Na sala da diretora



  


Na sala da diretora


  


Alvo Potter seguiu o professor Longbottom pelos corredores  de Hogwarts bastante apreensivo. Por que tinha dado ouvidos a Tiago e seus primos e feito a idiotice de por creme de canário naquela sobremesa? E que falta de sorte os professores terem comido aquele bendito doce. E que falta de sorte maior ainda foi os professores de Herbologia e Runas Antigas ouvirem ele se vangloriar do feito. Agora estava ali: ia receber detenção, provavelmente um berrador da mãe e um sermão de Rose.


O professor Neville parou diante de uma gárgula e olhou para ele com um sorriso que tentava ser tranquilizador mas que tinha efeito contrário.


- Angorá. - ele falou e a estátua começou a girar. - Agora você vai sozinho. Boa sorte.


Alvo subiu o primeiro degrau que apareceu atrás da gárgula, que começou a girar e subir. Sentia-se cada vez mais nervoso. Bateu na porta e aguardou. Ouviu um comando para entrar e empurrou a porta devagar. A professora Minerva McGonagall lia um pergaminho, mas assim que Alvo entrou levantou a cabeça e fitou o garoto por cima dos óculos. Ele estava paralisado próximo a porta, olhando tudo a sua volta.


- Aproxime-se. - ela falou. - viu-o se aproximar devagar. - Estava me perguntando quanto tempo demoraria para ter você aqui. - a diretora falou com ar cansado. - Seu irmão foi mandado aqui logo na primeira semana e já nem me lembro mais por que. Ele já aprontou tanto.


- Ele amarrou o rabo de Madame Nor-ra e a prendeu num armário de vassouras. - Alvo arregalou os olhos ao ver que quem dissera aquilo foi o homem de longa barba branca e oclinhos de meia-lua no quadro atrás da professora. Era Alvo Dumbledore, tinha certeza. - O pobre do Filch só a encontrou na hora do jantar.


- Agora vamos lá. - falou a diretora,  ignorado as observações do quadro. - No almoço de hoje cinco professores ingeriram o que vocês chamam de creme de canário e viraram grandes pássaros amarelos na frente de todos os alunos. Foi você que colocou o creme na sobremesa dos professores?


Alvo sentiu o estômago revirar e abriu a boca para responder, mas ouviram um grande estrondo bem próximo dali antes que dissesse qualquer coisa. A diretora ficou de pé, a expressão ainda mais aborrecida.


- Esses garotos. - ela reclamou e virou-se para o garoto o olhando severamente por cima dos óculos. - Você fique onde está. Vou verificar o que aconteceu e já volto.


Não houve tempo nem para concordar e a professora já havia saído. Alvo olhou a sua volta entre temeroso e curioso. Aquele lugar era completamente diferente do que Tiago havia falado. Vários objetos curiosos estavam espalhados em cima de mesinhas, uma grande estante com livros que aparentavam serem bem velhos, o Chapéu Seletor no alto de uma estante. Vários quadros, dos antigos diretores adornavam as paredes. A um canto, uma redoma, com uma espada, chamou-lhe a atenção. Era a famosa espada de Grinfador.  Aproximou-se ainda mais admirado.


- Legal. - falou. Já ouvira várias histórias sobre aquela espada, e de como ela fora decisiva na batalha final. Na verdade, desde que chegara a Hogwarts ouvira várias versões sobre aquela batalha, mas achava difícil imaginar Neville Longbottom, grande amigo de seus pais, a quem conhecia a vida inteira, cortando a cabeça de uma cobra com aquela espada.


- Realmente, é uma bela peça. - Alvo ouviu,  afastou-se da espada e fitou o retrato do homem de barba branca. - Chegue mais perto, meu rapaz, para que eu possa vê-lo melhor.


Alvo se aproximou do retrato meio apreensivo, mas ainda curioso. O homem do retrato o olhou de cima a baixo e deu um sorriso amigável.


- Nem preciso perguntar quem é seu pai. Vocês são iguais. - o retrato falou, rindo admirado.


- O senhor conhece meu pai? - Alvo perguntou, mas em seguida se recriminou por isso. Claro que ele conhecia seu pai. Todos conheciam.


- Sim. Fui professor dele. Sou Alvo Dumbledore. - o sr. de oclinhos respondeu.


- Eu sei. - o menino falou. - Eu também me chamo Alvo. Meu pai quis te homenagear.


Alvo notou que o  quadro parecia emocionado.


- Que delicadeza a de Harry. Fico feliz com a homenagem. Ouso dizer que foi a mais comovente que recebi. - Dumbledore falou satisfeito.


- Ora, ora, outro Potter em Hogwarts. - ouviram de um quadro e Alvo se virou pra encarar o homem de cabelos pretos e lisos, feições duras. Nunca tinha visto fotografias dele, mas sabia quem era. - Certamente tão arrogante quanto o pai e o avô.


- Não seja implicante, Severo. É só um garoto – Dumbledore recriminou e Snape franziu o nariz, um sinal evidente de desagrado.


Alvo aproximou-se mais do quadro de Snape admirado e curioso. Era a primeira vez que via o retrato de Severo Snape, mas já tinha ouvido falar muito dele, coisas nenhum pouco agradáveis e sempre se perguntou qual o verdadeiro motivo de seu pai ter colocado Severo como seu nome do meio.


- Meu pai também já me falou de você. - Alvo declarou e Snape o fitou com certo rancor nos olhos. O menino sentiu um pouco de receio.


- Até imagino o que ele falou de mim. Como fui mau com ele, como o persegui quando esteve aqui e outras coisas do tipo. - o homem no retrato parecia ressentido.


- Na verdade não. Ele não me contou nada da época que você era professor. - Alvo respondeu com calma. - Ele me disse que você era um dos homens mais corajosos que ele havia conhecido e minha mãe me contou que você salvou a vida de papai. Por isso colocou seu nome em mim.


- Como? - Snape parecia perplexo. - Seu nome não é Alvo?


- É. Alvo Severo Weasley Potter. - respondeu.


O homem no quadro pareceu empalidecer. Ia falar algo, mas a diretora voltou para o escritório.


- Parece que seu irmão e seus primos estão aprontando novamente. - ela declarou ao se sentar em sua poltrona atrás da grande mesa de trabalho. Alvo sentiu o rebuliço no estômago voltar. - Agora, sr. Potter, voltando ao motivo que o trouxe aqui: foi você que colocou o malfadado doce na mesa dos professores?


Alvo pensou em negar, mas logo percebeu que seria inútil.


- Sim professora. Fui eu. - confessou.


- E devo concluir que seu irmão o induziu a isso. - Alvo não respondeu nada. Não iria entregar o irmão e os primos. Mesmo que isso significasse uma punição mais dura. O professora o encarava intensamente e Alvo sentia como se ela pudesse ler seus pensamentos. - Bom sr. Potter, você deve entender que o que fez foi errado e que isso não deve se repetir. Como punição deverá ajudar o professor Longbottom nas estufas depois das aulas pelas próximas duas semanas.


Alvo respirou aliviado. Até que a detenção não seria tão pesada. Mas a professora não tinha acabado.


- E também vou escrever a seus pais, os deixando ciente do que aconteceu. Mas quero dar-lhe um conselho: não entre nas provocações de seu irmão e de seus primos. Eles só o meterão em encrenca.


- Sim senhora, vou tentar. - Alvo concordou. Saiu do escritório da diretora o mais rápido possível, mas antes deu mais uma olhada para os retratos dos homens que lhe deram o nome e lhes deu um sorriso. Aquela visita ao gabinete da diretora não fora de todo ruim. Pelo menos pode conhecer os homens que ensinaram e protegeram seu pai.


As aulas da tarde já estavam acabando e ele foi direto para o Salão Comunal da Grifinória. Não teve tempo nem de se sentar e o sala foi invadida pelos outros alunos, que já tinham sido liberados. Logo viu Scorpius entrar pelo buraco do retrato da Mulher Gorda, sendo seguido de perto  por uma raivosa Rose.


- Então, Alvo? Pegou detenção? - o loiro perguntou.


- Alvo Potter, não acredito que teve coragem de fazer aquela brincadeira idiota com os professores. Aquilo foi um absurdo, desrespeitoso, revoltante. - ela soltou num fôlego só, extremamente revoltada e indignada.


- Não exagera Rose. - Alvo declarou com um suspiro. - Correu tudo bem. A diretora até que me deu uma detenção leve. Vou ajudar o professor Longbottom nas estufas depois das aulas por duas semanas.


- Nossa, que sorte. O professor Longbottom é bem legal. - Scorpius declarou, se jogando no sofá.


- Se eu fosse você não contava com isso. - Rose falou e Alvo a olhou questionador. - A diretora provavelmente escreverá pra tia Gina contando sua gracinha. Acha mesmo que ela não irá escrever para o professor Neville e pedir que te castigue de verdade?


Alvo sentiu seu alívio se desfazer como gelo no sol e Rose pareceu bem satisfeita em acabar com a paz do primo. Sentou-se numa poltrona, ainda aborrecida com a brincadeira.


- Aposto que tem dedo do Tiago nessa história. - ela ainda resmungou, para a infelicidade dos dois garotos. - Onde já se viu? Dar creme de canário para os professores.


- Olha só Rose, eu já entendi. Não foi legal. Já fui descoberto e já fui castigado. Não preciso ouvir o seu sermão. Dá um tempo. -Alvo explodiu, bem estressado e  Rose pareceu muito ofendida. Se ele deixasse, a garota encheria seu saco até o dia da formatura, dali a sete anos.


- Estou falando pro seu bem. - a garota falou, o rosto bastante vermelho. - Se seguir os passos de Tiago, Fred e Louis vai acabar sendo expulso da escola.


Ficaram vários minutos em silêncio, Rose bastante sentida com as palavras rudes do primo. Alvo também se sentia chateado e já se arrependera de ter falado daquela forma com a prima. Não gostava de brigar com Rose. Ela era sua melhor amiga, quase sua irmã. Se sentia mal em vê-la com lágrimas naqueles lindos olhos azuis. Depois de um tempo em silêncio, foi até a poltrona onde ela estava e  sentou-se no braço da mesma.


- Desculpa, Rose. Eu não queria magoar você. - falou simples e a garota o fitou por alguns segundos.


- Você é um idiota teimoso, Alvo. - ela falou, limpando os olhos com as duas mãos. - A sua sorte é que eu não consigo ficar com raiva de você.


Alvo abriu um sorriso e abraçou a prima. Scorpius, que assistia a tudo calado, resolveu matar sua curiosidade.


- Então, como é a sala da diretora? - Alvo voltou para seu lugar no sofá e começou a contar sobre o que vira lá, desde os objetos estranhos até aos quadros dos antigos diretores de Hogwarts.


- O quadro dele também estava lá. - Alvo falou e viu que os amigos não tinham entendido. - O quadro do diretor Snape.


- Tá, e daí? -  Scorpius perguntou sem entender.


- Daí que não existe muitos quadros ou fotos do professor Snape por aí. Muitos ainda o consideram um traidor, mesmo sabendo que ele trabalhava o tempo todo para Dumbledore. - Rose explicou de maneira professoral. - Nenhum de nós tinha visto uma foto dele. E Alvo sempre teve curiosidade em saber como ele era.


- E por que essa curiosidade? - o loiro questionou.


- Tenho o nome dele. Alvo Severo. - o moreno explicou. - Meu pai o homenageou quando nasci.


Scorpius pensou por alguns segundos, até que um sorrisinho debochado surgiu em seu rosto.


- Cara, seu pai é péssimo pra escolher nomes. Alvo Severo? Fala sério. - começou a rir, levando um empurrou de brincadeira de Alvo, que também começou a rir.


- Ah tá. Até parece que Scorpius Hyperion é bem criativo - os dois continuaram rindo sendo observados por Rose.


- Os pais dos dois tem gostos duvidosos para nomes. - Rose criticou. Quando os dois pararam de se empurrar no sofá e rir, voltou ao assunto. - E como ele é?


- Quem? - Alvo perguntou distraído. - Snape? -perguntou e viu Rose rolar os olhos com  impaciência. - Parecia ser legal, mas não deu pra conversar muito. Ele parecia bem chateado por eu parecer com papai. E também ficou surpreso quando falei meu nome completo.


- Claro que ficaria. Todos sabem que ele detestava tio Harry, e que tio Harry o detestava. Imagina descobrir que o filho da pessoa que você achava que te odiava deu seu nome para o filho. Tem que  ficar desnorteado, se isso for possível para um retrato.


- E você já conseguiu que Madame Pince te deixe ver os jornais da época que nossos pais estudavam aqui? - Alvo questionou, depois de pensar um pouco e dar de ombros.


- Ainda não, mas acho que logo, logo irei conseguir. -  Rose respondeu misteriosa. Ainda conversaram mais um pouco e depois foram jantar. Alvo agora tinha certeza que, se fosse fazer alguma traquinagem na escola,  tinha que ser bem esperto para não ser apanhado. Mas até que ir ao escritório da diretora não fora de todo mal: conhecera o rosto do homem que sempre tivera curiosidade de ver. Talvez mais pra frente conseguisse descobrir um jeito de vê-lo de novo e talvez conversar um pouco mais. Por hora sua curiosidade estava saciada.

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N.A.: Oi pessoal. Nem eu estou acreditando, consegui finalizar mais um capítulo. A inspiração baixou em mim e fiz esse capítulo rapidinho. Como vocês irão perceber, alguns trechos são da minha outra fic, mas procurei fazer no ponto de vista do Alvo. Espero que gostem. Comentem e deem sugestões. Adoro os palpites de vocês.

Beijos

Fabiana.      

       


 

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Comentários (3)

  • Luiza Snape

    Atualiza, por favor! 

    2015-09-30
  • Neuzimar de Faria

    Quem não está acreditando sou eu ! Finalmente! Mas, valeu a pena esperar: mais um ótimo capítulo!  Sempre imaginei a reação dos homenageados quando estivessem frente a frente com o Alvo Severo. Ficou muito parecido com o que imaginei. Gostei bastante. Mas, não demore muito a postar, suas fics são as únicas que ainda acompanho. Gostaria de imprimi-las e guardá-las com os livros HP, de tanto que eu gosto. Até o próximo, que eu torço para que esteja próximo.

    2014-04-03
  • Láh Jane Weasley

    Oii! Nova leitora no pedaço! To adorando a fic tanto quanto momentos. Achei demais a reação do Snape com relação ao "arrogante" Potter. xD Realmente gostaria de ver uma cena em que os três (Alvo e os dois "homenageados") tem mais tempo para conversar. Nao demora muito pra postar, estarei esperando ansiosamente. Lah.

    2014-03-25
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