O Desastre - by Ling
Ling estava no quarto novamente. Imersa em papeis, telas e tintas nossa jovem pintora se divertia com seu novo “truque”. Em meio ao plastico estendido no chão para não sujar o carpete a menina fazia alguns pinceis flutuarem paralelos a tela. Os traços eram abomináveis e não serviam para nada, mas que estranha coisa era aquela? Desde nova ela fazia coisas estranhas... objetos levitando, coisas que sumiam e apareciam sem ela saber como aquilo havia ido parar la... Obviamente ela não tinha coragem de contar aquela barbaridade pra ninguém. O que ela iria falar? “Oi, meu nome é Ling e eu sou um clone mal feito de um X-men!!” isso é obvio seguido por mais piadinhas... coisa que havia virado habitual naquelas primeiras semanas de escola.
Um mês havia se passado desde o dia em que ela havia encontrado o jovem Justin no posto de ônibus. E não se espantem por mencionar nomes. Ela tinha a ficha completa! O nome do menino era Justin Windsor. Ele morava em uma cobertura perto do Central Park. Ele tinha uma empregada mexicana. E adorava poesia. Como ela havia descoberto isso tudo? Simples! Era exatamente o método que todo CDF usa para descobrir informações! Professores!! Mas e a coragem de falar com o menino ela não sabia onde tinha ido parar. E, falando francamente, ela estava evitando o jovem. E ela tinha dois OTIMOS motivos para isso. Primeiro que eles não tinham assunto, ele era bom em poesias e ela era uma aberração com as palavras. E segundo, ela totalmente não sabia porque, mas era só mencioná-lo ou sequer a lembrança vir em sua mente que seu coração novamente disparava, sua boca secava, e ela tremia inteira. Alem, é claro, dela perder a fala.
E foi batata! Só a lembrança daqueles olhos azuis passar como um raio por sua memória e o “truque” se desfez. Tintas, telas, pinceis... tudo que antes estava flutuando foi ao chão. A menina suspirou ao ver o estrago que ela teria que limpar mais tarde, mas em meio aquela profusão de tintas derramadas algo chamou a atenção. Em meio a tinta branca e azul um ponto se destacava. A menina balançou a cabeça. Ela só podia estar ficando louca! Estava enxergando Justin em todos os cantos! Em meio a tinta estava a exata combinação de cores dos olhos do menino! Apos algum tempo de indecisão, num ato súbito, ela empurrou a cama para longe da parede e ficou admirando a parede branca.
Ela nunca havia feito isso antes... pintar a parede dos quartos era algo inimaginável! Porque ela iria pintar se eles logo iriam se mudar e ela iria perder a pintura? Mas aquela superfície branca gritava por ela! A menina abriu o armário que servia de deposito e pegou toda tinta que poesia em um frenesi. Horas? Minutos? Séculos? O tempo que havia passado ela não sabia. Concentrada em seu trabalho a menina agia puramente como impulso. Era como estar em um caleidoscópio... cores, formas, tintas, traços misturados. A japonesa se afastou da parede e o que antes era uma parede branco-aborecido agora ela uma imensa íris azul. Chocada a menina se sentou na cama, suja de tinta e suada do trabalho longo.
- O que está acontecendo comigo, meu buda? Que sentimento é esse? Porque não paro de pensar nesses olhos? Porque eles me perseguem em meus sonhos? - murmurou a menina
E em meio aos devaneios, o despertador começa a berrar, extinguindo com o silêncio. O alarme a despertava para a realidade! Ela havia virado a noite pintando, ela tinha que ir para a escola. Suspirando Ling se dirigiu ao banheiro aonde demorou alguns minutos no banho. Ela se trocou e foi andando para a escola, coisa que ela havia começado a fazer para evitar o ônibus escolar.
O dia passou sem a total percepção da jovem. Ela estava cansada, seus olhos pesavam, os professores eram borrões, e a íris continuava a turvar sua visão. Mas foi na hora do almoço que toda a calmaria, transformando o dia em um verdadeiro tsunami.
Era hora do almoço, Ling estava na cantina. Em sua bandeja havia lasanha vegetariana, danette e um copo grande de suco de laranja. Ao caminho das mesas, com os pensamentos “no mundo da Lua” ela colidiu com alguém. A bandeja virou em cima do ser, e os dois foram ao chão! Se desculpando a menina começou a catar os copos e pratos que ainda estavam no chão. Porcaria! Seu almoço estava perdido! E, ainda se desculpando, a menina olhou para o menino em que ela havia derramado seu almoço. Seu coração deu um salto e parou: era Justin!!
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