O menino Potter



Snape não queria acreditar que Lily havia ido embora para sempre. A morte tinha chegado muito cedo, e ela era tão jovem. Aparatou ao chegar no gramado.


Parou na frente de uma casa comum. Na verdade, não era uma casa igual a todas as outras. Seus destroços se espalhavam por todo o lado. Era uma noite fria.


Ele abriu o portão com facilidade e entrou pela porta já destruída aos pedaços. Perto da escada, um corpo descançava na escuridão. Snape viu os cabelos negros mais bagunçados do que o normal e logo deduziu que era Potter. Subiu as escadas e viu uma porta aberta no meio do corredor. Deu um longo suspiro e entrou lentamente.


Ela estava morta, deitada sobre o chão gélido. Seus cabelos ruivos escuros já haviam perdido a coloração, e seus olhos estavam fechados sobre seu rosto sem expressão. 


Ele se ajoelhou ao lado dela e segurou seu tronco, dando um beijo em sua testa. Sua dor era tão forte a ponto de se romper em lágrimas. Enquanto soluçava, olhou para o pequeno garoto soluçando em seu berço. O pequeno Potter. Seus cabelos aindo eram curtos, mas já parecidos com os de James, negros e um pouco bagunçados. E seus olhos, relembravam muito os de Lily. 


Snape deixou um grito de agonia soar pelo quarto ao lembrar-se que nunca mais veria os olhos de Lily abertos. Um barulho de motor tirou sua atenção. Ele olhou pela janela e viu uma moto, distante no céu. 


Ao perceber que ela iria pousar, se preparou para desaparatar, e olhando para Lily, uma lágrima saiu sobre seus olhos, sabendo que seria a última vez que veria sua amada.






E os anos se passaram rápidos.






Era dia primeiro de setembro, o trem já havia partido da estação. Os professores se preparavam para receber os alunos no salão principal. Snape circulava o local impacientemente. Ao ouvir o nome de Potter, se aproximou do grandalhão com longas barbas que conversava com Minerva.


-Ele é um garoto incrível. -Falou o grandalhão conhecido por Hagrid. -Tem os olhos da mãe, é claro. 


-E ele não perguntou nada sobre... Voldemort? -Ela sentiu um calafrio ao falar aquele nome, Hagrid colocou as grandes mãos sobre os ouvidos.


-Minerva, eu peço que não fale esse nome. Não me sinto a vontade.


-Me desculpe Hagrid. -Ela olhou decepcionada para o chão. -E então? 


-Ele perguntou, é claro. E eu tive que contar. Não queria, mas ele insistiu. -Ele fez uma pausa. -Você acredita que Válter e Petúnia disseram a ele que os pais morreram num acidente de carro? Num acidente de carro, Minerva! 


-Dumbledore me falou sobre isso. Mentiram para o garoto, mas pelo menos ele estava protegido.


Um rangido chamou a atenção de todos os professores, inclusive Snape, que se afastou lentamente dos dois que conversavam. 


-Minerva, Hagrid. Podem vir aqui por um minuto? -Falou Dumbledore. Ele olhou para os outros professores qua já haviam sentado em suas cadeiras em frente às quatro grandes mesas. -O trem está para chegar.


Hagrid e Minerva ouviram atentamente à Dumbledore e desapareceram diante das escadarias. Não levou muito tempo até os alunos mais velhos começarem a aparecer e se acomodarem em suas mesas. Alguns minutos se passaram, a porta se abriu e seguida dos alunos do primeiro ano, Minerva andou até chegar ao lado do pequeno banco de madeira.


Logo o chapéu seletor começou a cantar o hino de Hogwarts, enquanto vários alunos acompanharam, cada um cantando em ritmos diferentes.


-Bones, Susan. -Minerva leu o pergaminho em suas mãos, logo quando o chapéu havia acabado de cantar. Na outra mão segurava um chapéu. A menina foi correndo e sentou-se no banquinho de madeira, ao mesmo tempo Minerva colocou o chapéu sobre sua cabeça.


Snape olhou pela primeira vez o menino Potter. Ele tinha os cabelos negros e bagunçados como os de James. Definitivamente seus olhos eram iguais aos de Lily, mas eram cobertos por um óculos com aro redondo. E a cicatriz deixada por Voldemort, em formato de raio como todos falavam. Ele conversava com um garoto de cabelos ruivos e olhou para Snape, que continuava a observá-lo. Colocou a mão sobre a cicatriz e rapidamente desviou o olhar. 


-Lufa-Lufa! -Exclamou o chapéu seletor. A garota correu para a mesa onde todos a aplaudiam.


-Granger, Hermione. -A menina de cabelos armados foi impaciente até que o chapéu exclamou "grifinória" e um sorriso invadiu seu rosto. Outros alunos haviam sido selecionados para as suas casas, incluve o garoto de cabelos ruivos chamado Ronald Weasley.


-Potter, Harry. -Não só Snape, mas todos pararam o que estavam fazendo para olhar o garoto que havia se sentado no banco. 


Minerva moveu sua mão e o chapéu se encaixou em seus cabelos bagunçados, afundando sobre seu rosto e cobrindo seus olhos. 


-Difícil, muito difícil. Bastante coragem, vejo. Uma mente nada má. Há talento, ah, minha nossa, uma sede razoável de se provar, ora isso é interessante... Então, onde vou colocá-lo? 


Snape viu que Harry apertou as mãos no banquinho e murmurou "Sonserina não".


-Sonserina, não, hein? -Disse o chapéu. -Tem certeza? Você podia ser grande, sabe, está tudo aqui na sua cabeça, e a Sonserina lhe ajudaria a alcançar essa grandeza, sem dúvida nenhuma, não? Bem, se você tem certeza, ficará melhor na GRIFINÓRIA!


Ele saiu sorridente enquanto todos os estudantes da grifinória vibravam por terem conseguido o menino Potter. Snape bateu palmas, por mais que não quisesse.


Em todo o resto da janta, ele observou o garoto, tão esnobe, tão arrogante como o pai. No final do dia, adormeceu e mais uma vez, sonhou com Lily.


Uma questão de tempo se passou para Snape já adquirir um pensameto negativo ao garoto. Claro, como havia de se esperar, o filho de Potter, seria como o pai, desprezível, arrogante. Snape havia pensado inúmeras vezes em descumprir sua promessa. Mas eram os olhos do garoto, nada mais, eram como os dela. 


-Medíocre, exibido, indisciplinado, arrogante como o pai... -Snape balbuciava, andando de um lado ao outro diante de Dumbledore.


-Era de se esperar Severo. -Dumbledore corria os olhos em seu livro de Transfiguração. -A maioria dos professores o acham amável. Já eu o acho um garoto bastante cativante. Aliás...


Ele virou a página de seu livro e a fitou indeciso.


-Vigie Quirrell, por favor. - Fechou o livro e saiu pela enorme porta de madeira.



 

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