Primeiros Movimentos



Capítulo Dois – Primeiros Movimentos
“Hear, Senators and people

Of the good town of Rome,

The Thirty Cities charge you

To bring the Tarquins home:

And if ye still be stubborn

To work the Tarquins wrong,

The Thirty Cities warn you,

Look your walls be strong”.




***

A manhã de domingo começou agradável, com o sol desbravando seu caminho por entre as nuvens, que eram levadas pelo vento frio do início de dezembro. Válter e Petúnia Dursley não esperavam que nada estranho acontecesse – haviam-se livrado desse tipo de coisa há anos e agradeciam silenciosamente por seu sobrinho, Harry Potter, nunca ter voltado para casa. Uma pessoa “da laia dele” viera, uma vez, e buscara os últimos pertences do moleque, dando aos Dursley a certeza de que nunca mais se envolveriam com esse tipo de gente – ou pelo menos assim eles pensavam.

Duda, certa vez, contara que Harry tivera uma filha (“Esse tipo de gente não deveria procriar” – Válter encerrara o assunto no mesmo instante) e, depois disso, foram-se dez anos sem o mínimo contato com o mundo bruxo, tempo que deveria ser suficiente para fazê-los esquecer a existência do mesmo.

Entretanto, quaisquer as ligações ainda existentes entre eles e a magia, estas foram suficientes para que voltassem a ser atormentados naquele dia, quando um sujeito de aparência suspeita – ainda que apresentasse feições agradáveis e estivesse bem vestido –, acompanhado de uma mulher alta e esbelta, bateu à porta de casa.

Válter tentara, de todas as maneiras, dispensá-los, ainda com a pequena esperança de que aqueles dois estranhos não passassem de meros vendedores sem o menor senso de civilidade, para incomodarem a uma hora daquelas em pleno final de semana. Contudo, os dois não estavam dispostos a partir; não sem antes cumprir o objetivo da “visita”. Entraram mesmo sem convite, ignorando os protestos dos donos da casa – que poderiam ser ouvidos até pelos vizinhos bisbilhoteiros.

Æthelind fechou a porta imediatamente, antes que qualquer rosto curioso pudesse interferir em seus planos. Os Dursley, assustados, recuaram alguns passos, aproximando-se da porta da cozinha. No mesmo instante, o intruso a fechou também, com apenas um aceno da varinha.

– O… que vocês querem? – Válter gaguejou.

– Onde está o Potter? – perguntou Æthelind objetivamente, sua voz carregando uma estranha simpatia.

– P… Potter? Não conhecemos nenhum Harry Potter.

A bruxa alta e de olhar marcante avançou alguns centímetros, apenas o suficiente para que o Sr. Dursley, assustado, decidisse empurrar a Sra. Dursley para trás de si em uma tentativa de proteção.

– Obrigada por nos lembrar o primeiro nome do seu sobrinho, trouxa – disse Marjorie.

– Ele não é meu sobrinho! Não temos gente anormal na família!

Marjorie sequer olhou para Válter antes de dar um tapa violento naquela face gorda. A única reação esboçada no rosto de seu noivo foi um pequeno sorriso, enquanto que Petúnia ficou horrorizada.

Anormais são vocês, bando de trouxas inúteis! Onde Potter se escondeu? – perguntou Marjorie.

– Não sabemos… – Válter continuou respondendo pela esposa.

– Sabem que podemos obrigá-los a falar, não sabem?

Os Dursley imaginavam os métodos que poderiam ser usados para que aqueles estranhos conseguissem isso; embora não soubessem como aqueles anormais torturavam as pessoas, haviam convivido com o filho tempo suficiente para conhecer todos os métodos trouxas apresentados no cinema.

“NÃO SABEM?”, Marjorie insistiu.

– Não temos notícias de Harry há mais de dez anos… – Petúnia resolveu falar, espiando os bruxos por cima do ombro do marido, sua voz trêmula espalhando-se pelos cantos da sala tão bem arrumada da casa de número quatro.

– Cale a boca, Petúnia! – disse Válter, movendo-se para o lado, escondendo-a um pouco mais.

– É mesmo, Sra. Dursley? – Æthelind perguntou, curioso. – E por que isso?

– Não queremos saber dele, nem de nada sobre o seu mundo.

– Eu acho difícil que, sendo a única família dele, vocês não saibam de nada… então, vou repetir a pergunta: onde está Potter?

– Não sei! Espero que tenha morrido!

Crucio! – pronunciou Æthelind, sem nenhum gesto brusco, apontando a varinha para Válter.

O Sr. Dursley caiu no chão, debatendo-se sob o olhar aterrorizado de Petúnia, que se encolhera contra a parede.

– Ele não sabe! – ela falou, com a voz uma oitava mais elevada do que o normal. – Pare! Ele não sabe de nada!

– E você, sabe? – Æthelind finalmente cessou a Maldição.

– Não temos contato com esse tipo de gente.

– Com o seu tipo de gente, Sra. Dursley?

– Já dissemos que Harry foi embora há muito tempo e que não temos notícias há dez anos…

– Sabemos que você tem mantido contado com o nosso mundo durante esse tempo, Sra. Dursley. – Marjorie aproximou-se de Petúnia, enquanto Æthelind ameaçava Válter.

– Isso é mentira! – protestou Petúnia.

– E Dumbledore não pertence ao mundo bruxo?

– D… Dumbledore?

– Alvo Dumbledore, diretor de Hogwarts e, dizem, o bruxo mais poderoso do mundo – disse Marjorie.

– Você troca cartas com ele, Sra. Dursley – Æthelind disse, sem tirar os olhos de Válter. – E Dumbledore sabe exatamente onde Harry Potter está.

– Mas… ele não me disse nada sobre Harry!

– Então sobre o quê vocês falam? – ele pressionou.

– Petúnia? – murmurou Válter, ainda no chão.

– Nada… - foi a resposta fraca dela.

– Fale logo, trouxa! – Marjorie se irritou.

– Nada!

– Querida, – Æthelind chamou a noiva – dê-me o frasco.

Prontamente, Marjorie obedeceu e retirou do bolso um pequeno vidro, que continha uma poção incolor de aspecto muito semelhante ao da água. Petúnia empalideceu ainda mais, seu rosto contorceu-se e, sem olhar para Válter, ela perguntou:

– Isso não é Veritaserum, é?

– Parabéns, Sra. Dursley! O Soro da Verdade… – Marjorie disse devagar, como se filosofasse sobre o título da poção. – A questão é a seguinte: vamos precisar usá-lo?

– Não… Dumbledore… ele só queria…

– Dumbledore sabia que estávamos atrás deles – completou Marjorie imediatamente, com a varinha apontada para Petúnia.

– Se sabia, não me disse nada… nem sei quem são vocês…

– Você mente muito mal, Sra. Dursley. – Marjorie não deixou de encarar os olhos de Petúnia. – O que ele mandou fazer se nos encontrasse?

– Ele avisou, Petúnia? – perguntou Válter, incrédulo.

– Chega! Ele não avisou nada e eu não sei de nada!

– É mesmo? – Æthelind pegou Petúnia pelo braço e a obrigou a sentar-se, embora, durante todo o tempo, os gestos dele continuassem gentis e discretos.

– S… sim…

– Então, imagino que você e Dumbledore passaram o tempo todo trocando receitas de bolo, já que não falaram de Harry Potter, que é o seu único assunto em comum…

– Harry Potter não é o nosso único assunto em comum.

– Hum, talvez isso seja verdade, Æthelind… talvez Dumbledore tenha escrito para discutir a presença da Sra. Dursley no mundo trouxa – Marjorie disse, ainda apontando a varinha para Petúnia.

– O QUÊ? – Válter falou, estupefato.

– Não acha que está na hora de contar a ele? – o homem provocou.

– Não há nada para contar! – Petúnia respondeu.

– Você é uma bruxa? – perguntou Válter para a esposa.

– NÃO!

– Não agora, não é, Sra. Dursley? – Æthelind sorriu.

– Vão embora, anormais! Não sabemos do moleque!

– Isso é o que você diz ao seu marido trouxa, Sra. Dursley… Vamos ter de usar o Veritaserum, querida – comentou Æthelind, virando-se para Marjorie.

– Não na frente de Válter… – pediu Petúnia.

– Então está disposta a colaborar?

– Deixem-no ir.

Infelizmente, Sra. Dursley, isso não vai ser possível…

– Eu conto tudo, digo o que quiserem, mas deixem-no ir! – Petúnia pediu em tom de súplica.

– Não podemos permitir que o Sr. Dursley vá pedir ajuda; entretanto, se a senhora insiste em não falar nada na frente dele... Avada Kedavra.

– NÃO! – a mulher gritou, de olhos arregalados, enquanto tentava se levantar e alcançar o marido.

– Não-se-mova! – Marjorie ordenou.

– VÁLTER!

Petúnia viu o corpo do marido desabar, sem vida, no chão. Fez menção de correr até ele, mas a varinha de Marjorie apontada para seu coração a impediu.

– Parada, Sra. Dursley. Não queremos que seu filho sofra, não é mesmo?

– D… Duda?

– Ou você fala o que sabe, ou seu marido não vai ser o único Sr. Dursley a deixar esse mundo… espero que compreenda…

– Dumbledore só me avisou que você – ela começou, olhando para Æthelind – poderia me procurar, principalmente depois… daquele acordo que fiz com Riddle.

– Acordo? – perguntou Marjorie.

– A Sra. Dursley, querida, deu a Riddle a identidade do verdadeiro fiel do segredo dos Potter… Pettigrew não foi corajoso o suficiente para contar a seu mestre o que conseguira… e, em troca, fizemos um pequeno favor a ela.

– A magia… – concluiu Marjorie, depois de observar atentamente os olhos de Petúnia.

– Eu odiava aquela anormalidade! – Petúnia cuspiu as palavras.

– Mas isso não importava para Dumbledore, não é mesmo? Ele não deixou que você se isolasse do mundo bruxo… ele nunca deixa… – comentou Æthelind. – É claro que, se dependesse de nós…

– O que está dizendo?

– Você sabe que podemos livrá-la de qualquer ligação com os anormais, como você mesma diz… – começou Æthelind.

– É claro que… isso tem um preço… – continuou Marjorie.

– Sabe, eu diria até… que o acordo é muito mais vantajoso para você do que para nós, Sra. Dursley.

– Mas quem se importa, não é mesmo? – perguntou Marjorie, sorrindo. – Tudo o que queremos saber é…

– Onde-está-o-Potter?






***

Harry Potter estava dentro de um avião, o sol matutino batendo diretamente em seu rosto, e com muito sono; depois, estava em sua casa, sentado no sofàseus olhos fechando-se devagar… a janela parecia cada vez mais distante; a cena mudou novamente, e então ele estava na rua, com a filha fazendo mais uma das perguntas que ele nunca conseguia responder… dessa vez parecia ainda mais difícil, mais angustiante… finalmente acordou, mas não abriu os olhos.

Respirou fundo e sentiu a agradável sensação de ter Hermione repousando sobre seu tórax. Ficou imóvel por alguns segundos, sem conseguir pensar em nada, só deixando que sua mente vagasse por uma confortável escuridão que dominava seu pensar.

Tocou as costas nuas da esposa e notou que estavam geladas. Com a mão, puxou o cobertor até os ombros dela. Esperou mais alguns instantes e, depois de concluir que não dormiria mais, ele resolveu acordá-la, inclinando-se para lhe dar um suave beijo.

Adorava fazer aquilo parecer acidente e depois dizer, sem constrangimento algum: “Ah, amor, juro que não quis lhe acordar, você estava dormindo como um anjo…”. Observou Hermione abrir os olhos, confusa, sorrir e dizer que não tinha importância.

– Tudo bem, querido, eu adoro acordar com você me beijando – ela disse, espreguiçando-se e sorrindo.

– Quer levantar? – Harry perguntou.

– Definitivamente, não.

– Como alguém consegue usar a palavra “definitivamente” logo depois de acordar?

– Sei lá – disse ela, bocejando de novo. – Só sei que eu não vou levantar agora… nem nas próximas dez horas.

– Isso tudo é sono, Sra. Potter? – perguntou Harry, sorrindo.

– Talvez se o senhor tivesse me deixado dormir essa noite, eu não estaria com sono, Sr. Potter – ela respondeu habilmente.

– Ah é? Mas eu acho que não posso permitir que durma o dia todo, não importando que desculpas a senhora dê.

– E por que não?

– Você tem que arrumar suas malas, Sra. Potter.

– Har, quer me explicar de uma vez que história é esse de viagem para a Itália?

– Depois. Acabei de me lembrar de outra coisa – disse Harry, com a voz séria.

– Que foi?

– Eu… não sei por onde começar…

– É grave? É sério? Fale de uma vez, você está me deixando aflita, Harry! – a mulher falou rapidamente, focalizando toda sua atenção nele.

– É o Rony, amor.

– O que tem ele?

– Rony está vivo. – Harry corrigiu: – Esteve vivo esse tempo todo, trabalhando para o Dumbledore.

– Ah, então você está sabendo… – comentou Hermione.

– Você já sabia? Por Merlin, Hermione, você sabia que nosso melhor amigo não está morto e não me disse nada? – Harry levantou o tronco e encarou a esposa.

– Hei, vai com calma, Harry! Fiquei tão surpresa quanto você. Eu soube ontem à noite.

– Quem lhe contou? – ele perguntou, relaxando um pouco.

– Minerva. Ela estava sabendo há um mês e pouco. Dumbledore contou a ela e disse que o Rony estava voltando. E você, como soube?

– O encontrei no aeroporto, em Roma – disse Harry.

– Dumbledore?

– Rony.

– Você viu o Rony? – Hermione perguntou, a surpresa evidente em seu rosto e sua voz.

– Vi. Ele veio comigo até Edimburgo e estivemos no apartamento de Minerva, ontem. Só que ela nem mencionou que vocês haviam acabado a pesquisa, tampouco que sabia sobre o Rony.

– Hum, não tem importância. Como ele está Muito mudado?

– Está mais velho… – Harry declarou, pensativo.

– Ah, Harry, você queria o quê? Que ele ainda estivesse com 18 anos?

– Era como eu me lembrava dele…

– Fora a aparência, Harry, ele está diferente?

– Pareceu mais maduro, mas ainda é o mesmo Rony de sempre. Amor, eu não sabia que você estaria de volta, então prometi a ele que o acompanharia hoje… à Toca.

– Ele verá Molly hoje?

– Sim… não sei se Minerva lhe disse, mas Luna sabia de tudo.

– Não, ela não mencionou esse detalhe – disse Hermione, sem interesse.

– Ela não reagiu muito bem quando Rony contou. Acho que por isso ele está com medo de voltar para casa.

– Hum, é, você tem mesmo de ajudá-lo.

– Venha conosco, amor.

– Você acha que devo? – ela perguntou, incerta.

– Não teria pedido se não achasse assim. Você tem mais jeito para essas coisas. Imagina só se os Weasley reagirem mal, como é que eu vou consolar o Rony?

– Vai dar tudo certo, querido, tenho certeza que sim. Que horas vocês combinaram?

– Logo depois do almoço, depois que eu lhe buscasse.

– Então vamos almoçar em casa? – perguntou Hermione, sorrindo abertamente.

– Sim… quer que eu cozinhe? – ofereceu Harry, passando os dedos entre as mechas do cabelo dela.

– Mas você só sabe fazer macarrão!

– Eu sei fazer pizza também! Mas vamos morar na Itália, amor. Agora, só preciso aprender a fazer molho à bolonhesa… – Harry sorriu inocentemente.

– Aliás, você precisa aprender a fazer molho, não é?

– Ops… – Harry murmurou, olhando para os lados antes de afundar sob as cobertas.

– Bem que a Leah poderia saber cozinhar, não é?

– Você ‘tá andando muito com a Molly, amor.

– Ah, é? Bem, eu preferiria andar contigo, mas você não sai de baixo das cobertas, seu bobo! – ela falou em meio a um grande sorriso, ajoelhando-se na cama para dar leves tapas no marido, escondido pelos cobertores.

– Estou saindo, estou saindo – disse ele, empurrando as cobertas em direção aos pés da cama e permitindo que Hermione visse novamente seu rosto –, mas não faria muita diferença Leah saber cozinhar. Ela não está aqui. Deve estar com as colegas sonserinas…

Harry encostou-se novamente na cabeceira da cama, desanimado. Sim, provavelmente Leahnny estava com as colegas sonserinas, quem sabe as mesmas colegas que a ensinaram Artes das Trevas e que o injuriaram.

– É… – começou Hermione, observando atentamente a expressão de Harry. – Você falou com ela?

– Sim, mas foi Rony que me contou sobre ela ter ficado na Sonserina… parece que eu não me preocupei muito com isso e, como castigo, fui o último a saber sobre o primeiro dia de aula de minha própria filha.

– Eu queria esperar e conversar com você pessoalmente… – Hermione não tinha motivos para não ser sincera, então continuou: – Eu não sabia como você reagiria.

– Eu não tenho nada contra ela estar na sonserina, só tenho algo contra os outros sonserinos.

– Como ass–

– Dumbledore me chamou na escola hoje… ele me perguntou se ensinei Artes das Trevas à Leahnny.

– Mas você–

– Não, claro que não. Eu nem acreditava que ela era bruxa até bem pouco tempo... – ele falou antes que ela pudesse terminar a frase.

– E você acha que ela aprendeu com os sonserinos?

– Com alguém tinha que ser, não é? Duvido que em Hogwarts, mesmo na Seção Restrita, existam muitos livros sobre o assunto… - ele comentou, desanimado.

– Nós falaremos com Leah no Natal, quando ela voltar…

Harry suspirou, quase conformado. Talvez Hermione tivesse razão – como sempre – e não adiantasse nada eles discutirem sobre isso, quando Leahnny ainda estava na escola e eles não poderiam conversar com ela o quanto precisavam.

– Ela foi tão fria comigo ontem. – Harry fechou os olhos por alguns segundos. – Eu não entendo, ela não deveria estar zangada, ela deveria compreender…

– Ela é só uma criança e está confusa, Harry. Leah mandou-me uma coruja assim que a Cerimônia de Seleção terminou. Eu também fiquei surpresa, mas não há nada que possamos fazer. O Chapéu nunca se engana.

– Mas ele pode ser enganado…

– Você ‘tá pirando, amor.

Eu convenci o chapéu a não me colocar na Sonserina. Já ela não fez o mesmo!

– O quê? – perguntou Hermione, surpresa.

– Você me ouviu. O Chapéu Seletor disse que eu poderia ser grande na Sonserina, mas eu não quis…

– Porque ouviu Draco Malfoy falando sobre a casa de Slytherin! Leahnny nunca soube nada, como poderia ter escolhido?

– Ah, e você acha que, àquela altura, ela já não sabia que Voldemort esteve na Sonserina? Que Dumbledore, McGonagall e Lupin eram da Grifinória? Por Merlin, ela os conhece!

– Eu não sei por que você está irritado desse jeito, Har. Não é o fim do mundo ela ter ido para a Sonserina.

– Mas é o fim o mundo ela estar agindo como Tom Riddle!

– Quem disse que ela está agindo como ele? – Hermione perguntou com um quê de desprezo.

– Eu já disse que Dumbledore me chamou em Hogwarts! O que ela falou sobre Artes das Trevas nas corujas?

– Harry, você está me acusando de alguma coisa?

– Não, só que…

– Porque está parecendo, sabia? – reclamou Hermione, afastando-se dele.

– Desculpa – Harry murmurou sem olhar para ela. – Não era a minha intenção.

– Ela só falou sobre a escola, sobre… bem, ela está tendo problemas para fazer amizade, porque você não goza de boa reputação entre os sonserinos – explicou Hermione, em seu tom de sabe-tudo.

– Ah, sim, e pra fazer amizade, ela preferiu pensar como eles! Ao menos isso explicaria o jeito como ela me tratou ontem.

– Você disse que ela foi fria com você. Como foi a conversa? – perguntou Hermione, voltando a encará-lo.

– Ela foi irônica e sarcástica, e não houve realmente uma conversa, já que ela decidiu sair tão logo eu cheguei.

– Mas… – Hermione não sabia o que dizer. – Leah deve estar confusa. Como é que uma garota de onze anos pode ser irônica e sarcástica?

– Até parece que você não lembra do querido professor de Defesa Contra Artes das Trevas. Quem sabe ela tenha aprendido com ele…

– O que Draco tem a ver com isso? – perguntou Hermione, sentando-se na cama, de costas para o marido. – Ele não é culpado por tudo que acontece a você, Harry!

– Dá pra você parar de chamá-lo assim? – pediu Harry, irritado.

– Assim como?

– Pelo primeiro nome – disse Harry.

– Ele é meu amigo, Harry.

– É, é… o problema é que alguém deve ter ensinado a ela, e duvido que tenha sido um dos colegas de onze anos dela. Nenhum deles deve saber fazer feitiços avançados assim – Harry falou em voz alta e depois continuou, dessa vez falando não mais alto do que um sussurro. – Alguém ensinou a ela, assim como Alana foi ensinada um dia.

– Francamente, Harry Potter, você está querendo dizer que Draco ensinou Artes das Trevas para a Leah? Não acha que está exagerando?

– E quem mais faria? Snape? Æthelind, quem sabe...

Hermione recuou ao ouvir o nome daquele bruxo. Estava pronta para dar ao marido uma resposta hostil, mas simplesmente não conseguiu pensar em nada ofensivo o bastante para rebater as infantilidades de Harry. Estava começando a ficar cansada.

– Ela não é Alana, Har. Ouça, Leah estará conosco no Natal e vamos poder conversar. Os três.

– Ela não é Alana, mas está seguindo por um caminho ainda pior! – disse Harry, dando um tapa violento no colchão, levantando-se e caminhando até o banheiro.

– Você diz isso baseado apenas em dois minutos de conversa e numa informação de Dumbledore? – perguntou Hermione.

– Talvez eu esteja fazendo isso porque a minha mulher não me disse nada durante três meses! – gritou Harry, apoiando-se na pia e encarando sua imagem no espelho.

– O que você esperava que eu fizesse? Eu também não sabia de nada! – Hermione ficara realmente irritada. – Você acha o quê, que ela mandou-me uma coruja dizendo “Querida mamãe, estou ótima. A propósito, andei praticando Artes das Trevas. Volto no Natal, amor, Leahnny”? – ela terminou em pé, olhando furiosamente para o marido.

– Não seja cínica, Hermione, não combina com você – disse Harry. – E onde estão os meus óculos?

– Na sala, você os deixou lá a noite passada!

– Você os deixou lá – disse Harry. – Vá pegá-los para mim.

– Não seja grosso, não combina com você – ela repetiu a fala dele. – E não me ignore nem vire o rosto enquanto eu falo com você.

– Estou no banheiro, caso não tenha percebido – disse ele, impessoal.

– Olha aqui, Harry, eu-

BAM.

“Eu não acredito que você bateu a porta na minha cara, Harry!”

Quinze minutos depois, Hermione – já vestida – andava pela cozinha sem muita certeza do que fazer. Queria apenas esquecer a discussão, esquecer que Leahnny estava metida em encrencas, esquecer todos os seus problemas.

Derrubou uma tigela de vidro no chão, deixando-a em pedacinhos. Apanhou sua varinha, murmurou um feitiço de reparo e ficou vendo os minúsculos fragmentos de vidro reunirem-se.

– Ah, só o que me faltava! – exclamou ela, vendo que o feitiço dera errado.

“Accio Tigela”, continuou ela, pegando o estranho objeto na mão e analisando-o; em nada lembrava a tigela de antes.

Harry entrou na cozinha em silêncio, observando Hermione.

– Problemas? – perguntou ele.

A tigela foi ao chão mais uma vez. Hermione deixou um palavrão escapar de sua boca, entreaberta pelo susto.

“Eu cuido disso pra você.”

– Não precisa – disse ela, selvagemente, encarando apenas os cacos no chão.

– Deixa isso, então – disse Harry, aproximando-se e pondo a mão sobre o ombro dela.

Hermione virou-se bruscamente, lançou a Harry um olhar de ódio e caminhou a passos firmes em direção à porta da cozinha.

– Já que quer tanto, limpe você!

– Mione, espere um pouco…

– E não precisa cozinhar para mim, perdi a fome! – disse ela, já no meio da sala.

Ele deixou a cozinha como estava e foi atrás dela.

– Mione, não vamos nos tratar assim… depois do que aconteceu… depois de quatro meses…

Ela parou exatamente na porta do quarto. Virou-se para ele, apoiou o ombro direito na parede, cruzou os braços e encarou Harry friamente.

– Você não estava ansioso para limpar a cozinha, querido? Volte pra lá.

– Eu quero conversar com você – disse Harry, dando dois passos em direção a ela.

– Minha vez de bater a porta, Potter!

BAM.

– Hermione… - Harry pediu.

– Vá embora, Har – disse ela, com a voz ligeiramente embargada.

– Amor… – insistiu ele.

Ela não respondeu, mas ele pôde ouvi-la soluçando. Girou o trinco da porta e empurrou-a devagar. Viu a esposa deitada sobre a cama, com o rosto sob um grosso travesseiro.

Sentou-se ao lado dela, acariciou seu ombro, deixou-a se acalmar.

– Juro que não sei o que foi que aconteceu. Guardei as cartas dela, posso lhe mostrar… - ela falou depois de algum tempo.

– Não precisa, eu confio em você – disse Harry.

– Não parece – disparou Hermione.

– Você não está mesmo disposta a me ouvir, não é?

– Acertou, Potter. E nem lhe ver.

Harry levantou devagar, ainda olhando o corpo da esposa, escondido pelo cobertor. Ela voltara a enterrar a cabeça sob o travesseiro, por isso sua voz saiu fraca quando continuou falando.

“Feche a porta quando sair, por favor.”

– Você quer que eu saia? – perguntou Harry, observando-a atentamente.

Não, Hermione não queria que ele saísse. Queria que ele voltasse e ficasse com ela. Queria que estivesse tudo realmente bem entre eles, por isso ficou calada, imóvel.

“Amor?”

Ele sentou novamente na cama e notou quando Hermione afastou levemente o corpo para dar-lhe mais espaço. Tirou delicadamente o travesseiro que encobria o rosto dela e acariciou sua testa, dando-lhe um beijo terno.

“Não fique brava comigo, amor”, ele murmurou, com seus olhos bem perto dos dela.

– Harry, eu… não estou bem.

– Eu notei. Nunca tinha visto você errar um simples feitiço de reparo – falou ele, acariciando o rosto dela.

– Você me deixou nervosa.

– Não me coloque como vilão dessa história – disse Harry.

– Não vou fazer isso. Vamos somente… não falar, por uns momentos. Eu preciso pensar… me acalmar.

– Eu te ajudo – disso Harry, beijando-a de leve.

– Har…

– Shhhh, não pense em nada – continuou ele, acomodando-se ao lado dela na cama e beijando-a de novo. – Apenas relaxe.

– Harry, eu-

– Você não disse que não queria falar? Feche os olhos, eu cuido de você, meu amor – disse Harry, abraçando-a e deixando-a repousar em seus braços.

A respiração de Hermione foi se tornando cada vez mais lenta e regular. Em poucos instantes, estava dormindo novamente. Harry observou-a apertar os olhos algumas vezes, murmurar sons indecifráveis e agitar-se.

“Ela continua tensa”, pensou e abraçou-a mais forte.

Em sua mente, Hermione voltara a Hogwarts; voltara a ser criança. Tudo era extremamente confuso e o cenário, às vezes, parecia mudar e tornar-se o local onde trabalhara nos últimos anos. Havia um garoto ruivo ao seu lado; Rony, com certeza. Ele apontava para um segundo garotinho que vinha entrando no Salão Principal. Tinha os cabelos negros, os olhos verdes e usava óculos. Nas suas vestes, havia um emblema verde e prateado, com uma cobra; o símbolo da Sonserina, a Casa que ela mais detestava, cheia de riquinhos esnobes e enjoados.

– Olhem só, é Harry Potter! Ele destruiu Você-Sabe-Quem!

– É o Menino-Que-Sobreviveu. Harry, olàHarry! Olhe pra cá

As vozes dos alunos chamando aquele garoto multiplicaram-se no Salão Principal; todos olhavam para ele, e então Hermione comentou algo com o ruivo a seu lado.

– Ele não deveria estar na Sonserina – disse com seu tom de sabe-tudo. – A não ser, é claro… bem, você sabe quem vai para a Sonserina, não sabe?

O pequeno Rony assentiu com a cabeça e continuou com os olhos vidrados em Harry e nas pessoas que o cercavam. Hermione continuou.

“Só existe uma explicação para isso: esse garoto usou Artes das Trevas para destruir Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado… como Dumbledore pôde admitir alguém assim em Hogwarts?”

O sonho ficou confuso. Rony sumiu e ela foi para em uma das salas de Hogwarts, esperando a aula começar. Harry estava sentado em uma das cadeiras, cabisbaixo. Ela andou até ele.

“Você pode se fazer de bonzinho, mas todos já sabem o que você fez com sua família trouxa.” Harry a olhou quando Hermione falou. Apesar de surpreso, ele ainda estava muito encabulado. “Não pense que deixaremos que você faça isso aqui na escola. Conhecemos muito bem gente como você.”

O garoto levantou a cabeça e encarou Hermione com um olhar triste, deixando-a chocada ao ver as lágrimas que inundavam os olhos dele, por trás dos óculos.

– Ah, só mais uma grifinória metida… – disse ele, baixando o rosto novamente.

– Você está chorando? – Hermione perguntou em um impulso.

– Não, garota idiota! Só estou querendo ficar longe de babacas como você!

– Aposto como é remorso por ter feito aquilo com seus tios trouxas.

– Eu não fiz nada com os meus tios! – replicou Harry.

– E quem fez? Seu amiguinho, Você-Sabe-Quem? – ela provocou com ironia.

– Saia daqui, garota! Eu estou cansado de ouvir essas acusações mentirosas!

– Você não deveria ter vindo para Hogwarts, sabia?

– Por quê? Só porque sou o Menino-Que-Sobreviveu? – ele pronunciou o título com a voz cheia de desgosto.

– Porque você está aqui só para atacar os outros alunos!

Os colegas pararam de conversar e passaram a ouvir a discussão dos dois.

– Eu não ataquei ninguém! Por que é que todos estão pensando isso?

As paredes escureceram. Hermione sentiu-se tonta. Em instantes, todas as crianças da sala gritavam em coro:

– Porque você foi para a Sonserina! Sonserina! Sonserina!

Quando as vozes silenciaram, Hermione continuou falando.

– Você só foi para a Sonserina para conseguir poder. Não foi suficiente destruir o antigo Lorde das Trevas? Você quer ser o próximo, não quer, Harry Potter?

– EU NÃO QUERO NADA, EU NÃO QUERO PODER, EU NEM MESMO SEI COMO FOI QUE DESTRUÍ VOLDEMORT! TUDO O QUE EU QUERO É QUE PESSOAS COMO VOCÊ ME DEIXEM EM PAZ!

– Ele disse o nome de Você-Sabe-Quem! – exclamou uma das crianças.

– EU SÓ QUERO MINHA FAMÍLIA DE VOLTA! – gritou Harry, levantando-se e indo embora.

Hermione conseguia sentir a angústia do garoto o tempo tudo, mas não pôde, de forma alguma, evitar acusá-lo tão incisivamente durante o sonho. Depois que Harry saiu, os colegas continuaram encarando-a com orgulho pela atitude que ela tomara, e isso só a fizera sentir-se pior, como se fosse a perpetradora de uma horrenda tortura contra um inocente.

Foi a voz de Harry que a acordou, assustando-a ainda mais.

– Mione, você… – ele olhou-a. Ela estava perturbada, as poucas horas de sono não a tinham ajudado.

Hermione não respondeu. Respirou fundo algumas vezes enquanto os braços de Harry a seguravam firmemente. Ele raciocinava rápido, pensando se não deveria tê-la acordado antes.

“Amor? Está tudo bem?”

Ela continuou sem responder, mas apertou com força o seu braço.

Cerca de um minuto depois, Hermione abriu os olhos. Tentou sorrir para Harry e demonstrar que estava sentindo-se melhor, mas subitamente lembrou-se da briga e baixou os olhos.

“Ei, Hermione, você está bem? Quer que eu faça alguma coisa?”

– Eu… eu tive um pesadelo – falou ela.

– Sim, eu percebi. Você estava agitada, mas já passou.

– Sim.

– Você dormiu pouco e depois teve… teve a nossa discussão – Harry arrependeu-se de ter começado a frase. – Sobre o que foi o pesadelo?

– Eu não quero falar sobre isso.

– Quer ficar descansando enquanto eu preparo o almoço? – ele ofereceu.

– Não precisa, eu posso levantar e…

– Não. Fique aí, amor. – Ele sorriu e beijou-a, pegando-a de surpresa.

– Harry?

– Fique deitada, ok? – pediu ele docemente.

– Então, por favor, me chame alguns minutos antes de terminar.

Harry pensou por alguns instantes e, depois de ter uma idéia, confirmou o pedido dela com um aceno e levantou-se. Quando ele saiu, Hermione virou-se na cama e adormeceu.





***

Harry e Hermione, logo após o almoço, passaram no apartamento de Lupin, onde Rony ficara, e acompanharam os dois à Toca. A tarde começava ensolarada, porém um vento frio de final de Outono os obrigava a vestirem pesados casacos.

Aparataram próximo à estrada e traçaram a pé a distância que os separava da casa dos Weasley. Rony continuava extremamente nervoso, apesar de todas as tentativas dos amigos para acalmá-lo; ele temia muito que sua família reagisse do mesmo jeito – ou pior – que Luna.

Não havia ninguém no jardim, mas Molly estava na cozinha – era possível vê-la pela janela. Harry pegou Hermione pela mão e eles adiantaram-se, deixando Rony e Lupin um pouco para trás; bateu de leve na porta e esperou que alguém viesse atender. Imaginou que seria a própria Molly que o faria, mas enganou-se.

– Harry! Como vai? Vejo que já voltou de viagem... querida Hermione – cumprimentou Arthur Weasley, abraçando os dois. – Entrem.

– Arthur, – disse Harry – trouxemos…

– Quem é, querido? – perguntou Molly, vindo da cozinha. – Ah, Harry! Hermione! Vão entrando, por favor. Arthur, saia de frente da porta, homem!

A Sra. Weasley abraçou os dois visitantes à sua frente de forma emocionada antes que eles pudessem dizer alguma coisa.

– Molly, nós não viemos sozinhos – disse Hermione. – Trouxemos alguém que precisa–

– Quem é aquele com o Lupin? – perguntou Molly, interrompendo Hermione e observando, com a vista ofuscada pelo sol, os dois homens que estavam a aproximadamente vinte passos de distância.

– É o Rony… – respondeu Harry não muito alto, atento à reação dela.

Molly ficou boquiaberta, mas, sem hesitar, cruzou correndo a curta distância que a separava do filho. Rony quase foi derrubado pelo abraço que a mãe lhe dera em meio às lágrimas, ao qual ele retribuiu calorosamente.

– M… mãe…

– Roniquinho! – disse ela, não permitindo que ele continuasse.

Rony não se importou nem um pouco pelo jeito que a mãe o chamara. Sentira tanta falta de sua família que não fazia diferença alguma se sua mãe o tratasse como se fosse uma criança novamente; aliás, era exatamente como ele se sentia voltando para a Toca.

“O que aconteceu? Como você voltou?” Molly perguntou, ansiosa.

– Depois, mamãe. Eu vou explicar tudo, se vocês quiserem.

– Claro que sim. Mas vamos todos entrar.

– Obrigado, mãe. Obrigado mesmo – Rony disse com os olhos brilhando.

A sala da Toca não estava tão vazia quanto esperavam. Harry e Hermione estavam em pé, cumprimentando Gina e Neville. Lupin contara a Rony que Malfoy e sua irmã estavam separados há cinco meses, mas ele não mencionara nada sobre Neville. Talvez nem ele, assim como Rony, soubesse sobre o namoro de Gina.

– Rony! – exclamou ela, surpresa.

– Oi, maninha… – disse ele, sem jeito.

– Como... você está aqui? – Gina não conteve a pergunta, sua face não escondendo a surpresa do momento.

– Longa história, Gina – disse Rony.

– Eu espero realmente que você tenha uma ótima explicação, Ronald. E é bom começar com ela – disse Arthur, fazendo sinal para que todos se sentassem.

Rony contou tudo, exceto que os observara durante os anos em que estivera longe. Entretanto, quando era a vez de Molly contar um pouco do que acontecera durante esse tempo, eles foram interrompidos.

O rosto de Dumbledore aparecera flutuando em meio às chamas da lareira. Ele tinha uma expressão preocupada e um tom urgente na voz quando se dirigiu a Rony, após cumprimentar rapidamente os presentes.

– Ronald, se pudesse vir a Londres, nós conseguimos uma pista, um ataque…

Rony aproximou-se da lareira, enquanto Harry indagava:

– Um ataque?

– Que tipo de pista, Alvo? – perguntou Rony.

– Eu lhe dou os detalhes quando você chegar – terminou Dumbledore, sumindo.

Levantando-se, Rony encarou sua família e desculpou-se. Seus pais estavam relutantes em deixar o filho partir, mas ele prometera que não demoraria a voltar. Atirou o pó de flú na lareira, murmurando “sala de Dumbledore”, e foi embora, deixando todos atônitos.





***

NEXT CHAPTER: Embarcaremos em um dos trens mais famosos do mundo, acompanhando Harry e Hermione em uma viagem um tanto quanto... interessante.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.