Armada Gryffindor



O último jogo do campeonato seria contra os texugos. Sarah estava tão empenhada nos treinos que vez ou outra acabava com algum hematoma e nem se quer percebia. Com a intensificação dos treinos para o torneio de duelos geralmente James chegava tão exausto que ela mal o via. Também tinha o fato de que por várias vezes desde a “demonstração” em meio o salão principal de que estavam juntos, acabou se tornando um “alvo por tabela” dos ministeriais. Freqüentemente via algum deles a seguindo seja lá para onde quer que ela fosse. Desde a biblioteca, ou treino de quadribol, ou até mesmo no banheiro feminino.



— Com licença? – perguntou Alice certa vez a um homem baixinho e atarracado que havia entrado no local atrás de Sarah sem nem perceber onde ela estava indo. – Aqui é o banheiro feminino seu pervertido!



— Dobre a língua mocinha... – disse ele mostrando o crachá por debaixo das vestes.



— E só por ser do ministério acha que pode invadir o banheiro feminino? – Agora era Olivia quem estava falando – Meu pai trabalha no Ministério ouviu???



Algumas meninas começaram a empurrá-lo para fora e mesmo pestanejando o homem saiu. Sarah apoiou-se em uma das pias e mergulhou as mãos na água jogando-a no rosto.



— Está tudo bem? – perguntou Alice e Olivia que estavam por perto.



— Só estou cansada... – respondeu ela molhando a mão e passando também na nuca - ... é sério, não sei como James ainda não estuporou esses... esses...



— Abutres? – acrescentou Olivia e Sarah começou a rir.



— Não descreveria melhor Olivia... – disse Alice com um sorriso – Porque não fala com a professora McGonagall? Ficarem na cola do Potter tudo bem mas o que é que você tem haver?



— Ela só é a namorada dele... – disse baixinho Olivia - ... devem estar achando que se não conseguem algo com o seu círculo de amigos... Remus me disse que até ele foi submetido a perguntas ontem na biblioteca.



— A professora Minerva me pediu para evitar ao máximo mandar ou receber corujas... – disse Sarah secando o rosto - ... todo e qualquer recado que recebo dos meus avós agora é por conta dela.



— E James já sabe dessa suspeita toda do Ministério para cima de você? – perguntou Alice secando as mãos.



— Acho que ele até desconfia... – respondeu Sarah pegando suas coisas – mas evito mencionar esse pequeno detalhe. Ele já tem problemas demais para ficar se preocupando com algo bobo desses... além disso, eu sei muito bem como me livrar deles.



— Nada que uma porção de furúnculos não resolva... – disse Olivia girando a varinha entre os dedos.



— Vamos comer... – disse Alice - ... estou verde de fome...



— Não exagera Ali.. você entrou na aula do Bins comendo um bolinho de caldeirão, como ainda está com fome? – perguntou Olivia enquanto saíam do banheiro feminino. Embora lá fora começasse a nevar e o clima não fosse exatamente perfeito para jogos de quadribol, Sarah já estava acostumada com os atritos que antecediam os jogos, não eram exatamente tão agressivos quanto Sonserinos mas os Lufanos também podiam ser bem inconvenientes quando queriam. Estavam virando no corredor para o segundo andar quando viram Lily e Severo conversando. Alice parou por alguns segundos chamando atenção das meninas. Sarah pode observar que Severo parecia bastante “assustado”? Lily no entanto séria e até mesmo um tanto contrariada girou nos calcanhares e desapareceu no corredor. Quando a garota pensou em falar alguma coisa, Olivia tomou a palavra.



— Só eu é que percebi que o ranhoso estava assustado com a ruiva?



— Não... você não foi a única... – disse Sarah e Alice concordou. Severo por sua vez viu as meninas ali, fechou a cara e seguiu para o lado oposto.



— Essssttrraaaaanhoooooo – respondeu Alice em tom de brincadeira fazendo as meninas rirem. Realmente era estranho ver Lily daquela forma, geralmente era ela quem dava as broncas e o que parecia ali que era Severo quem a estava advertindo por alguma coisa. Sarah olhou para trás e vira novamente o ministerial e dera um suspiro. Ele realmente não ia deixá-la em paz. Olivia então dissera para ignorá-lo e seguiram seu caminho, estavam passando pelo corredor do primeiro andar quando Sarah sentiu alguém lhe abraçando por traz e reconheceu imediatamente seu perfume. James lhe dera um beijo estalado na bochecha passando um dos braços por seu pescoço enquanto andavam.



— Bom dia leoas... – disse Sírius com um belo sorriso encantador, Sarah não conseguiu evitar o sorriso. Black tinha essa qualidade. Sempre que chegava em algum lugar seu bom humor e seu carisma iluminava e contagiava o ambiente, mesmo que você estivesse nas masmorras. – Espero que nenhum texugo metido a besta tenha tentado azarar alguma de vocês...



— Pode ficar tranqüilo... – respondeu Alice com um sorriso ajeitando sua mochila no ombro - ... eles até podem olhar torto mas não são tão traiçoeiros quanto as cobras.



— O que está acabando com nosso humor é esse velhote aí atrás... – respondeu Olivia esquecendo por completo a boa educação que seus pais tinham lhe dado indicando com a cabeça o ministerial que não seria “tão velho assim”. – Acredita que ele seguiu a Sah até o banheiro feminino? Nós tivemos que ameaçar chamar a professora Minerva.



— Quer dizer que ele tem te seguido? – perguntou ele cerrando os olhos e Sarah apenas deu de ombros. Não havia mencionado o assunto justamente para não perturbá-lo. – Humm, então creio que ele vai ter uma boa dose do meu humor... – James puxou a varinha com o braço direito e por debaixo da capa lançara um feitiço congelante diretamente embaixo dos pés do homem. Ele perdeu o equilíbrio patinando e tentando se agarrar em algo que o impedisse de se estatelar no chão. Mas para a infelicidade dele, agarrou a pobre Madame Pince, a bibliotecária que também perdera o equilíbrio e lá se foram os dois para o chão. Com o grito dela todos olharam para trás e o pequeno grupo “causador” do acidente continuou seu caminho.



— Eu acho que já vi isso antes... – disse Olivia segurando-se para não gargalhar. Até mesmo Remus que estava calado sorriu com a cena – Ele deve ficar ali por um bom tempo... – disse ele pegando na mão de Olivia e apressando o Passo. Sírius, Alice e Peter fizeram o mesmo e James pegou na mão de Sarah e se pôs a andar tão rápido quanto conseguia. Desceram as escadas para o salão principal, estava próximo da escadaria quando Sarah sentiu James puxando seu braço para que parasse.



— O que foi? –perguntou ela.



— Porque não me disse que estavam perturbando você? – perguntou ele cruzando os braços a encarando sério. Sarah sentiu uma pedra de gelo no seu estomago assim que o encarou.



— Pelo simples fato de que eles não estavam me perturbando... – respondeu dando de ombros - ... qual é James, eles são tão chatos quanto Filch, a diferença é que você pode lançar um glaucius sem tomar uma bela detenção. Além disso... você tem coisas mais importantes na sua cabeça do que ficar como meu guarda costas...



— Não é questão de ser ou não seu guarda costas... – disse ele passando o braço pela cintura da garota e a puxando mais para perto - ... é invasão de privacidade... aceito eles se enfiarem até no lavabo comigo mas com você... a história é outra.



— Eu não gostaria de ver você saindo do lavabo com um cara desses... – brincou ela com um sorriso, e James então sorriu.



— Estou falando sério... esse pessoal não é flor que se cheire... – advertiu ele olhando em volta - ... não se pode confiar em mais ninguém daquele covil... – então delicadamente ele afastou uma mecha de cabelo do rosto dela e tocou em seu rosto a fazendo olhar diretamente em seus olhos - ... eu não sei o que seria capaz de fazer se alguém tentasse algo contra você...



— Deixa de bobagens... – disse ela tentando afastar aquele olhar - ... venha vamos logo ou vamos nos atrasar...



Assim que entraram no salão principal, viram Remus, Peter e Sírius e também como Alice, Frank e Olivia todos em cima de Remus olhando alguma coisa. Logo que se aproximaram Sarah pode notar olhares para cima de James que apenas segurou firme em sua mão e sentou-se ao lado de Remus. A garota pode perceber que a manchete daquele dia era o fato de  terem prendido um “partidário das trevas”. Até onde ela conseguia ler, Analucía Cortez, uma auror iniciante é quem tinha o prendido. Ninguém dizia absolutamente nada, James nem se quer olhava para o jornal. Ela via que ele estava tentando comer sem que aquilo o afetasse mas era visível que o estava afetando, sem mencionar que ela conseguiu ver que essa Auror, prometia que logo os Potter é quem estariam tendo o mesmo destino.



— Essa Cortez não me parece o tipo de ministerial que brinca em serviço... – ouviu Frank dizer e Remus fechou o jornal.



— E não é... – respondeu Johnson que estava sentado a alguns passos deles - ... minha tia trabalha no Ministério... – nessa hora todos cerraram os olhos para o garoto que apenas sorriu sem graça – Não se preocupem, eu não acho que seus Pais são o que eles falam Potter, pode ficar sossegado...



— Você dizia... – começou Remus agora bastante interessado.



— Bem... minha tia diz que essa Auror... – ele indicou a foto - ... a Cortez acabou de sair da academia de Aurores. Foi uma das melhores alunas e entrou no Ministério a pouco tempo. O Professor Lorigan é quem a treinou... Até então trabalha no setor de campo dos Aurores...



— Então ela não trabalha com Alastor Moody? – perguntou Remus.



— Eu acho que não... – Johnson respondeu - ... pelo que minha tia diz Moody está na parte burocrática... ninguém consegue trabalhar com ele e também ninguém pode demiti-lo por conta da sua fama então...



— O colocaram na parte burocrática para ficar de olho nele... – murmurou James mais para si do que para que os outros ouvissem. Sarah notou que James embora parecesse distraído, estava ouvindo auto e claro toda aquela conversa.



— E quem pode culpá-los não? – disse o Johnson sorrindo – Ele dá medo a qualquer um...



Realmente Alastor Moody não era o tipo de bruxo que ficava a vontade estando debaixo de olhares. Lembrava-se dele sempre ativo e suspeitando até mesmo da própria sombra. Mas também sabia que se tivesse algum inimigo no Ministério iria querer ele bem embaixo do seu nariz do que perdê-lo de vista. Foi então que o professor Dumbledore se levantou e foi até seu pedestal. Os alunos ficaram meio apreensivos afinal eram raros os momentos ultimamente que o viam, e se ele estava ali era por alguma coisa importante.



— Bem meus caros alunos... – começou ele - ... estou aqui para avisá-los que a partir da próxima semana como todos sabem que começaremos com nosso torneio interno de duelos.



Sarah pode ouvir uma comoção vinda por parte dos alunos. Os professores responsáveis pelo treinamento de suas duplas levantaram-se de suas cadeiras e então se postaram um ao lado do outro. Horácio Slughorn, Professor Flitwick, Pomona Sprout e Lorigan Bruce. Sarah sabia que mesmo a professora Minerva sendo diretora da Gryffindor, ela não teria como treinar seus pupilos então o professor Lorigan havia se oferecido para isso. Na cabeça da garota, bem, achava que havia mais coisa envolvida nisso mas guardava suas opiniões por respeito a professora.



— Quero que os nossos nobres estudantes que aqui irei chamar... se postem a frente de seus tutores... -  Então ele tomou fôlego - ... não quero que fiquem insatisfeitos sobre as escolhas, pois em âmbito de acordo entre as partes os nossos campeões por assim dizer tinham toda a liberdade em aceitar ou não esses cargos, afinal... – ele baixou os olhos e encarou um por um dos alunos ali presentes – ... é perigoso para quem usa levianamente uma varinha.



Sarah pode ver James trocar olhares com Sírius e este sorrir. No entanto voltou sua atenção quando o professor começou a dizer os nomes que até então não tinha sido divulgado nada de concreto sobre as outras casas.



— Da casa HufflePuff – Ele então pegou das mãos da professora Pomona Sprout um pedaço de pergaminho – Ralph Meminger... e Junstin Hardy.



A explosão na mesa dos Texugos, Sarah apenas os conhecia de vista. Ralph sempre bem educado e tinha um olhar penetrante. E Justin, bem era o monitor da HufflePuff. Em suas aulas de Herbologia sempre foi um ótimo parceiro. Mas fora isso não tinha muito contato. – Da casa Ravenclaw...  – agora era o professor Flitwick quem lhe entregava um pedaço de pergaminho. – Phillipa Carlson e Bromelia Adams.



Agora era a vez dos corvinhos aplaudirem, afinal eram garotas. E até onde Sarah as conhecia, eram as mais inteligentes da turma. Estavam também no sétimo ano, embora Bromélia parecesse estar no quinto ano devido a aparência jovem.



— Da casa Slytherim – Sarah agora sentiu uma fisgada no estomago. Tinha a mais absoluta certeza de que o trio MMB, pelo menos dois deles não perderiam a chance de duelar com os marotos. Contudo quando o professor Dumbledore anunciou os campeões ficara em choque – Andrômeda Black e Julien Mayfair.



— O que? – disseram ela, Alice e Olivia juntas e olharam para os garotos e então Sírius encarou-os.



— Ao que parece... Malfoy e minha querida priminha... – disse ele se aproximando dos outros – abriram mão da chance de nos acertar...



— É mais conveniente não? – disse Sarah e então viu James a encarar – Claro, quem é que vai conseguir descobrir o autor de alguma azaração vindo do meio da multidão?



— Eles não se atreveriam... – disse Lupin   - ... pelo que Lorigan disse a plataforma vai estar protegida... nenhum feitiço externo passaria...



— O professor Lorigan pode ser o melhor professor de DCAT que eu conheço – disse Olivia – mas se tratando de Malfoy e sua trupe... eu não duvidaria de nada...



— Olivia tem toda razão... – respondeu Sarah e então sentiu James segurar sua mão e apertar levemente.



— Não confia no meu talento? – disse sorrindo e ela sentiu seu rosto queimar.



— Eu não confio neles... – Sarah respondeu indicando Malfoy com a cabeça. O sorrisinho que Bellatrix dera lhe causou um frio enorme na espinha.



— E competindo pela Gryffindor... – ouviu-se a voz do professor Dumbledore novamente e o professor Lorigan entregara-lhe o pedaço de pergaminho. – Sírius Black e James Potter.



Sirius se levantou em meio a gritinhos histéricos das garotas, e mandando beijinhos a elas ele seguiu para a frente. James depositou um beijo na mão de Sarah que ele segurava e então se levantou. Obviamente estava incerto se iriam se manifestar mas ao contrário, seus amigos fizeram o maior barulho abafando as vaias vindas da mesa da sonserina.



— Quero que todos aqui recebam os nossos 8 campeões... apenas um deles irá representar Hogwarts no torneio internacional de Duelos.



Embora Sarah observasse e visse um James com um sorriso largo nos lábios, bem ela tinha certeza de que algo estava povoando sua mente. Porém assim como todos os outros aplaudiu e comemorou o fato de ver ele e Sírius como os campeões, e tecnicamente (sem mencionar psicologicamente e magicamente) eles eram os mais experientes no quesito duelos, faziam isso desde o seu primeiro ano na escola.



 O professor Dumbledore finalizou seu discurso e os escolhidos voltaram para suas mesas. Sarah sentiu que havia algo errado com James mas tentou não tocar no assunto. Não queria ser o tipo “Mandy” grudenta e tentava ao máximo dar o espaço que James precisava. Embora estivesse se corroendo por dentro imaginando o que se passava por sua cabeça, tinha certeza de que não era nada bom. Depois do almoço seguiram para a aula de Transfiguração a qual a professora Minerva diferente de outras vezes foi até bem menos rígida do que de costume. Bem, pelo menos com seus pupilos da Gryffindor. Contudo em compensação dera dois rolos de pergaminho para a semana seguinte sobre os problemas encontrados em uma transfiguração animal/objeto. James ficara calado a maior parte do tempo o que fez com que não só Sarah mas Remus também notasse. Contudo Olivia pediu a ajuda do monitor com alguma anotação e ambos saíram rumo a biblioteca. Alice e Frank optaram para aproveitar o resto daquele dia no aconchego da sala comunal enquanto Sírius e Peter iam até a cozinha nos porões. Sarah continuava andando ao lado de James embora ele estivesse tão absorto em seus pensamentos que mal notara que estavam passando pela tapeçaria de Barnabás o amalucado.



— Vai me dizer o que está passando por sua mente ou eu vou ter de usar Legilimencia com você? – disse ela colocando o corpo na frente do garoto o impedindo de passar. A Jovem notara que o pegara de surpresa e então ele largou sua mochila no chão passara os dois braços por sua cintura e lhe abraçou. Não como estava acostumada, mas um abraço de quem realmente estava precisando de um. Sentiu o rosto do garoto afundar em seu pescoço e então o envolveu com os seus braços. Não sabe dizer quanto tempo ficaram ali mas de uma coisa ela tinha certeza. Não queria afastá-lo. Porém, James foi quem tomou a iniciativa.



— Vai me contar o que é que está tomando tanto os seus pensamentos? – disse ela e ele encostou sua testa na dela e ficou em silêncio por alguns minutos. Havia alguma coisa errada, ela podia sentir. Mas tirar isso de James seria como tentar tirar leite de pedra. No entanto ficou em silêncio, apenas esperando. James então afastou seu rosto e olhou em volta. Depois tocou a parede com a varinha e uma porta apareceu do nada. Sarah ficara tão espantada com isso que nem se quer percebeu um homenzinho com vestes do Ministério os olhando na curva no final do corredor. James então a pegou pela mão e entraram na sala. Parecia ser a mesma sala a qual já haviam se encontrado das primeiras vezes embora ela parecesse totalmente diferente agora. James então jogou sua mochila em uma poltrona mais adiante e fez o mesmo com a dela. Fez com que Sarah sentasse no sofá de frente para ele e sentou-se na mesinha ao centro. O assunto era sério, ela sabia disso.



— Está preocupado com alguma coisa... – disse ela finalmente e ele apenas sorriu - ... pode posar de “O Senhor Maroto Mor” para os outros mas embora não acredite... consigo ver além dessa máscara Sr. Potter.



Viu James sorrir um tanto sem graça, ele então pegou suas mãos e as segurou. Ela tinha certeza agora de que o assunto era até mais sério do que ela pensava.



— Eu só... – começou ele e então dera um sorriso sem graça - ... não queria dar mais essa preocupação a você.



— Porque você não deixa que eu decido se devo me preocupar ou não? – e então ele dera novamente um sorriso sem graça. – Além disso, deve estar pensando o mesmo que eu... – viu ele ajeitar os óculos e então lhe encarar - ... está se perguntando por que raios dois dos melhores duelistas da Sonserina não quiseram participar dos duelos.



— Você anda praticando legilimencia as escondidas? – perguntou ele com um sorriso levando a mão da garota aos lábios depositando um beijo.



— Quem dera...  – disse ela sorrindo - ... mas não, isso é algo que até mesmo Mandy Wilson seria capaz de suspeitar. Algo me diz que tem ingrediente a mais nessa poção, isso é muito suspeito e que precisamos ficar de olhos bem abertos.



— Eu sei que posso levar um avada nas fuças... – disse ele um tanto tímido e Sarah o encarou - ... mas não quero mais que saia sozinha pelo castelo...



— Não me trate feito uma donzela James... – respondeu ela agora séria, se tinha algo que ela ODIAVA literalmente falando era o fato de tratá-la como uma donzela em perigo. Sabia se defender.



— Não duvido... – respondeu ele se aproximando mais de seu rosto - ... mas creio que o fato de eu demonstrar publicamente o que sinto por você deu a meus inimigos o direito de usar você para me atingir... e eu não acho certo você ter de sofrer essas conseqüências.



— Tecnicamente eu já sofria antes mesmo de ter algo com você então... – respondeu ela dando de ombros, mas ele a interrompeu.



— É sério Sah... – porque sempre que ele a chamava por esse apelido ele era o único que ela não tinha vontade de enfiar um soco? Os olhos de James havia preocupação, algo que antes não havia quando os olhava. - ... Não posso pedir que faça esse sacrifício...



— Em primeiro Sr. Potter... – disse ela se aproximando do rosto do garoto e o olhando nos olhos - ... você não me pediu coisa alguma... se estou ao seu lado foi por minha própria decisão... e em segundo lugar... não é sacrifício algum lutar ao lado do  que é o correto se sabe que pode fazer alguma diferença.



Por algum motivo James a fazia se sentir confiante, talvez fosse sua vontade de lutar, ou quem sabe aquele entusiasmo todo quando estava em uma vassoura. A lealdade que expressava quando o assunto eram seus amigos e sua família. Seja lá o que fosse, James a fazia bem, a fazia confiar em si mesmo e o melhor de tudo acreditar que podia fazer o que fosse que achasse certo. O garoto então dera um sorrisinho de canto de lábios e fora se aproximando, se aproximando até colar seus lábios aos dela. E ela não recuou dessa vez, precisava deixar claro que não importava com as conseqüências, e ficaria ao seu lado de qualquer jeito.





Por incrível que possa parecer, Mandy parecia ter agora depositado todos seus esforços em outra vítima. Sarah não sabia exatamente o motivo, talvez por medo que James talvez fizesse algo com ela, ou talvez a humilhação diante o colégio todo tinha finalmente a feito agir como uma garota sensata. Mas fosse o que fosse, Sarah agradecia. James estava cada dia mais ocupado com suas idas e vindas juntamente com Sírius da sala do professor Lorigan, definitivamente estava os treinando com afinco. E no que dependesse dele, um dos dois seria o campeão.



— Remus disse que o professor Lorigan tem insistido tanto nos garotos que já não sabia mais quem era o mais exigente... Minerva ou Lorigan. – comentou Olivia enquanto iam para a biblioteca, havia uma pesquisa de dois metros de pergaminho para fazer sobre venenos e antídotos que Slughorn queria e elas não podiam perder tempo. O último jogo do campeonato era naquele final de semana, já que devido as nevascas e condições climáticas tinha sido atrasado duas semanas e tecnicamente Sarah estava tentando se manter controlada. Não pelas costumeiras provocações, mas qualquer passo fora da linha seria motivo para ela estar fora do jogo. Por mais incrível que isso possa parecer desde que se envolvera com James suas detenções haviam diminuído. Talvez pelo fato dos outros terem medo de alguma espécie de retaliação vinda por parte dos marotos, ou talvez por Lily estar tão ocupada que mal a viam. Exceto por aquele dia.



— Sou eu ou o professor Slug está nos castigando por alguma coisa nos mandando fazer dois metros de pergaminho para semana que vem? – Dizia Emmeline jogando a pena sobre o livro – Pelas ceroulas do Dumbledore... vou ter de passar meu feriado fazendo isso?



— É exatamente para não ter que passar o feriado fazendo isso é que estamos aqui... – comentou Olivia sem tirar os olhos do livro que estava lendo.



— Mas é isso que não entendo... – continuou Emme fazendo tanto Sarah quanto Olivia a encararem - ... se é um “feriado” é para aproveitarmos longe dos livros... ou vai me dizer que o velho Slugh não vai passar as festividades enchendo aquele barrigão de boa comida e bebida na casa de alguém importante?



— SHIIIIIIIIIIIIIIITTTTTTTTTTTT.



Ouviram o som costumeiro de Madame Pince e então Emme baixou o tom de voz quase em um sussurro.-  E aí? Vão visitar suas famílias no natal?



— Eu vou...- disse Olivia – meus pais vão vir me buscar. -  então Emme olhou para Sarah.



— Não... – disse ela finalmente largando a pena sobre o livro - ... meus avós acham que é mais seguro ficar.



— E essa decisão não é só porque os marotos irão ficar ou é? – perguntou Emme e então Sarah a encarou. James não passaria as festas no castelo. Até onde sabia Dumbledore tinha dado um jeito para que ele e Sírius fossem até o castelo dos Potter sem que os Ministeriais que estavam no castelo soubessem mas tinha prometido segredo quando este lhe contara.



— Não Emme... até onde eu sei, James vai passar com o Sírius e o tio dele... – respondeu ela novamente retomando suas anotações.



— E ele nem te convidou para ir com ele? – respondeu Emme fazendo uma cara de decepção – Se fosse eu, daria uns furúnculos nele para não se esquecer de que eu ficaria na escola.



— Da uma trégua para o garoto Emme... – disse Olivia - ... você já viu o que ele tem passado por aqui, acho que ele está precisando de um tempo longe disso tudo para que seus pensamentos voltem mais organizados...



Dizer que estava triste por ter de passar as festividades sozinha naquele castelo enorme, bem Sarah estava. Mas não ia comentar nada, afinal fazia meses que James não falava ou tinha qualquer contato com os pais dele. Não seria justo monopolizá-lo daquela forma. Para evitar que Emme fizesse mais perguntas as quais ela não tinha a mínima vontade de responder. Sarah se levantou com a desculpa de ir a procura de um outro livro.  O bom de se estar na bibilioteca é que se você queria privacidade a conseguia se embrenhando entre as várias e altas prateleiras de livros. Sarah procurou a mais distante próximo a sessão reservada e estava olhando distraída um exemplar de Crie você mesmo seus feitiços, quando algo lhe chamou a atenção. Em meio as várias prateleiras da sessão reservada, viu o reluzir de uma cabeça ruiva. Não tinha permissão para entrar na sessão reservada, e sabia que nenhum aluno, sendo monitor ou não, podia fazer o mesmo. A não ser que tivesse autorização de algum professor. Lily, a monitora estava embrenhada na ala mais escura do local. Era possível ver já que a sessão reservada da biblioteca ficava no que parecia ser uma “jaula” com grades dos lados de fora de uma “redoma” de vidro. Tentou até ver quem estava com ela mas ela acabou saindo sozinha. Em suas mãos um livro gasto, o qual ela nem se deu ao trabalho de levar até Madame Pince.



— Nossa monitora surrupiando livros da sessão reservada? – pensou ela quando alguém chegou por trás dela.



— Ah você está aí... – Sarah se virou de susto e viu Olivia lhe encarando – O que foi?



Sarah ainda olhou para a sessão reservada mas não viu para onde Lily tinha ido. Meneou a cabeça e apenas sorriu para Olivia.



— Vem... Remus me disse que James quer uma reuniãozinha.... – disse Olivia a pegando pelo braço e praticamente a arrastando da biblioteca com Emme em sua cola.



Logo depois do jantar então Olivia e Ela disfarçadamente foram até o sétimo andar onde estava escrito nas instruções de Remus. Em frente a tapeçaria de Barnabás, o Amalucado.



— Mas não tem nada aí... – disse Olivia novamente olhando para o bilhete de Remus. Sarah, no entanto, já havia estado ali umas duas vezes e sempre houve uma sala. Escondida obviamente, mas que tinha uma sala ali tinha. Tentou então usar a varinha assim como James fez mas não dera certo. Foi então que Peter apareceu.



— Olá damas... – disse ele com seu jeitinho que fez as duas meninas rirem alto - ... oh não não, vocês não estão enganadas... -  então ele foi até o final do corredor, e voltou novamente para o inicio, e foi, e voltou, e foi e voltou mais uma vez. E então a porta de carvalho se materializou na frente deles -  Essa Senhoritas, é a Sala precisa. Quando vocês precisarem de algo, tem de passar aqui na frente 3 vezes, ai ela aparece. No caso “eu precisava achar James e ele está ai.



— Então... vamos né... – disse Olivia abrindo a porta. A sala estava toda equipada como se fosse uma arena de duelos. Cheia de apetrechos e alvos. James estava mais a frente conversando com Sírius e quando a viu entrando abriu um enorme sorriso. Sarah correspondeu e se surpreendeu também por ver Evans ali juntamente com Alice e Remus. Olivia foi de encontro a ele. Emme estava em uma conversa com Peter e ela então aproveitou para dar uma boa olhada na sala. Se ela não soubesse que estava no castelo, com certeza aquela sala lhe pareceria algo do estilo do Ministério da magia. Então riu ao ver uma espécie de alvo que mais parecia um espantalho pintado de preto.



— Não sou digno nem de um Oi? – ouviu a voz de James e se virou.



— Não seja dramático... -  respondeu ela com um sorriso enquanto James lhe roubava um beijo - ... você estava falando com Sírius.... eu não quis me meter...



— Humm – fez ele torcendo os lábios e cerrando os olhos. Sarah apenas empinou o nariz e ele caiu na gargalhada.



— Como convenceu a Srta monitora... o furacão ruivo a comparecer? – perguntou Sarah e James dera um suspiro.



— Remus... – disse ele - ... o Moony ainda tem esperanças de que ela pode engolir seu ódio por mim e usar a razão...



— Bem... contanto que não use o livro que tirou da cessão reservada... – disse Sarah e James a encarou.



— Que livro?  - perguntou ele a encarando.



— Bem... – começou ela mas Emmeline a interrompeu.



— Porque a pequena reuniãozinha Sr. Capitão? – perguntou Emme agora e então James olhou para todos mas não sem antes lhe lançar o olhar de “quero saber sobre isso depois”, Sarah pode perceber que Lily era a única que parecia que não queria estar ali. James então se postou diante dos que estavam presentes e então começou a falar.



— Bem, sei que para muitos aqui pode até parecer besteira mas... – então seus olhos pousaram em Lily - ... estamos prestes a nos tornar um grupo de defensores. Sarah olhou para cada um dos que estavam ali. Além dela, Olivia, Remus, Alice, Frank, Peter, Emme, Sírius e James, podiam até parecer meros arruaceiros, mas tinham algum talento. – Como sabem, o ministério está fazendo uma burrada atrás da outra, meu pai... – então James se calou por alguns segundos, e Olivia tomou a parada – Conhecemos seu pai James, e se estamos aqui, é por que acreditamos na inocência dele. – Não só James sorriu agradecido como Sarah também. – Obrigada Olivia... Humm, bem... não é de hoje que estamos vendo que o Ministério tem ameaçado, coagido e até mesmo encarcerado algumas famílias decentes só pelo fato de discordarem do seu modo de agir e ate mesmo de pensar... Meu pai me disse antes que ele próprio fosse caçado que o próprio Ministro da Magia tem como conselheiro um comensal da morte.



Sarah pode perceber que os ouvintes meio que seguraram o fôlego nessa hora.



— Enfim, eu não sei quanto tempo ainda vou conseguir me manter longe dessa guerra e também não sei por quanto tempo Dumbledore ou a nossa querida McGonagall vão conseguir nos manter seguros sem que  os abutres comecem a se infiltrar aqui.



— Isso se já não estiverem... – acrescentou Sírius e Sarah pode ouvir um “bufar” de Lily. Provavelmente ela devia ter achado que ele estava falando dos sonserinos. Mas ela mesmo já tinha visto por diversas vezes os ministeriais conversando com alunos pelos corredores, é óbvio que também estariam falando com os sonserinos e também é óbvio que eles estariam inventando todo tipo de coisas. Contudo James continuou.



— Bem... o que meu caro Padfoot aqui quis dizer... é que caso bruxos das trevas consigam entrar em Hogwarts, precisamos estar preparados para enfrentá-los. Então pensei em fazer um grupo de estudos – dizendo isso lançou um olhar para Remus que sorriu – para não dizer uma “Guarda armada” – e então riu da cara que o mesmo o encarou - ... que tomasse conta dos nossos estudantes...



— E o que lhe faz pensar que é tão eficiente assim? – Sarah então olhou para Lily que continuava com o seu nariz empinado o encarando. E não conseguiu se controlar.



— Ah qual é Evans... – disse ela como se a garota tivesse feito uma piada - ... não era você mesmo quem estava choramingando no salão principal a alguns dias reclamando sobre o fato de bruxos estarem perseguindo pessoas como nós... descendentes de trouxa?



— Mas isso não torna James Potter o bruxo mais experiente ou talentoso a ponto de nos ajudar a se defender. – disse ela.



— Concordo... – disse James cruzando os braços - ... mas quem foi que disse que seria eu quem ensinaria alguma coisa? – então sorriu maroto e lançou um olhar desafiador a jovem monitora - ... como sempre o fogo dos seus cabelos tem queimado seu cérebro... – então ignorou o que a ruiva disse e virou-se para os demais - ... não tenho e nem nunca tive intenção de ser o professor... e sim, ajudar no que for preciso, conhecer os pontos fortes de cada um e torna-los melhores, sim... eu e o meu amigo Black aqui fomos escolhidos os campeões dos leões... mas não porque somos realmente bons em duelos... – e então Sírius o encarou com certa dúvida no olhar e James piscou a ele - ... mas porque somos bons em não ligar para o que temos a perder...



— Isso é muita irresponsabilidade... – murmurou Lily e Remus a encarou sério tomando a palavra. – O que James quer dizer... é que a idéia geral desse grupo, é cada um mostrar o que sabe fazer de melhor... eu sou bom com azarações... a Sah é expetacular especialmente com o Depulso... Frank é muito bom com feitiços de memória...



— Eu me dou muito bem com os furunculus... – disse Alice com um sorriso e então pensou bem no que tinha dito - ...NÃO... digo, sou boa com a azaração de Furunculus... ahhhh vocês entenderam...



— É disso que eu estou falando... – concluiu James - ... o que eu quero é que cada um melhore suas habilidades, mas também que contribua com o que sabe. Os dias estão ficando cada vez mais escuros... bruxos perigosos tem saído das sombras e em pouco tempo nem Dumbledore ou McGonagall vão conseguir nos proteger... precisamos estar preparados para o que for. – Então James encarou cada um dos rostos que estavam ali – Quem está comigo?



— Eu estou... – disse Sarah prontamente assim como Remus – Como sempre amigo....



Um a um se manifestou, Olivia, Frank e Alice, Emme e Peter... então talvez por ser a única que parecia desconfortável com toda aquela situação, ou talvez fosse pelo olhar de Remus, que pelo visto era o único o qual ela, a Senhorita perfeição julgava valer a pena ser amiga. Acabou aceitando.



— Ótimo... – disse James com um sorriso.  - ... então estamos todos combinados. Não quero que comentem sobre esse nosso grupo com alguém por enquanto, estamos sobre o olhar minucioso do Ministério e qualquer manifestação como essa poderiam levar como uma ameaça...



— E tecnicamente não é isso? – murmurou Sírius a James que sorriu disfarçadamente.



— Mas eles não precisam saber meu caro... – respondeu James.



— E como esse grupo vai funcionar? – perguntou Emme agora bem interessada.



— Bem... – disse James - ... a minha intenção era começar imediatamente, mas compromissos alheios a minha vontade... e quando digo isso é a convocação de Lorigan para uma reunião... começaremos depois do recesso de natal... meu caro Remus se encarregará de arrumar um meio criativo e bem singular de podermos nos comunicar sem que nos descubram.



— Eu? -  perguntou Lupin o encarando, pelo visto tinha sido pego de surpresa com a indicação.



— Você vive dizendo que é o cérebro do nosso quarteto Moony... – respondeu Sírius com uma gargalhada - ... isso deve ser moleza para você.



— Ótimo... então estamos combinados... – disse James com um sorriso. – Aguardem ao nosso chamado. E atenção meus caros... por favor prestem bastante atenção quando saírem ou andarem pelos corredores em direção a essa sala. Não queremos nenhuma surpresa vinda por parte de gente enxerida.



Um a um foram saindo da sala. As vezes aos pares, outros sozinhos. Quando Sarah foi sair com Emme, James segurou em sua mão.



— Espero você ali fora... – ouviu a voz de Emme. Sírius a acompanhou deixando James e Sarah sozinhos. A garota o encarou, e ele então a imprensou contra a porta com um sorrisinho maroto que a fez sorrir.



— Pensei que tinha um compromisso Sr. Capitão...  – disse ela e James sorriu maroto.



— Nada que não possa esperar... – dizendo isso James apoiou suas mãos no quadril de Sarah pressionando seu corpo contra o dela levemente enquanto unia seus lábios aos dela. Descrever como era a sensação, era extremamente difícil. O coração saltitando no peito, o perfume do garoto a entorpecendo, sem mencionar que dera graças a Merlin por ele a apoiar contra a porta pois sentia como se suas pernas tivessem sido vítimas do feitiço das pernas bambas. Quando o sentiu se afastar abriu os olhos, sentia ainda a respiração dele sobre seus lábios e o calor do seu corpo aquecia seu coração.



— Hummm... algum outro assunto que queira tratar... – disse ela sorrindo sentindo ele a abraçar outra vez e afundar seu rosto em seu pescoço. Sentia sua respiração profunda e calma enquanto ele roçava seus lábios por ele até chegar ao lóbulo de sua orelha. A garota então se contorceu, nem ela mesmo sabia que tinha cócegas ali, e isso o fez rir.



— Ok... se eu demorar mais Black será o único representante da Gryffindor no duelo. – disse ele dando-lhe mais um beijo e abrindo a porta - ... tomem cuidado ao voltar para a torre...



— Acredite Potter – respondeu Emme com um sorrisinho maroto - ... não é só a Bounce que é boa com Furunculus....





— Que tanto está balbuciando Moony? – disse Sírius agora se jogando numa poltrona. Remus estava com uma espécie de “caderninho” nas mãos e uma pena, ficava murmurando, e quem o visse com certeza diria que teria cheirado pó de flu.



— Bem... -  começou ele esticando os braços em um longo alongamento e então James roubou-lhe o caderninho.



— Defensores de Hogwarts? Força G? Magia Branca? – e então começou a rir jogando-se no sofá ao lado de Remus que tomara de volta o bloco de notas contrariado. – Que raios você está fazendo Moony?



— Só achei que como estamos formando uma “força interna” – disse ele . – Que pelo menos devíamos ter um nome não é?



— Ué... mas nós temos um nome... – disse Sírius estirado no sofá – Marotos quer outro nome melhor?



— Acho que as meninas não iam gostar muito desse título... – retorquiu Remus.



— E animal... nós... – disse James apontando para os quatro – é quem somos os únicos dignos a ter esse título.



— Verdade... – respondeu Sírius endireitando-se - ... Mas Magia Branca? Fala sério Moony!



— Se você tem alguma sugestão... – disse Remus jogando o caderninho sobre a mesa – sou todo ouvido!



— E por que não Armada Gryffindor? – respondeu James.



— Ora.. e não é que seu cérebro anda melhor desde que começou a sair com a Perks? – respondeu Sírius em tom de brincadeira e levara uma almofadada na cabeça.



— Cala esse focinho Padfoot...- disse James e então se levantou – vamos logo, temos um treino com o time e ainda mais uma sessão com o Lorigan.



— Sabe... – respondeu Sírius se levantando e esticando-se ao máximo para alongar a coluna - ... se eu não soubesse que seria assim... acho que teria negado esse lance de ser um dos escolhidos... é só treino e treino... não tive chance nem de... -  então olhou para Remus e suspirou profundamente - ... enfim, estou começando a não gostar tanto dessa idéia...



— Agora é tarde... – disse Remus rabiscando “Armada de Gryffindor” no topo da página do caderninho - ... Agüente as conseqüências...



Sírius mostrou meio palmo de língua para Remus que murmurou algo inaudível enquanto o maroto desaparecia atrás do Capitão. Na saída por um triz não esbarrou em Sarah que estava entrando.



— Como vai linda e doce Perks! – disse ele com um aceno de cabeça e um sorriso maroto nos lábios.



Sarah mal conseguiu pronunciar um Oi e ele já tinha desaparecido pela porta do retrato.



— O que foi que deu nele? – perguntou Sarah e Remus deu de ombros. Sarah não tinha comentado nada sobre o que havia visto na biblioteca e nem mesmo com respeito a suposta discussão de Ranhoso Snape e sua monitora, mas aquilo não saía de sua cabeça. Então porque não perguntar para o companheiro de monitoria? – Remus... tem um tempinho?



A garota tinha certeza de que ele tinha várias coisas para fazer mas aquilo a estava deixando encucada. Remus então foi até ela e sentaram-se na costumeira mesa ao fundo da sala comunal, onde geralmente ela usava para pensar. Não era totalmente silenciosa mas dava uma certa privacidade.



— Tem alguma coisa incomodando você? – perguntou ele e ela então tomou coragem.



— Bem Remus... – disse ela olhando para os lados, não queria levantar falsas suspeitas e muito menos acusar a própria monitora, quem sempre teve um histórico impecável e porque não dizer invejável? Peter estava absorto em uma conversa com alguns outros garotos na frente da lareira e fora ela e Remus não havia mais ninguém - ... Se eu te contar uma coisa, você promete que não conta a ninguém? – Pode ver que ele arregalara os olhos, confiava em Remus, era o garoto mais responsável se não o único que ela se prontificou a conversar antes mesmo de conhecer James. O garoto confirmou com a cabeça e a julgar por seu olhar de preocupação ela então foi direta – Bem, a dias eu tenho achado Lily um tanto estranha.



— Estranha como? – perguntou ele inclinando o corpo um pouco mais para que ela não precisasse falar tão alto.



— Conhece a Evans melhor do que eu... e sabe que ela JAMAIS em sua vida acadêmica mancharia seu histórico... – então  coçou a nuca confusa - ... a alguns dias enquanto eu e Olivia estávamos na biblioteca, fui até uma estante pegar um livro e vi Lily saindo da sessão reservada com um livro...



— Bem, é normal nós monitores pegarmos livros da sessão reservada... – respondeu ele parecendo aliviado.



— Eu sei... – disse ela séria - ... mas não da sessão de magia negra... – pode ver que Remus novamente se inclinara para frente.



—- Como? – perguntou ele.



Sarah então lhe contou tudo o que tinha visto, desde a ver na ala reservada a magia negra, até o fato de sair com um livro de lá de dentro sem nem ao menos passar por Madame Pince.



— E o jeito com que o Snape olhou para ela... – contou ela finalmente - ... ele parecia mais assustado seja lá o que for que ela tenha dito a ele.



— E qual foi a reação da Evans? – perguntou ele.



— Bem, ela parecia bastante contrariada sabe... – disse Sarah - ... como se ele tivesse a ofendido... ou se recusado a fazer algo importante para ela. Tenho que confessar que senti foi pena dele...



Pensou que Remus achasse graça da piada mas ele realmente parecia pensativo.



— Como era esse livro que você viu com ela? – perguntou ele novamente.



— Bem... não deu para ver muito bem de onde eu estava... – respondeu ela – mas era de uma capa que parecia de couro bem antigo. A lombada estava gasta... como eu nunca precisei entrar na ala reservada... – então ela pegou um pedaço de pergaminho e tentou desenhar mais ou menos a visão de onde ela estava – Eu estava aqui... e... ela aqui dentro... nessa parte aqui...



— É, realmente é onde fica a sessão de artes das trevas.... – comentou ele - ... mas o que ela estaria querendo com isso?



— Eu sei que ela é nossa amiga... – então o olhou  - ... digo mais sua do que minha a uma altura dessas... -  e então sorriu timidamente - ... eu não sei mas tenho um pressentimento ruim sobre isso...



— Vou prestar mais atenção na nossa colega de cabeça de fogo... – respondeu ele com um sorriso - ... a uma altura dessas já não sei mais em quem eu devo supervisionar... se os garotos ou vocês...



— Eiiiii... – disse ela parecendo contrariada cruzando os braços - ... eu sei me cuidar muito bem ouviu?



Remus dera uma gostosa gargalhada então ficara a olhando por alguns minutos antes de se levantar.



— O que foi? – perguntou ela e ele apenas meneou a cabeça.



— Nada não... – respondeu ele - ... é que estou tão acostumado a presença de vocês nos últimos dias que só de pensar que vão passar com suas famílias me deixa um pouco triste...



— Bem... se te serve de consolo meu caro... – respondeu ela com um sorriso - ... vai ter que me aturar pois não vou passar as festas em casa.



— Não? – perguntou ele curioso.



— Não... – respondeu ela - ... meus avós acham que estarei mais segura aqui do que indo até eles. Então acho que seremos só nós como donos dessa imensa torre!



— Nós e Peter – disse ele - ... a avó dele vai para Cornuália visitar uma irmã e ele disse que prefere mil vezes passar o natal aqui pois a comida da Cornualia é estranha.



Os dois riram e então Remus se despediu. Sarah ainda tinha um treino para ir, subiu rapidamente para o dormitório, vestiu uma roupa confortável, pegou sua vassoura e foi direto para o campo de quadribol. O tempo não estava nada convidativo e pior de tudo o vento cortante dificultava e muito conseguir controlar uma vassoura. Tanto que James acabou por cancelar o treino depois de 15 minutos.



— Mas temos muito o que treinar.... – ouviu Lene comentando mas James meneou a cabeça.



— O tempo esta muito ruim, não quero arriscar perder um dos meus jogadores por conta de um treino bobo... – Olivia agradeceu pois sentia ainda um pouco o braço latejando embora ignorasse esse fato por querer jogar. Sarah pousou suavemente com sua vassoura enquanto os outros faziam o mesmo. James conversava com Sírius e o assunto parecia ser sério, não quis se meter e por tanto, seguiu rumo ao castelo com as meninas. Lene ainda visivelmente contrariada.



— Deixa disso Lene... – Falou Emmeline agora agarrando mais as suas vestes - ... somos bons até demais, um jogo sem a gente treinar não vai fazer diferença.



— Concordo com Emme... – respondeu Sarah enquanto entravam no saguão de entrada batendo os pés para tirar a lama e a neve. – Além do mais o que eu planejo agora é um bom banho quente, e uma bela lareira... – nesse exato momento sentiu um baque que quase a fez cair.



— Só faltava agora terminar o dia contaminada.



A voz arrastada de Bellatrix Black ecoou pelo saguão. Sarah novamente se recompôs e encarou a garota que a olhava nos olhos com um sorrisinho que lhe deu arrepios.



 - Não se preocupe Bellatrix... - disse praticamente levando a mão sobre onde guardara a varinha - ... se não se contaminou com o veneno dos seus amigos sonserinos... sua carapaça já deve estar imune a qualquer coisa... – sim ela não conseguiu evitar.



— Acredite, só o sangue mágico que corre em minhas veias pode me proteger de qualquer contaminação que pessoas como você causam ao mundo bruxo. – ouviu Bellatrix cuspir as palavras e sentiu o sangue pulsar nos seus ouvidos. Não se tocara que já estava com a varinha em punho. - Você realmente acha que pode duelar comigo? Realmente acha que tem magia suficiente para isso? – então dera uma gargalhada que ecoou pelo saguão – Realmente Perks, depois que começou a andar com aquele imbecil do Potter... tem se achado demais...



Sarah já tinha engolido coisas demais daquele filhote de basilisco mal acabado. Sentiu Olivia segurar-lhe o braço mas quando deu por si já estava cara a cara com a cobrinha.



— Em primeiro lugar seu projeto mal acabado de cobra... - disse ela imitando um sorrisinho bem característico Black - se existe algo contaminando o mundo bruxo não é o sangue de bruxos e sim pensamentos como o seu e de seus amiguinhos que não são capazes de fazer algo decente e jogam a culpa no sangue dos outros pra encobrir sua incompetência e em segundo... Não só tenho magia suficiente pra causar estrago permanente nessa sua carinha sonsa como posso expurgar de uma vez por todas a sua raça da face da terra... mas não preciso de poderes mágicos pra isso...



— Uhhhhhhhh –  gemeu Bella com seu olhar provocante e ao mesmo tempo debochado, - .... estou morrendo de medo....- sussurrou ela agora bem perto do rosto de Sarah o que a fez ficar ainda mais irritada. Foi então que Sarah percebeu algo pairando sobre a cabeça de Bellatrix e pulou para o lado no exato momento em que uma tina de água caía sobre a cabeça da garota.



— Bem cara Bellinha... – disse James agora guardando a varinha  e encarando a garota toda encharcada  - ... pode não estar morrendo de medo... mas com certeza estará morrendo de frio se não se esgueirar de volta para o seu covilzinho pode pegar uma pneumonia...



— Você vai pagar por isso Potter... – disse a garota encarando James e lançando um olhar para Sarah que fez com que o garoto a trouxesse mais para perto de si.



— Estou esperando pra ver Bellinha....-  e então voltou-se para o grupo atrás de si -  Vamos, não quero meus jogadores sendo vítimas de encrencas com essas cobras antes do jogo... – disse ele. Sarah sentia o sangue pulsar em seus ouvidos, durante todo o caminho ela não disse uma palavra se quer. Não precisava que James a defendesse, sabia se virar muito bem. Assim que chegou a sala comunal estava subindo para o dormitório quando James a segurou.



— Onde pensa que vai?



— Tomar um banho frio e esfriar a cabeça antes que as coisas esquentem para você também... – respondeu ela virando-se, mas ele a impediu.



— Não fiz o que fiz porque não sabe se defender... – disse ele a encarando enquanto ela cruzava os braços - ... só não queria que se prejudicasse por conta de Bella estar entediada e querer mandar alguém pra detenção.



— Estou acostumada com isso se não percebeu James... – respondeu ela deixando-se cair na poltrona próximo a lareira - ...não me dou bem com aquela cobra desde meu primeiro ano, e não vai ser agora que vamos começar...



— E alguém além dos sonserinos se dá bem com ela? – disse James sorrindo o que a fez desmontar praticamente.



— Eu estou falando sério James... – disse ela não contendo o riso o que o fez se aproximar mais e tocar seu rosto a fazendo olhar em seus olhos.



— Ué... eu também... me preocupo com você mesmo você sendo mais do que capaz de se virar sozinha... – respondeu ele - ... além disso, você é meu coringa... OBVIAMENTE aquelas cobrinhas vão querer te tirar do último jogo. Afinal, se ganharmos dos texugos já seremos o dono da taça de quadribol desse ano.



Naquele ponto James estava com a razão mais uma vitória lhes garantiriam a taça por antecipação o que não seria nem um pouco favorável para os sonserinos que só haviam perdido para os grifinórios. James a encarou, seu olhar não era de repreensão nem nada disso, mas tinha algo muito estranho neles. Não sabia dizer o que era. Mas se deu por vencida e apenas concordou em tentar pelo menos se manter afastada das provocações de Bellatrix.





Estava quase na hora do jantar quando sua professora Minerva entrou no salão comunal da Gryffindor. Sarah tivera um sobressalto afinal, eram raros os momentos que a sua diretora de casa e vice diretora de Hogwarts aparecia na sala comunal. Sentiu que havia algo de errado e uma bola se formou em seu estomago.



— Por gentileza minha querida... – disse a professora a ela assim que ela se levantou (inconscientemente) diga-se de passagem para recebê-la. - ... vocês sabem me dizer onde a Srta. McKinnon se encontra?



— Bem... – começou Olivia - ... eu a vi hoje mais cedo no nosso treino. Mas depois disso não a vi mais.



A olhar para a professora Sarah percebeu que havia algo errado. Professora Minerva não parecia severa. O que queria dizer que o assunto não era comportamento.



— Se a senhora quiser... – disse Sarah – podemos ajudar a procurar...



— Ótimo... – respondeu a professora em um tom de voz calmo porém cheio de urgência - ... peça a ela para ir direto ao meu escritório... e... – então olhou para as meninas que estavam ali – alguém por favor poderia acompanhá-la? Creio que ela vá precisar de apoio.



As meninas se entre olharam, mas não mencionaram nada. Sarah sabia que Lene estava um tanto agitada, afinal nunca a vira treinar tão distraída como estava naquele dia. Ela era descendente de trouxas assim como Sarah e Lily, então possivelmente estava preocupada.



— Acho melhor nos dividirmos... – disse Emme encarando o resto das meninas - ... Lily acho que seria melhor você ficar caso Lene apareça. Eu vou caçar ela nas masmorras, talvez encontre os garotos e poça pedir ajuda a eles.



— Vou ver no salão principal... e quem sabe no corujal... – disse Sarah e Olivia lhe lançou um olhar preocupado - ... Se ela está tão preocupada quanto eu com a situação fora da escola... pode ter ido ao corujal...



— Sarah tem razão... – comentou Lily - ... Lene andava preocupada com a situação, então acho melhor procurarmos em cada canto desse castelo. Vou pedir ao Nick, nosso fantasma que nos ajude.



— Alice... acho melhor você ir a biblioteca e procurar por ela nos corredores do castelo entre o terceiro e quarto andar. – disse Sarah, seria muito bom se os marotos tivessem por ali mas não tinha sinal deles. Depois de cada andar ter sido indicado elas saíram desabaladas pelo castelo. Sarah desceu as escadas até bem rápido. No meio do caminho ia perguntando aos alunos que ela conhecia se tinham visto Lene em algum lugar mas mesmo assim não havia nem sinal da menina. Ela parecia ter tomado poção do sumiço! Quando chegou ao salão principal, parou na porta e olhou mesa por mesa para ver se encontrava, parando por alguns minutos na mesa da gryffindor onde os marotos todos juntos pareciam absortos em uma conversa. Decidiu então “se convidar” e quem sabe pedir a ajuda a eles, afinal conheciam cada canto daquele castelo. Assim que começou a se aproximar James abrira um sorriso e lhe estendeu a mão. Ela a segurou mas não se sentou, como ele havia indicado e isso lhe fez lançar um olhar preocupado.



— Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele agora sério o que fez com que o resto dos meninos a encarasse.



— Preciso encontrar a Lene... – disse ela - ... acho que aconteceu alguma coisa pois a professora Minerva veio em pessoa a sua procura mais cedo.



— E o que podemos fazer? – perguntou Remus.



— Só fiquem de olho caso ela apareça... e peça para que vá até a sala da McGonagall – disse Sarah com um sorriso - ... vou até o corujal, Lily disse que ela estava preocupada com a família e quem sabe ela pode ter ido mandar alguma coruja.



Quando foi sair, sentiu James segurar sua mão e então o olhou, ele se levantou e a encarou. Ela o encarou de volta, estava tentando entender o que se passava na cabeça dele quando ele apenas sorriu.



— Toma cuidado... – disse ele e ela então sorriu.



— Pode deixar... – respondeu ela e então correu para fora do salão.



— Padfoot.. – disse ele e então Sírius o encarou e ele indicou a saída - ... siga aquela cobrinha da sua prima... estou achando que vai aprontar alguma...- Sírius se levantou e fez o que lhe foi  pedido.



Sarah desceu os degraus que levavam ao pátio, atravessou a ponte coberta e seguiu rumo ao campo onde mais adiante podia-se ver a torre do corunal. Em todos os casos podia pegar esse atalho mas infelizmente o gelo que se formou fazia daquele lugar um ótimo escorregador de se quebrar o pescoço. Então com calma dera a volta pelo lago afinal começava a escurecer e seu sexto sentido dizia-lhe para ficar de guarda pronta!



Quando chegou ao corujal, estava anoitecendo. O frio cortava assim como o vento gélido. Tinha uma sensação estranhamente familiar, mas decidiu ignora-la. Havia acontecido tanta coisa nesses últimos dias que isso estava a deixando como Olivia dizia Paranóica. Dera uma profunda olhada pela sala circular e as corujas empoleiradas em seus ninhos e nenhum sinal de Lene.



— Bem... espero que uma das meninas tenha tido mais sorte... – disse ela enquanto dava meia volta e descia com cuidado as escadarias cheias de flocos de gelo. Podia ver os archotes do castelo começarem a ser acesos, olhar Hogwarts a noite era uma visão realmente esplendorosa. Seguiu o caminho até o lago, tinha de contorná-lo se quisesse chegar a tempo do jantar. Estava passando por um aglomerado de folhas quando sentiu um forte baque, e em uma hora estava na margem e quando se deu conta estava no meio do lago. A água gélida e o anoitecer a faziam perder o fôlego, não que não soubesse nadar mas a água penetrara em suas vestes como se fossem facas feitas de gelo, em uma hora estava ofegando na outra não conseguia mais respirar. O coração parecia que iria explodir, sem mencionar que sua roupa pesada para protegê-la do frio e da neve a faziam ser puxada para baixo. Por mais que tentasse não conseguia lutar contra o peso redobrado do seu corpo. Numa última tentativa conseguiu ver um vulto na margem. Até tentou gritar mas suas palavras morreram antes de chegar a sua boca. Novamente afundou sentindo a garganta arder, realmente não conseguia mais respirar, nem mesmo conseguia manter-se sobre a água. Mexeu os pés com força e os braços em uma última tentativa de voltar a superfície e tentar respirar quando bateu com a cabeça na superfície congelada.  Desesperada socava o gelo da superfície, não entendia como um lago poderia ter congelado assim tão repentinamente. Já estava perdendo as forças quando viu uma luz imensa do lado de fora, um barulho ensurdecedor e seu corpo foi jogado para a margem como se estivesse em uma catapulta. Sua garganta e nariz arderam quando conseguiu por fim respirar afogando-se com o ar gelado.



— Você está bem? – reconheceu a voz de Sírius que rapidamente a abraçou. Sentia os lábios amortecidos e basicamente todo seu corpo tremendo sem parar. Tentou sem sucesso falar alguma coisa mas não conseguia. Estava sem forças sem mencionar congelando. – Vem, vou te levar para dentro do castelo.



Momentos mais tarde naquela noite, Sarah estava na Ala hospitalar tomando doses de poção quando James escancarou a porta seguido por Sírius. Seu semblante era de alguém decidido a estuporar seja lá quem cruzasse seu caminho, tendo algo haver com o que tinha acontecido ou não.



— Me diga... – disse ele respirando rapidamente a encarando Sério.



— SENHOR POTTER! – ralhou a enfermeira mas James a ignorou.



— Você viu quem fez isso com você? – James realmente estava fora de si.



Sarah apenas meneou a cabeça, tudo ainda era um borrão na sua cabeça. O fato de ter quase morrido afogada no lago em pleno inverno não era alguma brincadeira. Tentaram realmente acabar com ela.



— Por favor... – disse James agora, sua voz estava estranha então ele a abraçou tão forte que ela teve de lhe dar uns tapinhas nas costas para conseguir respirar. – Desculpe...



— Primeiro... – disse ela que ainda estava enrolada em várias cobertas em frente a uma lareira - ... não, eu não consegui ver quem foi que me jogou no lago com um depulso... – sim era esse o feitiço que tinham usado para lhe arremessar para dentro do lago - ... em segundo...



— Tentaram te matar... – respondeu James com um tom de urgência na voz – se Sírius não tivesse te seguido...



— E por que raios Sírius estava me seguindo? – perguntou ela a James e encarou Sírius que apontou para James.



— Eu pedi a ele... – respondeu ele agora sério - ... vi uma pequena comoção suspeita na mesa das cobras assim que você saiu do salão principal... imaginei que Bellatrix tentaria alguma coisa e estava certo não?



Tinha de dar razão a James por ser tão cauteloso. Ela não percebera que estava sendo seguida, na verdade nem se dera conta do perigo que corria até realmente estar dentro daquele lago congelado. Embora estivesse tomando poções revigorantes, sentia seus músculos rígidos talvez por conta do frio intenso. E quando foi tentar se mexer sentiu uma forte dor em seu braço o que a fez fazer uma careta.



— Sem jogo de quadribol para você amanhã... – disse ele ignorando a cara que a garota fizera.



— Ficou maluco Prongs! – respondeu Sírius – Mckinnon já está fora por conta da morte da família, e você quer tirar a Perks?



— Ela fica fora do jogo Black! – disse James colocando um ponto final na história mesmo depois dos protestos. – E se continuar a questionar você é o próximo!



Sarah olhou incrédula para Sírius e depois para James que dava-lhe as costas e saía da enfermaria. Tentou sair do emaranhado de cobertores e segui-lo mas suas pernas bambearam e se não fosse a enfermeira ela tinha caído de cara no chão de pedra.


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