A Fuga



Eu e Harry estamos andando pelas ruas do bairro onde ele mora com nossos tios. No início, ficamos em silêncio, mas agora, estamos contando novidades um para o outro.


- Sherlock me falou que nas próximas férias, vai me deixar solucionar uns crimes com ele...


- Que legal Mary... Às vezes eu fico me perguntando como seria ter um padrinho...


Nós dois não sabemos quem era ou é o padrinho de Harry. Ninguém nunca quis contar... A minha teoria é que ele acabou morrendo com toda aquela história do Voldemort  e tal. Ou está vivo, mas fez algo muito ruim para ninguém nos contar.


- Hey, não fica assim. Eu sei que é complicado. Mas você tem a mim. Irmã é pra essas coisas...


Ele me abraça. Sentamos num banco que tinha numa calçada e ficamos olhando movimento da rua...


- Quero só ver como eu vou aguentar a Tia Guida essa semana... Se não fosse pela autorização...


- Pra não perder o controle pensa em algo bom. Ajuda.


Bem, de qualquer forma, não é o melhor aniversário que já passamos juntos. O fato de eu não poder aprontar com nossos tios ajuda um pouco para isso. Mas ainda sim, aproveitamos como pudemos. E, ao anoitecer, quando Sherlock vem me buscar, já estou na casa de meus tios. Ou seja, não levo bronca por ter desobedecido-o.


Vocês devem se estar perguntando como vou esconder isso dele. Pois bem, eu os respondo: Ele é Sherlock Holmes, admito. Mas sou sua afilhada. Sei enganar tão bem quanto ele. E sim, eu sou modesta.


Mas enfim, volto para Londres e encaro a semana mais tediosa da minha vida. E Holmes também pode dizer isso.


- Eu não posso viver sem atividade mental. Afinal o que há mais para ser feito?


- Está tendo uma exposição de astronomia no Museu Nacional... – John fala olhando o jornal.


- Boring... – falamos ao mesmo tempo.


- Ah, sim. Claro. Esqueci que você desconhece que giramos ao redor do sol... – fala ao meu padrinho.


- Isso é totalmente irrelevante. Pra que eu preciso saber que a Terra gira ao redor do sol? Faria alguma diferença na nossa vida?


- Isso é de conhecimento básico para qualquer pessoa normal...


- Por isso pessoas normais são burras... Ficam enchendo suas cabeças de coisas supérfluas e se esquecem de colocar coisas realmente importantes.


- Também não é assim... – falo automaticamente.


- Ah, então me diz a importância de EU saber que giramos ao redor do Sol.


- Talvez para você não tenha nenhum sentido saber. Agora para alguém que lida com isso ou que está no primário e vai fazer uma prova disso, acho que valha alguma coisa...


Ele fez um gesto de quem não dá a mínima importância e volta a ler o seu jornal.


Eu estou deitada no sofá olhando para o teto sem nenhuma perspectiva do que fazer. A noite já caiu, então não posso pedir para sair. Depois da fuga do Black isso está sendo praticamente impossível. E enquanto não o pegarem de volta, duvido muito que isso mude.


Um barulho na janela me tira dos meus devaneios. É uma coruja. Mas precisamente, Errol. Abro a vidraça e pego uma carta que está amarrada no seu pé. Vejo que ela está cansada e a levo até o meu quarto e a coloco junto com a minha para descansar.


Olho para o envelope. A carta é para mim. São Fred e Jorge. Abro o envelope rapidamente. Estava com saudades dos dois.


“Querida Mary,


Como estão suas férias? Aposto que estão um tédio sem a nossa presença. Aqui é o Fred. Jorge está no banho, mas manda um beijo e diz que está com saudades e mais um monte de coisa que eu não entendo nem metade. – rio – Ficou sabendo da novidade? Percy agora é monitor chefe. Sabe o que isso significa não é? Vai ser um ano... Divertido. Se é que você me entende – dou um sorrisinho malicioso. Aposto que o mesmo de quando Fred estava escrevendo essas palavras – Bem, não aguento mais essa viagem no Egito. Acabaram as coisas legais para se fazer aqui. Quer dizer, eu e Jorge sempre tentamos dar um jeito, só que está começando a ficar um pouco repetitivo, você sabe. Regra número um dos transgressores: Nunca faça uma brincadeira mais de uma vez. A não ser é claro que ela seja MUITO boa.


Voltaremos uma semana antes das aulas começarem. Vamos combinar de comprar o material juntos? Estou com saudades.


Fred.”


Sorri. Tenho afinidade com os dois, mas definitivamente sou mais próxima do Fred. Pego uma pena e um pedaço de pergaminho e começo a responder a carta.


"Querido Fred (e Jorge se estiver lendo)


Sim, minhas férias estão um tédio, mas jamais irei admitir que é porque vocês não estão aqui. Implorem se quiserem. Vai ser algo legal de se ver. Ok, talvez esse tédio esteja me deixando um pouco mais louca que o normal.


Fico muito contente pelo Percy e consequentemente pela gente. É claro que eu te entendo. Não irá ser um mero ano divertido. Até já tive algumas ideias. Mas só vou contá-las quando estivermos reunidos.


Não desanimem! É contra as regras se deixarem levar pela faltando opções. É uma ótima forma de criar coisas novas. Só precisam de inspiração. Até deixo vocês me usarem como inspiração. Já que sou ótima nisso. Se conseguirem algo novo, vou querer serva primeira a saber hein?


Com certeza vamos combinar de comprar o material juntos! Mandem uma coruja assim que chegarem!


Estou com saudades também!


Mary"


Dobro o pergaminho, coloquei-o em um envelope e vou até a gaiola da Ártemis.


- Art! Acho melhor você levar a resposta. Errol ainda não está em condições. Você consegue?


Ela dá uma picada carinhosa em meu dedo como resposta. Amarro a carta nela e Ártemis levanta voo. Assim que a perco de vista ouço um grito lá da sala. Corro escada abaixo para ver o que estava acontecendo.


- O que que deu? - pergunto assustada.


- Você não avisou ao Harry? - Sherlock perguntou.


- Avisei o quê?


- Sobre o Black?


- Não.


- Como não? Eu não pedi para você que era para avisá-lo a não sair sozinho?


- Pediu - respondo simplesmente.


- E por que você não o fez? - ele está visivelmente tentando se controlar. É engraçado.


- Porque você não me deixou explicar tudo para ele. Não gosto de explicar em partes. É 8 ou 80. Nem 18 nem 88.


- Ótimo. Agora a culpa é sua.


- Que culpa? - pergunto confusa.


- Harry fugiu da casa de seus tios.


- Ele o quê? – Ok! Talvez eu esteja um pouco arrependida.


- Ah. O remorso. É algo lindo de se ver – fala Sherlock sarcástico.


- Holmes. O que aconteceu?


- Ao que parece a Tia Guida passou um pouco dos limites. Ele a transformou em um balão e depois saiu de casa.


Eu tive que rir. Afinal não é todo dia que a sua tia que você mais odeia vira um balão.


- Isso é sério, Mary. Harry pode estar correndo perigo.


Eu paro de rir. Pior que é verdade. Black estava solto e já pode muito bem ter encontrado o Harry.


- E agora? – pergunto.


- E agora? Eu é que pergunto – fala Sherlock – o irmão é seu. Me diz, o que acha que ele faria?


Penso bem nas possibilidades. Não tínhamos mais nenhum familiar. Acho que ele não viria diretamente a mim. Ele acabou de usar magia fora de Hogwarts. Provavelmente vai fugir. Mas para isso, precisa de dinheiro...


- Beco Diagonal.

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