Descobertas (parte 2)







A luz que entrava pela janela me acordou. Amava acordar com o sol no rosto, justamente por isso meu quarto era o que tinha a janela na direção do amanhecer; sempre deixava as cortinas abertas com a esperança que um dia ensolarado banhasse Londres. Espreguicei-me e estranhei o lugar, essa não era minha cama, onde dormira afinal? Abri os olhos e tudo voltou a minha mente: as cartas, o adeus, a solidão. Fechei os olhos novamente, tentando esquecer tudo, mas o momento já passara, agora nada podia fazer além de conviver com a realidade.


 


Fiquei deitada por mais alguns minutos, sabia que quando levantasse iria embora para não voltar. Olhava pela porta de vidro que dava para o jardim descuidado, e fui dominada por lembranças. Sorri, quantas vezes não caira naquele pátio? Quantas broncas não recebera por comportar-me como uma menino ao subir em árvores? Jane Granger fora uma ótima mãe, a melhor, mas proibira-me de fazer muitas coisas quando era pequena, me super protegera ao extremo. Provavelmente por tantas proibições acabara por tornar-me tão nerd, afinal, ler não podia causar-me nenhum dado. Suspirei tristemente. A casa de vovó era onde mais gostava de ir quando pequena, era o único lugar em que realmente sentia-me...Hermione. O único lugar onde não era obrigada a assumir o comportamento de filha perfeita. Vovó era pior que criança, sempre brincando, inventando receitas, ela me fazia sentir normal, uma menina normal. Vovó não dava a mínima importância quando fazia magia involuntária, diferentemente de meus pais, que sempre ficavam nervosos.


 


Tivera uma vida feliz, tranqüila, mas nunca conseguira ser eu mesma. Desde pequena agira como me ensinaram a agir: faça o que a mamãe manda, faça o que o papai diz, obedeça que sabemos o que é melhor para você. Até este momento, fora guiada por meus pais, mesmo que indiretamente. Mas agora era diferente, ninguém mais me guiava, tinha que encontrar uma forma, sozinha, de conciliar a Hermione que sempre fui, a travessa e espontânea, com a que meus pais sempre me fizeram ser, a estudiosa e certinha. “Agora, além de não ter mais pais e estar sofrendo por isso vou entrar numa crise existencial!” Levantei-me do sofá de um pulo, pensar muito estava deixando-me mais melancólica. Uma coisa era ver os defeitos de nossos pais quando eles ainda o são, outra muito diferente era ver os defeitos quando já não o são. Preferia não pensar com ressentimento ou tristeza nos Granger, nos meus pais, procuraria levar sempre comigo os momentos felizes que tivemos, e valorizar a pessoa justa e correta que eles me tornaram. Eu sempre os amaria. Caminhei para o banho um pouco melhor, mais viva, mais conformada.

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Tomar banho me fez relaxar e avaliar o que deveria fazer. Primeiramente iria a Gringotes ver se encontrava algo no cofre, alguma pista de quem era Gregory G. Depois iria atrás da única pessoa que podia me consolar neste momento tão inesperado. Inconscientemente escolhera uma roupa toda preta. A blusa de manga longa, a calça jeans, inclusive o all star era preto. “Bom, de certa maneira estou de luto” pensei tristemente. Minha barriga roncou e por um minuto corei de vergonha, como fora desleixada, estava há quase dois dias sem comer nada. Primeiro pela morte de Dumbledore, depois por meu agonizante estado de desespero. Engoli em seco, era como se minha garganta estivesse com uma bola, que impedia o choro de sair. Antes que caísse no chão sentei no sofá, levei os joelhos ao peito e escondi o rosto entre os braços. Demorei uns segundos para recuperar as forças, para parar de arquejar. Nunca imaginara que sofrer tanto intimamente poderia doer também fisicamente. Juntando forças que nem sabia que tinha, levantei. Era tão doloroso tudo o que vinha acontecendo. Pisquei varias vezes, impedindo que lagrimas escorressem. Tremula, apontei minha varinha para meu malão, transformando-o numa bolsa preta. Suspirei antes de aparatar. Na casa, nenhum sinal de minha estadia ficou.


 


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Aparatei na escadaria do banco bruxo. Olhei atentamente para a rua, havia um fluxo mínimo de pessoas andando. Entrei rapidamente no banco, não era nem um pouco inteligente a melhor amiga de Harry Potter ficar andando de um lado pro outro num lugar onde poderia haver comensais. Guardei a varinha no bolso traseiro da calça, era bom estar atenta em tempos de guerra. O banco não estava muito cheio, havia vários balcões vazios. Fui para o que havia mais ao fundo, queria privacidade. Encarei o duende com um sorriso falso, essas criaturas eram muito gananciosas como para que me despertassem algum sentimento bom.


- Bom dia. – falei educadamente, enquanto buscava a chave em minha “bolsa”. Droga, havia tanta coisa dentro que era quase impossível que a achasse. “Por que diabos não criei um compartimento para a chave?” Xinguei-me mentalmente. Resignada tive que tirar a varinha e apontá-la para o interior, murmurando “Accio chave”. Ouvi o duende murmurar:


- Além de ser uma menininha, perde a chave. – corei de raiva, menininha? Quantos anos esse anão achava que tinha? 10? Inspirei lentamente enquanto guardava a varinha novamente no bolso. Sorri ainda mais falsamente para o duende enquanto lhe entregava a chave. Ele pegou de mal grado e...caiu. Literalmente. Todo o banco parou por uns segundo, a cadeira deles era muito alta, e o som fora bem alto. Olhei horrorizada, sentindo-me culpada, não fora minha intenção fazer magia involuntária, mas logo minha culpa passou, ao ver que o duende olhava a chave horrorizado, incrédulo. Ele tinha caído de espanto.


- Meu Merlim, a muitos anos não via esta chave. – ele levantou-se com pompa do chão, ignorando o olhar risonho de seus colegas. Ele “escalou” sua cadeira e olhou atentamente. Melhor dizendo, inspecionou-me de cima a baixo, como se querendo confirmar que aquela chave era mesmo minha. – Temos uma regra quando pessoas vem visitar os 10 cofres mais antigos. Terá que me dizer a frase usada por sua família. – congelei. “A frase usada por minha família?” Como diabos saberia isso se nem sabia quem era minha família? Queria muito responder isso e ir embora, não aguentava mais, sentia que iria perder a posse a qualquer instante. Tranqüilizei-me e tentei ser o mais racional possível. Gregory deixaria algo nas cartas, um sinal que pudesse entender. Vamos Hermione, pense. Como mágica as palavras voltaram a minha cabeça: “Duas pessoas muito especiais, que protegem todos os descendentes de nossa família, explicarão tudo, apenas tem que colocar o medalhão e dizer: Amor Imortal” Medalhão. Amor Imortal. Só podia ser isso, se o medalhão era uma relíquia de família e as palavras para ativá-lo eram essas, só poderia ser...


- Amor Imortal. – respondi com uma certeza incrível. Vi o duende soltar o ar lentamente. Ele desceu de sua cadeira e me disse:


- Siga-me. – revirei os olhos diante de seu tom mandão. Odiava seguir ordens.


Não posso dizer que a “viagem” tenha sido boa, na realidade, foi traumática, não sabia como estava viva ainda. Desci enjoada e tonta, mas ao ver o ar risonho de meu acompanhante tentei controlar meu horror por grandes velocidades. Assim que descemos o duende abriu a porta do cofre com uma serie de encantamentos. Ele colocou-se a um lado, dando-me passagem. Sorri agradecida e entrei. Era...incrível. Realmente incrível. Havia tantos livros que por um momento cheguei a sentir-me como a antiga Hermione, que ficava feliz por estar numa biblioteca. Meu suspiro de encantamento ecoou pelo cofre. Meus dedos coçavam de vontade de pegar todos eles, havia livros que nunca tinha visto, provavelmente únicos. “Controle-se Hermione, pense primeiro no que tem que fazer”. Olhei mais atentamente o cofre e meu queixo caiu novamente: havia pilhas de dinheiro bruxo, nunca vira tamanha concentração de moedas em minha vida. Abri minha bolsa e guarde o suficiente para manter-me por um mês num hotel e poder pagar minhas refeições. “Há, foda-se, sou mulher, tenho direito a fazer compras.” Peguei mais umas moedas, decidida a gastar em mim. Estava a ponto de sair quando algo refletiu num “altar”.


- Merlim só pode estar me provocando. – murmurei. Estava louca para pegar os livros, mas sabia que não era seguro tirá-los daqui. Caminhei até o altarzinho e fiquei confusa com o que vi: havia duas chaves e um livro. O estranho era que em uma das chaves havia o emblema da Grifinória e no outro da Corvinal. As chaves eram grandes, pareciam de...casas. O livro era estranhamente simples, mas dava para sentir magia saindo dele. A capa era completamente branca, um branco imaculado, e com letras douradas estava escrito: O Poder do Amor Imortal. Tentei inutilmente resistir, em segundos as chaves e o livro estavam guardados em minha bolsa. Sai rapidamente do cofre, antes que pegasse mais livros. Uma coisa era inegável: sempre amaria livros, independentemente de meu sobrenome. Assim que sai e vi o rosto do duende lembrei-me:


- O Sr. Não deveria anotar o que peguei do cofre? – nunca antes tinha retirado algo, o único que já fizera fora trocar dinheiro trouxa por bruxo, não sabia quais eram as regras.

- Normalmente anotamos, mas o seu cofre é um dos confidenciais. Nenhum funcionário do banco sabe o que há dentro, apenas pessoas de sua família. – respondeu secamente, enquanto selava novamente a porta de entrada. Sem mais nenhuma palavra ele dirigiu-se ao carrinho que nos levaria de volta. Resignada, o segui. Cofre confidencial? O que isso significava? Logo meus pensamentos foram borrados pela sensação de enjôo.


Assim que voltamos ao saguão do banco o duende virou-se e disse:


- Obriga pela visita Srta. Há tempos nenhum familiar seu vem ao banco. – o tom formal dele me intimidou, mas eu tinha que perguntar:


- No nome de que família esta o cofre? – os olhos dele arregalaram-se de maneira investigadora, duvidosa. Mas algo em meu rosto deve tê-lo feito confiar, já que ele respondeu:


- Gryffindor. – ele virou-se e foi embora, mas não percebi. O mundo parou por um momento, e quando voltou, sentia-me...outra.


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Caminhei até a parte de fora do banco, e sentei-me meio tremula na escadaria, esquecida de todos meus cuidados de ser encontrada por comensais. Gryffindor? Gryffindor? Não podia ser, deveria haver algum engano! Abri minha bolsa e busquei o medalhão. Em segundos o encontrei, e assim que vi o emblema gravado nele o reconheci: era o símbolo que Godric Gryffindor e Rowena Ravenclaw adotaram apos se casarem as escondidas. Eram minimos os livros que acreditavam que esse casamento realmente tivesse acontecido, a maioria afirma que eram apenas bons amigos, e era nesse ultimo que acredita, pelo menos até agora.


Todos que entravam ou saia do banco me olhavam curiosamente. Era a única pessoa sentada na enorme escadaria. Guardei o medalhão na bolsa e levantei-me brava comigo mesma, estava a vista de qualquer pessoa. Tirei a varinha do bolso e aparatei pela primeira vez sem ter certeza do lugar que queria ir, o único que sabia era que queria a companhia dele.


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Quando abri os olhos me senti...sem esperanças. Aparatara em um parque, onde a casa mais próxima parecia abandonada. “ Mas o que esperava afinal? Aparatar em sua frente?” Sim. Por mais ilógico que isso fora, por um segundo tive a esperança de aparatar a seu lado. Resignada, sentei-me num banco. “Não tenho a mínima ideia do que fazer” Olhei o chão, estava a ponto de chorar, quando uma voz firme e acolhedora gritou meu nome:

- Hermione?! – era ele, mesmo sem virar sabia que era ele. E finalmente consegui sentir-me...acolhida, em paz.


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N/A: Não duvido que todos ja saibão quem é "ele", aushusahus, mas adoro escrever com esse ar de mistério, não consigo evitar. Obrigada pelos comentários, vou tentar postar logo.

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Comentários (5)

  • cathe

    Comecei a ler e já tô amando! *--* Tadinha (ou não) da Mione *----------* Quero maiiiiis :D Você escreve mt bem. bjs

    2011-05-29
  • Laris Black

    Eu gostei desse capitulo  , é muito bom , tipo eu acho , assim... suponho que nesse dia a Mione gostou muito de preto, e ela tava meia baixa astral o que é totalmente aceitavel levando em conta que ela perdeu os pais , tenso, muito tenso essa parte lá , que ela tava lembrando deles, e tal , só nao foi mais triste que a minha ficts. kkk , eu ri muito na parte do doende, ele caindo , tipo foi muito loco,kkkkk eu tive que parar de ler , e ok,  ela e meia sem noçao de ficar andando por ai , ne  , o Dumbly morreu , e isso é para os intimos , e tipo qual é o grau de parentesco do pai da Mione com o fundador de grifinoria, percebeu que eu nao escrevi o nome né,  kkkkk , nem vou falar o motivo. E eu espero com todas as minhas forças que ele seja o Harry, pq o Harry e OOOOOO Harry né baby. mais vai ser lindo , tipo a Mione vai ser SUPER FODA, ela ja é , eu sei, e se ela ficar com o Harry , aah , vai ser maravilhoso. kkkkkk , ok , eu estou indo , ficou otimo , otimo mesmo . E por favor nada de cabelo juba de leao pra mione ne , ninguem merece aqueles 2 primeiros filmes , e se voce for colocar a Bella na historia por favor que ela seja MARAVILHOSA , eu ate te ajudo a descrever ela como ela mereçe *-* , eu so te falo  , voce ta lascada pq agora eu pequei intimidade , e ja sabe intimidade é uma droga!!!! kkkk. Beijos . até.

    2011-05-26
  • Felipe S.

    Essa fic promete MUITO! Muitos mistérios, muitas coisas  perguntas e nenhuma resposta, ainda. Espero que não demore para atualizar. o///

    2011-05-26
  • PamyPotter

    Nossa! Cap curto mais muito bom, ELE realmente sabe escutar, essa fic guarda muitas surpresas...Esperando mais um cap, bjs

    2011-05-26
  • rosana franco

    Finalmente ela foi procurar ELE para poder desabafar e colocar as idéias em ordem.

    2011-05-25
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