O menino que sobreviveu



A partir daquele dia Lily nem sequer olhava em seus olhos. Eram anos monótonos. Ela começou a se afastar cada vez mais. E pareceu que James Potter finalmente teria conseguido seu destino. Ao final do sétimo ano de Hogwarts, Lily o deu uma chance. Apesar de sempre brigarem, ele sabia que os dois se amavam, e que um dia teriam um final feliz. E assim foi. Alguns anos após a formatura eles decidiram se casar e tiveram um filho. Um pequeno Potter.


Snape parou no alto da colina, deserta e fria no meio da escuridão. O vento assoprava seu rosto, assoviando os galhos das árvores quase sem folhas. Ele segurava firmemente uma varinha em suas mãos, esperando alguém aparecer. 


Um fiado e brilhante raio de luz invadiu o local, fazendo Snape cair de joelhos. Sua varinha voou de sua mão.


-Não me mate!


-Essa não é minha intenção. -O som do aparatar foi silenciado pelo chicotear do vento. O rosto do homem de barbas brancas se iluminou com a luz vinda de sua varinha. -Bem, Severo. Que mensagem Lord Voldemort tem para mim?


-Vim com um aviso! -Ele mexia as mãos descontroladamente. -Não uma mensagem, por favor!


-E que aviso um Comensal da Morte trazeria para mim? -Ele abaixou a varinha.


-A profecia... Trelawney.


-Você reportou isso à Voldemort? 


-Tudo o que eu sabia! -Falou Snape. -Ele acha que se trata de Lily Evans!


-A profecia não se trata de uma mulher, Severo. Fala de um garoto nascido no final de julho.


-Você entendeu! Se trata do filho dela! Ele quer caçá-lo!


-Se isto importa tanto para você, Lord Voldemort provavelmente a poupará. Você não poderia pedir misericórdia da vida da mãe, em troca do filho?


-Eu pedi! Pedi a ele...


-Tenho nojo de você. -Disse Dumbledore, com um desdém na voz. -Quer dizer que você não se importa se ele matar o filho e o marido dela, se sair como você quer?


Snape não respondeu, apenas o encarou.


-Então esconda todos, ela... Eles. -Ele corrigiu a frase rapidamente. -Matenha-os salvos.


-E o que ganharei em troca?


-Em troca? -Ele encarou o homem barbudo. -Qualquer coisa.


E assim teria sido feito. Dumbledore fez sua obrigação. A família se mudou para um pequeno vilarejo chamado Gogric's Hallows, onde estariam protegidos, onde Lord Vodemort nunca os acharia. Alguns mesês se passaram. Snape havia sido chamado na sala de Dumbledore.


-Por que me chamou, Dumbledore? -Falou Snape sereno.


-Severo, não sei como aconteceu. Será difícil lhe contar, mas Lord Voldemort os achou.


-Ela está viva? 


Dumbledore manteve o silêncio. Snape sentou-se na cadeira e colocou a cabeça entre as pernas. Dumbledore se moveu para trás dele, ouviam-se soluços de desespero. Ele levantou a cabeça, seus olhos estavam molhados.


-Você... prometeu... protegê-los...


-Eles confiaram na pessoa errada, Severo. Como você, não esperava que ele a poupasse? -A respiração de Snape era superficial. -O filho dela sobreviveu.


Snape fez um aceno com o cabeça, como se estivesse espantando uma mosca nojenta.


-O filho dela sobreviveu, e tem seus olhos. Você se lembra dos olhos dela, não é mesmo Severo?


-NÃO! -Ele gritou. -Se foi... Morta.


-Isso tudo é remorso Severo?


-Eu queria que estivesse sido eu...


-E para que adiantaria? -Dumbledore disse friamente. -Se você realmente a amava, seu caminho de agora em diante estará limpo.


-O que quer dizer?


-Você sabe exatamente porque ela morreu. Não deixe isso em vão, ajude-me a cuidar do filho dela.


-Mas Voldemort se foi...


-E ele retornará Severo. E quando isso acontecer, Harry Potter estará em perigo mortal.


-Tudo bem. -Snape se remunerou. -Mas você nunca, nunca conte a ninguém! Isso fica entre nós! Eu não posso tolerar, e ainda o filho de Potter... Quero sua palavra.


-Quer minha palavra para esconder seu lado bom? -Ele suspirou. -Se insiste tanto... Você tem minha palavra.


Ainda abalado, Snape foi embora com o acordo feito. Um acordo que sem ele saber, afetaria seu destino.



 

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