Lembranças



- Por que você me chamou aqui? - perguntou Rony ao Draco quando os dois chegaram em frente ao Salgueiro Lutador.

Estava anoitecendo, havia só alguns alunos junto a eles.
Quase todos eram Sonserinos, havia também dois Lufos, quatro Corvinais e Rony era o único Grifinório.


- Reunião dos Killmugs mirins. - respondeu o loiro sorrindo.

- Se formos outra vez falar do plano de Crabbe, acho melhor esquecer! Não vamos transformar Dumbledore em um bolinho! Nem sei se isso é possível.

- Não... Recebi uma carta vindo de minha tia. - o sorriso de Draco não desapareceu, o que deixou Rony de certo modo assustado - Ela disse que finalmente a solução vai vir hoje.

- Como assim?

- Nós vamos receber ajuda dos "grandes"


Rony engoliu a seco, ele sabia exatamente o que os "grandes" significava, em outras palavras, receberiam ajuda de Killmugs de verdade.


- Hoje vem alguém nos ajudar! Minha tia Bellatrix pediu para juntar nosso grupo aqui.

- E... Quem é que vai vir? Não me diga que a sua tia?

- Oh não, não tenho idéia de quem seja! Mas não é emocionante? - perguntou Draco animado.

- O que exatamente?

- Rony, essa pessoa nos ajudará a infiltrar os verdadeiros Killmugs! Já estava na hora das coisas andarem por aqui! Finalmente, quando Hogwarts estiver nas nossas mãos, o mundo de fora nunca será o mesmo! Sem mais trouxas, sem mais sangues-ruins!


Rony engoliu em seco outra vez.
Era difícil acreditar que há alguns meses atrás, ele até estaria excitado com tais pensamentos.
Um mundo sem trouxas, um mundo só de sangue puros...
Era confortante e ao mesmo tempo estranho que tais idéias já não lhe interessavam.
Agora ele estava nessa história por outros motivos.


- Sempre foi nosso sonho, não? - perguntou Draco olhando para os lados, esperando ansiosamente pela tal pessoa que viria.

Rony não respondeu.
Ele olhava Malfoy com certo desprezo.
Mas de algum modo, algo incomodava Rony, era o simples fato de que ele antigamente pensava do mesmo modo.
E uma pergunta de repente apareceu em sua mente... o que o levou a odiar os trouxas?



“- Pai! Pai! - chamou o pequeno ruivo correndo pela garagem a procura de Arthur.

- Aqui, Rony! - respondeu Sr. Weasley cheio de fuligem no rosto, enquanto examinava com uma chave de fenda na mão, uma simples máquina de escrever.

- Pai, joga comigo xadrez?

- Agora não! Papai está quase descobrindo como uma Láquima de escrever funciona! - respondeu Arthur enquanto batia com a chave de fenda na máquina de escrever em cima das teclas.

- Mas você prometeu ontem! - reclamou Rony enquanto fechava a cara e cruzava os braços - E antes de ontem você havia prometido que iria jogar comigo, e você não fez!

- Sinto muito, filho. - disse Arthur de certo modo distraído enquanto pegou um lenço e limpou um pouco da fuligem que tinha no rosto. - Mas papai tinha que descobrir como um Teflenone funciona! - falou se referindo na realidade a um telefone - Um dia você entenderá, Rony! Por que não fica comigo observando papai mexer com esses artefatos? Objetos trouxas são simplesmente magníficos.


Rony olhou em volta e tudo que via, era objetos aparentemente quebrados.
Ele sempre viu seu pai mexer com tais coisas, mas nunca acontecia algo realmente interessante.
Rony observou como seu pai agora, achando que finalmente entendera como uma máquina de escrever funcionava, pegar uma lâmpada que tinha em uma estante e tentou conectá-la ao objeto.

- Ah... - suspirou Arthur de certo modo decepcionado - Vejo que uma Láquima de escrever não deve funcionar a Edetricidate - falou enquanto achava que pronunciava "eletricidade" corretamente. - Um dia vou entender como os objetos trouxas funcionam! Eles fazem tanta coisa impressionante!


Seu pai vivia dizendo isso, mas o pequeno garoto, não via o que tinha de tão interessante em uma estranha caixa com botões que nem mesmo parecia ser feita de papelão.
O garotinho deu um suspiro antes de sair da garagem, observou o tabuleiro de xadrez que tinha nas suas mãos.
Sua mãe estava ocupada demais mimando Gina, Percy se trancou no quarto enquanto lia livros e livros.
Fred e George estavam ocupados demais zoando dos gnomos de jardins.
Carlinhos e Gui não se interessavam absolutamente nada em xadrez.
E a única pessoa que Rony realmente podia passar o tempo em um simples jogo, estava naquele momento obcecado pelo seu hobby.
E assim eram praticamente sempre.
Simplesmente dias vazios em que jogava xadrez sozinho.



- Olha só! Se não é o cabeça de Gengibre! - falou um sonserino um ano mais velho que ele. - Mais um Weasley, pelo jeito!

- É, algum problema? - perguntou Rony irritado.

- Oh, nada... - respondeu enquanto derrubou seus livros no chão, antes de ir embora.


Rony bufou zangado, enquanto recolhia suas coisas do chão.
Era somente seu segundo dia e as coisas pareciam sempre piorarem.
Estava tão ansioso para finalmente ir a Hogwarts e agora, tinha que aguentar certas pessoas zoarem por ser um Weasley.

- Olha, olha só - Rony escutou a voz de Malfoy ecoar pelo corredor - Pra que perder tempo pegando seus livros Weasley? Deixe-os no chão, afinal, é melhor que o lugar onde eles realmente pertencem, o lixo! - Crabbe e Goyle riram, mas pareciam não terem entendido a piada.


Rony sentiu suas orelhas ferverem.

- Ah, Weasley, não se aproxime muito de mim, certo? - continuou Draco enquanto arrumava sua gravata verde e prata - Não quero pegar piolhos do ex dono de seu uniforme.


O rosto de Rony naquele ponto, já estava tão vermelho quanto seus cabelos.
Certo, ele admitia que suas vestes eram horríveis e seus livros de terceira mão já estavam desgastados, quando se comparado com os outros alunos, que tinham tudo novo, por isso ele não sabia o que responder a Draco sempre que o tal o zoava.


- Se associar a trouxas! - exclamou com desgosto Draco - Quando é que vocês Weasleys aprenderão que puros-sangues são superiores? Triste! Seu pai poderia ser alguém na vida se pelo menos trabalhasse em um departamento mais... Admirável! Ah, acho que vocês simplesmente não se cansam de se envergonhar. - e isso foi o último que Draco disse antes de chutar um dos livros de Rony que ainda continuava no chão para longe, fazendo que sua capa desgastada acabasse descolando do livro.
O garoto observou aquele livro, agora sem capa, do chão antes de seu olhar virar para os livros que segurava nas mãos.
Ele sabia que seu pai poderia conseguir o trabalho melhor, o Ministério já o ofereceram cargos melhores, mas Arthur recusara todos, adorava trabalhar em seu departamento.
Rony nunca havia se importado com isso antes, mas naquele momento, bem que seria bom ter livros que a capa ficasse no lugar e ter vestes que não houvessem pertencido a outras pessoas.
Ao pensar nisso, ele mexeu freneticamente a cabeça, tentando espantar o pensamento.
Ele sabia que seu pai trabalhava em algo que amava e isso era o mais importante.
Mas era difícil continuar com tais pensamentos, quando se tinha que escutar os mesmos desaforos todos os dias.


- Senhor Weasley, por favor, seja o parceiro de senhorita Granger enquanto a senhorita Brown... Acho que a senhorita pode ficar com Longbotton - disse o professor depois de explicar as crianças o que deveriam fazer.


Os alunos sentaram do jeito que Flitwick pedira.
Hermione se sentou ao lado do garoto, Rony somente a havia visto às vezes de realce, ela sempre andava sozinha e cheia de livros.

- Prazer, Hermione Granger! - disse a garota de cabelos volumosos e dentuça.

- Rony Weasley - se apresentou o garoto.

- Ouvi falar de vocês, Weasleys - falou a garota - São conhecidos por serem admiradores de trouxas! Ouvi uns sonserinos zoarem de você pelo corredor por causa disso...


Rony suspirou, aquela havia sido pelo menos a centésima milésima vez que havia escutado aqueles sonserinos debocharem dele.
Mas o pior, é que ele não conseguia contestar a eles.


- Não devia escutar o que eles te dizem! Trouxas são legais! - ela exclamou parecendo animada e ao mesmo tempo tentando mostrar uma boa primeira impressão - Eu sou nascida-trouxa, sabe? Acho telefones mais práticos do que corujas para ser sincera...


Somente um pensamento passou na cabeça do garoto: "Cala a boca".
A tal de Hermione, parecia falar muito, falando sobre algumas coisas que pertenciam aos trouxas, parecendo animada de certo modo.
Ela tentou explicá-lo o porquê dos tefenomes, ou o que fosse que se chamava aquela coisa, eram melhores que corujas.
Rony somente fechou os olhos pedindo paciência.
Sempre tinha algo haver sobre trouxas.
No dormitório, Harry não parava de falar com Dino sobre futebola, ou algo assim... Ele não entendia o que tinha de interessante em tais coisas.
Pra que usar um tefenome? Não é para isso que servem as lareiras?
Ou o futebola?
Pelo que ele ouviu, era somente um esporte ridículo onde se chuta algo parecido com uma goles com os pés, não é como se fosse o Quadribol.
Uma coisa era certa, as coisas bruxas eram muito mais interessantes que os de trouxas, então para que toda essa obsessão ridícula com os não-bruxos?

Ao perceber que Rony não estava nem um pouco interessado em ouvir sobre o que ela contava, Hermione disse:


- Bem, o mundo bruxo é realmente muito legal! - falou tentando de forma meio que desesperada para conseguir uma conversa, pelo jeito, Rony notou que essa menina não parecia ter muitos amigos e até sentiria pena, se ela soubesse quando ficar quieta. -Li todos os livros que recebemos! Sei quase todos os feitiços, são fáceis de se fazer! Você leu Hogwarts uma História? É realmente...


Mas antes que ela continuasse, Rony pegou a varinha e tentou fazer o feitiço que o professor mostrara há uns minutos atrás.

- Vingardium leviosa! - ele exclamou mexendo seus braços desastrosamente.

- Você está fazendo errado! O correto é Vin-gar-dium le-vi-o-sa, é bem pronunciado e logo! - disse Hermione quase que rindo pelo jeito que o garoto mexia a varinha.


Rony se sentiu incômodo com a correção.


- Você acha que pode fazer melhor? - perguntou meio que irritado.

- Bem, sim! Eu li tudo sobre isso! É um feitiço simples! Tão simples como Alohomorra ou qualquer outra coisa! Sabe, é até legal saber que mesmo tendo sido criada por trouxas, eu não esteja atrasada quando se trata em fazer magia.

Aquilo irritou muito Rony .
Ela nasceu no meio dos trouxas, no meio de pessoas que usam coisas como uma Láquima de escrever, tefenomes e vai saber mais que outros objetos.
E ele que nasceu em uma família de bruxos, cresceu no mundo da magia, estava sendo subjugado?
Ela realmente pensava que tinha mais talento, mesmo sabendo que era uma bruxa há alguns meses atrás, enquanto ele soube desde que nasceu?


- Muito bem, já que você se acha tão esperta, vai lá! - disse zangado.


Hermione que se sentiu meio arrependida por deixar o garoto irritado, pegou do mesmo jeito sua varinha e disse de uma só vez:

- Vingardium leviosa! - a pena em cima de sua mesa voou pelos ares.

- Muito bem! Viram? A senhorita Granger fez o feitiço corretamente! Cinco pontos para Grifinória! - anunciou Flitwick.


Parecendo se sentir orgulhosa de si mesma, Hermione se virou para Rony, o qual estava agora com raiva por alguém que normalmente não deveria conseguir fazer tal coisa na primeira tentativa por crescer com trouxas, e disse:

- É fácil de executar quando se lê os livros antes, você deveria tentar! Encontraria coisas muito interessantes! Se bem que meus pais iriam rir de algumas palavras... Uma coisa que notei, é que bruxos não tem dentistas... Como é que vocês cuidam dos dentes? Ando procurando isso pelos livros, sabe? Leio muito pelo o que você percebeu, li todos nossos livros! E os feitiços são muito fáceis de se fazer, aposto que com treinamento até você poderia...

- Merlin, cale essa boca! Sua nascida-trouxa nojenta e sabe-tudo! - ele gritou antes mesmo de saber o que havia dito, ele nunca havia dito algo assim a uma pessoa nascida-trouxa, e o pior é que ele não se arrependeu pelo que disse, alguém como aquela garota, bem que merecia tais palavras.



- Vi que você fez a Granger chorar! - disse Draco enquanto seguia Rony pelos corredores.

O garoto não respondeu, agora se sentia meio que mal, não era sua intenção fazer aquela menina chorar exatamente no dia das bruxas, apesar que ela merecia, dando uma de sabidinha mesmo não conhecendo o mundo mágico direito.


- "Nascida-trouxa nojenta e sabe-tudo", nunca pensei escutar isso de um Weasley antes.

- Bem, mas você escutou - disse Rony finalmente parando de andar para fitar Draco.


Rony esperava que o loiro viesse com desaforos, que voltasse a zoá-lo, mas para sua surpresa, o garoto somente sorria.


- Pelo jeito os Weasleys não são uma causa perdida! Realmente temos que mostrar a pessoas como Granger seu lugar!

Rony não disse nada.


- Pelo menos você não segue seu pai, com sua paixão pelos trouxas! Meu pai me disse que ele recebe novas ofertas de trabalho, mas vive recusando.

- Nem me fala - disse Rony pensando agora em seu pai - O que ele sente nem é paixão! É obsessão! Ele tem uma garagem só com coisas trouxas! Como se houvesse algo de interessante lá! - ele revirou os olhos - Somente tem porcarias! E duvido que um dia ele realmente entenda como funciona o tefenome!

Draco sorriu, enquanto estendeu sua mão.


- Bem, pelo menos você não é como sua família, você... Pensa como nós.


Rony hesitante, começou a refletir, pensou como o zoaram, pensou em seu pai que somente ficava naquela garagem mexendo com inutilidades, e pensou naquela garota que ele havia feito chorar, mas que bem mereceu, quem sabe assim aprendia a ficar quieta?
Pensando que talvez, ele realmente pensava como pessoas iguais a Draco Malfoy, ele apertou a sua mão com a do loiro."


- Quando é que a pessoa que sua tia disse que viria vai chegar? - perguntou Crabbe impaciente.

- A qualquer instante! - disse Draco.

- Você têm idéia de como é o plano? - perguntou Rony esperançoso, ele queria anunciar a Hermione e Harry o mais rápido o possível.

- Não, infelizmente não, minha tia só explicou que era pra vir aqui e esperar.

- Nem acredito que isso realmente está acontecendo! - disse um dos Corvinais sorrindo - Imaginem só quando o mundo será dominado pelos bruxos! Nada mais de pessoas nojentas como meu pai trouxa nojento!

- Você não terá mais que se preocupar mais com isso - disse Draco tranquilamente - Pessoas como seu pai terão o que merece! Graças a Merlin que sua mãe é bruxa! Ela só teve um péssimo gosto para escolher um marido.

Rony se sentou na grama, e voltou a refletir.
Ele olhou para o Corvinal.
Aquele pobre coitado, se chamava Tyler Swen, ele cresceu ao lado de sua mãe, que havia se casado com um trouxa.
Tyler o odiava, voltava para casa todos os dias bêbado e quando ele tinha somente como uns sete anos de idade, aquele trouxa havia o deixado sozinho com sua mãe.
Desde então, Swen não consegue aguentar trouxas, provavelmente por lembrar como seu pai tratava uma mulher tão bondosa como sua mãe, que agora não é a mesma que antigamente, pois passa quase todas as noites chorando por causa da solidão.
Pensando na história de Tyler, Rony mexia negativamente com a cabeça.
Em seus olhos, Tyler parecia ter motivos muito mais racionais do que ele próprio para seu ódio.
Afinal, como fora Rony idiota por tantos anos, odiar uma raça inteira, somente por motivos tão banais.


"- Você odeia o fato que o amor de seu pai por eles seja tão grande, que faça ele não querer arranjar um emprego maior, você odeia o fato de sentir ser jogado de lado pela família e pelos outros, você odeia que todos recebam a atenção, enquanto você se sente sozinho e miserável! Quer saber, Rony? Acho que você somente quer chamar a atenção! Você usa esse seu ódio ridículo, como uma demonstração grotesca de conseguir a atenção de sua família!” - Rony lembrou as palavras dela.

Era de certo modo estranho, pelo o que ele se lembra, foi exatamente depois de se irritar com ela, que Draco e Rony haviam virado amigos, fazendo seu ódio pelos trouxas crescer cada vez mais.
E agora é por causa dela, que seu ódio diminuía cada vez mais e se transformava em admiração.
Afinal, se todos os nascidos-trouxas e trouxas são como Hermione Granger, então arriscar a própria vida para ajudar a Harry e Mione, com certeza valia a pena.


- Só isso? - perguntou uma voz que Rony nunca ouvira na vida - Bem, pelo menos é melhor que ninguém! Bom saber que temos alguns seguidores.

O tal Killmug apareceu da escuridão das árvores.
Se aquilo não fosse algo sério, Rony teria até que caído na risada.
Afinal, a tal pessoa que os ajudaria era um homenzinho de tamanho médio, sem muito cabelo na cabeça e meio barrigudo?
Mas as risadas que quase chegaram a vir, se transformaram em terror puro, depois de escutar alguns minutos o plano dos Killmugs.
Pois, agora sim Rony estava de certo modo encrencado, afinal, o único motivo pelo qual ele fazia parte disso, era agora simplesmente inútil.






N/B: OMG e esse suspense no fim... sinto que as coisas vão piorar cada vez mais pro Rony...
E esse ódio todo pela Mione virou amor ^^ Dizem que esses sentimentos são bem parecidos...
Amei a versão nova do “Vingardium leviosa”
Mais ansiosa pros próximos caps se possível...


N/A: Pois é, as coisas agora nao estao ficando bonitas para o Roniquinho...
Bem, claro que o Vingardium Leviosa tinha que ser diferente, já que Voldemort nao existe... E concerteza, o amor e o ódio sao sentimentos parecidos, por isso é muito fácil confundir essas duas coisas ;)


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