Suspeito



 


O caminho até o Caldeirão Furado é feito rapidamente e logo quando chegamos vemos o Ministro da Magia saindo do lugar.


- Oh. Olá Mary. Sr. Holmes – fala ele sorridente.


- Sr. Ministro – falamos eu e meu padrinho.


- Encontramos Harry. Ele está seguro agora. Tom conseguiu um quarto até o fim das férias. Seria bom se você ficasse com ele, Mary. Talvez assim impedisse de termos mais sustos como esse.


De esguelha, vejo que Sherlock irá contestar e provavelmente uma besteira. Talvez a verdade, mas no meu ponto de vista, besteira. Por isso trato logo de dar-lhe uma cotovelada na sua barriga, fazendo-o gemer de dor.


O ministro nos olha um pouco confuso, mas logo respondo:


- Não se preocupe Sr. Ministro. Farei isso sim. Harry não irá mais fugir.


- Que ótimo – fala Cornelius Fudge aliviado – Falei com algumas pessoas no Beco Diagonal para ficarem de olho nele. Mas ter alguém conhecido por perto, vai fazer bem a ele. Agora, se me dão licença, eu vou indo. Tenho muito trabalho a fazer. Caso Black, se é que me entendem... Até mais.


- Até – falei e Sherlock só dá um aceno ainda com dor onde eu havia batido.


Quando o Ministro sai das nossas vistas, aparatando, meu padrinho fala:


- Por que fez isso? Está doendo.


- Você provavelmente iria falar para ele que não era para confiar em mim para cuidar do Harry.


- E iria dizer alguma mentira?


- Não, mas esse tipo de verdade é bom evitar, Holmes – ele revira os olhos segurando a risada e entramos no Caldeirão Furado. Logo avisto um moreno magricela subindo as escadas – HARRY!


Ele olha para trás um pouco assustado, mas logo vem correndo ao meu encontro e me abraça. Quando nos separamos começo a lhe dar tapas:


- O que você estava pensando fugindo desse jeito? Você sabe que eu detesto ficar preocupada. Sou sua irmã mais velha, você tem que me respeitar!


- Mary, - falou ele como se fosse obvio – somos gêmeos.


- Mas eu nasci dois minutos antes de você, portanto sou sua irmã mais velha.


Ele ri.


- Ok! Peço desculpas para a minha querida irmã, por deixá-la num estado que não a agradou – Harry às vezes sabe ser sarcástico. Obviamente, ele aprendeu comigo.


- Agora, vamos a parte legal – ignoro Sherlock rindo pelo último comentário de meu irmão – É verdade? Sobre a tia Guida? Virou mesmo um balão?


- Foi um acidente... – fala ele rapidamente.


- Tá de brincadeira? Eu estou tão orgulhosa de você! Aprendendo comigo – falo abraçando-o mais uma vez. Sim, eu sou bipolar – Não acredito que perdi isso. Será que o pessoal do ministério fez alguma foto quando foram reverter o feitiço?


- Por que não pede para o ministro? – Sherlock fala irônico.


- É uma boa ideia – falo mesmo assim.


Ele revira os olhos.


- Ok! Eu estou indo. Vai mesmo ficar?


- Sim senhor! – falo batendo continência.


Ele suspira, tira a varinha do bolso e com um movimento, minhas malas estão a nossa frente.


- Se cuida, ok? Venho assim que conseguir. Vou aproveitar esse momento de paz e resolver o caso da mulher louca.


- Garanto que se você tivesse me deixado participar, ele já estaria resolvido.


- Mary...


- Ok, ok... Ano que vem...


Ele ri. Aproveito o momento de distração e o abraço em despedida. De inicio ele sempre hesita, mas acaba retribuindo. Gosto da sensação de segurança que tenho em seus braços. Quando nos separamos, ele dá um beijo no alto da minha cabeça e sai sem dizer mais nada. Viro-me para Harry e ele está me olhando um pouco confuso.


- Aceita minha companhia, maninho?


Harry sorri e afirma com a cabeça. É. Vai ser legal.


Nos dias que se passaram, resolvemos providenciar o material para Hogwarts. Ingredientes, roupas, livros (foi realmente engraçado a reação do gerente da Floreios e Borrões quando falamos que já tínhamos O Livro Monstruoso dos Monstros). E todos os dia, íamos até a loja de artigos para Quadribol admirar a mais nova vassoura: A Firebolt. Com certeza, eu já sabia o que ia pedir de Natal.


Não vou ficar narrando coisas desnecessárias   aqui. Quero ir direto ao ponto. O ponto que com certeza, vai mudar o meu ano.


Estamos eu e Harry tomando nosso café no Caldeirão Furado. Faz uma semana que estamos aqui. E não Sherlock ainda não veio me visitar. Ele que me aguarde. Enquanto eu e meu irmão conversávamos, noto um sujeito estranho nos encarando. Não que o fato de alguém nos encarar seja anormal. Muito pelo contrário. Mas a impressão de que eu conhecia o homem me intrigava. Não demora e ele vem na nossa direção, ficando em frente a nossa mesa.


- Estou realmente na frente de Harry e Mary Potter? Aqueles que sobreviveram?


- Até onde nos informaram, sim, você está... – falo um pouco irônica.


Ele dá uma risada que parece um latido. Que demais. Mas eu ainda estou intrigada com ele. Harry o convida para sentar, e logo os dois estão entrosados numa conversa sobre Quadribol. Apesar de prestar atenção no que eles estão conversando, não me manifesto. Aliás, tento colocar em prática tudo o que Sherlock me ensinou e começo a analisar o familiar desconhecido. Olhos cinzentos, quase negros. Cabelos loiros. Só que estes não parecem aderir ao coro cabeludo. É uma... Peruca. Interessante. Quem será que quer se esconder? Fico imaginando a pessoa a minha frente com outras cores no cabelo e então o reconheço. Claro! Como não vi isso antes?


Mas agora... O que eu faço? Grito? Não, não quero gritar. Por mais que seja essa a medida mais adequada a se fazer nessa situação, eu quero conversar com ele. Sem mentiras. O problema é: se eu falar que eu sei quem ele é na frente de Harry, meu irmão pode dar alguma dica para as pessoas ao nosso redor de quem ele realmente é. E enquanto eu não terminar a nossa conversa, não quero nada do tipo.


- Harry – falo apalpando o meu bolso e vendo que minha varinha está ali – Acho que esqueci minha varinha lá em cima. Você poderia pegar para mim?


Ele estranha o meu pedido, mas assente e logo some de vista, indo em direção ao nosso quarto, deixando eu e o não mais desconhecido a sós.


Encaro os olhos negros e vejo que o seu dono está com uma sobrancelha erguida.


- Não é por nada não, mas por que você pediu a seu irmão ir pegar a sua varinha sendo que ela está no seu bolso?


Óbvio que ele viu. Julgaria-o um tolo caso não tomasse cuidado com as pessoas que estavam ao seu redor.


- Porque eu não sei que reação Harry teria com o rumo que a conversa vai tomar.


- E que rumo ela vai tomar? – ele está desconfiado. Vai ser interessante.


As palavras que saem de minha boca, são baixas o suficiente para só eu e o homem a minha frente ouvirem.


- Por que não me diz você... Sirius Black.

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