Festa



Festa


Enquanto Sofia caminhava entre os formandos e suas famílias, escutava todo o tipo de comentários. Até que ouviu uma voz próxima:


 -"É uma absurdo que todos esses trouxas sejam autorizados a entrar em Hogwarts!"


 -"É um ultraje!" - uma voz feminina concordou -"E uma violação da lei de sigilo em magia!"


 Amanda reparou que Sofia olhava em volta, procurando a origem das vozes. 


 -"Não ligue para eles, Sofie, são só uns desinformados! E sua avó vai ficar bem. Ela pode ser trouxa, mas é bem esperta. Está se dando super bem. Olha lá ela conversando com aquela bruxa e aquele garoto!" 

Sofia virou-se na direção em que a amiga apontava. Realmente, entre os parentes trouxas autorizados a visitarem Hogwarts para a cerimônia de formatura, sua avó era a que parecia mais à vontade.


Muita coisa mudara no mundo bruxo após a queda de Voldemort, mas mesmo quinze anos após a batalha de Hogwarts, muitos bruxos ainda consideravam difícil se adaptarem à nova realidade.


-"Você  não acha que o Longbotton está um gato?"


-"Credo, Amanda, é o diretor!" – Sofia fez uma careta.


-"É o diretor, não uma múmia! Relaxa um pouco, Sofie. E ele só foi nomeado diretor ano passado. O mais novo diretor que Hogwarts já teve, devo acrescentar."

-"Dizem que ele ainda não chegou aos trinta e cinco." - Sofia completou, em uníssono a amiga. 

Ela passara o ano anterior inteiro escutando àquela conversa, e já conhecia o discurso de adoração ao Prof. Longbotton de Amanda de cor. 


-"Exatamente!" - continuou a amiga -"Pra mim ele é como um bom vinho, quanto mais tempo passa, mais gostoso fica."


Sofia apenas revirou os olhos. 
 -“Prontas para a festa?” – Jennifer e Alicia apareceram saltitando e abraçando Amanda e Sofia.


-“Vai lotar!” – disse Alicia, com brilho nos olhos. –“Estão todos animados, dizem que praticamente todo mundo do sexto ano também vai, e eu ouvi uns quintanistas fazendo planos para entrarem de penetras.”


 -“O que é bom para você, Jen.” – provocou Amanda. – “Quem sabe você encontra o Matthew?”


 -“Eu não entendo vocês.” – riu Sofia. – “Uma é apaixonada pelo diretor, a outra, corre atrás de um garoto dois anos mais novo.”


 -“Pois é, Sofie, acho que nós somos as únicas normais nesse grupo.” – completou Alicia.


 Rindo, as quatro entraram no castelo rumo à torre da Grifinória. Alicia abraçou as amigas.


 -“Não acredito que terminou...”


 -“Nada mais de Hogwarts pra nós. Alicia vai ser artilheira das Harpias, Amanda, inexplicavelmente conseguiu uma vaga para ser mediebruxa, eu vou trabalhar no setor de contatos com trouxas no Ministério. Mas Sofie, você ganhou o prêmio de emprego pós-Hogwarts mais chato da história. Conta pra gente, o que exatamente faz uma contadora do Gringotes?


As três riram, ao que Sofia corou de leve.


 -“Vocês não entendem, poucas vezes na história uma humana foi aceita para trabalhar com os duendes do banco. É uma honraria.” – ela tentou explicar.


 -“Bla, bla, bla.” – zombou Amanda. – “Temos que melhorar esse seu papinho. Não vai ser com essa conversa que você vai conquistar o James hoje a noite.”


As quatro pararam em frente ao retrato da mulher gorda. Jennifer falou a senha e elas foram admitidas.


Quando chegaram ao Três Vassouras o bar já estava lotado. As mesas centrais haviam sido retiradas para dar lugar a uma pista de dança. Luzes mágicas coloriam o ambiente, e uma música alta animava os primeiros dançarinos da noite.


Sofia reparou que o plano dos quintanistas havia funcionado, e um grupinho deles comemorava o sucesso bebendo cerveja amanteigada. Amanda não perdeu tempo e puxou uma bandeja com bebidas para as quatro.


-“Um brinde a formatura!” – proclamou ela, erguendo sua caneca com entusiasmo.


 Sofia, Jennifer e Alicia se juntaram ao brinde.


O primeiro gole indicou a Sofia que a cerveja amanteigada estava batizada com algo mais forte e amargo. Uísque de fogo, provavelmente. Sofia fez uma careta ao sentir a bebida passar queimando por sua garganta. Ao olhar para o lado, viu James entre seus amigos da Corvinal. Seu olhar encontrou o dele e ela corou. James ergueu sua caneca em direção à ela, sorrindo. Sofia retribuiu o gesto, completando o brinde à distância.


Amanda cutucou-lhe as costelas:


-“Vai lá falar com ele. Anda!”


Sofia respirou fundo. Amanda tinha razão, ela provavelmente nunca mais veria James. Não faria mal arriscar-se ao menos uma vez. Tomando restante da cerveja, ela depositou a caneca vazia  sobre a mesa mais próxima e caminhou em direção ao garoto.


  


* * *


 
Ao descer do Expresso de Hogwarts na plataforma 9 ¾, Iris Smith encontrou Ismália por ela.


-“Você não desiste?”


-“Eu tenho a minha missão, assim como você teve a sua, Iris, e como Sofia tem a dela. Aliás, se me permite dizer, Smith não combina tão bem com você  quanto...”


-“Calada, Doyle!” – interrompeu Iris. – “E saia da minha frente.”


Puxando seu xale para junto do corpo, a senhora afastou-se da bruxa. Ao aproximar-se da passagem secreta, Iris tirou da bolsa um cartão de plástico roxo e dourado. Ismália a seguiu.


-“Que gracinha, usando um passe especial trouxa para cruzar a barreira. Mas você não precisa disso, precisa?”


Os olhos azuis claros da senhora Smith se ergueram para encarar os frios olhos de Ismália Doyle, que levantou a mão e com um rápido movimento confiscou-lhe o cartão.


-“Ela será recrutada, goste você ou não. Sofia Salvatore será recrutada e cumprirá o seu destino.” – ao dizer isso, Ismália cruzou a barreira entre a plataforma 9 ¾ e a estação de King’ Cross, deixando Iris sozinha com seus medos e lembranças.


 


* * *


 


James notou que Sofia se aproximava e sorriu.


-“Sofia! Não pensei que viria.”


Nem eu, ela quis responder, mas não conseguiu abrir a boca.


 -“Você não está bebendo! Venha, vamos consertar isso.” – James puxou-a pela mão e a conduziu até o balcão do bar. – “Aqui está.” – disse ele, entregando-lhe uma caneca da mesma cerveja amanteigada que ela já havia provado.


Sofia quis dizer que já tinha bebido um pouco e que não queria mais, mas não quis cortar a empolgação de James, então tomou um golinho do líquido ardente e se esforçou para não fazer careta.


-“Então, quer dizer que você vi trabalhar no Gringotes?”


James falava entre um grande gole de cerveja e outro. Já estava bastante bêbado.


-“Vou sim.” – ela sorriu sem-graça. – “E você?”


-“Eu vou ser auror!” – ele estufou o peito, orgulhoso.


-“Parabéns! Eu sei que é uma carreira difícil, muito arriscada.”


James aproveitou a deixa para falar sobre todos os perigos e emoções da carreira de auror. Ele era um garoto muito bonito e muito legal, Sofia bem sabia, mas bêbado daquela forma parecia mais patético do que interessante. Enquanto ele falava, ela observou as outras pessoas espalhadas pelo salão.


Do outro lado da pista de dança, Jennifer já estava beijando Matthew, enquanto Alicia e Amanda não tiravam os olhos de Sofia, rindo e encorajando-a com gestos para que continuasse a conversar com James. Algumas pessoas já começavam a tropeçar nos próprios pés, e todos pareciam ter um copo nas mãos, à exceção de um rapaz de cabelos escuros e óculos redondos. Ele parecia um quintanista, mas Sofia não conseguia se lembrar de já tê-lo visto em Hogwarts. Sério, o rapaz olhava diretamente para ela. Sofa sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. 


James ainda falava, mas Sofia já não estava prestando atenção. Por algum motivo, não conseguia parar de olhar o rapaz de óculos. James, ignorando a falta de atenção dela, pousou a mão em seu rosto, fazendo com que seus olhares se cruzassem. 


-“Seus olhos são tão azuis!” – ele disse, aproximando-se.


Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, Sofia sentiu que James a beijava. O beijo era suave e envolvente, e ela pôde sentir o sangue subindo e preenchendo sua face. Quando se separaram, James olhou-a novamente nos olhos.


-“Desculpe ter ficado falando. Eu estava nervoso, acho que bebi demais. Precisava de coragem...”

Aí estava o cara legal que Sofia conhecia. Ela tomou a iniciativa e beijou-o novamente. As mãos dele em sua cintura lhe davam uma maravilhosa sensação de segurança. Por cima do ombro dele, ela pôde ver Amanda e Alicia comemorando. E foi então que o inferno começou.


Com uma explosão, a parede atrás de suas amigas explodiu. Ao mesmo, lâmpadas estouraram, soltando faíscas, e a música cessou. Do buraco da parede surgiram figuras encapuzadas, os rostos cobertos por máscaras, as varinhas em riste.


Várias pessoas gritavam e corriam em todas as direções. Sofia, James e vários formandos sacaram suas varinhas, chamando pelos nomes dos amigos. À sua frente, Sofia podia ver Jennifer e Matthew puxando Amanda e Alicia dos escombros. As duas estavam desacordadas. Pelo canto do olho, Sofia viu o rapaz de óculos empunhando a varinha e correndo para a frente dos encapuzados.


Os atacantes não perderam tempo, dispararam feitiços para todos os lados. Entre uma rajada e outra, Sofia percebeu que eles riam.


-“Vocês aí!” – ela gritou para um grupo de sextanistas – “Levem os garotos do quinto ano para o castelo, depressa! Corram pela saída de emergência!”


A seriedade na voz dela não permitiu que eles desobedecessem. À sua volta, diversos duelos começavam . De alguma forma, ela conseguiu se manter calma o suficiente para contar que os encapuzados eram cinco.


-“Protego!” – gritou, ao ver um raio vermelho voar em sua direção.


À sua esquerda, James e dois de seus amigos duelavam, impedindo dois encapuzados de se aproximarem da saída de emergência, por onde os mais novos fugiam. À sua direita, o garoto de óculos disparava feitiços com uma velocidade impressionante.


-“Expelliarmus!” – disparou Sofia, mas seu adversário refletiu o feitiço, que ricocheteou novamente em sua direção. Depressa, ela girou para trás de uma coluna, que explodiu com a força do raio.


-“Petrificus totalus!” – era a voz de James. O feitiço atingiu um de seus adversários, imobilizando-o.


Sofia retomou o duelo contra seu adversário, mas logo os encapuzados ficaram em desvantagem. Cerca de doze dos mais habilidosos formandos haviam ficado para detê-los e protegerem os outros. Com três dos encapuzados estuporados ou imobilizados, os outros dois se viram cercados, sendo que um deles já havia perdido a varinha.


-“Acabou! Rendam-se!” – Comandou James, sério.


O último encapuzado com varinha virou o rosto na direção de Sofia, que pôde ouvir uma leve risada. Em seguida, sem que pudesse fazer nada para impedir, ela viu o rosto mascarado virar-se novamente para James e apontar-lhe a varinha:


-“Avada Kedavra!”


Uma luz verde vôo e acertou o jovem no peito. Seu corpo caiu pesadamente no chão, os olhos abertos.


  


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Comentários (1)

  • Van Vet

    Pra começar, agora que o Matthew Lewis cresceu e ficou lindão, dá sim pra imaginar um Neville Longbotton atraente! Quanto a Iris, fiquei encucada pensando que talvez ela possa ser alguém conhecido da saga pela estranha conversa que teve com a Ismália na plataforma. E, Meu Merlim, essa festa de formatura foi emocionante, muito bem narrada e angustiante. Que dó deu de James, dó mesmo. De início achei que quem morreria eram as amigas, mas pareciam só desacordadas mesmo. A morte do garoto me lembrou Cedrico... ~chocada aqui!  Daí você fez um capítulo tão caprichado, uma história que promete, várias visualizações e ninguém comenta ¬¬'  Mas como eu fiquei super interessada nessa trama que promete, trate de assar esse próximo capítulo NOW!!!

    2013-11-07
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