EMISSÕES MÁGICAS EUMA FINAL DI



CAPÍTULO 15



 



EMISSÕES MÁGICAS E UMA FINAL DIFERENTE



 



 



 



 



Com a aproximação das finais da Copa de Quadribol das Casas, a atmosfera em Hogwarts pareceu revestir-se de uma energia diferente. Todos estavam animados e, por que não dizer, excitados com a partida que se aproximava, Grifinória vs Sonserina, a qual prometia ser tão excitante quanto há três anos atrás. Apenas uma coisa diferenciava aquela final da anterior: o clima era de competição, mas sem deslealdade e sem as brigas que ocorreram anteriormente. Quem mais agradeceu foi Madame Pomfrey, pois não teve de atender ninguém com alhos-porós saindo pelos ouvidos, como já acontecera.



Harry também agradecia, devido ao fato de não precisar ter um grupo a tentar proteger sua integridade física. Assim ele e Gina tinham mais tranqüilidade para ficarem juntos nas horas vagas dos treinos. Como os exames já haviam terminado, tinham bastante tempo para isso, embora os alunos do sexto ano ainda tivessem pela frente os testes de aparatação. Passavam bastante tempo na Sala Precisa, recriando e assistindo a vários filmes, pois Gina adorava o cinema trouxa, principalmente musicais. Após assistirem “A Lenda dos Beijos Perdidos”, Gina comentou:



 



_Incrível o que é a força de um amor verdadeiro. Ele conseguiu fazer com que a aldeia de Brigadoon reaparecesse, mesmo antes que se passassem os cem anos.



_O Prof. Dumbledore disse e nós já provamos isso, que o amor é a mais poderosa força que existe, Gina. Inclusive, no final do último período, ele revelou que há uma sala no Departamento de Mistérios onde cientistas bruxos do Ministério estudam e tentam compreender o poder do amor.



_Embora aparentemente seja simples, não deve ser fácil. Quando tentamos explicar como e porque amamos, não há palavras que possam descrever inteiramente. É muito menos complicado sentir do que definir.



_Tem razão, Gina. Como tentar explicar nossa levitação durante o primeiro beijo, no Expresso de Hogwarts? Qual a razão para que as mais potentes emissões mágicas involuntárias ocorram durante momentos de amor? Uma vez Sirius me disse que, quando estava com uma namorada que foi mais importante do que outras, fizeram um roseiral inteiro florir durante um beijo.



_Tal como nós, com a Mimbulus mimbletonia do Neville.



_Exatamente. Sabe, Gina, acredito que o amor será a chave para a derrota definitiva de Voldemort. É um sentimento que ele não compreende, então não pode vencê-lo.



_E se ele, um dia, chegar a compreender? Não iria tornar-se mais poderoso e ambicioso?



_Prefiro acreditar que, se Voldemort chegar a compreender e sentir amor uma vez na vida que seja, ele poderia chegar à conclusão de como é sem sentido essa busca insana de poder e como é idiota o preconceito contra bruxos que não sejam de sangue puro. Se pessoas como Severo Snape, Draco Malfoy, Pansy Parkinson e vários outros puro-sangue radicais puderam perceber isso, por que não o próprio Voldemort?



_Ouvindo você falar assim até dá para pensar que você não quer confrontá-lo.



_Ele matou meus pais e muita gente boa. Na verdade eu quero enfrentá-lo cara a cara, mas não por vingança e sim por justiça. Resolver logo essa situação e obter paz.



_Acha que pode morrer em um conflito contra ele? _ perguntou Gina, apavorada.



_A possibilidade sempre existe, mas pretendo sobreviver. Principalmente porque tenho motivos mais do que suficientes para querer viver. Tenho uma vida inteira pela frente, tenho amigos e, principalmente, tenho você. Ainda não é um pedido formal mas... Virgínia Weasley, você se casaria comigo depois que eu atingisse a maioridade?



_Ainda tem dúvidas, Harry Potter? Quando?



_Depois que eu me formar em Hogwarts ou depois do curso na Academia de Aurores, quando preferir.



_Pretende mesmo ser Auror, Harry?



_Sim. Os Chudley Cannons chegaram a me fazer uma proposta mas, por mais que eu goste de Quadribol, não consigo me ver jogando profissionalmente. Acho que tenho mais perfil para combater bruxos das Trevas.



_O curso é bem difícil e a carreira bastante perigosa.



_Quanto à dificuldade, a Profª McGonnagall me disse outro dia que tinha certeza de que eu seria bem sucedido e sobre o perigo, bem, ele quase sempre me procura. Não vai ser novidade.



_Você quase chega a fazer isso soar engraçado. _ disse Gina.



_Melhor encarar com bom humor do que me encolher de medo. Não se preocupe, Gina. Eu já lhe disse que não pretendo morrer, agora que tenho você para voltar. _ e, abraçando a namorada beijou-a, apaixonadamente.



 



Naquele exato instante, a rolha de uma garrafa de cerveja amanteigada que estava em uma mesinha próxima voou do gargalo, indo bater no teto da sala. Gina comentou:



 



_E olha que essa emissão nem foi das mais fortes. Desse jeito, quando nos casarmos, a lua-de-mel terá de ser em uma ilha ou no meio de um deserto.



_Ainda assim algum sismógrafo vai registrar um tremor de dez pontos na Escala Richter. _ disse Harry _ É melhor não nos excitarmos demais ou o Prof. Dumbledore vai querer saber por que as paredes de Hogwarts começaram a vibrar.



 



Riram como crianças e Gina perguntou:



 



_Qual vamos ver agora?



_Este aqui é bem legal: “Robin Hood de Chicago”, com um elenco daqueles: Frank Sinatra, Dean Martin, Bing Crosby e Sammy Davis Jr. _ Harry colocou o DVD no aparelho e começaram a assistir a mais um filme.



 



Draco e Janine estavam às margens do lago de Hogwarts. De repente, um tentáculo acenou para eles, do meio de lago. Draco acenou de volta e Janine perguntou:



 



_O que foi aquilo?



_Ah, aquilo? Foi a lula gigante. Você não a conhecia?



_Já tinha ouvido falar, mas jamais a havia visto. Esse lago é cheio de coisas.



_Realmente. Há Grindylows, uma aldeia de Sereianos que Harry visitou no quarto ano, durante o Torneio Tribruxo e muito mais. Acho que nem mesmo Hagrid sabe tudo o que há nesse lago. Mudando de assunto, Jan, aquele pedido no Dia dos Namorados foi sério?



_Claro que foi, Draco. Por que? Achou que eu estava brincando?



_Nem por um instante, Jan, pois é o que eu mais quero. Depois que você começou a fazer parte da minha vida, tudo mudou para melhor. Consegui me encontrar, decidir que rumo dar à minha vida, obviamente que com você do meu lado. Se você não tivesse surgido, talvez eu tivesse, por mais que me fosse repugnante, aderido às Trevas, mesmo contra a minha vontade, embora a idéia de romper já estivesse sendo amadurecida há algum tempo. O problema é que depois ficaria muito mais difícil de sair.



_Voldemort é tão terrível assim?



_Mais do que você imagina, Jan. Ele queria, por toda a força, que eu fosse o sucessor do meu pai, um general dos exércitos dele e, obviamente, iniciado entre os Death Eaters. Aí receberia aquela nojenta Marca Negra no corpo, o que me tornaria permanentemente ligado àquele insano.



_Como é essa marca? Com o que ela se parece?



_É um crânio com uma cobra saindo da boca, como se fosse uma língua. Meu pai tinha o maior orgulho da dele, quando a mostrava para mim. Sinceramente, não sei o que pode levar uma pessoa a se deixar marcar como se fosse gado. E o pior é que, se Voldemort pressionasse qualquer uma fosse a dele próprio ou a de outro Death Eater, todos tinham de desaparatar de onde quer que estivessem e aparatar à frente dele, pois sentiam a Marca queimar.



_Que horror! Verdadeiros escravos, sem vontade própria.



_E é por essa e por outras razões, sendo o nosso amor a maior delas, que eu quero a maior distância daqueles fanáticos. Antes eu só tinha a certeza de que não estaria no Partido das Trevas, não dava garantias de que lutaria ao lado do Prof. Dumbledore.



_E hoje? Qual a sua opinião?



_Estou cem por cento com Dumbledore, Jan. Acredito que a causa dele é justa e que o mundo estará bem melhor sem a ameaça de Lord Voldemort. Quero lutar por um mundo melhor para nós e para os trouxas, buscando a harmonia entre nossos povos. Mas faço questão de ter você comigo, pois é a maior razão para que eu me engaje nessa luta. Você e os filhos que tivermos. Agora é a minha vez de perguntar: Srta. Janine Sandoval, aceita casar-se comigo, quando for o momento mais adequado?



_Com toda a certeza, Sr. Draco Malfoy. Acha que eu o deixaria escapar? Me apaixonei desde a primeira vez em que o vi, naquele shopping center, lendo o seu livro.



_E você sabe qual foi o meu primeiro pensamento consciente depois que me recuperei do raio de olhos azuis que me atingiu?



_???



_ “Se os anjos existem, um deles acabou de descer à Terra.” Você realmente é um anjo em minha vida, Jan. Só aconteceram verdadeiros milagres para mim depois que começamos a namorar. Quem imaginaria que eu e Harry Potter, os dois maiores desafetos de Hogwarts depois de Tiago Potter e Severo Snape, não esquecendo de Sirius Black e meu pai, nos tornaríamos amigos? A grande responsável foi você, Jan. Nosso amor fez com que minha parte boa finalmente despertasse e predominasse sobre a má.



_Quer dizer que você nunca mais se entregará ao Lado Negro da Força?



_???



_Filmes da Série Star Wars. Qualquer dia vamos recriá-los na Sala Precisa, se é que você gosta de ficção científica.



_Gosto muito. Concordo com Dumbledore quando ele elogia o cinema.



_Como é bom relaxar ao seu lado, sem exames e sem nenhum perigo por perto.



_Quanto ao perigo eu concordo. Mas nós, do sexto ano, ainda temos mais um exame, o de Aparatação. Ele é realizado no Ministério da Magia, em Londres.



_Estraga-prazeres. Então teremos de ir a Londres após o término do período letivo?



_Sim, pois não é possível aparatar em Hogwarts, devido às defesas mágicas. Além do mais, tem gente que faz tamanhas burradas na Aparatação que é preciso a presença de supervisores do Ministério. Minha mãe me contou que Sibila Trelawney conseguiu, nos exames, desaparatar apenas metade do corpo. Deu um trabalhão aos supervisores. Ela só conseguiu na terceira ou quarta vez.



_O Prof. Mason tinha razão. Como é que aquilo pôde ser selecionada para a Corvinal? Realmente ninguém, nem mesmo o Chapéu Seletor, é infalível.



_Acho que foi pelo fato de ela ser descendente de uma Vidente e ter manifestado episódios de premonição. Tradicionalmente os adivinhos acabam indo parar na Corvinal.



 



Permaneceram ali por toda a tarde, conversando e desfrutando da tranqüilidade daquele dia, abraçados e enamorados.



 



Na Sala Comunal da Grifinória, Hermione havia terminado de revisar o relatório mensal da Monitoria, que Rony e ela haviam feito. Assinou e levou o pergaminho para Rony, que estava em uma poltrona, lendo um livro: “Para Além do Bem e do Mal”. Ele também assinou. Ela viu o que ele lia:



 



_Nietzche? Filosofia trouxa?



_Comecei a ler no ano passado, por sugestão de Neville. Já li “Assim Falou Zaratustra”, “Ecce Homo” e “Humano, Demasiado Humano”.



_E o que você achou? Nietzche foi considerado louco por seus contemporâneos.



_Na verdade, Mione, ele estava à frente do seu tempo. Embora depois a insanidade se manifestasse e, como se não bastasse, ele ainda tivesse aquela enxaqueca crônica. Ler Nietzche me ajudou a adquirir autoconfiança. Sabe, acho que sem isso eu não teria criado coragem para pedir aquele Veritaserum ao Prof. Mason e me declarar a você.



_Foi uma atitude bem radical e digna dele, realmente. Você passou todos esses anos me amando em silêncio e, naquela noite, resolveu agir daquela maneira drástica. Sabe, Rony, eu adorei saber o quanto você me ama e se importa comigo. Eu estava resolvida a fazer a mesma coisa, naquela mesma noite, se você não tivesse feito primeiro. Inclusive eu já tinha três gotas de Veritaserum guardadas. Eu as havia pedido a Tonks no ano passado, depois que nos despedimos de Harry na estação de King’s Cross. Eu também te amei desde o início, Rony. A sinceridade e pureza do seu olhar quando nos conhecemos, no primeiro ano, seu jeito espontâneo e seu bom coração, seu desprendimento e coragem, sua lealdade aos amigos, tudo isso me conquistou já no primeiro instante e foi ficando mais forte com o passar do tempo. Eu só não compreendia por que você não se manifestava.



_Eu tinha medo de não estar à sua altura e ser rejeitado pela infalível e inatingível aluna-modelo Hermione Granger.



_Que bobagem, Rony. Eu não sou infalível e não sou uma aluna-modelo. Outros têm um desempenho igual ao meu. Criaram uma mística em torno de mim que acabou funcionando como uma barreira. Quando você a rompeu, eu me senti capaz de levitar. Não sou inatingível, Rony e nem quero ser. Tenho sentimentos e desejos como qualquer pessoa. Essa imagem que criaram a meu respeito não corresponde à realidade, como você pôde comprovar da primeira vez em que nós, bem...



_Quando tivemos nossa primeira vez, você quer dizer. Não precisa me explicar nada, Mione. Ainda que não tivéssemos tido uma projeção astral com uma união espiritual depois, aquela chuva perfumada de flores de cerejeira seria mais do que suficiente para provar que fomos feitos um para o outro. Eu te amo, Mione e não quero decepcioná-la, jamais.



_Continue sendo exatamente como você é, Rony, que eu jamais me sentirei decepcionada. Também te amo demais. E beijaram-se, tão ardentemente como se fosse o primeiro beijo que trocaram. Quanto a Nietzche? Friedrich Wilhelm Nietzche ficou esquecido, ao lado da poltrona.



 



Nos jardins, Luna Lovegood e Neville Longbottom também trocavam confidências enquanto ela pintava uma paisagem em uma tela, à maneira trouxa, com pincel e tinta, sem feitiços.



 



_Você pinta muito bem, Luna.



_Obrigada, Nev. Aprendi quando criança e sempre gostei de paisagens. Já o meu pai gostava de cavalos e minha...



_Sua mãe?



_Sim, ela preferia retratos. Pintou muitos bruxos famosos, inclusive Dumbledore. Ela morreu quando eu tinha nove anos. Testava feitiços experimentais para submetê-los à Comissão do Ministério, quando um deles explodiu de repente e levou todo o laboratório dela pelos ares. Lembro-me do jeito meigo e carinhoso dela. Depois daquilo, meu pai tem sido pai e mãe para mim por toda a minha vida, até o momento. Todos nos acham meio excêntricos devido ao fato dele editar uma revista incomum, o “Pasquim”, que traz artigos nos quais quase ninguém acredita. Mas a maior parte das coisas é verdade, Nev. Eu já vi muitas delas. Sei que muitos me chamam “Di-Lua Lovegood”, mas não me importo. Sabe, eu gosto de você desde que eu estava no segundo ano, Nev. Fiquei tão triste quando você disse “Não sou ninguém”, no ano passado. Admiro muito o seu conhecimento em Herbologia, meu amor e a Profª Sprout sempre o cita como um exemplo. A sua mudança nesse ano foi tão radical, como se um raio o tivesse abastecido com um suprimento eterno de autoconfiança.



_Foram várias as razões. Primeiro as sessões da AD, que me mostraram que eu não sou tão ruim assim em feitiços. Depois a fuga de Bellatrix Lestrange de Azkaban. Não tenho muito orgulho em confessar que tive sede de vingança pelo que ela fez aos meus pais, por isso procurei me aperfeiçoar para estar à altura de combatê-la, se e quando fosse preciso. Mas o mais importante foi quando duelamos contra os Death Eaters no Departamento de Mistérios. Vendo o perigo que estávamos enfrentando, tomei consciência do quanto você é importante para mim e de como eu não suportaria a idéia de perdê-la, por isso tínhamos que vencer aquela batalha. Claro que se não fosse pela chegada dos membros da Ordem da Fênix estaríamos todos mortos e Voldemort teria vencido. Eu também te amo faz tempo, Luna, desde quando eu estava no quarto ano. Só que eu sempre fui tímido e tão pouco autoconfiante que tinha medo de me aproximar de você e ser rejeitado. Mal sabia que você era o remédio para a minha timidez, embora ler Nietzche tenha ajudado muito. Como fiquei contente de encontrá-la durante aquela viagem ao Brasil com minha avó. Te amo, não importa que te achem esquisita, com cabelos bem ou mal cortados, olhos saltados ou não, eu não quero saber de mais ninguém a não ser de você, Srta. Luna Lovegood. Para o resto da minha vida.



_Nunca na minha vida eu tinha recebido uma declaração de amor assim, Sr. Neville Longbottom. Só mesmo alguém muito especial para dizer coisas tão lindas e profundas. _ e abraçou o namorado beijando-o com paixão. Sem que ambos percebessem, um chafariz que não funcionava havia uns dez anos de repente começou a jorrar, não água cristalina e transparente, mas um jato vertical multicolorido nas sete cores do espectro luminoso. Quando ficasse sabendo, Dumbledore agradeceria por aquela emissão mágica involuntária.



 



Chegara, enfim, o dia da tão esperada final do Torneio de Quadribol das Casas. Harry e Gina estavam muito contentes por algo que ocorrera dois dias antes, embora um não soubesse o que havia acontecido com o outro. Na saída do vestiário trocaram um beijo e montaram em suas vassouras. No meio do campo encontravam-se Madame Hooch e o time da Sonserina. Draco sorriu e disse:



 



_Enfim, Harry, chegou a hora. Não pense que vamos dar moleza.



_Nem nós, Draco. Preparem-se para uma parada bem dura.



_Certo. Prometa-me uma coisa, Harry.



_O que, Draco?



_Ganhe quem ganhar, vamos proporcionar a Hogwarts o maior espetáculo que essa escola já viu no Quadribol.



_OK. Conte conosco.



 



As arquibancadas encontravam-se repletas, inclusive com a presença de Dumbledore na tribuna de honra. Sheldrake ocupou seu lugar, executou o Feitiço Sonorus para amplificar o volume da voz e iniciou os comentários:



 



_A copa de Quadribol das Casas pega fogo, com as finais que realizam-se hoje. Novamente defrontam-se as mais tradicionais adversárias desse nosso nobre esporte bruxo, Grifinória e Sonserina, rivais históricas, há quase mil anos. O time da Sonserina vem com os titulares, todos afiados como navalhas, iniciando pela goleira, Blaise Zabini, uma barreira quase intransponível para a goles. Os artilheiros: Millicent Bulstrode, forte e veloz; Dan Renquist, muito inteligente e de raciocínio rápido e Rocky “Rocket” Maxwell, ágil e veloz como um raio. Os batedores, Vincent Crabbe e Gregory Goyle, verdadeiras catapultas humanas que não dão chance para os balaços e, por fim, o apanhador e capitão do time, Draco “Firefox” Malfoy, que já tinha uma excelente performance com sua velha Nimbus 2001 e agora é ainda melhor com sua nova Firebolt. Agora vamos ao time da Grifinória, começando por Rony Weasley, o goleiro. Hoje vai enfrentar uma parada duríssima. Os artilheiros, Gina Weasley, criadora da “Manobra de Weasley”, O’Toole e Gilmore. Os três são tão coordenados que parecem ser um só. Os batedores Kane e Foster que, com seus bastões, chegam a fazer os balaços cantarem mas quem ouve a melodia é o outro time (risos pelas arquibancadas) e, concluindo, o mais jovem apanhador do século e o melhor dos últimos seis anos, Harry “Hawkeye” Potter. Apesar de usar óculos, ele tem a visão de uma ave de rapina. Os jogadores estão posicionados, Madame Hooch sopra o seu apito e COMEÇA A PARTIDA!!! Goles com Weasley, que passa para Gilmore. Ele desvia-se de um balaço e perde a posse da goles para Bulstrode, que passa para Maxwell, que lança nos aros e Weasley defende. A goles está com O’Toole, que passa para Gilmore, que devolve para O’Toole. Este a passa para Weasley, que é perseguida pelos três artilheiros sonserinos e executa uma “Manobra de Ploy”, deixando a goles nas mãos de Gilmore, que tem espaço livre para arremessar. Ele arremessa no aro da esquerda. Zabini não chega a tempo e É GOL!! Dez pontos para a Grifinória! Nesse meio tempo Malfoy e Potter estão à procura do pomo de ouro. E parece que o acharam! Potter ganha altura, com Malfoy nos seus calcanhares. Desce em mergulho, com o adversário emparelhado com ele. Tira a vassoura do mergulho e sobe novamente. Foi uma bela “Finta de Wronski”, mas Malfoy estava preparado. Bulstrode aproveita-se de uma pequena distração de Rony Weasley, arremessa e marca, empatando a partida. Dez a dez.



 



Harry procurava o pomo, com Draco quase colado a ele. Certo momento pensou tê-lo visto, mas era um reflexo dos óculos de sol de Pansy Parkinson, um Minute (“Ela também gosta da Oakley, eu não sabia”, pensou Harry, sorrindo). Naquele instante, Renquist marcou o segundo gol da Sonserina e, logo em seguida, Gina empatou a parada. Vinte a vinte. Foi quando Draco avistou o pomo e partiu na direção dele, com Harry emparelhado. Perseguiam a pequena esfera dourada como se ambos fossem um só apanhador, suas vassouras e habilidades no mesmo nível, sem a necessidade de seguirem um ao outro pelo Ki. Somente se afastavam um do outro quando um eventual balaço se aproximava, pois estavam tão juntos que os batedores de um time não conseguiam rebater um balaço contra o apanhador adversário sem correr o risco de acertar o seu próprio. Empenhavam-se na perseguição sem perceber que O’Toole havia marcado um gol e, poucos instantes após, Renquist empatara. Trinta a trinta. Sheldrake continuava narrando:



 



_Parece que escolheram o pomo mais veloz do ano para essa final. Potter e Malfoy parecem dois borrões, tal é a velocidade que estão imprimindo às suas vassouras. Seus movimentos e manobras são perfeitamente sincronizados. Bulstrode marca. Quarenta a trinta. Gina Weasley empata. Quarenta a quarenta. Potter e Malfoy continuam envolvidos na corrida um contra o outro e contra o pomo. Aproximam-se cada vez mais. Estão quase conseguindo. O pomo acelera e ganha distância.



 



A partida já estava se prolongando por mais de cinco horas. Harry e Draco estavam quase encostados no pomo, quando ele acelerou. Harry pensou: “Realmente, escolheram um pomo de nível profissional para hoje.” Draco também estava admirado: “Nunca persegui um pomo assim. Parece até um jogo do Mundial.” Mesmo assim ambos iam encurtando a distância que os separava do pomo, ficando cada vez mais próximos, cada vez mais próximos, cada vez mais, estendendo os braços para finalizarem a captura, a distância diminuindo cada vez mais, cada vez mais até que, finalmente, o pomo foi capturado...



 



... Pelos dois apanhadores, ao mesmo tempo.



 



Sentindo que era o momento de capturar o pomo de ouro, Harry e Draco aceleraram simultaneamente suas vassouras e fecharam as mãos sobre a esfera, cada um agarrando-a por uma das asas. Olharam um para o outro e sorriram. Aquilo jamais havia ocorrido antes. Aterrissaram e desmontaram das vassouras, erguendo o pomo de ouro, firmemente seguro em suas mãos. A platéia que, até o momento, estivera em silêncio, rompeu em estrondosos aplausos aos dois times pelo feito inédito nos registros do esporte, parecendo que o estádio ia desmoronar, tal era o barulho. Haviam oferecido à escola o espetáculo que prometeram. Sheldrake somente conseguia sobrepor sua voz ao troar dos aplausos dos alunos de todas as Casas devido ao Feitiço Sonorus:



 



_Fantástico e surpreendente, senhoras e senhores! Um fato inédito em toda a história de Hogwarts e, arrisco-me a dizer, do Quadribol pois, embora não seja impossível, jamais havíamos ouvido falar, até hoje, que uma partida de Quadribol tivesse terminado empatada dessa maneira. Estou certo de que hoje vimos algo que, com certeza, ficará registrado nos próximos volumes de “Hogwarts, uma História” e que os nomes Draco “Firefox” Malfoy (“Esse cara anda me espionando”? pensou Draco) e Harry “Hawkeye” Potter (“Hawkeye? Será que o Sheldrake tem sangue de Vidente”? foi o que passou pela cabeça de Harry) serão lembrados para sempre por toda a Bruxidade, não podendo nos esquecer do restante dos jogadores de ambos os times, nesta final simplesmente épica. Aliás eu soube, pelo próprio Harry, que os Chudley Cannons chegaram a fazer uma proposta para que ele jogasse profissionalmente depois de formado, mas ele disse que preferia se inscrever na Academia de Aurores. Talvez, daqui a uns dois anos, possamos ter Virgínia “Redbird” Weasley como artilheira profissional, quem sabe? (“Como é que ele descobre os apelidos mais apropriados para cada um”? riu-se Gina, em pensamento). Madame Hooch e o Prof. Dumbledore aproximam-se dos dois e entregam a Taça de Prata da Copa das Casas deste ano. Potter e Malfoy erguem-na ao mesmo tempo, em meio aos companheiros de ambos os times. Agora...por Merlin! A Taça dividiu-se sozinha em duas, exatamente iguais, com a relação nominal dos jogadores dos dois times. Podemos esperar uma senhora festa de comemoração, pois esse empate em cento e noventa a cento e noventa coloca Grifinória e Sonserina juntas na liderança das Casas. Jamais vi um empate com tamanho perfil de vitória! Agora, com licença, senhoras e senhores, que eu também vou para a festa. Está encerrada a Copa de Quadribol das Casas, por este ano! Boa tarde a todos! _ Sheldrake desfez o Feitiço



 



Os jogadores dirigiram-se para os vestiários, todos eles loucos por um bom banho, antes das festas nas suas Casas. No vestiário da Sonserina, Draco relaxava em uma banheira cheia de água bem quente com sais, para tentar diminuir a dor nos ombros e pernas,depois daquela partida prolongada. Nem reparou que os outros já haviam saído, continuando deitado, com os olhos semicerrados. Sentia-se tão bem naquele momento, que era difícil preocupar-se com qualquer coisa, bem como manter os seus olhos abertos.



 



Em menos de cinco minutos, Draco Malfoy dormia profundamente.



 



Na Sala Comunal da Grifinória a festa rolava, animadíssima unindo, pela primeiríssima vez os leões e as serpentes sob um mesmo teto, no caso o dos leões que era, com certeza, muito mais agradável do que as masmorras da Sonserina. Os alunos do sétimo ano, mais habituados a feitiços avançados haviam conseguido enfeitiçar um aparelho de som trouxa, contrabandeado de uma cidade próxima e, com os CDs de Techno de Harry, mais os de Pop Rock anos 80 de Draco, a diversão estava garantida. Aliás, a falta do “Firefox”, como Sheldrake o apelidara, já começava a ser notada. Rony comentou com Harry:



 



_Cadê o Draco? Ele já deveria estar aqui.



_Será que ele ainda está no banho? _ perguntou Harry.



_Você só pode estar brincando. Ninguém demora tanto assim no banho.



_Sei lá, Rony. Ele estava bem contundido depois do jogo. Foi para o banheiro quase se arrastando.



_Também, uma partida com seis horas de duração não é mole. Chega uma hora que começa a haver uma total incompatibilidade entre a vassoura e a... bem, você sabe o que eu quero dizer.



_É verdade. Espero que, algum dia, alguém invente vassouras com cabos acolchoados.



_Pode crer, Harry. _ riu Rony _ iria ganhar uma fortuna.



_E angariar o ódio de todos os Medi-Bruxos proctologistas.



_Procto o que?



_Estou brincando. Essa é uma especialidade médica trouxa.



_E do que tratam eles?



_Pensei que isso tivesse ficado bastante claro. Se você ainda não entendeu, o apelido desses especialistas é “O Senhor dos Anéis”.



_Fãs de Tolkien?... Ei, espere aí!! Sem-graça! _ e os dois explodiram em uma gargalhada que chamou a atenção das garotas. Janine e Hermione chegaram e perguntaram:



_Qual é a graça, rapazes?



_Nada que possa ser repetido nesse horário, Mione. _ disse Rony, ainda com lágrimas nos olhos de tanto rir.



_Tenho até medo de imaginar o que possa ser. _ comentou Gina, que havia acabado de chegar _ Alguém sabe do Draco? Não o vejo desde o fim do jogo.



_Eu só o vi entrar no banheiro. Depois disso... _ disse Janine _ Será que alguém pode demorar tanto tempo em um banho?



_Que eu me lembre, só o Sirius. _ comentou Harry. _ Se a Mansão Black não tivesse vários banheiros, ele seria azarado todos os dias, pelo tanto que demorava. E como ele gostava do banho bem quente, lembram-se?



_É mesmo, Harry. _ lembrou-se Hermione. _ Só dele chegar perto a gente sentia o calor. Se for nessas circunstâncias e Draco ainda estiver no banho...



_Vai chegar aqui vermelho como um camarão recém-cozido e ardido como se tivesse levado um jato de pimenta. _ Janine riu, imaginando o namorado sofrendo as conseqüências de um banho excessivamente quente e prolongado.



_Mas que essa demora dele é estranha, isso é. _ Rony pareceu preocupado _ O que pode ter... ah, aí está ele.



_Oi, gente. Desculpem o atraso. Precisei pegar um ungüento com Madame Pomfrey. Acho que o jogo exigiu bastante de todos nós.



_Prometo uma massagem especial daqui a pouco, meu amor. _ sussurrou Janine no ouvido do loiro.



 



Serviram-se de cervejas amanteigadas e conversaram durante um bom tempo, até que Janine chamou Draco para aquela massagem que prometera. Os dois saíram pelo buraco do retrato da Mulher Gorda, passando por Bichento. Envolvidos com a animação da festa, nenhum dos estudantes percebeu que o gato alaranjado de Hermione arrepiou o pelo e arreganhou os dentes à passagem dos dois.



Quer dizer, ninguém exceto uma garotinha do primeiro ano, uma bela loirinha de olhos verdes que, assim que notou haver algo fora de sintonia correu disfarçadamente ao dormitório masculino e, localizando a cama de Harry, abriu o baú dele e tirou de dentro, “emprestada”, a Capa de Invisibilidade vestindo-a, fechando o baú e saindo da Sala Comunal da Grifinória atrás do casal, tomando o maior cuidado para não esbarrar em nenhum dos alunos da Sonserina e da Grifinória que divertiam-se, alheios à macabra trama que começava a tomar forma.



Afinal de contas, vivendo desde criança com sua tia, era natural que a jovem Arianne Skeeter tivesse herdado o faro dela para fofocas e mexericos, bem como para coisas que não se ajustavam ao padrão normal, tais como as que acabara de presenciar e que presenciaria, dali a pouco.



Cerca de cinco minutos depois Draco Malfoy entrou, apressado, na Sala Comunal da Grifinória e olhou ao redor. Perguntou a Harry:



 



_Harry, cadê a Janine? Não a vejo em lugar algum.



_Que é isso, Draco? Ela saiu há mais ou menos uns cinco minutos... e com você.



_Como é? Eu acabei de chegar dos vestiários. Alguém aprontou uma brincadeira de mau gosto para mim, logo após o jogo.



_O que fizeram, Draco? _ perguntou Neville.



_Enquanto eu estava na banheira me recuperando das dores nos ombros, algum engraçadinho acendeu um incenso carregado com Poção Mr. Sandman. No que a fumaça se espalhou pelo banheiro, eu caí num sono profundo, acordando somente há pouco. Me vesti depressa e vim direto para cá. E vocês estão dizendo que a Jan saiu há uns cinco minutos... comigo?



_Até onde sabemos sim, Draco. A não ser que houvesse algo de diferente nas cervejas amanteigadas que tomamos. _ comentou Hermione.



_Eu estou com um mau pressentimento, Harry. _ disse Draco _ Pegue o Mapa do Maroto e vamos ver onde ela está.



_É para já, Draco. Eu também acho que isso não está cheirando nada bem. “Accio Mapa do Maroto!” _ e o mapa veio voando do dormitório masculino, direto para as mãos de Harry.



 



Harry abriu o mapa e procurou pela representação de Janine, encontrando-a e não somente a ela, pois haviam mais quatro bonecos na mesma área. Um deles pertencia a Arianne Skeeter.



 



_Aquela diabinha é igual à tia. Vou ter de colocar um Feitiço de Segurança no meu baú, para ela não roubar mais a minha Capa de Invisibilidade.



 



Os outros três bonecos, no entanto, eram um alarme de encrenca da grossa.



 



_ATRÁS DELA, RÁPIDO!!! _ exclamaram juntos Harry e Draco, saindo pelo buraco do retrato da Mulher Gorda como dois balaços de final de Campeonato Mundial.



 



Harry levava em suas mãos o Mapa do Maroto, consultando-o a cada instante, situando as suas próprias representações com as outras que viam. Corriam desabaladamente, a fim de tentar impedir uma desgraça. Viram então um dos bonecos executar um feitiço contra um outro, que caiu ao chão. Não era Janine, embora seu boneco aparecesse no mapa empunhando a varinha. Então, quando ela foi baixada, um outro feitiço foi executado, desta vez contra ela.



 



Os rapazes continuavam correndo, cortando caminho através de passagens secretas e atalhos, sabendo que chegariam tarde para impedir um ataque à jovem, mas rezando para que ainda pudessem evitar o pior. Quando viram que o boneco de Janine caíra e o outro se levantara, aumentaram a velocidade, movidos pela esperança.



 



Porém, quando viram que três dos cinco bonecos haviam desaparecido do mapa, concluíram que haviam falhado. Não chegaram a tempo de impedir a tragédia maior.



 



Janine Sandoval havia sido raptada e já não se encontrava mais nos terrenos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.


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