Two



“Que sofrimento é esse? Que dor é essa? Já não posso mais agüentar. Já não consigo mais nem ao menos fingir. Que está tudo bem. Estou cansada de tentar me convencer. Que tudo vai ficar bem. Não consigo entender. O que diabos está acontecendo aqui? As cores sumiram. Só consigo enxergar o cinza. Me pergunto  a cada dia. Por que diabos eu fui sair da cama? Está chovendo forte lá fora. Mas aqui dentro está muito pior. Estou cansada. Quero dormir. Um sono longo e profundo O que diabos está havendo aqui? Já não enxergo aquela luz. Quero pular. Simplesmente pular. Não consigo mais agüentar. Estou sangrando. Meu coração está gritando. Muito alto. É como se houvesse uma corrente. Aqui dentro. Apertando todo o meu coração. Presa na minha garganta. Isso vai me sufocando. Essa dor está me consumindo por dentro. Como o pior dos venenos. Algo mortal. Sem antídoto algum. Algo para o qual não há voltas. Algo que o arrependimento não terá tempo para ser sentido. Instantaneamente. Algo que cure tudo isso. É só do que eu preciso. Respirar um pouco. Seria muito bom. Eu quero gritar. Minha cabeça dói. Meus olhos ardem. Estou prestes a explodir. Simplesmente não consigo parar de pensar. Sobre tudo isso. Estou morrendo aos pouquinhos. O chão está desmoronando. Não há para onde fugir. Não há nada que eu posso fazer. Não consigo acreditar.  Minhas mãos estão presas. Com a mais resistente das algemas. E eu sempre pensei. Que houvesse um “felizes para sempre” aqui. Isso não está certo. Deveríamos ser felizes juntos. Juntos de verdade. Não há mais lágrimas para cair. Toda a água já se foi. Eu quero fugir daqui. Ir para bem longe. Onde essa dor não irá me alcançar. Onde tudo isso só passaria de um pesadelo. Um terrível pesadelo. Preciso de um pouco de ar. Eu quero gritar. Gritar muito alto. Para acabar com toda essa dor. Gritar até perder a voz. Até esse sofrimento passar. Está tudo rodando. Não consigo nem respirar. Por que está chovendo assim? Tão forte? Por que tudo ficou tão frio? E tão cinza? Parece que tudo perdeu a vida. A cor. O brilho. Quero pular. Uma única vez. Preciso pular. Uma única vez. Esquecer essa dor. Em qualquer lugar. Deixar de lado todo o sofrimento. Quero dormir. E não acordar mais. Até meu pior pesadelo. É muito melhor. Do que essa realidade. E tem esse nó na minha garganta. E ele me impede de gritar. Me impede de respirar. Meus olhos ardem. Minha cabeça dói. Não há mais lágrimas para serem derramadas. Meu coração grita desesperadamente. Eu tento acordar. Entender. Respirar. Pela última vez. Só há uma solução. Bem simples. Na verdade. É ela que eu quero. Definitivamente.”

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