Lily Evans



Escondido atrás das moitas, um garoto observava duas meninas brincarem no parque. Elas se balançavam, para frente e para trás, cada vez mais alto. Todo dia quando o sol nascia, ele sempre ia para o mesmo lugar, ver em especial uma delas.


A menina de cabelos espessos e ruivos se balançava mais alto do que a irmã.


-Não faça isso Lily! -A mais velha gritava.


Ao chegar no ponto mais alto possível, ela saltou do balanço e flutuou no ar rindo consigo mesma. Pousou no chão com delicadeza. 


-Mamãe disse para não fazer isso! 


-Estou bem, não me machuquei. -A menina pegou uma flor morta caída no chão ao lado da moita que Severo se escondia. O garoto se encolheu. -Petúnia, olhe o que eu sei fazer.


Petúnia olhou a sua volta. O parque estava vazio. Esticou a cabeça para enxergar o que sua irmã fazia. A flor continuava na mão da menina, e eu fechar e abrir as mãos, a flor logo se renovou abrindo as pétalas vermelhas.


-Isso é maluquice! -Ela falou olhando a flor cair das mãos da garota. -Como você faz isso?


Olhando aquela cena toda, Severo decidiu tomar uma atitude drástica.


-Não está óbvio? -Ele saiu do meio das moitas. Petúnia soltou um berro e correu para trás dos balanços, enquanto Lily permaneceu parada, olhando para o garoto misterioso. Ele olhou nos olhos de Lily. -Eu sei o que você é.


-O quê? -Ela encarou os olhos penetrantes de Severo. Não parecia nada assustada -O que eu sou?


-Uma bruxa.


-Uma bruxa? Isso não é algo que me agrade muito. 


Ela se virou com o nariz arrebitado e foi andando em direção de sua irmã, atrás dos balanços. 


-Não, espere! -Ele correu atrás dela. -Não estou tentando te ofender. De verdade, você é uma bruxa. Isto não é uma coisa ruim. Eu sou um bruxo. Eu andei te observando a esses dias, e tenho certeza agora.


-Espere. Eu sei quem você é. -Petúnia saiu de trás dos balanços. Analisou Severo com atenção. -Você é filho de Snape, mora na casa perto do lago! Por que anda nos espionando?


-Não estava espionando. -Ele colocou as mãos nos cabelos pretos e desalinhados. -Nunca espionaria você. É uma trouxa.


Apesar de não saber o significado da palavra, Petúnia pareceu se ofender. Puxou as mãos de sua irmã e foi andando para casa.


-Vamos Lily, não temos tempo para malucos como esse. -A menina pareceu aceitar a decisão da irmã e a seguiu sem reclamar, mas algo havia lhe chamado a atenção naquele garoto. Enquanto andava, continuou a olhar para Severo, até sumir diante das montanhas.


Ele se sentou na grama ao lado de uma grande árvore. Ficou por alguns segundos pensativo. Aquela garota o impressionara de alguma maneira.


-Pelo menos tentei. -Ele falou para si mesmo. Deitou com a cabeça na grama gelada e adormeceu.



Acordou com o barulho de pés pisando na grama. Sentou-se e olhou para cima. A menina de cabelos espessos e ruivos o observava.


-O que está fazendo aqui? -Ele se levantou e a encarou.


-Quero saber tudo. -Ela continuou parada, o único barulho que se ouvia era o som das respirações. -Tudo sobre mim. O que você sabe?


-Não tenho certeza. Pelo que eu percebi, você é uma bruxa.


-Bruxa. -Ela repetiu consigo mesma. -Isto é ruim?


-Claro que não! Eu sou um bruxo.


-Prove que é. 


Ele pegou a flor de pétalas vermelhas do chão, a mesma que Lily tinha pego a algumas horas atrás. Apertou-a na palma da mão. Ao abrí-la, o que era uma flor logo se transformou em uma linda borboleta, que saiu voando. Lily olhou a borboleta partir para longe.


-Você é como eu. -Ela falou, ainda olhando para a borboleta que sumia diante do horizonte. Ela se sentou no chão de pernas cruzadas, logo atrás de uma grande árvore. Severo fez o mesmo. -Como você se chama?


-Severo Snape. -As sombras lançadas pelas árvores deixavam o lugar sombreado. Ele tirou o casaco, exibindo um avental. -E o seu?


-Lily Evans. -Ela fechou os olhos e olhou para cima, o vento soprava em seu rosto. -Severo, como é ser um bruxo?


-Quando você completa onze anos recebe uma carta. É a carta de Hogwarts.


-Conte-me mais sobre Hogwarts.


Ele a explicou cada detalhe, tudo o que ela gostaria de saber. Ficaram deitados até o pôr-do-sol aparecer atrás das montanhas.


-Severo. -Ela continuou a deslumbrar o sol se pôr. -Petúnia diz que tudo isso é uma mentira. Devo acreditar nela?


-Não. Ela tem inveja, porque somos especiais.


-Que maudade Severo.


Um barulho de farfalhar interrompeu o silêncio. De trás das árvores, Petúnia foi descoberta por seu esconderijo.


-Túnia! -Lily exclamou, correndo em direção a sua irmã. Severo levantou-se em um salto.


-Por que está nos espionando? -Ele gritou. -O que quer?



Ela parecia determinada a ferí-lo com palavras.


-O que está usando? O avental de sua mãe? -Ela gritou. Foi interrompida por um barulho. Um galho que estava logo acima dela caiu sobre seus ombros. Ela cambaleou para trás e caiu no choro.


-Petúnia! -Lily gritou assustada. Olhou para Severo com um olhar de reprovação. -Foi você. Você fez o galho cair!


-Não. -Ele parecia ao mesmo tempo desafiador e assustado.


-Foi sim! Você a machucou! -Ela correu atrás da irmã, que já estava muito longe dali.


Ele ficou parado, vendo a garota de cabelos espessos e ruivos indo embora.





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