Best Laid Plans



Disclaimer: Harry Potter não me pertence e tudo que vocês reconhecem pertence a J.K. Rowling. Essa história também é inspirada em "A Shattered Prophecy", do Project Dark Overlord.


Chapter Nine – Best Laid Plans


Estava ficando mais frio agora que a metade de agosto se aproximava. Harry puxou as mangas das vestes para cobrir as mãos enquanto partia na direção dos terrenos. Até então, não estava tendo um dia bom. Acordou com uma dor de cabeça lancinante graças a algum Comensal que trouxera alguma notícia ruim para seu pai. Assim, passou a maior parte da manhã procurando por Bella, descobrindo que ela fora a uma batida.


- Típico! – murmurou baixinho.


Sua máscara prateada estava escondida dentro do bolso das vestes. Não precisava dela, já que a maioria dos Comensais da Morte fora a essa batida por ordem de seu pai, após escutar a tal notícia perturbadora que o acordara.


Harry caminhou firmemente para seu campo de treinamento. Estava entediado sem nada para fazer, então achou que fosse melhor gastar o tempo treinando. Ainda não alcançara o campo quando ouviu alguma coisa. Era um som deslizante, as folhas no chão sendo levemente esmagada, como se alguém, ou melhor, alguma coisa, estivesse deslizando sobre elas. O garoto sabia o que era. Virou-se lentamente para ver a enorme cobra deslizando em sua direção.


- Nagini. – sussurrou em língua de cobra.


- Jovem Mestre. – ela sussurrou de volta.


Harry caminhou até a imensa cobra que parara alguns passos à sua frente. Nagini levantou sua grande cabeça e encarou seu jovem mestre, que estendeu a mão, acariciando sua cabeça gentilmente. Tinha muito afeto por ela, quase tanto quanto o próprio Voldemort. Seu pai lhe prometera que quando ficasse de maior, lhe daria uma cobra semelhante. O garoto completara dezesseis anos há duas semanas, mas, como de costume, não foi comemorado. O único aniversário dele que seria comemorado era quando ficasse maior de idade, seu décimo sétimo aniversário.


- O que está fazendo aqui? Você geralmente não vai a lugar algum até o anoitecer. – o rapaz perguntou em língua de cobra.


- Fiquei com fome, então estava indo providenciar um pequeno... lanche. – sibilou para ele.


Harry fez uma ligeira careta, sabia que um pequeno lanche para Nagini era geralmente muito grande para os padrões normais. Ela era responsável pelo desaparecimento da maioria dos animais de fazenda por perto, tais como cavalos, vacas, ovelhas, tudo que conseguisse encontrar. Ela até conseguia alguns humanos às vezes, mas o garoto não queria pensar nisso.


Antes que pudesse dizer alguma coisa, sentiu uma dor aguda na cicatriz. Sua mão disparou para a testa, os dedos apertando a cicatriz para tentar aliviar o feroz ardor. Ficou momentaneamente cego pela dor quente que irrompeu dela. Piscou, afastando os pontos que estava vendo e virou-se na direção da mansão.


- Gostaria de saber o que está acontecendo. – murmurou para si.


Sibilando as despedidas para Nagini, rumou para a mansão. A dor se foi tão rápido quanto veio. Havia o entorpecer latejante com o qual o garoto se acostumara, já que Voldemort geralmente levava um tempo para se acalmar completamente.


Harry não parou até se aproximar das portas que levavam aos aposentos particulares de seu pai. Bateu uma vez e entrou silenciosamente no quarto. Viu o pai sentado em sua cadeira alta, a cabeça abaixada, em pensamentos. Sem olhar para ele, gesticulou para que o filho se aproximasse.


- Aconteceu algo. – Voldemort disse calmamente. – Eu acabei de receber um sinal de resgate.


- De quem? – o garoto perguntou.


O bruxo olhou para o jovem, encontrando seu olhar.


- Bella.


Os olhos de Harry se arregalaram em surpresa. Seu coração parou de bater e sentiu o pânico explodir na boca de seu estômago.


- De onde veio o sinal? – perguntou imediatamente.


Mas Voldemort balançou a cabeça, levantando-se da poltrona.


- Não importa. Ela não estará mais lá. – o bruxo olhou para o filho, seus olhos vermelhos queimando de raiva e aborrecimento pela perda de seus seguidores. – Vamos aguardar para ver para onde levaram ela e os outros. Não sei se algum dos Comensais conseguiu resistir à prisão.


O Lorde das Trevas beliscou a ponte do nariz, suspirando alto. Não sabia para onde seus homens seriam levados. O Ministério podia prendê-los em qualquer prisão bruxa da Grã-Bretanha. Podiam até mesmo detê-los no próprio Ministério.


- Quando soubermos onde estão presos, podemos encontrar uma forma de resgatá-los. – ele disse.


- E se eles não a prenderem? – o garoto perguntou. Sabia que o Ministério tinha dado a Bella a mesma sentença que deram a Voldemort: o beijo do dementador em caso de captura.


O bruxo desviou o olhar, refletindo profundamente.


- Então, não fazemos nada. – disse por fim. Viu o choque perpassar o rosto do filho. – Bella conhecia os riscos. – disse calmamente. – Ela os aceitou quando recebeu a Marca Negra. Entendia que é o preço que poderia vir a pagar por se juntar a mim. Ela aceitará seu destino.


Os olhos verdes de Harry brilharam de raiva.


- Bem, eu não aceito! – ele disse.


- Harry…


- Eu não vou perdê-la. – o garoto declarou. – Um bom número dos seus homens foi com ela para essa batida. Se ficar parado e não fizer nada, vai perder todos eles.


O garoto não se importava com o resto dos Comensais, mas com Bella sim.


- Eu posso conseguir mais Comensais da Morte. – Voldemort respondeu.


- E Bella? – Harry perguntou.


O bruxo ficou calado. Bellatrix era uma bruxa talentosa, corajosa e leal. Não encontraria um substituto para ela e sabia disso.


- É uma perda que eu não quero... – ele começou.


- Então você não vai. – o garoto o interrompeu. – Me diga de onde veio o sinal de resgate. Pode ser que ela ainda esteja lá. Posso alcançá-la e trazê-la de volta.


Voldemort o encarou por um momento.


- Eu não posso arriscar você. – ele disse. – Haverá muitos aurores lá. Não pode lutar com todos eles.


O Lorde das Trevas sabia que Harry era um bom combatente, mas se estivesse em desvantagem ia fracassar.


- Então, eu não vou lutar com eles. – o garoto assegurou. – Vou apenas alcançá-la e sair.


O bruxo sorriu, divertindo-se com sua estratégia infantil.


- Não vai ser tão simples assim.


O jovem endireitou os ombros.


- A localização, pai? – ele insistiu.


Voldemort parecia em conflito. Não queria perder Bella, mas também não queria arriscar o filho. No entanto, podia ver que Harry não ia recuar. Via isso em seus olhos. Caminhando até o garoto, colocou as mãos em seus ombros, olhando-o profundamente nos olhos. O jovem avidamente aceitou a conexão de Legilimência, e o bruxo lhe forneceu todas as informações que precisava para resgatá-la. A conexão partiu quando o mais novo baixou os olhos. Olhou de volta para o pai com um pequeno sorriso.


- Obrigado, pai. – disse baixinho e se afastou, virando-se para sair correndo.


- Harry. – Voldemort o chamou.


O garoto parou à porta, virando-se.


- Pegue Bella e volte imediatamente. Não perca tempo com mais ninguém.


- Sim, pai. – ele sorriu de volta antes de desaparecer pela porta.


xxx


Harry aparatou em frente a um edifício antigo. Parecia um sítio industrial abandonado, que costumava ser uma fábrica de aço e agora estava em ruínas. O garoto rapidamente examinou a área. Havia evidências de luta em todo canto. Conseguia distinguir um corpo ensanguentado bem na entrada.


O jovem caminhou até o prédio com a máscara prateada firmemente no lugar. Arrastou-se para dentro, mesmo o lugar parecendo estar vazio. Podia escutar vozes gritando à distância, talvez nos andares superiores do edifício deteriorado. Manteve-se no limiar das sombras e silenciosamente se dirigiu às escadas. Quando alcançou o primeiro andar, viu que a batalha, de fato, ainda estava acontecendo. Havia corpos espalhados por toda parte. A maioria era de Comensais da Morte mascarados. Harry praguejou baixinho. Rapidamente cruzou o cômodo e escondeu-se próximo a uma parede desabada. Seus olhos esmeralda procurando por Bella.


Ele a avistou, deitada no canto. Suas vestes estavam rasgadas e o sangue manchando seu rosto. O garoto sentiu o ardor da raiva explodindo dentro de si ao vê-la. Estava tremendo da raiva suprimida. Levantou-se calmamente e fez seu caminho até o corpo caído, o mais furtivamente que podia.


O jovem a alcançou rapidamente, ajoelhando-se ao seu lado e gentilmente colocando um dedo em seu pescoço.


- Por favor, não esteja morta! – sussurrou para si. Sentiu o pulso e soltou um suspiro de alívio. – Bella! – sussurrou.


A mulher abriu os olhos e, para a surpresa de Harry, deu-lhe um largo sorriso.


- Oi, bonitão!


Harry se afastou do corpo. O rosto era de Bella, mas a voz era de um homem, uma voz que reconhecia. Ela se sentou e sorriu do olhar de choque no rosto do garoto, que se levantou rapidamente, erguendo a varinha para a "falsa" Bella. Foi quando percebeu que todas as vozes que estiveram gritando maldições tinham parado e estava completamente cercado pelos corpos anteriormente caídos.


xxx


Lorde Voldemort estava em seus aposentos, Nagini a seus pés. Sua mente estava em Harry e não podia deixar de sentir que algo estava terrivelmente errado. Fechou os olhos, tentando aliviar a dor de cabeça nervosa. Estava confuso em como o Ministério conseguira capturar seus Comensais da Morte. Para começar, o sinal de resgate que recebera veio de uma localização diferente de onde a batida deveria acontecer. Mas sabia que podia haver mil e uma explicações. Talvez Bella tenha tentado aparatar e acabou em um lugar diferente, mas foi seguida e emboscada.


Levantou o olhar quando uma batida em sua porta ecoou pelos aposentos. Com um movimento de mão, abriu as portas apenas para ver Bella entrar, liderando o pequeno exército de Comensais da Morte atrás de si. Estavam todos com olhares triunfantes e sorrindo para ele. Nenhum deles parecia sequer remotamente machucado. Quando todos se ajoelharam diante dele, seu olhar recaiu sobre a única Comensal da Morte mulher.


- Mestre, a batida foi um sucesso total. – Bella sorriu.


Voldemort levou um mero instante para decifrar tudo.


- Não! – ele rosnou, os olhos vermelhos se estreitando em fendas. – Não! Não! Não!


Em um rápido movimento, o bruxo se levantou, erguendo-se sobre a mulher de cabelos negros.


- Mestre? – Bella engasgou com medo quando Voldemort apareceu em sua frente.


O Lorde das Trevas a agarrou, seu aperto doloroso, enquanto os dedos cravavam em seu braço, mas a Comensal estava com muito medo para deixar escapar algum som.


- Traga-o de volta! Traga-o de volta agora! – rosnou para ela.


A mulher só conseguia acenar com a cabeça. Não sabia o que seu mestre queria dizer. A quem estava se referindo? Mas mesmo em seu estado petrificado, ela detectou a urgência na voz dele e aquilo a assustou mais que qualquer coisa. Seu coração lhe dizia que estava falando de Harry e ela sentiu o estômago revirar com o pensamento do garoto em apuros.


Os olhos vermelhos do bruxo queimavam de raiva ao se conectarem com os de Bella e ele jogou toda a informação, o mais rápido que podia, para ela. Mostrou-lhe a conversa que tivera com o filho, acreditando que ela mandara o sinal de resgate e precisava de ajuda. Forneceu-lhe a localização de onde o sinal viera e para onde inconscientemente enviara Harry para uma armadilha.


A Comensal ficou atordoada quando o bruxo saiu de sua mente. Não disse uma palavra, mas se virou para o resto dos Comensais da Morte. Gesticulou para que a seguissem e saiu correndo do cômodo.


Voldemort ficou no meio de seus aposentos, tentando com todas as suas forças afastar a raiva. Se Harry alguma vez precisou de total concentração, foi naquele instante.


xxx


Harry olhou em volta e viu pelo menos dez aurores o cercando com as varinhas apontadas para ele. Viu os homens removerem as máscaras e as vestes negras, revelando as vestes de auror por baixo. O garoto percebeu que fora enganado pelos corpos no chão. Não eram Comensais da Morte, eram os aurores fingindo. A "falsa" Bella deu uma risada latida, chamando a atenção do jovem.


O adolescente sentiu as entranhas queimarem de raiva. Diante de seus olhos, o rosto e o corpo de Bella transformaram-se lentamente em um alto e moreno Sirius Black. O garoto só conseguia olhar furiosamente para ele, enquanto o famoso auror sacudia as madeixas escuras dos olhos e lhe lançava outro sorriso.


- Bem, Príncipe, que bom que apareceu. Pensei que eu fosse ter que me vestir como minha querida velha prima pelo resto do dia. – o homem sacou a varinha e apontou diretamente para o peito de Harry. – Agora, seja um bom menino, largue a varinha e coloque as mãos onde possamos vê-las.


O rapaz o ignorou e, ao invés disso, girou o corpo para mostrar que estava avaliando os aurores ao redor.


James observou o garoto mascarado examinar os aurores ao redor dele. Os olhos verdes encontraram os seus e, novamente, sentiu o arrepio na espinha. Não conseguia ver os olhos do jovem direito, devido à natureza da máscara, mas havia algo tão familiar sobre ele e seus olhos que era tudo no que o auror conseguia se concentrar.


O olhar de Harry passou pelo último auror e ele se virou para encarar Sirius novamente.


- Onze contra um. – comentou. – Nunca achei que esse fosse seu estilo. – ele disse a Sirius, zombando dele.


O garoto viu com prazer alguns rostos ficarem vermelhos e as varinhas balançarem levemente. Harry sorriu para si. Estava lentamente fazendo sua segunda varinha, que estava escondida, descer pelo braço em direção à sua mão. Ia precisar dela.


- Largue a varinha. – outro auror instruiu, mas o jovem o ignorou também. Manteve os olhos em Sirius.


- Importa-se em explicar como fez isso? – Harry perguntou para distraí-lo, enquanto lentamente descia mais a segunda varinha pelo braço, usando sua magia para guiá-la.


- Como eu fiz o quê? – perguntou Sirius.


- Como forjou o sinal de resgate de Bella? – o garoto sibilou com raiva, as palavras saindo por entre dentes.


- Ah, aquilo. – Sirius riu. – Foi simples, na verdade, quando se tem isso. – ele ergueu um pequeno anel.


Harry olhou para o objeto atentamente e percebeu que era o anel dela. Não podia confundi-lo. O anel tinha o brasão da família Black. Foi dado a Bella por sua família.


O jovem tentou descobrir o que acontecera. Sabia que quando um sinal de resgate é feito, geralmente não contém muitos detalhes. Já que é um pedido de socorro, a pessoa que o utiliza não tem muito tempo para dar muitas informações. Normalmente o lugar e a natureza do chamado é tudo que se consegue informar. O sinal traz consigo a identidade do autor, tanto pela varinha registrada quanto por um artefato com uma marca distintiva, como um brasão de família, com o qual o indivíduo faz o pedido de ajuda. Já que a varinha de Bella é alterada para que o Ministério não possa rastreá-la, como todas as varinhas dos Comensais da Morte, o anel teria sido usado para identificar a autoria do chamado. Seu pai não teria esperado que Sirius tivesse o anel, nem que o usasse dessa maneira, então presumira que o sinal de resgate pertencia à Comensal.


- Então, você roubou o anel. – Harry disse com desdém. – Será que consegue descer mais o nível, Black? – ele perguntou.


- Na verdade, eu não roubei nada! O anel me pertence. Sendo primo dela e tudo mais, recebi o anel também, apenas não tinha encontrado uma utilidade para ele até então. – Sirius concluiu enquanto encarava o adolescente à sua frente.


- E a poção polissuco? – o garoto perguntou.


- Apenas aconteceu de eu ter algumas sobras no estoque. Que bom que eu guardei da última vez que fingi ser ela, mas que não funcionou tão bem quanto agora. – o auror dera alguns passos em direção a Harry. – Agora que suas perguntas estão respondidas, acho que deveríamos avançar para sua prisão, não é?


O jovem não respondeu. Diante de sua falta de resposta, Kingsley avançou.


- Não tente nada estúpido. Sabe que não pode com todos nós. – o auror disse.


O garoto se virou para encará-lo assim que sua mão se fechou sobre a segunda varinha. Ele sorriu novamente por trás da máscara.


- Não posso? – ele zombou.


Em um rápido movimento, o adolescente chutou, atingindo Kingsley no peito e jogando-o para trás. O escudo azul de Harry explodiu em torno dele quando uma série de maldições veio até ele, partindo dos aurores ao redor. Ele puxou a segunda varinha quando os aurores correram em sua direção, cessando temporariamente o ataque.


Aproveitando a chance, o jovem abaixou o escudo a apontou as duas varinhas para o chão.


- Momentum Expur!


O chão tremeu como se um terremoto o atingira. Os aurores não estavam esperando aquilo e a maioria caiu. James, Kingsley e Sirius foram os únicos que conseguiram ficar de pé, embora o chão trêmulo significasse que não conseguiriam mirar no garoto. O Príncipe Negro manteve uma varinha no chão, enviando ondas de energia nele para mantê-lo balançando, e usou a outra varinha para desenhar um círculo ao seu redor. Enquanto os aurores perplexos assistiam, o feitiço da outra varinha cortou um círculo perfeito ao redor do adolescente. Diante de seus olhos, o rapaz desapareceu para o andar de baixo. Ele cortara um buraco no chão e rumara para o térreo em três segundos.


O chão parou de tremer no momento que o garoto desapareceu. Os onze aurores se entreolharam em choque antes de saltaram de pé novamente. James foi o primeiro a pular para o andar de baixo pela saída improvisada.


"Como diabos ele lançou duas maldições ao mesmo tempo? Isso é impossível!", pensou ao cair no chão.


James atingiu o piso e imediatamente avistou o garoto, que se dirigia às portas.


- Estupefaça! – a maldição do auror voou em direção ao garoto mascarado, mas não o atingiu, já que o adolescente saiu do caminho.


James logo foi acompanhado pelo resto de sua equipe e todos começaram a lançar maldições no rapaz.


Harry se jogou por trás dos restos de uma parede desabada em busca de abrigo. Recostou-se contra ela, pegando suas estrelas ninja. Colocou as varinhas de volta nos coldres presos em seu braço e em sua coxa. Segurou as duas adagas e cuidadosamente se aproximou da borda. Por um único instante, ele se levantou para que tivesse uma visão clara dos aurores. Imediatamente foi forçado a se abaixar por trás da cobertura quando uma enxurrada de feitiços amarelos e vermelhos veio voando até ele. Foi só por um momento, mas o garoto tinha reparado a localização dos dois aurores que estavam mais próximos. Respirou fundo e atirou-se para longe da segurança da parede, lançando as adagas na direção dos dois aurores, que atingiram seus alvos confiantes e os homens caíram no chão com as lâminas enterradas fundo em seus peitos. O adolescente mal conseguiu voltar para o abrigo da parede em ruínas quando mais maldições voaram até ele. Percebeu, dessa vez, dois jatos de luz verde em meio aos feitiços estuporantes e de desarmar que conseguira evitar. Eles estavam disparando maldições da morte nele.


Ouviu um grito em meio aos aurores enquanto se escondia por trás do abrigo enfraquecido.


- Não! Precisamos dele vivo! Só o estuporem. Não o matem!


Harry reconheceu a voz pertencente a James Potter.


O garoto ouviu os passos se aproximando e sabia que não conseguiria se esconder ali por muito tempo. A parede estava prestes a ceder. Seus olhos vagaram ao redor, tentando encontrar algo que fosse ajudá-lo. Viu uma porta que dava para outra parte do edifício à sua esquerda. A porta estava pendurada nas dobradiças e havia um monte de vidro no chão. O jovem sorriu para si.


Harry se preparou, sacando as duas varinhas. Podia sentir que os aurores estavam se aproximando.


- Você está em desvantagem! – veio a voz de Kingsley. – Pare com seus jogos e venha calmamente. Prometemos que nenhum mal acontecerá a você. – o auror tentou argumentar com o adolescente.


O garoto bufou e respondeu em voz alta.


- São vocês que estão jogando. Eu estou lhes mostrando como ganhar.


Com isso, Harry disparou pela sala, lançando maldições nos três aurores que estavam mais próximos. Sirius e James viram o garoto usar as duas varinhas para lançar maldições nos aurores. Sua mira atingiu os alvos e os três homens caíram no chão, inconscientes. O jovem continuou correndo. Podia ouvir os passos atrás de si e sentir os feitiços que passavam voando por ele, quase o acertando. O adolescente se moveu para a direta bem na hora que um estupefaça veio zunindo. Então, virou-se bruscamente para a esquerda quando uma maldição de corpo preso veio para ele. Estava agora se aproximando da porta com o vidro estilhaçado.


- Accio cacos de vidro! – Harry gritou ainda correndo em direção à porta.


Os cacos se levantaram no ar, voando em direção ao garoto. Antes que pudesse ser atingido, ele se abaixou, jogando-se no chão e rolando até a saída. Os cacos de vidro voaram direto para os três aurores que corriam atrás do adolescente.


O jovem ouviu os gemidos de dor quando os três homens caíram no chão. Levantou-se e disparou para o outro cômodo, mal registrando onde estava. Viu um conjunto de escadas de metal e correu até elas. Ainda restavam três aurores e os feridos ainda podiam representar uma ameaça. Sabia que tinha que sair dali o mais rápido possível.


O garoto voltou ao primeiro andar, no qual encontrara Sirius fingindo ser Bella. Notou uma escada idêntica a que acabara de subir e correu até ela. Começou a subir e estava quase no topo quando sentiu uma mão agarrar seu pé, fazendo-o cair. A queda derrubou uma das varinhas de sua mão, que desapareceu pelo buraco. O adolescente olhou e viu que Kingsley segurava seu pé e o puxava para baixo. Agarrou-se nos degraus para evitar ser arrastado. Contorceu-se o quanto pôde, para que pudesse levantar o outro pé. Golpeou o pé o mais forte que podia, atingindo o rosto do auror. O golpeou repetidamente, até sentir o aperto em seu tornozelo afrouxar. Soltou-se e chegou ao topo da escada. Kingsley caiu atordoado, com sangue jorrado de seu nariz quebrado.


Harry correu por outra porta e achou-se no que devia ter sido a parte de trás do edifício. Parecia ter havido uma tentativa de renovar a fábrica há algum tempo atrás. O garoto podia ver um andaime abandonado e grandes lacunas no chão, onde as tábuas estavam faltando. Olhou atrás de si quando ouviu passos na escada que acabara de subir. O jovem sabia que sua melhor chance de escapar teria sido pelo térreo, mas os aurores não o deixariam sair vivo do prédio. Planejou alcançar o telhado, de lá poderia pular para o edifício mais próximo e escapar dessa forma.


Correu para subir mais um lance de escadas quando ouviu gritos e berros vindos de fora. Espiando através de uma abertura no edifício sem janelas, viu cerca de dez Comensais da Morte mascarados se aproximando do prédio. Sorriu de alívio ao ver os homens de seu pai entrarem no local, varinhas em punho e prontos para duelar. Os Comensais estavam ali, ele tinha alguma ajuda agora. Mudou os planos, tinha que achar uma forma segura de voltar ao térreo.


Tinha se afastado da abertura quando um jato de luz vermelha quase o acertou. Assustado, o adolescente se virou e viu Sirius apontando a varinha para ele.


- Não há para onde ir, garoto. – o auror sorriu. – Apenas abaixe a varinha. – ele ordenou.


Harry, em resposta, apertou mais ainda varinha na mão e se afastou da abertura pela qual estivera olhando. Antes que Sirius pudesse responder, o garoto disparou até ele, atacando-o. Seu pé bateu no estômago do homem, empurrando-o para o outro lado do edifício. Ele caiu no chão, gemendo de dor. O auror sentiu as tábuas instáveis tremerem sob seu peso.


Sirius se ergueu quando Harry se aproximou. O auror tentou agarrar o garoto, mas foi pego de surpresa novamente quando o jovem bateu o punho contra seu rosto. O adolescente guinou o pé direito, mirando no peito do homem, mas, dessa vez, o auror pegou seu pé com as duas mãos e o torceu, fazendo-o perder o equilíbrio e cair no chão. Em um momento de raiva, Sirius chutou o garoto caído, atingindo suas costelas e o golpe forte o fez gritar. O auror sentiu o coração saltar dolorosamente no peito. Sentiu-se estranhamente culpado por machucá-lo. Atribuiu ao fato de estar duelando e machucando um garoto de dezesseis anos. Para todos os efeitos, o Príncipe Negro ainda era apenas uma criança. No momento de hesitação do homem, o adolescente ficou de pé novamente.


- Você vai pagar por isso, Black! – ele vociferou.


Ele se moveu em uma velocidade incrível e derrubou Sirius no chão novamente. O garoto ficou em cima dele, apontando a varinha e mirando entre seus olhos. Antes que pudesse dizer uma única palavra, sentiu uma dor aguda na lateral de seu corpo. Cambaleou para longe do auror enquanto colocava uma mão nas costelas. Puxou a mão e viu que estava manchada de sangue. Fora atingido por um feitiço cortante. Rapidamente, afastou a dor e olhou para ver quem o atingira.


James estava em pé perto das escadas, a varinha apontada para ele. Harry suspirou novamente.


- Você nunca aprende, Potter? Fique longe das coisas que não pode suportar!


- Algumas coisas não mudam. – o homem respondeu, sem ousar tirar os olhos do garoto.


- Parece que você também não. – o jovem disse e, tão rápido quanto um flash, lançou outra estrela ninja.


James mal conseguiu sair do caminho quando o objeto veio voando das mãos do garoto. Ainda conseguiu arranhar o braço do auror ao passar zunindo por ele. Harry viu o líquido vermelho escorrer do braço do homem e manchar as vestes azuis que usava. A visão deixou o adolescente sem fôlego por um momento. No entanto, afastou os pensamentos e mirou no homem novamente, mas, antes que pudesse atacar, três jatos de luz vieram em sua direção.


O garoto se viu arremessado pelo ar e jogado no chão a alguns metros de distância. Arquejou de dor quando suas costelas machucadas sacudiram com o impacto, fazendo sua cabeça girar. Ofegante, o adolescente se virou e viu três aurores com as varinhas apontadas para ele. Xingou baixinho.


Sirius, Moody e Kingsley estavam com as varinhas apontadas para Harry. James se aproximou e se juntou a eles. Estavam prontos para amaldiçoá-lo até o inferno se necessário. O jovem se levantou cautelosamente e se virou para encarar o grupo de inimigos.


- Tudo bem, façam seu pior! – ele disse em uma voz baixa e perigosa, enquanto se preparava para levantar o escudo.


Seu escudo ganhou vida e desviou os quatro feitiços lançados nele com bastante facilidade. Ele riu suavemente com os olhares de choque e descrença nos rostos dos aurores. O escudo que Harry conjurara o cobria completamente. Estava dentro de uma bolha azul cintilante. Não havia como nenhum feitiço conseguir tocá-lo. O garoto abaixou o escudo momentaneamente para lançar dois jatos de "Incendio" nos adultos atordoados. O que aconteceu em seguida, ninguém esperava.


Enquanto as maldições do adolescente voavam na direção de Sirius e Moody, eles as desviaram com seus escudos. Os quatro aurores voltaram a atenção ao garoto diante deles. Vendo o escudo abaixado, os quatro inconscientemente atacaram ao mesmo tempo. Harry foi pego de surpresa e a intensidade dos quatro feitiços juntos o fez ser arremessado no ar novamente. O garoto bateu contra a parede e caiu como uma pilha no chão esfacelado. O adolescente fez contato com o chão enfraquecido, que tremeu e cedeu. Enquanto os quatro adultos assistiam, paralisados em horror, o Príncipe Negro caiu com violência no andar de baixo, que, coincidentemente, não aguentou também, fazendo-o caiu no piso de concreto do nível do solo.


Os quatro aurores ficaram parados, congelados, em aversão completa ao que tinha feito. James foi o primeiro a sair do estupor. Disparou escada abaixo, rezando para não ter matado um garoto de dezesseis anos por engano.


Acabara de descer o último lance de escadas quando viu os recém-chegados. A visão dos homens em vestes vermelho-escuro, lutando contra os Comensais da Morte, tirou seu fôlego num choque de surpresa.


- Que diabos? – ele murmurou enquanto seu olhar se estreitava para os homens. – O que a elite do Esquadrão está fazendo aqui?


- Eu os chamei.


James se virou e encontrou Moody atrás de si, junto com Sirius e Kingsley.


- Você? – ele perguntou a Alastor. – Por quê?


- Precisávamos de reforço! – o auror lhe disse rispidamente. – Um grupo de Comensais da Morte chegou e só restávamos nós quatro! – rosnou. – Eu mandei um pedido de socorro e eles o receberam ao invés dos aurores.


James não conseguia encontrar paciência para dizer algo ao homem. Raivosamente, ele se afastou e irrompeu para a batalha. Encontrou três homens vestidos de marrom ajoelhados no chão, cavando para encontrar o garoto mascarado sob os escombros pesados.


- Ah, não! – o auror correu até eles, na esperança de não ter matado o adolescente.


Um grito estridente chamou sua atenção e ele se virou para ver a Comensal de cabelos escuro correndo na direção dos três bruxos do Esquadrão, que tentavam puxar o corpo para fora dos escombros.


- O que vocês fizeram? – a Comensal da Morte gritou com raiva ao se lançar contra eles.


James, Kingsley, Sirius e Moody correram para impedi-la de alcançar os homens do Esquadrão. Todos sabiam quem ela era, afinal, Voldemort só tinha uma Comensal da Morte mulher.


- Bella! – Sirius a chamou, mas a mulher não estava concentrada nele. Estava muito ocupada tentando mandar os aurores para longe para conseguir alcançar o Esquadrão e salvar seu Príncipe Negro.


Dois Comensais se juntaram à mulher em um esforço para matar os quatro aurores e chegar ao Esquadrão. James, Sirius, Moody e Kingsley duelaram com eles, mantendo-os afastados.


James se distraiu enquanto lutava. Seus olhos continuavam disparando para os três bruxos da elite do Esquadrão, que tinham tirado o corpo do inconsciente Príncipe Negro dos escombros e o deitaram no chão de concreto. O auror percebeu que a máscara prateada ainda estava no lugar, mas havia sangue nas vestes do garoto. Sentiu o coração saltar desconfortavelmente.


Viu um dos bruxos segurando dois dedos no pescoço do garoto, checando o pulso. Ele afastou as mãos, acenando a cabeça para os outros dois.


- Ele está vivo.


James ouviu as palavras e sentiu um alívio imenso o inundar.


O mesmo bruxo do Esquadrão agarrou o braço do adolescente e, com a outra mão, tirou uma esfera negra do bolso de suas vestes. Ativou o objeto e, no próximo instante, ele e o garoto inconsciente desapareceram.


James sentiu a raiva explodir na boca do estômago. Os bruxos da elite do Esquadrão tinha levado o Príncipe Negro. A Ordem tinha arquitetado todo o plano, montado a armadilha, mas o Esquadrão o pegou no final. Sabia para onde o tinham levado, já que só levavam os criminosos a um único lugar, onde aguardavam os julgamentos e condenações. Eles tinham levado o Príncipe Negro à prisão de Nurmengard.


N/T: No próximo capítulo pode-se ver uma grande mudança no plot da primeira versão, que já está explícito no parágrafo acima :)

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