O SINO QUE NÃO SOAVA




CAPÍTULO 13


O SINO QUE NÃO SOAVA


_Harry! Harry! _ chamou Tom, logo que chegou ao apartamento que ele e o grifinório dividiam, no Beco Diagonal _ Estou cheio de novidades, cara!


Procurando pelo apartamento, não encontrou o bruxo de óculos, então lembrou-se de que ele, logicamente, não estaria ali.


_Aah, palerma! Claro que ele não está. Os Chudley Cannons vão jogar na Polônia. _ disse Tom, rompendo a Bolha de Mensagem.


_ “Tom, como você sabe, não estarei em casa. A esta altura, já devo estar em Ludwigsdorf, onde jogaremos contra os Dantzig Deltas. Venha, assim que puder, pois creio que será uma excelente oportunidade. Estou te esperando. Até mais.”


A bolha se desfez e Tom começou a arrumar as malas (“Sim, ir para Ludwigsdorf poderá representar a chance de investigarmos o tal ‘Sino’ Nazista, se conseguirmos encontrá-lo. Pelo que Morfino me disse, dá para deduzir que Gerovinsky não morreu, apenas forjou sua morte e utilizou o poder do ‘Mercúrio Violeta’ para viajar no tempo, vindo para o futuro. Só que ele não esperava que o material caísse justamente nas mãos mais erradas possíveis, as de Grindelwald”, pensou o bruxo). Assim que a bagagem ficou pronta, Tom desaparatou para a Estação de Transportes Mágicos. Sendo “Empresário” de Harry, ele tinha alguns privilégios junto aos Cannons e, consequentemente, junto a certos setores do Ministério, já que Grindelwald investia nos Chudley Cannons. Mas o mais irônico era que o bruxo das Trevas sequer sabia que o time era todo de Aurores da Resistência. Bem, quando descobrisse, seria tarde demais, Tom esperava.


_Sr. Riddle, mal retornou de Little Hangleton e já vai viajar de novo?


_É o jeito, Melanie. _ disse Tom para a atendente _ Preciso me juntar aos Cannons.


_Vai para a Polônia? Mas que inveja! Sempre quis conhecer aquele país, minha tia-avó era polonesa. Boa viagem e diga ao Delvaux que eu e o pessoal da Estação estamos desejando boa sorte. _ disse Melanie, sorrindo e estendendo uma corneta de gramofone para o bruxo.


_Pode deixar. Sei que ele está carregando as esperanças do time e de todos os “Laranja-e-Preto” da Grã-Bretanha _ respondeu Tom, pegando a corneta e acenando para Melanie e os outros funcionários, enquanto rodopiava rumo a Ludwigsdorf.


Tom chegou a Ludwigsdorf e logo foi cumprimentado pelos funcionários da Estação de Transportes Mágicos.


_Panie Riddle, witamy. Pan Delvaux poprosił, daliśmy wam adres hotelu, gdzie Chudley Armaty udostępnianych (“Sr. Riddle, seja bem-vindo. O Sr. Delvaux nos pediu para que lhe déssemos o endereço do hotel onde os Chudley Cannons estão hospedados”).


_Dziękuję bardzo. Idę tam teraz (“Muito obrigado. Vou para lá agora”). _ disse Tom, pegando o endereço e indo para o hotel, após entregar a corneta.


Enquanto caminhava até o hotel, Tom Riddle lembrava-se do que sabia sobre a Polônia, com as memórias de Voldemort, que já estivera lá durante algum tempo, depois da guerra, quando viajava pelo mundo buscando conhecimento e poder.


A Polónia foi fundada em meados do século X, pela dinastia Piast. O primeiro governante polaco historicamente verificado, Miecislau I, foi batizado em 966 e adotou então o catolicismo como religião oficial do seu país. No século XII, a Polónia fragmentou-se em diversos Estados menores, que foram posteriormente devastados pelos exércitos mongóis da Horda Dourada em 1241, 1259 e 1287. Em 1320, Ladislau I tornou-se rei de uma Polónia reunificada. Seu filho, Casimiro III da Polônia, é lembrado como um dos maiores reis polacos da história. A Peste Negra, que afetou grande parte da Europa de 1347 a 1351, não chegou à Polónia.


Sob a dinastia Jaguelônica, a Polónia forjou uma aliança com seu vizinho, o Grão-Ducado da Lituânia. Começou então, após a União de Lublin, uma idade do ouro que se estendeu ao longo do século XVI e que deu origem à Comunidade Polaco-Lituana.16 A szlachta(nobreza) da Polónia, muito mais numerosa do que nos países da Europa Ocidental, orgulhava-se de suas liberdades e de seu sistema parlamentar. Durante este período próspero, a Polónia expandiu as suas fronteiras de modo a tornar-se o maior país da Europa


Em meados do século XVII, uma invasão sueca (o chamado "Dilúvio") e a revolta cossaca de Chmielnicki, que devastaram o país, marcaram o final da idade do ouro.18 A gradual deterioração da Comunidade, que passou de potência europeia a uma situação de quase anarquia controlada pelos vizinhos, foi marcada por diversas guerras contra a Rússia e pela ineficiência governamental causada pelo Liberum Veto (segundo o qual cada um dos membros do parlamento tinha o direito de dissolvê-lo e de vetar projetos de lei). As tentativas de reformas foram frustradas pelas três partilhas da Polónia (1772, 1793 e 1795) que condenaram o país a desaparecer do mapa e seu território a ser dividido entre Rússia, Prússia e Áustria.


Os polacos ressentiram-se desta situação e rebelaram-se em diversas ocasiões contra as potências que partilharam o país, em especial no século XIX. Em 1807, Napoleão restabeleceu um Estado polaco, o Ducado de Varsóvia, mas em 1815, após as guerras napoleónicas, o Congresso de Viena tornou a partilhar o país. A porção oriental coube ao tsar russo, e era regida por uma constituição liberal. Entretanto, os tsares logo trataram de restringir as liberdades polacas e a Rússia terminou por anexar de facto o país. Posteriormente no século XIX, a Galícia (então governada pela Áustria) e, em particular, a Cidade Livre de Cracóvia, tornaram-se um centro da vida cultural polaca.


Durante a Primeira Guerra Mundial, os Aliados concordaram em restabelecer a Polónia, conforme o ponto 13 dos Catorze Pontos do presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson. Pouco depois do armistício alemão de novembro de 1918, a Polónia recuperou sua independência, numa fase histórica conhecida como "Segunda República Polaca". A independência foi reafirmada após uma série de conflitos, em especial a Guerra Polaco-Soviética (1919-1921), quando a Polónia infligiu uma derrota acachapante ao Exército Vermelho.


O golpe de Maio de 1926, por Józef Piłsudski, entregou as rédeas da república polaca ao movimento Sanacja (uma coalizão em busca da "limpeza moral" da política do país). Este movimento controlou a Polónia até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, quando tropas nazis (em 1 de Setembro) e soviéticas (em 17 de setembro) invadiram o país. Varsóvia capitulou em 28 de setembro. Conforme o Pacto Ribbentrop-Molotov, a Polónia foi partilhada em duas zonas, uma ocupada pela Alemanha e outra, a leste, ocupada pela União Soviética.


De todos os países envolvidos na guerra, a Polónia foi o que mais perdeu em vidas, proporcionalmente à população total: mais de seis milhões de habitantes morreram, metade deles judeus. Foi da Polónia a quarta maior contribuição em tropas para o esforço de guerra aliado, após a URSS, o Reino Unido e os Estados Unidos, além de ter sido o primeiro país a lutar contra a Alemanha Nazi. Ao final do conflito, as fronteiras do país foram movidas na direcção Oeste, de modo a levar a fronteira oriental para a linha Curzon. Entrementes, a fronteira ocidental passou a ser a linha Óder-Neisse. A nova Polónia emergiu 20% menor em território (menos 77.500 km²). O redesenho dos limites forçou a migração de milhões de pessoas, principalmente polacos, alemães, ucranianos e judeus.


Embora Voldemort fosse um bruxo das Trevas, jamais havia conseguido engolir o que os Nazistas e Soviéticos haviam feito com a Polônia e admirava a resistência daquele povo, que houvesse o que houvesse, sempre sabia onde era o seu lar.


_Tom! Você chegou bem na hora! _ disse Harry _ Estamos indo fazer o reconhecimento do campo.


_Mas já está pronto?


_Está em fase final de acabamento, mas já dá para dar uma olhada nos detalhes. Amanhã poderemos treinar e depois de amanhã, à noite, será o jogo. Aliás, sabia que os trouxas daqui não se importam com a existência de bruxos e que muitos deles estão ajudando na construção, alguns recrutados pelos alemães e outros como voluntários?


_Mesmo? _ Tom estava admirado com a naturalidade com que a magia estava sendo encarada _ Bem, as circunstâncias são diferentes das da nossa realidade, a magia acabou sendo exposta desde que Grindelwald se associou a Hitler. Vamos lá ver?


_Vamos. Inclusive vários trouxas irão assistir ao jogo.


No local onde estava sendo armado o campo para a partida amistosa de Quadribol entre os Chudley Cannons e os Dantzig Deltas, havia uma grande movimentação de bruxos e trouxas nos diversos setores. As altas paredes da arena estavam sendo trabalhadas com esmero pelos operários, todos eles devidamente protegidos por feitiços, cordas e correias de segurança. Mas mesmo assim todas aquelas precauções não impediram que arrebentasse a correia de um dos operários que estava na parte mais alta da arena, a cerca de uns cinquenta metros do chão. Harry e Tom ouviram o grito e viram o rapaz caindo. Mais do que depressa, sacaram suas varinhas e trataram de salvar a vida do jovem operário.


_ “ARESTO MOMENTUM!” _ bradaram os dois bruxos, ao mesmo tempo. No mesmo instante a velocidade da queda diminuiu e o rapaz foi descendo suavemente até o solo, pousando em frente a eles.


Surpreso e ainda meio desorientado o rapaz olhou para os dois, piscando repetidamente com seus olhos esverdeados.


_Muito obrigado. Vocês salvaram a minha vida. _ disse ele, em um Inglês fluente, quase sem sotaque e continuou, em voz baixa _ Eu não acreditava muito na existência de magia, até que o país foi invadido e os bruxos foram obrigados a se revelarem, primeiramente os de origem judaica e depois qualquer outro que fosse contra Grindelwald.


_E você, qual a sua opinião? _ perguntou Harry.


_Existe gente boa e gente má em todos os lugares. _ disse o rapaz, com uma expressão desanimada _ Vejo que, embora esses jogos sejam organizados pelos Nazistas, nem todos são submissos a eles e vejo que vocês pertencem a esse segundo grupo.


_Você já deve ter visto algumas coisas em sua vida. _ disse Tom.


_Mesmo entre os religiosos. _ disse o rapaz _ Muitos se venderam aos invasores, desde a ocupação e o Pacto Ribbentrop-Molotov. Vários foram identificados e afastados do Seminário.


_Seminário? _ perguntou Harry, baixinho _ Mas os Seminários não foram fechados após a invasão?


_Bem, há um deles, clandestino, em Cracóvia. É dirigido pelo Arcebispo Sapieha.


_E você o frequenta? _ perguntou Tom, meio que reconhecendo aquele jovem _ Qual a sua idade?


_Sim, há cerca de um ano. Tenho vinte e três anos. E vocês certamente são ingleses.


_E de onde você é? _ perguntou Harry, também achando que aquele rosto não lhe era estranho _ Aliás, desculpe-nos, mas ainda não nos apresentamos. Sou Georges Delvaux.


_E eu sou Tom Marvolo Riddle. Realmente, somos da Inglaterra e Georges joga como Apanhador pelos Chudley Cannons, um dos times que jogará aqui.


_Ah, sim. O tal esporte bruxo, o Quadribol. Nós, os operários, fomos convidados a assistir ao jogo, deve ser interessante e diferente, para quem não é bruxo. Sou de Wadowice, a cerca de 50 Km de Cracóvia. Meus amigos, entre os quais creio que agora vocês se incluem, me chamam de “Lolek”. Mas meu nome é Karol Józef...


_... “Wojtyla!” _ exclamaram Tom e Harry, juntos.


_Sim, este é o meu sobrenome. _ disse o jovem, agora meio desconfiado com a reação dos dois bruxos_ Mas como é que vocês sabem?


_Em Londres nos disseram que havia um jovem seminarista pertencente à Resistência Polonesa. _ disse Harry, em voz baixa, tentando disfarçar o motivo pelo qual sabia o nome dele _ E que ele era de extrema confiança.


_Bem, realmente pertenço à Resistência. _ disse Karol, também em voz baixa e olhando à volta _ E, já que as aulas no Seminário estão meio interrompidas, me enviaram para cá a fim de obter alguma informação de interesse.


_Falando nisso, Karol... – disse Voldemort.


_... Eu já disse que meus amigos me chamam “Lolek”. _ disse Karol.


_OK. Lolek, você tem conhecimento de alguma atividade diferente dos Nazistas, aqui na região?


_Já que você mencionou isso, Tom, notei uma movimentação meio intensa, nas redondezas da cidade. Máquinas pesadas, tropas e um grupo que veio escoltado por um pelotão das SS. Parecia ser uma divisão científica.


_Você sabe onde é o local? _ perguntou Harry.


_Sim. É uma instalação de mineração, a Mina Wenceslau. O mais interessante é que construíram uma estrutura de forma circular. Disseram que era para refrigeração, mas ainda assim é bem esquisita.


_Você poderia nos levar até lá? _ perguntou Harry.


Posso, conheço o lugar e já estive lá, mas fica meio longe daqui, perto da fronteira com a Tchecoslováquia. _ disse Karol _ Precisaríamos de um veículo.


_Se você conhece, não haverá problema algum. Chegaremos lá quase instantaneamente. _ disse Voldemort, lendo a mente de Karol enquanto iam para um lugar meio escondido e Harry preparava três Shikigami _ Apenas segure na minha mão.


_Bem, você deve saber do que está falando... _ e Karol Jozéf Wojtyla parou de falar ao ter a impressão de ter sido colocado em um tubo de zarabatana e soprado com uma força incrível. _ Mas o que, em nome de Deus, foi isso?


A paisagem já era bem outra. Uma estrutura circular podia ser vista perto dali.


_Bem, Lolek, você se saiu muito bem em sua primeira Aparatação acompanhada. _ disse Harry.


_Ale co to jest "Objawienie" (Mas o que é isso de "Aparatação")?


Com a surpresa, Karol sequer percebeu que estava falando em Polonês.


_É um meio de desaparecer de um lugar e reaparecer em outro, quase instantaneamente, como eu falei. _ disse Tom _ Sim, eu entendo e falo o Polonês. E mesmo que não entendesse, poderia usar um Feitiço de Idioma. Li em sua mente a localização da mina e aqui estamos.


_Mas não vão notar nossa falta? _ perguntou Karol.


_Por isso deixei três cópias nossas lá em Ludwigsdorf, três Shikigami que irão nos substituir.


_Aqueles papéis que você deixou lá, enquanto falava alguma coisa em Japonês?


_Exatamente. _ disse Harry _ Vão ocupar nossos lugares, até que retornemos.


_Bem, creio que poderemos nos aproximar. _ disse Tom, conjurando um binóculo Zeiss e observando as instalações _ Eles não têm Sensores de Atividades Mágicas.


_O quê? _ perguntou Karol.


_Aparelhos semelhantes a antenas de radar, que detectam feitiços realizados ou varinhas não autorizadas, dentro do seu raio de alcance. _ disse Harry, também conjurando um binóculo e observando as tropas, equipamentos e pessoal científico que entravam e saíam _ ... Merlin! Olhe só quem é que está ali, Tom!


_São Jorge! _ exclamou Tom, com a Persona de Voldemort em primeiro plano. Ainda que fosse das Trevas, ele era inglês _ Acho melhor eu levar Karol de volta e depois retornar. Acho que vai ficar muito perigoso para civis.


Voldemort não poderia dizer a Karol Jozéf Wojtyla a verdadeira razão pela qual o jovem polonês não podia se arriscar, ficando ali. Desaparatou, juntamente com ele, deixando-o de volta no local do campo de Quadribol e recolhendo o Shikigami. Em um instante, estava juntando-se a Harry.


_Karol ficou bem, Voldemort? _ perguntou Harry.


_Sim, Harry Potter. Nós o veremos mais tarde. Merlin! É ele mesmo, aquele rosto é inconfundível.


_Isso confirma que aqui só pode ser “Der Riese”, “O Gigante”; a instalação que abriga o “Sino”. _ disse Harry _ Pois aquele é o General...


_... Hans Kammler. _ completou Voldemort _ O Chefe de Operações do “Sino”. Cada vez mais, as lendas tornam-se realidade.


_Temos de entrar ali, Voldemort. Mas como nos infiltrarmos nessa base de operações?


_Bem, podemos aproveitar que eles não possuem Sensores de Atividade Mágica e executar Transfiguração ou Feitiços de Desilusão.


_Concordo. Aliás, tenho uma teoria sobre o porquê de não haver Sensores. Creio que o “XERUM 525” deve gerar tamanha energia, quando ativado, que provoca uma enorme interferência no seu funcionamento.


_É bem possível. _ disse Voldemort _ Com isso, acho que será melhor nos misturarmos a eles, em vez de ficarmos invisíveis.


_Vamos lá, então. _ disse Harry, enquanto os dois se transfiguravam em soldados Nazistas.


Utilizando uma tática semelhante à de quando penetraram na fábrica, Harry e Voldemort misturaram-se à tropa e entraram na instalação. Um elevador os levou vários andares abaixo do nível do solo. Impressionados, os dois bruxos certamente estavam pensando na mesma coisa: somente com magia e magia bastante poderosa, teria sido possível construir tudo aquilo, daquela forma tão organizada.


_Esses túneis, Voldemort, parecem estar tanto mais protegidos e revestidos quanto mais nos aproximamos daquela área. _ sussurrou Harry.


_Eu notei, Harry Potter. _ disse Voldemort _ E também estou com uma sensação estranha, um zumbido nos ouvidos que aumenta quando eu me viro para aquele lado.


_Considerando que lá os soldados estão usando uns uniformes diferentes, tipo roupas de proteção...


_... Há uma grande chance de que o “Sino” não seja apenas um boato. Que tal “emprestarmos” duas daquelas roupas? _ perguntou Voldemort.


_Excelente ideia, Voldemort. _ disse Harry, localizando um vestiário.


Nele, os dois encontraram várias daquelas roupas de proteção, bem pesadas. Vestiram-nas e dirigiram-se ao local que parecia mais provocar aquela sensação diferente, atenuada por elas. O corredor terminava em uma porta, que dava acesso a uma imensa câmara. No seu centro, sobre um pedestal no qual vários cabos de eletricidade estavam conectados, encontrava-se um objeto de metal em forma de sino, com mais de quatro metros de altura e quase três de largura, com dois painéis de vidro e uma suástica em sua estrutura.


_Merlin! _ exclamou Harry, em voz baixa _ O “Sino” realmente existe! E aqueles painéis que dão visibilidade do seu interior...


_... Certamente são de vidro plumbífero, do mesmo tipo que se utiliza em salas de Raios-X. _ disse Voldemort.


_Será que eles irão acioná-lo?


_Talvez. Mas veja bem que ninguém fica por perto, tudo é registrado por aquelas câmeras de filmagem.


_Não sei como os efeitos eletromagnéticos não velam o filme.


_Talvez as câmeras estejam protegidas por feitiços, além das caixas de chumbo. Note que uma delas está apontada para os painéis. Com certeza deve ser para registrar o que ocorre no interior.


_As tais imagens do tempo?


_Bastante provável. _ disse Voldemort.


Naquele momento, uma sirene começou a soar e uma voz se fez ouvir.


_ “Achtung! Jeder muss die Glockenstube zu verlassen und in den Sicherheitsbereich zurückziehen. Fünf Minuten mit dem Laufwerk.” (“Atenção! Todos devem deixar a câmara do sino e se retirarem para a área de segurança. Cinco minutos para o acionamento.”).


Como que respondendo às suas perguntas, um acionamento do “Sino” estava para ter início. Juntando-se aos outros operários, Harry e Voldemort saíram da câmara e recuaram para a área de segurança. Antes de iniciarem o teste, um gato foi colocado no interior do “Sino” e lá deixado.


_São câmeras de transmissão de TV, Voldemort. _ sussurrou Harry.


_Sim, Harry Potter. As transmissões de TV já estão em fase final de testes agora, durante a década de 40. Não me admira que possam fazer parte das pesquisas das Sonderwaffen, ainda mais com a possibilidade de serem melhoradas com feitiços.


_O pobre gato não faz ideia do que o espera. Será que estão fazendo as experiências de transporte ou de antigravidade?


_Seja o que for, creio que o bichano não tem muitas chances, Harry Potter. A própria expressão de Kammler e dos oficiais de patente mais alta sugere que ainda não há segurança para eventuais viajantes.


Com efeito, após consultar seu relógio, Hans Kammler deu a ordem para acionar o “Sino”, enquanto colocava o capacete do traje protetor.


_ “Achtung, meine Herren... Feuer!” (“Atenção, senhores... Acionar!”).


Ao comando de Kammler, o “Sino” começou a girar e a emitir um brilho azulado, enquanto se elevava do pedestal, sem nenhuma espécie de apoio. Nos monitores da sala de segurança, isolada da câmara do “Sino”, as imagens do interior do mesmo se sucediam, com o passado, presente e futuro a se fundir (“Então essa coisa gera tanto energia antigravitacional como abre as fendas temporais. O problema é que parece ainda não ser seguro para uso”, pensou Harry).


O aparelho continuou a funcionar por uns dois minutos, até que Kammler fez um sinal para que desligassem. O “Sino” foi girando cada vez mais lentamente, enquanto o brilho diminuía e o aparelho ia baixando de volta ao seu pedestal. Mesmo distantes da câmara, protegidos por toneladas de rochas, um certo gosto metálico persistia na boca.


_Certo. _ disse Kammler _ Assim que procederem à limpeza da sala, veremos o resultado dos testes de hoje. Imediatamente, um grupo de prisioneiros judeus de um campo de concentração próximo recolheu a borracha do revestimento das paredes, para que fosse queimada. Em seguida, os prisioneiros lavaram a câmara com salmoura e, depois de algum tempo, o local estava seguro.


Kammler e a equipe, com Harry e Voldemort transfigurados, penetraram na câmara. Um dos cientistas abriu a comporta do “Sino” e deu uma espiada no seu interior. Com uma expressão contrariada, olhou para o General, balançando a cabeça de um lado para o outro.


_ “Scheiße... Ein weiterer Fehlschlag. Grindelwald und Hitler werden es nicht mögen ein Bit.” (M***a... Mais um fracasso. Grindelwald e Hitler não vão gostar nem um pouco.”). _ disse Kammler em voz baixa, também espiando para dentro do “Sino” e vendo o que já vira tantas vezes.


O gato simplesmente se decompusera, transformando-se em uma gosma cinzenta. Vendo aquilo, Harry e Voldemort se encararam com um certo alívio, constatando que as pesquisas ainda não haviam atingido um estágio que permitisse aos Nazistas utilizarem o “Sino” como arma. Os dois bruxos deram um jeito de se separarem do grupo e foram para a saída, juntando-se a uma patrulha que estava partindo. Se havia algo com o que se podia contar, era com a pontualidade e a regularidade dos alemães.


Fora da estrutura, Harry e Voldemort desgarraram-se da patrulha e procuraram tomar distância daquele local.


_Temos de retornar a Ludwigsdorf, Harry Potter.


_De acordo, Voldemort. Vamos logo, antes que os Shikigami percam sua força.


Desaparataram de volta e convocaram seus Shikigami, que estavam em companhia de Karol. O jovem havia desenvolvido uma grande estima pelos dois bruxos.


_Viram algo de muito diferente por lá? _ perguntou Karol.


_Vimos, mas é mais seguro que você não saiba nada, Lolek. Digamos que é algo que desafia qualquer lógica. _ disse Harry.


_Perigosíssimo. _ disse Tom _ Não podemos dizer mais.


_Tudo bem. Ah, enquanto vocês estavam fora, começou uma grande movimentação dos Nazistas. Parece que algum figurão vem aí.


_Certo. Parece que teremos de nos juntar ao restante do time. Creio que nos veremos amanhã, Lolek. _ disse Harry _ Boa tarde.


_Boa tarde. _ e Karol retirou-se.


Harry e Tom juntaram-se aos Cannons e foram para o hotel. Lá receberam a informação de que deveriam trajar vestes de gala na recepção daquela noite. No salão do hotel, enquanto estavam nos aperitivos, a orquestra iniciou os acordes de “Deutschland Über Alles” e uma comitiva de oficiais Nazistas adentrou o local. Os dois de patente mais alta eram Hans Kammler e... Adolf Gellert Grindelwald.


_Parece que Grindelwald veio conferir pessoalmente os progressos de Kammler, Harry Potter. _ sussurrou Voldemort.


_Então vai se decepcionar, a não ser que ele queira ver gosma cinzenta. _ sussurrou Harry de volta.


Os Nazistas ocuparam a mesa e Grindelwald fez uso da palavra.


_Mesmo durante esses tempos de guerra, sempre há espaço para confraternizar através do esporte. Por isso, ficamos muito contentes quando o Presidente dos Dantzig Deltas concordou com esse jogo amistoso com os Chudley Cannons. Espero que depois de amanhã tenhamos uma excelente partida e conto com sua presença no baile após o jogo. Muito obrigado a todos. _ disse Grindelwald. Bem, vamos jantar.


Após o jantar, os times recolheram-se cedo. Dali a pouco, uma batida se fez ouvir à porta do quarto de Harry.


_Quem é? _ perguntou o bruxo.


_ “Florentine Kowalski, pokojówka. Mam coś dla pana Delvaux.” (“Florentina Kowalski, a camareira. Tenho algo para o Sr. Delvaux.”).


_ “Możesz przyjść.” (“Pode entrar”). _ disse Harry, em Polonês.


A camareira entrou e deixou algo nas mãos de Harry, saindo logo em seguida.


_ “Dziękuję” (“Muito obrigado”). _ o bruxo mal teve tempo de dizer. A camareira havia deixado um Cristal de Armazenagem.


Vendo o que havia no Cristal, o rosto de Harry assumiu uma expressão séria (“Eu e Voldemort teremos de voltar a ‘Der Riese’. É importante que o façamos”, pensou o bruxo).


O que será que Harry descobrira no Cristal de Armazenagem?


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