tanta pressa, que tropeçou no rabo do dragão. Voou pela sala, bateu numa mesa e derrubou um vaso no chão. Antes que ele tocasse o solo, entretanto, Pinsky impediu a queda, salvando-o de se espatifar. Para Sirius fora um susto tão grande que seus olhos azuis ficaram amarelos no mesmo instante.

- Mamãe adora esse vaso. Ela ia brigar comigo se eu tivesse quebrado ele – murmurou, esfregando os joelhos doloridos pela trombada.

- Sirius, seus olhos mudaram de cor – disse Pinsky, ajudando o menino a se levantar. – Será que você é metamorfomago?

- Não, não. Não sou – retrucou com o rosto aflito.

O desespero de negar sua condição, porém, causou um efeito colateral muito indesejado pelo garoto. Os cabelos se encompridaram e ficaram tão amarelados quanto a íris dos olhos. Sirius, perturbado, colocou as mãos na cabeça ao pressentir a transformação.

- Eu mudei?

Pinsky foi delicada. Com a varinha, corrigiu a cabeleira do menino. Em seguida, pousou sua mão sobre o ombro dele.

- Quase nada. Basta você se acalmar que tudo voltará ao normal.

Sirius abraçou o dragão, ainda assustado. Mas a bonita moça falou sobre brincadeiras e jogos por um tempo até que os olhos do menino voltassem a ficar azuis.

- Pronto. Já está tudo bem – sorriu.

- Não fala para os meus pais o que aconteceu, tá bom?! – pediu num fio de voz.

- Ok. É um acordo nosso. Toque aqui.

Pinsky e Sirius seguiram para a sala de jantar. De mãos dadas, como dois amigos.











Desculpem, não revisei o capítulo. Não tive tempo. Vou fazer isso hj à noite. Se der. Bjs apressados. Até o próximo. Agradeço os comentários e a paciência. E lamento o atraso. Valeu. K.

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